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Direito Empresarial II – Títulos de Crédito Bruno Costa bfabricio_costa@yahoo.com.br Vencimento: Vencimento é a data a partir da qual o direito consubstanciado no título passa a ser exigível dos seus obrigados. O vencimento, assim, define o momento final de circulação da obrigação cambial, bem como o momento a partir do qual passa a ser exigível a prestação. Portanto, vencido o título de crédito e apresentado ao obrigado, deve ser ele pago. O título que tiver vencimentos diferentes será nulo. O título pode ser emitido: Em dia fixo: seu vencimento ocorre na data determinada. Se não consta o vencimento presume ser à vista. O vencimento ocorrerá de acordo com o calendário do lugar do pagamento quando ele for diverso do calendário do lugar da emissão - Art. 37 da LUG Utilizamos o calendário gregoriano no Brasil. À vista: o vencimento ocorre mediante a apresentação do título ao obrigado para pagamento; A um certo termo de vista: o vencimento ocorre a partir da apresentação do título ao sacado, para aceite. “x dias (meses) de vista” – Se o aceite não tiver datado, o título poderá ser protestado para essa finalidade. O possuidor do título poderá datar o aceite. A um certo termo de data: o vencimento ocorre dentro de um prazo contado a partir da data de emissão do título. “30 dias de data” - “2 meses de data” – Se não houver a data correspondente, o pagamento deve ser feito no último dia do mês de pagamento. Juros moratórios – Art. 406 CC - §1º do art. 161, CTN 1% ao mês. Calculados sobre o valor do título para compensar o atraso do pagamento. Diferença entre juros moratórios e juros compensatórios ou remuneratórios. Pagamento: Extintivo: Pagamento feito pelo obrigado (devedor) principal. Com esse pagamento o título não poderá mais circular. Tal pagamento desonera de responsabilidade os demais coobrigados do título. Recuperatório: Pagamento feito por qualquer obrigado de regresso (endossantes, avalistas). Quem paga recupera o direito emergente, podendo agir contra os obrigados anteriores. Por intervenção: Feito por terceiro para honrar o nome de alguém já obrigado no título. *O credor não pode recusar o pagamento no vencimento do título, ainda que parcial. AVAL Conceito: Declaração cambiária autônoma pela qual o signatário se obriga incondicionalmente a adimplir totalmente a obrigação cambial. Somente não haverá obrigação em caso de vício formal do título – Ausência dos requisitos, falsidade de documento, etc... Expressões: Avalista e Avalizado. Também pode ser em branco ou em preto. Se o avalista não indicar o avalizado, ele será equiparado ao sacador. No anverso do título basta a simples assinatura para caracterização do aval. O aval dado no verso deve ser indicado. Expressões: Ex: “por aval”, “por aval de João” “em garantia de José” Se o aval não for datado presume-se ter sido dado antes do vencimento. Momento em que o aval pode ser passado: pode o aval ser dado mesmo antes da constituição do título formal da obrigação pelo avalizado, ou seja, antes do aceite. AVAL ANTECIPADO. Existem duas correntes doutrinárias: 1ª Corrente: Se não existe a assinatura do avalizado do avalista (pessoa indicada como aceitante – sacado), não existirá obrigação. Art. 32 - LUG 2ª Corrente: A obrigação existirá em virtude da aplicação do princípio da autonomia das relações cambiais. AVAL PÓSTUMO: O aval dado em data posterior ao vencimento terá os mesmos efeitos se tivesse sido anteriormente dado. Avais Simultâneos e Sucessivos: • SIMULTÂNEOS: avais dados em conjunto por 2 ou mais pessoas ao mesmo avalizado. O portador do título poderá procurar qualquer dos co- avalistas que assumiram a responsabilidade simultaneamente pelo pagamento da dívida. – Súmula 189 STF Solidariedade comum entre os avalistas – se um pagar, poderá exigir a cota parte do outro (direito de regresso). • SUCESSIVOS: ocorre quando um avalista se equipara expressamente a outro avalista no mesmo título. (aval de aval). ATENÇÃO: *O aval parcial é permitido pelo art. 30 da LUG e vedado pelo art. 897 do Código Civil. Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Aval cancelado (riscado) considera-se não escrito, assim como o endosso. Se o avalista paga o título, fica sub-rogado nos direitos emergentes da cambial. AVAL x FIANÇA AVAL • Instituto típico de direito cambiário. • Está sempre vinculado a um título de crédito. • O avalista não pode opor exceções que aproveitam ao avalizado. • É dado no próprio título – Não existe aval em contrato. • Não existe benefício de ordem. Fiança • É contrato acessório a um contrato principal. Assim, se for nulo o contrato principal, nula será também a fiança. • O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as extintivas da obrigação que competem ao devedor principal. • É dada em contrato acessório. • Pode ser invocado o benefício de ordem – Art. 827 - CC Declarações cambiais: Manifestação de vontade do signatário no sentido de criar, completar, garantir ou transferir o título de crédito. Declaração Necessária (originária): emissão ou saque – Termos que identificam a criação do título. *Saque - ato de criação do título de crédito, que se dá com a sua assinatura pelo emitente. Declarações eventuais ou sucessivas: Aceite, endosso, aval. Emissão de títulos de crédito por analfabetos: Analfabeto somente poderá emitir título de crédito desde que esteja representado por pessoa com poderes especiais, com procuração por instrumento público, tendo em vista que em regra a assinatura deve ser de próprio punho (Dec. Nº 2.044/1908). Não poderá se realizada a impressão digital no título. TEORIAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL: A partir de quando se constitui a obrigação cambial: • Teoria da Criação: A obrigação cambial nasce a partir da confecção material do título. Com sua formação ele adquire valor próprio e torna-se fonte de um direito de crédito. Art. 896 e Art. 905 – Parágrafo Único do CC. • Teoria da Emissão: a obrigação somente nasce com a entrega voluntária do título ao beneficiário. Letra de Câmbio Legislação aplicável - Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra A letra de câmbio trata-se de uma ordem de pagamento. Ao ser emitida ocorrem três situações: Sacador emite a ordem Sacado a quem a ordem é destinada Tomador beneficiário da ordem A lei autoriza que a letra possa ser sacada à ordem do próprio sacador. *Sacador e tomador como a mesma pessoa. A letra é emitida por alguém em seu próprio benefício. A Letra de Câmbio também pode ser sacada sobre o próprio sacador: Sacador e sacado a mesma pessoa. A letra é emitida pelo sacado contra ele mesmo. Por ordem e conta de terceiro: Forma mais usual. Uma pessoa (sacador) ordena que alguém (sacado) pague a outrem (tomador). Requisitos essenciais da letra de câmbio: I) a palavra “letra de câmbio” inserta no próprio texto do título. II) ordem pura e simples de pagar uma quantia determinada. III) nome daquele que deve pagar (SACADO). IV) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem a letra deve ser paga (TOMADOR). V) Época do pagamento > (ausência de vencimento – presume-se à vista) VI) indicação do lugar onde se deve efetuar o pagamento. VII) Indicação da data e do lugar onde a letra é passada. VIII) assinatura de quem passa a letra (sacador). O decreto 2.044/1908 estabelece que do título deve constar a assinatura de próprio punho do emitente. (Lembrem-se do analfabeto!). RIGOR CAMBIÁRIO Exceções relativas a época do pagamento, praça de pagamento e lugar da emissão. Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domiciliodo sacado. A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. Não havendo qualquer definição de local ao lado, abaixo do nome do sacado ou sacador, o título deixará de ser Letra de Câmbio. Somente a época do pagamento poderá ser considerada um requisito não essencial. * Aceite * Ato pelo qual o sacado acolhe a ordem e se integra na relação cambial como o principal devedor. A princípio o sacado não tem obrigação cambial alguma, uma vez que ele não é obrigado a cumprir a ordem de pagamento emitida pelo sacador contra a sua vontade. A ausência do aceite não desnatura a função econômica do título de crédito. A figura do aceite existe na letra de câmbio e na duplicata, embora na duplicata a obrigação creditícia já exista com ou sem o aceite. O aceite se dá pela assinatura do sacado no anverso, ou no verso com identificação de que se trata de aceite, com as expressões “aceito”; “aceitamos” ou “prometo pagar”. Nesses termos o art. 25 da LUG dispõe: Art. 25. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou que deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulação especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que a data seja a da apresentação. À falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve fazer constar essa omissão por um protesto, feito em tempo útil. O aceite, na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável. Como é facultativo, não precisa justificar a recusa do aceite. A recusa do aceite produzirá efeitos relevantes para o sacador e para o tomador, uma vez que ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador exigir do sacador – co-devedor do título – o seu pronto pagamento. Art. 43. O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os endossantes, sacador e outros coobrigados: - no vencimento; - se o pagamento não foi efetuado; - mesmo antes do vencimento: 1 - se houve recusa total ou parcial de aceite; 2 - nos casos de falência do sacado, quer ele tenha aceite, quer não, de suspensão de pagamentos do mesmo, ainda que não constatada por sentença, ou de ter sido promovida, sem resultado, execução dos seus bens; 3 - nos casos de falência do sacador de uma letra não aceitável. O sacado poderá aceitar o título parcialmente, através de duas formas: *Aceite-limitativo: através do qual o sacado aceita apenas parte do valor do título; *Aceite-modificativo: através do qual o sacado altera alguma condição de pagamento do título, como, por exemplo, o seu vencimento. Nesse caso também ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar a totalidade do crédito contra o sacador. A única diferença entre a recusa total e a recusa parcial relaciona-se com a posição assumida pelo sacado. No primeiro caso, ele não assume qualquer obrigação cambial. No segundo caso, ele se vincula ao pagamento do título nos termos do aceite: Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. Portanto, ao emitir uma letra de câmbio, por exemplo, o sacador corre o risco de ter que honrá-la antes do seu vencimento, o que ocorre quando o sacado não aceita a letra, total ou parcialmente. Letra de câmbio não aceitável - impõe ao tomador a obrigação de só procurar o sacado para o aceite na data do vencimento. Assim não será possível ao sacado recusar o aceite e, portanto, não haverá o vencimento antecipado do título. Essa proibição do aceite deverá ser dada no próprio título. Nesse caso se o sacado se recusar a pagar, não ocorrerá vencimento antecipado da letra, uma vez que aquele dia já é a data do vencimento do título. Estabelecendo isso, o sacador não será surpreendido com o vencimento antecipado do título. *Essa modalidade não é válida para letra de câmbio com vencimento a certo termo de vista. Fixação de prazo para aceite: O sacador estipula uma data certa a partir da qual o título poderá ser levado a aceite. Antes da data é vedada a apresentação do título para aceite do sacado. Aceite por intervenção – Uma pessoa, indicada ou não para aceitar o título, aceita a letra de câmbio para evitar o seu protesto e honrar o nome de alguém já obrigado no título. Intervenção indicada: uma pessoa é indicada para, em caso de necessidade, aceitar o título, o que deve constar na própria letra. O indicado pode aceitar ou não! Se aceitar, o tomador somente poderá cobrar o título no vencimento. Intervenção voluntária: O interveniente pode ser um terceiro ou pessoa já obrigada no título. O portador pode recusar o aceite por intervenção voluntária. Se, porém, o admitir, perde o direito de ação antes do vencimento contra aquele por quem a aceitação foi dada e contra os signatários subsequentes. Essa modalidade é realizada para honrar o nome de alguém já obrigado no título. Cancelamento do Aceite: Se o sacado antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera- se feita antes da restituição da letra. As letras a certo termo de vista deverão ser apresentadas para aceite em até um ano de sua emissão (admite disposição em contrário pelo sacador).
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