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Práticas escolares de alfabetização Nos últimos anos, ocorreram mudanças nas práticas de professores, que hoje estão mais cientes de que o aprendizado da leitura e da escrita não pode estar desvinculado dos sentidos que construímos e dos usos que fazemos do ler e do escrever. Entretanto, as tentativas de se conduzir uma alfabetização na perspectiva do letramento têm esbarrado em diversas dúvidas e dificuldades para se desenvolver estratégias de aprendizagem que realmente incorporem o conceito de letramento. Dessa maneira, as análises das atividades dos professores aqui realizadas justificam-se como um meio para identificar problemas que muitos profissionais da educação vivenciam em seu trabalho Assim, as práticas em sala de aula devem estar orientadas de modo que se promova a alfabetização na perspectiva do letramento e, tomando as palavras de Soares (2001), que se proporcione a construção de habilidades para o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita. É comum ouvir depoimentos deste tipo: “Na minha escola, nós utilizamos o mesmo planejamento para todas as turmas, o que diferencia é o ritmo de aprendizagem dos alunos”; “Não temos tempo para planejar o trabalho, vivo de constantes improvisações”; “Eu sempre aproveito o planejamento do ano anterior e acrescento algumas atividades novas”. Este texto, concebido sob a forma de indagações e da apresentação de algumas possibilidades de respostas, faz parte do esforço de refletir sobre alguns aspectos que envolvem a organização das práticas de alfabetização e letramento, considerando o planejamento como algo importante para o desenvolvimento de ações autônomas e efetivas dos profissionais da educação. A prática de ensino é uma ação intencional, que procura atingir deter- minados fins e, para ser realizada, apoia-se em conhecimentos sobre como funciona a realidade da sala de aula, nos conteúdo a serem ensinados, e no perfil dos alunos que são objeto desse ensino. Por isso, o professor precisa atuar como um agente desse processo, definindo as diretrizes de seu trabalho, sabendo conduzi-las e adequá-las às condições de sua realidade concreta. Alfabetizar na perspectiva do letramento traz implicações pedagógicas importantes. Por um lado, sabemos hoje que um sujeito que não domina a escrita alfabética pode envolver-se em práticas de leitura e de escrita através da mediação de uma pessoa alfabetizada e, nessas práticas desenvolve uma série de conhecimentos sobre os gêneros que circulam na sociedade. Por outro, o domínio do sistema alfabético não garante que sejamos capazes de ler e produzir todos os gêneros de textos [...] apenas o convívio intenso com textos que circulam na sociedade não garante que os educandos se apropriem da escrita alfabética, uma vez que essa aprendizagem não é espontânea e requer que o aluno reflita sobre as características do nosso sistema de escrita. (ALBUQUERQUE, 2005, p. 92). Adotar a variação como procedimento para a elaboração das atividades objetiva a criação de um repertório diversificado que leve em conta, entre outros aspectos, o interesse dos alunos, a exploração de diferentes habilidades cognitivas e a sua sistematização durante determinado tempo. Isso significa considerar que determinadas capacidades da alfabetização, para serem consolidadas em um dado tempo, precisam ser desenvolvidas por meio da proposição de um repertório variado de situações em que serão realizadas. Um tipo de conhecimento importante de ser ensinado na fase inicial da alfabetização é o domínio pela criança das convenções gráficas do nosso sistema de escrita, sendo que uma dessas convenções é o reconhecimento das letras do nosso alfabeto. A articulação de diferentes conteúdos e capacidades linguísticas envolve a decisão do professor de trabalhar diferentes eixos do ensino da língua escrita (compreensão e valorização da cultura escrita, leitura, produção de textos, aquisição do sistema de escrita e oralidade) ou algumas capacidades que com- põem esses eixos de forma articulada. Além disso, para que essa articulação dos conhecimentos ocorra de forma mais produtiva, recomenda-se a adoção de metodologias que potencializem o desenvolvimento da prática pedagógica.
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