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19/09/19 1 Medicina Veterinária Clínica de pequenos animais I Flávia Clare flavia.carvalho@faa.edu.br DERMATOPATIAS ENDÓCRINAS ENDOCRINOLOGIA CUTÂNEA • INTRODUÇÃO: • Os hormônios regulam processos fisiológicos. • Excessos ou deficiências afetam todo o organismo e se refletem na pele. • As alterações são quantitativas. Apresentação clínica: (comum nas dermatopatias endócrinas) • Alopecia com simetria bilateral. • Pelagem sem brilho, facilmente epilável, sem voltar a crescer após a tosa. • Podem ser acompanhados de distúrbios pigmentares. • Seborréia e piodermite podem ocorrem secundariamente, causando prurido. Fisiologia endócrina: • Hipotálamo. • Atividade neural/ secretora. • Adeno-hipófise. • ( Pars distalis ou hipófise anterior) • ACTH • TSH • GH • LH • FSH • Órgãos alvo. 19/09/19 2 Distúrbios que causam alopecia endócrina: • Hipotireoidismo. • Hiperadrenocorticismo. • Nanismo hipofisário. • Dermatose responsiva ao hormônio do crescimento. • Hiperestrogenismo. • Distúrbio ovariano tipo I. • Dermatose responsiva ao estrogênio. • Hipoestrogenismo. • Neoplasias testiculares. • Hipoandrogenismo. • Dermatose responsiva a testosterona. • Diabetes melitus. HIPOTIREOIDISMO HIPOTIREOIDISMO • Desordem endócrina mais comum no cão. • Ocorre diminuição da atividade tireoideana. • Mais comum em animais acima de 6 anos. FUNÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS: • Estimulação da síntese proteica. • Aumento da atividade celular. • Interferem na diferenciação e maturação da pele. 19/09/19 3 Hormônios envolvidos: • T3 • Metabolicamente ativo. • Livre e total. • T4 • Livre e total. • T4 livre é de maior importância no diagnóstico. TIPOS DE HIPOTIREOIDISMO: • PRIMÁRIO o Comprometimento funcional da tireóide. o Adquirido • Tireoidite linfocítica. • Atrofia glandular idiopática. • SECUNDÁRIO o Hipófise- Diminuição da produção de TSH. • TERCIÁRIO o Disfunção hipotalâmica. Apresentação clínica: (alterações na pele) • Alopecia bilateral simétrica. • Ausência de prurido. • Hiperpigmentação variável. • Pelagem fosca e facilmente epilável. • Cicatrização deficiente. • Otite ceruminosa bilateral. • Mixedema. HIPOTIREOIDISMO APRESENTAÇÃO CLÍNICA: (SINAIS CLÍNICOS SISTÊMICOS E EM OUTROS SISTEMAS) • Letargia. • Obesidade. • Distúrbios de coagulação. • Bradicardia. • Anemia. • Infertilidade. • Distúrbios oftálmicos. • Cardiomiopatia. • Desordens neuromusculares. HIPOTIREOIDISMO 19/09/19 4 HIPOTIREOIDISMO • Obesidade e pelagem fosca • Alopecia bilateral simétrica HIPOTIREOIDISMO Apresentação clínica HIPOTIREOIDISMO • Ceratoconjuntivite seca • Hiperqueratose e hiperpigmentação. HIPOTIREOIDISMO • Otite • Pioderma 19/09/19 5 HIPOTIREOIDISMO • “Cauda de rato” • Mixedema Diagnóstico: • Histórico. • Exame clínico. • Hemograma. • Dosagem hormonal. • T3- livre NÃO • T4- livre por diálise • TSH + T4 total • Teste de estimulação c/ TSH canino. • Medição inicial. • Aplicação de TSH - 0,1 UI/Kg. • Medicão após 4-6 horas. • Biópsia de pele. HIPOTIREOIDISMO TRATAMENTO: • LEVOTIROXINA • 22 mcg/ Kg b.i.d., uso contínuo. • OBSERVAÇÕES: • Ajustar a dose se necessário. • Fazer avaliação periódica. • Aguardar 6 semanas p/ resposta ao tratamento. Casos Clínicos 19/09/19 6 HIPERADRENOCORTICISMO SÍNDROME DE CUSHING HIPERADRENOCORTICISMO (Síndrome de Cushing) • Doença sistêmica associada ao aumento de glicocorticóides endógenos e/ou exógenos. • Ocorre naturalmente ou por iatrogenia. • Não existe predisposição genética ou sexual. • A forma iatrogênica ocorre em animais em tratamento contínuo com corticóides em doses altas, no caso de processos alérgicos, doença auto-imune ou neoplasia. Achados clínicos: • Polidipsia. • Poliúria. • Alopecia simétrica bilateral. • Pele adelgaçada. • Aumento de volume abdominal. • Hepatomegalia. • Seborréia e piodermite secundária. • Comedões. • Cicatrização lenta. • Calcinose cutânea. • Osteomalácia/osteoporose. 19/09/19 7 HIPERADRENOCORTICISMO ASPECTO GERAL: • Obesidade • Distensão abdominal. • Pele adelgaçada. HIPERADRENOCORTICISMO ASPECTO GERAL: • Obesidade • Distribuição simétrica das lesões. • Pele adelgaçada. HIPERADRENOCORTICISMO ASPECTO GERAL: • Obesidade • Distribuição simétrica das lesões. • Distensão abdominal • Pele adelgaçada. HIPERADRENOCORTICISMO Comedões: Presença comum na síndrome de Cushing. 19/09/19 8 Diagnóstico: • Histórico. • Exame clínico (sintomas). • Exames laboratoriais e complementares. o Hemograma ( leucocitose, linfopenia, eosinopenia). o Bioquímica sang (fosfatase alcalina, TGP, uréia e creatinina). o Urinálise. o Ultrassonografia abd. o Avaliação hormonal. o Biópsia de pele. Avaliação hormonal: • Determinação do cortisol basal. • (normal - 0-8 mcg/dl) • Determinação do ACTH • Normal - > 40 pg/ ml. Avaliação hormonal: • Teste de estimulação com ACTH • Administração de ACTH sintético IM ou IV- 5 mcg/Kg. • Medição do cortisol 1 h antes e após a aplicação. • Resultado: • No tipo pituitário dependente ocorre resposta exagerada com o aumento do cortisol. Avaliação hormonal: • Teste de supressão com dexametasona • (dose baixa) • Administração de dexametasona - 0,01 mg/Kg IV. • Medição do cortisol: antes da aplicação. • após 4 horas. • após 8 horas. • Resultado: • NORMAL- Se os níveis de cortisol tornarem-se inferiores a 1 mcg/dl após 8h. • Esse exame diferencia: • hiperadrenocorticismo primário X hipofisário 19/09/19 9 Diagnóstico: exame ultrassonográfico • No hiperadrenocorticismo pituitário o aumento de ACTH estimula as duas adrenais que ficam aumentadas. • No hiperadrenocorticismo por hipersecreção primária de uma das adrenais ( causado por neoplasia) o aumento de cortisol inibe a liberação de ACTH, causando a atrofia da glândula contralateral. HIPERADRENOCORTICISMO (pituitário dependente) Ocorre devido a hipersecreção de ACTH pela hipófise. Tomografia Computadorizada evidenciando o aumento hipofisário HIPERADRENOCORTICISMO (hipersecreção adrenal primária) Tumor de adrenal (peça de necrópsia) TRATAMENTO: • 1- Medicamentos que causam atrofia das zonas fasciculada e reticulada da córtex da adrenal: • - o p’- DDD (Mitotane)- 25 mg/ kg s.i.d. • Monitorar o cortisol. • Reduzir a dose quando atingir os valores normais. • Manter com 1 dose semanal. • - Cetoconazol (Nizoral)- 10- 30 mg/Kg b.i.d. • Monitorar o cortisol. • Reduzir a dose quando estiver sob valores normais. • Obs: Os animais sob tratamento tendem a desenvolver hipocortisolismo, tornando necessária a suplementação com doses baixas de hidrocortisona ou dexametasona. • Após as primeiras 2-3 semanas teste de estimulação com ACTH deve ser realizado, assim como medições de glicose, cálcio e potássio. 19/09/19 10 TRATAMENTO: (continuação) • 2- Hiperadrenocorticismo pituitário. • L- deprenyl ( Anipryl) - 1 mg/ Kg/dia. • Ocorre o aumento de dopamina que inibe a secreção de ACTH. • Ciproheptadina( Periactin)- 0,3- 3 mg/Kg/ dia. • Agente anti-serotonina e bloqueia a liberação de ACTH. • Bromocriptina( Parlodel)- 0,1 mg/Kg/dia. • Agonista para receptores de dopamina. • Ocasiona a diminuição da produção de ACTH. TRATAMENTO: (continuação) • 3- Neoplasias adrenocorticais ou hipofisárias. • Remoção cirúrgica. • Hipofisectomia parcial. • Adrenalectomia unilateral. • OBS: É indicado que a cirurgia seja precedida de tratamento por 3-4 semanas com Ketoconazol para diminuir previamente as taxas de cortisol sanguíneo. PROGNÓSTICO: • É SEMPRE RESERVADO. • O proprietário deve ser esclarecido quanto ao caráter crônico da • doença e da importância do constante acompanhamento do paciente. • Enfermidades concomitantestais como Diabetes melitus, hepatopatias ou nefropatias constituem um agravante no prognóstico. • O controle e o acompanhamento destas enfermidades também se faz necessário nas avaliações periódicas. HIPERESTROGENISMO Distúrbio ovariano tipo I 19/09/19 11 • Distúrbio endócrino caracterizado pelo aumento da produção de estrógenos. • Associado a cistos ou tumores ovarianos. • Caracterizado por aumento da genitália externa e alterações no ciclo estral e alopecia bilateral simétrica. • Estrogênios utilizados no tratamento de incontinência urinária podem causar alterações dermatológicas semelhantes. HIPERESTROGENISMO Distúrbio ovariano tipo I • Lesões bilaterais simétricas que se iniciam nas regiões perianal, inguinal e nos flancos. • Podem ocorrer cios irregulares e ainda ninfomania, endometrite e piometra. • A alopecia permanece restrita na áreas iniciais por longos períodos, mas nos casos crônicos pode afetar todo o flanco. • A perda de pêlos pode variar com a fase do ciclo estral associada ou não com seborréia. • Aumento da vulva e presença de comedões na região ventral Apresentação clínica: Hiperestrogenismo HIPERESTROGENISMO Distúrbio ovariano tipo I • AUMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA • HIPERPIGMENTAÇÃO • ASSOCIADA À CISTOS OVARIANOS HIPERESTROGENISMO • Aumento da genitália externa • HIPERPIGMENTAÇÃO ALOPECIA BIL. SIMÉTRICA 19/09/19 12 • Histórico. • Exame físico. • Dosagem de estrogênio. • Pode não haver alteração. • Ultrassonografia/ Laparoscopia. • Biópsia de pele. • Diferencia de enfermidades não endócrinas. • Resposta a terapia. Diagnóstico: Hiperestrogenismo. Alterações encontradas no exame histopatológico: • Hiperqueratose ortoqueratótica. • Queratose folicular. • Dilatação folicular. • Atrofia folicular. • Melanose epidérmica. • Telogenização dos folículos pilosos. • Atrofia de glândulas sebáceas. Hiperestrogenismo TRATAMENTO: • Ovario-histerectomia. • Remissão dos sintomas em 3-6 meses. • Terapia de suporte. • Banhos para controle da seborréia. • Administração de suplementos com ômega 3 e 6. Hiperestrogenismo Dermatose responsiva ao estrogênio: • Caracterizada por alopecia bilateral simétrica. • Ocorrência rara. • Acomete adultos jovens sem predileção racial. • Pode estar associada ao hipoestrogenismo. 19/09/19 13 Dermatose responsiva ao estrogênio. Sintomas: • Alopecia ou hipotricose bilateral simétrica nas regiões perianal e genital. • Progressão lenta. • Pêlos semelhantes a lanugem de filhotes e facilmente epiláveis. • Infantilismo genital. • Pode ocorrer incontinência urinária. Dermatose responsiva ao estrogênio Diagnóstico: • Histórico. • Exame físico. • Exames laboratoriais. • Resposta ao tratamento. • Biópsia de pele. • ( elimina causas não endócrinas) Dermatose responsiva ao estrogênio. Tratamento: • Dietilestilbestrol • - 0,1- 1 mg PO, em dias alternados. • - Diariamente por 3 semanas, interrompendo por 1 semana • e reiniciando o ciclo. • Estradiol. • Metiltestosterona. • 1 mg/ Kg ( dose máxima 30 mg) diariamente. • Obs: Drogas com efeito anabolizante. São controladas e os riscos provenientes do seu uso devem ser considerados. Neoplasias testiculares SERTOLIOMA (PEÇA DE NECRÓPSIA) 19/09/19 14 HIPOANDROGENISMO • ALOPECIA BILATERAL SIMÉTRICA • HIPOPLASIA GENITAL
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