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Aula 1
Escolas Europeia e Americana o Brasil no contexto das duas
escolas
Nesta aula, você aprenderá a reconhecer a
contabilidade brasileira no contexto das
escolas europeia e americana.
Entender a influência das escolas europeia e
norte-americana na contabilidade brasileira é
importante para que o aluno pense em
Contabilidade. Quando se fala pensar, é no
sentido de entender e ter a capacidade de
discutir de forma crítica os atos e fatos
contábeis que ocorrem nas entidades públicas
ou privadas.
Reconhecida como o alicerce para o processo de tomada de decisão, a Contabilidade não pode
ficar dissociada dos eventos econômico-financeiros que ocorreram no Brasil desde o seu
descobrimento, como afirmam Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p.8):
A Contabilidade, campo de conhecimento essencial para a
formação dos agentes decisórios dos mais variados níveis, é
fruto concebido da relação entre o desenrolar dos fatos
econômico-financeiros e sua captação e processamento
segundo os paradigmas de uma metodologia própria e
potencializada pela racionalidade científica. Logo, a pedra
fundamental que apoia e sustenta o edifício contábil pode
ser definida como ‘a contabilidade seguindo, relatando e
respeitando a essência dos eventos econômicos que captura
e mede’.
(IUDÍCIBUS; MARTINS; CARVALHO, 2005, p. 8)
Assim prosseguem os autores, afirmando que, na ocorrência de eventos econômicos que afetem
a riqueza das entidades, a Contabilidade é responsável pelo processo de captação, registro e
mensuração, além do fornecimento das informações necessárias acerca dos eventos ocorridos.
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Os autores vão além quando afirmam que, para poder captar, registrar, mensurar e informar, a
Contabilidade precisa apoiar-se em informações de outras áreas do conhecimento, como Direito,
Economia, Métodos Quantitativos e Ciência da Informação. Para esses autores:
A doutrina contábil é a face científica desse encontro fértil
entre a realidade e o modelo para acolhê-la e descrevê-la.
Do lento, mas maravilhoso crescimento multiforme, nascem,
primeiramente, a escrituração e, mais tarde, a ciência
contábil e, portanto, sua doutrina.O irromper das questões
práticas, que devem ser resolvidas a fim de a Contabilidade
ter sua função na vida real das organizações e das entidades,
de forma alguma pode perturbar, mas sim potencializar as
especulações teóricas enquanto ciência.Não se pode
esquecer que a Contabilidade, genuína e amplamente
explicada por teorias de caráter científico, tem sua faceta
prática, extremamente importante, que é a de servir como
instrumento de accountability, de avaliação da entidade e
de seus gestores, da prestação de contas destes e como
insumo básico para a tomada de decisões dos agentes
econômicos, tanto internos quanto externos à entidade.
Talvez, seu caráter científico, na verdade, repouse
exatamente no entrelaçamento harmônico e conceitual de
seus objetivos, acima delineados, e não em visionárias
concepções fundadas no vazio de uma lógica formal fria,
infértil e privada de consequências.
(IUDÍCIBUS; MARTINS e CARVALHO, 2005, p. 8)
Portanto, o estudo da contabilidade e sua evolução no Brasil “nasceu das necessidades
prementes de gestores, comerciantes, banqueiros, agentes econômicos de maneira geral, à
procura de um modelo descritivo, primeiramente, e, com sua evolução, previsional, para o
mundo dos negócios”. (IUDÍCIBUS; MARTINS; CARVALHO, 2005, p.1).
E é nesse sentido que se busca entender a evolução do pensamento contábil no Brasil. Pinto
(2002, p. 29) afirma, em seu trabalho acadêmico, que a contabilidade no Brasil se divide em
dois momentos:
Antes da Revolução de 1964
O início desse período é marcado pela chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808. Depois,
pelas influências sofridas com o advento do Código Comercial, em 1850. Outros fatos importantes
aconteceram, como o surgimento da Escola Álvares Penteado, de onde saíram Francisco D’Auria e
Frederico Herrmann Júnior (pensadores da Contabilidade no Brasil).
Depois da Revolução de 1964
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Verifica-se, em 1976, o surgimento da Lei 6.404, base da contabilidade brasileira.
A influência da Escola Europeia na contabilidade do Brasil é natural, já que a Europa foi o local
onde o mercantilismo desenvolveu-se mais e, consequentemente, foi lá que os movimentos
culturais, artísticos, literários, econômicos, políticos e sociais mais importantes da época
ocorreram, como o Renascentismo ou Renascimento, considerado o período de transição do
Feudalismo para o Capitalismo. É nesse momento que surgem os primeiros escritos sobre a
contabilidade, a partir da obra de Frei Luca Pacioli Summa de Arithmetica, Geometria,
Proportioni et Proportionalita, publicada em 1494.
Aprenda um pouco sobre cada escola europeia a seguir. Você estudará mais sobre elas na aula 2.
Escola Contista Escola Administrativa ou Lombarda
Escola Personalista Escola Veneziana ou Controlista
Avançando na informação sobre os momentos do pensamento
contábil brasileiro, Reis e Silva (2007, p. 7-8) informam que a
influência das escolas europeias na nossa contabilidade cedeu
espaço a um novo pensamento quando começaram a aportar no
país empresas norte-americanas, que fizeram surgir um novo
pensamento contábil no Brasil: a busca pela padronização dos
registros contábeis, consequente da queda da Bolsa de Nova
York em 1929. A partir daí, a escola americana passou a
influenciar o pensamento da contabilidade brasileira. Na
década de 1990, o teórico contábil Antonio Lopes de Sá
aperfeiçoou o pensamento patrimonialista de Vicenzo Masi e
fez surgir o pensamento neopatrimonialista no Brasil, que aqui
vigora até os dias de hoje.
Finalmente, chegamos à Escola Norte-Americana, que é considerada uma das mais importantes
do mundo, tratando de questões contábeis e ditando suas regras nas áreas de custos,
controladoria, gestão financeira, orçamento, análise de balanços e outros (SANTOS et al., 2007,
p. 54).
Iudícibus e Marion (2002, p. 36) fazem uma comparação entre essas duas escolas, europeia e
americana, conforme o quadro apresentado a seguir:
COMPARAÇÃO ENTRE A ESCOLA EUROPEIA E ESCOLA AMERICANA
Escola Europeia Escola Norte-Americana
1 Excessivo culto à personalidade: os
mestres da contabilidade passaram a
Ênfase no usuário da informação contábil: a
visão da utilidade da contabilidade no
Fonte: Adaptado de: IUDÍCIBUS e MARION, 2002, p. 36.
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COMPARAÇÃO ENTRE A ESCOLA EUROPEIA E ESCOLA AMERICANA
Escola Europeia Escola Norte-Americana
ser vistos como deuses da
contabilidade, considerados como
“oráculos” da verdade contábil.
processo de tomada de decisão, evitando-se
o endeusamento da contabilidade,
buscando-se atender à necessidade de
informação de seus usuários.
2
Ênfase em uma Contabilidade
Teórica: a produção de trabalhos
excessivamente teóricos, atendendo
apenas ao prazer de teorizar,
desprezando-se a aplicação prática
da contabilidade.
Ênfase na Contabilidade Aplicada,
especialmente na Contabilidade Gerencial. A
preocupação não era comprovar a teoria das
contas, ou mesmo provar que a
Contabilidade é uma ciência.
3
Pouca importância à Auditoria: a
confiabilidade e a importância da
auditoria não eram enfatizadas.
Bastante importância à Auditoria:
diferentemente da Escola Europeia, para a
Escola Norte-Americana a Auditoria é muito
enfatizada, o que é herança dos ingleses e
da necessidade de transparência para os
investidores das Sociedades Anônimas.
4
Queda do nível das principais
faculdades: principalmente as
faculdades italianas, quantidade
absurda de alunos.
Universidades em busca de qualidade:
grandes quantias para pesquisas de campo,
professor em regime de dedicação exclusiva
e horário integral para os alunos, o que
valorizou o ensino nos Estados Unidos
Fonte: Adaptado de: IUDÍCIBUS e MARION, 2002, p. 36.
Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p.1) entendem que o que provoca o aceleramento do
desenvolvimento da Contabilidade é a busca por modelos para satisfação da busca pela solução
de problemas reais e o esquecimento por parte dos teóricos de que a contabilidade surgiu “das
necessidades prementes de gestores, comerciantes, banqueiros, agentes econômicos de maneira
geral, à procura de um modelo descritivo, primeiramente, e, com sua evolução, previsional,
para o mundo dos negócios”. Eles continuam afirmando que “a validação de qualquer teoria
contábil se dá única e exclusivamente pela sua utilidade gerada perante os usuários no mundo
prático”. Afirmando, ainda, que:
É confortante poder expressar as dimensões atuais da
Contabilidade como uma forma eficaz de avaliação de
desempenho econômico e financeiro (e social) de entidades
e gestores; como insumo essencial para a tomada de decisões
econômico-financeiras; como instrumento de accountability
eficiente de qualquer gestor de recursos perante a
sociedade. Isso é um fato. Acredita-se que a Contabilidade
possa evoluir muito mais, mas a dimensão e a direção dessa
evolução dependem de muitos fatores institucionais,
econômicos e sociais.
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(IUDÍCIBUS; MARTINS; CARVALHO, 2005, p. 1)
Se a contabilidade é reconhecida pela maioria dos teóricos com uma ciência
social aplicada, e como na maioria dos casos entre os alunos é verificado que
muitos escolhem outros cursos de graduação, que não Ciências Contábeis,
exatamente por acreditarem quer há grande necessidade de conhecimento
em matemática, então qual a justificativa para a Contabilidade não ser
classificada como uma ciência exata?
Segundo Santos et al. (2007, p.13), os procedimentos contábeis e padrões de contabilidade,
assim como a natureza dos relacionamentos entre pessoas e pessoas e entre pessoas e coisas.
Assim, a contabilidade é uma ciência social, pois, segundos os autores:
[...] a Contabilidade é uma ciência factual social. A natureza
social da Contabilidade traduz-se na preocupação da
compreensão da maneira com que os indivíduos ligados à
área contábil criam, modificam e interpretam os fenômenos
contábeis, sobre os quais informam seus usuários; representa
a realidade que de ser observada por esse ramo do
conhecimento humano. A preocupação do contabilista não
está apenas em apreender, quantificar, registrar e informar
os fatos contábeis da entidade, mas em analisar e revisar
estes fatos, demonstrando suas causas determinantes ou
constitutivas.
(SANTOS et al, 2007, p. 39)
Atividade
O estudo das escolas do pensamento contábil indica que a contabilidade brasileira sofreu e
sofre influências das escolas de pensamento contábil europeia e norte- americana. Quando
o aluno inicia seus estudos no campo da Contabilidade, de imediato ele aprende que, para
entender Contabilidade, o aluno precisa estudar a estática patrimonial e a dinâmica
patrimonial. Assim, pergunta-se: que escola de pensamento contábil deixou essa influência
na contabilidade brasileira?
a Escola Contista.
b Escola Administrativa.
c Escola Patrimonialista.
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d Escola Veneziana.
e Escola Norte-Americana.
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