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Livro Texto - Unidade II EMBRIOLOGIA

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74
Unidade II
Unidade II
5 INFERTILIDADE MASCULINA
Para que ocorra fertilização, é necessário que o casal seja fértil. Um homem é fértil quando ele é 
capaz de engravidar uma mulher. A mulher, por sua vez, é fértil quando é capaz de engravidar e gerar 
filhos. É esperado que, se um casal é fértil e tem relações sexuais periódicas sem usar nenhum tipo de 
contracepção, a gestação da mulher ocorra até um ano a partir da primeira tentativa.
Portanto, a infertilidade pode ser definida como a incapacidade de um casal alcançar a concepção 
ou levar uma concepção a termo após um ano ou mais de relações sexuais regulares, sem proteção 
contraceptiva. O conceito engloba tanto a falha na fertilização quanto a impossibilidade de levar a 
gestação até o fim.
A infertilidade vem aumentando nos tempos modernos por vários motivos: 
• Muitos casais estão optando por ter filhos mais tarde, e é sabido que a fertilidade, principalmente 
a feminina, decai significativamente a partir dos 35 anos. 
• O estilo de vida moderno, que inclui, muitas vezes, uma rotina estressante, pode causar diminuição 
da fertilidade. Altos níveis plasmáticos de cortisol, o “hormônio do estresse”, já foram relacionados 
com a infertilidade.
• Entramos em contato, diariamente, com uma série de substâncias que apresentam efeitos 
deletérios sobre a fertilidade, por exemplo, os disruptores endócrinos, capazes de alterar a secreção 
de hormônios sexuais e, assim, a função reprodutiva.
• O aumento do número de parceiros sexuais e a falha no uso de preservativos, o que predispõe os 
indivíduos a infecções sexualmente transmissíveis, que, muitas vezes, causam infertilidade.
A infertilidade pode ser classificada em primária e secundária. A primária é a incapacidade fisiológica 
de uma primeira gestação; e a secundária, ocorre quando o casal encontra dificuldades de conceber 
uma gestação, ainda que já tenha conseguido pelo menos uma em conjunto. A infertilidade primária 
é mais prevalente entre mulheres jovens (20 a 24 anos), enquanto a fertilidade secundária está 
fortemente relacionada com a idade materna, podendo atingir 27,1% das mulheres entre 40 e 44 anos 
(MASCARENHAS et al., 2012, p. 5).
 A prevalência da infertilidade também varia quando países desenvolvidos e subdesenvolvidos são 
comparados. Nos primeiros, varia de 3,5 a 16,7% dos casais e se deve principalmente à idade da mulher; 
nos países subdesenvolvidos, varia de 6,9 a 9,3% e tem como importante fator as infecções sexualmente 
75
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
transmissíveis e as sequelas de abortos inseguros. No Brasil, estima-se que mais de 278 mil casais tenham 
dificuldade para gerar um filho em algum momento de sua idade fértil (BRASIL, 2011).
 Saiba mais
O Estado oferece diagnóstico e tratamento da infertilidade no âmbito 
do SUS. Leia:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 426/GM, de 22 de março de 
2005. Institui, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral 
em Reprodução Humana Assistida e dá outras providências.
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 7.273 casais inférteis, mostrou 
que 24% dos casos de infertilidade foram devidos somente a fatores masculinos; 41%, a fatores femininos, 
isoladamente; e 24%, a fatores femininos e masculinos combinados (BASU, 2011, p. 155). Quando não é 
possível diagnosticar as causas da infertilidade de um casal, dizemos que a infertilidade é idiopática (sem 
causa conhecida). Os casos de infertilidade idiopática corresponderam a 11% do total (figura seguinte). 
Esses valores diferem muito de estudo para estudo, principalmente devido a diferenças amostrais.
11
41
24
24
Infertilidade masculina
Infertilidade masculina 
e feminina combinadas
Infertilidade feminina
Causa idionática
Figura 32 – Proporção de homens e mulheres inférteis entre casais que tentam engravidar há mais de um ano
Ao longo desta unidade, iremos estudar as principais causas da infertilidade masculina e feminina, 
os principais exames utilizados no diagnóstico da infertilidade e como é realizado o tratamento dessa 
condição, com ênfase nas técnicas de reprodução assistida.
5.1 Principais causas da infertilidade masculina
Segundo Rosenblatt et al. (2010), as principais causas da infertilidade masculina são: 
• Ausência total (azoospermia) ou parcial (oligozoospermia) de espermatozoides, por falha na 
espermatogênese ou por obstrução nas vias espermáticas. 
76
Unidade II
• Alterações na motilidade (astenozoospermia) e no formato (teratozoospermia) dos espermatozoides.
• Desenvolvimento de resposta imunológica contra os espermatozoides, o que envolve a produção 
de anticorpos antiespermatozoides.
• Infecções (epididimites, prostatites, uretrites e infecções urinárias). 
• Criptorquidia (testículos que não desceram para o escroto durante o período fetal).
• Varicocele, que é a dilatação das veias do cordão espermático.
• Consumo de tabaco e etanol, entre outras substâncias.
• O aumento da temperatura na região dos testículos, causado pelo uso de calças apertadas ou pelo 
uso de dispositivos eletrônicos no colo (por exemplo, laptops).
• Alteração dos níveis plasmáticos de testosterona, FSH e LH.
A infertilidade pode ser decorrente de níveis insuficientes de testosterona para sustentar a 
espermatogênese. Os níveis plasmáticos desse hormônio variam durante a vida do homem. 
Durante o período fetal, mais especificamente no 3º e no 6º mês de gestação, são observados dois 
picos na secreção de testosterona, importantes para promover o desenvolvimento dos órgãos sexuais e 
estabelecer o padrão comportamental masculino. Os níveis de testosterona então caem e permanecem 
indetectáveis até a puberdade, a partir da qual aumentam gradativamente até atingir os níveis 
observados no adulto (aproximadamente 500 ng/dL), permanecendo nesse patamar até a senescência, 
quando começam a decair (figura a seguir). Portanto, podemos dizer que a fertilidade masculina também 
diminui com a idade, embora esse efeito seja mais sutil do que o observado nas mulheres (BASU, 2011). 
Feto Neonato Púbere Adulto Idoso
100
500
3m
Gestação Anos
6m 1 10 17 40 60 80
Pr
od
uç
ão
 d
e 
es
pe
rm
a 
(%
)
Te
st
os
te
ro
na
 sé
ric
a 
(n
g/
dL
)
Figura 33 – Diagrama esquemático das diferentes fases da secreção de testosterona 
e da produção de espermatozoides ao longo da vida do homem
77
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
A ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado é denominada azoospermia e pode ser de dois 
tipos: secretora ou obstrutiva. 
Na azoospermia secretora, ou não obstrutiva, os testículos não produzem espermatozoides. Essa 
categoria responde por 70% dos casos de azoospermia e as principais causas são: alterações genéticas 
(sendo as principais aquelas relacionadas com o gene da fibrose cística e com microdeleções do 
cromossomo Y); alterações hormonais (lembre-se que a espermatogênese depende da secreção adequada 
de testosterona e de FSH); lesões ou pancadas nos testículos; câncer testicular; e uso de quimioterápicos 
para o tratamento do câncer. A criptorquidia e varicocele, que serão abordadas separadamente, também 
podem levar ao quadro de azoospermia (SPDM, 2013).
Na azoospermia obstrutiva, o indivíduo apresenta produção adequada de espermatozoides, mas 
eles não atingem o líquido seminal, devido a fatores congênitos (agenesia dos ductos deferentes; 
obstrução do ducto ejaculador e outras malformações do trato reprodutor masculino) ou adquiridos 
(cirurgia de vasectomia e outras cirurgias que podem afetar os ductos espermáticos).
De acordo com a causa, a azoospermia pode ou não ser reversível. As alterações hormonais, 
quando corrigidas, levam ao restabelecimento da espermatogênese, assim como o término do uso de 
quimioterápicos ou a reversão da cirurgia de vasectomia. Em outros casos, por exemplo, quando existe 
um fator genético envolvido, o estabelecimento da espermatogênese pode não ser possível.
A oligozoospermia é a diminuição da contagem de espermatozoides. Segundo a OMS,o homem, para 
ser considerado fértil, precisa apresentar, no mínimo, 39 milhões de espermatozoides no sêmen, o que 
corresponde a uma concentração de aproximadamente 15 milhões de espermatozoides por mililitro (mL) de 
ejaculado. A oligozoospermia é considerada leve quando a concentração dos espermatozoides se encontra 
entre 14,9 milhões e 5 milhões por mL, e grave quando esse valor é inferior a 5 milhões por mL (WHO, 2010).
 Observação
A contagem dos espermatozoides sempre deve ser interpretada 
levando-se em conta os demais parâmetros do sêmen, a fim de verificar a 
qualidade global do gameta.
As causas da oligozoospermia são as mesmas da azoospermia, ou seja: os fatores anteriormente 
citados, se não causarem total ausência de espermatozoides no ejaculado, podem causar diminuição 
significativa em seu número, o que dificulta a fertilização.
Exemplo de aplicação
O abuso de esteroides anabolizantes, comum em indivíduos que praticam fisiculturismo ou que 
desejam ganhar massa muscular em um curto período de tempo, pode levar à oligozoospermia ou até 
mesmo à azoospermia. Com base no que foi exposto neste livro-texto, você conseguiria explicar por que 
isso acontece?
78
Unidade II
Espermatozoides que não apresentam movimento progressivo e linear são classificados como 
portadores de alterações na motilidade. No indivíduo fértil, pelo menos 32% dos espermatozoides 
precisam apresentar motilidade progressiva, o que é essencial para o encontro do ovócito e posterior 
fertilização. Quando a motilidade progressiva está presente em menos de 32% dos espermatozoides, 
temos um quadro de astenozoospermia. 
Na astenozoospermia, os espermatozoides podem apresentar motilidade não progressiva ou até 
mesmo serem imóveis. Neste último caso, é necessário realizar o teste da vitalidade, para verificar se 
eles estão vivos ou mortos. 
As principais causas da astenozoospermia são: as cirurgias, as patologias testiculares e epididimárias, 
os traumas no testículo e as alterações hormonais. 
 Lembrete
O epidídimo é responsável pela maturação do espermatozoide, que 
inclui a aquisição da motilidade. Portanto, nos casos de astenozoospermia, 
esse órgão deve ser investigado.
Diversas alterações na morfologia dos espermatozoides (teratozoospermia) podem ser observadas. 
Essas alterações incluem mudanças no formato da cabeça, ausência ou duplicação de segmentos do 
espermatozoide e alteração da proporção entre eles, inserção inadequada da cauda etc. (figura a seguir).
Para que o indivíduo seja considerado fértil, cerca de 70% dos espermatozoides precisam apresentar 
morfologia normal. 
As causas da teratozoospermia não são totalmente conhecidas, porém, sabe-se que as alterações no 
código genético do espermatozoide (mutações, deleções etc.), a varicocele e a exposição a substâncias 
tóxicas são fatores importantes (CARREL; PETERSON, 2010).
Duas cabeças Peça 
intermediária 
anormal
Duas caudasNormal Condensação 
do acrossomo
Cabeça 
aumentada
Cabeça 
diminuída
Figura 34 – Principais alterações na morfologia do espermatozoide
79
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Os anticorpos antiespermatozoide são gerados pelo sistema imunológico do homem quando os 
testículos sofrem algum tipo de trauma que rompe a integridade da barreira hemato-testicular. Uma 
vez que os espermatozoides são haploides, e não diploides, como as demais células do organismo, eles 
são reconhecidos como corpos estranhos pelo sistema imunológico. Como consequência, há produção 
de anticorpos que se ligam à superfície dos espermatozoides e impedem a fertilização. 
 Observação
A barreira hemato-testicular é resultado das junções oclusivas entre as 
células de Sertoli.
As principais infecções genitais masculinas estão associadas à manipulação do trato urinário e à 
doença prostática. Alguns exemplos de infecções que alteram a fertilidade são a infecção por clamídia, 
a gonorreia, a tuberculose e a varíola. 
Na vigência de uma infecção, pode-se observar um grande aumento de leucócitos no sêmen 
em pacientes com processo infeccioso ou inflamatório. É necessário realizar a cultura do sêmen e o 
antibiograma, a fim de avaliar qual o melhor antibiótico para tratar o caso.
A criptorquidia é o quadro relacionado com a não descida dos testículos para o escroto durante o 
período fetal. Esse quadro está associado com infertilidade, pois, para que ocorra a espermatogênese, 
a temperatura dos testículos precisa ser aproximadamente 2 oC menor que a temperatura corporal 
(ou seja, em torno dos 35 oC). É por esse motivo que o escroto se localiza fora do abdome e da pelve. 
O aumento da temperatura dos testículos, decorrente do uso de calças apertadas ou do uso de 
aparelhos eletrônicos no colo, também impede a espermatogênese.
Outra alteração anatômica dos testículos que causa diminuição da fertilidade é a varicocele. Ela é 
decorrente da dilatação das veias do plexo pampiniforme do escroto e causa diminuição do tamanho 
dos testículos, aumento da temperatura (por aumento do fluxo sanguíneo), aumento da produção de 
radicais livres, disfunção hormonal, entre outros. É a causa mais comum de infertilidade adquirida e 
pode ser corrigida cirurgicamente.
Em relação ao uso de substâncias, existem trabalhos que correlacionam o consumo excessivo de 
tabaco com a diminuição da contagem de espermatozoides e com alterações na integridade do DNA 
dessas células. 
Outras substâncias que podem, efetivamente, resultar em danos na função testicular são o etanol, a 
maconha e a cafeína em excesso.
80
Unidade II
 Saiba mais
Leia o artigo a seguir:
ROSENBLATT, C. et al. Infertilidade masculina: novos conceitos. Prática 
Hospitalar, ano XII, n. 71, set./out. 2010.
5.2 Diagnóstico da infertilidade masculina
O espermograma é a avaliação laboratorial das características do sêmen. Trata-se de um exame 
fundamental para o diagnóstico da infertilidade masculina e para a determinação da qualidade dos 
espermatozoides que serão utilizados na reprodução assistida (PATRÃO; PENTEADO; DOI, 2016).
A partir da coleta do ejaculado, pode-se determinar, entre outros parâmetros, suas principais 
características (volume, aspecto, cor, pH, coagulação, liquefação e viscosidade); a concentração 
de espermatozoides no sêmen; a motilidade, a vitalidade e a morfologia desses espermatozoides; 
e a presença de células não espermáticas, por exemplo, os leucócitos, na amostra. Esses parâmetros 
devem ser avaliados, idealmente, em três amostras de sêmen colhidas em dias diferentes; o intervalo 
recomendado entre os exames é de 7 a 15 dias.
O exame é realizado a partir da coleta do sêmen, que deve ser feita em frasco estéril de polipropileno, 
a partir de masturbação, respeitando-se certos cuidados, conforme explicado a seguir.
A coleta deve ser executada idealmente em local próximo ao laboratório, uma vez que, a partir dessa 
coleta, a análise deve ser realizada em, no máximo, 30 minutos.
A secreção dos testículos compõe menos de 5% do volume total do ejaculado (o restante é composto 
de secreções da vesícula seminal e da próstata, que correspondem, respectivamente, a 60% e a 30-35% 
do volume). Para que a análise seja adequada, faz-se necessária abstinência sexual mínima de 48 horas, 
para não comprometer a avaliação do volume do sêmen e do número de espermatozoides. Períodos de 
abstinência maiores que sete dias também não são recomendados.
A amostra coletada deve ser mantida entre 25 oC e 37 oC: em temperaturas menores, a determinação 
de certos parâmetros, como a motilidade espermática, encontra-se prejudicada.
O paciente deve relatar se houve algum quadro febril ou de doenças nos últimos três meses. Também 
deve relatar as medicações utilizadas contínua ou esporadicamente durante esse período. Todos esses 
fatores podem comprometer a qualidade do sêmen e, consequentemente, a análise dos resultados.
A fim de descartar alterações no volume decorrentes de obstrução nas vias espermáticas, o paciente 
deve relatar qualquer perda de material durante o ato de coleta.81
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
A tabela seguinte indica os principais parâmetros analisados no espermograma, assim como as 
técnicas utilizadas e os resultados de referência.
Tabela 2 – Principais parâmetros avaliados no espermograma
Parâmetro Método de avaliação Resultados esperados 
Volume Aferição em pipetas graduadas Entre 1,5 e 5 mL
Viscosidade Aspiração do sêmen em pipetas de 5 mL, seguida de fácil gotejamento Formação de gotas sem filamentos
Cor e aparência Análise macroscópica Cor branca opalescente, aspecto homogêneo
Liquefação Análise macroscópica Processo de liquefação se completa em até 60 minutos
pH Análise colorimétrica (papel de pH) Entre 7,2 e 7,8
Concentração 
Análise microscópica com uso de câmara de 
contagem (câmara de Makler, Horwell ou 
Neubauer)
Normozoospermia: entre 20 x 106 e 20 x 107 
espermatozoides/mL
Motilidade 
Análise microscópica com uso de câmara de 
contagem ou análise microscópica automatizada 
(Casa – Computer-Assisted Semen Analysis) 
Normal: 50% ou mais espermatozoides com 
progressão rápida e anterógrada (tipo A) ou com 
progressão lenta e anterógrada (tipo B)
Morfologia Análise microscópica após coloração de Schorr 30% ou mais dos espermatozoides examinados apresentando formato normal
Vitalidade Análise microscópica após coloração com eosina e nigrosina
Por apresentarem membranas lesadas, os 
espermatozoides mortos se coram de vermelho; os 
espermatozoides vivos permanecem não corados
Teste hiposmótico A amostra é submetida a meio hiposmótico e analisada em microscópio
No mínimo 60% dos espermatozoides 
apresentando inchaço na cauda, o que indica 
que o processo de osmose está acontecendo 
normalmente e que, portanto, a membrana 
plasmática encontra-se funcionalmente íntegra
Exame citológico Análise microscópica com o uso de câmaras de contagem
Contagem acima de 106 leucócitos/mL sugere 
infecção nas glândulas sexuais acessórias. 
Deve-se também avaliar a presença de hemácias, 
de protozoários e de fungos
Adaptado de: CRH (s.d.).
A contagem de espermatozoides é o primeiro parâmetro do espermograma a ser avaliado. 
Tal avaliação pode ser feita de duas maneiras:
• Manualmente, a partir da análise microscópica de amostra de sêmen com uso de câmara de 
contagem (câmara de Makler, Howelll e Neubauer).
• Com o auxílio de métodos automatizados, como a análise microscópica automatizada (Casa – 
computer-assisted semen analysis) (CRH, [s.d.]).
A câmera de Makler é um aparato que deve ser encaixado no microscópio óptico e cuja região central é 
constituída de um poço de material transparente (vidro ou cristal) de 1 mm de largura, 1 mm de comprimento 
e 0,01 mm de profundidade. Na base do poço, estão traçados 100 quadrados de 0,1 cm x 0,1 cm, dispostos 
em 10 faixas de 10 quadrados cada.
82
Unidade II
Para realização da contagem, 10 µL (microlitros) de esperma liquefeito são acondicionados na câmara, 
que é analisada ao microscópio, utilizando o aumento de 200 vezes. O número de espermatozoides 
contados em qualquer faixa de 10 quadrados indica a concentração por milhões por mL. São incluídos 
na contagem apenas os espermatozoides cuja cabeça se encontre integralmente contida dentro do 
quadrado (figura seguinte).
Figura 35 – Representação esquemática de uma câmara de Makler
Resultados acima de 20 x 106 espermatozoides por mL de sêmen indicam que o indivíduo é 
normozoospérmico (normal). Se a contagem for inferior a esse valor, o indivíduo é oligozoospérmico. 
Ausência de espermatozoides no sêmen, por sua vez, caracteriza azoospermia. 
Exemplo de aplicação
Você consegue realizar a contagem dos espermatozoides da amostra representada na figura anterior?
A contagem é de cerca de 7 espermatozoides por fileira de 10 quadrados. A amostra de sêmen 
apresenta, portanto, aproximadamente 7 milhões de espermatozoides por mL de sêmen, e o indivíduo 
é oligozoospérmico.
A motilidade também pode ser realizada em câmara de Makler. Para isso, deve-se diluir a amostra 
de sêmen, a fim de conseguir uma amostra contendo 10 espermatozoides viáveis por microlitro. 
A movimentação dos espermatozoides será classificada em tipo A (espermatozoides móveis com 
progressão rápida); tipo B (espermatozoides móveis com progressão lenta); tipo C (espermatozoides 
móveis, porém sem progressão); e tipo D (espermatozoides imóveis). Amostras de sêmen normais 
apresentam mais da metade de espermatozoides com movimentos dos tipos A e B.
Espermatozoides imóveis não necessariamente estão mortos. Verificar a vitalidade dos espermatozoides, 
ou seja, se eles estão vivos ou mortos, é essencial para determinar se é possível utilizá-los em técnicas de 
reprodução assistida. Experimentalmente, o teste é realizado incubando-se os espermatozoides com os 
83
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
corantes eosina e nigrosina. Caso o corante seja incorporado à cabeça do espermatozoide, essa estrutura 
adquire coloração avermelhada, o que significa que a membrana plasmática do gameta não está mais 
íntegra e que ele está morto. Por outro lado, espermatozoides móveis, porém viáveis (vivos), permanecem 
sem coloração após a exposição à eosina e à nigrosina (figura a seguir).
Figura 36 – Fotomicrografia de espermatozoides corados com eosina e nigrosina. 
Os gametas indicados pela letra L estão vivos, enquanto aqueles indicados pela 
letra D (D1 e D2) estão com a membrana lesionada, portanto, mortos
A análise microscópica automatizada do sêmen (Casa) permite maior acurácia na avaliação dos 
parâmetros espermáticos. Para sua realização, é necessário acoplar uma filmadora ao microscópio. 
A filmagem dos espermatozoides é transmitida, em tempo real, para um computador que, a partir 
de um software específico, consegue analisar as características morfológicas e a motilidade de cada 
espermatozoide individualmente (NEUMANN et al., 2017).
Além dos testes descritos, outros podem ser realizados, como o teste de penetração espermática, 
que avalia a habilidade dos espermatozoides de penetrar o muco cervical, mimetizado pela clara do ovo, 
e o teste do hamster, que avalia a capacidade dos espermatozoides de penetrar os ovócitos da mulher, 
mimetizados pelos ovócitos do animal.
 Saiba mais
As principais técnicas de análise do sêmen estão descritas em: 
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Laboratory manual for 
the examination and processing of human semen. 5. ed. WHO, 2010. 
Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44261/97 
89241547789_eng.pdf?sequence=1. Acesso em: 16 set. 2019.
84
Unidade II
As dosagens hormonais são complementares ao espermograma e podem indicar uma série de 
condições relacionadas com o desequilíbrio no eixo hipotálamo-hipófise-testículos.
Caso sejam detectadas anormalidades no espermograma, é realizada a dosagem de FSH, LH 
e testosterona.
Se os níveis séricos de FSH e de testosterona estiverem normais, significa que a causa da 
infertilidade é, provavelmente, não hormonal. Lembre-se que esses dois hormônios são responsáveis 
por promover a espermatogênese, e que a testosterona, além disso, regula a função dos outros 
órgãos envolvidos na maturação e na manutenção dos espermatozoides (epidídimo, vesícula seminal 
e próstata) (JUNGWIRTH et al., 2012). 
Níveis elevados de FSH e de LH sugerem um quadro de hipogonadismo hipergonadotrófico, 
condição relacionada à redução da espermatogênese e que pode levar à insuficiência testicular. 
Essa condição pode ser decorrente de causas congênitas (síndrome de Klinefelter, anorquia, criptorquidia, 
disgenesia testicular, microdeleções do cromossomo Y) ou de causas adquiridas (pós-orquite, torção 
testicular, tumor testicular, doenças sistêmicas, terapia citotóxica).
Níveis diminuídos de FSH e de LH são indicativos de hipogonadismo hipogonadotrófico, mais 
raro e potencial causador de quadros de oligozoospermia severa e azoospermia. É uma condição 
decorrente de causas congênitas (hipogonadismo hipogonadotrófico isolado, síndrome KK, síndrome 
de Kallmann, síndrome de Prader-Willi) ou decausas adquiridas (afecções do hipotálamo e da hipófise, 
hiperprolactinemia, doença granulomatosa, hemocromatose, uso de esteroides anabolizantes etc.).
A análise microbiológica do sêmen, a ultrassonografia da região pélvica, a realização do cariótipo e 
a biópsia testicular também podem ser necessárias para determinar a causa da infertilidade masculina.
6 INFERTILIDADE FEMININA
6.1 Principais causas da infertilidade feminina
A infertilidade feminina tem íntima relação com a idade da mulher. É observada queda significativa 
da fertilidade à medida que a mulher se aproxima do climatério, período cerca de dez anos antes da 
menopausa. Uma vez que a menopausa, na maioria das mulheres, se estabelece ao redor dos 50 anos, o 
climatério tem início aos 40 anos.
 Observação
Com a idade, a redução da fertilidade feminina é tão significativa que, 
a partir dos 35 anos, deve-se considerar tratamento após seis meses de 
tentativas de engravidar. 
85
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
São cinco os principais fatores relacionados à diminuição da fertilidade feminina com a idade: 
a diminuição da reserva ovariana; o envelhecimento dos ovócitos que ainda não sofreram ovulação 
(lembre-se que todos os ovócitos são produzidos ainda durante a vida embrionária); o aumento das 
anormalidades cromossômicas nos ovócitos; o aumento da probabilidade de desenvolver endometriose, 
infecções pélvicas etc.; a diminuição da libido e, consequentemente, da frequência das relações sexuais 
(PASSOS; ALMEIDA; FAGUNDES, 2007).
Além da idade, os principais fatores que estão relacionados com a infertilidade feminina são:
• Disfunção tubária, causada pela obstrução da tuba uterina ou pela alteração nas células do epitélio 
do órgão.
• História prévia de oligomenorreia (diminuição da frequência menstrual) e de outras 
disfunções menstruais.
• Presença de endométrio fora da cavidade uterina (endometriose).
• Síndrome dos ovários policísticos.
• Muco cervical incompetente, que não permite capacitação do espermatozoide e seu deslocamento 
até as tubas uterinas.
• Doença inflamatória pélvica.
• Abortamentos de repetição.
• Presença de autoanticorpos.
• Exposição ao tabaco, às bebidas alcóolicas e a outras drogas.
• Exposição a poluentes ambientais conhecidos como disruptores endócrinos.
A disfunção tubária é uma das principais causas da infertilidade. Tanto a obstrução das tubas 
uterinas como a disfunção do epitélio ciliado que reveste a luz do órgão prejudica a motilidade dos 
ovócitos, dos espermatozoides e do eventual zigoto formado. As principais causas dessa condição são: 
doenças inflamatórias pélvicas; uso de dispositivo intrauterino (pois aumenta as chances de inflamação 
uterina); ruptura do apêndice; cirurgias do abdome inferior; gestações ectópicas (fora do útero); 
e abortamentos de repetição (ASRM, 2015).
A oligomenorreia é uma disfunção menstrual que se caracteriza pelo aumento da duração do 
ciclo menstrual para 35 dias ou mais. Pode ser uma manifestação da anovulação crônica decorrente 
de disfunções no eixo hipotálamo-ovários. Portanto, os níveis desses hormônios em diferentes etapas 
do ciclo sexual devem ser avaliados.
86
Unidade II
Atualmente, sabe-se que não só a oligomenorreia, mas também outras disfunções estão relacionadas 
com a infertilidade. Entre elas, estão a hipermenorreia (sangramento menstrual que dura mais de 8 dias), 
a hipomenorreia (sangramento menstrual que dura 3 dias ou menos), polimenorreia (ciclo menstrual 
com duração inferior a 24 dias), a metrorragia (sangramento uterino fora do período menstrual) e a 
menometrorragia (sangramento que ocorre durante o período menstrual e fora dele).
Na endometriose, o tecido endometrial se implanta fora da cavidade uterina. Esse tecido permanece 
funcional, ou seja, responde aos hormônios femininos. Como resultado, ocorre proliferação dessas células 
em resposta ao estrógeno secretado na primeira fase do ciclo sexual feminino e descamação delas como 
consequência da queda dos níveis de progesterona ao final da segunda fase do ciclo.
As consequências da endometriose variam de acordo com o tecido afetado e, se ocorrer implantação 
no tecido dos ovários ou nas tubas uterinas, pode haver infertilidade.
A síndrome dos ovários policísticos, ou SOP, acomete de 5 a 10% das mulheres na idade reprodutiva 
ao redor do mundo e é caracterizada pelos seguintes fatores: irregularidade menstrual, anovulação 
crônica e hiperandrogenismo clínico. É responsável por quase metade dos casos de infertilidade feminina.
Essa doença é causada por alterações no mecanismo de feedback negativo do eixo 
hipotálamo-hipófise-ovários, em decorrência de um aumento na secreção de GnRH pelo hipotálamo. 
Como consequência, observa-se aumento da relação entre os níveis plasmáticos de LH e FSH, o que 
faz com que a produção de hormônios androgênicos pelos folículos em maturação aumente e ocorra 
falência na ovulação. 
Na ausência de ovulação, os folículos em maturação não sofrem atresia e continuam secretando 
hormônios sexuais femininos e masculinos em excesso, em especial os últimos. Ao exame de 
ultrassonografia, esses folículos são percebidos como cistos, daí o nome da síndrome.
Na SOP, a exposição a altos níveis dos hormônios sexuais pode causar amadurecimento sexual 
precoce, obesidade, resistência insulínica, aparecimento de acne, hirsutismo, amenorreia primária 
associada à obesidade, irregularidades menstruais, consumo folicular e diminuição da reserva ovariana.
 Saiba mais
O seguinte artigo discute as alterações metabólicas envolvidas na SOP: 
ÁVILA, M. A. P. et al. Síndrome dos ovários policísticos: implicações da 
disfunção metabólica. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 41, n. 2, 
p. 106-111, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v41n2/
pt_0100-6991-rcbc-41-02-00106.pdf. Acesso em: 18 set. 2019.
87
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
O muco cervical incompetente ocorre quando o muco secretado pelo colo uterino não é capaz 
de sofrer modificações durante o ciclo menstrual. Suas principais causas são: cirurgias do colo uterino, 
cervicites e a estenose cervical.
Durante a fase folicular, o muco cervical se torna cada vez mais fino e elástico em resposta aos 
aumentos dos níveis de estrógeno. Essa transformação é importante, pois permite que os espermatozoides 
sejam capacitados (adquiram hipermotilidade e se movimentem em direção ao ovócito). 
Se não houver fecundação, o muco se torna espesso e impenetrável durante a segunda fase do ciclo 
menstrual (fase luteínica). Isso ocorre graças à alta secreção de progesterona durante essa fase.
O muco cervical incompetente permanece com características da fase luteínica durante toda a fase 
menstrual, ou ainda é secretado em volume insuficiente para que haja capacitação dos espermatozoides. 
A doença inflamatória pélvica é um conjunto de infecções do trato reprodutor feminino (útero, 
ovários e, principalmente, tubas uterinas) que podem causar lesões tubárias, aderências e abcessos no 
aparelho genital. As principais bactérias envolvidas são a Chlamydia trachomatis (tracoma) e a Neisseria 
gonorrhoeae (gonorreia). Quanto mais precocemente forem tratadas, menor o dano observado nos 
órgãos do trato reprodutor e mais fácil a retomada da fertilidade.
Abortos espontâneos são frequentes em mulheres com doenças autoimunes relacionadas com a 
produção de autoanticorpos, por exemplo, o anticorpo antifosfolipídico, o anticoagulante lúpico e os 
anticorpos antitireoidiano, antinuclear e antiovário. Esses anticorpos prejudicam não só a fertilização 
natural, como também a fertilização in vitro. Nesses casos, o uso de fármacos imunomoduladores pode 
ou não melhorar a fertilidade.
Os disruptores endócrinos são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que estão presentes 
na composição de plásticos e de outros derivados do petróleo, e também em alguns fungicidas, pesticidas 
e inseticidas. Essas substâncias apresentam ação antiandrogênica e estrogênica e, por esse motivo, são 
capazes dealterar a regulação da função reprodutiva feminina e masculina (LARA; DUARTE, 2011).
 Saiba mais
O documentário franco-alemão Demain, tous crétins (Amanhã, 
todos cretinos?) discute o papel dos disruptores endócrinos no 
desenvolvimento embrionário.
DEMAIN, tous crétins. Direção: Sylvie Gilman; Thierry de Lestrade. 
França: Yuzu Productions. 2017. 52 min.
Alguns desses compostos têm a capacidade de permanecer no meio ambiente por um longo período 
de tempo e, uma vez que entram em contato com o organismo, tendem a se acumular. Como resultado, 
são observadas alterações da função sexual e reprodutiva mesmo muito tempo após a exposição a eles.
88
Unidade II
Diversos estudos realizados em animais e em seres humanos mostram que a exposição crônica aos 
disruptores endócrinos leva à diminuição da taxa de fecundidade. A exposição durante a vida embrionária 
e fetal pode, inclusive, causar uma série de alterações, incluindo malformações da anatomia da genitália 
externa (LARA; DUARTE, 2011).
O bisfenol A, por exemplo, é um disruptor endócrino presente em alguns tipos de plástico utilizados 
para armazenar alimentos, garrafas de água e de refrigerantes, latas de alimentos em conserva, 
brinquedos, cosméticos e no papel térmico, aquele usado em extratos de bancos. 
Quando um recipiente contendo bisfenol A entra em contato com alimentos muito quentes, ou 
quando é colocado no micro-ondas, essa substância contamina o alimento e acaba sendo consumida, o 
que pode levar à diminuição da contagem de espermatozoides, ao aumento da incidência de abortos e 
ao câncer de mama e de próstata. 
Nos últimos anos, tem-se discutido o uso, por lactentes, de mamadeiras contendo bisfenol A, pois 
esse disruptor endócrino tem o potencial de causar problemas reprodutivos futuros a partir da exposição 
na infância.
Para identificar produtos que contenham bisfenol A, deve-se observar, nas embalagens, a presença 
dos números 3 ou 7 no símbolo de reciclagem do plástico.
6.2 Diagnóstico da infertilidade feminina
A avaliação da fertilidade feminina é feita pela realização da ultrassonografia transvaginal, pelas 
dosagens hormonais, pela investigação de doenças sexualmente transmissíveis, pela análise do 
muco cervical e por outros métodos de imagem (histeressalpingografia, laparoscopia e ressonância 
magnética pélvica).
A ultrassonografia é um exame que se baseia na emissão de ondas sonoras de alta frequência 
(ultrassom, cujas frequências encontram-se acima de 20.000 Hertz) por um equipamento. Ao atravessar 
o corpo e atingir as estruturas internas, as ondas ultrassônicas retornam para o transdutor como um 
eco, o que permite determinar a localização, o tamanho e a textura dessas estruturas. De acordo com a 
composição do tecido a ser analisado, ele pode ser percebido como imagens claras ou escuras. Estruturas 
preenchidas de líquidos, por exemplo, são visualizadas em preto.
A ultrassonografia é o exame de escolha para acompanhar o desenvolvimento do embrião e do 
feto durante a gestação e é o primeiro exame a ser solicitado no diagnóstico da infertilidade. A partir 
da ultrassonografia transvaginal, é possível avaliar se há alguma anormalidade na estrutura das tubas 
uterinas e do útero, detectar a presença de miomas e de pólipos, medir a espessura do endométrio e 
diagnosticar a síndrome dos ovários policísticos.
Na síndrome dos ovários policísticos, as imagens ultrassonográficas mostram a presença de 12 ou 
mais folículos periféricos, medindo entre 2 e 9 mm de diâmetro médio e volume ovariano de 10 cm3 
ou mais (figura seguinte).
89
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Figura 37 – Ovário policístico representado no exame de ultrassonografia. Observe os vários folículos em 
maturação na periferia do ovário, em disposição de “roda de carroça”, e o aumento do estroma ovariano
A histerossalpingografia é um exame radiológico baseado na injeção de um contraste radiológico 
na cavidade uterina, o que permite que a luz do útero e das tubas uterinas seja avaliada por raios X. 
É um exame que permite avaliar se há alguma obstrução nas tubas uterinas.
A avaliação morfológica do útero e das tubas pode também ser executada por laparoscopia, na qual 
uma câmera é inserida na cavidade uterina, e as imagens de vídeo são analisadas em uma tela. Permite 
detectar aderências, miomas, pólipos, cistos e obstruções tubárias. 
Várias alterações hormonais têm relação com o estabelecimento da fertilidade feminina. Por esse 
motivo, dosagens dos hormônios tireoidianos, hipofisários, adrenais e ovarianos são realizadas 
rotineiramente na investigação da infertilidade. 
 Observação
O hipotireoidismo é uma condição muito relacionada à infertilidade, 
pois aumenta o risco de abortamentos e pode causar falência ovariana.
As dosagens de FSH são importantes para avaliar a função reprodutiva feminina. Com a idade, os 
níveis de FSH, hormônio responsável pela maturação do folículo ovariano, aumentam. 
O aumento dos níveis de FSH está intimamente ligado à diminuição da efetividade do mecanismo 
de feedback negativo sobre a secreção de FSH pela hipófise, que ocorre naturalmente com o avançar da 
idade. São considerados normais níveis plasmáticos de FSH abaixo de 12 mUI/mL, quando esse hormônio 
é avaliado no terceiro dia do ciclo ovariano. 
Outras alterações hormonais que podem indicar diminuição da fertilidade são: 
90
Unidade II
• Diminuição ou aumento dos níveis plasmáticos de estradiol (concentrações plasmáticas menores 
do que 20 pg/mL ou maiores que 80 pg/mL são indicativos de diminuição da função ovariana). 
• Diminuição das concentrações de inibina no sangue (lembre-se que a inibina participa do 
feedback negativo sobre a secreção de FSH, e, portanto, a diminuição dos seus níveis plasmáticos 
é responsável por aumentar a liberação do hormônio hipofisário).
• Diminuição da secreção de hormônio antimulleriano (esse hormônio é produzido pelas células da 
granulosa do folículo ovariano, e a queda nos seus níveis plasmáticos é um dos indicativos mais 
precoces da falência ovariana).
O teste pós-coital avalia a quantidade e a consistência do muco cervical no período da ovulação. 
Idealmente, esse muco precisa ser abundante e liquefeito durante o período fértil (que inclui o período 
pré-ovulatório e a ovulação), além de apresentar pH levemente ácido, o que garante a capacitação e a 
movimentação dos espermatozoides no trato reprodutor feminino.
Esse teste é realizado durante o período pré-ovulatório, entre 6 e 8 horas após a relação sexual, 
e se baseia na coleta de uma pequena quantidade de muco, contendo sêmen, da cavidade vaginal e 
do colo uterino. A quantidade e a qualidade do muco cervical, assim como o número e a motilidade 
dos espermatozoides presentes no muco, são então avaliadas. Alterações nos parâmetros descritos 
anteriormente indicam que o muco cervical é incompetente.
 Outro teste que avalia a qualidade do muco é o teste da cristalização, também conhecido como 
o teste da samambaia. A deposição do muco fértil em uma lâmina de microscópio, sua secagem e 
posterior tratamento, com nitrato de prata, origina uma amostra que, quando visualizada ao microscópio, 
apresenta aspecto de samambaia (figura a seguir). O muco infértil, por sua vez, apresenta aspecto 
grumoso e aglutinado.
Figura 38 – Fotomicrografia do muco cervical fértil após ensaio de 
cristalização, indicando o aspecto em “folhas de samambaia”
91
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Caso não seja identificada nenhuma anormalidade aparente da função reprodutiva, deve-se realizar 
o cariótipo de ambos os membros do casal. 
O cariótipo é a análise do conjunto diploide de cromossomos das células somáticas de um 
organismo. A partir dessa análise, é possível avaliar a presença de alterações no número e na estrutura 
dos cromossomos, e sua relação com a infertilidade e com os casos de aborto de repetição.
Para a realização do cariótipo, os leucócitos do sangue são isolados e mantidos na etapa da metáfase 
da mitose. Os cromossomos presentes no núcleo,cada um contendo uma cromátide-irmã, são isolados e 
corados, o que permite a identificação de cada par cromossômico. A técnica mais usada para a coloração 
dos cromossomos é bandeamento G.
De acordo com o padrão de bandas observado após a coloração, é feito o pareamento de todos 
os cromossomos, o que permite sua análise detalhada. A figura seguinte mostra um cariograma, o 
resultado de um cariótipo.
X/Y
18
5
12
15
3
8
22
17
4
11
14
2
7
21
16
109
13
1
6
2019
Figura 39 – Cariótipo normal de um indivíduo do sexo masculino normal, indicando os 22 pares 
de autossomos e os cromossomos sexuais, X e Y. Alterações no padrão de bandeamento e no 
número de cromossomos são causas frequentes de infertilidade
Exemplos de alterações no cariótipo relacionados com a infertilidade são a trissomia do cromossomo X, 
em mulheres, e a síndrome do X frágil, em homens.
 Lembrete
Trissomia é a condição na qual existem três cópias de determinado 
cromossomo no núcleo da célula.
92
Unidade II
7 TRATAMENTO DA INFERTILIDADE 
O tratamento da infertilidade pode ser realizado por meio da administração de medicamentos, de 
tratamentos cirúrgicos e da aplicação das técnicas de reprodução humana assistida. Esses tratamentos 
podem ou não ser associados entre si, de acordo com as características clínicas de cada paciente. 
Abordaremos a seguir os principais tratamentos, dentro de cada uma das categorias.
7.1 Tratamento farmacológico
O tratamento farmacológico das principais condições clínicas que afetam a fertilidade é apresentado 
a seguir. Os fármacos indicados para cada caso podem ter origem hormonal e não hormonal, e atuam 
direta e/ou indiretamente na regulação da espermatogênese e do ciclo menstrual e ovariano.
7.1.1 Tratamento farmacológico da infertilidade masculina
O uso de suplementos alimentares contendo antioxidantes (ácido fólico, vitamina E, zinco e 
selênio) por homens melhora a qualidade do sêmen e aumenta as taxas de gravidez espontânea.
Os baixos níveis de testosterona, que resultam na queda da espermatogênese, podem ser tratados com 
citrato de clomifeno ou com tamoxifeno. Esses fármacos são antagonistas do receptor de estrógeno 
e, assim, impedem que o estradiol promova o feedback negativo sobre a secreção hipofisária de FSH e 
LH. Como consequência, os níveis de LH são aumentados, o que estimula a síntese de testosterona pelos 
testículos e a normalização dos níveis plasmáticos desse hormônio (JUNGWIRTH et al., 2012).
 Lembrete
No homem, o estrógeno é sintetizado pela aromatase, a partir da 
testosterona. Altos níveis de estrógeno estão relacionados à inibição do eixo 
hipotálamo-hipófise-testículo pelo mecanismo de feedback negativo.
Os análogos do GnRH, quando administrados de maneira pulsátil, estimulam diretamente a hipófise, 
o que resulta no aumento dos níveis de FSH e LH. Esse tratamento é útil nos casos de hipogonadismo 
hipogonadotrófico.
A gonadotrofina coriônica humana (hCG) é o fármaco de escolha para estimular a espermatogênese. 
Esse hormônio apresenta similaridade biológica com o LH, e sua administração ocasiona aumento da 
produção de testosterona pelos testículos. O tratamento é complementado pela administração de FSH, 
que sustenta a espermatogênese.
 Observação
Na mulher, o hCG é produzido pelas células do blastocisto a partir 
da sua implantação no endométrio. Os testes de gravidez se baseiam na 
detecção desse hormônio.
93
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
O FSH tem duas formas de apresentação: a isolada (recombinante) e o composto de hMG 
(gonadotrofina menopáusica humana), que contém LH e FSH. 
É importante ressaltar que o tratamento da infertilidade com hormônios resulta na produção de 
espermatozoides em menor número e de pior qualidade do que o normal. Assim, na maioria das vezes, 
o casal necessitará de terapia auxiliar para que haja concepção.
7.1.2 Tratamento farmacológico da infertilidade feminina
A síndrome dos ovários policísticos é uma síndrome anovulatória complexa causada pela presença de 
folículos ovarianos em estágios intermediários de maturação. Essa síndrome está relacionada com aumento 
dos níveis de hormônios androgênicos e constitui uma das principais causas da infertilidade feminina. 
O tratamento de primeira escolha dessa síndrome envolve o uso de contraceptivo oral combinado 
(pílula anticoncepcional). Os derivados estrogênicos e progestagênicos contidos nos contraceptivos são 
responsáveis por promover o mecanismo de feedback negativo sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovários, 
o que diminui os níveis de GnRH, FSH e LH. Como resultado, os folículos ovarianos em estágios 
intermediários do crescimento, que constituem os cistos ovarianos, não são estimulados e atrofiam.
Os contraceptivos hormonais inibem a ovulação e, logicamente, não podem ser utilizados pelas 
mulheres que estão tentando engravidar. Essas mulheres podem se beneficiar do uso da metformina, 
fármaco usado no tratamento da diabetes tipo II. 
A síndrome dos ovários policísticos apresenta estreita relação com a resistência insulínica e com 
a hiperinsulinemia, uma vez que a sinalização mediada pela insulina está envolvida no estímulo da 
liberação de LH e no aumento da síntese de andrógenos pelo folículo ovariano. Por esse motivo, a 
metformina é útil na reversão do quadro.
Bons resultados também têm sido obtidos com o uso de espironolactona, um antidiurético antagonista 
dos receptores de aldosterona que apresenta efeito antiandrogênico. Porém, esse medicamento não 
deve ser utilizado pelas pacientes que estão tentando engravidar, pois é teratogênico.
 Observação
Substâncias teratogênicas são aquelas capazes de causar malformações 
no embrião. 
Muitas vezes, as portadoras da síndrome dos ovários policísticos 
precisam estimular a ovulação utilizando clomifeno, mesmo após realizar 
o tratamento descrito.
A indução da ovulação é feita a partir da administração de citrato clomifeno, de letrozol, de 
análogos do GnRH ou de gonadotrofina coriônica humana (CAMBIAGHI, [s.d.]).
94
Unidade II
O citrato de clomifeno, conforme discutido anteriormente, é um antagonista dos receptores de 
estrógeno que atua inibindo o mecanismo de feedback negativo sobre a hipófise. Como resultado, a 
secreção de LH aumenta e atinge os valores necessários para que haja indução da ovulação.
O letrozol é um inibidor da aromatase utilizado no tratamento do câncer de mama, cujo mecanismo 
de inibição da ovulação ainda não é completamente conhecido. Sua utilização causa menos efeitos 
adversos do que o uso de clomifeno e, portanto, vem sendo cada vez mais utilizado.
Os análogos de GnRH, quando utilizados de maneira pulsátil, promovem a estimulação da hipófise, 
o que aumenta os níveis de LH e estimula a ovulação.
Devido à sua semelhança com o LH, a gonadotrofina coriônica humana (hCG) é usada para induzir 
a ovulação após a maturação do folículo. A indução da ovulação acontece a partir do pico de LH que 
ocorre na metade do ciclo ovariano.
Após a indução da ovulação, muitas vezes é necessário realizar suporte hormonal para que haja a 
correta manutenção do endométrio. Para esse fim, são usados a progesterona injetável, que impede 
a descamação do endométrio, e os derivados estrogênicos, que melhoram a qualidade desse tecido.
A indução da ovulação pode resultar em gravidez múltipla, devido à hiperestimulação ovariana 
e ruptura simultânea de mais de um folículo. Outros efeitos adversos incluem agitação, mudanças 
de humor, depressão, inchaço abdominal e distúrbios visuais. Portanto, deve-se evitar a realização de 
muitos ciclos de indução seguidos. 
7.2 Técnicas cirúrgicas
A cirurgia é indicada na reversão da vasectomia e da ligadura das tubas uterinas, na excisão 
dos cistos ovarianos em casos de síndrome dos ovários policísticos severa e na ressecção dos 
focos de endometriose.
Geralmente, as cirurgias são realizadas por videolaparoscopia, que é um procedimento endoscópico 
no qual se insere uma videocâmera na cavidade abdominal por meio de orifícios, o que permitevisualizar 
os órgãos internos em uma tela e executar as manipulações necessárias. 
Muitas vezes, pacientes que se submeteram à vasectomia e à ligadura das tubas uterinas como 
método contraceptivo desejam reverter a cirurgia a fim de ter filhos. 
A vasectomia consiste na secção dos ductos deferentes do homem, o que impede que os espermatozoides 
sejam conduzidos para o meio externo durante a ejaculação. A cirurgia de reversão da vasectomia é 
realizada com o auxílio de um microscópio, e, durante o procedimento, é feita uma incisão no escroto, 
seguida da reconexão dos ductos deferentes. A taxa de sucesso dessa cirurgia varia entre 20% e 80%.
A ligadura das tubas uterinas, também conhecida como laqueadura das trompas, é executada a 
partir do corte e/ou ligamento cirúrgico dessas estruturas. A reversão da laqueadura é possível em cerca 
de 80% dos casos.
95
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
7.3 Técnicas de reprodução humana assistida
A reprodução humana assistida é um conjunto de intervenções realizadas a fim de aumentar as 
chances de ocorrer fertilização.
As técnicas de reprodução humana assistida são: a relação programada, a indução da ovulação, a 
inseminação artificial intrauterina, a fertilização in vitro ou extracorpórea e a injeção intracitoplasmática 
de espermatozoide (ICSI), sendo que a técnica mais adequada para cada caso varia conforme a(s) 
causa(s) da infertilidade.
O quadro a seguir resume as principais características de cada uma das técnicas de reprodução 
assistida disponíveis na atualidade.
Quadro 2 – Principais caraterísticas e indicações das técnicas de reprodução assistida
Técnica Principais características 
Relação programada 
Investigação, por ultrassonografia e/ou por exames hormonais, do ciclo 
folicular da mulher. No período de 24 horas antes da rotura folicular, o casal é 
estimulado a manter relação sexual. A mulher pode ou não receber estímulo 
hormonal para que ocorra a indução da ovulação
Inseminação intrauterina 
No período de 24 horas antes da rotura folicular, o sêmen coletado e 
processado em laboratório é inserido, com o auxílio de uma cânula, próximo 
às tubas uterinas da mulher, o que aumenta a chance de ocorrer fertilização
Fertilização in vitro 
Realiza-se indução da ovulação, seguida de aspiração folicular, para a 
coleta dos ovócitos maduros. É também realizada a coleta do sêmen e o 
processamento dos espermatozoides. Em uma placa de Petri com meio 
de cultura apropriado, os espermatozoides são postos em contato com os 
ovócitos, para que haja fertilização. O embrião resultante é transferido após 
as primeiras clivagens para o útero
ICSI 
Os ovócitos e o sêmen são coletados, conforme descrito anteriormente. 
É realizada injeção de um único espermatozoide no citoplasma do ovócito. 
O embrião resultante é transferido, após as primeiras clivagens, para o útero. 
Essa técnica é usada nos casos em que os espermatozoides não são capazes 
de fertilizar o ovócito espontaneamente
Adaptado de: Patrão, Penteado e Doi (2016).
A relação programada, a indução da ovulação e a inseminação intrauterina são técnicas relativamente 
simples, indicadas em casos de alterações pouco complexas que estejam levando à dificuldade de 
engravidar. A fertilização in vitro e a ICSI são técnicas de alta complexidade, pois envolvem a manipulação 
dos gametas e dos embriões resultantes e são indicadas em casos mais severos de infertilidade. 
Por exemplo, a técnica mais indicada para um casal constituído por homem com espermograma 
normal e mulher com ovulação adequada, porém com muco cervical incompetente, é a inseminação 
intrauterina, uma técnica de baixa complexidade, uma vez que tanto os gametas masculinos quanto 
os femininos são funcionalmente adequados. Já para um casal constituído por homem que apresenta 
astenozoospermia (espermatozoides imóveis) e mulher com ovulação normal, é necessária a técnica de 
ICSI, de alta complexidade, pois a fertilização não é possível naturalmente devido à baixa qualidade dos 
gametas masculinos.
96
Unidade II
A seguir, cada uma das técnicas de reprodução assistida será descrita em detalhes. Independentemente 
da técnica, na maioria das vezes, é necessário induzir a ovulação na mulher, com a utilização dos 
fármacos descritos anteriormente.
 Saiba mais
As técnicas de reprodução assistida são descritas em: 
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E 
OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Manual de orientação: reprodução humana. 
Febrasgo, 2011. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/
manuais/Manuais_Novos/Manual_de_Reproducao_-Humana.pdf. 
Acesso em: 16 set. 2019.
7.3.1 Relação programada
A relação programada, ou coito programado, é a técnica mais simples de reprodução assistida, 
e é indicada para casais com mínimas alterações na fertilidade ou que não mantêm relações no 
período fértil.
A indução da ovulação é iniciada pela administração de fármacos a partir do 2º ou 3º dias do 
ciclo ovariano (ou seja, quando a mulher ainda está menstruada). Nesse período, é também realizada a 
primeira ultrassonografia transvaginal, que deve indicar a presença de folículos primordiais medindo, 
no máximo, 6 mm de diâmetro. 
O crescimento, o tamanho e o número de folículos que estão se desenvolvendo em resposta à estimulação 
dos ovários são monitorados por exames adicionais de ultrassonografia transvaginal, realizados a cada 
dois ou três dias. No decorrer do tratamento, além do crescimento dos folículos, observa-se também a 
espessura do endométrio, e, quando os folículos atingem o tamanho ideal para a ovulação (cerca de 
25 mm), o casal é orientado a ter relações sexuais com maior frequência (COITO..., [s.d.]).
Para que ocorra a ovulação, é administrada hCG, que, por sua similaridade estrutural com o LH, 
promove a maturação final e a expulsão do ovócito secundário em direção às tubas uterinas, possibilitando 
a fecundação pelos espermatozoides já presentes no local.
Uma vez que os ovócitos permanecem viáveis nas tubas uterinas por apenas 24 horas a partir 
da ovulação, enquanto os espermatozoides continuam móveis por até 48 horas no órgão, as relações 
sexuais devem ser iniciadas preferencialmente antes da ovulação.
A taxa de sucesso das relações programadas varia de 10% a 20%, e depende de diversos fatores, por 
exemplo, a idade da mulher.
97
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
7.3.2 Inseminação intrauterina 
A inseminação intrauterina, também conhecida como inseminação artificial, é uma técnica que promove o 
posicionamento de espermatozoides previamente selecionados e em número adequado nas tubas uterinas no 
tempo correto da ruptura folicular. É indicada nos casos de anomalias congênitas do trato genital, disfunções 
eréteis, ejaculação retrógrada, muco cervical incompetente, uso de sêmen de doador ou congelado, 
oligozoospermia etc. (FEBRASGO, 2011).
As etapas da inseminação artificial são:
• Coleta do sêmen fresco ou descongelamento de amostra de sêmen armazenado em banco 
de gametas.
• Seleção, concentração e capacitação dos espermatozoides, processos que são realizados in vitro.
• Posicionamento da amostra contendo espermatozoides na cavidade uterina, em momento 
próximo à ovulação, com o auxílio de uma cânula. 
Embora essa técnica possa ser feita aproveitando-se o ciclo natural da mulher, na maioria das vezes 
são realizadas a indução da ovulação e a verificação do crescimento folicular por ultrassonografia, 
conforme descrito anteriormente.
A qualidade dos espermatozoides que serão inseridos no útero da receptora é garantida pela 
realização de técnicas que mimetizam a capacitação espermática e permitem a retirada de diversos 
componentes do sêmen, por exemplo, as prostaglandinas, os agentes infecciosos, as proteínas 
antigênicas, as glicoproteínas, os inibidores da motilidade e da reação acrossômica, os leucócitos, as 
células germinativas imaturas e os espermatozoides imóveis. Essa retirada diminui a formação de 
radicais livres que podem potencialmente danificar os gametas masculinose permitem que ele adquira 
hipermotilidade e capacidade de fertilização adequada.
A capacitação é um processo que envolve múltiplas etapas e resulta em mudanças bioquímicas e 
estruturais da membrana plasmática dos espermatozoides. A permeabilidade e a fluidez da membrana 
são alteradas graças às mudanças na concentração de íons intracelulares e à retirada de algumas 
substâncias presentes em sua superfície que afetam a permeabilidade da membrana, ao alterar a 
concentração iônica intracelular e a fluidez dessa estrutura. 
O processo de capacitação é executado naturalmente pela exposição dos espermatozoides ao fluido 
secretado pelo colo uterino. Na inseminação artificial, esse processo deve ser realizado in vitro, uma 
vez que os espermatozoides são inseridos diretamente na cavidade uterina, portanto, não entram em 
contato com o microambiente cervical.
A técnica mais utilizada para a capacitação espermática é a de swin-up. Essa técnica baseia-se na 
velocidade de progressão direcional dos espermatozoides e é capaz de recuperar cerca de 20% dos 
espermatozoides móveis presentes na amostra de sêmen original (ESPERMOGRAMA..., [s.d.]).
98
Unidade II
Os procedimentos experimentais envolvem a deposição do sêmen no fundo de um tubo de ensaio 
coberto por uma pequena quantidade de meio de cultura. Os espermatozoides que apresentam motilidade 
progressiva se desprendem e nadam para a superfície do tubo (para cima) e, após 30 a 60 minutos, 
o sobrenadante, contendo os espermatozoides capacitados, é isolado do restante da amostra.
A técnica de swin-up permite a recuperação de células de alta qualidade, embora o número de 
espermatozoides na amostra final seja baixo.
Então, os espermatozoides, devidamente capacitados, são acondicionados em uma cânula flexível e 
inseridos diretamente na cavidade uterina da mulher em um momento próximo à ovulação, de maneira 
a favorecer sua chegada às tubas uterinas (figura seguinte). A taxa de sucesso dessa modalidade de 
reprodução assistida varia de 10% a 20%.
Injeção dos 
espermatozoides no útero
Espermatozoides 
capacitados e mantidos 
em meio estéril
Figura 40 – Representação esquemática do processo de inseminação artificial 
7.3.3 Fertilização in vitro 
A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica que consiste na realização do processo de fertilização em 
laboratório e posterior posicionamento do embrião na cavidade uterina. É indicada nos casos de obstrução 
tubária, endometriose severa, infertilidade de causa não aparente e fator masculino severo – embora, 
atualmente, tem-se preferido realizar a técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides nos 
casos de infertilidade masculina (FEBRASGO, 2011). 
Outra possibilidade de uso da FIV refere-se aos casais com câncer que desejam preservar a fertilidade. 
Nesses casos, a fertilização e o congelamento dos embriões podem ser realizados antes de o paciente 
iniciar o tratamento quimioterápico ou radioterápico, para que seja possível uma futura gestação.
99
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
O procedimento de FIV convencional é realizado em quatro etapas:
• estimulação ovariana;
• aspiração folicular;
• fertilização do ovócito em laboratório;
• transferência dos embriões para a cavidade uterina.
Para que a FIV seja realizada, é necessário coletar ovócitos secundários diretamente dos ovários 
antes de ocorrer a ovulação (que tornaria a coleta dessas células praticamente impossível, devido a suas 
dimensões reduzidas).
A estimulação ovariana segue um protocolo semelhante ao conduzido na indução da ovulação e é 
frequentemente executada com o auxílio do citrato clomifeno, da hMG e da hCG, cujos mecanismos de 
ação foram discutidos anteriormente. 
Os níveis plasmáticos de LH são acompanhados durante toda a duração do tratamento, que se inicia 
a partir do 5º dia do ciclo ovariano. De 34 a 36 horas após a administração da hCG, que tem como papel 
substituir o pico de LH necessário para que ocorra a ovulação, os ovócitos secundários são aspirados 
do ovário a partir da introdução de uma agulha de punção flexível na vagina. O processo pode ser 
acompanhado por ultrassonografia ou por laparoscopia.
Após a coleta dos ovócitos, eles são mantidos em meio de cultura contendo diferentes íons, albumina 
e nutrientes. Lembre-se que o ovócito secundário, que é liberado durante a ovulação, está na fase de 
metáfase II da meiose e, portanto, apresenta um único corpúsculo polar em sua periferia (figura a seguir). 
Figura 41 – Fotomicrografia de um ovócito secundário evidenciando 
a presença de um único corpúsculo polar na periferia
Inicialmente, o gameta feminino ainda está rodeado de células da corona radiata, que nada mais são 
do que algumas células da granulosa provenientes do folículo ovariano que continuam a circundar o 
ovócito. Essas células sofrem um processo de dispersão, que é observado ao microscópio de 4 a 8 horas 
após a coleta do ovócito e indica a maturação final do gameta.
Em paralelo, os espermatozoides são coletados por masturbação após dois dias de abstinência sexual 
e capacitados seguindo os protocolos discutidos anteriormente. A concentração dos espermatozoides é 
100
Unidade II
ajustada para que, quando colocados em contato com o ovócito, seja de 100 mil a 150 mil espermatozoides 
por mL. Esse processo deve ser realizado de 3 a 6 horas após a coleta dos espermatozoides.
Uma vez que os espermatozoides foram devidamente capacitados, a reação acrossômica — processo 
que torna possível a digestão da zona pelúcida e a inserção do material genético do espermatozoide no 
interior do ovócito — ocorre naturalmente.
O monitoramento da fertilização é feito pela observação da morfologia do ovócito. Quando ocorre 
fertilização, o processo de meiose do gameta feminino é completado, e, portanto, passam a ser observados 
dois corpúsculos polares na periferia dessa célula, que passa a ser denominada óvulo. Também é possível 
observar o pronúcleo feminino e o masculino.
Pronúcleo masculino
Pronúcleo feminino
Corpúsculos polares
Figura 42 – Ovócito fertilizado (óvulo) indicando a presença dos pronúcleos feminino e masculino 
e dos dois corpúsculos polares, que marcam o fim da divisão meiótica do gameta feminino
Ao microscópio, observa-se, inicialmente, que os pronúcleos feminino e masculino estão afastados. 
Essas estruturas, que contêm, respectivamente, o material genético do óvulo e do espermatozoide, vão 
se aproximando gradativamente até que ocorra a fusão, o que marca a formação do zigoto e o início 
da primeira divisão mitótica. Esse processo ocorre entre 18 e 24 horas após o processo de fertilização.
O desenvolvimento do zigoto e a sua diferenciação em blastocisto — processos que marcam a primeira 
semana do desenvolvimento embrionário — são realizados ainda in vitro, antes da inserção do embrião na 
cavidade uterina. Durante essa primeira semana, verifica-se periodicamente a morfologia dos pré-embriões. 
A estimulação ovariana permite que vários ovócitos secundários sejam coletados do ovário, e, 
portanto, o processo de FIV possibilita que vários embriões sejam formados a partir um único ciclo 
de fertilização assistida. Esse fato é de extrema importância para o sucesso da técnica, pois permite 
que somente os embriões que apresentem maior probabilidade de se implantarem no útero sejam 
transferidos. Os demais embriões são congelados para tentativas futuras.
101
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Os blastômeros devem, idealmente, apresentar formato ovoide, tamanho uniforme e ausência de 
fragmentações citoplasmáticas. No entanto, já foram relatadas gestações de embriões cujos blastômeros 
apresentavam tamanho desigual, o que indica que, muitas vezes, a boa morfologia do embrião não é 
necessária para que ocorra a gestação.
De acordo com as características morfológicas do embrião, ele pode ser classificado em quatro 
diferentes graus de desenvolvimento (quanto maior o grau, melhor a qualidade do embrião):
• Grau I: blastômeros com mais de 50% de fragmentação citoplasmáticaou estágio de pronúcleo.
• Grau II: blastômeros com 10 a 50% de fragmentação citoplasmática.
• Grau III: blastômeros irregulares ou com menos de 10% de fragmentação citoplasmática.
• Grau IV: blastômeros regulares simétricos.
Durante a verificação da morfologia, pode-se realizar a abertura da zona pelúcida por meio de uma 
microincisão, em um processo denominado hatching, que aumenta as chances de ocorrer implantação.
 Observação
Na concepção natural, a zona pelúcida permanece envolvendo o 
pré-embrião até o fim da primeira semana, o que garante a proteção dessa 
estrutura antes da implantação.
Habitualmente, a transferência de um ou mais embriões é realizada no terceiro dia do 
desenvolvimento embrionário (estágio de oito células) ou no quinto dia (blastocisto inicial). A escolha 
do dia ideal depende de vários fatores, como a idade da mulher, a qualidade e a quantidade dos 
embriões formados, o número de tentativas anteriores etc. 
Por exemplo, se há indicação de biópsia embrionária antes da transferência para o útero, muitas 
vezes é mais vantajoso que o embrião se desenvolva até o estágio de blastocisto, quando é possível 
retirar algumas células do trofoblasto para a biópsia. Como essas células darão origem à placenta, 
evita-se a retirada de células que darão origem ao embrião.
 Observação
A retirada de células para biópsia nunca deve ser realizada no estágio de 
mórula (dia 4 do desenvolvimento), pois pode resultar em um embrião inviável.
A transferência dos embriões para a cavidade uterina é feita a partir da inserção de um cateter por 
via vaginal. 
102
Unidade II
Uma questão importante é a escolha do número de embriões que serão implantados, uma vez que 
a chance de haver gestação é maior quando mais de um embrião é transferido. Porém, a transferência 
de mais de um embrião pode resultar em gestações múltiplas, motivo pelo qual essa decisão deve ser 
ponderada levando-se em conta a idade da mulher, a qualidade dos embriões etc. O número de embriões 
a serem transferidos varia de dois a quatro, dependendo da idade da mulher.
Após a transferência dos embriões, o sucesso da implantação é acompanhado por meio da realização 
de testes de sangue e ultrassonografia. As taxas de sucesso variam entre 20 e 40%.
7.3.4 Injeção intracitoplasmática de espermatozoides
A injeção intracitoplasmática de espermatozoides, também conhecida como ICSI (do inglês 
intracytoplasmic injection of sperm) é uma técnica que permite a injeção direta do espermatozoide no 
citoplasma do ovócito. É indicada nos casos de infertilidade masculina grave, incluindo astenozoospermia, 
oligozoospermia e teratozoospermia, ejaculação retrógrada (quando o ejaculado é direcionado para a 
bexiga urinária), azoospermia obstrutiva etc. Atualmente, é a técnica mais executada nos laboratórios de 
fertilização assistida, inclusive quando o fator masculino não é o principal determinante da infertilidade.
 Saiba mais
Leia sobre o desenvolvimento da técnica de ICSI em: 
MOURA, M.; SOUZA, M.; SCHEFFER, B. Reprodução assistida. Um 
pouco de história. Revista SBPH, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, jan./dez. 2009. 
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rsbph/v12n2/v12n2a04.pdf. 
Acesso em: 20 set. 2019.
Nessa modalidade de reprodução assistida, também é necessário realizar a estimulação ovariana e 
a aspiração dos ovócitos secundários, de maneira semelhante à descrita anteriormente. A obtenção dos 
espermatozoides para o procedimento de ICSI, no entanto, é feita de maneira diferente da realizada 
durante o procedimento de FIV convencional.
Nos casos de azoospermia obstrutiva, os espermatozoides são retirados diretamente do epidídimo, a 
partir de aspiração percutânea (Pesa, percutaneous epididymal sperm aspiration) ou de microaspiração 
(Mesa, microsurgical epididymal sperm aspiration). Em casos ainda mais severos, pode ser necessária 
a retirada dos espermatozoides diretamente do testículo, mediante punção aspirativa (Tesa, testicular 
sperm aspiration) ou biópsia testicular (Tese, testicular sperm straction). 
Uma vez que os espermatozoides testiculares e epididimários ainda são imóveis, é necessário realizar 
uma avaliação detalhada da morfologia deles para que somente espermatozoides de boa qualidade 
sejam utilizados. O processo de capacitação não é executado, pois o procedimento de ICSI ultrapassa as 
etapas de movimentação do espermatozoide em direção ao ovócito e a reação acrossômica.
103
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
O processo de ICSI é realizado da seguinte maneira:
• Após a estimulação ovariana, é realizada aspiração folicular para obtenção dos ovócitos secundários.
• Os ovócitos são identificados, e a corona radiata é removida a partir da incubação com a 
enzima hialuronidase.
• Os ovócitos desnudados (sem a corona radiata) são avaliados quanto à presença do primeiro 
corpúsculo polar e permanecem em meio de cultura até o momento da injeção do espermatozoide.
• O procedimento de injeção é realizado em microscópio invertido, equipado com um sistema de 
lentes especiais e um micromanipulador automático.
• O ovócito é mantido fixo com o auxílio de micropipetas especiais.
• Um único espermatozoide morfologicamente normal, porém imóvel, é posicionado em outra 
micropipeta e injetado no citoplasma do ovócito com o auxílio do micromanipulador.
• A pipeta é removida do citoplasma do ovócito. O sucesso da fertilização é observado de 16 a 18 horas 
após o procedimento, a partir da verificação do aparecimento dos pronúcleos feminino e masculino.
• Após avaliação morfológica criteriosa, um número ideal de embriões é transferido para a cavidade 
uterina, sendo os embriões excedentes criopreservados.
 Observação
Em alguns casos, a cauda do espermatozoide é retirada antes da 
fertilização (“quebra da cauda”) a fim de aumentar a chance de sucesso 
da técnica.
A figura a seguir ilustra o procedimento de ICSI.
Figura 43 – Injeção intracitoplasmática de espermatozoide. Observe o ovócito, contendo um 
corpúsculo polar (região inferior), fixado com o auxílio de uma pipeta e a injeção do gameta 
masculino diretamente no citoplasma do ovócito, ultrapassando a zona pelúcida
104
Unidade II
A ICSI é considerada uma evolução da fertilização in vitro, pois permite que a fertilização ocorra 
mesmo a partir de espermatozoides incompetentes. Contudo, essa técnica implica a ausência do processo 
de seleção natural do espermatozoide, o que poderia resultar em maiores chances de haver fecundação 
a partir de um gameta com anormalidades cromossômicas. Por esse motivo, a realização de diagnóstico 
genético pré-implantacional é recomendada. 
Além disso, existe uma correlação entre risco aumentado de restrição ao crescimento fetal e baixo 
peso ao nascer em decorrência da realização não só da ICSI, mas também das outras técnicas de 
reprodução assistida.
7.4 Criopreservação de gametas e de embriões
A criopreservação de embriões e de gametas é procedimento rotineiramente executado nos 
laboratórios de reprodução assistida, pois permite que futuras tentativas de gestação sejam feitas sem 
a necessidade de realizar nova estimulação ovariana e coleta de sêmen. 
Nesse aspecto, é importante lembrar que, com a idade, a qualidade dos espermatozoides, mas 
principalmente dos ovócitos, tende a decair significativamente. Além disso, o tratamento de neoplasias, 
cuja incidência aumenta com a idade, tende a levar a um quadro de insuficiência gonadal, e, portanto, 
a criopreservação dos gametas é uma maneira de preservar a fertilidade.
Durante os procedimentos de FIV convencionais e ICSI, muitas vezes o número de embriões viáveis 
gerados é maior do que o necessário para a o processo de transferência e, nesses casos, o congelamento 
dos embriões viáveis permite futuras gestações.
A criopreservação permite manter as células e os tecidos em temperaturas baixas, que variam 
de -80 ºC até -196 ºC, temperaturas nas quais o metabolismo celular encontra-se totalmente 
inativado. O protocolo utilizado garante que, mesmo sem atividademetabólica, a viabilidade das 
células seja mantida.
A criopreservação envolve o congelamento lento dos gametas e/ou embriões, mantidos em soluções 
crioprotetoras (sacarose, PVP, glicerol, DMSO etc.). O congelamento é possível a partir da adição das 
células ao nitrogênio líquido, cuja temperatura é cerca de -80 oC.
Outro protocolo envolve a vitrificação das células, que nada mais é que a solidificação dos líquidos 
intra e extracelulares sem que haja cristalização durante o congelamento deles. Essa técnica garante 
maior taxa de recuperação após o descongelamento e é realizada mediante a presença de altas 
concentrações de crioprotetor durante o processo de congelamento.
Após o congelamento, os gametas e embriões podem permanecer congelados em tanques por tempo 
indeterminado, sem que haja comprometimento de sua viabilidade (figura seguinte).
105
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Figura 44 – Tanque de criopreservação
Assim como o congelamento, o descongelamento dos gametas e dos embriões deve ser executado 
lentamente, a fim de preservar sua estrutura. Em relação aos embriões, considera-se que sobreviveram 
bem ao congelamento aqueles que apresentam pelo menos 50% de seus blastômeros intactos.
7.5 Doação de gametas
Nos casos de falência ovariana ou naqueles em que os espermatozoides são completamente inférteis, 
é possível eleger a doação de gametas como estratégia para assegurar a gestação.
A fertilização com espermatozoide doado e criopreservado é relativamente simples, porém a 
gestação com ovócitos de doadora implica maiores cuidados, uma vez que haverá a implantação de 
um embrião com material genético completamente diferente do contido nas células da receptora, e 
a gestação ocorrerá na ausência de um corpo lúteo.
Para ser um doador de espermatozoides, o homem precisa ter entre 18 e 50 anos; assinar um termo 
de consentimento livre e esclarecido, que garante o anonimato tanto do doador quanto da receptora; 
não pertencer a grupos de risco de infecções sexualmente transmissíveis; não ter histórico de doenças 
genéticas ou congênitas na família; realizar exames de triagem (exames de sangue e espermograma); 
e se comprometer a fazer seis doações ou mais.
Para ser doadora de ovócitos, a mulher precisa ter idade inferior a 35 anos, assinar um termo de 
consentimento livre e esclarecido; não apresentar doenças genéticas familiares ou próprias, ou ainda 
malformações congênitas; não ser portadora de doenças transmissíveis e neoplasias malignas com 
características familiares. Essas restrições fazem com que o número de mulheres dispostas a doar seus 
ovócitos seja pequeno.
A doação de ovócitos permite que as mulheres com total falência ovariana — na qual a regulação do 
eixo hipotálamo-hipófise ovário é inexistente — ou mesmo as mulheres menopausadas engravidem. Para 
que isso ocorra, é necessário que essas receptoras realizem uma terapia hormonal, que visa mimetizar o 
ciclo ovariano e menstrual normais e, assim, garantir as condições mínimas para que haja implantação 
e gestação.
106
Unidade II
É importante ressaltar que a doação de gametas é um ato espontâneo, nunca deve ser remunerado.
A doação de embriões criopreservados também é possível. A regulamentação desse processo será 
discutida neste livro-texto.
7.6 Diagnóstico genético pré-implantacional
Desordens genéticas e epigenéticas, entre outras anomalias, são mais frequentes em crianças 
concebidas por reprodução assistida do que nas concepções tradicionais. Acredita-se que isso se deva 
tanto às características dos gametas, que muitas vezes apresentam baixa qualidade (como elevada 
taxa de fragmentação cromossômica), quanto às características das técnicas de reprodução assistida 
em si. Por esse motivo, o acompanhamento do desenvolvimento embrionário antes de o embrião ser 
implantado no útero é um procedimento de rotina nesse tipo de intervenção (ALMEIDA; DUARTE FILHO; 
SOARES, 2013).
O diagnóstico genético pré-implantacional, que visa à seleção dos embriões que apresentam maiores 
chances de sobreviver no útero e originar crianças saudáveis, consiste na retirada dos corpúsculos 
polares, de um ou mais blastômeros do embrião, quando ele se encontra no estágio de oito células, ou 
de uma ou mais células do trofoblasto do embrião em estágio de blastocisto. Em seguida, são realizados 
ensaios moleculares que objetivam verificar a qualidade do material genético contido nessas células. 
A técnica de Fish (fluorescent in situ hybridization) pode ser empregada a fim de determinar a 
ocorrência de doenças ligadas ao sexo, de aneuploidias ou poliploidias e de anomalias cromossômicas 
estruturais. Essa técnica permite a marcação dos cromossomos com moléculas fluorescentes e sua 
visualização ao microscópio (figura a seguir). Já a PCR (polymerase chain reaction) é um teste molecular 
útil para determinar defeitos genéticos que envolvem um único gene.
Figura 45 – Visualização dos cromossomos do embrião pela técnica de Fish
107
EMBRIOLOGIA E REPRODUÇÃO HUMANA
Ressalta-se que, de acordo com a legislação brasileira vigente, os procedimentos citados podem ser 
realizados unicamente com o intuito de verificar a integridade do material genético do embrião, sendo 
proibida a realização de ensaios que visem selecionar as características físicas desejadas pelos pais, como 
sexo, cor dos olhos, cor do cabelo etc.
7.7 Atuação do biomédico na área de reprodução assistida
O Conselho Federal de Biomedicina é o órgão que regulamenta e fiscaliza, juntamente com os conselhos 
regionais, a profissão biomédica. De acordo com o órgão, para atuar na área de reprodução humana assistida, 
é necessário realizar estágio supervisionado obrigatório em uma clínica de reprodução assistida durante a 
graduação ou ainda um curso de especialização no nível de pós-graduação.
O biomédico devidamente habilitado na área reprodução humana assistida pode realizar os seguintes 
procedimentos:
• identificação e classificação oocitária;
• espermograma;
• processamento seminal;
• manipulação de gametas e pré-embriões;
• classificação embrionária e acompanhamento dos pré-embriões;
• preparação do embrião para a transferência;
• criopreservação de gametas e embriões;
• biópsia embrionária; 
• hatching.
Além disso, esse profissional pode atuar em pesquisa em embriologia, assinar laudos e assumir a 
responsabilidade técnica do laboratório.
 Saiba mais
Consulte o site do Conselho Federal de Biomedicina (cfbm.gov.br) e do 
Conselho Regional de Biomedicina da sua região para saber mais sobre as 
habilitações do biomédico.
108
Unidade II
8 ASPECTOS ÉTICOS DA REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA
A reprodução humana assistida envolve a geração de novas vidas e, por esse motivo, é palco de 
amplo debate ético. 
A área que estuda os aspectos éticos envolvidos com a geração e o uso do conhecimento biológico 
é a bioética. No âmbito da bioética, são estudadas as questões éticas que o avanço da biotecnologia 
tem provocado. O biodireito, por sua vez, é o ramo do direito público que se associa à bioética e estuda 
as relações jurídicas entre o direito e os avanços tecnológicos da medicina e da biotecnologia, visando 
à dignidade da pessoa humana. Qualquer discussão ética que envolva a reprodução assistida esbarra no 
estudo dessas duas áreas do conhecimento e das leis, portarias e resoluções relacionadas.
No Brasil, a reprodução assistida e os demais aspectos relacionados são regulados pelos 
seguintes documentos:
• Resolução n. 2.168, de 2017: criada pelo Conselho Federal de Medicina, 
adota as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida 
– sempre em defesa do aperfeiçoamento das práticas e da observância aos 
princípios éticos e bioéticos que ajudam a trazer maior segurança e eficácia 
a tratamentos e procedimentos médicos –, tornando-se o dispositivo 
deontológico a ser seguido pelos médicos brasileiros [...] (BRASIL, 2017).
• Lei n. 11.105, de 2005: conhecida como Lei de Biossegurança, que trata do uso dos organismos 
geneticamente

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