Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade II ENSINO DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA A prática Profa. Cielo Festino Tópico # 5 A Sala de Aula de Literatura Estrangeira e o Letramento Crítico e Transcultural Objetivos da Aula de Literatura Estrangeira Os objetivos das aulas foram baseados nos princípios do Letramento Crítico e Transcultural e se apoiam nas três seguintes perguntas: a) quais os benefícios de ler de maneira crítica textos literários de outras culturas dentro e fora das fronteiras nacionais? b) de que maneira a leitura de textos literários ajuda a problematizar representações do Ser, do Lugar e do Outro? c) quais os desafios e as dificuldades dessa abordagem do texto literário? Objetivos da Leitura Crítica e Reflexiva Dar subsídios aos alunos para se tornarem leitores culturais críticos. Estabelecer uma relação de igualdade entre autor e leitor. Considerar as motivações do autor para escrever o texto e como o autor se utiliza desse texto para nos levar a enxergar o mundo a partir de uma determinada perspectiva. Objetivos da Leitura Crítica e Reflexiva Compreender que a perspectiva do autor não é a única. Conscientizar os alunos de que eles são agentes ativos da informação nos textos, não reprodutores passivos de ideias. Torná-los cientes de que podem desenvolver perspectivas independentes sobre diferentes tópicos. Levar o aluno a se conscientizar sobre sua própria capacidade de reinventar significados, dando uma interpretação ao texto diferente da do autor. Torná-los cientes da sua capacidade de ‘criar significados’. O Discurso Literário Reconsiderar o status quo da literatura, quando considerada em relação a outros tipos de discurso. Mudar a relação dos alunos com as narrativas literárias e outras formas de discurso. Desconstruir a ideia de que em todo texto literário há um significado escondido, que é de difícil acesso e que só o professor conhece. Se os alunos são parte da cultura, eles não ‘descobrem’ códigos no texto que só o professor conhece, mas eles desenvolvem esses códigos a partir da sua experiência. O Discurso Literário Captar, guiar e estender o processo de criação de significados nos alunos. Relacionar a teoria literária e sua aplicação às narrativas literárias. Desconstruir e problematizar o conceito de ‘gosto literário’, considerando as narrativas que tanto o professor como o aluno trazem para sala de aula. O Modelo de Aula Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997) “Prática Situada”: O professor: Contextualiza o tema, os recursos literários utilizados na sua articulação. Explica e demonstra a sua estratégia de leitura. Cria um contexto apropriado para o aluno se familiarizar com as narrativas. Os alunos participam ativamente, contribuindo com seus conhecimentos sobre o tema e seus questionamentos sobre a matéria apresentada. O Modelo de Aula Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997) “Prática Crítica”: Em grupos, os alunos desenvolvem as estratégias de leitura sobre o tema apresentado pelo professor e criam leituras alternativas. Os alunos tornam-se parte da elaboração do texto, no sentido de que refletem sobre de que maneira a narrativa faz sentido para eles, no seu contexto cultural, e o saturam de novos significados. O Modelo de Aula Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997) Que tipo de pessoa, e com que interesses e valores, escreveu esse texto? Que tipo de pessoa pode ler esse texto sem problemas? De que maneira o texto atua sobre mim? Quem se beneficia com esse processo? Que vozes e interesses estão em jogo? Que vozes e interesses foram silenciados? O Modelo de Aula Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997) “Prática de Transferência”: Os alunos refletem sobre as estratégias de leitura desenvolvidas e as aplicam na reescrita dos textos apresentados no primeiro e no segundo segmentos da aula em relação ao seu próprio contexto cultural. O Modelo de Aula Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997) Garbutcheon Singh (1997), esse é o momento quando a prática pedagógica torna-se um processo de cidadania informada e crítica porque fornece aos alunos novas ferramentas para explorar construções alternativas de cidadania. Interatividade Quais são os quatro objetivos principais do Letramento Crítico e Transcultural para o Ensino de Literaturas Estrangeiras? a) Desenvolver habilidades de leitura crítica. Aproximar-se de outros contextos culturais. Refletir sobre o próprio contexto de enunciação. Promover um conceito de cidadania informada e responsável. b) Ensinar as narrativas literárias canônicas. Ensinar a forma padrão da língua inglesa. Estudar obras literárias da Inglaterra e dos Estados Unidos. Estabelecer uma relação de hierarquia entre a literatura inglesa e outras literaturas de língua inglesa. Tópico # 6 Modelo de Aula: “Articulando as Vozes Silenciadas” “Articulando as Vozes Silenciadas” Textos base: Poemas “I, Too” de Langston Hughes (In Selected Poems of Langston Hughes. New York: Random House, 1990) “I Hear America Singing” de Walt Whitman (Walt Whitman. Leaves of Grass. New York: Vintage Books, 1992) Estratégia de leitura: Narrativas em Contraponto Número de aulas: duas Prática Situacional (foco: inter-relação professor e aluno) Junto com os alunos, faz uma leitura interpretativa e crítica do poema “I Hear America Singing”, de Walt Whitman, focalizando-se nas seguintes perguntas Quais são os “cantores” que podem ser “ouvidos” no poema? Que tipo de “músicas” revela o uso de verso branco? A que momento da construção da nação norte- americana pertence esse poema? I Hear America Singing I hear América singing, the varied carols I hear, Those of mechanics, each one singing his as it should be blithe and strong, The carpenter singing his as he measures his plank or beam, The mason singing his as he makes ready for work, or leaves off work, The boatman singing what belongs to him in his boat, the deckhand singing on the steamboat deck, I Hear America Singing The shoemaker singing as he sits on his bench, the hatter singing as he stands, The wood-cutter’s song, the ploughboy’s on his way in the morning, or at noon intermission or at sundown, The delicious singing of the mother, or of the young wife at work, or of the girl sewing or washing, Each singing what belongs to him or her and to none else, young fellows, robust, friendly, Singing with open mouths their strong melodious song. Prática Crítica (foco nos alunos) Os alunos interpretam o poema de Langston Hughes “I, too”, considerando o tom de desafio e a afirmação da identidade afro-americana e estabelecem uma relação de contraponto com o poema de Whitman: O que significa o “Too” do título do poema? Que vozes são ouvidas com mais força nesse poema? Quem seria o “Outro” a que se refere o poema? De que maneira o poema de Hughes complementa o poema de Whitman? Que narrativas norte-americanas são desconstruídas no poema? “I Too” de Langston Hughes I, too, sing America. I am the darker brother. They send me to eat in the kitchen When company comes, But I laugh, And eat well, And grow strong. “I Too” de Langston Hughes Tomorrow I’ll be at the table When company comes. Nobody’ ll dare Say to me “Eat in the kitchen”. Then. Besides, They’ll see how beautiful I am And be ashamed— I, too, am America Prática de Transferência Os alunos discutem o tema da atividade: “Articulando as Vozes Silenciadas” em termos da cultura brasileira, por meio da leitura crítica do poema “Treze de Maio”, de Oliveira Silveira. Treze de Maio Oliveira Silveira Banzo - Saudade Negra Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão Liberdade de asas quebradas como ........ este verso. Treze de Maio Oliveira Silveira Liberdade asa sem corpo: sufoca no ar, se afogano mar. Treze de maio – já dia 14 o Y da encruzilhada: seguir banzar voltar? Treze de Maio Oliveira Silveira Treze de maio – já dia 14 a resposta gritante: pedir servir calar. Atividade de Reflexão Qual a posição do autor sobre o conflito racial no Brasil? De que maneira os poemas de Hughes e Oliveira Silveira se complementam ou diferenciam? Quais os recursos poéticos utilizados em um e outro poema? De que maneira destacam a narrativa de cada um dos poemas? Interatividade Quais são as três partes fundamentais da aula de literatura conforme o modelo de Lankshear (1997) e Garbutcheon Singh (1997)? a) Prática situada Prática crítica Prática de transferência b) Prática relacional Prática Oposicional Prática Crítica O Romance: Leitura de Escapismo ou Afirmação da Identidade Feminina? Tópico # 7 O Romance: Leitura de Escapismo ou Afirmação da Identidade Feminina? O Romance: Leitura de Escapismo ou Afirmação da Identidade Feminina? Tema: O Romance: Leitura de Escapismo ou Afirmação da Identidade Feminina? Texto base: Fielding, Helen. Bridget Jones’ Diary (London: Picador, 1996). Austen, Jane. [1813] Pride and Prejudice (London & New York: W.W. Norton and Company, 1993). Estratégia de leitura: narrativas em contraponto Número de aulas: duas Prática Situacional O Romance Romântico por meio do tempo: do “High Brow Lit” ao “Chick Lit”. O professor organiza os alunos em pares e lhes entrega dois textos retirados da Wikipedia: um deles sobre “the romance novel” e o outro sobre “chick literature”: The Romance Novel The romance novel is a literary genre developed in Western culture, mainly in English-speaking countries. Novels in this genre place their primary focus on the relationship and romantic love between two people, and must have an "emotionally satisfying and optimistic ending."[1] Through the late 20th and early 21st centuries, these novels are commercially in two main varieties: category romances, which are shorter books with a one-month shelf-life, and single-title romances, which are generally longer with a longer shelf-life. Separate from their type, a romance novel can exist within one of many subgenres, including contemporary, historical, science fiction and paranormal. http://en.wikipedia.org/wiki/Romance_novel http://en.wikipedia.org/wiki/Romance_novel Chick Lit Chick lit is a term used to denote genre fiction within women's fiction written for and marketed to young women, especially single, working women in their twenties and thirties. The genre sells well, with chick lit titles topping bestseller lists and the creation of imprints devoted entirely to chick lit. It generally deals with the issues of modern women humorously and lightheartedly.[1] Although usually including romantic elements, women's fiction (including chick lit) is generally not considered a direct subcategory of the romance novel genre, because in women's fiction the heroine's relationship with her family or friends may be just as important as her relationship with the hero.[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Chick_lit http://en.wikipedia.org/wiki/Chick_lit Perguntas Quais são as características principais do “romance novel”? Quais as do “chick lit”? Que pontos em comum e diferenças há entre os dois gêneros? Que exemplos de “romance novel” conhece? Que exemplos de “chick lit” conhece? Jane Austen e Helen Fielding Pride and Prejudice (1813) de Jane Austen: “It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife”. Bridget Jones’ Diary (1996) de Helen Fielding (Bridget Jones) “Humph. Incensed by patronizing article in the paper by Smug Married Journalist. It was headlined. “The Joy of Single Life”: ‘They ‘re young, ambitious and rich but their lives hide an aching loneliness…When they leave work a gaping emotional hole opens up before them…Lonely style-food of the kind their mother might have made’” Reflexão e Crítica Quando foram escritos ambos os romances? O trecho do romance de Fielding nega ou afirma a “verdade universal” a que Austen se refere? De que maneira funciona a “ironia” em ambos os textos? Que pontos em comum há entre ambos os textos? Qual o tema principal? Tarefa: Fazer uma leitura crítica do Capítulo 1 do romance Pride and Prejudice. Fazer uma leitura crítica do Capítulo “Thursday October 12”, de Bridget Jones’ Diary. Prática Crítica Em grupos, os alunos fazem uma leitura comparativa de ambos os textos em função dos seguintes temas. Logo, os discutem em uma plenária: Qual o tema de ambos os romances? Quais comentários pode-se fazer sobre o estilo? Qual a função da “ironia” em cada um dos textos? Qual é o registro linguístico em cada um dos textos? Como é tratado o “sexo” em uma e outra narrativa? Por quê? Qual a importância do casamento em um e outro momento histórico e social? Prática Crítica Como são tratados os temas do “privado” e do “público” em cada um dos textos? Há um propósito didático nesses relatos? Qual a audiência implícita em ambos os casos? Quem lê esse tipo de narrativas? A respeito da autoria feminina: os interesses das escritoras mulheres têm mudado com o tempo? O que faz com que um texto seja considerado erudito (‘high brow’) e outro popular (‘chick lit’)? Prática de Transferência As leitoras femininas e as narrativas românticas Quem lê esse tipo de literatura? Que vozes são articuladas nesse gênero? O que há nas experiências das heroínas que faz com que as mulheres procurem o prazer nesse tipo de literatura? De que maneira essas narrativas conectam o privado e o social? Você acha que esse tipo de literatura ajuda as mulheres a fugir de uma vida chata e frustrante? Essa literatura é uma ‘droga’ que faz com que as pessoas não pensem em temas sérios? Os homens gostam desse tipo de narrativas? Qual a função social desse tipo de narrativas? Prática de Transferência Na sua opinião, qual a função da literatura popular? Tornar o escritor em um milionário? Impor uma certa ideologia? Afastar os leitores dos temas importantes da sociedade? É um gênero catártico que ajuda a liberar tensões? É um discurso mais acessível para o grande público? Interatividade Qual seria uma das mais importantes contribuições desta abordagem de ensino de literatura que considera as narrativas literárias em contraponto? a) Afirmar a ideia de que em todo texto literário há uma rede de significações que somente os críticos consagrados têm acesso e que o professor facilita para a compreensão dos alunos. b) Desconstruir a ideia de que em todo texto literário há um significado escondido, que é de difícil acesso e que só o professor conhece. Se os alunos são parte da cultura, eles não ‘descobrem’ códigos no texto que só o professor conhece, mas eles desenvolvem esses códigos a partir da sua experiência. Tópico # 8 Reflexão Final Metáforas Henri Giroux Cruzar fronteiras Essa metáfora tem sido central para estabelecer uma ponte entre o ensino de literaturas estrangeiras, nesse caso de língua inglesa, e as diferentes comunidades em que a língua é falada. Mary Louis Pratt: zona de contato O texto literário tem-se tornado o espaço para repensar as relações culturais e literárias entre as diferentes comunidades. Metáforas A metáfora da diferença: Essa metáfora nos permite encontrar um ponto de contato não só entre as diferentes narrativas, mas também entre as diferentes comunidades que escrevem essas narrativas e que, por sua vez, dramatizam e constroem por meio da palavra. O Letramento Crítico e Transcultural Em vez de criar cânones paralelos, o importante é problematizar o literário como uma prática social, situada e múltipla que, por sua vez, ajuda a visualizaro conceito de comunidade, como assim também as crenças e as epistemologias dessas comunidades, como produto dos diferentes loci de enunciação em que são articuladas. O Letramento Crítico e Transcultural O Letramento Crítico e Transcultural nos permite: Fazer uma leitura crítica e de reflexão desses valores, tanto do literário como das comunidades em que se articulam. Ler as narrativas literárias em contraponto, embora de diferentes épocas e espaços culturais. Relacionar as narrativas por meio do conflito. Relacionar a leitura do texto literário com a do texto maior, que é o nosso contexto cultural relacionando, nas palavras de Freire, a palavra com o mundo. Discutir os temas que preocupam a nossa sociedade nestes dias como a discriminação em qualquer forma: racial, étnica, política, sexual. Reconhecer que os nossos valores e crenças acabam onde começam os valores e as crenças das outras comunidades. O Letramento Crítico e Transcultural Visualizar o Outro em situações concretas e não somente abstratas. Reconhecer o caráter emotivo das metáforas literárias e seu grande valor de persuasão, pois elas podem ser utilizadas para impor valores sobre a própria comunidade e sobre outras comunidades. Entender que narrativas têm valor emancipatório e de reconciliação com o Outro diferente. Aprender a Escutar o Outro Alice Kane The Dreamer awakes The shadow goes by The cock never crew The tale is a lie. But harken it well Fair maiden, good youth, The tale is a lie But the telling is true. Interatividade Por que Alice Kane estabelece uma diferença entre o “tale” (narrativa) e o “telling” (narração) e acaba afirmando que o que importa é a narração mais do que a narrativa? a) Porque o que interessa é o que a narrativa significa para o narrador no momento da performance da narrativa mais do que qualquer valor pré-estabelecido. b) Porque o que é interessa é o valor essencial da narrativa e que o leitor precisa descobrir. ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar