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Textos para as questões 2 e 3. Texto 1 Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! CODAX, Martim. Verrá: virá. Levado: agitado. Texto 2 1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao 2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da 3. canção paralelística (...). 4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros. 5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas canti- gas, que fiquei 6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”; 7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando. 8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga. BANDEIRA, Manuel. 2 Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo. A Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas. B Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropo- cêntrica. C Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Ida- de Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis. D Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a fun- ção de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. E Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estéti- cos greco-romanos. 3 Assinale a afirmativa correta sobre o texto 1. A Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso. B Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado. C Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio. D Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão. E Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado. 4 Endechas à escrava bárbara Aquela cativa, que me tem cativo porque nela vivo, já não quer que viva. Eu nunca vi rosa em suaves molhos, que para meus olhos fosse mais formosa. Uma graça viva, que neles lhe mora, para ser senhora de quem é cativa. Pretos os cabelos, onde o povo vão perde opinião que os louros são belos. Pretidão de Amor, tão doce a figura, que a neve lhe jura que trocara a cor. Leda mansidão que o siso acompanha; bem parece estranha, mas bárbara não. Endechas: versos em redondilha menor (cinco sílabas). Molhos: feixes. Vão: fútil. Leda: risonha. LITERATURA – FRENTE ÚNICA234 ATIVIDADE 3 Trovadorismo: início da literatura em português 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta amorosa das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era considerada: A responsável pelas contradições e insatisfações do homem. B símbolo do amor erótico. C incapaz de levar o homem a atingir o Bem. D um ser impuro e prejudicial ao homem. E uma pessoa superior, fonte de virtudes. Texto para a questão 5. Ai dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv’en’[o] meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei todavia; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi pardom, pois havedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero já loar todavia; e vedes qual será a loaçom: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora já um bom cantar farei em que vos loarei todavia; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia! GUILHADE, João Garcia de. In: Cantigas trovadorescas: seleção de cantigas [livro eletrônico]. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 87. (Clássicos Melhoramentos). Mais: mas. Loarei: louvarei. Sandia: louca. Havedes: tendes. Coraçom: vontade. Razom: razão (assunto de uma cantiga e a maneira de abordá-lo). Pero: ainda que. 5 Embora haja semelhança no assunto, as cantigas satíricas diferem entre si pela forma como fazem a crítica. No caso da cantiga de João Garcia de Guilhade, podemos classificá-la como uma cantiga de maldizer, porque: A apesar de não nomear o seu alvo, satiriza empregando uma linguagem ofensiva. B critica seu alvo de forma sutil, sem identificá-lo. C usa palavras sóbrias e elegantes para denunciar atos cor- riqueiros da pessoa atacada. D ridiculariza o comportamento de uma dama que se sen- tiu ofendida por ter sido assediada pelo trovador. 6 Mar (fragmento) A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos via- jado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturba- va ainda mais a imagem. Três lagoas mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos. Rubem Braga Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa Ondas do mar de Vigo Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo? e ai Deus, se verrá cedo? Ondas do mar levado, se vistes meu amado? e ai Deus, se verrá cedo? Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro? e ai Deus, se verrá cedo? Se vistes meu amado, o por que hei gram coidado? e ai Deus, se verrá cedo? Martim Codax Verrá: virá. LITERATURA – FRENTE ÚNICA ATIVIDADE 3 Trovadorismo: início da literatura em português 235 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (18:04) / KLEBER / PDF GRAFICA Agora, responda às questões a seguir: a) Como os demais heróis das novelas medievais, Amadis de Gaula era descrito como um jovem belíssimo e incri- velmente hábil ao empunhar a espada. Os vilões que o enfrentaram, por sua vez, eram o oposto disso. Aponte as características de Madarque e identifique a função delas. b) Apesar de ser uma cena de batalha, é possível vislumbrar nesse trecho um elemento do amor cortês, pelo qual Amadis de Gaula se distingue. Que elemento é esse? As questões de 8 a 10 tomam por base uma cantiga do trova- dor galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema “Confessor Medievalˮ, de Cecília Meireles (1901-1964). Cantiga Bailemos nós já todas três, ai amigas, so aquestas avelaneiras frolidas, e quen for velida, como nós, velidas, se amig’amar, so aquestas avelaneiras frolidas verrá bailar. Bailemos nós já todas três, ai irmanas, so aqueste ramo destas avelanas, e quem ben parecer, como nós parecemos, se amig’amar, so aqueste ramo destas avelanas verrá bailar. Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, so aqueste ramo frolido bailemos e quen ben parecer, como nós parecemos, so aqueste ramo so lo que bailemos se amig’amar, verrá bailar. SANTIAGO, Airas Nunes de. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966. Confessor medieval (1960) Irias à bailia com teu amigo, Se ele não te dera saiade sirgo? Se te dera apenas um anel de vidro Irias com ele por sombra e perigo? Irias à bailia sem teu amigo, Se ele não pudesse ir bailar contigo? Irias com ele se te houvessem dito Que o amigo que amavas é teu inimigo? Pode-se afirmar que pertence ao mesmo tipo de poema tro- vadoresco de “Ondas do mar de Vigo” apenas a alternativa: A Dona fea, nunca vos eu loei/en meu trobar, pero muito trobei;/mais ora já un bon cantar farei,/en que vos loarei toda via;/e direi-vos como vos loarei:/dona fea, velha e sandia! (Joan Garcia de Guilhade) B Quer’eu en maneira provençal/fazer agora un cantar d’amor/e querrei muit’i loar mia senhor, a que prez nem fremusura non fal,/nem bondade, e mais vos direi en: tanto fez Deus comprida de ben/que mais que todas las do mundo val. (D. Dinis) C A melhor dona que eu nunca vi,/per bõa fé, nem que oí dizer,/e a que Deus fez melhor parecer,/mia senhor est, e senhor das que vi,/de mui bom preço e de mui bom sem,/per bõa fé, e de tod’outro bem, de quant’eu nunca doutra dona oí. (Fernão Garcia Esgaravunha) D Quantos ham gram coita d’amor/eno mundo, qual hoj’eu hei,/querriam morrer, eu o sei,/e haveriam en sabor;/ mais, mentr’eu vos vir, mia senhor,/sempre m’eu querria viver/e atender e atender. (João Garcia de Guilhade) E Que coita tamanha ei a sofrer,/por amar amigu’e non o ver!/E pousarei sô lo avelanal. (Nuno Fernandes Torneol) 7 Leia o seguinte trecho da novela de cavalaria Amadis de Gaula, em versão adaptada ao português moderno por Afonso Lopes Vieira, datada de 1922. E contou-lhe mestre Elisabat de como ali reinava Madarque, o gigante cruel de cuja sanha lhe foi dizendo os feitos, contra a lei de Cristo cometidos. Mas a Amadis respeitava limpar o mundo de traição, de maldade e de êrro; e, alcançando terra em um batel onde le- vava o cavalo, foi subindo um escarpado monte, coroado no cimo por um castelo. Logo de uma tôrre do alcáçar deu sinal o fero som de uma buzina, cujo clamor foi tangendo o recôncavo das furnas. Não tardou Madarque em descer a terreiro, e viu-o Amadis vestido de aço no possante ginete, trazendo a cabeça coberta com uma capelina coruscante e na mão um venáculo de guerra. — Ora me valha aqui minha senhora Oriana! – rezou Amadis no íntimo do coração. E mestre Elisabat ouvira, desde a galera ancorada, o es- trupido da batalha, que atemorizava os ecos. Enfim rôto dos golpes se abatera por terra o gigante Madarque e, vencido e repêso, prometera ao vencedor abraçar a lei de Cristo. En- tão libertara Amadis dos cárceres do castelo os cativos que nelas penavam – e agora bemdiziam o salvador! VIEIRA, Affonso Lopes. O romance de Amadis: composto sobre o Amadis de Gaula, de Lobeira. Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1922. p. 178-9. LITERATURA – FRENTE ÚNICA236 ATIVIDADE 3 Trovadorismo: início da literatura em português 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA Agora, responda às questões a seguir: a) Como os demais heróis das novelas medievais, Amadis de Gaula era descrito como um jovem belíssimo e incri- velmente hábil ao empunhar a espada. Os vilões que o enfrentaram, por sua vez, eram o oposto disso. Aponte as características de Madarque e identifique a função delas. b) Apesar de ser uma cena de batalha, é possível vislumbrar nesse trecho um elemento do amor cortês, pelo qual Amadis de Gaula se distingue. Que elemento é esse? As questões de 8 a 10 tomam por base uma cantiga do trova- dor galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema “Confessor Medievalˮ, de Cecília Meireles (1901-1964). Cantiga Bailemos nós já todas três, ai amigas, so aquestas avelaneiras frolidas, e quen for velida, como nós, velidas, se amig’amar, so aquestas avelaneiras frolidas verrá bailar. Bailemos nós já todas três, ai irmanas, so aqueste ramo destas avelanas, e quem ben parecer, como nós parecemos, se amig’amar, so aqueste ramo destas avelanas verrá bailar. Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, so aqueste ramo frolido bailemos e quen ben parecer, como nós parecemos, so aqueste ramo so lo que bailemos se amig’amar, verrá bailar. SANTIAGO, Airas Nunes de. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966. Confessor medieval (1960) Irias à bailia com teu amigo, Se ele não te dera saia de sirgo? Se te dera apenas um anel de vidro Irias com ele por sombra e perigo? Irias à bailia sem teu amigo, Se ele não pudesse ir bailar contigo? Irias com ele se te houvessem dito Que o amigo que amavas é teu inimigo? Pode-se afirmar que pertence ao mesmo tipo de poema tro- vadoresco de “Ondas do mar de Vigo” apenas a alternativa: A Dona fea, nunca vos eu loei/en meu trobar, pero muito trobei;/mais ora já un bon cantar farei,/en que vos loarei toda via;/e direi-vos como vos loarei:/dona fea, velha e sandia! (Joan Garcia de Guilhade) B Quer’eu en maneira provençal/fazer agora un cantar d’amor/e querrei muit’i loar mia senhor, a que prez nem fremusura non fal,/nem bondade, e mais vos direi en: tanto fez Deus comprida de ben/que mais que todas las do mundo val. (D. Dinis) C A melhor dona que eu nunca vi,/per bõa fé, nem que oí dizer,/e a que Deus fez melhor parecer,/mia senhor est, e senhor das que vi,/de mui bom preço e de mui bom sem,/per bõa fé, e de tod’outro bem, de quant’eu nunca doutra dona oí. (Fernão Garcia Esgaravunha) D Quantos ham gram coita d’amor/eno mundo, qual hoj’eu hei,/querriam morrer, eu o sei,/e haveriam en sabor;/ mais, mentr’eu vos vir, mia senhor,/sempre m’eu querria viver/e atender e atender. (João Garcia de Guilhade) E Que coita tamanha ei a sofrer,/por amar amigu’e non o ver!/E pousarei sô lo avelanal. (Nuno Fernandes Torneol) 7 Leia o seguinte trecho da novela de cavalaria Amadis de Gaula, em versão adaptada ao português moderno por Afonso Lopes Vieira, datada de 1922. E contou-lhe mestre Elisabat de como ali reinava Madarque, o gigante cruel de cuja sanha lhe foi dizendo os feitos, contra a lei de Cristo cometidos. Mas a Amadis respeitava limpar o mundo de traição, de maldade e de êrro; e, alcançando terra em um batel onde le- vava o cavalo, foi subindo um escarpado monte, coroado no cimo por um castelo. Logo de uma tôrre do alcáçar deu sinal o fero som de uma buzina, cujo clamor foi tangendo o recôncavo das furnas. Não tardou Madarque em descer a terreiro, e viu-o Amadis vestido de aço no possante ginete, trazendo a cabeça coberta com uma capelina coruscante e na mão um venáculo de guerra. — Ora me valha aqui minha senhora Oriana! – rezou Amadis no íntimo do coração. E mestre Elisabat ouvira, desde a galera ancorada, o es- trupido da batalha, que atemorizava os ecos. Enfim rôto dos golpes se abatera por terra o gigante Madarque e, vencido e repêso, prometera ao vencedor abraçar a lei de Cristo. En- tão libertara Amadis dos cárceres do castelo os cativos que nelas penavam – e agora bemdiziam o salvador! VIEIRA, Affonso Lopes. O romance de Amadis: composto sobre o Amadis de Gaula, de Lobeira. Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1922. p. 178-9. LITERATURA – FRENTE ÚNICA236 ATIVIDADE 3 Trovadorismo: início da literatura em português 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA Sem a flor no peito, sem saia de sirgo, Irias sem ele, e sem anel de vidro? Irias à bailia, já sem teu amigo, E sem nenhum suspiro? MEIRELES, Cecília. Poesias completas de Cecília Meireles – v. 8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. Aquestas: estas. Frolidas: floridas. Velida: formosa. Verrá: virá. Irmanas: irmãs. Aqueste: este. Avelanas: avelaneiras. Mentr’al: enquanto outras coisas. Ben parecer: tiver belo aspecto. Sirgo: seda. 8 Tanto na cantiga como no poema de Cecília Meirelesverificam-se diferentes personagens: um eu poemático, que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores a quem se dirige. Com base nesta informação, releia os dois poemas e, a seguir: a) indique o interlocutor ou interlocutores do eu poemáti- co em cada um dos textos. b) identifique, em cada poema, com base na flexão dos verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu poemático para dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores. 9 A leitura da cantiga de Airas Nunes e do poema “Confes- sor Medievalˮ, de Cecília Meireles, revela que este poema, mesmo tendo sido escrito por uma poeta modernista, apre- senta intencionalmente algumas características da poesia trovadoresca, como o tipo de verso e a construção baseada na repetição e no paralelismo. Releia com atenção os dois textos e, em seguida, estabeleça as identidades que há entre o terceiro verso da cantiga de Airas Nunes e o terceiro verso do poema de Cecília Meireles no que diz respeito ao número de sílabas e às posições dos acentos. 10 As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam- -se em dois gêneros na poesia trovadoresca: as “cantigas de amor”, em que o eu poemático representa a figura do na- morado (o “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o eu poemático representa a figura da mulher amada (a “amiga”) falando de seu amor ao “amigo”, por vezes dirigindo-se a ele ou dialogando com ele, com outras “amigas” ou, mes- mo, com um confidente (a mãe, a irmã etc.). De posse desta informação: a) classifique a cantiga de Airas Nunes em um dos dois gê- neros, apresentando a justificativa dessa resposta. b) identifique, levando em consideração o próprio título, a figura que o eu poemático do poema de Cecília Meireles representa. As questões selecionadas nesta seção são prioritariamente do Enem, mas questões de vestibulares diversos que apresentam caracterís- ticas semelhantes aos itens do referido exame também foram usadas como recurso para estudo. Texto para as questões 1 e 2. Ondas do mar de Vigo Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai, Deus!, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus!, se verrá cedo! Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro! E ai Deus!, se verrá cedo! Se vistes meu amado, por que hei gran cuidado! E ai Deus!, se verrá cedo! CODAX, Martim. “Ondas do mar de Vigo”. In: Autores diversos. Cantigas trovadorescas: seleção de cantigas. [s.l.]: Melhoramentos, 2014. (Clássicos Melhoramentos). LITERATURA – FRENTE ÚNICA ATIVIDADE 3 Trovadorismo: início da literatura em português 237 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020-PV-LIT-OCTA+-V1-FU.INDD / 22-10-2019 (09:19) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
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