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Origem , Objeto, Influências no Direito Administrativo Brasileiro Tendências do Direito Administrativo 1) O Direito Administrativo, como ramo autônomo, nasceu em fins do século XVIII e início do século XIX. 2) Anteriormente: órgãos encarregados de funções administrativas submetidos a normas - jus civile. Normas esparsas: funcionamento da Administração Pública, competência de seus órgãos, aos poderes do Fisco, servidão pública etc. 3) Idade Média – época das monarquias absolutas. Servos e Vassalos. Estado de Polícia: direito ilimitado de administrar. estruturado sobre os princípios: - quod regi placuit lex est (o que o rei decidiu, é lei) - the king can do no wrong (o rei não erra) - le roi ne peut mal faire (o rei não pode errar) 4) O Rei não podia ser submetido aos Tribunais – base para a teoria da irresponsabilidade do Estado. 5) Direito Administrativo e outros ramos do direito público começam a se formar como autônomos com a ideia do Estado de Direito, estruturado sobre os princípios da legalidade e da separação dos poderes. 6) Alguns afirmam que o Direito Administrativo é produto exclusivo da situação gerada pela Revolução Francesa (1789 - 1799) só existindo nos países que adotam os princípios por ela defendidos. 7) Comparação com o direito inglês, que não tendo sofrido o corte brusco ocorrido na França, entre o mundo feudal e burguês, não conhece um Direito Administrativo. 8) O que é verdadeiro é o fato de que nem todos os países tiveram a mesma história nem estruturaram pela mesma forma o seu poder. 9) Conteúdo: varia no tempo e no espaço, conforme o tipo de Estado adotado: Estado de Polícia, Estado do Bem-estar; Estado liberal; Estado-Providência. 10) Influências do Direito administrativo francês, italiano e alemão 11) Direito Francês – escola legalista ou exegética – interpretação dos textos legais pelo Tribunais Administrativos. 12) Direito Alemão – início da elaboração científica 13) Direito Italiano – elaboração sistemática 14) Direito Francês a) Ano de nascimento do Direito Administrativo, Lei de 28 pluvioso do ano VIII (1800) – organização jurídica da França. b) Elaboração jurisprudencial do Conselho de Estado francês. c) Criação da jurisdição contenciosa – sistema de jurisdição dupla – amplo alcance ao princípio da separação dos poderes – desconfiança do constituintes franceses pós-revolucionários em relação ao Poder Judiciário – Lei 16, 24 de agosto de 1790, art. 13 - Decreto de 16 frutidor do ano III. d) Autonomia do Direito Administrativo, sua posição como ciência dotada de objeto, método, institutos, princípios e regime jurídico próprios começou a partir do famoso caso Blanco, ocorrido em 1873 – menina Agnès Blanco que ao atravessar a rua da cidade francesa de Bordeaux foi colhida pela vagonete da Companhia Nacional de Manufatura de Fumo, que transportava matéria-prima entre edifícios. Pela primeira vez o Tribunal de Conflitos afastou a aplicação do Código de Napoleão (1804) e afirmou a responsabilidade do Estado em termos publicísticos. e) Conflito: Conselho de Estado e Corte de Cassação. O Conselheiro Davi concluiu que o Conselho de Estado era o competente e que a controvérsia deveria ser julgado em termos publicísticos. Inovou ao definir a competência da jurisdição administrativa pelo critério do serviço público. f) Em 1945, o Conselho de Estado francês invocou de modo expresso os princípios de direito aplicáveis, mesmo na ausência de textos legais, às relações entre Administração e Indivíduo. g) O Direito administrativo francês é em grande parte não legislativo. h) O Direito francês também se coloca como pioneiro no campo da elaboração doutrinária. i) Em 1819 foi inaugurada na Faculdade de Direito de Paris a cadeira do Direito Administrativos. j) Princípios essenciais que informam o D. Administrativo Francês: i. separação das autoridades administrativa e judiciária ii. decisões executórias iii. legalidade iv. responsabilidade do poder público 15) Direito Administrativo Alemão a) Na Alemanha não houve a mesma ruptura ocorrida na França. O Direito Administrativo Alemão resultou de longa evolução e em cada período constata-se a subsistência de reminiscência jurídicas de concepções passadas. b) Na Idade Média a proteção jurídica para o particular e para a autoridade era a mesma, submetendo-se um e outro às instâncias jurisdicionais dos tribunais, cabendo ao príncipe um direito iminente (jus eminens) composto de um conjunto de prerrogativas e poderes que ele deveria exercer no interesse da coletividade. c) Segunda fase: ampliação do poder do príncipe. Constitui-se o jus politae (direito de polícia). Poderes para o príncipe interferir na vida privada dos cidadãos, sob o pretexto de alcançar as segurança e o bem-estar coletivo. Separação entre a polícia e a justiça. As normas de polícia eram aplicadas diretamente pelo príncipe e pelos seus funcionários em possibilidade de apelo aos tribunais. d) Teoria do Fisco – elaborada para combater o poder absoluto do príncipe. O patrimônio público não pertence ao príncipe nem ao Estado, mas ao Fisco, com personalidade jurídica de direito privado e submetido à jurisdição dos tribunais. e) No Estado Moderno conservou-se a ideia da soberania do Estado (regime de polícia) desaparecendo a dualidade Estado e Fisco, mantendo-se a submissão de parte da atividade estatal ao Direito Civil. f) O Direito Administrativo foi objeto de sistematização e desenvolvimento pelos doutrinadores, de caráter mais científico e abstrato. A influência do Direito Civil foi muito maior do que no Direito Administrativo francês. 16) Direito Administrativo Italiano a) Também na Itália não houve o rompimento brusco ocorrido na França. b) As origens do Direito Administrativo italiano encontram base no ordenamento administrativo piemontês que sob dominação da França foi profundamente influenciado pelo direito francês. Os antigos Estados italianos possuíam ordenamentos jurídicos próprios e até consideráveis, mas mesmo assim não conheceram um direito administrativo propriamente dito senão após a introdução da legislação francesa. ZANOBINI informa que os antigos reinos piemontês, das Duas Sicílias e o ducado de Parma permaneceram largamente informados pelo ordenamento administrativo francês. A partir da formação do novo Estado italiano iniciada com a anexação das diferentes províncias ao reino de Piemonte, mais tarde distanciado do modelo francês de direito administrativo, foram adotados sistemas deduzidos de outros países estrangeiros - principalmente a Bélgica – e criações próprias e originais. c) Num segundo momento (1865 - Primeira Guerra Mundial- 28/07/1914 - 11/11/1918) do Direito Administrativo italiano incorporou princípios liberais defendidos na Europa do século XIX. d) De 1922 a 1943 e a com a ascensão do Facismo, o Direito Administrativo italiano adotou princípios autoritários e abolição de postulados democráticos. e) O Direito Administrativo italiano na primeira fase sofreu forte influência do Direito Administrativo francês. Na segunda fase foi assumindo caráter científico, com sistematização própria, embora com influência em especial do Direito Administrativo alemão. f) O Direito Administrativo italiano obteve o equilíbrio entre o Direito Administrativo francês, muito apegado ao caso concreto, e o Direito Administrativo alemão, excessivamente abstrato e distanciado da realidade. 17) Direito Administrativo Anglo-Americano a) O direito francês, italiano, alemão e o brasileiro são filiados ao sistema de base romanística. O direito dos EUA e o inglês integram o common law, o direito não escrito, baseado no costume, no uso e nas decisões das Cortes. b) A base do sistema romanístico é o statute law. A base do common law é o precedente judiciário. A equidade é fonte do direito e uma vez proferida uma decisão com essa base, ela passa a integrar o common law. c) O direito escrito é fonte prevalecente no sistema da common law e as decisões baseadas na lei passam a integrar também a common law, vinculando os juízes nas decisões futuras.d) Para o juiz no sistema anglo-americano, os precedentes, os atos legislativos e mesmo a carta constitucional são as peças de um vasto e incompleto mosaico que representará o direito eterno, peças as quais ele mesmo agregará sua modesta contribuição no ato de ditar a sentença (John Clarke Adams) e) Nos EUA e Inglaterra o Direito Administrativo não surgiu fruto de uma revolução ou de um rompimento, surgiu após o Direito Administrativo continental. f) Nesse sistema, o Poder Judiciário exerce o mesmo controle que exerce sobre os particulares, graças ao apego aos princípios da rule of law (Inglaterra) e judicial supremacy e due process of law (EUA) g) Nos EUA e Inglaterra o Direito Administrativo surge para atender aos reclamos da sociedade moderna. Hoje não se pode negar a existência do Direito Administrativo no sistema da common law embora com conteúdo menor do que o Direito Administrativo francês. h) Nos EUA surgiram os órgãos administrativos com funções quase judiciais, a exemplo do que ocorreu na Inglaterra, com relativa independência em relação ao Presidente da República (agências); serviços de utilidade pública que na Europa são prestados pelo Estado ou através de concessões, nos EUA são deixados para o particular (princípio constitucional de liberdade de indústria e comércio); contratos, responsabilidade civil e outros institutos gradativamente estão sendo influenciados por regras de Direito Público, embora ainda não tenham a configuração reconhecida em França ou no Brasil. 18) Direito Administrativo Brasileiro a) No período colonial os donatários detinham nas suas respectivas capitanias poderes absolutos para legislar, administrar e julgar, outorgados pelo monarca e sem qualquer controle. b) Governo-geral – atribuições divididas entre o governador-geral (representante do Rei), o provedor-mor (representando o Fisco) e o ouvidor-mor (distribuidor da justiça). O primeiro detinha a maior parte do poder (título de vice-rei a partir de 1640) c) Com o Império há uma divisão de funções: o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e o Moderador. Existia uma administração pública, mas regida praticamente pelo direito privado. d) Criou-se a cadeira de Direito Administrativo nos cursos jurídicos, em 1856, na Faculdade de Direito de São Paulo. e) Vicente Pereira do Rêgo, encarregado da regência da cadeira na Faculdade de Direito do Recife, publicou, em 1857, os "Elementos de Direito Administrativo Brasileiro, comparado com o Direito Administrativo Francês, segundo o método de P. Pradier-Foderé". Os "Elementos de Direito Administrativo Brasileiro", divulgados, em primeira edição em 1857 e mais tarde reeditados, em 2ª e 3ª edições, corretas e aumentadas, em 1860 e 1877 (nesta última já com o seu título alterado para "Compêndio ou repartições escritas sobre os elementos de Direito Administrativo para uso das Faculdades de Direito do Império"), são, realmente, o primeiro livro sobre a matéria na América Latina. (O PRIMEIRO LIVRO SOBRE DIREITO ADMINISTRATIVO NA AMÉRICA LATINA - CAIO TÁCITO - Prof. de Direito Administrativo na Fac. de Direito do Rio de Janeiro) f) Período Republicano – suprime-se o Poder Moderador e jurisdição administrativa antes atribuída ao Conselho de Estado. g) Com a Constituição de 1934 o Direito Administrativo experimentou grande evolução em decorrência da previsão de extensão das atividades estatais que deixa as feições liberais e individualista da Constituição de 1891 para atuar no campo da saúde, higiene, educação, economia, assistência e previdência social. 19) Contribuições do Direito Administrativo estrangeiro ao direito administrativo brasileiro a) Do direito francês herdou o conceito de serviço público, a teoria dos atos administrativos com o atributo da executoriedade, as teorias sobre responsabilidade civil do Estado, o princípio da legalidade, a teoria dos contratos administrativos, as formas de delegação da execução de serviços públicos, a ideia de submissão da Administração Pública ao regime jurídico de Direito Público, derrogatório e exorbitante do direito comum. b) Do direito italiano recebeu o conceito de mérito, o de autarquia e o de entidade paraestatal, a noção de interesse público e o próprio método de elaboração e estudo do direito administrativo, mais técnico-científico. c) Do direito alemão importou os temas dos conceitos jurídicos indeterminados, do princípio da razoabilidade (proporcionalidade) d) Da common law herdou o princípio da unidade de jurisdição, o mandado de segurança e o mandado de injunção, o princípio do devido processo legal, o fenômeno da agencificação e a própria lei de regulação. e) Na doutrina social da Igreja buscou a inspiração para o princípio da função social da propriedade e também o princípio da subsidiariedade. f) Do direito comunitário-europeu vem a influência recente das parcerias públicas privadas e na evolução do conceito de serviço público. g) No Brasil, vários institutos do direito francês foram positivados na Constituição e em normas infraconstitucionais. 20) Tendências atuais do Direito Administrativo a) alargamento do princípio da legalidade b) participação do cidadão c) processualização do direito administrativos d) tentativa de ampliação da discricionariedade administrativa e) Corrente neoliberal defende maior liberdade discricionária f) Corrente conservadora – defende maior limites para a discricionariedade g) pretensa crise na noção do serviço público h) movimento da agencificação e função reguladora i) aplicação do princípio da subsidiariedade j) tentativa de instauração da chamada Administração Pública Gerencial k) reação contra o princípio da supremacia do interesse público l) fuga do direito administrativo ------------------------ Constituições brasileiras 1824 - Outorgada em 24 de Março de 1824 por Pedro I após a dissolução da Assembleia Constituinte de 1823. 1891 - No governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca foi decretada e promulgada pelo Congresso Constituinte a 1º constituição da República de 1891 1934 - Assembleia Nacional Constituinte de 1934. - Getúlio Varga - eleita a Assembleia Constituinte que redigiu a Constituição da República Nova. 1937- Constituição do Estado Novo. Outorgada pelo presidente Getúlio Vargas em 10 de Novembro de 1937, mesmo dia em que implanta a ditadura do Estado Novo. Conhecida como a Constituição Polaca, por ter sido baseada na Constituição autoritária da Polônia. 1946 - A Constituição de 1946 foi promulgada em 18 de setembro de 1946. A mesa da Assembleia Constituinte promulgou Constituição da República Federativa do Brasil e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias no dia 18 de setembro de 1946, consagrando as liberdades expressas na Constituição de 1934, que haviam sido retiradas em 1937. 1967 - Semioutorgada. Foi elaborada pelo Congresso Nacional, a que o Ato Institucional n. 4 atribuiu função de poder constituinte originário ("inicial, ilimitado, incondicionado e soberano"). O Congresso Nacional, transformado em Assembleia Nacional Constituinte e já com os membros da oposição afastados, elaborou sob pressão dos militares uma Carta Constitucional que legalizasse os governos militares (1964-1985). 1969 - A Constituição de 1967 recebeu em 1969 nova redação por uma emenda decretada pelos "Ministros militares no exercício da Presidência da República". É considerada por alguns especialistas, em que pode ser formalmente uma emenda à constituição de 1967, uma nova Constituição de caráter outorgado. Porém outros não a consideram uma nova constituição no sentido literal do termo. 1988 - Decretada e promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte de 1988
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