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Ciclo do ácido cítrico Apresentação O ciclo do ácido cítrico é o centro bioquímico da célula. A glicólise produz apenas dois ATPs, gerando piruvato como produto. O piruvato ainda possui muita energia que poderia ser extraída e contribuir com a formação de mais ATPs. Por isso, essa molécula é transportada para o interior da mitocôndria, onde o processo de extração de energia continuará pelo ciclo do ácido cítrico, também conhecido como ciclo de Krebs. Esse ciclo, apesar de importante, gera apenas duas moléculas de ATP por molécula de glicose oxidada. Até esse momento, apenas quatro ATPs foram produzidos. Você provavelmente está se perguntando: "mas a glicose não gera de 30 a 32 ATPs? Onde está o restante?" Pois bem, o ciclo do ácido cítrico gera uma grande quantidade de compostos redutores, capazes de reduzir as coenzimas NAD+ e o FAD. Essas coenzimas transportam os elétrons liberados no ciclo do ácido cítrico para a cadeia transportadora de elétrons, gerando um gradiente de prótons através da membrana mitocondrial, que será utilizado como combustível para a fosforilação do ADP, pela ATP sintase. Infográfico O ciclo do ácido cítrico (também conhecido como ciclo de Krebs ou ciclo do ácido tricarboxílico) é uma rota central do metabolismo celular. Esse ciclo é responsável pela integração de muitas rotas catabólicas a rotas anabólicas. Isso ocorre porque, quando as demandas energéticas da célula estão elevadas, as enzimas do ciclo do ácido cítrico oxidam substratos ricos em energia até CO2 e H2O, com a finalidade de gerar equivalentes redutores (NADH e FADH2) para a produção de ATP. Contudo, quando as demandas da célula por esqueletos carbônicos para síntese de compostos orgânicos estão elevadas, o ciclo do ácido cítrico contribui para a reposição e/ou fornecimento de substratos (precursores) catabólicos por meio do desvio de intermediários do ciclo para rotas biossintéticas. Confira no infográfico a seguir como o ciclo do ácido cítrico contribui para a integração dessas rotas metabólicas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conteúdo do livro O oxigênio inspirado quando enchemos nossos pulmões de ar é transportado pela hemoglobina até os tecidos, onde ele será entregue para ser utilizado pelas células. A falta de oxigênio para os tecidos pode causar prejuízos de grandes proporções, podendo levá-los à morte. Por exemplo, quando uma placa de ateroma obstrui uma coronária, o coração pode sofrer um infarto. O processo de morte se deve, em grande parte, à falta de oxigênio nas células. Com o suprimento sanguíneo comprometido, o oxigênio não pode chegar às células, comprometendo o ciclo do ácido cítrico. Com isso, o transporte de elétrons para a cadeia transportadora é prejudicado, obrigando a célula a realizar somente a glicólise anaeróbia para produzir ATP. Como sabemos, a glicólise produz apenas dois ATPs. A célula tentará contornar essa deficiência de ATP oxidando até 16 vezes mais glicose para produzir a mesma quantidade de ATP produzida quando o ciclo do ácido cítrico estava funcionando corretamente. Vale lembrar que a glicólise consome o NAD+ citosólico, elevando as concentrações de NADH. Sem NAD+, a glicólise não pode prosseguir. Sendo assim, para renovar o NAD+, o piruvato é reduzido a ácido lático. Se a produção de ácido lático for muito alta, pode comprometer o funcionamento celular por acidificar o citosol. Além disso, pelo fato da glicólise produzir menos ATP, os processos que demandam grande quantidade de energia são prejudicados. É o caso, por exemplo, da bomba de sódio/potássio. Sem ATP, o sódio começa a se acumular dentro da célula. Como o sódio é um soluto osmoticamente ativo, a água também entra na célula deixando-a inchada. Esse processo é conhecido como tumefação celular e antecede o infarto. Portanto, para as células funcionarem corretamente, é importante que o oxigênio inspirado pelos pulmões consiga chegar à mitocôndria de todas as células, e que o ciclo do ácido cítrico funcione corretamente. Realizando a leitura do capítulo Ciclo do Ácido Cítrico, da obra Bioquímica Geral, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a reconhecer as enzimas reguladoras do ciclo do ácido cítrico, identificará a importância do ciclo do ácido cítrico no metabolismo e entenderá como o ciclo do ácido cítrico é regulado. UÍMICA GERAL Raphael de Souza Vasconcellos Ciclo do ácido cítrico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer as enzimas e os intermediários do ciclo do ácido cítrico. · Identificar a importância do ciclo do ácido cítrico no metabolismo. · Descrever a regulação do ciclo do ácido cítrico. Introdução Ao encher os pulmões de ar, o oxigênio inspirado é transportado pela hemoglobina até os tecidos, onde será entregue para ser utilizado pelas células. A falta de oxigênio para os tecidos pode causar prejuízos de grandes proporções e levar o tecido à morte. Por exemplo, quando uma placa de ateroma obstrui uma coronária, o coração pode sofrer um infarto. O processo de morte se deve, em grande parte, à falta de oxigênio nas células. Com o suprimento sanguíneo comprometido, o oxigênio não pode chegar às células, comprometendo a respiração celular. Sem oxigênio, o transporte de elétrons para a cadeia transportadora e o ciclo do ácido cítrico são prejudicados, obrigando a célula a realizar somente a glicólise anaeróbia para produzir ATP. Como você sabe, a glicólise produz apenas dois ATPs. A célula tentará contornar essa deficiência de ATP oxidando até 16 vezes mais glicose para produzir a mesma quantidade de ATP produzida quando o ciclo do ácido cítrico estava funcionando corretamente. A glicólise consome o NAD+ citosólico, elevando as concentrações de NADH; sem NAD+, a glicólise não pode prosseguir. Sendo assim, para renovar o NAD+, o piruvato é reduzido a ácido lático. Se a produção de ácido lático for muito alta, isso pode comprometer o funcionamento celular por acidificar o citosol. Além disso, pelo fato de a glicólise produzir menos ATP, os processos que demandam grande quantidade de energia são prejudicados. É o caso, por exemplo, da bomba de sódio/potássio. Sem ATP, o sódio começa a acumular-se dentro da célula. Como o só- dio é um soluto osmoticamente ativo, a água também entra na célula, ( 2 )Ciclo do ácido cítrico deixando-a inchada. Esse processo é conhecido como tumefação celular e antecede o infarto. Portanto, para as células funcionarem corretamente, é importante que o oxigênio inspirado pelos pulmões consiga chegar à mitocôndria de todas as células e que o ciclo do ácido cítrico e a cadeia transportadora de elétrons funcionem corretamente. Neste texto, você aprenderá a reconhecer as enzimas e os intermedi- ários do ciclo do ácido cítrico, identificará a importância do ciclo do ácido cítrico no metabolismo e aprenderá sobre como o ciclo do ácido cítrico é regulado. Enzimas e os intermediários do ciclo do ácido cítrico Hans Adolf Krebs foi um judeu de origem alemã que foi forçado a deixar sua terra natal enquanto os nazistas subiam ao poder. Ele se refugiou na Inglaterra e lá fez grandes descobertas. Em março de 1937, enquanto estudavam um macerado de músculo fresco do peito de pombos, Krebs e seus colaboradores perceberam que a taxa metabólica reduzia cerca de 30 minutos após o preparo da amostra. Porém, quando se adicionava um sal de ácido cítrico, o tempo de vida do tecido era triplicado. Outros experimentos revelaram a natureza cíclica da via, que regenera o oxaloacetato e libera ATP em cada ciclo. Na época, Krebs apresentou suas descobertas à Nature, uma das maiores revistas científicas do mundo, que rejeitou seu trabalho. Krebs acabou publicando seu artigo em uma revista de enzimologia e, em 1953, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia. O ciclo do ácido cítrico é uma das etapas do que é conhecido como res- piração celular. Na primeira etapa, moléculas de combustíveis orgânicas (carboidratos,ácidos graxos e aminoácidos) são oxidadas para produzir um intermediário de dois átomos de carbono (acetil-coenzima A ou acetil-CoA). Na segunda etapa, o acetil-CoA entra no ciclo do ácido cítrico, e várias en- zimas participam das reações de oxidação produzindo CO2 e ATP. Este CO2 produzido é o mesmo CO2 que você elimina durante a respiração! Ainda na segunda etapa, elétrons liberados durante as reações de oxidação são transferidos para transportadores de elétrons (NADH e FADH2). Na terceira e última etapa da respiração celular, o NADH e FADH2 doam seus elétrons para a cadeia transportadora presente na membrana interna da mitocôndria, que cria um gradiente de prótons através da membrana interna. Esses prótons serão utilizados para fazer a ATP-sintase funcionar, fosforilando o ADP e assim regenerando o ATP (Figura 1). ( Ciclo do ácido cítrico 3 ) ( Figura 1. Catabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos durante os três estágios da respiração celular. Estágio 1: a oxidação de ácidos graxos, glicose e alguns aminoácidos gera acetil-CoA. Estágio 2: a oxidação dos grupos acetil no ciclo do ácido cítrico inclui quatro etapas, nas quais os elétrons são removidos. Estágio 3: os elétrons carreados por NADH e FADH 2 convergem para uma cadeia de transportadores de elétrons mitocondrial (ou, em bactérias, ligados à membrana plasmática) – a cadeia respiratória – reduzindo, no final, O 2 a H 2 O. Esse fluxo de elétrons impele a produção de ATP. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( 4 )Ciclo do ácido cítrico O acetil-CoA pode ser produzido a partir de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos. No caso dos carboidratos, o produto final da glicólise é o piru- vato. O piruvato produzido precisa entrar na mitocôndria e ser transformado em acetil-CoA. Para essa transformação acontecer é essencial a participação de um complexo formado por três enzimas – piruvato-desidrogenase (E1), Di-hidrolipoil-transacetilase (E2) e Di-hidrolipoil-desidrogenase (E3) – e cinco coenzimas – pirofosfato de tiamina (TPP, derivado da vitamina B1), dinucleotídeo de flavina-adenina (FAD), coenzima A (CoA), dinucleotídeo de nicotinamida-adenina (NAD) e lipoato – conhecido como complexo piruvato- -desidrogenase (PDH). O complexo da PDH realiza uma descarboxilação oxidativa do piruvato, liberando como produto final o aceti-CoA (Figura 2). ( Figura 2. Descarboxilação oxidativa do piruvato a acetil-CoA pelo complexo da PDH. Na etapa 1, o piruvato reage com o pirofosfato de tiamina (TPP) ligado à piruvato-desidrogenase (E1), sendo descarboxilado ao derivado hidroxietil. A piruvato-desidrogenase também processa a etapa 2, a transferência de dois elétrons e do grupo acetil a partir do TPP para a forma oxidada do grupo lipoil-lisina do centro do complexo, di-hidrolipoil-transacetilase (E2), formando o acetil-tioéster do grupo lipoil reduzido. A etapa 3 é uma transesterificação na qual o grupo ¬SH da CoA substitui o grupo ¬SH de E2, produzindo acetil-CoA e a forma completamente reduzida (ditiol) do grupo lipoil. Na etapa 4, a di-hidrolipoil-desidrogenase (E3) promove a transferência de dois átomos de hidrogênio dos grupos lipoil reduzidos de E2 ao grupo prostético FAD de E3, restaurando a forma oxidada do grupo lipoil-lisina de E2. Na etapa 5, o FADH reduzido de E3 transfere um íon hidreto ao NAD , formando NADH. O + 2 complexo enzimático está agora pronto para outro ciclo catalítico. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( Ciclo do ácido cítrico 5 ) ( 2 )O ciclo do ácido cítrico começa com a condensação do acetil-CoA (com dois átomos de carbono) com oxaloacetato (com quatro átomos de carbono), dando origem ao citrato (com seis átomos de carbono). O citrato é isomeri- zado a isocitrato pela aconitase. O isocitrato então sofre uma oxidação pela isocitrato desidrogenase, produzindo -cetoglutarato, com a redução de NAD+ e a liberação de CO . A α-cetoglutarato desidrogenase transforma o -cetoglutarato em succinil-CoA. Essa etapa é muito semelhante à reação catalisada pelo complexo da PDH. A ligação tioéster presente entre o suc- cinil e o enxofre da coenzima A é muito rica em energia. Assim, quando o succinil-CoA é transformado em succinato pela succinil-CoA sintetase, parte da energia da ligação tioéster é aproveitada para fosforilar um nucleotídeo difosfato (NDP), produzindo um nucleotídeo trifosfato (NTP), que pode ser ATP ou GTP (Figura 3). Na sequência, o succinato é oxidado a fumarato pela succinato desidroge- nase, que tem como grupo prostético o FAD, que é reduzido a FADH2. Essa é a única enzima do ciclo do ácido cítrico que é integrante da membrana interna da mitocôndria. Todas as demais enzimas são solúveis na matriz mitocondrial. A fumarase hidrata o fumarato originando o malato, que será oxidado a oxaloacetato pela malato desidrogenase, fechando o ciclo. Até aqui podemos observar que o ciclo do ácido cítrico produz apenas duas ATPs por molécula de glicose. Se somados aos ATPs produzidos na glicólise, temos apenas quatro ATPs. Onde estão os outros 28 ATPs? Na Figura 2 vimos que foram produzidos NADH e FADH2. Esses transportadores de elétrons serão importantes no funcionamento da cadeia transportadora de elétrons e na fosforilação oxidativa. Além disso, a glicólise gerou duas moléculas de NADH, que também contribuirão para a síntese de ATP pela mitocôndria. Observe a Tabela 1 e veja o saldo energético. ( 6 )Ciclo do ácido cítrico ( Figura 3. Reações do ciclo do ácido cítrico. Os átomos de carbono sombreados cinza escuro são aqueles derivados do acetato da acetil-CoA durante a primeira rodada do ciclo; estes não são os carbonos liberados na forma de CO 2 durante a primeira rodada. Observe que, no succinato e no fumarato, o grupo de dois carbonos derivado do acetato não pode mais ser especificamente indicado; como succinato e fumarato são moléculas simétricas, C-1 e C-2 são indistinguíveis de C-4 e C-3. As setas finas mostram onde a energia é conservada pela transferência de elétrons ao FAD ou NAD + , formando FADH ou NADH + H. As etapas 2 1, 3 e 4 são essencialmente irreversíveis na célula; todas as outras etapas são reversíveis. O nucleosídeo trifosfatado produzido na etapa 5 pode ser tanto ATP quanto GTP, dependendo da isoenzima de succinil-CoA-sintetase que está catalisando a reação. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( Ciclo do ácido cítrico 7 ) ( Tabela 1. Estequiometria da redução de coenzimas e formação de ATP na oxidação ae- róbia da glicose, reação do complexo PDH, ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( Por que o ciclo do ácido cítrico produz ATP ou GTP? A conversão do succinil-CoA em succinato é catalisada pela succinil-CoA sintetase . Existem várias isoenzimas da succinil-CoA sintetase. Elas são expressas diferencialmente em vários organismos e têm preferências quanto à fosforilação do ADP ou do GDP. A succinil-CoA sintetase de plantas origina ATP. Já em bactérias, dependendo da espécie, pode gerar ATP ou GTP. Nos mamíferos, as duas isoenzimas são expressas e suas quantida- des variam de acordo com o tipo de tecido. O GTP formado pode ser utilizado na síntesede fosfoenolpiruvato ou tansferir seu grupo fosfato para um ADP, regenerando o ATP. ) ( 8 )Ciclo do ácido cítrico A importância do ciclo do ácido cítrico no metabolismo O ciclo do ácido cítrico, além de ser importante nas reações de oxidação para produção de ATP, também é importante nas reações de biossíntese. Por isso podemos afirmar que o ciclo do ácido cítrico é uma via anfibólica, ou seja, além do papel no catabolismo oxidativo de carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos, fornece precursores para muitas vias anabólicas. Por exem- plo, o -cetoglutarato e o oxaloacetato podem ser desviados para a síntese de aminoácidos. O oxaloacetato pode ser utilizado para a síntese de glicose (gliconeogênese). Já o succinil-CoA pode ser utilizado para a síntese do anel porfirínico do grupo heme da hemoglobina e dos citocromos. A intensa utilização de intermediários do ciclo do ácido cítrico por outras vias biossintéticas poderia prejudicar a síntese de ATP. Por isso é importante que esses intermediários sejam repostos. As vias de reposição são conhecidas como reações anapleróticas. Em circunstâncias normais, existe um equilíbrio entre o consumo e a reposição dos intermediários. Assim, as concentrações dos intermediários podem permanecer constantes. As reações anapleróticas acontecem em vários tecidos do organismo e convertem o piruvato ou o fosfoenolpiruvato em oxaloacetato ou malato (Figura 4 e Quadro 1). ( Quadro 1. Reações anapleróticas. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( Ciclo do ácido cítrico 9 ) ( Figura 4. Papel do ciclo do ácido cítrico no anabolismo. Intermediários do ciclo do ácido cítrico são desviados como precursores de muitas vias biossintéticas. Setas cinza escuro indicam as quatro reações anapleróticas que repõem o oxaloacetato esgotado no ciclo. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) A carboxilação do piruvato pelo CO2 para gerar oxaloacetato é a reação anaplerótica mais importante em mamíferos. Ela acontece no fígado e nos rins e é catalisada pela piruvato-carboxilase. A piruvato-carboxilase é uma enzima regulada pelas concentrações de acetil-CoA (um regulador alostérico positivo). Sempre que o acetil-CoA estiver em excesso, a piruvato-carboxilase será ativada, e mais oxaloacetato será produzido. ( 10 )Ciclo do ácido cítrico ( Sintases sintetases, ligases, liases, cinases, fosfatases e fosforilases: são muitos nomes confusos! Sintases: catalisam reações de condensação sem uso de ATP. Sintetases: catalisam reações de condensação que realmente u sam ATP como fonte de energia. Ligases: são enzimas que catalisam reações de condensação nas quais dois átomos são unidos utilizando a energia do ATP ou de outra fonte. Liases: são enzimas que catalisam clivagens. Cinases: são enzimas que transferem um grupo fosfato de um nucleotídeo, ATP, por exemplo, para outra molécula. Fosforilases: promove o ataque por um fosfato inorgânico a uma ligação química e é ligado no ponto de quebra. Fosfatases: promovem a desfosforilação de uma molécula fosforilada. ) Regulação do ciclo do ácido cítrico A regulação de enzimas nas vias metabólicas por meio de efetores alostéricos é importante, pois assim uma determinada via pode ser ativada ou desativada conforme a necessidade da célula. No ciclo do ácido cítrico não é diferente. Enzimas-chave são reguladas por mecanismos alostéricos e covalentes e evitam o desperdício de uma superprodução de intermediários. Três enzimas são cruciais na regulação do ciclo, a citrato-sintase, a isocitrato desidrogenase e o complexo -cetoglutarato-desidrogenase. Além das enzimas do ciclo do ácido cítrico, existe uma regulação na produção de acetil-CoA a partir do piruvato pelo complexo piruvato-desidrogenase (PDH) (Figura 5). ( Ciclo do ácido cítrico 11 ) ( Figura 5. Regulação do fluxo dos metabólitos a partir do complexo da PDH durante o ciclo do ácido cítrico em mamíferos. O complexo da PDH é alostericamente inibido quando as r a z õ e s [ A T P ] / [ A D P ] , [ N A D H ] / [ N A D + ] e [ a c e t i l - C o A ] / [ C o A ] e s t ã o e l e v a d a s , i n d i c a n d o u m estado metabólico com energia suficiente. Quando estas razões decrescem, o resultado é a ativação alostérica da oxidação do piruvato. A velocidade do fluxo pelo ciclo do ácido cítrico pode ser limitada pela disponibilidade dos substratos de citrato-sintase, oxaloacetato e acetil-CoA, ou de NAD + , ou pela inibição por retroalimentação por succinil-CoA, citrato e ATP. Fonte: Nelson e Cox (2014). ) ( 12 )Ciclo do ácido cítrico O complexo da PDH, por exemplo, é fortemente inibido por ATP, acetil-CoA e NADH. Isso porque, quando essas moléculas estão em altas concentrações, sinalizam um nível energético satisfatório, reduzindo a necessidade de produzir mais acetil-CoA. Resumindo, a enzima é desativada quando existe uma oferta elevada de combustível e ativada quando a oferta é baixa. Além da regulação alostérica do complexo da PDH, a velocidade do fluxo pelo ciclo do ácido cítrico pode ser limitada pela disponibilidade dos substratos de citrato-sintase, oxaloace- tato e acetil-CoA, ou de NAD+, o qual é esgotado pela conversão a NADH, retardando as três etapas de oxidação dependentes de NAD. A inibição por retroalimentação por succinil-CoA, citrato e ATP também diminui a velocidade do ciclo pela inibição de etapas iniciais. No tecido muscular, o Ca2+ estimula a contração e, como mostrado aqui, estimula o metabolismo gerador de energia para repor o ATP consumido durante a contração. Dica do professor No vídeo da Dica do Professor a seguir, você verá as principais características do ciclo do ácido cítrico. Você aprenderá como o ciclo do ácido cítrico produz ATP, NADH e FADH2, e como esses transportadores de elétrons são importantes na produção de ATP. Você também entenderá como a carência de vitamina B1 pode interferir com a produção de acetil-CoA, limitando a produção de ATP pela cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa. Na prática Marcelo é um jovem estudante universitário que está acima do peso. Após consultar sua nutricionista e seguir um programa de atividade física aeróbica, ele conseguiu emagrecer 25 kg, e está apenas 12,5 kg acima do seu peso ideal. Seu desempenho na atividade física melhorou. Agora, ele pode correr por um tempo maior e com uma velocidade mais alta sem sofrer com a falta de ar e as palpitações no coração que tinha antes. Essa melhora foi sentida porque o programa de exercício aumentou a utilização de ATP. Por estar gastando mais ATP, seu organismo é forçado a aumentar a velocidade de oxidação do ciclo do ácido cítrico, produzindo mais NADH e FADH2. Quando o consumo de ATP aumenta, a velocidade da cadeia transportadora de elétrons e do ciclo do ácido cítrico aumentam, fazendo com que mais NADH e FADH2 sejam produzidos. A cadeia transportadora de elétrons é formada por um complexo de proteínas localizadas na membrana mitocondrial interna que usam os elétrons do NADH e do FADH2 para bombear prótons para o espaço intermembrana da mitocôndria. Esses prótons retornam para a matriz mitocondrial através da ATP sintase, que usa a energia do fluxo de prótons para produzir ATP.
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