Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 2 Coordenação: Prof.ª Juliana Prata AD2 – 2023.2 (Aulas 16 a 19 e texto complementar Regionalização do Estado do Rio de Janeiro: Uma Nota sobre Desenvolvimento e Políticas Públicas (CASTRO, 2015)). Questão 1 (Valor: 3,0 pontos) “O sistema capitalista, ao longo do tempo, sofreu mutações sempre que houve a necessidade de atingir novos limites na busca da reprodução do capital. O Brasil não ficou imune às transformações do sistema capitalista mundial, pois também estava mergulhado na crise econômica do final da década de 70. Só após os anos 90 é que, efetivamente, as ideias neoliberais passaram a atuar mais livremente no país”. Assim, cite e justifique as políticas que colocaram o país no circuito da economia neoliberal. (Cite ao menos três exemplos de políticas e cada exemplo deve ter um comentário seu explicando o que é cada uma). R: No Brasil, a adoção de políticas econômicas neoliberais ganhou destaque a partir da década de 90. Essas políticas visavam uma maior abertura da economia, a redução do papel do Estado na regulamentação e controle da economia e uma maior integração do país à economia global. Essas políticas foram implementadas com o objetivo de modernizar a economia brasileira e atrair investimentos estrangeiros. No entanto, também geraram debates significativos sobre os impactos sociais, como o aumento da desigualdade e a perda de empregos em setores anteriormente protegidos. Elas representaram uma mudança significativa na orientação da política econômica brasileira em direção ao neoliberalismo, que continuou a moldar a economia do país nas décadas seguintes. De acordo com a Aula 17, a seguir estão três exemplos de políticas que colocaram o Brasil no circuito da economia neoliberal, juntamente com uma breve explicação de cada uma: 1. Incentivo às privatizações de importantes empresas pertencentes ao Estado: na década de 90, houve um amplo programa de privatizações no Brasil, que envolveu a venda de empresas estatais em setores como telecomunicações, energia, siderurgia e mineração. Essa política foi inspirada na ideia neoliberal de que a iniciativa privada seria mais eficiente na gestão dessas empresas do que o Estado, e que a privatização aumentaria a concorrência e melhoraria a eficiência econômica. 2. Eliminação dos monopólios estatais em setores estratégicos como o de energia elétrica e telecomunicações - a eliminação dos monopólios estatais em setores estratégicos no Brasil foi uma mudança importante que colocou o país no circuito da economia neoliberal. Ela teve um impacto significativo na economia, no acesso a serviços essenciais e na competitividade, mas também gerou desafios que requerem constante atenção e regulamentação para garantir que os benefícios sejam distribuídos de maneira equitativa e que os interesses dos consumidores sejam protegidos. 3. Atração e abertura aos investimentos externos - essa abordagem econômica envolve a promoção ativa da entrada de capital estrangeiro na economia nacional, com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico, a modernização de setores-chave e a competitividade global. Desempenham um papel importante na adoção de políticas econômicas de orientação neoliberal no Brasil. Tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico, mas também requer uma gestão cuidadosa para equilibrar os interesses nacionais e proteger os direitos e o bem-estar da população. A questão da liberalização econômica e dos investimentos estrangeiros continua sendo um tópico central de debate na política econômica do Brasil. 4. Flexibilização, cada vez maior, das relações trabalhistas: a flexibilização das relações trabalhistas no Brasil, que tem se intensificado nas últimas décadas, é uma das características marcantes da orientação neoliberal na economia do país. Esse processo envolve a adoção de políticas que tornam o mercado de trabalho mais flexível, visando, em teoria, aumentar a competitividade das empresas, atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico. Embora possa oferecer benefícios, como maior atratividade para investimentos, também gera desafios significativos relacionados à segurança e aos direitos dos trabalhadores. Questão 2- (Valor 2,0) - A respeito do conceito de território, é correto afirmar que: I) Ao nos referirmos ao território brasileiro, referimo-nos ao espaço soberano reconhecido internacionalmente. II) Os limites do território podem ser bem definidos ou não muito claros. As fronteiras podem variar de acordo com o espaço em análise. III) Na Geografia, há um consenso exato sobre o que seja o conceito básico de território. Esse conceito é único para todas as análises espaciais, sociais e territoriais. IV) É possível entender o conceito de território como sendo o espaço geográfico apropriado e delimitado por relações de soberania e poder. Estão corretas as alternativas: a) I, III e IV. b) I, II e IV. c) I e III. d) Todas as alternativas. e) Apenas a alternativa IV. R: Letra b Questão 3- (Valor: 5,0 pontos) - O texto “Regionalização e políticas públicas no estado do Rio de Janeiro” (CASTRO, 2016) apresenta uma discussão sobre território e desenvolvimento. Com suas palavras, escreva sobre a relação entre esses dois conceitos na abordagem do estado do Rio de Janeiro em regiões. (No seu texto, você deverá apresentar: o que é território e desenvolvimento, segundo o autor e ainda como essas duas ideias são centrais na proposta de entendimento do estado do Rio de Janeiro em regiões com características e potenciais diferenciados entre si). R: O texto "Regionalização e políticas públicas no estado do Rio de Janeiro" de Castro (2016), aborda a complexa relação entre poder e território, introduzindo a compreensão da dimensão político-institucional do território, que muitas vezes é delimitado como uma unidade administrativa. Seguindo as ideias de autores como Souza (2000) e Haesbaert (2002), o território é entendido como um espaço que está intrinsecamente ligado ao exercício de poder, sendo crucial para a reprodução social. O texto também destaca a polissemia do conceito de território, ou seja, sua multifacetada natureza que está relacionada a questões de identidade, poder, pertencimento, simbolismo, diversidade, regulamentações e normas. Um ponto crucial enfatizado é a necessidade de analisar o território em relação a outros territórios e escalas espaciais. O autor argumenta contra a supervalorização do local ou do global, defendendo a importância de compreender a realidade em suas múltiplas interações e interconexões. Isso inclui reconhecer como diferentes escalas e lógicas se entrelaçam em um modelo de desenvolvimento mais amplo. No tocante ao conceito de desenvolvimento, o texto enfatiza sua natureza desterritorializadora, conforme argumentado por Haesbaert em 2002. A preocupação central do texto é direcionada aos grupos sociais excluídos desse processo, que perdem suas bases materiais de subsistência e, como resultado, enfrentam a descaracterização de suas identidades e a subvalorização dos saberes das comunidades locais. Para o autor, o desenvolvimento ocorre de maneira diferenciada socioespacialmente, articulando diversas escalas geográficas e muitas vezes se reproduz de forma desigual e combinada. Ele defende que o verdadeiro desenvolvimento deve ser sinônimo de autonomia para essas comunidades e deve se basear na garantia de igualdade de oportunidades políticas, onde todos têm a capacidade material para participar nas tomadas de decisões. O desenvolvimento proposto no texto é, portanto, fundamentado na dimensão territorial e valoriza a análise abrangente de várias facetas setoriais, colocando as comunidades locais no centro doprocesso, o que envolve uma reterritorialização, onde as comunidades são capazes de reconstruir suas bases. Sendo assim, entende-se que o texto de Castro (2016) ressalta a importância de se considerar a relação entre território e desenvolvimento ao abordar as diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro. Isso implica reconhecer que cada área possui características e potenciais próprios, exigindo abordagens e políticas públicas adaptadas para promover um desenvolvimento sustentável e equitativo em todo o estado. A relação entre território e desenvolvimento desempenha um papel fundamental na abordagem das regiões do estado do Rio de Janeiro, considerando suas características e potenciais diferenciados. O estado do Rio possui uma grande diversidade geográfica e econômica, com características específicas e potenciais econômicos diversos, que influenciam a dinâmica de desenvolvimento. O conceito de território é essencial para entender como as diferentes regiões de um estado são apropriadas e governadas. O entendimento das características territoriais e potenciais de cada região influencia a formulação de políticas públicas e investimentos. Isso inclui aspectos como a demarcação de limites territoriais, distribuição de recursos, infraestrutura e políticas públicas específicas para cada área. O estado do Rio de Janeiro enfrenta desigualdades socioeconômicas significativas entre suas regiões, o que destaca a necessidade de abordagens específicas para promover a equidade no desenvolvimento por meio da adoção de estratégias, em conjunto com os municípios, que melhor se adaptem às demandas e recursos de cada território. Referência Bibliográfica: CASTRO, Demian Garcia. Aula 5 - Regionalização e políticas públicas no Estado do Rio de Janeiro, 2016. KUSCHNIR, Rosana. CHORNY, Adolfo. LIRA, Anilska Medeiros Lima e. SONODA, Gilberto. FONSECA, Tânia Maria Peixoto. Regionalização no estado do Rio de Janeiro: o desafio de aumentar acesso e diminuir desigualdades. Editora FIOCRUZ. Rio de Janeiro, 2010. REIS, Carla de Brito. ELICHIER, Maria Jaqueline. Geografia na Educação 2. Volumes 2 e 3. Fundação Cecierj. Rio de Janeiro, 2014.