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1 FACULDADE SANTO AGOSTINHO CURSO DE MEDICINA TICS SOI 02- SEMANA 02 Docente: Ademilde Cerqueira Discente: Francielle Santos Agostinho Pinheiro Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Descreva o funcionamento e a regulação do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona O Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona é ativado quando a secreção de renina no aparelho justaglomerular do rim é estimulada por (1) hipotensão arterial renal, (2) diminuição da carga de sódio no túbulo distal, que é detectado pela mácula densa e (3) ativação do sistema nervoso simpático em resposta à diminuição da pressão arterial A renina é enzima proteica liberada pelos rins quando a pressão arterial cai para níveis muito baixos. Sua resposta consiste em elevar a pressão arterial de diversos modos, contribuindo para a correção da queda inicial da pressão. A renina é sintetizada e armazenada em forma inativa chamada pró-renina nas células justa glomerulares (células JG) dos rins. Essas são células musculares lisas modificadas, situadas nas paredes das arteríolas aferentes imediatamente proximais aos glomérulos. Quando a pressão arterial cai, reações intrínsecas dos rins fazem com que muitas das moléculas de pró-renina nas células JG sejam clivadas, liberando renina. A maior parte da renina é liberada no sangue que perfunde os rins para circular pelo corpo inteiro. Entretanto, pequenas quantidades de renina permanecem nos líquidos locais dos rins onde exercem diversas funções intrarrenais. 2 A renina age enzimaticamente sobre outra proteína plasmática, a globulina referida como substrato de renina (ou angiotensinogênio), liberando peptídeo com 10 aminoácidos, a angiotensina I. A angiotensina I tem ligeiras propriedades vasoconstritoras, mas não suficientes para causar alterações significativas na função circulatória. A renina persiste no sangue por 30 minutos a 1 hora e continua a causar a formação de angiotensina durante todo esse tempo. Alguns segundos após a formação de angiotensina I, dois aminoácidos adicionais são removidos da angiotensina I, formando o peptídeo de oito aminoácidos angiotensina II. Essa conversão ocorre em grande parte nos pulmões, enquanto o sangue flui por seus pequenos vasos catalisados pela enzima conversora de angiotensina presente no endotélio dos vasos pulmonares. Outros tecidos, tais como rins e vasos sanguíneos, também contêm enzimas conversoras e, portanto, formam localmente angiotensina II. A angiotensina II é vasoconstritor extremamente potente, afetando também a função circulatória por outros modos. Entretanto, ela persiste no sangue por apenas 1 ou 2 minutos por ser rapidamente inativada por múltiplas enzimas sanguíneas e teciduais, coletivamente chamadas de angiotensinases. Durante sua permanência no sangue, a angiotensina II exerce dois efeitos principais capazes de aumentar a pressão arterial. O primeiro, a vasoconstrição em muitas áreas do corpo, ocorre com muita rapidez. A vasoconstrição ocorre de modo muito intenso nas arteríolas e com intensidade muito menor nas veias. A constrição das arteríolas aumenta a resistência periférica total, elevando dessa forma a pressão arterial. Além disso, a leve constrição das veias promove o aumento do retorno venoso do sangue, agindo pelo mecanismo de controle do volume do líquido extracelular, é ainda mais potente que a vasoconstrição aguda na elevação eventual da pressão arterial para o coração, contribuindo para o maior bombeamento cardíaco contra a pressão elevada. O segundo meio principal pelo qual a angiotensina II eleva a pressão arterial é a diminuição da excreção de sal e de água pelos rins. Isso eleva lentamente o volume do líquido extracelular, o que aumenta a pressão arterial durante as horas e dias subsequentes. Efeito da Angiotensina II, nos Rins, Causando Retenção de Sal e de Água — Meio Importante para o Controle da Pressão Arterial a Longo Prazo A angiotensina II faz com que os rins retenham sal e água por dois meios principais: 1. Atuando diretamente sobre os rins para provocar retenção de sal e de água; 2. Fazendo com que as glândulas adrenais secretem aldosterona que, por sua vez, aumenta a reabsorção de sal e de água pelos túbulos renais. Assim, quando quantidades excessivas de angiotensina II circulam no sangue, todo o mecanismo renal a longo prazo para o controle dos líquidos corporais é automaticamente ajustado para manter a pressão arterial acima da normal. 3 Mecanismos dos Efeitos Renais Diretos da Angiotensina II Causadores da Retenção Renal de Sal e de Água A angiotensina exerce diversos efeitos diretos que fazem com que os rins retenham sal e água. Um deles é a constrição das arteríolas renais, o que diminui o fluxo sanguíneo pelos rins. O lento fluxo sanguíneo reduz a pressão nos capilares peritubulares, provocando a rápida reabsorção de líquido pelos túbulos. A angiotensina II tem também importantes ações diretas sobre as próprias células tubulares para aumentar a reabsorção de sal e de água. O resultado total desses efeitos é significativo reduzindo às vezes o débito urinário para menos que um quinto do normal. Estimulação da Secreção de Aldosterona pela Angiotensina II e o Efeito da Aldosterona no Aumento da Retenção de Sal e de Água pelos Rins. A angiotensina II é também um dos mais potentes estimuladores da secreção de aldosterona pelas glândulas adrenais. Assim, quando o sistema renina-angiotensina é ativado, a intensidade da secreção de aldosterona em geral também aumenta; uma importante função subsequente da aldosterona é a de causar aumento acentuado da reabsorção de sódio pelos túbulos renais, elevando sua concentração no líquido extracelular. Essa elevação então causa a retenção de água como explicado antes, aumentando o volume do líquido extracelular e provocando de forma secundária maior elevação da pressão arterial a longo prazo. Desse modo, tanto o efeito direto da angiotensina sobre os rins quanto seu efeito por meio da aldosterona são importantes no controle da pressão arterial a longo prazo. Entretanto, pesquisa em nosso laboratório sugeriu que o efeito direto da angiotensina, sobre os rins, seja talvez três ou mais vezes mais potente que o efeito indireto por meio da aldosterona — embora este seja o mais conhecido. O Papel do Sistema Renina-Angiotensina na Manutenção da Pressão Arterial Normal Apesar de Grandes Variações na Ingestão de Sal. Uma das mais importantes funções do sistema renina-angiotensina é a de permitir que a pessoa ingira quantidades muito pequenas ou muito grandes de sal, sem apresentar grandes variações do volume do líquido extracelular ou da pressão arterial. O efeito inicial do aumento da ingestão de sal é o de elevar o volume do líquido extracelular que por sua vez aumenta a pressão arterial. Então, a pressão arterial elevada aumenta o fluxo sanguíneo pelos rins, além de outros efeitos, reduz a secreção de renina para nível muito mais baixo, e provoca sequencialmente a redução da retenção renal de sal e água, a quase normalização do volume do líquido extracelular, e por fim a quase normalização da pressão arterial. Assim, o sistema renina-angiotensina é mecanismo de feedback automático que contribui para a manutenção da pressão arterial em níveis próximos aos normais, mesmo quando a ingestão de sal é aumentada. Ao contrário, quando a ingestão de sal diminui para abaixo da normal ocorrem efeitos opostos. Para enfatizar a eficácia 4 do sistema renina-angiotensina no controle da pressão arterial quando o sistema funciona normalmente, a pressão se eleva por não mais do que 4 a 6 mmHg em resposta ao aumento de 50 vezes na ingestão de sal. Ao contrário,quando esse sistema é bloqueado, o mesmo aumento da ingestão de sal provoca aumento 10 vezes maior da pressão, muitas vezes por até 50 a 60 mmHg. Referências: RODRIGUES, Cibele Isaac Saad. Sistema renina-angiotensina-aldosterona e nefropatias não- diabéticas Sistema renina-angiotensina-aldosterona e nefropatias não-diabéticas. Rev Bras Hipertens vol 7(3): julho/setembro de 2000 GONSALEZ, Sabrina Ribeiro; FERRÃO, Fernanda magalhães; SOUZA, Alessandro Miranda de; LOWE, Jennifer; MORCILLO, Lucienne da Silva Lara. Atividade inadequada do sistema renina-angiotensina-aldosterona local durante período de alta ingestão de sal: impacto sobre o eixo cardiorrenal. Braz. J. Nepbrol, Rio de Janeiro, 2018.