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Partidos de oposição e controle dos governos

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Partidos de oposição e controle dos governos
A existência de partidos de oposição já se mostrou necessária em diversos momentos
da história da política brasileira, exercendo papel fundamental na balança democrática do
país, uma vez que o confronto de ideias mostra-se como essencial na construção de um
Estado mais diverso e potencialmente representativo. Alia-se a esse aspecto a necessidade da
garantia de voz às minorias, garantia que pode também ser dada pelos partidos de oposição,
pois não haverá uma opinião única e monopolizada direcionando os projetos para o país.
Diante dessa realidade, não se pode negar que ideias contrapostas são uma engrenagem
essencial para que o processo democrático funcione de maneira efetiva, em outras palavras, a
democracia pode não ser funcional caso não haja uma oposição robusta.
No cenário atual, no qual as ações tomadas pelo Governo Federal podem ser recebidas
com euforia ou júbilo por parte da população, faz-se primordial a oposição, uma vez que
representa a força política que não concorda com certas opiniões ou determinações, por
exemplo por parte do Presidente da República. Nesse sentido, faz-se relevante ressaltar uma
notícia veiculada no jornal virtual “Valor Investe”, em sua sessão de Brasil e Política, cuja
manchete é “Partidos de centro e de oposição criticam demissão de Henrique Mandetta do
Ministério da Saúde”, como pode-se observar nas falas de Carlos Sampaio ,líder do PSDB na
Câmara, e de Alessando Molon o líder do PSB na Câmara, que consideraram a saída de
Mandetta, a partir da decisão de Bolsonaro, lamentável e responsável. Tal fato representa a
clara estrutura democrática na qual opiniões contrárias circulam pelo processo de
questionamento de decisões, e demonstra, portanto, que o poder no Brasil não deve ser
centralizado, mas sim deve ser representado a partir de partidos diversos na tentativa de se
promover decisões sociais mais próximas a ideias de justiça, sendo, portanto, diverso,
profícuo e justo.
Ao contexto abordado no parágrafo anterior, relaciona-se a teoria do filósofo britânico
Stuart Mill, que traça alguns pontos relacionados à democracia. O primeiro faz conexão direta
com a primordialidade dos partidos de oposição, uma vez que o autor considera que a
participação política deve ser ampla, envolvendo toda a população cidadã, além de mencionar
que um modelo democrático ideal é composto por representatividade, sendo assim deve
abranger toda a sociedade com a organização de partidos que possuam pensamentos diversos,
ou seja, partidos que façam oposição forte e realizem um confronto de ideias, tanto entre si,
como com o poder vigente. Ademais, é possível observar ainda que Mill apresenta uma
solução institucional para evitar o abuso de poder, baseado na liberdade de imprensa e a
participação de diversas partes da sociedade em partidos, e, portanto, defendendo que não
haja um controle monopolista dos governos, ou seja, defende um governo plural, no qual a
sociedade, por meio de partidos, controle o governo, objetivando evitar tiranias e o abuso do
poder.
Além disso, vale ressaltar que a crítica popular não é a única que atua no contexto
brasileiro, uma vez que algumas Medidas do Congresso Nacional são aplicadas com o
objetivo de limitar a tirania bolsonarista. Considerando o contexto atual, entre março e maio
de 2020, observa-se uma intensa disputa de poder entre Bolsonaro e o Congresso, além de
fortes críticas da oposição a partir desse jogo de poderes. Para exemplificar, é importante
ressaltar que no cenário hodierno, em meio à uma pandemia, o Congresso ameaça vetar
algumas medidas do Presidente, como a minirreforma trabalhista de Guedes. Além disso,
enfatizando os últimos acontecimentos, com a saída de Teich do Ministério da Saúde e,
portanto, do Governo Bolsonaro, observa-se uma forte resposta da oposição ao Governo,
como na seguinte fala do deputado Bohn Gass (PT-RS): “Faz parte da tática do presidente
pra não atacar e não coordenar o movimento de controle da pandemia. Ele quer, de fato, que
as pessoas morram no Brasil.” , como também faz-se relevante ressaltar a posição da líder da
bancada do Psol, Fernanda Melchiona, que afirma que a exoneração de Teich, logo depois da
saída de Mandetta, é grave, além de pontuar como positiva a queda de Bolsonaro. Tais
discursos, claramente de partidos de oposição ao Presidente, revelam novamente a
essencialidade de ideias contrárias ao poder vigente.
Diante dos argumentos e pontos apresentados, infere-se que a existência de partidos de
oposição é importante e essencial para as instâncias políticas da sociedade, uma vez que
buscar garantir a pluralidade ideológica, além de promover a maximização da participação de
minorias e o contraponto, questionamento e fiscalização de projetos e decisões. Assim, por
consequência da existência da oposição, o controle dos governos tende a não ser tirano,
sendo, portanto, um governo democrático e plural.

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