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GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL NUMA OUTRA PERSPECTIVA A educação escolar constitui um dos instrumentos de consecução de uma sociedade democrática, na medida em que universaliza o saber sistematizado, fundamental para o exercício da cidadania. A escola, como uma instituição de socialização do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, deve estar comprometida politicamente e ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando essas necessidades em função de princípios educativos capazes de responder às demandas sociais. Tais ações são direcionadas pela gestão escola, a qual foi instituída com o objetivo de melhorar a eficiência no ensino dentro das instituições. No Brasil, a administração da educação não se desvincula dos princípios administrativos empresariais, dada a sua característica de sociedade capitalista, em que os interesses do capital estão sempre presentes nas metas e nos objetivos das organizações que devem se adaptar ao modelo que lhe impõe esse tipo de sociedade. E nesse ambiente o desenvolvimento de trabalho na área educacional exige do gestor/educador os exercícios de ofícios que lhe permita a adoção de práticas pedagógicas voltadas para o transformar e transformar-se como pessoa e profissional. Essa perspectiva administrativa contribui para que a gestão escolar venha a se tornar fundamental e benéfica também para todos os envolvidos. Os teóricos da gestão escolar, na busca de um grau de cientificidade necessário para comprovar a importância desta área, procuram utilizar-se das teorias da administração de empresas, entendendo que aí encontram fundamentação teórica capaz de promover o funcionamento da organização escolar de acordo com as expectativas da sociedade. Administração Escolar, tornando o sistema escolar cada vez mais uma estrutura burocrática, permitir ao Estado um controle maior sobre a educação, para adequá-la ao projeto de desenvolvimento econômico do país, descaracterizando-a como atividade humana específica, submetendo-a a uma avaliação cujo critério é a produtividade, no sentido que lhe atribui a sociedade capitalista. (Félix, 1986, p. 176). A palavra gestão remete ao conceito de liderança, na qual é usada por grandes corporações no mundo empresarial. Fazer uma gestão de qualidade requer conhecimentos e habilidades sinônimas às da liderança. A liderança na área educacional tem a função de obter resultados por meio das pessoas e com base em valores. São líderes os secretários da educação, os gestores regionais, diretores de escolas, os coordenadores, os professores e todos aqueles que têm a responsabilidade de mobilizar pessoas para produzir os resultados de uma educação de qualidade. Para que a função da liderança na educação seja cumprida, é necessário alinhar os interesses dos vários envolvidos em torno do aprendizado do aluno e fazer disso o objetivo único, pelo qual todos devem se empenhar. As necessidades atuais da sociedade exigem uma liderança que transcenda a tradicional competência administrativa e passe pelo conhecimento no método de gestão, pela atitude com a equipe, pelo exemplo de coerência entre discurso e ação e nos valores demonstrados. Segundo aponta Sergiovanni (1995), a liderança é o processo pelo qual se desencadeiam ações orientadas por um sentido claro de direção (objetivos entendidos ampla e claramente), qualificados por valores elevados, apresentados no desempenho dos líderes. A escola tem uma contribuição indispensável e insubstituível, embora limitada, a dar para a afirmação histórica das classes populares, na medida em que pode favorecer a ampliação da compreensão do mundo, de si mesmo, dos outros e das relações sociais, essencial para a construção da sua presença histórica, responsável e consciente, no exercício concreto da cidadania. À expectativa de que a escola seja simplesmente um meio de ascensão social, contrapõem-se a questões como: Quem traça os objetivos? A gestão educacional está intimamente articulada ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos, extrapolando as batalhas internas da educação institucionalizada, e sua solução está condicionada à questão cultural e tem benefícios que transcendem os limites da ação da escola. O principal instrumento de uma gestão é o planejamento participativo, que pressupõe uma deliberada construção do futuro, do qual participam os diferentes segmentos de uma instituição escolar. O objetivo em comum é identificar as barreiras do ambiente e elaborar estratégias para facilitar a implementação das mudanças propostas, comprometendo efetivamente as pessoas para obter resultados duradouros. Embora a gestão educacional deva manter o foco nos resultados, é necessário gerenciar o processo. Entende-se por processo um conjunto de atividades (meios) através das quais a escola está estruturada com o objetivo de produzir valor para a sociedade, ou seja, cumprir a sua função. A escola, dependendo da postura de cada gestor, poderá definir metas específicas para atender sua função e alcançar sua própria visão de futuro. Para isso, precisará analisar seus resultados históricos, comparar seus resultados atuais com os resultados de escolas com perfil semelhante e, então, definir a suas metas. Para a escola cumprir a sua função de obter aproveitamento adequado dos alunos, ela deverá gerenciar os processos envolvidos no cumprimento dessa função (vagas disponibilizadas, matrículas realizadas, aulas ministradas e avaliação realizada). E quando há falhas nessa gestão, poderá ser utilizada a análise de processo para verificar as causas e direcionar as ações de melhoria, por isso é fase é tão importante. A análise do processo nesse caso é realizada para estabelecer a relação entre o problema (efeito) e suas causas (processo). Esse exercício permite conhecer os fatores do processo que estão falhando na sua função de agregar valor ao resultado e que devem ser tratadas em um plano de ação.