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1 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Objetivo 1- Compreender o mecanismo endócrino da regulação da pressão arterial (sistema renina- angiotensina-aldosterona). Sistema rim-líquidos corporais para o controle da pressão arterial ↠ O controle a longo prazo da pressão arterial está intimamente relacionado à homeostasia do volume de líquido corporal, determinado pelo balanço entre ingestão e a eliminação de líquido (GUYTON, 13ª ed.). ↠ O sistema rim-líquidos corporais para o controle da pressão arterial atua lenta, mas poderosamente, como se segue: se o volume sanguíneo aumenta e a capacitância vascular não é alterada, a pressão arterial se elevará também. Essa elevação faz com que os rins excretem o volume excessivo, normalizando, assim, a pressão (GUYTON, 13ª ed.). O AUMENTO DO VOLUME DE LÍQUIDO PODE ELEVAR A PRESSÃO ARTERIAL POR AUMENTAR O DÉBITO CARDÍACO OU A RESISTÊNCIA PERIFÉRICA TOTAL O mecanismo geral pelo qual o aumento do volume do líquido extracelular pode elevar a pressão arterial, se a capacidade vascular não for aumentada ao mesmo tempo, é mostrado na figura abaixo (GUYTON, 13ª ed.). A IMPORTÂNCIA DO SAL (NACL) NO ESQUEMA RIM-LÍQUIDOS CORPORAIS PARA O CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL Estudos experimentais mostraram que o aumento da ingestão de sal tem probabilidade muito maior de elevar a pressão arterial que a elevação da ingestão de água. O motivo desse achado é que a água pura é normalmente excretada pelos rins, com quase a mesma rapidez com que é ingerida, o que não ocorre com o sal. O acúmulo de sal no corpo também eleva, de modo indireto, o volume de líquido extracelular por dois motivos básicos: (GUYTON, 13ª ed.). ➢ Quando ocorre excesso de sal no líquido extracelular, a osmolalidade do líquido aumenta, o que estimula o centro da sede no encéfalo, fazendo com que a pessoa beba quantidade maior de água para normalizar a concentração extracelular de sal. Isso eleva o volume do líquido extracelular. ➢ O aumento da osmolalidade, causado pelo sal em excesso no líquido extracelular, estimula também o mecanismo secretor do hipotálamo-hipófise posterior, que passa a liberar maior quantidade de hormônio antidiurético. Esse hormônio faz com que os rins reabsorvam quantidade muito aumentada de água pelos túbulos renais, reduzindo o volume excretado de urina e elevando o volume do líquido extracelular. Assim, por essas razões importantes, a quantidade de sal acumulada no corpo é o principal determinante do volume do líquido extracelular. Como apenas pequenos aumentos do volume do líquido extracelular e do sangue podem, com frequência, elevar muito a pressão arterial, se a capacidade vascular não aumentar ao mesmo tempo, o acúmulo extra de pequena quantidade de sal no corpo pode acarretar elevação considerável da pressão arterial. Entretanto, isso somente é verdade quando a acumulação de excesso de sal leva a um aumento no volume sanguíneo e se, ao mesmo tempo, não eleva a capacidade vascular (GUYTON, 13ª ed.). O sistema renina-angiotensina: seu papel no controle da pressão arterial ↠ Além da capacidade dos rins de controlar a pressão arterial por meio de alterações do volume do líquido extracelular, os rins têm também outro potente mecanismo de controle da pressão: o chamado sistema renina-angiotensina (GUYTON, 13ª ed.). ↠ A renina é enzima proteica liberada pelos rins quando a pressão arterial cai para níveis muito baixos. Sua resposta consiste em elevar a pressão arterial de diversos modos, contribuindo para a correção da queda inicial da pressão (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Os estímulos que ativam a via SRA são todos relacionados direta ou indiretamente à baixa pressão arterial: (SILVERTHORN, 7ª ed.). ➢ As células granulares são sensíveis à pressão arterial. Elas respondem à baixa pressão arterial nas arteríolas renais, secretando renina. APG 27 2 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ➢ Os neurônios simpáticos, ativados pelo centro de controle cardiovascular quando a pressão arterial diminui, terminam nas células granulares e estimulam a secreção de renina. ➢ A retroalimentação parácrina – da mácula densa no túbulo distal para as células granulares – estimula a liberação de renina. Quando o fluxo de líquido através do túbulo distal é alto, as células da mácula densa liberam sinais parácrinos, que inibem a liberação de renina. Quando o fluxo de líquido no túbulo distal diminui, as células da mácula densa sinalizam para as células granulares secretarem renina. COMPONENTES DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA ↠ A renina é sintetizada e armazenada em forma inativa chamada pró-renina nas células justaglomerulares (células JG) dos rins. As células JG são células musculares lisas modificadas, situadas principalmente nas paredes das arteríolas aferentes imediatamente proximais aos glomérulos (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Quando a pressão arterial cai, reações intrínsecas dos rins fazem com que muitas das moléculas de pró-renina nas células JG sejam clivadas, liberando renina. A maior parte da renina é liberada no sangue que perfunde os rins para circular pelo corpo inteiro. Entretanto, pequenas quantidades de renina permanecem nos líquidos locais dos rins onde exercem diversas funções intrarrenais (GUYTON, 13ª ed.). ↠ A renina é enzima, e não substância vasoativa. Ela age enzimaticamente sobre outra proteína plasmática, a globulina referida como substrato de renina (ou angiotensinogênio), liberando peptídeo com 10 aminoácidos, a angiotensina I. A angiotensina I tem ligeiras propriedades vasoconstritoras, mas não suficientes para causar alterações significativas na função circulatória. A renina persiste no sangue por 30 minutos a 1 hora e continua a causar a formação de angiotensina durante todo esse tempo (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Alguns segundos após a formação de angiotensina I, dois aminoácidos adicionais são removidos da angiotensina I, formando o peptídeo de oito aminoácidos angiotensina II. Essa conversão ocorre, em grande parte, nos pulmões, enquanto o sangue flui por seus pequenos vasos catalisados pela enzima conversora de angiotensina presente no endotélio dos vasos pulmonares. Outros tecidos, tais como rins e vasos sanguíneos, também contêm enzimas conversoras e, portanto, formam localmente angiotensina II (GUYTON, 13ª ed.). ↠ A angiotensina II é vasoconstritor extremamente potente, e ela afeta a função circulatória por outros modos. Entretanto, ela persiste no sangue por apenas 1 ou 2 minutos por ser rapidamente inativada por múltiplas enzimas sanguíneas e teciduais, coletivamente chamadas de angiotensinases (GUYTON, 13ª ed.). ↠ A angiotensina II exerce dois efeitos principais capazes de aumentar a pressão arterial. O primeiro, a vasoconstrição em muitas áreas do corpo, ocorre com muita rapidez. A vasoconstrição se dá, de modo muito intenso, nas arteríolas e com intensidade muito menor nas veias. A constrição das arteríolas aumenta a resistência periférica total, elevando, dessa forma, a pressão arterial. Além disso, a leve constrição das veias promove o aumento do retorno venoso do sangue para o coração, contribuindo para o maior bombeamento cardíaco contra a pressão elevada (GUYTON, 13ª ed.). ↠ O segundo meio principal, pelo qual a angiotensina II eleva a pressão arterial, é a diminuição da excreção de sal e de água pelos rins. Essa ação eleva lentamente o volume do líquido extracelular, o que aumenta a pressão 3 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck arterial durante as horas e dias subsequentes. Esse efeito a longo prazo, agindo pelo mecanismo de controle do volume do líquido extracelular, é ainda mais potente que a vasoconstrição aguda na elevação eventual da pressão arterial (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Quando a ANG II no sangue alcança a glândula suprarrenal,ela estimula a síntese e a liberação da aldosterona. Por fim, no néfron distal, a aldosterona desencadeia as reações intracelulares que estimulam a reabsorção de Na+ pelo túbulo renal (SILVERTHORN, 7ª ed.). O PAPEL DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA NA MANUTENÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL NORMAL A DESPEITO DE GRANDES VARIAÇÕES NA INGESTÃO DE SAL ↠ Uma das mais importantes funções do sistema renina- angiotensina é a de permitir que a pessoa ingira quantidades muito pequenas ou muito grandes de sal, sem apresentar grandes variações do volume do líquido extracelular ou da pressão arterial (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Essa função é explicada pelo esquema abaixo, que mostra o efeito inicial do aumento da ingestão de sal como sendo o de elevar o volume do líquido extracelular que, por sua vez, aumenta a pressão arterial. Então, a pressão arterial elevada aumenta o fluxo sanguíneo pelos rins, além de outros efeitos, reduz a secreção de renina para nível muito mais baixo e provoca, sequencialmente, a redução da retenção renal de sal e água, a quase normalização do volume do líquido extracelular e, por fim, a quase normalização da pressão arterial (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Assim, o sistema renina-angiotensina é mecanismo de feedback automático, que contribui para a manutenção da pressão arterial em níveis próximos aos normais, mesmo quando a ingestão de sal é aumentada. Ao contrário, quando a ingestão de sal diminui para abaixo da normal ocorrem efeitos opostos (GUYTON, 13ª ed.). Para enfatizar a eficácia do sistema renina-angiotensina no controle da pressão arterial quando o sistema funciona normalmente, a pressão se eleva por não mais do que 4 a 6 mmHg em resposta ao aumento de 100 vezes na ingestão de sal. Ao contrário, quando o sistema renina- angiotensina é bloqueado e impede-se a supressão habitual da formação de angiotensina, o mesmo aumento da ingestão de sal provoca, às vezes, elevação de até 10 vezes maior da pressão, até 50 a 60 mmHg. Quando se reduz a ingestão de sal até apenas 1/10 parte do normal, a pressão arterial quase não se altera enquanto o sistema renina-angiotensina funciona normalmente. Entretanto, se a formação de angiotensina II é bloqueada com um inibidor da enzima conversora da angiotensina, a pressão arterial reduz-se de forma importante ao diminuir a ingestão de sal. Assim, o sistema renina-angiotensina é talvez o sistema mais potente do organismo para acomodar amplas variações na ingestão de sal, com alterações mínimas na pressão arterial (GUYTON, 13ª ed.). ANGIOTENSINA II ↠ A angiotensina II é um hormônio notável, com efeitos adicionais que levam ao aumento da pressão arterial. Essas ações fazem da ANG II um hormônio importante por si só, não meramente como uma etapa intermediária na via de controle da aldosterona (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A angiotensina II tem efeitos significativos no equilíbrio hídrico e na pressão arterial, além de estimular a secreção de aldosterona, demonstrando a função integrada dos sistemas renal e circulatório. A ANG II aumenta a pressão Alterações na pressão arterial média durante alterações crônicas na ingestão de sódio em cães normais de controle e em cães tratados com um inibidor da enzima conversora da angiotensina (ACE) para bloquear a formação de angiotensina II (Ang II) ou infundidos com Ang II para evitar a supressão de Ang II. A ingestão de sódio foi aumentada por etapas desde um nível baixo de 5 mmol/dia a 80, 240 e 500 mmol/dia durante 8 dias em cada nível. 4 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck arterial tanto direta quanto indiretamente através de cinco mecanismos adicionais: (SILVERTHORN, 7ª ed.). ➢ A ANG II aumenta a secreção de vasopressina. Receptores de ANG II no hipotálamo iniciam este reflexo. A retenção de líquido nos rins sob a influência da vasopressina ajuda a conservar o volume sanguíneo, mantendo, assim, a pressão arterial. ➢ A ANG II estimula a sede. A ingestão de líquido é uma resposta comportamental que aumenta o volume sanguíneo e eleva a pressão arterial. ➢ A ANG II é um dos mais potentes vasoconstritores conhecidos em seres humanos. A vasoconstrição faz a pressão arterial aumentar sem que ocorra mudança no volume sanguíneo. ➢ A ativação de receptores de ANG II no centro de controle cardiovascular aumenta a estimulação simpática do coração e dos vasos sanguíneos. A estimulação simpática aumenta o débito cardíaco e a vasoconstrição, os quais aumentam a pressão arterial. ➢ A ANG II aumenta a reabsorção de Na+ no túbulo proximal. ➢ A ANG II estimula um transportador apical, o trocador Na+-H+ (NHE). A reabsorção de sódio no túbulo proximal é seguida pela reabsorção de água, de forma que o efeito resultante é a reabsorção isosmótica do líquido, conservando volume. ➢ A angiotensina promove constrição das arteríolas renais, o que diminui o fluxo sanguíneo pelos rins. O lento fluxo sanguíneo reduz a pressão nos capilares peritubulares, provocando a rápida reabsorção de líquido pelos túbulos (GUYTON, 13ª ed.). ➢ Angiotensina II é também um dos mais potentes estimuladores da secreção de aldosterona pelas glândulas suprarrenais (GUYTON, 13ª ed.). Uma vez que esses efeitos de aumento da pressão causados pela ANG II se tornaram conhecidos, não foi uma surpresa as companhias farmacêuticas começarem a buscar por fármacos que bloqueassem a ANG II. Essas pesquisas resultaram no desenvolvimento de uma nova classe de fármacos anti-hipertensivos, chamados de inibidores da ECA. Esses medicamentos bloqueiam a conversão de ANG I em ANG II mediada pela ECA, ajudando, assim, a relaxar os vasos sanguíneos e baixar a pressão arterial (SILVERTHORN, 7ª ed.). Entretanto, os inibidores da ECA causam efeitos colaterais em alguns pacientes. A ECA inativa uma citocina chamada de bradicinina. Quando a ECA é inibida por medicamentos, os níveis de bradicinina aumentam, e, em alguns pacientes, isso produz uma tosse seca. Uma solução foi o desenvolvimento de fármacos chamados de bloqueadores dos receptores de angiotensina, que bloqueiam os efeitos da ANG II sobre a pressão arterial ligando-se aos receptores AT1 (SILVERTHORN, 7ª ed.). RAPIDEZ E INTENSIDADE DA RESPOSTA PRESSÓRICA VASOCONSTRITORA AO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA ↠ A figura abaixo mostra experimento, demonstrando o efeito da hemorragia sobre a pressão arterial em duas condições distintas: com funcionamento do sistema renina-angiotensina; e sem seu funcionamento (o sistema foi interrompido por anticorpo bloqueador de renina). Note que, após a hemorragia - suficiente para causar diminuição da pressão arterial para 50 mmHg -, a pressão arterial se elevou novamente para 83 mmHg, quando o sistema renina-angiotensina estava funcional. Ao contrário, elevou- se apenas para 60 mmHg quando o sistema estava bloqueado (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Esse fenômeno mostra que o sistema renina- angiotensina é suficientemente potente para elevar a pressão arterial, no mínimo, até a metade do normal alguns minutos após hemorragia intensa. Portanto, em alguns casos, esse pode ser o mecanismo salvador da vida para o corpo, em especial no choque circulatório. Note também que o sistema vasoconstritor renina- angiotensina precisa de cerca de 20 minutos para ser ativado. Desse modo, seu controle da pressão arterial é mais lento que os reflexos nervosos e o sistema simpático norepinefrina-epinefrina (GUYTON, 13ª ed.). A ALDOSTERONA CONTROLA O EQUILÍBRIO DO SÓDIO A reabsorção de sódio não aumenta diretamente a baixa pressão arterial, mas a retenção de Na+ aumenta a osmolalidade, o que estimula a sede. Quando a pessoa bebe mais líquido, o volume do LEC aumenta. Quando o volume do sangue aumenta, a pressão arterial também aumenta (SILVERTHORN, 7ª ed.). EQUILÍBRIO DO SÓDIO E DO VOLUME DO LEC A adição de NaCl no corpo aumenta a osmolalidade. Este estímulodesencadeia duas respostas: a secreção de vasopressina e a sede. A 5 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck vasopressina liberada faz os rins conservarem água (por reabsorção de água do filtrado) e concentrarem a urina (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A regulação dos níveis sanguíneos de Na+ ocorre através de uma das vias endócrinas mais complicadas do corpo humano. A reabsorção de Na+ nos túbulos distais e ductos coletores renais é regulada pelo hormônio esteroide aldosterona: quanto mais a aldosterona, maior a reabsorção de Na+. Devido a uma das ações da aldosterona ser o aumento da atividade da Na+-K+- ATPase, ela também promove a secreção de K+. (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A aldosterona é um hormônio esteroide sintetizado no córtex da glândula suprarrenal, a porção externa da glândula que se situa no topo de cada rim. Assim como outros hormônios esteroides, a aldosterona é secretada no sangue e transportada por uma proteína carreadora até seu alvo. O sítio primário da ação da aldosterona é o último terço do túbulo distal e a porção do ducto coletor que percorre o córtex do rim (o ducto coletor cortical). O alvo primário da aldosterona são as células principais (células P) (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A aldosterona entra nas células P por difusão simples. Uma vez em seu interior, ela se liga a um receptor citoplasmático. Na fase inicial da sua ação, canais de Na+ e K+ na membrana apical aumentam seu tempo de abertura sob a influência de uma molécula sinalizadora ainda não identificada (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Com o aumento dos níveis intracelulares de Na+, a atividade da Na+-K+-ATPase aumenta, transportando o Na+ citoplasmático para o LEC e captando do LEC para o interior da célula P. O resultado é um rápido aumento da reabsorção de Na+ e da secreção de K+ que não requer a síntese de novos canais ou proteínas ATPase. Na fase mais lenta da ação da aldosterona, canais e bombas recém-sintetizados são inseridos na membrana das células epiteliais (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Observe que a resbasorção de Na+ e água é regulada separadamente no néfron distal. A água não segue automaticamente a reabsorção do Na+: a vasopressina precisa estar presente para tornar o epitélio do néfron distal permeável à água. Em contrapartida, a reabsorção do Na+ no túbulo proximal é automaticamente seguida pela reabsorção da água, pois o epitélio do túbulo proximal é sempre livremente permeável à água (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Existem dois estímulos principais que controlam a secreção fisiológica da aldosterona: o aumento da concentração extracelular de K+ e a queda da pressão sanguínea. Níveis elevados de K+ atuam diretamente sobre o córtex da glândula suprarrenal em um reflexo que protege o corpo da hipercalemia. O decréscimo da pressão sanguínea ativa uma via complexa, o que resulta na liberação de um hormônio, a angiotensina II, que estimula a secreção de aldosterona em muitas situações (SILVERTHORN, 7ª ed.). 6 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck EQUILÍBRIO DO POTÁSSIO ↠ A aldosterona (mas não outros componentes do SRA) exerce um papel fundamental na homeostasia do potássio. Apenas cerca de 2% da carga de K+ no corpo está presente no LEC, porém mecanismos reguladores mantêm a concentração plasmática de K+ em uma faixa bastante estreira (3,5-5 mEq/L) (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Sob condições normais, o balanço das massas iguala a excreção de K+ com a sua ingestão. Se a ingestão excede a excreção e o K+ no plasma aumenta, a aldosterona é liberada para o sangue pelo efeito direto da hipercalemia no córtex da glândula suprarrenal. A ação da aldosterona sobre as células P do néfron distal mantém os canais iônicos dessas células abertos por mais tempo e aumenta a atividade da bomba Na+-K+-ATPase, aumentando a excreção renal de K+ (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A regulação dos níveis de potássio no corpo é essencial para a manutenção de um estado de bem-estar. Mudanças nos níveis extracelulares de K+ afetam o potencial de repouso da membrana de todas as células. Se a concentração plasmática (e do LEC) de K+ diminui (hipocalemia), o gradiente de concentração entre a célula e o LEC torna-se maior, mais K+ deixa a célula, e o potencial de repouso da membrana torna-se mais negativo. Se a concentração de K+ no LEC aumenta (hipercalemia), o gradiente de concentração diminui e mais K+ permanence nas células, despolarizando-as. (Lembre-se que quando a concentração plasmática de K+ se altera, ânions, como o Cl-, também são adicionados ou removidos do LEC em uma relação 1:1, mantendo a neutralidade elétrica geral.) (SILVERTHORN, 7ª ed.). Devido a seus efeitos em tecidos excitáveis, como o coração, os médicos estão sempre preocupados em manter a concentração plasmática de K+ dentro de sua faixa normal. Se a concentração de K+ cai abaixo de 3 mEq/L ou sobe acima de 6 mEq/L, os tecidos excitáveis musculares e nervosos começam a apresentar alterações em suas funções. Por exemplo, a hipocalemia causa fraqueza muscular, uma vez que é mais difícil para neurônios e músculos hiperpolarizados dispararem potenciais de ação. O perigo dessa condição está na insuficiência dos músculos respiratórios e do coração. Felizmente, a fraqueza do músculo esquelético geralmente é significativa o bastante para levar os pacientes a buscarem tratamento antes que ocorram problemas cardíacos. A hipocalemia moderada pode ser corrigida por meio da ingestão oral de suplementos e alimentos ricos em K+, como suco de laranja e bananas (SILVERTHORN, 7ª ed.). A hipercalemia é o distúrbio de potássio mais perigoso, porque, neste caso, a despolarização dos tecidos excitáveis os torna mais excitáveis inicialmente. Subsequentemente, as células são incapazes de se repolarizar completamente e, na verdade, tornam-se menos excitáveis. Nesse estado, elas apresentam potenciais de ação que são menores do que o normal ou inexistentes. Alterações na excitabilidade do músculo cardíaco devido a alterações na concentração plasmática de K+ podem levar a arritmias cardíacas (SILVERTHORN, 7ª ed.). IMPORTANTE Desse modo, tanto o efeito direto da angiotensina sobre os rins quanto seu efeito por meio da aldosterona são importantes no controle da pressão arterial a longo prazo. Entretanto, uma pesquisa em nosso laboratório sugeriu que o efeito direto da angiotensina sobre os rins seja talvez três ou mais vezes mais potente que o efeito indireto por meio da aldosterona - embora este seja o mais conhecido (GUYTON, 13ª ed.). Análise Quantitativa das Alterações da Pressão Arterial Causadas pela Angiotensina II A figura abaixo mostra a análise quantitativa do efeito da angiotensina sobre o controle da pressão arterial. Essa figura mostra duas curvas da função renal, bem como a linha representativa no nível normal da ingestão de sódio. A curva da função renal da esquerda foi obtida em cães, cujo sistema renina angiotensina havia sido bloqueado pelo fármaco inibidor da enzima conversora de angiotensina, que bloqueia a conversão de angiotensina I em angiotensina II. A curva da direita foi obtida em cães infundidos continuamente com angiotensina II, em nível cerca de 2,5 vezes maior que o normal de formação de angiotensina no sangue. Note o desvio da curva de débito renal para níveis mais elevados de pressão sob a influência da angiotensina II. Esse desvio é causado pelos efeitos diretos da angiotensina II sobre os rins e pelo efeito indireto por meio da secreção de aldosterona, conforme já explicado (GUYTON, 13ª ed.). Por fim, note os dois pontos de equilíbrio, o primeiro na ausência de angiotensina, correspondendo à pressão arterial de 75 mmHg, e o segundo, sob níveis elevados de angiotensina, correspondente à pressão arterial de 115 mmHg. Como consequência, a retenção de sal e de água, causada pela angiotensina,pode ter efeito potente de provocar a elevação crônica da pressão arterial (GUYTON, 13ª ed.). 7 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck TIPOS DE HIPERTENSÃO EM QUE OCORRE PARTICIPAÇÃO DA ANGIOTENSINA: HIPERTENSÃO CAUSADA POR UM TUMOR SECRETOR DE RENINA OU POR ISQUEMIA RENAL Ocasionalmente, ocorre um tumor das células JG secretoras de renina, secretando enorme quantidade dessa substância; como consequência, é formada quantidade igualmente grande de angiotensina II. Em todos os pacientes, nos quais esse fenômeno ocorreu, desenvolveu-se hipertensão grave (GUYTON, 13ª ed.). Hipertensão de Goldblatt de “Rim Único” Quando um dos rins é removido e um constritor é colocado na artéria renal do rim remanescente, o efeito imediato é a pressão muito diminuída na artéria renal além do constritor, como indicado pela linha tracejada na figura. Então, após segundos a minutos, a pressão arterial sistêmica começa a se elevar, o que continua a acontecer durante muitos dias. A pressão, em geral, aumenta rapidamente na primeira hora mais ou menos, e esse efeito é seguido por elevação adicional mais lenta durante os dias seguintes. Quando a pressão arterial sistêmica atinge seu novo nível estável, a pressão arterial renal (a curva tracejada na figura) estará praticamente normalizada. A hipertensão provocada por esse meio é designada como hipertensão de Goldblatt de “rim único”, em homenagem ao Harry Goldblatt, que foi o primeiro a estudar as características quantitativas importantes da hipertensão ocasionada por constrição da artéria renal (GUYTON, 13ª ed.). A elevação inicial da pressão arterial na hipertensão de Goldblatt é causada pelo mecanismo vasoconstritor da renina-angiotensina, isto é, devido ao baixo fluxo sanguíneo pelo rim após a constrição aguda da artéria renal, grande quantidade de renina é secretada pelo rim, como mostrado pela curva mais inferior (GUYTON, 13ª ed.). A segunda elevação da pressão arterial é causada pela retenção de sal e de água pelo rim isquêmico (que também é estimulado pela angiotensina II e pela aldosterona). Em 5 a 7 dias, o volume do líquido corporal aumenta o suficiente para elevar a pressão arterial até seu novo nível estável. O valor quantitativo desse novo nível da pressão é determinado pelo grau de constrição da artéria renal, isto é, a pressão aórtica deve se elevar até que a pressão arterial distal ao constritor seja suficiente para provocar débito urinário normal (GUYTON, 13ª ed.). Hipertensão Causada por Rins Doentes que Secretam Cronicamente Renina Com frequência, áreas focais, em um ou em ambos os rins, ficam patologicamente isquêmicas devido a constrições vasculares locais ou infartos, enquanto outras áreas dos rins estão normais. Quando essa situação ocorre, efeitos quase idênticos aos da hipertensão de Goldblatt de dois rins se desenvolvem, isto é, o tecido focal isquêmico secreta renina, que, por sua vez, agindo por meio da formação de angiotensina II, faz com que a massa renal remanescente retenha sal e água. De fato, uma das causas mais comuns de hipertensão renal especialmente em pessoas idosas é essa doença renal isquêmica focal (GUYTON, 13ª ed.). Artigos ARTIGO: Covid-19 e o sistema renina, angiotensina, aldosterona. Uma relação complexa (BARREIRO et. al.., 2020). Uma revisão da literatura foi realizada no PubMed no período entre 1º de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020, com a palavra COVID-19, alternadamente combinada com ACE-2, ACE-Inibidores, ARB e RAAS. 8 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Um aspecto interessante das discussões científicas é que o interesse no conhecimento dos mecanismos de ação viral ressurgiu e assumiu importância recente, lembrando que a penetração do vírus na célula, especialmente o endotélio pulmonar, mas também os vasos renais, intestinais e sanguíneos, é feito pelo caminho do receptor de conversão de angiotensina tipo 2 (ACE-2) e isso levou a discussões sobre a relevância do uso de drogas que atuam no sistema de renina angiotensina aldosterona (RAAS), em condições da pandemia atual. Porque foi publicado que o vírus SARS-CoV2 requer a formação de um complexo com o receptor ACE-2 para penetrar na célula endotelial principalmente no nível pulmonar, preocupação relacionada ao uso de inibidores de enzimas conversores de angiotensina (ACEis) ou bloqueadores receptores de angiotensina (BRAT) imediatamente apareceram desde que se sabe que, pelo menos em animais que ambas as drogas aumentam o número de receptores ACE-2. Como há um maior número de receptores ACE-2, em teoria a infecção celular pelo vírus seria facilitada primeiro e o que é, ainda pior, que a gravidade da infecção poderia ser maior em pacientes tratados com essas drogas. Como se sabe, a hipertensão é atualmente uma das principais comorbidades em pacientes graves com COVID-19 e milhões de pacientes estão sendo tratados com inibidores ace ou BRAT. CONCLUSÃO: No momento e na ausência de evidências de estudos comparativos, especialistas e sociedades médicas concordam e recomendam que, qualquer paciente que esteja tomando medicamentos que agem no RAAS seja para hipertensão, síndromes isquêmicas coronárias e especialmente insuficiência cardíaca, não deve suspendê-los devido ao COVID- 19, mas também é recomendado que em pacientes que não as estejam tomando, não são prescritos por causa do COVID-19. O raciocínio ético baseia-se no fato de que os benefícios do uso desses medicamentos em suas indicações aceitas são bem demonstrados com evidências sólidas, enquanto o dano ou benefício de seu uso em pacientes com COVID-19 são atualmente hipóteses, sem evidências razoáveis para apoiá-los. Uma das lições que reitera essa relação entre o COVID-19 e o RAAS é o fato de que a biologia não segue as leis humanas da lógica geral ou do "senso comum", como seria pensar de forma "muito lógica", que se o vírus precisa entrar na célula do receptor ACE-2, e a expressão por drogas é aumentada, aumenta as chances do vírus infectar e prejudicar" e que a tentação de interpretar a saúde/doença com esses instrumentos "lógicos" ou "intuitivos", tão utilizados por vários séculos pela Medicina e atualmente por poucos leigos. Com uma doença de impacto catastrófico, como o COVID-19 para o qual nenhuma vacina foi desenvolvida, nem tratamento específico, desespero e bom desejo, predispõe aceitar hipóteses atraentes como as descritas e isso resulta em um erro que pode ser muito perigoso e expressa a prática de um pensamento baseado em ocorrências e talvez bons desejos, mas isso não tem lugar, em um pensamento educado em ciência e que baseia, em particular, suas decisões profissionais na melhor evidência disponível. ARTIGO: Tratamento direcionado ao sistema renina- angiotensina-aldosterona na obesidade (MACEDO, A. V. S., 2020). Adipócitos são uma rica fonte de angiotensinogênio, angiotensina I e enzima conversora de angiotensina, contribuindo para a produção de angiotensina II. A geração desses hormônios é aditiva aos componentes do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) produzidos sistemicamente. A obesidade é caracterizada pela ativação excessiva do SRAA. Esta ativação tem muitas implicações relativas à estrutura e à função cardíaca. A mais crítica é o efeito vasoconstritor da angiotensina II, que causa o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) em pacientes obesos, além de induzir o aumento da pós-carga do VE em indivíduos normotensos obesos. A angiotensina II atua como um fator de crescimento que afeta tanto o músculo liso vascular quanto o miocárdio. Portanto, a ativação excessiva do SRAA influencia o desenvolvimento de hipertrofia miocárdica e do músculo liso vascular. Quadros relacionados à ativação do SRAA têm sido associadas com doenças metabólicas e do coração. A ativação do SRAA também parece promoverresistência à insulina e hiperinsulinemia por meio de vários mecanismos. Este cenário pode levar a um aumento da atividade do sistema nervoso simpático (SNS), contribuindo ainda mais para o desenvolvimento da hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA) são frequentemente usados para tratar a hipertensão associada à obesidade. A obesidade é uma doença crônica e complexa baseada em adiposidade, cujo controle é direcionado tanto às complicações relacionadas ao peso quanto à adiposidade para melhorar a saúde geral. A perda de peso voluntária e substancial pode reverter muitas das alterações hemodinâmicas, neuro- hormonais e metabólicas associadas à obesidade. Intervenções médicas, como o uso de BRA, juntamente com a perda de peso, podem resultar em reversão do remodelamento cardíaco e melhorar a função ventricular e a qualidade de vida de pacientes obesos. ARTIGO: Polimorfismos genéticos do sistema renina- angiotensina-aldosterona na doença arterial coronariana e na hipertensão arterial sistêmica (SILVA; RIOS, 2012). Já que a hipertensão surge como um fator de risco para as doenças cardiovasculares, o SRAA também está relacionado com estas doenças. Os rins são os órgãos responsáveis por 9 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck este mecanismo enzimático/hormonal do SRAA, estando assim, relacionado diretamente com a regulação da pressão-arterial. Quando a pressão cai até valores abaixo do normal, os rins secretam a substância renina para o sangue. Portanto, qualquer disfunção neste sistema, ocasiona uma desregulação, no caso, um aumento na síntese dos componentes desta cascata, fazendo com que a pressão aumente além do normal, causando o estado patológico de hipertensão. De fato, níveis plasmáticos elevados de angiotensinogênio estão associados ao aumento nos níveis de pressão arterial. Devido à grande relação já citada do SRAA com a hipertensão e DAC, polimorfismos em genes candidatos deste sistema, bem como, polimorfismos do gene da enzima conversora da angiotensina I (ECA) e do gene do Angiotensinogênio (AGT) têm sido extensivelmente analisados como determinantes genéticos destas doenças. O gene da ECA está localizado no cromossomo 17q23, possuindo 17kb, incluindo 26 éxons e 25 íntrons. A clonagem e sequenciamento do gene da ECA revelaram um polimorfismo de Inserção/Deleção de 287pb no íntron 16, que parece afetar as atividades séricas da Enzima. O gene do angiotensinogênio humano foi localizado no cromossomo 1q42-3 e é composto por cinco éxons e quatro íntrons distribuídos em 13kb de sequências genômicas. Um polimorfismo dentro do éxon 2 leva a troca de metionina por treonina na posição 235 (M235T) e foi significantemente associado com o risco de hipertensão. ARTIGO: Sistema renina-angiotensina-aldosterona e sua modulação farmacológica (GIESTAS et. al., 2010) A desregulação do SRAA desempenha um papel importante na patogênese de doenças renais, cardiovasculares e na hipertensão arterial (HTA). Existe ainda um heptapéptido [Ang. (1-7)] formado a partir da Ang.I ou da clivagem da porção C-terminal da Ang.II, por ação de carboxipeptidases, uma das quais possui homologia estrutural com a ECA, designando-se ECA2. Ao contrário da ECA, esta enzima leva à formação de péptidos com efeitos predominantemente vasodilatadores, nomeadamente, a Ang. (1- 7), a qual actua em receptores específicos (receptor, Mas) que exercem uma acção vasodilatadora e cardioprotectora. Os efeitos vasoconstritores da Ang.II devem-se à sua ligação aos receptores tipo 1, porém, já foram identificados até à data quatro tipos diferentes de receptores de angiotensina. Os receptores tipo 1 (AT1-R) medeiam a maioria dos efeitos fisiológicos e patofisiológicos atribuídos à Ang. II. O envolvimento do SRAA em lesões cardiovasculares e renais prova que os aumentos de renina e angiotensina II exercem feitos deletérios em vários órgãos. O tratamento com agentes moduladores do SRAA vai permitir uma proteção cardio-renal resultante da ativação patológica do SRAA. A abordagem terapêutica farmacológica sobre o SRAA pode ser efetuada em várias etapas da sua cascata. Bloqueadores Beta O bloqueio dos receptores simpáticos β1 justaglomerulares inibe a libertação da renina, havendo uma redução de 75% dos níveis de renina no plasma. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) 10 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck A descoberta, nos anos 60, de um péptido (teprotide) extraído do veneno de uma cobra (Bothrops jararaca) capaz de inibir a ECA, permitiu o primeiro grande desenvolvimento da terapêutica moderna na modulação do SRAA. O bloqueio da ECA a curto prazo leva à redução dos níveis de Ang. II, aldosterona e atividade do SNS, mas por perda do mecanismo de feedback negativo vai haver um aumento da renina e da Ang. I. No entanto, a longo prazo, as concentrações plasmáticas de Ang. II e aldosterona normalizam devido ao escape à ECA através da via alternativa18. Os IECA induzem vários efeitos protetores cardiovasculares, como a diminuição da pré-carga e pós-carga. Antagonistas dos Receptores da Angiotensina II (ARA II) Os receptores da Ang. II tipo 1 medeiam a maioria dos efeitos deletérios da Ang. II, responsáveis pela lesão dos órgãos-alvo. Os ARAII, desenvolvidos desde o início dos anos 90, atuam como antagonistas seletivos destes receptores, sem afetar os outros subtipos de receptores, e permitem estimulação adicional dos receptores tipo 2 através do aumento da Ang. II com efeitos benéficos cardíacos, renais e do endotélio vascular. Inibidores da Aldosterona A aldosterona ao ligar-se aos seus receptores distribuídos no organismo (miocárdio, vasos arteriais, rim) vai promover retenção de sódio e água contribuindo para a formação de edema em casos de hiperaldosteronismo. Favorece também a excreção de potássio e magnésio, o que aumenta a probabilidade de arritmias em situações de desregulação do SRAA e estimula ainda a deposição de colágeno causando fibrose do miocárdio e dos vasos. A espironolactona exerce um efeito antagonista competitivo sobre o receptor de aldosterona. Inibidores Diretos da Renina Recentemente surgiu uma nova classe de bloqueadores do SRAA, os inibidores diretos da renina, representados pelo aliscireno e que foi aprovado para uso clínico pela FDA (Food and Drug Administration) em Março de 2007 no tratamento da hipertensão. Este novo fármaco, ao contrário dos IECA e ARAII, diminui a atividade da renina plasmática e ainda as concentrações de Ang. I e II. O aliscireno inibe o SRAA através de dois mecanismos: ligação ao lugar ativo da renina e pró- renina impedindo o acesso do angiotensinogênio à enzima e, redução da expressão do receptor de renina e pró-renina. Referências BARRETO et. al. COVID-19 y el sistema renina, angiotensina, aldosterona. Una relación compleja. Arch. Cardiol. Méx., v. 90, n. 1, 2020. MACEDO, A. V. S. Tratamento direcionado ao sistema renina- angiotensina-aldosterona na obesidade. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 115, n. 1, 2020. SILVA; R. B.; RIOS, D. L. S. Polimorfismos genéticos do sistema renina-angiotensina-aldosterona na doença arterial coronariana e na hipertensão arterial sistêmica. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 10, n. 1, p. 28-40, 2012. GIESTAS et. al.. Sistema renina-angiotensina-aldosterona e sua modulação farmacológica. Acta Med. Port, v. 23, 2010. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017. GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed. Editora Elsevier Ltda., 2017
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