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prova Estratégias de Leitura (LEE27) dissertação

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1. O texto literário representa o contato da vida concreta e com opiniões diversas, ou seja, é um recurso que humaniza, podendo exercer um papel. Daí a dizer que a literatura, dependendo do contexto, desempenha funções distintas. Antonio Candido (2002) aponta três funções para a literatura: psicológica, formadora e social. Com base no exposto, descreva cada uma dessas funções.
FONTE: CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: DANTES, V. (Org.). Textos de
intervenção. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002. p. 77-92. ( * Máximo 4000 caracteres )
Introdução:
            Desde os primeiros tempos em que o homem começou a estudar a arte por ele mesmo produzida, a questão sobre concepção e função da literatura tem sido assunto de muitas controvérsias. Para Antonio Cândido (2002) é possível identificar três funções da literatura: a função psicológica, a função formadora e a função social.
            A função psicológica surge da capacidade e necessidade universal do homem de fantasiar. A necessidade de ficção se manifesta a cada instante, através dos devaneios  em que todos se envolvem diariamente, através das novelas, da música e do fantasiar sobre o amor, sobre o futuro, etc. As fantasias expressas pela literatura, no entanto, têm sempre sua base na realidade, nunca são puras. Assim a modalidade de fantasia, talvez seja, a forma mais rica da literatura.
            É através da ligação com o real, que a literatura passa a exercer sua segunda função: a função formadora, pois a literatura atua como instrumento de educação, de formação do homem, uma vez que exprime realidades que a ideologia dominante tenta esconder. A terceira função, função social, diz respeito à identificação do leitor e de seu universo vivencial representados na obra literária. Essa função é que possibilita ao indivíduo o reconhecimento da realidade que o cerca quando transposta para o mundo ficcional.
            No decorrer desse artigo tentaremos mostrar a importância dessas funções, bem como descobrir se o professor de Literatura também as conhece e se aplica em sala de aula. Tentaremos também, identificar a forma como se é trabalhado a Literatura em sala de aula e os recursos didáticos mais utilizados nessa disciplina.
 
Descrição dos Métodos:
            Para a elaboração desse artigo, foi feita uma pesquisa bibliográfica e em seguida a leitura e fichamento do material encontrado com o intuito de adquirir fundamentos para a nossa pesquisa. Posteriormente, será realizado uma pesquisa de campo no município de Frecheirinha-CE, a primeira intenção foi trabalhar numa escola específica para melhor aproveitamento dos dados coletados. Entretanto, não foi possível, pois as escolas estavam paralisadas por causa da grande quantidade de chuva na região. Assim, foi elaborado um questionário com quatro questões subjetivas e distribuídos entre quatro professores do município, selecionados pelo pesquisador, para que estes possam contribuir e enriquecer a pesquisa.
            Dos professores selecionados, o primeiro informante, que será identificado pela letra “A”, sexo feminino, 32 anos, casada, pós graduada, 9 anos de permanência no magistério, leciona a disciplina de Português no 7º ano do ensino fundamental, turno tarde, respondeu todos os questionamentos propostos. O segundo, que será identificado pela letra “B, também do sexo feminino, 24 anos, solteira, graduada em Letras, 9 anos de permanência no magistério, leciona atualmente as disciplinas de Português e Inglês, com 200 hs, manhã e tarde, respondeu, também, todos os questionamentos. O terceiro professor será identificado pela letra “C”, sexo feminino, 32 anos, tem uma união estável, nível superior, 11 anos de permanência no magistério, leciona as disciplinas de Português e Inglês no 9º, nos turnos manhã e tarde, respondeu todos os questionários. O quarto entrevistado, que será identificado pela letra “D”, também do sexo feminino, 25 anos, solteiro, nível superior incompleto, com 1 ano de tempo no magistério, lecionando atualmente as disciplinas de Português no 4º e 5º ano do Fundamental I, no turno da manhã.
            Feitos estes procedimentos, as discussões dos resultados serão feita através dos questionamentos obtidos, na qual serão analisados os dados obtidos e comparados com as visões de vários escritores como: Antonio Candido, Regina Zilbermam, Clécio Bunzen e outros, constituindo assim, o desenvolvimento do presente artigo.
 
Discussão dos Resultados:
            A pesquisa foi realizada no município de Frecheirinha-CE, tendo como público alvo 4 professores do 4º ao 9º ano do ensino fundamental da rede pública e privada, como já foi citado anteriormente. Foi aplicado um questionário contendo 4 perguntas subjetivas na qual procuramos detectar a visão do professor sobre literatura, como ela é trabalhada na sala de aula, quais os principais recursos didáticos utilizados e a importância desta para a formação discente. Os resultados da pesquisa serão analisados e divulgados abaixo.
            O primeiro item do questionamento foi saber a visão do professor sobre as funções da literatura. Percebemos que a literatura possui um conjunto de funções, pois além de satisfazer à necessidade universal de fantasia e contribuir para a formação da personalidade, ela é sobre tudo uma forma de adquirir conhecimento. 
            Assim encontramos respostas variadas por parte dos professores questionados. O informante A disse que: “a literatura vem suprir a necessidade da leitura para a maioria dos alunos que não tem o hábito de ler. E com isso irão melhorar tanto na leitura como na produção de texto.” Dessa forma a literatura é vista como um incentivo para leitura, mas o professor não deve se apegar a essa função, pois a literatura pode proporcionar muitos conhecimentos, e ele tem a missão de mostrar isso para os alunos. A esse respeito Zilberman e Silva (1988, p.97) comentam:
 
Em vez de patrocinar exclusivamente roteiros de leitura inspirados nesta ou naquela teoria, a prática de leitura escolar centralizar sua reflexão sobre o ato concreto de leitura em curso no espaço da sala de aula e sobre as interpretações que aí ocorrem, a leitura escolar pode converter-se numa prática de instauração de significados e, co isso, transformar o estudo da literatura na investigação e na vivência crítica do percurso social cumprido por seus textos, suas teorias, suas leituras.
 
            Além de proporcionar conhecimento, a literatura dá prazer e purifica as emoções como afirma o informante B ao dizer que:
 
A literatura, através da palavra ou mesmo de imagens, nos propõe uma transformação sobre o que pensamos. E a partir de suas funções podemos nos apropriar de conceitos básicos da arte, produzir efeitos estéticos, além de deixar o nosso espírito leve e solto. Ou seja, podemos adquirir prazer, surgindo assim, a catarse.
 
            Dessa forma a literatura cumpre a sua função formadora, como afirma Candido (2002), pois ela tem o poder de atuar na formação do indivíduo, moldando as suas características. A literatura atua como instrumento de educação, de formação do homem, uma vez que exprime realidades que a ideologia dominante tenta esconder. Candido (2002, p. 85) ainda afirma que a literatura: “não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver.”
A literatura deve ser vista como um instrumento de aprendizagem que desenvolve a capacidade de criação do aluno e leitor, pois através dela podemos conhecer o mundo a nossa volta e criar conceitos sobre ele. Para o informante C “a literatura tem a função de desenvolver a criatividade e estimular o hábito da leitura, bem como melhorar a linguagem e dar prazer aos alunos.” A literatura trata de textos que possuem uma preocupação estética, que provoca prazer e conhecimento por seu conteúdo, forma e organização. Por ser uma expressão do homem é um bom meio de comunicação, porque explora todos as partes da linguagem. Com isso a literaturatem a função de formar, com afirma Candido (2002, p.82): “Talvaz os contos populares, as historietas ilustradas, os romances policiais ou de capa-e-esconde, as fitas de cinema, atuem tanto quanto a escola e a família na formação de uma criança e de um adolescente.”
O informante D “ver que a criança ao se deparar com a literatura, começa a ver um mundo de alegria, fantasia e a partir daí desperta seu imaginário com a possibilidade de se tornarem também escritores.” Assim a literatura é vista como diversão, como um meio de despertar a alegria e divertimento, exercendo a sua função psicológica, ou seja, a capacidade de fantasiar, a necessidade de ficção, que proporciona o prazer e a alegria.
O segundo questionamento proposto foi: Como é trabalhado a literatura na sala de aula? Acerca disso a resposta do informante A foi “pedindo os alunos que peguem livros na biblioteca da escola ou do município, leiam, façam o fichamento e em grupo apresentem para a turma.” Percebemos com isso que o professor tem pouco conhecimento sobre o ensino de literatura, fazendo com que seus alunos aprendam pouquíssimo sobre este tema. O professor deve incentivar o aluno a compreender a literatura como fenômeno cultural, histórico e social, instrumento político capaz de revelar as contradições e conflitos da realidade.
Assim o ensino de literatura não deve se restringir apenas à leitura de obras literárias e à classificação desta num determinado período literário, pois segundo Bunzen (2006, p.91): “Ensinar literatura não é apenas elencar uma série de textos ou autores e classificá-los num determinado período literário, mas sim revelar ao aluno o caráter atemporal, bem como a função simbólica e social da obra literária.” A literatura deve desenpenhar, assim, a sua função social, ou seja, o estudo de literatura deve ajudar os alunos a compreender a si próprios, sua comunidade e seu mundo mais profundamente, percebendo com isso as possibilidades de significação que o texto literário permite.
Portanto, a literatura deve ser trabalhada de forma divertida e dinâmica. O informante B resaltou que: “procuro trabalhá-la não de uma forma histórica, mas de uma maneira que os alunos percebam o seu encantamento dentro da leitura nos textos por eles lidos e produzidos.” Assim ou alunos devem ver a literatura, também, como um meio de desenvolver a sua criatividade e imaginação, e o professor deve promover isso para os alunos. Bunzen e Mendonça (2006, p.84) afirmam que:
 
Ao longo da trajetória escolar, da educação infantil ao ensino médio, a leitura literário deveria ser mais valorizada como meio de o aluno desenvolver a criatividade e a imaginação na interação com textos que inauguram mundos possíveis, construindos com base na realidade impírica.
 
            O professor deve ajudar os alunos na escolha dos textos e autores literários, mas não deve impor a sua preferência, pois é importante que os alunos façam suas próprias escolhas. O Informante B mencionou que trabalha a literatura “lendo textos literários, falando e estudando sobre os grandes escritores da literatura e pedindo para que eles leiam algumas obras literárias e que façam comentários na sala de aula.”
            Bunzen e Mendonça (2006, p.86) afirmam que: “cabe ao leitor construir o seu próprio cânon literário”. Dessa forma o professor deve valorizar a escola do alunos assim eles se sentirão mais valorizados e terão mais prazer com a literatura, visto que as escolhas partiram deles próprios.
            O informante C mencionou em seus comentários que trabalha a literatura: “fazendo fichamento dos livros paradidáticos e teatro sobre os textos literários.” Como foi mencionado anteriormente, o ato de ler precisa ser compreendido como prática social. Assim a leitura literária não deve ter apenas finalidade de avaliação, ou seja, o aluno não deve ter em mente que depois da leitura do texto, ele vá realiza uma tarefa para avaliá-lo.
            Bunzen e Mendonça (2006, p.95) mostram que: “não se deveria trabalhar a leitura literária apenas com a finalidade de realizar tarefas como produção textual, resumos, preenchimento de fichas de leitura.” É necessário diversificar as atividades voltadas à leitura, incentivando o aluno a ler se, necessariamente, ser avaliado, deixando-o sentir-se livre na escolha de seus próprios textos. A opção de se trabalhar com teatro é uma ótima escolha para a diversificação das atividades. Ainda segundo Bunzen e Mendonça (2006, p.85): “É preciso que a escola amplie mais suas atividades, visando à leitura da literatura como atividade lúdica de construção e reconstrução de sentido.”
            O terceiro questionamento foi sobre os recursos didáticos utilizados nas aulas de literatura. Todos os professores responderam que utilizam os livros didáticos, apesar dele saber que a literatura deve ser trabalhada por meio de texto, sob o estresse do dia-a-dia, sem tempo para ler e fazer a sua própria seleção de textos, o educador geralmente encontra nos materiais didáticos a ferramenta de trabalho mais acessível, entretanto suas aulas não devem se restringirem apenas aos livros didáticos. Como o próprio Bunzen e Mendonça afirmam:
 
A leitura literária, como qualquer outra prática de leitura, não deveria se restringir ao livro didático, pois os alunos começam a ler apenas os fragmentos de textos apresentados nos manuais didáticos, sem, muitas vezes, conhecer as obras originais. (2006, p.92)
 
            Os professores devem recorrer a outros materiais para o ensino de literatura, não apenas o livro didático. Alguns dos professores entrevistados responderam que além do livro didático, utilizam a observação de quadros, pinturas; TDs com resumos e alguns livros literários. O interessante é que o professor utilize os próprios livros literários, e não habituar os alunos com resumos e textos fragmentados.
O último questionamento foi sobre a importância da literatura para a formação discente. Como afirma Antonio Candido (2002), a literatura tem a função formadora, ou melhor, ela é um elemento de formação e desenvolvimento em todos os campos do saber: intelectual, moral, ideológico e até estético.
            O informante A respondeu que: “é importante ser realizado aulas de leitura com o corpo discente. Porque um bom leitor desempenha melhor sua tarefa e serve de exemplo para os outros alunos.” Assim ele ver a literatura como uma atividade de leitura, não atribuindo a ela outras funções.
            O informante B ressaltou em seus comentários o seguinte:
 
como o principal papel da literatura é causar prazer e provocar reflexão, os professores devem de tal forma fazer surgir nos alunos essas duas questões. Pois é preciso, antes de tudo, sentir prazer quando se lê e depois procurar entender o que aconteceu, trazendo isso para sua realidade.
 
            Vista assim, a literatura além de dar prazer, provoca reflexões e o professor deve auxiliar os alunos a despertar esses sentimentos ao ler uma obra literária    . Ao ler uma obra literária, o aluno deve trazê-la para a sua vida, compreendendo, assim, os problemas e conflitos que os cercam. Candido (2002, p.80) nos diz que:
 
A literatura propriamente dita é uma das modalidades que funcionam como resposta a essa necessidade universal, cujas formas mais humildes e espontâneas de satisfação talvez sejam coisa como anedotas, a adivinha, o trocadilho, o rifão.
 
            Apesar da literatura ser uma ficção, uma fantasia, esta nunca é pura, ou seja, a literatura refere-se constantemente a alguma realidade. Assim, através da ficção ela mostra a realidade, o cotidiano de cada pessoa, ao ler uma obra literária nos deparamos com acontecimentos do dia-a-dia de qualquer pessoa.
            O informante C respondeu que: “a literatura é de fundamental importância para a preparação dos alunos, pois desenvolve a sua criatividade e a capacidade de criação, tornado-os leitores críticos e capacitados.” A Literatura é uma experiência que nos permite saber, experimentar e ver a vida pelos olhos de outrem, desenvolvendo assim, a criatividadehumana, levando a refletir sobre o indivíduo e a sociedade.
            O informante D nos mostrou que: “é importante apreciar com a literatura o prazer da prática de leitura, sentir as belezas que as palavras podem nos proporcionar e aprender os diversos tipos de textos: contos, fábulas e outros.” A literatura que busca o essencial, o universal, que pode contribuir para a formação dos homens, indicando-lhes a maneira de agir, mostrar os seus prazeres, desejos e outros sentimentos. Isto ajuda o homem a se conhecer melhor. A literatura da à vida, o sentido das palavras.  Assim ao ler um texto literário, pode-se sentir as belezas e prazer que ele proporciona.
A literatura pode ser definida como um elemento de catarse, um elemento do conhecimento do mundo, tanto do passado, e do presente, como da mentalidade de uma sociedade ou época, um elemento essencialmente ligado ao homem, ao seu próprio conhecimento, um elemento de formação e desenvolvimento em todos os campos do saber: intelectual, moral, ideológico e até estético.
Assim a literatura, em seu conjunto de funções, passa a exercer sua função essencial, a humanizadora.
 
Considerações Finais
Fica clara, assim, a importância que a literatura exerce no meio social, sobretudo no homem participante e responsável pela manutenção desse meio.
Por outro lado, a literatura só exercerá plenamente todas as suas funções, se a ela for concedida a importância que lhe cabe, bem como um esforço de interpretação e compreensão de seu significado mais correto. Essa interpretação e compreensão resulta de uma ação a qual estamos todos efetuando no dia-a-dia, desde a mais tenra idade: a prática da leitura.
            Ao final desse artigo, levantamos alguns pontos importantes para o ensino de literatura. Um deles é o uso do livro didático em sala de aula, pois os professores devem mudar seus conceitos de ensino, e passar a utilizar recursos que chamem a atenção e interesse do aluno.
            Com a pesquisa ficamos sabendo como anda o ensino de literatura no município selecionado, e os resultados não foram tão satisfatórios, pois alguns professores precisam melhorar a sua forma de ensino, para que possam despertar nos alunos o gosto pela literatura.
            Diante dos resultados, a pesquisa poderá contribuir para uma nova visão acerca do ensino de literatura, bem como um incentivo para o professor dar mais valor a disciplina de Literatura, pois esta tem funções importantíssimas para a formação discente e humana.
 
Referências
 
BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.). Português no ensino médio e a formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006.
CANDIDO, Antonio. Textos de intervenção. São Paulo: Duas Cidades, 2002.
PAIVA, Aparecida. MARTINS, Aracy. PAULINO Graça. CORRÊA, Hércules. VERSIANI,  Zélia (org) Literatura: saberes em movimento. Belo Horizonte: CEALE; Autêntica, 2008.
ZILBERMAN, Regina. SILVA, Ezequiel Theodoro da (org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 19885.
 
2. Observe os versos que seguem:
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se: "Agora".
FONTE: Disponível em: <http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html>. Acesso em: 10 abr. 2013.
Os versos precedentes constituem o Haicai, uma forma poética, de origem japonesa, caracterizada pela concisão e pela objetividade. Essa modalidade tenta captar um momento da natureza ou a passagem do tempo. Nesse sentido, disserte sobre a brevidade do Haicai, por ser constituído de dezessete sílabas poéticas. ( * Máximo 4000 caracteres )
Haicai é um gênero de poesia com forma fixa. Possui três versos: o primeiro e o terceiro são redondilhas menores — versos de cinco sílabas —, e o segundo, redondilha maior — verso de sete sílabas. Portanto, é uma poesia objetiva e sintética. O haicai tradicional não possui título nem rimas e apresenta temática bucólica. No Brasil, os principais haicaístas são: Masuda Goga, Guilherme de Almeida, Afrânio Peixoto, Pedro Xisto, Paulo Leminski, Helena Kolody, Millôr Fernandes e Alice Ruiz.
Características do haicai
O haicai é um subgênero literário, com caráter lírico, de origem japonesa, que, tradicionalmente, é caracterizado pelo(a):
· objetividade
· simplicidade
· serenidade
· sobriedade
· casualidade
· solidão
· não intelectualidade
· bucolismo
· antissentimentalismo
· condensação
· uso de imagens
· ausência de título
· ausência de rima
· kigo
· cesura
O kigo é uma palavra que evidencia a estação do ano em que o texto foi produzido. A cesura é uma palavra utilizada, no final do primeiro ou do segundo verso, para provocar uma quebra sintática e evitar que o poema pareça ser composto apenas por um verso ou frase. Já o antissentimentalismo deve ser associado ao haicaísta ou ao eu lírico, pois uma das características do haicai tradicional é a existência de uma palavra que dispara a emoção na leitora ou no leitor.
Quanto à estrutura tradicional, o haicai é um poema que apresenta apenas três versos, portanto, é um terceto formado por redondilhas, assim distribuídas:
· Verso 1 e 3: redondilha menor (cinco sílabas poéticas)
· Verso 2: redondilha maior (sete sílabas poéticas)
Desse modo, o haicai é um poema de caráter popular, que, de forma sintética e com linguagem impessoal, busca retratar uma experiência concreta por meio do equilíbrio entre a forma (metrificação) e o conteúdo objetivo.
Infância
Um gosto de amora
Comida com sol. A vida
Chamava-se: “Agora”.
Nesse haicai, publicado no livro Poesia vária (1947), Guilherme de Almeida quebra com a tradição ao colocar um título e rimar “amora” com “agora”. Dessa forma, o gosto de amora simboliza a infância do eu lírico em um dia de verão. No entanto, o poeta mantém a metrificação do haicai tradicional.
RESUMO Esta tese se dedica a estudos sobre o haikai e a performance, buscando estabelecer pontos de interseção entre aquela espécie de poesia japonesa e este campo de ação e reflexão, onde se conjuga a teoria e a prática. A partir de percursos referenciais a respeito de ambas as formas, a pesquisa procura criar uma interlocução entre os modos de pensar ocidental e oriental, voltados aos fazeres artísticos, no intuito de permeabilizar conceitos e práticas, e de contribuir para uma crítica performática atualizada e transdisciplinar. Os trabalhos de arte tomados como exemplos, neste estudo, correspondem ao desejo de se ilustrar tendências que se expressam nos espaços limiares entre os campos da performance art, da poesia, do teatro, da dança, da música, das artes plásticas, da fotografia, do cinema, etc. A tese se realiza com base numa tradição experimentalista, em arte, que atravessa o século XX, reagindo a ou dialogando com os contextos culturais e sociais em que se manifesta. Tendo se originado desde a criação da performance poético-cênica HAIKAI – somente as nuvens nadam no fundo do rio, o trabalho investe na conexão paradoxal entre práticas performáticas, imagéticas e efêmeras, e o registro poético e acadêmico.
Esta tese nasceu da vontade de refletir teoricamente sobre o espetáculo HAIKAI – somente as nuvens nadam no fundo do rio, no qual atuei como performer e coordenador, no período de 2006 a 2009. A pesquisa se inicia com o estudo das origens e características do haikai japonês, desenvolvendo-se, a seguir, com o foco nos estudos de performance, pensando, mais especificamente, nos campos da performance art. O corpus teórico do trabalho é construído a partir da reflexão sobre ícones, que julgo fundamentais para o entendimento da poesia haikai e da performance, os quais permitem que se crie relações comparativas entre ambas as formas, sob aspectos críticos, literários, analíticos e práticos (tanto acerca do escrever o haikai quanto do fazer a performance). A tese é guiada por algumas perguntas centrais. Entre elas, que conduzirão o desenvolvimento do trabalho, cito: Como este curto poema japonês, o haikai, teria chegado ao Ocidente, através de traduções para as línguas inglesa, francesa, espanhola, portuguesa, etc.?; Como e por que o caráter lacônico, a visualidade e o efeito imagístico– inerentes ao estilo da escrita ideogramática do haikai – despertaram o interesse de artistas e pesquisadores, em diversas áreas, quando da abertura do Japão para o Ocidente (Era Meiji, 1868-1912)?; Especificamente, no Brasil, como as estruturas literárias do haikai dialogaram com importantes marcos da nossa poesia, como a poesia pau-brasil, de Oswald de Andrade, e a poesia concreta (Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari)?; Que influências as vanguardas históricas europeias teriam exercido sobre o modernismo brasileiro, repercutindo na literatura, nas artes plásticas, no cinema, na música, etc., ao longo do século XX?; Que heranças os movimentos de vanguarda teriam deixado, também, para a performance art, despontada como linguagem, nos EUA, nos anos de 1970?; Como os estudos de performance se inserem nos contextos sociais, políticos, culturais, econômicos, históricos, etc., interferindo crítica, teórica e praticamente nas relações cotidianas e discursivas, que se organizam dentro e fora das estruturas institucionais?; Que ligações poderiam haver entre o haikai e a performance, partindo da ideia de ritual e de princípios como efemeridade, instantaneidade, visualidade e permeabilidade arte-vida-cotidiano?; Que características do haikai (justaposição de ideias e imagens, presença no aqui e agora, lacunas
a serem preenchidas pelo receptor, entre outras) estão presentes, também, em determinados exemplos de performances de arte?; Em se tratando de HAIKAI – somente as nuvens nadam no fundo do rio, de que modo se pode comparar, analiticamente, o poema escrito ao que chamarei de um poema cênico-performático?; Como os paradigmas do século XX, apontados aqui, são apropriados, revistos e refeitos, através de um procedimento de work in progress (ou work in process) 2 , no princípio do século XXI? Estas e outras questões serão trabalhadas no decorrer dos três capítulos que compõem o corpo desta tese. O primeiro deles é dedicado ao estudo do haikai, o segundo aos estudos de performance, o terceiro, através de exemplos práticos de obras artísticas, dedica-se aos entrecruzamentos possíveis entre haikai e performance. No primeiro capítulo, acompanho o percurso do haikai, investigando desde o seu surgimento, no Japão, até a relação com a poesia concreta, no Brasil. No que diz respeito a este ponto, identifico, inicialmente, que o haikai se origina do tanka, um tipo de poema curto, que predominava na arte poética do Japão do século XVI. O tanka era estruturado em versos de 5-7-5/7-7 sílabas. O primeiro terceto, 5-7-5, é que vai constituir, mais tarde, o que hoje se conhece como haikai, hai-kai, haicai, haiku ou hokku (tópico 1.1). Originalmente, a forma poética do haikai obedece a esta composição fixa de três linhas, em uma combinação métrica e rítmica que soma 17 sílabas. Nas traduções para o português, muitas vezes, estas combinações originais acabam se perdendo, dando lugar a diferentes soluções, como será observado, ao longo deste trabalho. Um haikai é um poema conciso, que aborda temas simples, frequentemente ligados à natureza, com economia verbal e objetividade. O mais importante nome do haikai japonês é Matsuo Bashô (1644-1694), seguido de Yosa Buson (1716-1784), Kobayashi Issa (1763- 1828), Uejima Onitsura (1660-1738), entre outros. O mestre Bashô3 elevou o haikai a um ideal estético de simplicidade, espontaneidade e aperfeiçoamento espiritual, transformando-o em prática de vida (tópico 1.2). É Octavio Paz, em seu ensaio “A poesia de Matsuo Bashô”, de 1954, quem afirma: “O haiku não só é poesia escrita – ou, mais exatamente, desenhada – como é também poesia vivida, experiência poética recriada. Com enorme delicadeza, Bashô não nos diz tudo: limita-se a entregar-nos alguns elementos, os suficientes para acender a
chispa.”4 Um haikai sempre deixa um espaço aberto para uma reflexão, como um koan Zen5 . As relações entre o haikai de Bashô e o Zen-Budismo6 serão exploradas, aqui (tópico 1.3), no intuito de se contextualizar o haikai dentro da filosofia oriental, mais especificamente, dentro da cultura japonesa, em que vigora uma interação ética e estética, uma conjugação de vida e arte (princípios fundadores, também, da performance). A partir do final do século XIX, diversos artistas e estudiosos ocidentais, de diferentes áreas, voltaram-se para a cultura nipônica, em busca de novas referências filosóficas, técnicas de trabalho e modos de viver e pensar as relações entre arte e vida. Este contato mais direto com o Extremo-Oriente acontece somente com o fim da rigidez do período Tokugawa (1615- 1867), no Japão. No tópico 1.4, pesquiso como o haikai foi visto, inicialmente, pelos ocidentais, tomando como referência os estudos de Ezra Pound (1885-1972), com especial destaque para o desenvolvimento do método ideogrâmico, baseado nas escritas chinesa e japonesa, encontrados em seu ABC da literatura e na sua revisão do ensaio Os caracteres da escrita chinesa como instrumento para a poesia7 , de Ernest Fenollosa (1853-1908). A estrutura ideogrâmica de superposição de elementos, que caracteriza o haikai, pode ser reconhecida no poema imagista ou vorticista8 , de Pound, que se dedicou, igualmente, ao estudo da estrutura do teatro Nô9 . De acordo com Franchetti: “O descobrimento do teatro Nô foi decisivo para Pound, que viu aí a possibilidade de estender o princípio ideogramático de composição a um poema longo, uma vez que, segundo ele, uma peça Nô é algo como um hokku amplificado.”10 As relações entre o haikai e o Nô, estabelecidas por Donald Keene, levam Haroldo de Campos a concluir o seguinte: ‘O Nô providencia um molde soberbo para um poeta dramático.
 
1. 
O texto literário representa o contato da vida concreta e com opiniões diversas, ou seja, é um 
recurso que humaniza, podendo exercer um papel. Daí a dizer que a literatura, dependendo do 
contexto, desempenha funções distintas. Antonio Candido (2002) aponta
 
três funções para a 
literatura: psicológica, formadora e social. Com base no exposto, descreva cada uma dessas funções.
 
 
FONTE: CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: DANTES, V. (Org.). Textos 
de
 
intervenção. São Paulo: Duas Cidades; Ed
. 34, 2002. p. 77
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Introdução:
 
 
Desde os primeiros tempos em que o homem começou a estudar a arte 
por ele mesmo produzida, a questão sobre concepção e função da literatura 
tem sido assunto de muitas controvérsias. Para Antonio Cândido (2002) é 
possível identificar três funções da literat
ura: a função psicológica, a função 
formadora e a função social.
 
 
A função psicológica surge da capacidade e necessidade universal do 
homem de fantasiar. A necessidade de ficção se manifesta a cada 
instante,
 
através dos devaneios
 
em que todos s
e envolvem diariamente, 
através das novelas, da música e do fantasiar sobre o amor, sobre o futuro, etc. 
As fantasias expressas pela literatura, no entanto, têm sempre sua base na 
realidade, nunca são puras
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Assim a modalidade de fantasia, talvez seja, a 
f
orma mais rica da literatura.
 
 
É através da ligação com o real, que a literatura passa a exercer sua 
segunda função: a função formadora, pois a literatura atua como instrumento 
de educação, de formação do homem, uma vez que exprime realidades qu
e a 
ideologia dominante tenta esconder. A terceira função, função social, diz 
respeito à identificação do leitor e de seu universo vivencial representados na 
obra literária
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Essa função é que possibilita ao indivíduo o reconhecimento da 
realidade que o cer
ca quando transposta para o mundo ficcional.
 
 
No decorrer desse artigo tentaremos mostrar a importância dessas 
funções, bem como descobrir se o professor de Literatura também as conhece 
e se aplica em sala de aula. Tentaremos também, identificar
 
a forma como se é 
trabalhado a Literatura em sala de aula e os recursos didáticos mais utilizados 
nessadisciplina.
 
 
 
Descrição dos Métodos:
 
 
Para a elaboração desse artigo, foi feita uma pesquisa bibliográfica e 
em seguida a leitura e fichamen
to do material encontrado com o intuito de 
 
1. O texto literário representa o contato da vida concreta e com opiniões diversas, ou seja, é um 
recurso que humaniza, podendo exercer um papel. Daí a dizer que a literatura, dependendo do 
contexto, desempenha funções distintas. Antonio Candido (2002) aponta três funções para a 
literatura: psicológica, formadora e social. Com base no exposto, descreva cada uma dessas funções. 
 
FONTE: CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: DANTES, V. (Org.). Textos 
de 
intervenção. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002. p. 77-92. ( * Máximo 4000 caracteres ) 
 
Introdução: 
 Desde os primeiros tempos em que o homem começou a estudar a arte 
por ele mesmo produzida, a questão sobre concepção e função da literatura 
tem sido assunto de muitas controvérsias. Para Antonio Cândido (2002) é 
possível identificar três funções da literatura: a função psicológica, a função 
formadora e a função social. 
 A função psicológica surge da capacidade e necessidade universal do 
homem de fantasiar. A necessidade de ficção se manifesta a cada 
instante, através dos devaneios em que todos se envolvem diariamente, 
através das novelas, da música e do fantasiar sobre o amor, sobre o futuro, etc. 
As fantasias expressas pela literatura, no entanto, têm sempre sua base na 
realidade, nunca são puras. Assim a modalidade de fantasia, talvez seja, a 
forma mais rica da literatura. 
 É através da ligação com o real, que a literatura passa a exercer sua 
segunda função: a função formadora, pois a literatura atua como instrumento 
de educação, de formação do homem, uma vez que exprime realidades que a 
ideologia dominante tenta esconder. A terceira função, função social, diz 
respeito à identificação do leitor e de seu universo vivencial representados na 
obra literária. Essa função é que possibilita ao indivíduo o reconhecimento da 
realidade que o cerca quando transposta para o mundo ficcional. 
 No decorrer desse artigo tentaremos mostrar a importância dessas 
funções, bem como descobrir se o professor de Literatura também as conhece 
e se aplica em sala de aula. Tentaremos também, identificar a forma como se é 
trabalhado a Literatura em sala de aula e os recursos didáticos mais utilizados 
nessa disciplina. 
 
Descrição dos Métodos: 
 Para a elaboração desse artigo, foi feita uma pesquisa bibliográfica e 
em seguida a leitura e fichamento do material encontrado com o intuito de

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