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PV - 3 Série - Livro 1 - Octa Mais-79

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Textos para as questões 2 e 3.
Texto 1
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
CODAX, Martim.
 Verrá: virá.
 Levado: agitado.
Texto 2
1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa 
ser dita ao
2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável 
forma lírica da
3. canção paralelística (...).
4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos 
cancioneiros.
5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas canti-
gas, que fiquei
6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e 
“nula ren”;
7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias 
a San Servando.
8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma 
cantiga.
BANDEIRA, Manuel. 
2 Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.
A Um dos temas mais explorados por esse estilo de época 
é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres 
camponesas.
B Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a 
transição da cultura teocêntrica para a cultura antropo-
cêntrica.
C Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Ida-
de Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, 
época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
D Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a 
função de produzir efeito musical, como também a fun-
ção de facilitar a memorização, já que as composições 
eram transmitidas oralmente.
E Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse 
estilo de época absorveu a influência dos padrões estéti-
cos greco-romanos.
3 Assinale a afirmativa correta sobre o texto 1.
A Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta 
a Deus seu sofrimento amoroso.
B Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a 
Deus para lamentar a morte do ser amado.
C Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta 
às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em 
trágico naufrágio.
D Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às 
ondas do mar para expressar sua solidão.
E Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às 
ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação 
à volta do amado.
4 Endechas à escrava bárbara
Aquela cativa, 
que me tem cativo 
porque nela vivo, 
já não quer que viva. 
Eu nunca vi rosa 
em suaves molhos, 
que para meus olhos 
fosse mais formosa. 
Uma graça viva, 
que neles lhe mora, 
para ser senhora 
de quem é cativa.
Pretos os cabelos, 
onde o povo vão 
perde opinião 
que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
tão doce a figura, 
que a neve lhe jura 
que trocara a cor.
Leda mansidão 
que o siso acompanha; 
bem parece estranha, 
mas bárbara não.
 Endechas: versos em redondilha menor (cinco sílabas).
 Molhos: feixes.
 Vão: fútil. 
 Leda: risonha.
LITERATURA – FRENTE ÚNICA234
ATIVIDADE 3
Trovadorismo: início da literatura em português
2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta amorosa 
das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era considerada:
A responsável pelas contradições e insatisfações do homem.
B símbolo do amor erótico.
C incapaz de levar o homem a atingir o Bem.
D um ser impuro e prejudicial ao homem.
E uma pessoa superior, fonte de virtudes.
 Texto para a questão 5.
Ai dona fea, fostes-vos queixar 
que vos nunca louv’en’[o] meu cantar; 
mais ora quero fazer um cantar 
em que vos loarei todavia; 
e vedes como vos quero loar: 
 dona fea, velha e sandia! 
Dona fea, se Deus mi pardom, 
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia; 
e vedes qual será a loaçom: 
 dona fea, velha e sandia! 
Dona fea, nunca vos eu loei 
em meu trobar, pero muito trobei; 
mais ora já um bom cantar farei 
em que vos loarei todavia; 
e direi-vos como vos loarei: 
 dona fea, velha e sandia!
GUILHADE, João Garcia de. In: Cantigas trovadorescas: seleção de cantigas [livro 
eletrônico]. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 87. (Clássicos Melhoramentos).
 Mais: mas.
 Loarei: louvarei.
 Sandia: louca.
 Havedes: tendes. 
 Coraçom: vontade. 
 Razom: razão (assunto de uma cantiga e a maneira de abordá-lo). 
 Pero: ainda que.
5 Embora haja semelhança no assunto, as cantigas satíricas 
diferem entre si pela forma como fazem a crítica. No caso 
da cantiga de João Garcia de Guilhade, podemos classificá-la 
como uma cantiga de maldizer, porque:
A apesar de não nomear o seu alvo, satiriza empregando 
uma linguagem ofensiva.
B critica seu alvo de forma sutil, sem identificá-lo.
C usa palavras sóbrias e elegantes para denunciar atos cor-
riqueiros da pessoa atacada.
D ridiculariza o comportamento de uma dama que se sen-
tiu ofendida por ter sido assediada pelo trovador.
6 Mar (fragmento)
A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava 
no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos via-
jado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino 
que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies 
de mar: o mar mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a 
marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de 
um lago enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que 
não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. 
A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar 
às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturba-
va ainda mais a imagem. Três lagoas mexendo, esvaziando 
e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de 
espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos.
Rubem Braga
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
e ai Deus, se verrá cedo?
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Martim Codax
 Verrá: virá.
LITERATURA – FRENTE ÚNICA
ATIVIDADE 3
Trovadorismo: início da literatura em português
235
2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (18:04) / KLEBER / PDF GRAFICA
Agora, responda às questões a seguir:
a) Como os demais heróis das novelas medievais, Amadis 
de Gaula era descrito como um jovem belíssimo e incri-
velmente hábil ao empunhar a espada. Os vilões que o 
enfrentaram, por sua vez, eram o oposto disso. Aponte 
as características de Madarque e identifique a função 
delas. 
b) Apesar de ser uma cena de batalha, é possível vislumbrar 
nesse trecho um elemento do amor cortês, pelo qual 
Amadis de Gaula se distingue. Que elemento é esse? 
As questões de 8 a 10 tomam por base uma cantiga do trova-
dor galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema 
“Confessor Medievalˮ, de Cecília Meireles (1901-1964).
Cantiga
Bailemos nós já todas três, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas,
e quen for velida, como nós, velidas,
se amig’amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai irmanas,
so aqueste ramo destas avelanas,
e quem ben parecer, como nós parecemos,
se amig’amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos
e quen ben parecer, como nós parecemos,
so aqueste ramo so lo que bailemos
se amig’amar,
verrá bailar.
SANTIAGO, Airas Nunes de. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura 
Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.
Confessor medieval
(1960)
Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saiade sirgo?
Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?
Irias à bailia sem teu amigo,
Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Irias com ele se te houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu inimigo?
Pode-se afirmar que pertence ao mesmo tipo de poema tro-
vadoresco de “Ondas do mar de Vigo” apenas a alternativa: 
A Dona fea, nunca vos eu loei/en meu trobar, pero muito 
trobei;/mais ora já un bon cantar farei,/en que vos loarei 
toda via;/e direi-vos como vos loarei:/dona fea, velha e 
sandia! (Joan Garcia de Guilhade) 
B Quer’eu en maneira provençal/fazer agora un cantar 
d’amor/e querrei muit’i loar mia senhor, a que prez nem 
fremusura non fal,/nem bondade, e mais vos direi en: 
tanto fez Deus comprida de ben/que mais que todas las 
do mundo val. (D. Dinis) 
C A melhor dona que eu nunca vi,/per bõa fé, nem que oí 
dizer,/e a que Deus fez melhor parecer,/mia senhor est, 
e senhor das que vi,/de mui bom preço e de mui bom 
sem,/per bõa fé, e de tod’outro bem, de quant’eu nunca 
doutra dona oí. (Fernão Garcia Esgaravunha) 
D Quantos ham gram coita d’amor/eno mundo, qual hoj’eu 
hei,/querriam morrer, eu o sei,/e haveriam en sabor;/
mais, mentr’eu vos vir, mia senhor,/sempre m’eu querria 
viver/e atender e atender. (João Garcia de Guilhade) 
E Que coita tamanha ei a sofrer,/por amar amigu’e non o 
ver!/E pousarei sô lo avelanal. (Nuno Fernandes Torneol)
7 Leia o seguinte trecho da novela de cavalaria Amadis de 
Gaula, em versão adaptada ao português moderno por Afonso 
Lopes Vieira, datada de 1922.
E contou-lhe mestre Elisabat de como ali reinava 
Madarque, o gigante cruel de cuja sanha lhe foi dizendo os 
feitos, contra a lei de Cristo cometidos.
Mas a Amadis respeitava limpar o mundo de traição, de 
maldade e de êrro; e, alcançando terra em um batel onde le-
vava o cavalo, foi subindo um escarpado monte, coroado no 
cimo por um castelo. Logo de uma tôrre do alcáçar deu sinal o 
fero som de uma buzina, cujo clamor foi tangendo o recôncavo 
das furnas. Não tardou Madarque em descer a terreiro, e viu-o 
Amadis vestido de aço no possante ginete, trazendo a cabeça 
coberta com uma capelina coruscante e na mão um venáculo 
de guerra.
— Ora me valha aqui minha senhora Oriana! – rezou 
Amadis no íntimo do coração.
E mestre Elisabat ouvira, desde a galera ancorada, o es-
trupido da batalha, que atemorizava os ecos. Enfim rôto dos 
golpes se abatera por terra o gigante Madarque e, vencido 
e repêso, prometera ao vencedor abraçar a lei de Cristo. En-
tão libertara Amadis dos cárceres do castelo os cativos que 
nelas penavam – e agora bemdiziam o salvador!
VIEIRA, Affonso Lopes. O romance de Amadis: composto sobre o Amadis de 
Gaula, de Lobeira. Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1922. p. 178-9. 
LITERATURA – FRENTE ÚNICA236
ATIVIDADE 3
Trovadorismo: início da literatura em português
2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
Agora, responda às questões a seguir:
a) Como os demais heróis das novelas medievais, Amadis 
de Gaula era descrito como um jovem belíssimo e incri-
velmente hábil ao empunhar a espada. Os vilões que o 
enfrentaram, por sua vez, eram o oposto disso. Aponte 
as características de Madarque e identifique a função 
delas. 
b) Apesar de ser uma cena de batalha, é possível vislumbrar 
nesse trecho um elemento do amor cortês, pelo qual 
Amadis de Gaula se distingue. Que elemento é esse? 
As questões de 8 a 10 tomam por base uma cantiga do trova-
dor galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema 
“Confessor Medievalˮ, de Cecília Meireles (1901-1964).
Cantiga
Bailemos nós já todas três, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas,
e quen for velida, como nós, velidas,
se amig’amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai irmanas,
so aqueste ramo destas avelanas,
e quem ben parecer, como nós parecemos,
se amig’amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos
e quen ben parecer, como nós parecemos,
so aqueste ramo so lo que bailemos
se amig’amar,
verrá bailar.
SANTIAGO, Airas Nunes de. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura 
Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.
Confessor medieval
(1960)
Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo?
Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?
Irias à bailia sem teu amigo,
Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Irias com ele se te houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu inimigo?
Pode-se afirmar que pertence ao mesmo tipo de poema tro-
vadoresco de “Ondas do mar de Vigo” apenas a alternativa: 
A Dona fea, nunca vos eu loei/en meu trobar, pero muito 
trobei;/mais ora já un bon cantar farei,/en que vos loarei 
toda via;/e direi-vos como vos loarei:/dona fea, velha e 
sandia! (Joan Garcia de Guilhade) 
B Quer’eu en maneira provençal/fazer agora un cantar 
d’amor/e querrei muit’i loar mia senhor, a que prez nem 
fremusura non fal,/nem bondade, e mais vos direi en: 
tanto fez Deus comprida de ben/que mais que todas las 
do mundo val. (D. Dinis) 
C A melhor dona que eu nunca vi,/per bõa fé, nem que oí 
dizer,/e a que Deus fez melhor parecer,/mia senhor est, 
e senhor das que vi,/de mui bom preço e de mui bom 
sem,/per bõa fé, e de tod’outro bem, de quant’eu nunca 
doutra dona oí. (Fernão Garcia Esgaravunha) 
D Quantos ham gram coita d’amor/eno mundo, qual hoj’eu 
hei,/querriam morrer, eu o sei,/e haveriam en sabor;/
mais, mentr’eu vos vir, mia senhor,/sempre m’eu querria 
viver/e atender e atender. (João Garcia de Guilhade) 
E Que coita tamanha ei a sofrer,/por amar amigu’e non o 
ver!/E pousarei sô lo avelanal. (Nuno Fernandes Torneol)
7 Leia o seguinte trecho da novela de cavalaria Amadis de 
Gaula, em versão adaptada ao português moderno por Afonso 
Lopes Vieira, datada de 1922.
E contou-lhe mestre Elisabat de como ali reinava 
Madarque, o gigante cruel de cuja sanha lhe foi dizendo os 
feitos, contra a lei de Cristo cometidos.
Mas a Amadis respeitava limpar o mundo de traição, de 
maldade e de êrro; e, alcançando terra em um batel onde le-
vava o cavalo, foi subindo um escarpado monte, coroado no 
cimo por um castelo. Logo de uma tôrre do alcáçar deu sinal o 
fero som de uma buzina, cujo clamor foi tangendo o recôncavo 
das furnas. Não tardou Madarque em descer a terreiro, e viu-o 
Amadis vestido de aço no possante ginete, trazendo a cabeça 
coberta com uma capelina coruscante e na mão um venáculo 
de guerra.
— Ora me valha aqui minha senhora Oriana! – rezou 
Amadis no íntimo do coração.
E mestre Elisabat ouvira, desde a galera ancorada, o es-
trupido da batalha, que atemorizava os ecos. Enfim rôto dos 
golpes se abatera por terra o gigante Madarque e, vencido 
e repêso, prometera ao vencedor abraçar a lei de Cristo. En-
tão libertara Amadis dos cárceres do castelo os cativos que 
nelas penavam – e agora bemdiziam o salvador!
VIEIRA, Affonso Lopes. O romance de Amadis: composto sobre o Amadis de 
Gaula, de Lobeira. Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1922. p. 178-9. 
LITERATURA – FRENTE ÚNICA236
ATIVIDADE 3
Trovadorismo: início da literatura em português
2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?
Irias à bailia, já sem teu amigo,
E sem nenhum suspiro?
MEIRELES, Cecília. Poesias completas de Cecília Meireles – v. 8. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.
 Aquestas: estas.
 Frolidas: floridas.
 Velida: formosa.
 Verrá: virá.
 Irmanas: irmãs.
 Aqueste: este.
 Avelanas: avelaneiras.
 Mentr’al: enquanto outras coisas.
 Ben parecer: tiver belo aspecto.
 Sirgo: seda.
8 Tanto na cantiga como no poema de Cecília Meirelesverificam-se diferentes personagens: um eu poemático, 
que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores 
a quem se dirige. Com base nesta informação, releia os dois 
poemas e, a seguir:
a) indique o interlocutor ou interlocutores do eu poemáti-
co em cada um dos textos.
b) identifique, em cada poema, com base na flexão dos 
verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu poemático 
para dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores.
9 A leitura da cantiga de Airas Nunes e do poema “Confes-
sor Medievalˮ, de Cecília Meireles, revela que este poema, 
mesmo tendo sido escrito por uma poeta modernista, apre-
senta intencionalmente algumas características da poesia 
trovadoresca, como o tipo de verso e a construção baseada 
na repetição e no paralelismo. Releia com atenção os dois 
textos e, em seguida, estabeleça as identidades que há entre 
o terceiro verso da cantiga de Airas Nunes e o terceiro verso 
do poema de Cecília Meireles no que diz respeito ao número 
de sílabas e às posições dos acentos.
10 As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-
-se em dois gêneros na poesia trovadoresca: as “cantigas de 
amor”, em que o eu poemático representa a figura do na-
morado (o “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o eu 
poemático representa a figura da mulher amada (a “amiga”) 
falando de seu amor ao “amigo”, por vezes dirigindo-se a 
ele ou dialogando com ele, com outras “amigas” ou, mes-
mo, com um confidente (a mãe, a irmã etc.). De posse desta 
informação:
a) classifique a cantiga de Airas Nunes em um dos dois gê-
neros, apresentando a justificativa dessa resposta.
b) identifique, levando em consideração o próprio título, a 
figura que o eu poemático do poema de Cecília Meireles 
representa.
As questões selecionadas nesta seção são prioritariamente do Enem, mas questões de vestibulares diversos que apresentam caracterís-
ticas semelhantes aos itens do referido exame também foram usadas como recurso para estudo.
 Texto para as questões 1 e 2.
Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai, Deus!, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus!, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
E ai Deus!, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
E ai Deus!, se verrá cedo!
CODAX, Martim. “Ondas do mar de Vigo”. In: Autores diversos. 
Cantigas trovadorescas: seleção de cantigas. [s.l.]: 
Melhoramentos, 2014. (Clássicos Melhoramentos).
LITERATURA – FRENTE ÚNICA
ATIVIDADE 3
Trovadorismo: início da literatura em português
237
2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA

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