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Livro Texto Direito nas Organizações

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Autora: Profa. Angélica Carlini
Colaboradora: Profa. Sandra Castilho
Direito nas Organizações
Professora conteudista: Angélica Carlini
Angélica Carlini é doutora em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutora 
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre em Direito Civil pela Universidade 
Paulista (UNIP) e mestre em História Contemporânea pela PUC-SP. Pós-doutora em Direito Constitucional pela PUCRS. 
Graduada em Direito pela PUC-SP. Advogada. Docente de ensino superior na UNIP, na Universidade Metropolitana de 
Santos (Unimes) e na Escola de Negócios e Seguros (ENS). Professora de cursos de pós-graduação na Escola Paulista 
de Direito (EPD) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro da Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C282d Carlini, Angélica.
Direito nas organizações / Angélica Carlini. – São Paulo: Editora 
Sol, 2020.
108 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Processos judiciais. 2. Direito tributário. 3. Direito do trabalho. 
I. Título.
CDU 342.2 
U505.90 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Marcilia Brito
 Bruno Barros
Sumário
Direito nas Organizações
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 O QUE É DIREITO .................................................................................................................................................9
1.1 Sistema jurídico brasileiro ....................................................................................................................9
1.2 A Constituição Federal brasileira: a lei mais importante do país...................................... 10
1.3 Conflito de leis no tempo ................................................................................................................. 11
1.4 Territorialidade da lei .......................................................................................................................... 13
1.5 Organização Judiciária Brasileira ................................................................................................... 15
1.6 A atividade dos magistrados e sua proteção ............................................................................ 18
2 REGRAS FUNDAMENTAIS DOS PROCESSOS JUDICIAIS NO BRASIL ............................................ 21
2.1 Processos judiciais no Brasil ............................................................................................................. 26
2.2 Mediação, conciliação e arbitragem ............................................................................................. 35
3 DIREITO TRIBUTÁRIO: CONCEITOS E PRINCÍPIOS ............................................................................... 40
3.1 O que são tributos? ............................................................................................................................. 41
3.2 Competência tributária ...................................................................................................................... 42
3.3 Espécies de tributos ............................................................................................................................. 43
3.4 Princípios da tributação .................................................................................................................... 55
3.5 Imunidades tributárias ....................................................................................................................... 59
3.6 Crédito tributário: criação e extinção .......................................................................................... 59
4 PRINCIPAIS TRIBUTOS PRATICADOS NO BRASIL ................................................................................ 61
Unidade II
5 DIREITO DO TRABALHO: CONCEITOS E PRINCÍPIOS ......................................................................... 69
5.1 Trajetória histórica do direito do trabalho ................................................................................. 70
6 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ....................................................................................................... 73
6.1 Diferentes formas de contratação de empregados ................................................................ 75
6.2 Contrato de trabalho .......................................................................................................................... 81
6.3 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) .................................................................... 81
6.4 Alterações dos contratos de trabalho .......................................................................................... 82
6.5 Encerramento do contrato de trabalho ...................................................................................... 83
6.6 Duração da jornada de trabalho .................................................................................................... 87
6.7 Intervalos para descanso ................................................................................................................... 89
6.8 Descanso semanal remunerado ...................................................................................................... 89
6.9 Férias .......................................................................................................................................................... 89
7 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO ............................................................................................................ 90
7.1 Assédio moral e assédio sexual nas relações de trabalho .................................................... 91
8 DANO EXTRAPATRIMONIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO .......................................................... 94
7
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina tem como objetivo mostrar ao aluno a relevância do direito na atividade empresarial, 
levando-o a dominar conceitos e princípios que poderão ser muito relevantes no trabalho diário do 
gestor de empresas.
Além de noções gerais de direito, que são necessárias para a administração de empresas, o objetivo é 
que o aluno tenha contato com áreas específicas de direito do trabalho e direito tributário, que regulam 
as relações com os trabalhadores e com o Estado arrecadador. Essas duas relações podem se tornar fonte 
de grandes problemas para o administrador de empresas se não forem gerenciadas com conhecimento 
e segurança. 
Hoje sabemos que o conhecimento técnico não se constrói de forma isolada, mas imbricado com 
outras áreas do sabercom as quais dialoga necessariamente. O direito tem sido muito importante para 
a atuação de várias áreas profissionais, mas, em especial, com a administração ele fornece importantes 
conceitos e princípios de aplicação prática e cotidiana que orientam as decisões dos administradores 
para que elas estejam sempre em consonância com as melhores práticas empresariais.
INTRODUÇÃO
Abordamos aqui dois aspectos do vasto campo do direito, o direito tributário e o direito do trabalho. 
Inicialmente vamos compreender a relevância do direito para a área de administração e, em seguida, 
analisaremos os principais aspectos do trabalho dos administradores. Trataremos dos aspectos gerais 
referentes à estrutura das leis e da justiça no Brasil; de igual modo, discorreremos também sobre o direito 
tributário, com o objetivo de apresentar seu viés constitucional, os principais conceitos e princípios 
que regem essa área do conhecimento, os tributos a que estão sujeitas as atividades empresariais e as 
consequências do não recolhimento desses tributos, inclusive no âmbito penal. 
Discutiremos a respeito do direito do trabalho, área do direito que sofreu recente reforma legislativa, 
com o objetivo de aprimorá-lo e flexibilizá-lo. A reforma trabalhista está no centro de várias mudanças 
que as relações de trabalho têm sofrido nos últimos tempos, no Brasil e no mundo, e para as quais 
os profissionais da área precisam estar muito atentos. Também no campo do direito do trabalho, o 
descumprimento de leis pode levar a péssimas consequências, em especial ao pagamento de indenizações 
aos funcionários e multas aplicadas pelo Estado.
Aproveite ao máximo a disciplina e bom estudo!
9
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Unidade I
1 O QUE É DIREITO
Direito é o conjunto de leis e costumes que organizam a vida de um determinado grupo social 
– historicamente situado – e que modifica essas regras à medida que adota novas formas de organização. 
Todos os grupos sociais em todas as épocas da história da humanidade adotaram regras de conduta 
com o objetivo de organizar a vida social e impedir que a força física prevalecesse, já que ela não é um 
atributo de todas as pessoas e, consequentemente, não gera resultados justos.
O Direito pode ser classificado em público e privado:
• Direito público: é a área do direito que tem por objetivo regular os interesses gerais 
da sociedade (interesses públicos). Os principais ramos do direito público são o direito 
constitucional, direito administrativo, direito penal, direito processual (civil ou penal), 
direito ambiental e direito internacional.
• Direito privado: é a área do direito que tem por objetivo regular os interesses dos particulares 
nas relações que estabelecem entre si, por exemplo, contratar, casar, locar um imóvel, constituir 
uma sociedade empresária, entre outros. Assim, nesse campo do direito estão o direito civil e o 
direito empresarial. 
As duas áreas do direito que vamos estudar aqui – tributário e trabalhista – são classificadas como 
direito público e direito privado, respectivamente, mas alguns estudiosos classificam o direito do trabalho 
como direito social, ao lado do direito do consumidor. Esta é uma forma de classificação válida, embora 
haja intenso debate de ideias, pois há uma parcela entre os estudiosos que não defende a existência de 
um ramo denominado direito social.
1.1 Sistema jurídico brasileiro
O Brasil adota o sistema jurídico de civil law, que significa que o sistema jurídico brasileiro é regido 
prioritariamente por leis e que nelas se encontram os principais fundamentos para que os magistrados 
decidam os casos concretos que forem levados ao Poder Judiciário. O sistema de prevalência das leis, ou 
civil law, é adotado também em alguns países europeus e na América do Sul.
Outros países do mundo, no entanto, adotam o sistema da common law, que significa que as decisões 
de processos judiciais anteriores têm mais relevância que o texto da lei, como acontece na Inglaterra, 
Escócia, Irlanda, Estados Unidos e Austrália, por exemplo. Nesses países, o magistrado, ao julgar um 
caso concreto, estuda que decisões foram adotadas no passado em casos semelhantes e julga com base 
nessas decisões anteriores. 
10
Unidade I
No Brasil, as decisões anteriormente adotadas por um tribunal também são levadas em conta, é a 
chamada jurisprudência. É o conjunto de decisões semelhantes anteriores e que podem ser aplicadas para 
a solução de um caso posterior, desde que estejam presentes as semelhanças que autorizem a utilização do 
julgado anterior. É o que acontece na atualidade com situações como a batida na traseira de um automóvel 
contra outro. Há jurisprudência consolidada no Brasil a respeito da culpabilidade do condutor do veículo 
que colide contra o carro da frente, independentemente de haver uma lei específica que determine essa 
culpabilidade. Mas utilizar os julgados anteriores como parâmetro para decisões atuais não torna o Brasil 
um país inserido no sistema da common law. Continuamos sendo um país de sistema jurídico em que 
prevalece a força da lei escrita e hierarquizada, ou seja, algumas leis são mais importantes que outras.
Lei é a norma que está escrita, foi publicada e se tornou obrigatória para conhecimento de todos 
os que vivem no Brasil. Deve ser elaborada por autoridade competente, ou seja, aquela designada 
para tratar desse assunto. No Brasil, exercem essa autoridade o Poder Legislativo e, excepcionalmente, 
o Poder Executivo. A lei é tão importante no sistema jurídico brasileiro que o artigo 5º da Constituição 
Federal determina que: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei” (BRASIL, 1988). Em outras palavras, se existir lei para um determinado assunto, ela 
deverá ser cumprida; e se não existir lei, ninguém poderá exigir nenhuma conduta do cidadão.
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que é o Decreto-lei n. 4.657, de 1942, 
alterado pela Lei n. 12.376, de 2010, determina em seu artigo 3º que “ninguém se escusa de cumprir a 
lei, alegando que não a conhece” (BRASIL, 1942). Assim, aprovada e publicada a lei, todos os cidadãos 
devem conhecê-la, porque não poderão alegar em sua defesa que, por desconhecimento, deixaram de 
fazer alguma coisa a qual estavam obrigados.
Existindo a lei, não é possível indagar sobre se queremos ou não cumpri-la, porque isso é obrigatório, 
mesmo que não nos agrade. É o caso do recolhimento de tributos. Ninguém paga com alegria, mas 
todos somos obrigados a pagar nas hipóteses previstas na lei, como quando somos proprietários de um 
imóvel, temos de pagar o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU), ou se somos proprietários 
de um veículo, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
1.2 A Constituição Federal brasileira: a lei mais importante do país
A organização política mais conhecida nos diferentes países do mundo é aquela que estrutura o 
Estado em Três Poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, competindo ao primeiro estabelecer as leis 
que deverão ser cumpridas por todos os integrantes daquele país. A primeira lei que um país constrói 
quase sempre é sua Constituição Federal, a lei mais importante, porque estabelece as regras gerais para 
todos os Poderes, para os cidadãos e para as organizações. É comum que a Constituição Federal seja 
denominada Carta Magna ou Lei Maior, denominações que simbolizam sua condição de lei no topo do 
ordenamento jurídico de um país e que não pode ser descumprida por ninguém, nem mesmo por outras 
leis emanadas do próprio Poder Legislativo.
No Brasil, a Constituição Federal é a lei mais importante, e nenhuma outra lei pode colidir com o 
que está disposto na Constituição. Caso isso ocorra, a lei colidente será denominada inconstitucional 
e deverá ser excluída do ordenamento jurídico para não gerar mais nenhum efeito. 
11
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Além do Poder Legislativo federal – representado pela Câmara dos Deputados, com representantes 
do povo,os deputados – e do Senado federal – com senadores que representam os estados federativos –, 
temos no Brasil poderes legislativos estaduais e municipais, representados pelas assembleias legislativas e 
pelas câmaras municipais. Todos esses órgãos podem emitir leis, mas nenhuma delas poderá se confrontar 
com a Constituição Federal, sob pena de ser classificada como inconstitucional e prontamente afastada 
do ordenamento jurídico.
É a Constituição Federal que estabelece os assuntos para os quais os poderes legislativos poderão 
criar leis. Alguns temas são exclusivos do legislativo federal, como as leis trabalhistas e as leis penais, 
por exemplo; outros temas são exclusivos do legislativo municipal, como a organização do trânsito nas 
cidades; outros, ainda, podem ser de competência concorrente, como a fixação de tributos que poderão 
ser criados no âmbito federal, estadual e municipal.
 Saiba mais
Consulte os artigos 22, 23, 24, 25 e 30 da Constituição Federal brasileira 
e conheça mais detalhadamente as competências legislativas da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso 
em: 9 mar. 2020.
1.3 Conflito de leis no tempo
Para garantir a harmonia social, as leis devem obedecer a alguns critérios com o objetivo de evitar 
o conflito de normas. Os principais critérios são a irretroatividade da lei e o respeito ao ato jurídico 
perfeito, à coisa julgada e ao direito adquirido.
Irretroatividade da lei significa que nenhuma lei produzirá efeito para situações anteriores a ela, 
somente será aplicada a situações que ocorram depois de sua entrada em vigor, que, aliás, nem sempre 
coincide com a data da publicação oficial. É comum que as leis sejam aprovadas, publicadas e entrem 
em vigor apenas um período de tempo depois, o chamado período de vacatio legis – em tradução literal 
“vacância da lei”, “vazio da lei” –, no qual a lei está aprovada, mas ainda não pode ser aplicada.
Esse período de tempo é determinado exatamente para que a sociedade tenha tempo de se adaptar 
à nova lei. Enquanto a nova lei não entra em vigor, prevalece a aplicação da lei antiga, e somente 
cumprido o prazo é que entrará em vigor a nova lei. Isso aconteceu em 2002 com o Código Civil, que 
corresponde à Lei n. 10.406, de 2002, cujo artigo 2.044 determinava que ela só entraria em vigor um 
ano após a sua publicação. Durante esse período de tempo, vigorou o Código Civil anterior, que era de 
1916. No dia 10 de janeiro de 2003, sem que fosse necessária nenhuma outra solenidade ou publicação, 
entrou em vigor o novo Código Civil, que já havia sido aprovado em 2002.
12
Unidade I
Esse lapso de tempo e a determinação de que a nova lei só seja aplicável para fatos que ocorram 
após sua entrada em vigor são aspectos fundamentais para garantir a segurança jurídica, porque se a lei 
pudesse ser aplicada a fatos passados e já decididos pelos tribunais, não haveria harmonia social. A cada 
aprovação de nova lei estaríamos sujeitos a ter que modificar toda nossa vida, inclusive com a perda de 
direitos. Mas isso não ocorre no Brasil. 
 Lembrete
Mundialmente, a organização política mais conhecida é a que estrutura 
o Estado em Três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, determina:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 
coisa julgada (BRASIL, 1988).
No mesmo sentido dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro em seu artigo 6º:
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico 
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente 
ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém 
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo 
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não 
caiba recurso (BRASIL, 1942).
Por vezes, a lei entra em vigor na data de sua publicação sem que seja necessário cumprir o período 
de vacatio legis. Mesmo nesses casos, no entanto, não será aplicada a fatos anteriores, somente àqueles 
que vierem a ocorrer após a sua publicação e entrada em vigor.
13
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Os três aspectos a seguir precisam ser bem compreendidos porque são muito importantes: o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
• Ato jurídico perfeito: é aquele que atende a todas as formalidades legais da época em que foi 
firmado por livre vontade das partes, como acontece, por exemplo, nos contratos de compra e 
venda de imóveis. Se o ato foi praticado com toda a solenidade exigida pela lei, não poderá vir a 
ser impugnado por uma nova lei que altere alguns aspectos da transação. Isso se aplica a todos 
os atos de nossa vida, inclusive casamento, locação, compra de bens móveis, contratação de 
prestação de serviços, entre outros. Formalizado o ato jurídico em conformidade com a lei em 
vigor, nenhuma outra lei poderá anular esse ato, que estará protegido pelo fato de ter sido um 
ato jurídico perfeito à luz das normas então vigentes.
• Direito adquirido: é aquele que já pertence a uma pessoa, seja ele um direito da personalidade 
ou um direito patrimonial. Um exemplo recente é o da mudança da lei de aposentadoria no Brasil. 
Muitas pessoas que já estavam aposentadas ou que já haviam cumprido as regras e ingressado 
com o pedido de aposentadoria não perderam esse direito com a entrada em vigor da nova 
norma, porque se tratava de um direito adquirido.
• Coisa julgada: é a decisão judicial para a qual não cabe mais nenhum recurso processual e, por isso, 
não pode mais ser modificada, nem mesmo por uma nova lei que regule a matéria. Assim, por exemplo, 
uma decisão judicial que solucionou um conflito entre uma empresa e um banco, determinando que 
a dívida já estava quitada e que não seria necessário nenhum outro pagamento. Se uma nova lei 
for aprovada autorizando a incidência de um custo de administração pelo banco nos contratos de 
financiamento empresarial, essa nova lei não poderá ser aplicada ao contrato da empresa com o banco 
porque ele está regulado por uma decisão judicial transitada em julgado; ou seja, para essa situação já 
não há nenhum outro recurso que possa modificá-la, porque se operaram os reflexos da coisa julgada 
que tornam a decisão imutável para todos os fins e efeitos de direito.
Respeitados esses três princípios, as leis podem ser alteradas, modificadas ou atualizadas sem gerar 
insegurança para os cidadãos e para suas atividades empresariais. Isso é muito importante para que uma 
sociedade se desenvolva em harmonia.
1.4 Territorialidade da lei
O Estado brasileiro tem soberania em seu território para adotar as leis aprovadas pelo Poder 
Legislativo, mas o campo de aplicação dessas leis é o território brasileiro, porque não há autoridade fora 
dos limites de nosso território, na medida em que cada país do mundo adota e cumpre suas próprias leis.
Território é a porção de terra contínua ou não em que uma nação vive, se organiza e determina 
as regras de cumprimento obrigatório para todos. O território compreende o solo, o subsolo, o espaço 
aéreo e as águas fluviais e marítimas. Também compreende as embaixadas, navios e aeronaves.
14
Unidade I
 Observação
Julian Paul Assange, ativista australiano fundador do site WikiLeaks, que 
publica postagem de fontes anônimas, em especial documentossecretos de 
governos e empresas que foram vazados para serem conhecidos do púbico, 
morou durante sete anos na Embaixada do Equador, na cidade de Londres, 
Inglaterra, sem poder sair de lá para não ser preso pelas autoridades inglesas. 
Essa história mostra, na prática, como a embaixada é o território de um 
país, ainda que, geograficamente, instalada em outro sob outra legislação.
Um estrangeiro que viva no Brasil deverá seguir estritamente as normas brasileiras para todos os 
atos de sua vida, inclusive na administração de empresas, compra de bens móveis ou imóveis, casamento 
ou qualquer outro ato que pretenda praticar. No entanto, se for possuidor de bens em outro país serão 
as normas desse Estado que regerão o regime de propriedade dos bens, sem nenhuma interferência das 
normas brasileiras. Os estrangeiros deverão seguir as leis brasileiras também para envio de dinheiro ao 
exterior, mesmo que seja para sustentar suas famílias. O dinheiro poderá ser enviado, porém seguindo 
as regras de direito brasileiras.
Também poderão ser aplicadas normas de tratados internacionais dos quais o Brasil tenha se tornado 
signatário. Quase sempre são normas decretadas por organismos internacionais dos quais o Brasil é membro, 
como é o caso da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização 
Mundial do Comércio (OMC), Organização do Mercado Comum do Sul (Mercosul), Tribunal Penal Internacional, 
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entre vários outros dos quais o país participa.
Sempre que uma dessas entidades aprovar uma lei, ela deverá ser cumprida por todos os membros 
signatários, ou seja, por todos os países que concordam com o cumprimento dela. Muitas vezes, os 
países concordam em cumprir a lei internacional, mas precisam de mais tempo para se adequar, ou 
pretendem fazer a implantação por etapas. Isso ficará registrado no documento de assinatura, e o órgão 
internacional acompanhará as etapas de implantação.
Figura 1 – Prédio da ONU em Nova York, estampado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
15
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Quando o Brasil se torna signatário de um acordo internacional, os termos do acordo são submetidos 
ao Poder Legislativo federal para que sejam aprovados e comecem a ser obrigatoriamente cumpridos 
por todos.
 Saiba mais
O Brasil ratificou o Estatuto de Roma de 1998, por meio do qual a ONU 
deliberou a criação do Tribunal Penal Internacional, que se localiza em Haia, 
na Holanda. O Brasil entende que esse tribunal é um avanço na luta contra 
a impunidade pelos crimes de maior gravidade praticados no cenário 
internacional. O Tratado de Roma foi incorporado à legislação brasileira 
pelo Decreto n. 4.388, de 25 de setembro de 2002. Para saber mais sobre o 
Tribunal Penal Internacional, consulte o site: 
www.icc-cpi.int/Pages/Main.aspx
1.5 Organização Judiciária Brasileira
O sistema do Poder Judiciário no Brasil está regulado pelo artigo 92 e seguintes da Constituição 
Federal e estabelece que o mais importante tribunal é o Supremo Tribunal Federal (STF), sediado em 
Brasília, e que conta com 11 juízes que são denominados como ministros.
O STF tem por força de lei a obrigação de decidir os conflitos que envolvem a aplicação da Constituição 
Federal e, por isso, é chamado de “guardião da Constituição Federal”. Ele julga ações judiciais que tenham 
tido origem em outras instâncias, mas cujo assunto dependa da aplicação de norma constitucional; 
também trata dos casos daqueles que têm a prerrogativa legal de serem julgados pelo STF, como 
acontece com o presidente da República, ministros de estado, parlamentares, entre outros.
O portal do STF na internet informa que o órgão:
É composto por onze Ministros, todos brasileiros natos (art. 12, § 3º, inc. IV, 
da CF/1988), escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos 
de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da CF/1988), 
e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pela 
maioria absoluta do Senado Federal (art. 101, parágrafo único, da CF/1988).
Entre suas principais atribuições está a de julgar a ação direta de 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, a ação 
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, a 
arguição de descumprimento de preceito fundamental decorrente da 
própria Constituição e a extradição solicitada por Estado estrangeiro.
16
Unidade I
Na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infrações penais 
comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da 
República, entre outros (art. 102, inc. I, a e b, da CF/1988).
Em grau de recurso, sobressaem-se as atribuições de julgar, em recurso 
ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e 
o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais 
Superiores, se denegatória a decisão, e, em recurso extraordinário, as 
causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida 
contrariar dispositivo da Constituição (BRASIL, 2019).
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), outro tribunal federal brasileiro localizado em Brasília, é chamado 
comumente de “tribunal da cidadania” porque é a ele que os cidadãos comuns se dirigem em último grau 
para solução de conflitos das áreas de direito de família, contratos, relações de consumo, propriedade, 
direito penal entre tantos outros temas corriqueiros na vida do cidadão.
No portal do STJ lê-se:
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) é a 
corte responsável por uniformizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil. 
É de sua responsabilidade a solução definitiva dos casos civis e criminais que 
não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada.
[...]
O STJ é composto por 33 ministros. Eles são escolhidos e nomeados pelo 
Presidente da República, a partir de lista tríplice formulada pelo próprio tribunal. 
O indicado passa ainda por sabatina do Senado Federal antes da nomeação.
A Constituição prevê que os ministros tenham origem diversificada: um 
terço deve ser escolhido entre desembargadores federais, um terço entre 
desembargadores de justiça e, por fim, um terço entre advogados e membros 
do Ministério Público (BRASIL, [s.d.]b).
Para os conflitos na área de direito do trabalho existe o Tribunal Superior do Trabalho (TST), composto 
por 27 ministros, aos quais incumbe a decisão final sobre a aplicação do direito do trabalho no plano 
coletivo e individual. Esse órgão julga em última instância no Brasil os processos coletivos e individuais 
que versam sobre relações trabalhistas. No site do TST na internet temos que:
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), com sede em Brasília-DF e jurisdição 
em todo o território nacional, é órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, nos 
termos do artigo 111, inciso I, da Constituição da República, cuja função 
precípua consiste em uniformizar a jurisprudência trabalhista brasileira.
17
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Nos processos de sua competência, o TST é dividido em turmas e seções 
especializadas para a conciliação e julgamento de dissídios coletivos de 
natureza econômica ou jurídica e de dissídios individuais.
O TST é composto de vinte e sete Ministros, escolhidos entre brasileiros com 
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo 
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado 
Federal, sendo:
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade 
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez 
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II – os demais entre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da 
magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior (BRASIL, [s.d.]c).
A capital federal brasileira sedia, ainda, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem a incumbênciade julgar todos os conflitos que envolvem eleições no país, em qualquer nível – federal, estadual e 
municipal –, no sentido de que sempre estejam garantidas a regularidade dos partidos, dos candidatos 
e das próprias eleições. O site do TSE informa:
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão máximo da Justiça Eleitoral, exerce 
papel fundamental na construção e no exercício da democracia brasileira. 
Suas principais competências estão fixadas pela Constituição Federal e pelo 
Código Eleitoral (Lei n. 4.737, de 15-7-1965).
O TSE tem ação conjunta com os tribunais regionais eleitorais (TREs), que 
são os responsáveis diretos pela administração do processo eleitoral nos 
estados e nos municípios.
A Corte é composta por sete ministros: três são originários do Supremo 
Tribunal Federal, dois do Superior Tribunal de Justiça e dois representantes 
da classe dos juristas – advogados com notável saber jurídico e idoneidade.
Cada ministro é eleito para um biênio, sendo proibida a recondução após 
dois biênios consecutivos. A rotatividade dos juízes no âmbito da Justiça 
Eleitoral objetiva manter o caráter apolítico dos tribunais, de modo a garantir 
a isonomia nas eleições (BRASIL, [s.d.]c).
O último tribunal superior em Brasília é o Supremo Tribunal Militar (STM), composto por 15 ministros 
e que tem como principal competência o julgamento de conflitos no âmbito das forças armadas.
18
Unidade I
 Saiba mais
Para informações complementares sobre o STM, consulte a página do 
tribunal no link a seguir:
www.stm.jus.br
No âmbito de cada unidade da federação brasileira temos juízes civis e criminais, e tribunais de 
justiça para causas civis, empresariais e de consumo. Para a solução dos conflitos de direito do trabalho 
temos varas trabalhistas e tribunais regionais do trabalho; e para os conflitos que envolvem matéria 
federal, como alguns da área de direito tributário, teremos justiça federal e tribunais regionais federais.
O Brasil possui 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) localizados nas seguintes regiões: Rio de 
Janeiro, São Paulo (2), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará, Amapá, Paraná, 
Distrito Federal, Tocantins, Roraima, Amazonas, Santa Catarina, Paraíba, Acre, Rondônia, Maranhão, 
Espírito Santo, Goiás, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O 
país tem ainda cinco Tribunais Regionais Federais com sede em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto 
Alegre e Recife. Além desses tribunais federais e regionais, cada estado da federação brasileira possui 
magistrados em comarcas e também seus Tribunais de Justiça.
Comarca é uma extensão territorial sobre a qual um juiz de primeira instância, ou de primeiro 
grau, exerce sua atividade jurisdicional. Em outras palavras, é uma porção territorial que está sob 
responsabilidade de um magistrado que será a única autoridade judicial a poder aplicar o direito ali. 
Por vezes, a comarca possui uma única cidade e, às vezes, engloba várias cidades que responderão para 
o mesmo magistrado. Cidades mais populosas são comarcas com vários juízes que, às vezes, atuam em 
áreas separadas, como direito civil, direito penal, direito de família e sucessões, direito empresarial e outras.
Essa organização é definida pelo Tribunal de Justiça de cada estado federativo por meio de seu 
código de organização judiciária. Assim, temos magistrados federais ou estaduais, mas não há previsão 
constitucional para justiça municipal.
1.6 A atividade dos magistrados e sua proteção
Os magistrados brasileiros de qualquer instância, juízo ou tribunal estão garantidos pela Constituição 
Federal em relação a três garantias muito relevantes, em conformidade com o disposto no artigo 95, 
incisos I, II e III, assim redigidos:
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos 
de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação 
do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença 
judicial transitada em julgado;
19
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do 
art. 93, VIII;
III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, 
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (Redação dada pela Emenda Constitucional 
n. 19, de 1998) (BRASIL, 1988).
As três garantias se destinam a assegurar que os magistrados brasileiros no desempenho de 
suas atividades possam agir com independência e imparcialidade, sem temer nenhuma retaliação 
em decorrência de suas decisões, seja das próprias partes, seja dos governantes. Assim, o juiz tem 
garantida a vitaliciedade, que significa que o magistrado não perderá seu cargo em razão das decisões 
que adotar. Somente poderá perder o cargo de magistrado após sentença judicial transitada em 
julgado em processo no qual tenha tido a garantia da ampla defesa e de contrariar todos os fatos e 
argumentos apresentados contra ele (princípio do contraditório, garantido pela Constituição Federal).
Ensina Ronnie Herbert Barros Soares que:
Os magistrados de carreira, assim compreendidos os que ingressam no 
Poder Judiciário por meio do concurso público, após submeterem-se a um 
estágio probatório de dois anos, em que são avaliados e orientados pelas 
Corregedorias de Justiça, Escolas de Magistratura e Administração dos 
Tribunais, sem que tenham enfrentado problemas de ordem profissional ou 
pessoal que afetem o exercício do cargo, são declarados vitalícios, o que 
significa que somente podem ser demitidos, só perdem o cargo, por decisão 
judicial transitada em julgado (art. 95, I, da CF) (MAGISTRATURA, [s.d.]).
O magistrado, após tomar posse como juiz substituto, está sujeito à confirmação no cargo e, 
enquanto não vitalício, pode ser desligado da magistratura por decisão administrativa do Tribunal ou do 
Conselho Nacional de Justiça. Ao contrário do que comumente se afirma nos meios de comunicação, 
o magistrado pode ser demitido por infração disciplinar, como previsto no artigo 92, inciso VI, da Lei 
Orgânica da Magistratura Nacional. Em se tratando de juiz não vitalício, a decisão pode ser proferida em 
processo administrativo. Mas para o magistrado vitalício, a perda do cargo depende de decisão judicial 
transitada em julgado, proferida em ação proposta para a perda do cargo.
Como ressalta Olavo de Oliveira Neto, essa garantia constitucional busca assegurar a independência 
funcional do magistrado, a fim de impedir que “venha a perder o cargo por proferir uma decisão 
contrária aos interesses de pessoas que poderiam, inexistente tal garantia, por meios políticos, forçar a 
sua demissão” (MAGISTRATURA, [s.d.]).
Sem a garantia da vitaliciedade, um magistrado que desagradasse lideranças políticas com suas 
decisões, poderia ser demitido sumariamente sem que pudesse se defender. No Brasil contemporâneo, em 
que tantas decisões difíceis têm sido tomadas pelos magistrados, inclusive levando à prisão importantes 
figuras do mundo político e empresarial, é fácil compreender a importância da garantia da vitaliciedade.
20
Unidade I
Os magistrados têm, ainda, a garantia da inamovibilidade, que significa que um magistrado não 
poderá ser removido do local em que se encontra trabalhando, sem que tenha manifestado sua prévia 
concordância. Claro que existem hipóteses de remoção do magistrado de uma comarca para outra por 
razões de comprovado interesse público. Mas, em geral, a remoção do magistrado de um lugar para 
outro somente pode ser realizada com a concordância deste, para impedir a transferência arbitrária, 
como vingança em decorrência de uma decisão tomada pelo magistrado. Imaginemos que um juiz de 
uma comarca instalada em cidade grande provida de todos os recursos seja removido para uma pequena 
cidade do interior, muito distante da capital, simplesmente porque tomou uma decisão judicial que 
contrariou políticos locais. Essa possibilidade colocaria o magistrado em umavida tormentosa, sempre 
à mercê daqueles que estivessem contrários às suas decisões. A lei prevê a hipótese de o magistrado 
recusar uma promoção se, por acaso, perceber que ela está sendo concedida apenas para disfarçar o 
interesse de removê-lo da comarca em que ele está trabalhando e na qual, com certeza, está tomando 
decisões que contrariam o poder político ou econômico.
Imaginemos que um magistrado de uma pequena cidade do interior do país julga um caso em que 
o ministério público tenta impedir grave dano ambiental com a instalação de uma usina hidrelétrica 
que vai derrubar área de preservação. O juiz analisa o caso, as provas produzidas e ao final impede a 
instalação da hidrelétrica contrariando um poderoso grupo econômico que apoia o prefeito. Em seguida, 
o juiz recebe a informação de que será removido da comarca por promoção para a capital e o grupo 
econômico aprova um novo projeto de construção de hidrelétrica desta vez alguns quilômetros acima 
do projeto inicialmente apresentado para aprovação. Essa hipótese pode ocorrer muitas vezes em um 
país de grandes dimensões como o Brasil e é fundamental que os magistrados tenham garantia de que 
não sofrerão consequências negativas em razão de suas decisões.
Os magistrados possuem ainda garantia de irredutibilidade de vencimentos, ou seja, nenhum juiz 
sofrerá redução de seu salário como forma de inibir sua independência, ou como vingança contra atos 
praticados. Os magistrados estão sujeitos a descontos em seu salário como todos os demais trabalhadores, 
em especial de imposto de renda e contribuição previdenciária, porém essas são hipóteses previstas em 
lei e aplicáveis a todos os trabalhadores.
Por outro lado, os juízes estão proibidos de exercer outras atividades além da magistratura por 
força do que determina a Constituição Federal, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, os Regimentos 
Internos dos Tribunais e as normas do Conselho Nacional de Justiça.
Assim, além da atividade como magistrado eles só podem exercer o magistério, ou seja, podem ser 
professores. Mas não podem exercer atividade empresarial embora possam ser sócios ou acionistas 
de empresas. A vedação está restrita ao exercício de atividade administrativa ou gerencial à frente da 
empresa o que, certamente, é incompatível com o exercício da magistratura. É vedado aos magistrados, 
também, receberem auxílio ou contribuições de pessoas físicas ou jurídicas ou, ainda, de custas 
processuais recolhidas pelas partes no processo. Quando se aposentam da atividade judicial deverão 
cumprir um período de três anos para que possam exercer a advocacia perante o tribunal no qual 
trabalhavam, como garantia da transparência e da integridade ética.
21
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Os magistrados são proibidos por lei de se manifestarem por qualquer meio de comunicação sobre 
processos que estejam julgando, ou sobre processos sob responsabilidade de qualquer outro magistrado. 
Somente poderão se manifestar em caráter científico ou acadêmico, numa aula, palestra ou artigo 
científico. Fora dessas possibilidades, as manifestações estão vedadas, em especial aquelas concedidas à 
imprensa. Por fim, é vedado aos magistrados exercer atividade político-partidária porque isso também é 
incompatível com as exigências que o cargo impõe.
2 REGRAS FUNDAMENTAIS DOS PROCESSOS JUDICIAIS NO BRASIL
Na vida cotidiana das empresas e de seus administradores, não é incomum que alguns conflitos sejam 
levados para solução judicial, razão pela qual os setores jurídicos internos ou externos das empresas são 
importantes para assessorar a tomada de decisões tanto no processo judicial como para evitar que eles 
aconteçam. Os consultores jurídicos e advogados são essenciais para a vida empresarial, mas isso não 
significa que os administradores não devam possuir noções sobre processo judicial, de forma a atuar em 
colaboração com o setor jurídico e para que suas decisões sejam melhor fundamentadas.
Vamos aqui tratar dos processos judiciais em geral que, como sabemos, podem ser para solução 
de conflitos de várias áreas diferentes do direito. As mais comuns na vida empresarial são temas 
relacionados a contratos, relações trabalhistas, recolhimento de tributos, danos ambientais, obrigações 
de pagamento, entre outros semelhantes.
Os elementos fundamentais para um processo judicial são: a petição inicial, a contestação, as provas, 
as decisões judiciais e o trânsito em julgado.
Vamos conhecer esses elementos dos processos judiciais, mas antes vamos saber quais são os 
princípios que deverão ser obrigatoriamente obedecidos.
Na definição de Celso Antonio Bandeira de Mello (2008, p. 747):
Princípio [...] é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, 
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre 
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para 
sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica 
e a racionalização do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e 
lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside 
a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há 
por nome sistema jurídico positivo. [...] A desatenção ao princípio implica 
ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a 
todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de 
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque 
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão 
de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas 
que os sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada. 
22
Unidade I
Para Miguel Reale (1986, p. 60):
Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce 
ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um 
sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também 
se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem 
evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes 
da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus 
pressupostos necessários.
As duas definições proferidas por importantes estudiosos de Direito nos permitem compreender a 
importância dos princípios jurídicos e, muito em especial, a importância dos princípios constitucionais 
que são aqueles que emanam da lei fundamental do país. Existem princípios para as diversas áreas 
do direito, mas são os princípios constitucionais que possuem maior relevância à medida que criam 
parâmetros que deverão obrigatoriamente ser obedecidos por todas as demais áreas.
A respeito dos princípios constitucionais, o professor de direito e ex-ministro do Supremo Tribunal 
Federal, Luis Roberto Barroso (1999, p. 147), afirma:
[...] são o conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, 
seus postulados básicos e seus fins. Dito de forma sumária, os princípios 
constitucionais são as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos 
ou qualificações essenciais da ordem jurídica que institui.
Princípios são, portanto, a base que fundamenta uma determinada área do direito e que devem ser 
obedecidos da mesma forma que a lei, sob pena de sofrer sanção legal aquele que deixe de cumprir o 
que os princípios determinam.
A seguir, os princípios processuais constitucionais:
Devido processo legal
Determinado pelo artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal. O cumprimento desse princípio é 
que garante que sejam respeitadas pelos magistrados e pelas partes todas as garantias processuais que 
tenham por objetivo garantir uma sentença justa e célere. 
Isonomia
O artigo 5º, caput e I da Constituição Federal, garante que as partes recebam tratamento igualitário 
para o exercício de todos os seus direitos processuais. Ninguém será impedido de ingressar em juízo para 
defender seus direitos por qualquer razão, inclusive de caráter econômico. Para esses casos, ou seja,quando a parte precisar exercer direitos em juízo e não tiver condições econômicas para custear 
advogado ou pagar as custas do processo, o Estado terá obrigação de fornecer um advogado e isentar 
a parte da obrigação de pagar custas processuais. Claro que a parte terá que provar que não tem 
23
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
condições econômicas, mas trata-se de prova simples que não causa maior ônus para ninguém. Durante 
o processo, as partes terão as mesmas oportunidades de manifestação, de forma a garantir a igualdade 
de tratamento.
Contraditório
Está previsto também no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal e significa a exigência de que 
o juiz dê ciência ao réu da existência do processo e, às partes (autor e réu) de todos os atos praticados 
no processo. As partes têm direito de ter ciência dos atos praticados no processo para que possam se 
manifestar, apresentar suas provas e argumentos. É em decorrência do princípio do contraditório que as 
partes recebem citações e intimações durante o processo judicial e têm que se manifestar representadas 
por seus advogados ou diretamente, quando são chamadas, por exemplo, para prestar depoimento. 
Contraditório significa na prática que a cada manifestação de uma parte processual a outra terá direito 
de se manifestar, até que se encerre essa fase de coleta de provas e argumentos e o juiz tenha elementos 
para poder decidir o conflito e apresentar os fundamentos de sua decisão. 
Algumas vezes, em caráter de exceção decorrente da urgência, o juiz poderá tomar decisões sem 
ouvir a outra parte. São as chamadas tutelas de emergência reguladas pelo Código de Processo Civil 
brasileiro, que determina:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos 
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao 
resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, 
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a 
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte 
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após 
justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando 
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão (BRASIL, 2015a).
Para conceder a tutela de urgência o magistrado deverá ter elementos que evidenciem a probabilidade 
do direito e o perigo de dano ou riso ao resultado útil do processo. E mesmo assim, por vezes, poderá 
ocorrer uma audiência de justificação prévia, quando a parte requerente da liminar é chamada para 
apresentar provas que corroborem suas alegações e os documentos já apresentados. Isso significa que o 
magistrado quer ter muita convicção antes de decidir porque ainda não houve oportunidade processual 
de defesa para a outra parte.
As tutelas de emergência são muito comuns em conflitos para embargos de obra de engenharia 
civil, ou para concessão de tratamento médico ou hospitalar quando o Estado ou a operadora de saúde 
24
Unidade I
negaram o pedido ao usuário. Nessas hipóteses, entre outras, é usual que as partes ingressem com 
pedido de concessão de tutela dado à emergência do assunto a ser decido e os graves prejuízos que 
poderão advir da demora na decisão.
Inafastabilidade do controle jurisdicional
Previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, significa que nenhuma lei no país poderá 
excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça de direito. Em outras palavras, esse 
artigo da Constituição Federal brasileira garante a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país 
que tenham acesso à justiça, que possam ir ao poder judiciário para solucionar seus problemas. 
Em muitos casos, a justiça poderá decidir que a parte não tem direito de pedir aquela solução, 
exatamente porque o direito não a socorre, não lhe garante a possibilidade daquele pedido. É o que 
acontecerá, por exemplo, se alguém ingressar com uma ação judicial alegando que não quer pagar 
as prestações a que se comprometeu em razão do contrato de financiamento do carro porque está 
cansado, não quer mais trabalhar e, por isso, não quer mais ter a responsabilidade de pagar as prestações. 
Não há direito que fundamente esse pedido porque a lei determina que todos aqueles que assumirem 
obrigações devem cumpri-las, no tempo e no modo combinados no contrato ou no instrumento jurídico 
que representa a obrigação legal assumida. Nesse caso, o magistrado não poderá deixar a ação judicial 
seguir e deverá determinar seu imediato arquivamento, porque não há legítimo interesse de agir, não 
há direito a ser protegido.
Imparcialidade do juiz
Pelo artigo 5º, incisos LIII e XXXVIII, da Constituição Federal, as partes não poderão escolher o juiz 
que vai decidir o conflito porque ele deverá pertencer a um tribunal que já existia anteriormente ao 
caso concreto, organizado em conformidade com a Constituição Federal e com as leis próprias de 
organização judicial. O juiz é funcionário do Estado e serve a esse Estado de forma imparcial em relação 
às partes, sem nenhum privilégio ou favorecimento porque poderá ser responsabilizado por atos dessa 
natureza, inclusive condenado a indenizar aqueles que tiverem sido prejudicados e sofrer a punição de 
ser exonerado do cargo por não cumprir determinações legais pertinentes.
Publicidade dos atos judiciais
Está prevista no artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal. Todos os atos praticados em um processo 
judicial são publicados no Diário Oficial do Estado ou da União, a depender de se tratar de processo 
tramitado em esfera estadual ou federal. Os Diários Oficiais na atualidade são eletrônicos, acessíveis a 
todos e a publicidade dos atos é a garantia de que a sociedade possa fiscalizar os atos praticados pelos 
magistrados no processo judicial para inibir qualquer prática ilegal ou imoral. A publicidade também 
permite que a sociedade conheça as partes litigantes e a razão pela qual litigam, o que sempre é positivo 
como cumprimento do direito de informação que todo cidadão possui. Como toda regra, a publicidade 
do processo judicial também comporta exceções e poderá ser restringida quando se tornar negativa 
para as partes envolvidas no processo. Nesses casos, será aplicada o chamado “segredo de justiça”, em 
que se ocultam os nomes das partes no processo judicial embora se publiquem os atos praticados.
25
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
O segredo de justiça é quase sempre aplicado nos casos de direito de família em que a divulgação do 
nome das partes será prejudicial a elas próprias, porque os fatos tratados são referentes ao núcleo 
de intimidade das pessoas e deverão ser protegidos na esfera da privacidade à qual todos temos direito. 
De fato, um processo judicial de separação litigiosa por motivo de agressão física entre os cônjuges deve 
ser julgado com respeito à privacidade das partes, para que não fiquem expostas além do estritamente 
necessário. Mas, ainda nesses casos, serão publicados os atos judiciais praticados, embora os nomes das 
partes fiquem ocultados por siglas.
Duplo grau de jurisdição
Embora não haja expressa previsão constitucional para o duplo grau de jurisdição, ele é decorrência 
da própria organização judicial brasileira prevista na Constituição Federal que viabilizou a existência 
de vários tribunais, como vimos neste trabalho. O direito de recorrer a um tribunal superior é muito 
importante porque dá a garantia de que as decisões dos juízes singulares serão revistas por um colegiado, 
composto por magistrados mais experientes e que poderão corrigir eventuais equívocos praticados na 
primeira decisão.
Muito embora haja uma crítica quanto ao grande número de recursos que podem ser interpostos 
pelas partes após a decisão e o argumento de que eles atrasariam o efetivo cumprimento da decisão 
judicial que, não raro, quando é cumprida já se passaram tantos anos que ela sequer cumpre oseu papel, 
a realidade é que a existência de recursos é uma exigência da vida no estado democrático de direito. Todos 
os cidadãos têm direito de ver a decisão judicial, principalmente aquelas proferidas por um juiz singular, 
conhecida e revista por um colegiado de três magistrados (como acontece nos Tribunais de Justiça de 
cada Estado da federação), ou de número maior, como acontece nas Turmas dos Tribunais Superiores, 
para ter certeza de que a decisão está correta, bem fundamentada, que as provas apresentadas foram 
analisadas com rigor e, portanto, a decisão simboliza a aplicação da justiça.
Sabedor de que sua decisão será analisada por um órgão superior, o magistrado fica imbuído de 
ainda maior cautela, cuidado e rigor na avaliação das provas e na interpretação da lei para aplicá-la ao 
caso concreto. Isso é positivo para a vida em sociedade e torna mais confiáveis as decisões proferidas.
Princípio da razoável duração do processo
Está previsto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal. Esse princípio é uma diretriz para 
todos os Poderes da República. Para os legisladores, é um aviso para que editem leis de fácil compreensão, 
que não criem interpretações divergentes. Para os administradores, um sinal de que devem propiciar 
aos órgãos do poder judiciário todas as condições necessárias para que o trabalho flua sem problemas. 
E, para o próprio judiciário, o princípio é a exigência de trabalho célere, diligente, cuidadoso, porém ágil, 
de forma que os jurisdicionados – que são os cidadãos brasileiros e os estrangeiros residentes no país –, 
recebam sempre a melhor solução da justiça (no sentido de tecnicamente perfeita), no menor espaço de 
tempo entre o início e o final do processo.
O Código de Processo Civil, Lei n. 13.105, de 2015, no artigo 1.048 prevê situações para as quais 
as partes terão prioridade na tramitação de seus processos, perante qualquer juízo ou tribunal. São os 
26
Unidade I
casos em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos, ou 
que seja portadora de doença grave; que sejam parte crianças ou adolescentes; ou, ainda, em que figure 
como parte vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 2006, denominada 
comumente como Lei Maria da Penha.
Evidentemente que no Brasil contemporâneo, por inúmeras razões, estamos muito longe de cumprir 
o princípio da razoável duração do processo. Você com certeza conhece um processo judicial que se 
arrasta há muitos anos sem decisão final, ou já viu notícias a esse respeito e, portanto, conhece os 
prejuízos que as partes sofrem quando a decisão não é proferida no tempo correto.
Imagine a situação da viúva com filhos pequenos que fica por dez anos aguardando a decisão da 
ação movida contra o empregador do marido falecido, que não fornecia os equipamentos de proteção 
individual adequados e, em consequência, ocorreu um acidente de trabalho que custou a vida do esposo, 
pai de seus filhos pequenos. Como custear a manutenção de filhos e a sua própria quando não se tem 
mais os recursos do salário do esposo, e ainda é preciso esperar pela decisão judicial que vai definir o 
dever de indenizar, o valor a ser indenizado e a forma como a indenização será paga. Esperar dez anos 
ou mais por uma decisão dessa é uma forma profundamente injusta de agir.
Em outro exemplo que podemos utilizar para nossas reflexões, imagine uma indústria que foi 
multada por não recolher um determinado tributo que ela entende que não precisa ser recolhido, 
porque a hipótese de incidência tributária não está suficientemente clara. A empresa ficará com seus 
recursos econômicos comprometidos durante anos até que a decisão judicial definitiva decida que o 
tributo não é devido e, portanto, os valores pagos, inclusive a título de multa, deverão ser restituídos 
com juros e correção monetária. É, sem dúvida, uma hipótese comum na vida das empresas e sempre 
bastante prejudicial, porque aqueles recursos poderiam ter sido utilizados em muitas outras atividades, 
inclusive de expansão e modernização da empresa. Não é difícil encontrarmos casos reais de empresas 
que sucumbiram e fecharam suas portas por falta de decisões judiciais mais rápidas.
Por outro lado, é imprescindível que as partes litigantes no processo judicial tenham direito de obter 
uma outra decisão além daquela primeiramente proferida, de forma que eventuais erros técnicos de 
aplicação da lei, de análise da prova ou de interpretação da lei possam ser corrigidos e, desse modo, que 
a justiça seja efetivamente aplicada.
A equação é difícil de ser solucionada, mas os esforços conjuntos dos poderes da república e da 
sociedade brasileira certamente nos conduzirão ao aprimoramento das práticas processuais judiciais 
com objetivo de que tenhamos direito ao duplo grau de jurisdição, sem perder de vista a necessidade da 
celeridade do processo judicial.
2.1 Processos judiciais no Brasil
O Brasil vive há pelo menos 20 anos um fenômeno denominado judicialização das relações sociais. 
Consiste em dar preferência a soluções judiciais para os conflitos em vez de procurar outras formas 
de negociação que permitiriam soluções mais céleres e, por vezes, menos traumáticas do que a 
decisão judicial.
27
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Há um enorme desgaste material e emocional com demandas judiciais, tanto para pessoas naturais 
como para pessoas jurídicas. Gastos com advogados e custas processuais, organização de documentos 
para serem utilizados como prova, busca de testemunhas que possam provar os fatos, comparecimento 
em audiências e encontro forçado com a parte contra a qual se litiga, dificuldade de o magistrado 
compreender detalhadamente a situação porque são muitos processos e ele nem sempre tem o 
tempo necessário para ler minuciosamente, todos esses são momentos difíceis para quem processa 
judicialmente ou é processado.
Existem outras formas de solucionar conflitos além dos processos judiciais e, quase sempre, elas são 
mais indicadas, porém ainda não estão suficientemente introduzidas na vida cotidiana dos brasileiros 
para quem, quando surge o conflito, prefere utilizar as ações judiciais.
Assim, não será difícil que um administrador de empresas no Brasil tenha que dedicar parte de 
seu tempo para organizar a atuação de sua empresa no poder judiciário, seja para se defender em 
um processo movida contra ela, seja para ela própria iniciar ação judicial contra outra pessoa jurídica 
ou natural. Os conflitos mais comuns são aqueles que envolvem questões trabalhistas, contratuais, 
tributárias e de cumprimento de obrigações assumidas – entrega de produtos, prazo, preço fixado, 
modelo –, entre outras.
Por isso, é importante que o administrador de empresas conheça os fundamentos essenciais do 
desenrolar de um processo judicial, para que possa organizar e planejar atividades quando estiver às 
voltas com um conflito que se desenvolve no Poder Judiciário.
Por exemplo: a empresa pactua um contrato de entrega de matéria-prima que não é cumprido e 
gera prejuízos porque há necessidade de comprar novamente de outro fornecedor, com custo mais 
alto. Cobrada a empresa fornecedora se nega a pagar e é necessário ingressar com uma ação judicial. 
O advogado da empresa é chamado para isso e solicita documentos e indicação do nome de 
testemunhas para elaborar a petição inicial. Depois dessa etapa o administrador terá que planejar 
próximas compras, recursos destinados a isso e poderá se perguntar: em quanto tempo poderemos ter 
de volta esses recursos econômicos? Quando poderemos contar novamente com esses valores no caixa 
e dar a ele destinação útil para o planejamento da empresa? Essas e outras perguntas são comumente 
formuladas aos advogados empresariais. Será importante compreender as diferentes etapas de um 
processo judicial e poder avaliar o tempo necessário para a solução definitiva do conflito.
Além disso, conhecer as diferentes etapas de um processo judicial auxilia na tomada de decisões sobre 
mover ou nãouma demanda judicial. Por vezes, por maior que sejam as provas documentais, técnicas e 
testemunhais, por maiores que sejam os percentuais de chance êxito no processo judicial, é melhor não 
mover a ação e solucionar o conflito por mediação ou conciliação, ou até por arbitragem que teoricamente 
é mais caro que as outras duas modalidades, do que custear uma demanda judicial que poderá demorar 
muitos anos e implicar em altos custos até que venha a solução definitiva.
Um roteiro simples de uma ação judicial de natureza civil – e não penal, porque então o roteiro pode 
ser outro –, tem as seguintes etapas:
28
Unidade I
Petição inicial
Citação
Contestação
Produção 
de provas
Decisão de 
primeira 
instância
Interposição 
de recurso
Resposta 
às razões 
de recurso
Decisão de 
segunda 
instância
Execução da 
sentença
Figura 2
Na sequência, vamos analisar alguma dessas etapas:
Petição inicial
É o documento escrito e assinado pelo advogado que narra os fatos conflituosos e fundamenta os 
direitos da parte que ingressa com o pedido com base na lei. Na área de direito civil onde estão os direitos 
das pessoas naturais ou jurídicas, a parte que ingressa com a ação é chamado de autor, demandante ou 
requerente. A parte contra quem se propõe a ação judicial é chamado de requerido ou demandado. 
A palavra réu é utilizada usualmente para o direito penal, embora não seja incorreto utilizá-la no âmbito 
do direito civil, empresarial ou tributário. Na área do direito do trabalho, a parte que propõe a ação 
judicial é chamada de reclamante, e a parte contra quem se propõe a ação é chamada de reclamado.
A petição inicial em conformidade com o que determina o artigo 319 do Código de Processo Civil 
deverá indicar:
29
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Juízo a que 
é dirigida
Petição 
inicial
Opção 
ou não por 
audiência de 
conciliação
Qualificação 
detalhada do 
requerente e do 
requerido
Valor da 
causa
Pedido 
com suas 
especificações
Provas que o 
autor pretende 
produzir
Fatos e 
fundamentos 
do pedido
Figura 3
Alguns esclarecimentos necessários:
• Juízo a que é dirigida não significa que a parte possa escolher o juiz porque já vimos anteriormente 
que isso é vedado pela legislação brasileira. Dirigir a petição ao juiz significa escolher apenas: 
(i) a área da justiça (civil, penal ou trabalhista); e, (ii) a comarca na qual a ação judicial vai ser 
distribuída que, quase sempre, é a comarca do domicílio do requerente. 
• Qualificação das partes deve ser o mais completa possível com referência a nome, prenome, estado 
civil, existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas 
ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do 
autor e do réu.
• Fato e os fundamentos jurídicos do pedido devem ser detalhados, completos, minuciosos e, 
principalmente, fundamentados na lei, em decisões judiciais anteriores – jurisprudência, ou em 
instrumentos válidos como contratos, títulos de crédito e outros aos quais a lei reconhece a 
capacidade de gerar direitos e obrigações.
• O pedido com as suas especificações significa que o pedido deve ser certo conforme determina o 
artigo 322 do Código de Processo Civil e, no pedido devem ser incluídos o principal, a incidência 
de juros legais, de correção monetária e as verbas de sucumbência, em especial os honorários 
advocatícios. Verba de sucumbência é o valor a ser pago pela parte que perde a ação judicial para 
o advogado da parte que ganha. É um percentual arbitrado pelo juiz e é ficado entre 10% e 20% 
do valor dado à causa que, quase sempre, é o valor do pedido. Assim, em uma ação de cobrança 
30
Unidade I
no valor de R$ 200.000,00 a parte que perder deverá pagar esse valor, acrescido de juros legais 
e correção monetária, de custas do processo e, de verba honorária de sucumbência que o juiz 
arbitrar. Esse valor de verba de sucumbência é diferente do valor que a parte paga ao advogado 
para que trabalhe para ela. A parte contrata seu advogado e paga a ele um valor combinado 
entre eles para que seja proposta a ação judicial ou apresentada a defesa. Esse valor remunera o 
trabalho do advogado e a verba de sucumbência remunera o êxito que ele propiciou à parte, ou 
seja, remunera a vitória que o advogado teve.
• Valor da causa quase sempre é o valor atribuído ao direito pleiteado na ação judicial. Por 
exemplo, em uma ação de cobrança no valor de R$ 200.000,00, o valor da causa será o mesmo 
do valor do pedido. Para ações judiciais em que o pedido seja de prestação continuada como 
no caso de dever de alimentos dos pais para os filhos, será calculado como o valor equivalente 
a doze prestações mensais.
• As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados deverão ser 
especificadas, ou seja, se serão produzidas provas documentais, testemunhais ou provas técnicas 
como a perícia, por exemplo. As provas documentais devem acompanhar a petição inicial, todos 
os documentos que comprovam os fatos e o direito devem ser apresentados no mesmo momento 
da petição inicial sob pena de o autor não poder mais apresentá-los. O mesmo se dá para os 
documentos da defesa que devem ser apresentados no momento da juntada ao processo da 
contestação, sobre a qual falaremos mais à frente.
• A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Essa é 
uma novidade implementada pelo Código de Processo Civil de 2015 que substituiu o anterior, de 
1973. Um dos objetivos do chamado novo Código de Processo Civil é tornar as oportunidades 
de conciliação mais simples e, para cumprir esse objetivo, a parte deverá indicar logo no primeiro 
ato processual que pratica, a apresentação da petição inicial, se concorda que seja agendada 
uma audiência de tentativa de conciliação para que as partes possam dialogar sobre um acordo 
que coloque fim à demanda. É sempre positivo concordar com a tentativa de conciliação 
porque ela será realizada em juízo, ou seja, por um representante do poder judiciário e isso 
significa que não se trata de perda de tempo, mas de excelente oportunidade para colocar 
fim rapidamente ao conflito.
Recebida a petição inicial, o Poder Judiciário determinará que a parte contrária seja citada para 
apresentar sua defesa. Em conformidade com o disposto no artigo 238 do Código de Processo Civil, 
citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação 
processual. Integrar a relação processual tem um objetivo: apresentar os fatos e as provas necessárias 
para comprová-los no sentido de demonstrar que o pedido formulado na inicial não está correto ou, 
pelo menos, não está inteiramente correto.
Citação
Receber uma citação significa que começa a correr um prazo processual para que medidas 
sejam adotadas. Por isso, ao receber uma citação é preciso informar imediatamente o setor 
31
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
jurídico da empresa ou o advogado prestador de serviços da empresa para que sejam adotadas 
providências legais necessárias.
Prazos processuais são fixados em lei e não podem ser prorrogados nem por decisão do magistrado. 
São inflexíveis. É preciso ter muito cuidado para não perder o prazo processual porque isso pode significar 
a perda do processo judicial, ou seja, tudo o que foi alegado contra a parte será considerado verdadeiro 
pelo simples fato de que ela não apresentou sua resposta no tempo correto fixado pela lei.
Para identificar uma citação judicial, observe primeiro os símbolos visuais do documento. Se for o 
brasão da República, é possível que seja citação judicial de um processo que está tramitando na Justiça 
Federal ou na Justiça do Trabalho.
Figura 4 – Brasão de Armas do Brasil
Se o documento tiver o brasão de um Tribunal de Justiça de Estado da federação brasileira, é 
porque o processo judicial está em tramitação numa vara cível ou criminal do estado em que as 
partes têm domicílio.
Figura 5
32
Unidade I
A palavra citaçãosempre estará em destaque, normalmente em letras maiúsculas e em negrito. 
Com isso você já terá condições objetivas de compreender que precisa levar esse fato imediatamente 
ao conhecimento de seus superiores ou dos advogados, caso sua função administrativa na empresa lhe 
permita fazer contato diretamente com o setor jurídico. Nunca adie essa informação, não deixe para 
informar no dia seguinte ou em outro momento qualquer. Essa é uma informação prioritária que a 
empresa precisa ter o mais cedo possível para poder adotar as medidas cabíveis e pertinentes. 
É bastante comum que as empresas percam o prazo para contestar uma ação judicial que era injusta, 
que não tinha provas documentais ou técnicas adequadas, que seria facilmente revertida em juízo 
com bons resultados para a empresa, apenas porque o empregado que recebeu a citação não levou 
ao conhecimento dos responsáveis no prazo certo. Um esquecimento dessa natureza pode levar a 
empresa a perder valores muito significativos e, não raro, pode significar a falência da empresa. Isso 
ocorre diariamente por falta de diligência de quem recebe a citação ou por falta de conhecimento 
sobre como agir.
Fique atento, decisões judiciais não podem esperar, devem ser imediatamente cumpridos. Se o juiz 
determinou a sua citação ou a da empresa para a qual você trabalha, aja imediatamente! Ao receber 
a citação procure um advogado no mesmo dia, se for para você como pessoa natural; ou contate 
seus superiores ou o departamento jurídico da empresa, caso você receba a citação na condição de 
representante legal da empresa. Nunca deixe para outro dia porque no judiciário brasileiro o prazo 
perdido não volta.
Outro documento importante que pode ser enviado pela justiça durante um processo judicial 
é a intimação.
Leia a seguir publicação do site do Conselho Nacional de Justiça a respeito das intimações.
Intimação: quando é obrigatório comparecer?
Uma intimação é uma ordem de qualquer autoridade militar, civil ou judicial que obriga 
a pessoa a fazer, ou deixar de fazer, algo com base na Lei.
Quem recebe uma intimação é obrigado a comparecer na data e horário estipulados 
no documento.
O descumprimento dos termos estabelecidos em uma notificação pode trazer 
consequências sérias. 
O não comparecimento pode acarretar em uma condução coercitiva (levada à força a 
comparecer), a depender do motivo da intimação.
A pessoa que não cumprir uma intimação pode, inclusive, responder por crime de 
desobediência à ordem judicial. Com isso, ela responderá a um processo criminal.
As consequências estarão descritas no documento de intimação. 
33
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
Aliás, existem alguns tipos de intimação:
• Intimação por correspondência: carta registrada com obrigatoriedade de assinatura 
do Aviso de Recebimento.
• Intimação eletrônica: como o próprio nome diz, é feita pelos meios eletrônicos. 
Recentemente o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reconheceu intimações feitas 
pelo WhatsApp.
• Intimação judicial: a ordem parte de um juiz.
• Intimação por carta precatória: forma de comunicação de um juiz para outro juiz, 
solicitando que ele intime e ouça uma pessoa que mora em outra jurisdição.
• Intimação de despacho: aviso de um juiz para que as partes de um processo tomem 
ciência de uma decisão tomada por ele.
• Intimação por publicação: os advogados têm obrigação de acompanhar todas as 
publicações em seu nome. Sendo assim, os juízes determinam a publicação de suas 
decisões em Diário Oficial.
A intimação é entregue por meio dos oficiais de justiça. Há uma crença de que, se a 
pessoa não aceitar receber o documento de intimação, ou não assinar o recibo de ciência, 
ela não poderia sofre qualquer penalidade.
Todavia, os oficiais de justiça têm “fé pública”. Portanto, basta a palavra dele de que 
o documento foi entregue, ou de que a pessoa está ciente da intimação, para o ato ser 
considerado válido 
Fonte: Brasil (2018a).
Leia atentamente as informações do Conselho Nacional de Justiça porque elas são realmente 
importantes. Muitas vezes movidos pela emoção negativa de sabermos que alguém nos colocou como 
testemunha em uma ação judicial, ou em saber que estamos sendo intimados para depor na justiça penal 
sobre um fato ocorrido na empresa ou na vizinhança, ou qualquer outra situação que nos desagrada, 
reagimos de forma intempestiva decidindo não acatar a intimação e deixar de lado. Isso é um erro! Um 
grande erro que pode causar consequências bastante desagradáveis.
Intimado para depor como testemunha em um conflito judicial entre dois amigos, uma pessoa 
resolveu não ir e considerou até indelicado que um dos amigos tivesse arrolado seu nome como 
testemunha porque sabia que ele não desejava se envolver naquele problema, afinal, era amigo de 
ambos e estava até constrangido com o problema que eles estavam enfrentando. Assim, ignorou a 
intimação e não compareceu. Na data em que deveria ter comparecido nada ocorreu, porém, algumas 
semanas depois ele foi acordado logo cedinho pela política militar que o conduziu coercitivamente para 
o fórum da cidade onde ele permaneceu detido até o horário da audiência, quando então foi levado 
para depor como testemunha por meio de condução coercitiva em razão do fato de que ele havia sido 
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Unidade I
intimado, porém se recusara a comparecer. Um verdadeiro vexame ter que ser conduzido em carro de 
polícia para cumprir uma obrigação legal! 
E fique atento, porque as intimações judiciais poderão ocorrer por meio pessoal quando são entregues 
pelo oficial de justiça; por meio de correspondência, quando chegam pelo serviço de correios; ou, ainda 
por meio eletrônico. 
 Saiba mais
O Conselho Nacional de Justiça é uma instituição pública que visa 
aperfeiçoar o trabalho do sistema Judiciário brasileiro, principalmente no 
que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual. 
No site do Conselho você encontrará importantes informações e orientações 
sobre o funcionamento da Justiça brasileira.
www.cnj.jus.br
Contestação
Depois que a ação judicial tem início e a parte contrária é citada para responder aos termos 
da ação, ela deverá apresentar sua contestação. Em que consiste esse documento? Na também 
chamada resposta do réu, momento em que o requerido, reclamante ou réu deverá apresentar suas 
razões de fato e de direito para o conflito apresentado na petição inicial. 
Na defesa, a parte deverá manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes na 
petição inicial e serão presumidas como verdadeiras aquelas que não forem impugnadas, salvo algumas 
poucas exceções como, por exemplo, quando a petição inicial não estiver acompanhada de documento 
que a lei considere fundamental como acontece, por exemplo, nas cobranças de título de crédito.
A realidade é que a petição inicial deve ser contestada ponto a ponto com a apresentação dos 
argumentos de fato e de direito. Os argumentos de fato deverão ser provados por isso, não será 
benéfico negar que tenham ocorrido ou narrar de outra forma se não for possível provar que aquilo 
aconteceu. É bastante comum que as pessoas queiram mudar os fatos para se beneficiar com a versão, 
mas, posteriormente, perante o magistrado sejam fortemente admoestadas por terem apresentado uma 
versão que não pode ser comprovada. É preciso priorizar as provas que serão apresentadas porque nas 
ações judiciais, só se deve alegar aquilo que pode ser provado.
Produção de provas
Que provas podem ser utilizadas em uma ação judicial?
35
DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES
As mais comuns são:
• Prova documental: todos os documentos válidos para comprovação dos fatos. Documentos 
servem de prova quando são idôneos, verdadeiros, válidos. Se houver dúvida sobre a origem e a 
veracidade deles, não servirão para provar fatos.
• Prova testemunhal: pessoas que podem narrar como os fatos aconteceram. Testemunhas prestam 
depoimento sobre fatos e não emitem opiniões.
• Prova pericial: prova produzida por peritos ou técnicos que elaboram laudos. Tem a

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