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Tema 5 - Protozoários de Vias Digestivas e Geniturinárias

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DESCRIÇÃO
Protozoários de vias digestivas e geniturinárias: principais doenças, epidemiologia e diagnóstico
diferencial.
PROPÓSITO
Compreender os protozoários de vias digestivas e geniturinárias de importância médica, uma ação que
permite conhecer os motivos de prevalências de determinadas doenças e as principais manifestações
clínicas e inferir sobre métodos de análises clínicas mais adequados para a conclusão diagnóstica e um
tratamento eficiente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever as características gerais das amebas comensais do intestino, as principais protozooses das
vias intestinais, a epidemiologia e o diagnóstico das amebíases de importância clínica
MÓDULO 2
Reconhecer as características gerais dos flagelados de vias digestivas e geniturinárias, a epidemiologia
e o diagnóstico dos protozoários causadores da tricomoníase e giardíase
MÓDULO 3
Reconhecer as características gerais dos coccídeos entéricos, a epidemiologia e o diagnóstico dos
protozoários causadores de criptosporidiose e isosporíase
INTRODUÇÃO
As vias de infecção/transmissão de um microrganismo são associadas a coevolução que este apresenta
com seu hospedeiro. A relação parasito-hospedeiro mais eficiente é aquela na qual o parasito consegue
invadir o organismo de seu hospedeiro sem ser percebido facilmente; por isso, possui maior chance de
ser transmitido e de apresentar seu ciclo completo. Dentro desse contexto, a “escolha” da via infecciosa
mais eficiente depende de fatores como: o ciclo de vida do parasito, seus hospedeiros intermediários,
seus hospedeiros definitivos e a facilidade de transmissão associada a essa via.
As vias de transmissão podem ser classificadas como vias diretas ou indiretas: as vias diretas estão
associadas ao contato direto entre hospedeiros (contato com saliva, contato direto com lesões, contato
sexual ou contato físico). Já as vias de transmissão indiretas ocorrem quando há elementos
potencialmente patogênicos no ambiente que possam entrar em contato com o organismo,
principalmente por vias respiratórias e oral, por meio da ingestão de alimento ou de água contaminada.
As vias digestivas e geniturinárias são excelentes portas de entrada de microrganismos. Embora a
maioria dos agentes patogênicos apenas consigam sobreviver se estiverem em nichos ecológicos
favoráveis, existem outros que são capazes de resistir bastante tempo em situações consideradas
adversas, tais como a exposição às alterações de pH do trato gastrointestinal e o pH ácido do estômago.
O intestino (Figura 1) é um segmento do trato gastrointestinal (TGI) ligado ao estômago, ao reto e ao
ânus. Possui dois segmentos: o intestino delgado, dividido em duodeno, jejuno e íleo, e intestino
grosso, dividido em ceco e cólon. O duodeno é a primeira porção do intestino delgado, estendendo-se
do piloro até o jejuno. Nessa região, ocorre a transformação do quimo (ainda bolo alimentar) em quilo. O
ceco recebe o quilo e promove a absorção de água e de alguns nutrientes; já o reto é a porção final do
intestino grosso, local onde o bolo fecal fica armazenado temporariamente para ser conduzido e
eliminado pelo ânus.
Fonte: Guido Fregapani/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0)
 Figura 1. Intestino grosso ao redor do intestino delgado.
 SAIBA MAIS
O intestino possui microvilosidades, que são responsáveis por aumentar a absorção de nutrientes.
Veja, a seguir, como elas podem ser visualizadas em cortes histológicos (Figura 2).
Sendo assim, para um patógeno chegar até as vias intestinais, ele normalmente precisa entrar por meio
das vias indiretas orais, através da ingestão de alimentos/água contaminados com patógenos. Uma
série de microrganismos (bactérias, vírus e protozoários) podem causar infecções nesse sistema, e
estas, por sua vez, podem ser assintomáticas ou sintomáticas. Quando sintomáticas, causam diarreia,
emagrecimento, dor lombar etc.
Fonte: Guido Fregapani/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0)
 Figura 2. Corte histológico de microvilosidades intestinais (enterócitos).
As vias geniturinárias se iniciam nos rins (Figura 3), que são formados pelos néfrons, suas subunidades
funcionais. Além disso, possuem conexão direta com os ureteres, dois longos canais tubulares que
descem através da cavidade abdominal para a região pélvica e desaguam na bexiga. A função deste
órgão é armazenar temporariamente a urina, até ficar suficientemente cheio, provocando a micção, ou
seja, a urina atravessa o último trato das vias urinárias, a uretra, e sai através do meato urinário para o
exterior.
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 3. Representação anatômica interna e externa do rim.
A via urinária feminina é separada do sistema reprodutor, fazendo com que esse canal não tenha
contato com outra microbiota, isto é, o conjunto de microrganismos que residem nos tecidos do corpo
humano, mas não desse trato. A via urinária masculina é comum do sistema excretor e reprodutor;
portanto, essa via possui contato com microbiotas associadas aos dois sistemas.
Geralmente, o homem apresenta mais casos de resistência a infecções urinárias, sendo menos atingido
ou apresentando manifestações brandas de infecções geniturinárias, justamente pela maior diversidade
de microbiota e produção de líquidos neutralizantes de pH quando comparado ao sistema urinário
feminino. O sistema urinário localiza-se na região central do abdome (Figura 4) e não apresenta uma
simetria bilateral, pois, normalmente, um dos rins se posiciona acima do outro e, às vezes, possui um
tamanho mais acentuado.
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 4. Posicionamento dos rins na região abdominal. Anatomia feminina.
As vias genitais e urinárias possuem uma diversidade microbiana extensa. As vias urinárias apresentam
como comensais as bactérias Escherichia coli e outros Gram-negativos. Entretanto, Escherichia coli
pode ser um microrganismo oportunista, sendo possível desenvolver uma infecção quando encontrado
em alta carga no organismo, como também o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e
de Klebsiella, o Enterococcus faecalis, Enterobacter sp e Salmonella sp. As vias genitais podem
apresentar fungos comensais, como a Candida sp, e microrganismos patogênicos, como o protozoário
Trichomonas vaginalis (Figura 5).
Fonte: Servier Medical Art/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
 Figura 5. Trichomonas vaginalis.
A infecção do trato urinário baixo (cistite), quando sintomática, exterioriza-se clinicamente pela presença
habitual de urgência miccional, polaciúria (aumento do número de micções), nictúria (volume de urina
maior durante o período noturno) e dor suprapúbica. Em alguns casos, é marcada pela sintomatologia
de febre e calafrio. O aspecto da urina pode trazer informações valiosas urina turva (pela presença de
piúria, presença de leucócitos degenerados ou pus na urina, isto é, de leucócitos degenerados ou pus
na urina) e/ou avermelhada (pela presença de sangue), causada por cálculo e/ou pelo próprio processo
inflamatório, ou esbranquiçada, quando há presença de elevada concentração de glicose na urina.
No trato urinário alto, a infecção (pielonefrite), habitualmente, inicia como um quadro de cistite,
acompanhada de febre – geralmente superior a 38°C – com calafrios e de dor lombar, uni ou bilateral.
Esta tríade (febre mais calafrios mais dor lombar) está presente na maioria dos quadros de pielonefrite.
A maior parte dos pacientes com pielonefrite informam a história prévia de quadro diagnosticado de
cistite, geralmente detectada nos últimos seis meses.
Nos humanos, existe uma série de protozoários capazes de causar doenças nas vias digestivas e
geniturinárias, e é importante conhecer os principais agentes etiológicos, as manifestações clínicas e as
características morfológicas para assegurar uma identificação e um diagnóstico fidedigno. Vamos
conhecer sobre a peculiaridade de cada parasita desses sistemas juntos?
MÓDULO 1
 Descrever as características gerais das amebas comensais do intestino, as principaisprotozooses das vias intestinais, a epidemiologia e o diagnóstico das amebíases de importância
clínica
AMEBAS PATOGÊNICAS E COMENSAIS DO
INTESTINO
Antes de entrar nas amebas vamos entender melhor sobre as diferenças nas infecções geniturinárias
entre homens e mulheres.
Neste vídeo, você entenderá por que homens e mulheres apresentam padrões diferentes nas doenças
geniturinárias.
As amebas são protozoários eucariontes, com núcleo celular protegendo o material genético, pertencem
ao domínio Eukarya, Reino Protista, Filo Sarcomastigophora, Subfilo Sarcodina e são integrantes do
grupo ameboide. Suas formas e seus tamanhos variam de 10 µm a 60 µm e são classificadas de acordo
com sua forma de locomoção (Figura 6). A movimentação delas ocorre através dos pseudópodes,
formados pela movimentação do citoplasma em direção ao local que se deseja mover. Podem ser nuas
ou envoltas por um tipo de carapaça, chamada de tecameba. Esse envoltório é secretado pelo próprio
citoplasma da ameba.
Fonte: Picturepest/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
 Figura 6. Ameba com seus pseudópodes
estendidos para o local da movimentação.
A alimentação das amebas ocorre através da realização da fagocitose, entrada de partículas sólidas
pelo citoplasma, com a formação do vacúolo digestivo. Elas são heterotróficas, isto é, não são capazes
de produzir seu próprio alimento, precisando recorrer a nutrientes que estão no ambiente. Sua
reprodução é assexuada, pela mitose, divisão celular semelhante à clonagem, onde a célula-mãe se
divide e forma duas células-filhas idênticas geneticamente (Figura 7). 
Embora não haja diversidade genética, é uma reprodução extremamente rápida, gerando alta
quantidade de descendentes em pouco tempo, comportamento este que garante a perpetuação da
espécie, principalmente em momentos de alteração do ambiente ou falta de recursos.
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 7. Esquema ilustrando a reprodução assexuada das amebas.
Algumas espécies de amebas vivem como comensais. Mas o que é isso? Organismos comensais são
aqueles que realizam uma relação ecológica harmônica interespecífica. Isto é, uma relação sem danos
para nenhum dos indivíduos (de espécies diferentes) envolvidos. Portanto, as amebas comensais estão
presentes em diversas regiões do corpo humano, utilizando os restos alimentares do seu reservatório.
Entamoeba gengivalis, por exemplo, habita na mucosa oral, e Entamoeba coli e Entamoeba nana
habitam no intestino grosso.
Fonte: Shutterstock.com
 Amoeba proteus com seus pseudópodes aparentes.
 ATENÇÃO
O termo hospedeiro não se aplica às relações entre amebas comensais e o homem, pois hospedeiros
são aqueles parasitados e que são prejudicados por essa relação.
 EXEMPLO
As amebas comensais somente causam manifestação de sintomas e desenvolvimento de doença em
casos de oportunismo, onde o humano apresenta a imunidade comprometida, faz uso de corticoides ou
se encaixa no grupo de indivíduos com desenvolvimento de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(AIDS ou SIDA).
Entretanto, as amebas podem ser também parasitas, por desenvolverem doença em seus hospedeiros,
tais como: amebíase e amebíase extraintestinal.
A seguir, você conhecerá as principais amebas de importância clínica, responsáveis por infecções no
trato gastrointestinal do homem.
DESINTERIA
Infecção intestinal com diarreia severa! Pode ser causada por vírus, bactérias ou parasitas!
ENTAMOEBA HISTOLYTICA E AMEBÍASE
Entamoeba histolytica (Figura 8) é uma ameba patogênica, responsável pela manifestação da doença
amebíase, que tende a ocorrer em regiões com condições socioeconômicas desfavoráveis e
saneamento básico inadequado. A maioria dos casos reportados ocorre na América Central, no Oeste da
América do Sul, no Oeste e Sudeste da África e no subcontinente da Índia. Os casos de desinteria
amebiana ocorrem, principalmente, em países subdesenvolvidos que perpetuam ciclos de pobreza,
desigualdade e exclusão social.
Em países industrializados, os casos normalmente ocorrem entre imigrantes e turistas provenientes de
regiões endêmicas. Além disso, em épocas de grandes eventos, com a chegada de indivíduos
provenientes de muitos locais, há o aumento de casos.
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Fonte: Stefan Walkowski/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 3.0)
 Figura 8. Entamoeba histolytica.
A amebíase é, em muitas situações, subnotificada, pois sua sintomatologia é semelhante à de muitas
outras doenças intestinais. Mundialmente, a cada ano, estima-se que 40 a 50 milhões de pessoas
desenvolvam colite amebiana, causando a morte de 40 a 70 mil indivíduos acometidos. A grande
porcentagem de mortalidade está associada ao desenvolvimento de quadros diarreicos duradouros,
principalmente em crianças, causando casos extremos de desidratação.
CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O protozoário possui sua reprodução do tipo assexuada, por divisão binária, e seus estágios de
desenvolvimento são: cistos, metacistos, trofozoítos e pré-cistos. Os pré-cistos são formados através da
diminuição da atividade de fagocitose, da motilidade pela não emissão de pseudópodes,
desaparecimento dos vacúolos e secreção de uma membrana cística (Figura 9).
Fonte: Public Domain Images
 Figura 9. Cistos de Entamoeba histolytica.
Vamos começar o estudo do seu ciclo de vida pela fase de desenvolvimento, que é composta de uma
parede cística altamente resistente, que sobrevive ao pH estomacal e apresenta 4 núcleos
(tretanucelado).

1
Ao ingerirmos alimentos contaminados com os cistos, eles sobrevivem ao suco gástrico e chegam ao
final do intestino delgado e início do intestino grosso.
2
Nesse local, ocorre o desencistamento, ou seja, rompimento da parede cística com liberação do
metacisto. Isso ocorre em uma temperatura de 37°C e em meio anaeróbio.


3
Os metacistos sofrem divisões nucleares e citoplasmáticas com formação dos trofozoítos. Estes, quando
liberados, ficam aderidos à parede intestinal, alimentando-se de bactérias e detritos.
4
Uma vez na mucosa intestinal, depois de diversas reproduções assexuadas, os trofozoítos podem
formar os cistos, que serão eliminados nas fezes. É importante destacar que os próprios trofozoítos
também são liberados e encontrados normalmente em fezes diarreicas.


5
No entanto, em alguns casos, os trofozoítos podem invadir a submucosa intestinal, chegando até a
circulação e, a partir dela, a novos tecidos, como pele, fígado, pulmão e cérebro. Nesses casos, esses
parasitas passam a se alimentar de hemácias (hematófagos), e as manifestações clínicas da doença
são graves (Figura 10).
Fonte: Mariana Ruiz Villarreal/Wikimedia commons/licença(CC0)
 Figura 10. Ciclo de vida da Entamoeba histolytica.
Na maior parte dos casos (80-90%), a infecção por Entamoeba histolytica e a amebíase é assintomática,
isto é, o indivíduo é capaz de transmitir os cistos de ameba nas fezes de forma crônica, mas sem saber,
o que aumenta os riscos de disseminação na comunidade. No entanto, quando ocorre invasão dos
tecidos do cólon, as manifestações mais comuns são alternância entre constipação e a diarreia intensa,
flatulências precedidas de dor abdominal com cólica, fazendo com que as fezes possam ser liberadas
contendo muco e sangue.
A amebíase, quando desencadeia disenteria amebiana, desenvolve fezes frequentes semilíquidas, que,
na maioria das vezes, contêm sangue, muco e trofozoítos vivos. Entretanto, em alguns momentos, os
sintomas diminuem somente para cólicas recorrentes e fezes “ soltas” ou muito moles, emagrecimento
e anemia. Nos casos graves, ocorre a formação de quadros como: amebose intestinal crônica, colite
amebiana fulminante, apendicite amebiana, amebose hepática, abcesso amebiano pulmonar e amebose
cutânea.
SOLTAS
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São fezes com pouca consistência e saída do bolo fecal dividido em muitas partes.
DIAGNÓSTICO DA AMEBÍASE CAUSADA POR
ENTAMOEBA HISTOLYTICA
O diagnóstico padrão-ouro da amebíase é o Exame Parasitológico de Fezes (EPF).A partir das fezes, é
feita a análise microscópica e morfológica dos trofozoítos e cistos.
Morfologicamente, os trofozoítos apresentam tamanho entre 12 e 20 µm, forma irregular, membrana
citoplasmática delicada, com um núcleo com cariossoma central e puntiforme e com cromatina
periférica formada de grânulos delicados e com distribuição irregular. Nos vacúolos, podemos verificar
hemácias.
Os cistos, por sua vez, apresentam um tamanho similar (10 a 15 µm) e podem ser encontrados nas
formas maduras e imaturas. O cisto imaturo apresenta forma arredondada, parede cística delicada, com
1 ou mais núcleos, com cariossoma central, corpos cromatoides (em forma de bastão ou charuto) e,
ocasionalmente, vacúolos de glicogênio. Já o cisto maduro apresenta quatro núcleos e ausência de
corpos cromatoides (Figura 11).
CARIOSSOMA
Massa de cromatina, também chamada de endossoma.
CORPOS CROMATOIDES
São organelas celulares constituídas de massas densas de RNA.
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javascript:void(0)
Fonte: Yasser/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
Fonte: Public Domain Images
 Figura 11. Trofozoíta (esquerda) e cisto (direita) de Entamoeba histolytica. Nos trofozoítas, os
círculos mais escuros representam as hemácias.
Além da identificação dos trofozoítos e cistos, também é essencial a análise macroscópica das fezes.
Nessa análise, devemos observar o aspecto e a consistência das fezes e a verificação da presença de
muco ou sangue. Normalmente, os trofozoítos estão presentes em fezes diarreicas, e os cistos, em
fezes pré-formadas. Mas, atenção, essa análise macroscópica deve ser realizada apenas com fezes
frescas!
Para análise de fezes formadas, utiliza-se métodos de centrífugo-flutuação, como o método de Faust, e
flutuação espontânea, como o método de Willis. O exame a fresco das fezes é o escolhido para
identificação de trofozoítos vivos. No entanto, a análise morfológica em fezes coletadas em potes com
conservantes, corados com hematoxilina-férrica, representa a melhor opção diagnóstica. Nessa
coloração, o citoplasma apresenta cor azulada ou acinzentada, e as estruturas do núcleo e as inclusões
citoplasmáticas, como bactérias e hemácias, apresentam coloração preta.
 SAIBA MAIS
A coloração por hematoxilina férrica é capaz de remover o glicogênio armazenado pelo protozoário,
deixando no lugar um grande vacúolo vazio, enquanto na coloração por lugol o glicogênio apresenta cor
castanho-avermelhado.
Além disso, para o diagnóstico, pode ser realizado o imunoensaio enzimático, para detecção de
anticorpos contra a ameba e testes moleculares, como a reação em cadeia polimerase (PCR), que
detecta o DNA do parasita em pequena quantidade de fezes. Esses testes são utilizados também para
diferenciação das espécies-específicas. No entanto, devido ao custo, ele não é utilizado nas rotinas
laboratoriais. Nos casos de infecção extraintestinal, por ser difícil de diagnosticar, recomenda-se
ressonância magnética e tomografia computadorizada.
ENTAMOEBA HARTMANNI, ENTAMOEBA
DISPAR, ENTAMOEBA COLI
As amebas possuem ciclo de vida semelhante, independentemente da espécie. O protozoário
Entamoeba coli (Figura 12) é transmitido através da ingestão de cistos em alimentos e bebidas
contaminados, são parasitos monoxênicos e suas formas principais de desenvolvimento são trofozoítos
e cistos.
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Fonte: Yasser/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
 Figura 12. Cistos de Entamoeba coli.
MONOXÊNICOS
Só parasitam uma única espécie.
Entamoeba hartmanni (Figura 13) e Entamoeba dispar não são amebas normalmente patogênicas ao
homem, podendo ser classificadas por muitos autores como comensais. Em muitos casos, a infecção
por essas amebas somente ocorre para grupos de risco específicos, como idosos residentes de asilos,
indivíduos privados de liberdade e indivíduos com imunidade baixa, ou por via sexual, principalmente
pelo sexo anal.
As fases de trofozoítos dessas amebas alimentam-se de restos celulares e bactérias presentes no
ambiente, seu citoplasma possui vacúolos que podem apresentar bactérias, leveduras e outros cistos de
protozoários e são eliminados comumente em fezes diarreicas. Já seus cistos são normalmente vistos
em fezes formadas.
Fonte: Iqbal Osman/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
 Figura 13. Entamoeba hartmanni.
Apesar de serem amebíases mais raras, podem ser frequentes em todo o mundo, sendo o número de
casos variável em cada país. Aproximadamente 10% dos casos estão relacionados à amebíase
invasiva, porém sua prevalência é alta principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, pelas
condições precárias nas quais a população se encontra, não existindo associação direta pelo clima. As
regiões de alta prevalência são responsáveis pela segunda causa de morte por protozoonose, ficando
atrás somente da Malária.
DIAGNÓSTICO
O exame considerado padrão-ouro é o exame parasitológico de fezes com identificação dos cistos ou
trofozoítos.
FORMATO
Os cistos apresentam formato esférico ou ligeiramente ovoide, com visualização de sua parede cística
espessa, com tamanho de 15 a 25 µm. Não são verificados vacúolos citoplasmáticos, possuem de 1 a 8
núcleos, com cariossomo irregular e excêntrico com presença de corpos cromatoides finos. Nos cistos
imaturos, há presença de reservas de glicogênio. Os cistos, quando corados com lugol, têm tonalidade
amarelo-ouro. Os trofozoítos, por sua vez, apresentam forma irregular, medindo entre 18 e 28 µm com
membrana citoplasmática delgada e com citoplasma com vacúolos grandes que conferem a essa
estrutura um aspecto de “sujo”. O núcleo apresenta o cariossoma excêntrico e grosseiro com cromatina
periférica composta de grânulos grosseiros e de distribuição irregular (Figura 14).
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/www.cdc.gov
Fonte: Iqbal Osman/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0)
 Figura 14. Trofozoítos (esquerda) e cistos (direita) de Entamoeba coli.
MORFOLOGIA
Morfologicamente, E. hartmanni e E. dispar podem ser confundidas com formas pequenas de E.
histolytica (rever figuras 8 e 13); por esse motivo, o diagnóstico diferencial se dá pela morfologia do
núcleo ou pelo tamanho dos cistos, que são menores do que E. histolytica. Por fim, o diagnóstico
espécie-específico pode ser feito por reação em cadeia polimerase (PCR) ou por meio de exames
imunológicos de hemaglutinação indireta e imunoflorescência indireta.
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DAS
AMEBÍASES
O termo amebíases, no plural, é utilizado para se referir a todos os quadros dessa patologia associados
à infecção pelas diferentes espécies de amebas. A amebíase mais comum é aquela causada por E.
histolytica. É associada à ingestão de água ou alimentos contaminados, contato oral-anal e transporte
mecânico por insetos. 
Fonte: Shutterstock.com
Logo, a medida profilática principal é o investimento em saneamento básico adequado, pois o
tratamento da água e a separação dos dejetos humanos diminui a possibilidade de contaminação dos
lençóis freáticos e alimentos. O tratamento da água pode ser realizado pela antissepsia química com
iodo ou compostos contendo cloro, dependendo da temperatura da água, além da utilização de filtros
portáteis. É de suma importância a divulgação da educação em saúde, conscientização da população
quanto à saúde coletiva e aplicação de estratégias, como fervura da água antes do consumo ou do
preparo de alimentos.
O tratamento da amebíase causada por todas as espécies de amebas é muito semelhante, podendo
mudar apenas a dosagem ou o número de dias de administração dos medicamentos.

METRONIDAZOL
É realizado através da administração por via oral de metronidazol, 500 a 750 mg, três vezes/dia em
adultos (12 a 17 mg/kg, três vezes/dia, em crianças), durante 7 a 10 dias. Para abscesso hepático
amebiano é feito 500 mg durante 10 dias.
TINIDAZOL
Já a droga de segunda escolha, tinidazol, 2 g, 1 vez/dia em adultos (50 mg/kg [máximo de 2 g], via oral
(VO) 1 vez/dia em crianças > 3 anos de idade)por três dias para sintomas moderados, cinco dias para
sintomas graves, e três a cinco dias para abscesso hepático amebiano.

METRONIDAZOL
Derivado de nitroimidazol, age no DNA, inibindo a síntese proteica o que causa a morte das
células. Apresenta excelente atividade contra bactérias anaeróbicas estritas (cocos gram-positivos,
bacilos gram-negativos, bacilos gram-positivos) e certos protozoários como amebíase,
tricomoníase e giardíase.
TINIDAZOL
Age nas bactérias anaeróbias e protozoários. O fármaco penetra no interior da célula com
subsequente destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese.
Embora metronidazol e tinidazol tenham atividade contra cistos de E. histolytica, não são suficientes
para eliminar totalmente os parasitas – estes medicamentos costumam fazer mais efeito quando há
infecção por outras espécies de amebas, como Entamoeba coli, por exemplo. Sendo assim, é
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javascript:void(0)
necessária a administração de drogas de segunda/terceira escolhas: como Iodoquinol, 650 mg, via oral,
três vezes/dia, depois das refeições, em adultos (10 a 13 mg/kg, VO, três vezes/dia [máximo de 2 g/dia],
para crianças), durante 20 dias.
IODOQUINOL
Pertence à família das 8-hidroxiquinolina, possui ação amebicida contra a Entamoeba histolytica e
talvez seja efetivo contra os trofozoítos e os cistos. O mecanismo de ação não é elucidado.
ENDOLIMAX NANA E IODAMOEBA BUTSCHLII
Estes protozoários não são patogênicos ao homem e raramente causam infecção. Seus trofozoítos
medem cerca de 5-12 µm, sendo E. nana o menor protozoário capaz de infectar o homem. Seu
cariossomo é pequeno, puntiforme, ora no centro do núcleo, ora levemente excêntrico. Suas cromatinas
são periféricas e distribuídas em intervalos. Apresentam vacúolos citoplasmáticos, também contendo
bactérias e fungos. Seus cistos são levemente ovais ou esféricos, medem entre 4 e 10 µm, com quatro
núcleos pouco visíveis e cromatina fina. Além disso, possuem corpos cromátides pequenos
arredondados ou quadrados. Quando corados com lugol, seu citoplasma apresenta coloração verde-
clara (Figura 15).
Os cistos de I. butschlii medem de 5 a 20 µm e podem ser esféricos, ovais ou com forma irregular;
possuem um núcleo com cariossoma grande e central, membrana espessa e sem cromatina periférica.
Os cistos possuem grande vacúolo de glicogênio (forma uma massa) com limites nítidos e corados em
castanho-avermelhado pela coloração de lugol (Figura 15). Os trofozoítos medem de 6 a 25 μm,
apresentam citoplasma com um único núcleo, além de inclusões que lhe conferem aparência granular.
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Fonte: Autor: Roland Yao Wa Kouassi, Scott William McGraw, Patrick Kouassi Yao, Ahmed Abou-Bacar,
Julie Brunet, Bernard Pesson, Bassirou Bonfoh, Eliezer Kouakou N’goran and Ermanno Candolfi /
Wikimedia commons/licença(CC BY 4.0)
 Figura 15. Protozoários do TGI. Ênfase nas imagens dos cistos de (b) Entamoeba hartmanni 
(d) Entamoeba histolytica/dispar, (e) Iodameoba butschlii, (f) Endolimax nana e (i) Entamoeba coli.
 SAIBA MAIS
Iodameoba butschlii é parasita comensal exclusivo do intestino grosso de humanos, bem como de
outros primatas e porcos. Sua quantificação pode servir como um tipo de marcador de contaminação
fecal-oral de água e alimentos.
Como vimos, morfologicamente, essas espécies de ameba são muito semelhantes entre si, sendo
preciso técnicos habilitados para a realização da identificação pela análise morfológica e um diagnóstico
correto.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS AMEBÍASES SÃO UM GRUPO DE DOENÇAS DE MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
MUITO SEMELHANTE E PODEM SER CAUSADAS APENAS POR ESPÉCIES
DIFERENTES DOS PROTOZOÁRIOS. SENDO ASSIM, O DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL É ESSENCIAL PARA A IDENTIFICAÇÃO CORRETA DA ESPÉCIE
CAUSADORA DA INFECÇÃO. DENTRO DESSE CONTEXTO, ASSINALE A OPÇÃO
CORRETA SOBRE O MÉTODO LABORATORIAL INDICADO PARA DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL DA AMEBÍASE CAUSADA POR E. HISTOLYTICA.
A) Exame de sangue para análise molecular.
B) Parasitológicos e imunológicos, com ênfase na busca por cistos.
C) Biópsia retal.
D) Imunoensaio enzimático, testes moleculares com DNA e sorologia.
E) Parasitológicos e imunológicos, com ênfase na busca por ovos.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE AS FORMAS MAIS COMUNS DE
INFECÇÃO POR AMEBAS DAS DIFERENTES ESPÉCIES APRENDIDAS NESTE
MÓDULO.
A) Consumo de alimentos contaminados pelo parasito, principalmente verduras, como agrião e alface.
B) Ingestão de água contaminada apenas.
C) Ingestão de alimentos ou água contaminados, via sexual ou oral-fecal.
D) Transmissão por via sexual ou respiratória.
E) Ingestão de carne contaminada e mal passada.
GABARITO
1. As amebíases são um grupo de doenças de manifestação clínica muito semelhante e podem
ser causadas apenas por espécies diferentes dos protozoários. Sendo assim, o diagnóstico
diferencial é essencial para a identificação correta da espécie causadora da infecção. Dentro
desse contexto, assinale a opção correta sobre o método laboratorial indicado para diagnóstico
diferencial da amebíase causada por E. histolytica.
A alternativa "D " está correta.
Embora os exames de fezes sejam altamente recomendados, para o diagnóstico espécie-específico,
recomenda-se como diagnóstico diferencial imunoensaio, testes moleculares, como PCR, e sorologia.
2. Assinale a alternativa correta sobre as formas mais comuns de infecção por amebas das
diferentes espécies aprendidas neste módulo.
A alternativa "C " está correta.
A maior possibilidade de transmissão da doença ocorre através da ingestão de alimentos e água
contaminados, por via oral-fecal (principalmente em pacientes idosos) e, em alguns casos, por via
sexual.
MÓDULO 2
 Reconhecer as características gerais dos flagelados de vias digestivas e geniturinárias, a
epidemiologia e o diagnóstico dos protozoários causadores da tricomoníase e giardíase
FLAGELADOS DE VIAS DIGESTIVAS E
GENITURINÁRIAS
Os protozoários flagelados são aqueles que se locomovem sempre com o auxílio de flagelos. Sabemos
que eles podem ser organismos comensais, presentes em nosso trato digestivo/geniturinário, sem
causar doenças ao homem, ou podem ser patogênicos. Como já sabemos, os protozoários infectantes
do trato gastrointestinal são transmitidos através da ingestão de alimentos ou água contaminados e
encontrados nas regiões com saneamento básico precário. Já os protozoários patogênicos do trato
geniturinário são transmitidos por via sexual. Dentre os protozoários flagelados, destacam-se Giardia
lamblia e Trichomonas vaginalis.
Fonte: Shutterstock.com
VAMOS CONHECÊ-LOS?
TRICHOMONAS VAGINALIS E TRICOMONÍASE
Tricomoníase é uma infecção negligenciada do trato vaginal ou trato genital masculino causada pelo
protozoário Trichomonas vaginalis.
Fonte: Shutterstock.com
 Trichomonas vaginalis.
SE O TRICOMONÍASE POSSUI A NOMENCLATURA
“VAGINALIS”, SIGNIFICA QUE INFECTA APENAS
MULHERES?
RESPOSTA
Não, ele pode causar, sim, infecção nos homens! No entanto, eles normalmente são assintomáticos, e esse
parasita pode persistir por muitos anos sem causar sintomas. Assim, os humanos podem transmitir esse
protozoário involuntariamente para os parceiros e as parceiras sexuais.
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O número de casos diagnosticados de T. vaginalis dentre os homens é pequeno em relação às
mulheres. Esse fato está diretamente relacionado à falta de sintomas e perpetuação do comportamento
masculino, que costuma ir menos aos médicos do que as mulheres.
Fonte: Shutterstock.com
A tricomoníase pode ser considerada uma doença negligenciada, pois atinge, principalmente, o público
feminino privado de liberdade, isto é, mulheres que estão em condição de confinamento social, mulheres
idosas residentes de asilos sem higiene adequada, mulheres HIV positivas e profissionais do sexo. Os
trofozoítos são transmitidos, principalmente, por via sexual.
A tricomoníase está presente em 39% das mulheres com neoplasia intraepitelial cervical e possui mais
casos de frequência naquelas quepossuem quadros de hipertensão ou diabetes. Pode provocar
infertilidade em 20% dos casos devido à adesão do parasito às tubas uterinas; induzir o parto prematuro;
causar alteração de pH vaginal; gerar redução do peso do feto ao nascer; endometrite pós-parto; feto
natimorto e morte.
Fonte: Shutterstock.com
É comum a tricomoníase estar acompanhada de gonorreia e outras infecções sexualmente
transmissíveis (IST), principalmente as bacterianas.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reportaram que, a cada ano no mundo, mais de 170
milhões de casos novos de tricomoníase surgem; já o Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério
da Saúde (PNDST/AIDS) estima uma incidência de 5,1% (8,2% em mulheres e 1,9% em homens), com
mais 4,3 milhões de casos novos/ano.
Os indivíduos com tricomoníase podem desenvolver também infiltração maciça de leucócitos e pontos
hemorrágicos nos tecidos genitais, que favorecem a transmissão do vírus HIV, devido à produção de
citocinas, que podem favorecer a susceptibilidade ao vírus. As lesões são porta de entrada para outros
microrganismos do trato genital, incluindo patógenos oportunistas, tais como o fungo da Candida.
Fonte: Shutterstock.com
 Candida sp.
CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O protozoário apresenta corpo ovalado, com tamanho de 15 µm, anaeróbio, altamente móvel, pois tem
quatro flagelos anteriores. Apresentam membrana ondulante anterolateral, uma estrutura rígida que
percorre todo o corpo do parasita, ficando mais evidente na extremidade final, chamada de axóstilo.
O núcleo, também oval, localiza-se próximo aos flagelos. Não tem mitocôndria, alimenta-se por
fagocitose e osmose e apresenta divisão binária (Figura 14).
É importante relatar que as condições físico-químicas (por exemplo: pH, temperatura, tensão de
oxigênio e força iônica) afetam o aspecto desse organismo.
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 16. Esquema ilustrando o T. vaginalis.
O parasito, na forma infectante de trofozoíto, pode ser encontrado em secreções vaginais/prostáticas ou
em resíduos de urina, fase para realização do diagnóstico.
Os trofozoítos realizam a reprodução assexuada através da divisão binária, buscando a colonização
completa do hospedeiro.
Os trofozoítos podem ser encontrados na vagina ou no orifício da uretra, sendo esta fase determinada
como fase infecciosa, de alta probabilidade de transmissão (Figura 17).
Fonte: Todamateria.com.br
 Figura 17. Ciclo de vida do parasito T. vaginalis.
 ATENÇÃO
É importante verificar no ciclo que, diferentemente dos outros protozoários, não vemos a formação de
cistos. Esse protozoário é altamente específico e só é capaz de provocar infecções no trato
geniturinário, não conseguindo aderir a outras mucosas do corpo, como as cavidades oral e intestinal.
Como vimos, as manifestações podem variar de assintomática a sintomáticas, e os homens
normalmente apresentam a forma assintomática da doença. Quando sintomática, manifestam sintomas
variáveis, e isso pode dificultar o diagnóstico.

Fonte: Shutterstock.com
NAS MULHERES
O protozoário infecta principalmente o epitélio do trato genital ou da uretra. Nas mulheres adultas, a
ectocérvice é suscetível ao ataque do protozoário. Cerca de 20% das mulheres infectadas
pelo Trichomonas vaginalis desenvolvem corrimento com odor fétido, semelhante a peixe em
decomposição, esbranquiçado, podendo variar para cores amareladas-esverdeadas, de textura
espumosa e mais comumente presente após a fase menstrual. A mulher apresenta dor durante as
reações sexuais, poliúria e dor ao urinar. Essa sintomatologia faz com que a tricomoníase seja
confundida com outras manifestações de ISTs, incluindo candidíase.
NOS HOMENS
Quando sintomática, pode apresentar sintomas leves ou agudos (uretrite purulenta ou leitosa) com uma
pequena sensação de prurido e fisgadas na uretra (“cocheira”), com maior incidência pela manhã. Como
complicações, temos prostatite, epididimite e vesiculite.
Fonte: Shutterstock.com

 ATENÇÃO
Ainda não temos estudos que comprovem uma imunidade adquirida contra esse protozoário; assim,
reinfecções podem ser observadas!
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a análise do estudo de caso de tricomoníase no homem e
na mulher.
DIAGNÓSTICO DA T. VAGINALIS
O diagnóstico não pode ser realizado apenas pelas manifestações clínicas, pois é dificultado pela
similaridade de sintomas com as outras doenças, como a infecção por Candida ou a infecção
gonocócica. Assim, o diagnóstico laboratorial é de suma importância!
O diagnóstico usual da tricomoníase é feito pelo exame direto, com a análise microscópica.

Fonte: Shutterstock.com
NAS MULHERES
São coletadas a urina (pelo EAS – elementos anormais do sedimento) e a secreção vaginal ou cervical
por meio de swab ou durante o exame de Papanicolau.
NOS HOMENS
A secreção uretral é obtida a partir da alça de platina ou com swab de algodão não absorvente ou de
poliéster, mas o protozoário é mais encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais.
Por isso, muitas vezes, é coletado o esperma. A coleta é feita após masturbação, em pote estéril. Não é
recomendado utilizar preservativos ou coito interrompido, qualquer tipo de lubrificante nem mesmo saliva
ou preservativos. Antes da coleta, deve-se lavar com água e sabão mãos e genitália.
Fonte: Shutterstock.com

No exame direto a fresco, os protozoários normalmente perdem seus flagelos, sendo necessária rápida
observação. Os espécimes vivos são elipsoides ou ovais e, algumas vezes, esféricos. Durante a análise
do sedimento urinário, eles podem ser observados como corpos ovais, flagelados altamente móveis.
Porém, se não apresentarem flagelos, esse diagnóstico é difícil, pela semelhança com outras estruturas
encontradas nesse tipo de amostra.
Para aumentar a sensibilidade do exame a fresco, recomenda-se a utilização de corantes. No entanto, o
trofozoíta não consegue corar com os corantes safranina, azul de metileno, verde-malaquita e azul-
crisol-brilhante. Nas preparações fixadas e coradas, ele é tipicamente elipsoide, piriforme ou oval. No
exame de Papanicolau, além dos parasitas, é comum verificarmos inúmeros polimorfonucleares,
resultantes do processo inflamatório. Os protozoários são observados como estruturas ovais ou
redondas, com tamanho entre 5 e 20 µm, com o citoplasma corado de cinza-azulado e apresenta
grânulos castanho-avermelhados (Figura 18).
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 18. T. vaginalis identificado através do exame de Papanicolau.
 ATENÇÃO
É importante destacar que o padrão-ouro dessa análise é a cultura em meios específicos, que possibilita
um diagnóstico mesmo quando há baixa carga de parasitas, no entanto é mais demorado.
Fonte: Shutterstock.com
Para o diagnóstico diferencial, é feita a análise genética do parasito pelo PCR. Para isso, as amostras
são coletadas em mulheres durante o exame do espéculo vaginal, pelo qual se observa colpite
multifocal característica de infecção por T. vaginalis. Nessas situações, o diagnóstico diferencial deve
ser estabelecido com vaginite inflamatória esfoliativa e colpite atrófica. Além disso, são necessárias a
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análise do canal vaginal e a identificação de sintomas, como corrimento vaginal, secreção amarela
espumosa e mucopurulenta, edema na vagina e no útero, eritema, erosão e pontos hemorrágicos.
COLPITE MULTIFOCAL
Inflamação no colo e no útero, que pode ser causada por bactérias, fungos ou protozoários.
 ATENÇÃO
As técnicas imunológicas, como aglutinação, fixação do complemento, hemoaglutinação indireta, difusão
em gel, imunofluorescência e ELISA, podem ser utilizadas, mas não substituem as outras técnicas!
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA
TRICOMONÍASE
As medidas profiláticas contra tricomoníase envolvem, principalmente, a utilização de preservativos
(femininos e masculinos), por atuarem como uma barreira física que impede o contato entre as mucosas
genitais.
TRATAMENTO
É realizadoatravés da administração dos medicamentos metronidazol 2 g (dose única); secnidazol 2 g
e tinidazol 2 g (dose única), todos por via oral. Como medicamentos alternativos, de segunda, temos o
metronidazol 500 mg, via oral (VO), 2 x/dia, durante 7 dias.
SECNIDAZOL
Pertence à classe dos nitroimidazois com alta atividade parasiticida e atua com a inibição da
síntese e desnaturação do DNA.
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GIARDIA LAMBLIA E GIARDÍASE
Giardíase é uma infecção intestinal causada pelo parasito Giardia lamblia, encontrado em todo o mundo,
especialmente em áreas com más condições de saneamento e água contaminada. Devido a esse fato, a
giardíase pode ser considerada uma doença negligenciada, pois perpetua entre a pobreza e exclusão
social. Acredita-se que esse foi o primeiro protozoário humano a ser conhecido, em 1681.
A infecção pode ser causada por parasitos encontrados em água doce, tais como em riachos e lagos, na
água de abastecimento das cidades, em piscinas e poços. Giardíase também pode ser transmitida
através de alimentos e contato pessoa a pessoa, sendo, portanto, de transmissão via oral-fecal.
Fonte: Shutterstock.com
 Giardia lamblia.
Observe, a seguir, algumas formas de transmissão:

1
Normalmente, a maior possibilidade de infecção ocorre através da ingestão de alimentos e água
contaminados com os trofozoítos.
2
A manipulação inadequada dos alimentos e a irrigação de lavouras com água contaminada são fatores
determinantes para a transmissão.


3
O manuseio inadequado de objetos de crianças e fraldas pode ser um fator de risco.
4
Pessoas que trabalham com crianças pequenas, como professores em creches, devem ter cuidado
redobrado.


5
O parasita giárdia também pode se espalhar através do sexo anal, caso seja feito sem a utilização
adequada do preservativo.
As taxas de incidência da doença mostram-se ainda mais frequentes nas faixas etárias entre 1 e 4 anos,
devido ao comportamento infantil ser associado a baixo índice de higiene e muito contato interpessoal.
O estudo da sazonalidade de infecção revela que normalmente há prevalência no verão e na primavera,
por serem estações mais quentes e, portanto, que aumentam a possibilidade de contato dos humanos
com água contaminada de rios, lagos ou piscinas. Não existem estudos que mostrem alteração
significativa de incidência relacionada ao sexo do indivíduo.
A giardíase está distribuída em todo o mundo, com destaque para as regiões tropicais e subtropicais. O
Brasil apresenta alta prevalência da doença, dependendo do estado, estando em maior número nos
estados mais pobres.
Além dos humanos, esse parasita também está distribuído pelo mundo animal, sendo encontrado em
aves, répteis, anfíbios e mamíferos, como cachorros e gatos.
CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Esse parasita apresenta um ciclo moxênico, ou seja, com um único hospedeiro. A contaminação inicia
após a ingestão de alimentos com os cistos.
No TGI, o cisto começa seu processo de desencistamento no estômago e, ao chegar ao intestino, mais
precisamente no duodeno, o cisto se rompe, liberando os trofozoítos; cada cisto forma dois trofozoítos,
que aderem que aderem à mucosa intestinal e se multiplicam por divisão binária intensamente. A
encistação ocorre quando os parasitas transitam em direção ao cólon, sendo liberados nas fezes. Os
cistos conseguem sobreviver fora dos intestinos durante dias, permitindo que o ciclo da doença possa
continuar e haja mais chance de transmissão para outros hospedeiros (Figura 19).
Fonte: Shutterstock.com
 Gardia lamblia.
Na infecção por esse parasita, podemos encontrar os trofozoítos nas fezes, mas os cistos são as formas
infectantes.
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 19. Ciclo de vida da G. lamblia.
As manifestações da giardíase envolvem sintomas muito parecidos com os de outras doenças que
atingem as vias intestinais: diarreia aquosa, às vezes com mau cheiro, que pode se alternar com fezes
moles e gordurosas, cansaço, fadiga ou mal-estar, dores abdominais, cólicas abdominais e inchaço,
arrotos constantes e com mau cheiro, náuseas e perda de peso. Suas manifestações clínicas podem
sumir em pouco tempo, gerando um quadro assintomático ou de desenvolvimento lento de sintomas.
Isso dificulta o diagnóstico.
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
O diagnóstico de rotina é realizado através do exame físico, onde o médico normalmente pressiona
levemente a região abdominal para conferir casos de dores ou desconfortos e verifica a mucosa oral e a
pele do paciente, na tentativa de detectar sinais de desidratação.
No entanto, o diagnóstico clínico não é conclusivo em muitos casos, principalmente naqueles em que há
baixa carga do parasito. Sendo assim, é necessária a comprovação por meio de outros exames
laboratoriais parasitológicos e imunológicos (detecção de anticorpos contra esse parasita).
EPFs são solicitados para investigação dos cistos e trofozoítos. Nas fezes formadas, prevalece a
identificação de cistos, que podem ser detectados em preparações a fresco pelo método direto, com
salina ou lugol, ou por métodos de sedimentação, Faust ou MIFC. Em fezes diarreicas, a pesquisa de
trofozoítos é feita no material a fresco, ou após a coloração com o lugol ou hematoxilina-férrica. Os
trofozoítos são rapidamente destruídos; assim, recomenda-se a coleta de material com conservantes
(MIF).
MIFC
MIFC ou teste de bagg, teste de sedimentação por centrifugação.
 ATENÇÃO
Esses exames, muitas vezes, conferem resultados falsos negativos; logo, é recomendado que sejam
coletadas sempre três amostras consecutivas, em vez de coleta de fezes frescas.
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A análise morfológica do cisto mostra uma estrutura oval ou elipsoide, com tamanho variando entre 8 e
15 µm, parede cística delicada, com 2 a 4 núcleos, com corpos parabasais dispostos transversalmente e
axonemas dispostos longitudinalmente. Quando corado, pode mostrar uma delicada membrana
destacada do citoplasma. O trofozoíto tem formato piriforme (pera) e com simetria bilateral. Apresenta
uma membrana nuclear delicada, com dois núcleos com cariossoma central, corpos parabasais,
axonemas dispostos longitudinalmente e quatro flagelos. (Figura 20).
Fonte: Public Domain Images
Fonte: Public Domain Images
 Figura 20. Cisto (esquerda) e Trofozoíto de Giardia lamblia (2).
 CURIOSIDADE
Podem ser solicitados também biopsias do duodeno ou do jejuno de pacientes que apresentarem
resultados parasitológicos negativos com achados radiológicos de edema e segmentação do intestino,
teste anormal de tolerância a lactose e hipogamaglobulinemia. Além disso, podemos realizar o PCR,
para detecção do DNA do parasita.
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA GIARDÍASE
Fonte: Public Domain Images
 Imagem de microscopia eletrônica de varredura mostrando as faces ventral e dorsal da Giardia sp.
As medidas profiláticas contra a giardíase envolvem o tratamento correto de águas de uso público,
saneamento básico adequado, boas práticas de higiene ao preparar alimentos, boa higiene pessoal
(especialmente após o uso do banheiro), evitar contato com fezes durante as relações sexuais,
utilização de preservativos durante o sexo e ferver a água. Para o tratamento de água para as casas,
recomenda-se o procedimento padrão seguido pelas estações de tratamento, com processos de
clorificação, filtração e decantação. Já as águas de correntes e lagos podem ser, às vezes, desinfetadas
com iodo.
TRATAMENTO
É feito a partir de três medicamentos principais: tinidazol, metronidazol ou nitazoxanida, por via oral. O
tinidazol, tomado em dose única, tem menos efeitos colaterais do que o metronidazol, que é ingerido
três vezes por dia durante cinco a sete dias. Além disso, o metronidazol pode apresentar casos de
resistência do protozoário. A nitazoxanida encontra-se disponível em forma líquida, sendo administrada
mais facilmente para crianças e em comprimidos. Ela é tomada duas vezes ao dia por três dias.
Entretanto, tambémpossui efeitos colaterais, como enjoos, náuseas, tonturas e vômitos.
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NITAZOXANIDA
O famoso “Anita” não tem o mecanismo de ação totalmente elucidado, mas acredita-se que sua
ação seja pela interferência de uma enzima indispensável ao metabolismo energético (enzima-
piruvato-ferrodoxina oxirredutase).
Vários medicamentos são eficazes contra a giardíase, mas nem todo mundo responde a eles.
Prevenção é a melhor defesa!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SABEMOS QUE, EM MULHERES, O TRICHOMONAS VAGINALIS SE INSTALA
NA MUCOSA VAGINAL E NA URETRA. AS CÉLULAS EPITELIAIS DA REGIÃO
PERMITEM A SUA ADERÊNCIA, BEM COMO SOBREVIVÊNCIA E REPRODUÇÃO.
DURANTE O FLUXO MENSTRUAL, O PARASITA CAPTURA NUTRIENTES QUE
SÃO ESSENCIAIS PARA A SUA REGULAÇÃO GENÉTICA E PODE SER LIBERADO
ATRAVÉS DAS FEZES. SENDO ASSIM, O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL É
CRUCIAL PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA. ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DESSA
DOENÇA.
A) Papanicolau e EPF.
B) PCR em amostras de fezes e ELISA.
C) Exame de sangue e fezes.
D) Papanicolau e exame microscópico.
E) ELISA e EPF.
2. A GIARDÍASE É UMA PROTOZOOSE DE ALTA DISPERSÃO NO MUNDO. ELA
POSSUI SINTOMAS SEMELHANTES AOS DE OUTRAS DOENÇAS INTESTINAIS,
PODENDO DESENVOLVER QUADROS SEVEROS DE DESIDRATAÇÃO, DEVIDO
AO FLUXO DIARREICO INTENSO. PORTANTO, O DIAGNÓSTICO ADEQUADO E
OS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS AUXILIAM NA PREVENÇÃO DE
TRANSMISSÃO. DENTRO DESSE CONTEXTO, ASSINALE OS GRUPOS DE RISCO
DESSA DOENÇA.
A) Crianças acima de 10 anos.
B) Crianças até 4 anos.
C) Adolescentes e adultos.
D) Idosos apenas.
E) Mulheres na menopausa.
GABARITO
1. Sabemos que, em mulheres, o Trichomonas vaginalis se instala na mucosa vaginal e na uretra.
As células epiteliais da região permitem a sua aderência, bem como sobrevivência e reprodução.
Durante o fluxo menstrual, o parasita captura nutrientes que são essenciais para a sua regulação
genética e pode ser liberado através das fezes. Sendo assim, o diagnóstico diferencial é crucial
para o diagnóstico precoce da doença. Assinale a alternativa correta sobre os métodos de
diagnóstico dessa doença.
A alternativa "D " está correta.
O diagnóstico dessa doença pela sintomatologia clínica não é de fácil execução. Assim, são necessários
exames laboratoriais: recomenda-se que sejam feitos exames de secreção vaginal, uretral, urina e
sêmen para o diagnóstico. Nessas amostras, a análise microscópica com ou sem coloração auxilia muito
na identificação do parasita. Além disso, em mulheres, a tricomoníase é diagnosticada pelo exame de
Papanicolau a partir de amostras da ectocérvice.
2. A giardíase é uma protozoose de alta dispersão no mundo. Ela possui sintomas semelhantes
aos de outras doenças intestinais, podendo desenvolver quadros severos de desidratação,
devido ao fluxo diarreico intenso. Portanto, o diagnóstico adequado e os estudos
epidemiológicos auxiliam na prevenção de transmissão. Dentro desse contexto, assinale os
grupos de risco dessa doença.
A alternativa "B " está correta.
Embora crianças de muitas idades possam ser um grupo de risco para essa doença, normalmente as da
faixa etária de até 4 anos possuem um comportamento higiênico mais precário, sendo mais susceptíveis
a essa infecção. Já os indivíduos que moram em região de saneamento básico inadequado estão
sempre sujeitos a infecções por via oral-fecal.
MÓDULO 3
 Reconhecer as características gerais dos coccídeos entéricos, a epidemiologia e o
diagnóstico dos protozoários causadores de criptosporidiose e isosporíase
COCCÍDEOS ENTÉRICOS
Coccídeos são protozoários transmitidos por via oral-fecal que possuem ciclo assexuado e sexuado de
reprodução. As doenças causadas por esses parasitos podem ser assintomáticas, principalmente em
imunocompetentes; porém, para indivíduos imunocomprometidos, essas espécies são fatais e
sintomáticas.
A patogenia, quando sintomática, é caracterizada por: infecções benignas com invasão de células
epiteliais, reação inflamatória da mucosa, destruição das células epiteliais, alteração morfológica das
vilosidades intestinais e infiltração de células plasmáticas, linfócitos e leucócitos polimorfonucleares.
O Brasil possui uma frequência registrada em São Paulo de 1 indivíduo doente em 1000 exames
realizados; no Rio de Janeiro, são registrados 4 em 1000. Portadores de AIDS apresentam,
normalmente, 10,5% de resultados positivos.
No mundo, existe uma estimativa de 250 a 500 milhões de casos anuais de infecção por
Cryptosporidium sp, sendo mais prevalente em locais como Ásia, África e América Latina.
Os coccídeos são um grupo de parasitos heteroxênicos encontrados em grande número de animais
vertebrados, tais como: mamíferos, aves, répteis e peixes. As espécies de aves e outros mamíferos
podem transmitir esses protozoários para o homem, atuando como reservatórios da doença. Os
reservatórios são organismos essenciais para o ciclo de transmissão da doença e podem atuar como
“sentinelas”, indicando os locais onde o patógeno circula para análises epidemiológicas.
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HETEROXÊNICOS
São aqueles parasitas que somente completam seu ciclo quando infectam mais de um hospedeiro.
Esse grupo de protozoários englobam diferentes espécies de parasitas da via intestinal causadores de
quadros diarreicos acentuados. Nesse grupo, parasitam o homem as espécies Isospora belli,
Cryptosporidium spp., Cyclospora cayetanensis, Sarcocystis hominis, Sarcocystis suihominis. Porém,
algumas ganham destaque, como Isospora belli e Cryptosporidium parvum.
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0)
 C. parvum.
CRYPTOSPORIDIUM PARVUM E
CRIPTOSPORIDIOSE
Os Cryptosporidium parvum são pertencentes ao filo Apicomplexa, classe Sporozoa, subclasse
Coccidia, ordem Eucoccidiida, subordem Eimiriina, família Criptosporidiidae e gênero Cryptosporidium.
Esses parasitas atingem as células animais do TGI, as vias respiratórias e vias biliares de diferentes
hospedeiros, como o homem, grandes mamíferos e diferentes animais invertebrados, causando a
criptosporidiose, doença que pode apresentar desde infecções intestinais leves e limitadas até infecções
graves, que ameaçam a vida. Essa doença foi descrita pela primeira vez nos homens em 1976, mas só
foi dada a devida importância a ela após o reconhecimento da AIDS, em 1982.
Fonte: Punlop Anusonpornperm/Wikimedia commons/licença(CC BY 4.0)
 Cryptosporidium parvum.
É uma doença de ocorrência mundial, com maior prevalência nos países subdesenvolvidos (30%)
quando comparada aos países desenvolvidos (1-4,5%). Normalmente, está presente mais em crianças,
pessoas que manipulam animais, homossexuais e em quem mantém contato íntimo com os infectados.
 SAIBA MAIS
Existem relatos de transmissão através de água para consumo (poços artesianos, cisternas,
reservatórios e redes de distribuição), para recreação (piscinas, represas) ou para irrigação e
processamento de alimentos (frutas e verduras), resultando em surtos de criptosporidiose. Os oocistos
infectantes são altamente resistentes aos fatores ambientais, incluindo o cloro, largamente utilizado no
tratamento de água de abastecimento.
CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
VOCÊ SABIA QUE OS MAMÍFEROS DE GRANDE
PORTE, PRINCIPALMENTE OS RUMINANTES, PODEM
ATUAR TAMBÉM COMO HOSPEDEIROS DESSE
PARASITO E QUE O HOMEM PODE PROVOCAR A
INFECÇÃO NESSES ANIMAIS?
O ciclo biológico inclui um processo de multiplicação assexuada (merogonia) dentro da célula do
hospedeiro, com ocorrência de duas gerações de merontes (primária e secundária) e outra de
multiplicação sexuada (gametogonia) com formação de macrogametas e microgametas, que, após a
fecundação, resultam na formação de oocistos.
 ATENÇÃO
É importante ressaltar que cada fase de desenvolvimento acontece dentro de um vacúolo formado nas
células intestinais.
A transmissão ocorre por via oral-fecal, pela ingestão dos oocistos. No intestino delgado, o oocisto
esférico libera os esporozoítos,após ruptura da parede cística (desencistamento). Isso é possível pela
ação do ácido gástrico, de enzimas como a tripsina, dos sais biliares, da temperatura corpórea e do pH
intestinal. Um único oocisto é capaz de liberar quatro esporozoítos, que são envoltos por uma única
membrana. Após a liberação do esporozoíto, ocorre invasão das células intestinais, mas com formação
de um vacúolo, e é nessa estrutura que ele é diferenciado em trofozoíto.
Inicia-se a fase de merogenia primária, originando o meronte do tipo 1, com liberação de oito
merozoítas primários, que são capazes de invadir novamente as células intestinais e passar pela
segunda etapa de merogonia (secundária), com a formação de meronte do tipo 2 e liberação de quatro
metozoítos.
Os merontes secundários, por sua vez, originam os macrogametas e microgametas que fecundam e
originam o zigoto, o qual se desenvolve em esporocisto de parede delgada e esporocisto de parede
espessa. Os esporocistos de camada espessas são eliminados nas fezes, e o de camada delgada
parece estar relacionado à autoinfecção (Figura 21).
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Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0)
 Figura 21. Ciclo de vida do C. parvum.
MEROGENIA
Reprodução assexuada.
SINTOMAS
 Os principais sintomas estão relacionados à adesão dos oocistos as microvilosidades intestinais. Os
sintomas mais comuns são diarreia, com presença de muco e raramente leucócito e sangue, e o
emagrecimento pela síndrome de má absorção intestinal devido à destruição das microvilosidades. Além
disso, ocasionalmente pode ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, febre, mialgia, fadiga, dor de
cabeça e anorexia.
A variação dos sintomas e sua gravidade dependem do sistema imune do hospedeiro. Normalmente,
pacientes imunossuprimidos, como aqueles contaminados pela AIDS, apresentam manifestações mais
severas, e os pacientes imunocompetentes apresentam apenas uma indisposição rápida e evolução
para a cura.
DIAGNÓSTICO DO C. PARVUM
O ciclo biológico do parasito é de, aproximadamente, 13 horas; portanto, caso o paciente consiga
realizar o diagnóstico da infecção, isso pode ser feito em, no mínimo, 15 horas após. No entanto, a
identificação dos oocistos não é uma tarefa fácil.
O diagnóstico baseia-se na pesquisa de oocistos nas fezes, tanto diarreicas como fezes formadas.
Como há pouca liberação de oocistos, é recomendado realizar métodos de concentração.
 SAIBA MAIS
O método de Ritchie (concentração por sedimentação em formol-éter) é excelente, uma vez que o
formol fixa o material e o éter desengordura. As colorações pela safranina ou pelo método de Kinyoun
favorecem a boa visualização dos parasitos.
A morfologia revela a presença de cistos com aspectos esféricos ou ovoides, com tamanho de 5 µm,
parede cística dupla e espessa e que apresenta quatro esporozoítas no seu interior (Figura 22).
Fonte: Public Domain Images
 Figura 22. Foto ilustrando cistos de C. parvum nas fezes.
Além disso, a pesquisa dos oocistos pode ser feita a partir da biópsia intestinal e de fezes, com os
corantes Kinyon (oocistos rosas), Ziehl-Neelsen modificado (oocistos vermelhos), auramina (oocistos
alaranjados), Safranina- azul de metileno (oocistos vermelhos). Essas colorações podem ser realizadas
pela propriedade álcool ácido resistente dos oocistos (Figura 23).
Fonte: Nephron/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 3.0)
 Figura 23. Corte histológico intestinal (coloração de HE) mostrando Cryptosporidium parvum no
interior das esferas brancas.
Pode ser ainda realizada pesquisa de anticorpos circulantes por ELISA, a sorologia para detecção de
antígenos nas fezes por ELISA ou com anticorpos monoclonais marcados com fluorescência e o PCR.
 CURIOSIDADE
Até o início da década de 1990, o diagnóstico era feito apenas por microscopia eletrônica, que
identificava pequenas esféricas na região das microvilosidades da mucosa intestinal.
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA
CRIPTOSPORIDIOSE
Devido à sua transmissão por via oral-fecal, a medida profilática envolve investimento em saneamento
básico adequado, acesso à água limpa e tratada, investimento em saúde pública e acesso à informação
sobre a doença, principalmente para os grupos de riscos das áreas endêmicas.
Para os pacientes imunocompetentes, há cura espontânea, sem tratamentos necessários. Já para
indivíduos imunodeficientes ou pacientes com manifestação grave da doença, recomenda-se a
administração por via oral de nitazoxanida, espiramicina, paramomicina e azitromicina, sempre
acompanhados de ingestão constante de água, para reduzir a desidratação causada pelos quadros de
diarreia.
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ESPIRAMICINA
Antibiótico da classe dos macrolídeos que tem ação bacteriana e parasitária e age inibindo a
síntese proteica.
PARAMOMICINA
Antibiótico da classe dos aminoglicosídeos que inibe a síntese proteica das bactérias por ligação
ao fragmento 30S dos ribossomos. Parece ter efeito sobre o C. parvum.
AZITROMICINA
Antibiótico da classe dos macrolídeos, mecanismo de ação similar ao da espiramicina.
ISOSPORA BELLI E ISOSPORÍASE
Isospora belli é amplamente disseminado nos humanos, mas pode ter como hospedeiro também aves e
outros mamíferos, e são responsáveis por causar uma doença conhecida como isosporíase.
A isosporíase apresenta distribuição mundial, mas não é muito frequente, e apenas ganhou mais
importância depois da epidemia de AIDS, destacando-se como um importante agente de infecções
oportunistas nesses pacientes.
 CURIOSIDADE
No Brasil, o primeiro caso descrito dessa doença ocorreu em 1925.
CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Assim como os outros coccídeos, esse parasita apresenta uma fase do ciclo com reprodução assexuada
(esquizogonia) ou sexuada (esporongonia).
TRANSMISSÃO
A transmissão deste protozoário ocorre pela ingestão de oocistos esporulados em água ou alimentos
contaminados.
Acompanhe, a seguir, o ciclo de vida desse parasita:

1
Uma vez no intestino, os oocistos perdem a parede cística, liberando os esporozoítos na luz intestinal.
2
Estes, por sua vez, penetram nas células epiteliais da mucosa intestinal (intestino delgado-íleo) do
hospedeiro, tornando-se parasito intracelular, onde crescem.


3
No final do crescimento, o núcleo começa a se dividir várias vezes, resultando na forma multinucleada
ou esquizonte.
4
Depois, o citoplasma se divide para dar origem simultaneamente a certo número de elementos filhos
(merozoítas).


5
A partir de cada merozoíta, o ciclo assexuado pode se repetir, ou então há a diferenciação em
gametócitos masculinos (flagelados menores e dotados de mobilidade) ou femininos (maiores e
imóveis), possibilitando a reprodução sexuada, formação de um zigoto que logo se encista (oocisto).
6
Os oocistos da I. belli não esporulam até sairem do hospedeiro, não sendo, assim, infectantes.


7
No solo, eles geram uma membrana cística, transformando-se em esporocisto – isso acontece quando
estão em temperatura inferior à corpórea e são expostos ao oxigênio.
8
A maturação completa do parasito ocorre quando cada esporocisto produzir novos 4 esporozoítos por
um processo de duração rápida (1-3 dias).

Nos pacientes com o sistema imune atuante, normalmente a doença por I. belli é assintomática, mas
pode apresentar discreta diarreia, cólicas abdominais ou quadro disenteriforme e a síndrome de má
absorção. Em geral, eles se curam espontaneamente!
De forma diferente, em pacientes com sistema imune comprometido, as manifestações são divididas nas
fases aguda e crônica. A fase aguda é caracterizada pela enterite, estado de torpor e anorexia, e a
crônica, por síndrome de má absorção intestinal com desnutrição, caquexia e morte. Esses pacientes
apresentam aumento no recrutamento de eosinófilos para o tecido infectado, mas nem sempre isso é
observado no hemograma. Esse parasita pode ainda acometer linfonodos mesentéricos, periaórticos,
mediastinaise traqueobrônquicos, como também apresentar disseminação para o fígado e baço.
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CAQUEXIA
Estado geral de doença que envolve perda de peso marcante e perda de massa muscular.
DIAGNÓSTICO DA I. BELLI
Para o diagnóstico adequado, é necessário anamnésia do paciente observando os sintomas da
síndrome de má absorção, como: perda de peso e dificuldade de digestão de lipídios, astenia, dor de
cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais. Para os casos de pacientes
imunossuprimidos, o desenvolvimento da doença é mais acentuado e precisa ser analisado com
cuidado.
O diagnóstico, tal como acontece no caso de C. parvum, deve ser feito pela observação dos oocistos
nas fezes, utilizando métodos de concentração, a fim de aumentar a probabilidade de encontrar essas
estruturas nas fezes.
A morfologia do oocisto mostra um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e tamanho de
medidas entre 20-30 μm. Apresentam uma parede cística dupla e pode ser encontrado nas fezes na
forma imatura, com presença de massa citoplasmática nucleada e cheia de granulações, chamada de
esporoblasto. Este se divide para formar dois esporoblastos. Ao longo do desenvolvimento, o oocisto é
circundado com uma parede cística com duas camadas incolor (Figura 24).
Fonte: Web.stanford.edu
Fonte: Web.stanford.edu
Fonte: Web.stanford.edu
 Figura 24. Oocistos de Isospora belli.
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA
ISOSPORÍASE
Assim como ocorre com outras doenças causadas pelos coccídeos entéricos, devido a sua transmissão
por via oral-fecal, a medida profilática adequada envolve o investimento em saneamento básico
adequado e em saúde pública, acesso à água limpa e tratada e à informação sobre a doença,
principalmente para os grupos de riscos das áreas endêmicas. Para os pacientes imunocompetentes, há
cura espontânea, sem tratamentos. Porém, para os casos sintomáticos e, especialmente, para pacientes
imunossuprimidos, recomenda-se a administração por via oral de sulfametoxazol -trimetropim,
metronidazol e quinacrina.
SULFAMETOXAZOL - TRIMETROPIM
São dois antibióticos que bloqueiam a síntese de purinas, base nitrogenada do DNA. O
sulfametoxazol inibe a utilização do ácido para-aminobenzoico (PABA), composto usado pela
célula bacteriana para a síntese de dihidrofolato, resultando num efeito bacteriostático. O
trometropim inibe de forma reversível a dihidrofolato reductase (DHFR) bacteriana e bloqueia a
produção de tetrahidrofolato.
QUINACRINA
Antibiótico que apresenta ação contra os protozoários. No entanto, o mecanismo de ação é incerto,
mas acredita-se que ele atue contra a membrana celular do protozoário.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre protozoários comensais X parasitas.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SABEMOS QUE MUITAS DOENÇAS CAUSADAS POR VERMES E
PROTOZOÁRIOS DE VIAS INTESTINAIS POSSUEM UMA SINTOMATOLOGIA
SEMELHANTE. SENDO ASSIM, É NECESSÁRIO REALIZAR ADEQUADAMENTE A
IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS ESPECÍFICOS OU DIFERENCIAIS DAS
DOENÇAS. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS SINTOMAS
COMUNS DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELOS C. PARVUM.
A) Má absorção pelo paciente, aumento do apetite, perda de peso, dificuldade de digestão de lipídios,
astenia, dor de cabeça, náusea, poucas evacuações.
B) Má absorção pelo paciente, perda do apetite, aumento de peso, dificuldade de digestão de lipídios,
dor de cabeça, náusea, fezes com sangue.
C) Má absorção pelo paciente, perda do apetite, perda de peso, dificuldade de digestão de lipídios, dor
de cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais.
D) Aumento na absorção intestinal de lipídios, perda do apetite, perda de peso, dor de cabeça, náusea,
evacuações com cólicas e dores abdominais.
E) Aumento na absorção intestinal de lipídios e do apetite, perda de peso, astenia, dor de cabeça,
náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais.
2. (ADAPTADO DE FUMARC – 2013) APREENDEMOS QUE OS COCCÍDEOS
COMPREENDEM UM GRUPO GRANDE DE PARASITAS APICOMPLEXANTES,
QUE POSSUEM UMA FASE SEXUADA NO TRATO INTESTINAL DE ANIMAIS
INVERTEBRADOS E VERTEBRADOS. OS GÊNEROS ISOSPORA, SARCOCYSTIS,
CRYPTOSPORIDIUM E CYCLOSPORA INFECTAM O INTESTINO HUMANO.
SOBRE A I. BELLI, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I. OS OOCISTOS PODEM SER OBSERVADOS NAS FEZES PELOS MÉTODOS DE
CONCENTRAÇÃO.
II. A MORFOLOGIA DO OOCISTO MOSTRA UM CISTO DE FORMATO ELÍPTICO,
COM EXTREMIDADES ESTREITAS E TAMANHO DE MEDIDAS ENTRE 20-30 ΜM.
III. A MORFOLOGIA REVELA A PRESENÇA DE OOCISTOS COM ASPECTOS
ESFÉRICOS OU OVOIDES, COM TAMANHO DE 5 ΜM.
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
GABARITO
1. Sabemos que muitas doenças causadas por vermes e protozoários de vias intestinais
possuem uma sintomatologia semelhante. Sendo assim, é necessário realizar adequadamente a
identificação de sintomas específicos ou diferenciais das doenças. Assinale a alternativa correta
sobre os sintomas comuns das doenças transmitidas pelos C. parvum.
A alternativa "C " está correta.
As doenças motivadas por C. parvum causam diarreia, com presença de muco e raramente leucócito e
sangue, e o emagrecimento pela síndrome de má absorção intestinal devido à destruição das
microvilosidades. Além disso, eventualmente pode ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, febre,
mialgia, fadiga, dor de cabeça e anorexia.
2. (Adaptado de FUMARC – 2013) Apreendemos que os coccídeos compreendem um grupo
grande de parasitas apicomplexantes, que possuem uma fase sexuada no trato intestinal de
animais invertebrados e vertebrados. Os gêneros Isospora, Sarcocystis,
Cryptosporidium e Cyclospora infectam o intestino humano. Sobre a I. belli, analise as
afirmativas a seguir.
I. Os oocistos podem ser observados nas fezes pelos métodos de concentração.
II. A morfologia do oocisto mostra um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e
tamanho de medidas entre 20-30 μm.
III. A morfologia revela a presença de oocistos com aspectos esféricos ou ovoides, com tamanho
de 5 µm.
É correto o que se afirma em:
A alternativa "D " está correta.
A I. belli é um coccídeo que acomete principalmente os imunossuprimidos. O diagnóstico laboratorial é
realizado pela detecção dos oocistos nas fezes. Normalmente, eles são eliminados durante poucos dias,
sendo necessários métodos de concentração, como o método de Ritchie. A morfologia do oocisto mostra
um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e tamanho de medidas entre 20-30 μm.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desta jornada, vimos as principais doenças causadas por protozoários que acometem as vias
intestinais e geniturinárias, suas manifestações clínicas, sua epidemiologia, como realizar o diagnóstico
conhecendo a morfologia de cada parasito, o que poderá auxiliar no diagnóstico final e como fazer o
diagnóstico diferencial de cada uma dessas parasitoses. Além disso, tomamos o conhecimento dos
protozoários comensais, que podem, ocasionalmente, desenvolver quadros oportunistas e desencadear
doenças de alta importância clínica ao homem.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CARDOSO, G. de S.; SANTANA, A. D. C. de; AGUIAR, C. P. de. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba,
v. 28, n. 1, p. 25-31, 2020.
DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica. 2. ed. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. 906p.
Dicionário de Especialidades Farmacêuticas: DEF 2007/08. 36. ed. Rio de Janeiro: Publicações
Científicas; 2008. p. 930. 
Johnston, V. J.; MABEY, D. C. Global epidemiology and control of Trichomonas vaginalis. Cur Op
Infec Dis. 21: 56-64, 2008.
LEITE, G. Amebiase, infecçāo mista [Amebiasis, mixed infection]. Rev Bras Med. 1957 Oct;14(10):749-
50. 
Lemos, P. A. P. Ocorrência da infecção por Trichomonas vaginalis em mulheres HIV positivas e
negativas atendidas em hospitais de referência em Goiânia. Rev Patol Trop. 38(1):71-2, 2009. 
NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. 494p.
O'Donnell, J. A.; Hofmann, M. T. Urinarytract infection. How to manage nursing home pacients with or
without chronic cathterization. Geriatrics. 2002; 57: 45-5. Bauer AW, Kirby EM. Antibiotic susceptibility
testing by standardized single disk method. Am J Clin Pathol. 45:493-6, 1996.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2010. 391p.
STAMM, W. E. Scientific and clinical challenges in the management of urinary tract infections. Am
J Med. 113(1): 15-45, 2002. 
EXPLORE+
Leia o artigo Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção causada
pela Entamoeba histolytica, uma referência na área das amebíases, dos autores Fred Luciano
Neves Santos e Neci Matos Soares.
Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção causada pela Entamoeba
histolytica, uma Fred Luciano Neves Santos e Neci Matos Soares.
Ao longo deste texto, falamos muito sobre a contaminação da água causada por protozoários.
Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo Cryptosporidium e Giardia: desafios em águas
de abastecimento público, de Brisa Maria Fregonesi e colaboradores.
Para conhecer mais sobre os coccídeos entéricos, leia o artigo Atualização em coccidioses
intestinais: uma abordagem crítica, de Raphael Pereira dos Santos e Angélica Rosa Faria.
Visite o site do Atlas Virtual de Parasitologia da UFF, por meio do qual você poderá se aprofundar
no estudo de morfologia dos protozoários!
CONTEUDISTA
Anna Fernandes Silva Chagas do Nascimento
 CURRÍCULO LATTES
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