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Enem e Vestibulares - Completo-1255-1257


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Ciências Humanas e suas Tecnologias
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ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Não apenas as técnicas de produção foram in-
tegradas com a cidade, mas também valores foram 
modificados, como a substituição do casamento ar-
ranjado pela liberdade de escolha, a substituição da 
coletividade pela individualidade ou ainda a relativa 
diminuição da interferência da religiosidade nas rela-
ções de produção e negócios.
Outras conclusões errôneas acabam sendo de-
senvolvidas como definir que o campo aparece 
como sendo mais atrasado que a cidade. Ricardo 
Abramovay, sociólogo rural, apresenta isto como 
sendo “um vício de raciocínio na maneira como se 
definem as áreas rurais no Brasil, que contribui deci-
sivamente para que sejam assimiladas automatica-
mente a atraso, carência de serviços e falta de cida-
dania.” No entanto, sabe-se que na realidade o rural 
é um meio dinâmico e ativo e pode sim apresentar-se 
soberano perante as transformações que o atingem.
Desta forma percebe-se que as paisagens rurais 
modificam-se pela entrada de novas estruturas, assim 
como também se modifica o comportamento dos in-
divíduos em relação a sua produção e seu gênero 
de vida. Com isso se alteram suas relações sociais e 
de produção, e por extensão alteram-se as relações 
entre as categorias campo-cidade. Em verdade, o 
espaço geográfico se altera e se diferencia revelan-
do-se como modificado, por ter assumido novas re-
lações.
Assim, entende-se ser fundamental que o meio 
rural seja compreendido a partir de suas relações 
com as cidades, sejam elas grandes centros como 
as regiões metropolitanas ou pequenos centros em 
torno dos quais se organiza a vida local. Isto porque 
é crucial o papel destes centros na dinamização das 
áreas rurais com as quais interage em constantes tro-
cas de produção e de experiências. 
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Considerando as interações entre os seres vivos, podemos dividir a biosfera em do-mínios naturais, que são classificados de 
maneira hierárquica.
Na base desses domínios naturais, estão as comu-
nidades ecológicas, nas quais diferentes espécies de 
seres vivos, reunidos em determinada área, estabe-
lecem entre si uma teia completa de interações. As-
sim, o que é resíduo para uma espécie, por exemplo, 
pode servir de alimento para outra.
Os ecossistemas reúnem diferentes comunidades 
ecológicas, tais como as existentes em lagos, encos-
tas de montanha, florestas etc.
Os biomas, por sua vez, são formados por um 
conjunto de ecossistemas associados e abrangem 
grandes extensões.
Entre os principais biomas terrestres, destacam-
-se a floresta tropical úmida ou pluvial, a savana, o 
deserto, a vegetação mediterrânea, as pradarias, a 
estepe, a floresta temperada, a taiga e a tundra.
A FLORESTA TROPICAL
Se você sobrevoar uma região extensa de floresta 
tropical, certamente vai se sentir navegando sobre 
um mar verde. Isso porque as copas das árvores 
encobrem totalmente o solo. Por outro lado, se você 
olhar para cima, caminhando sobre o chão da 
floresta, dificilmente verá o céu, encoberto por uma 
densa camada de folhas.
As florestas tropicais são caracterizadas pela 
grande presença de árvores altas e densamente 
agrupadas. O fato de serem perenifólias, isto é de 
apresentarem folhas perenes, que não caem em ne-
nhuma das estações do ano, dá à floresta tropical 
um aspecto compacto, quando vistas do alto.
Apesar de as florestas tropicais ocuparem apenas 
uma décima parte da superfície dos continentes, 
elas abrigam 60% das espécies vegetais e animais 
conhecidas no mundo.
Em uma floresta equatorial ou tropical, as varia-
ções de temperatura são relativamente pequenas 
ao longo do ano. As temperaturas oscilam entre 25ºC 
e 30ºC, tanto de dia quanto à noite. Além disso, ocor-
re um volume de chuvas elevado, com índices plu-
viométricos de pelo menos 2.000 milímetros anuais. 
Por isso ela é classificada também como floresta tro-
pical pluvial.
Outra característica importante desse bioma é 
sua organização em estratos de vegetação, que 
comporta desde plantas rasteiras e arbustos até ár-
vores de grande porte.
O primeiro estrato arbóreo atinge entre 1 metro e 
20 metros acima do solo. Nele, a u A maior parte das 
espécies da árvore da floresta tropical possui entre 
30 e 40 metros de altura, formando o chamado es-
trato arbóreo superior. As copas dessas árvores estão 
em contato com as outras, formando uma imensa 
camada de folhas sempre verdes, pois recebem luz 
diretamente durante o ano todo.
Acima do estrato arbóreo superior, ainda podem 
ser observadas algumas árvores isoladas, que che-
gam a ultrapassar os 60 metros de altura.
Um dos fatores que contribuem para a riqueza 
das florestas tropicais é a presença de grandes ba-
cias hidrográficas. Situadas em regiões extremamen-
te úmidas e que recebem uma quantidade muito 
grande de chuvas ao longo de todo o ano, as flores-
tas tropicais são atravessadas por alguns dos maiores 
rios do mundo, umidade é muito elevada e a mata é 
escura e fechada.
O rio Amazonas atravessa praticamente toda a 
floresta equatorial brasileira (a Floresta Amazônica) e 
recebe água de diversos grandes afluentes que cor-
tam parte da mesma floresta nos países vizinhos.
A Floresta do Congo, a maior do continente afri-
cano, é cortada pelo rio Congo, o segundo em vo-
lume de água do mundo, enquanto as florestas tro-
picais do Sudeste Asiático recebem as águas do rio 
Mekong e seus afluentes.
Milhares de espécies de peixes e outros organismos 
vivem ou dependem de recursos trazidos pelos rios 
presentes nas florestas tropicais.
Apesar de toda essa riqueza e diversidade, essas 
florestas se sustentam em solos arenosos, que apre-
sentam deficiência de nutrientes. Como tanta maté-
ria viva vegetal é sustentada nas florestas tropicais? 
A resposta está logo acima de seu solo: as camadas 
de folhas da própria floresta e da fauna local contêm 
seus nutrientes.
• OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O 
AMBIENTE – RELAÇÃO HOMEM NATUREZA, A APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS
 NATURAIS PELAS SOCIEDADES AO LONGO DO TEMPO. 
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Por meio de um processo chamado ciclagem de 
nutrientes, a matéria orgânica da floresta e da fauna 
que ela abriga - folhas, frutos, carcaças de animais 
etc. - é triturada e decomposta, gerando os nutrien-
tes fundamentais para o crescimento e o sustento 
das plantas. Os principais responsáveis pela ciclagem 
de nutrientes são as formigas e os cupins, que trituram 
e misturam a matéria orgânica, e os fungos e bacté-
rias, que decompõem a matéria em substâncias quí-
micas utilizadas pelas plantas em sua nutrição.
Quando ocorre desmatamento, a quantidade 
de matéria orgânica da qual provêm os nutrientes 
diminui de forma drástica. Além disso, a água das 
chuvas passa a atingir o solo desprotegido, causan-
do a lixiviação, ou seja, a dissolução e o transporte 
dos poucos nutrientes que restaram. Assim, o desma-
tamento interrompe a ciclagem dos nutrientes e im-
pede a recomposição da floresta.
As florestas tropicais estão entre os ambientes 
mais ameaçados pelos impactos provocados pelos 
seres humanos. Grandes áreas delas já foram destruí-
das em todo o mundo, acarretando impactos em di-
versas escalas.
Para o conjunto da humanidade, a degradação 
das florestas tropicais implica a perda da diversida-
de biológica e mudanças climáticas globais. Para 
as comunidades tradicionais desses lugares, que se 
dedicam à coleta dos produtos florestais, o desmata-
mento é uma ameaça à própria sobrevivência.
AS SAVANAS
As savanas são uma formação vegetal na qual 
convivem plantas rasteiras, como diversos tipos de 
capins e árvores e arbustos de galhos retorcidos e 
folhas pequenas. Elas ocorrem em áreas de transição 
entre regiões de clima úmido e de clima marcado 
pela alternância de estações secas e chuvosas. 
Cobrindo mais de 10% da superfície dos continentes, 
dominam partesda América do Sul, da África, da 
Índia e da Austrália. 
Nas savanas, predominam espécies vegetais do-
tadas de raízes profundas, cascas grossas e folhas ás-
peras. É o caso da mangabeira, no Brasil.
As duas maiores regiões de savana do mundo 
estão localizadas na África e no Brasil. No Brasil, a sa-
vana é conhecida como cerrado, e ocorre principal-
mente na porção central do país.
Apesar de comporem um mesmo bioma, a 
savana africana e o cerrado brasileiro apresentam 
diferenças importantes. No cerrado, o número de 
espécies vegetais é maior que o da savana africana, 
mas esta abriga mamíferos de grande porte, como 
elefantes, leões, girafas e zebras, ausentes no Brasil 
em geral.
A variedade de animais de grande porte tam-
bém pode ser observada em outras áreas de savana 
do mundo. Por exemplo, na savana da Índia, tam-
bém existem elefantes; na da Austrália, há os aves-
truzes e os emus. Com certa frequência, o período de 
seca provoca a migração massiva desses herbívoros 
para áreas mais úmidas.
OS DESERTOS
Os desertos são biomas extremamente secos. 
Os índices pluviométricos não ultrapassam os 250 
milímetros anuais.
Em muitos casos, os desertos encontram-se em 
zonas de climas quentes e podem alcançar tempe-
raturas acima de 50 °C. A umidade é muito baixa e 
não há formação de nuvens. À noite, a temperatura 
pode chegar a 0 °C. Os desertos quentes apresen-
tam as maiores amplitudes térmicas mundiais.
Os desertos, porém, não existem apenas em re-
giões quentes. Há aqueles localizados em altas latitu-
des, nas quais o frio predomina. É o caso dos desertos 
da Mongólia Interior e de Góbi, na Mongólia, e de 
Taklimakan, na China.
A existência dos desertos está associada a 
diversos fatores, entre eles a presença de áreas de 
alta pressão atmosférica, que originam os ventos 
secos e quentes das altas latitudes em direção 
às regiões próximas dos trópicos de Câncer e de 
Capricórnio.
Alguns desertos ou regiões semiáridas devem a 
sua escassez hídrica às altas montanhas, que impe-
dem a passagem de nuvens úmidas para essas re-
giões.
O papel das correntes marítimas
As correntes marítimas também contribuem bas-
tante para a formação dos climas árido e semiárido.
Correntes marítimas são massas de água em mo-
vimento, que se comportam como rios que correm 
dentro dos oceanos. Seu deslocamento é decorren-
te de diversos fatores, como o movimento de rota-
ção da Terra e as diferenças de densidade da água 
do mar, as quais resultam das diferenças de tempe-
ratura e do grau de salinidade.
As correntes marítimas possuem diferentes tem-
peraturas e podem influenciar muito o clima das re-
giões por onde passam.
As correntes frias de Humboldt (ou do Peru), no 
Oceano Pacífico, e de Benguela, no Atlântico, por 
exemplo, influenciaram diretamente na formação 
dos desertos de Atacama, no Chile, e da Namíbia 
e do Kalahari, na África, respectivamente. Como 
ocorre intensa evaporação e precipitação nos 
pontos de ressurgência do oceano, as massas de ar 
chegam secas quando atingem os continentes.
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	CIÊNCIAS HUMANAS e suas Técnologias
	OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O AMBIENTE
	Relação homem-natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades ao longo do
tempo.

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