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DESCRIÇÃO Protozoários de vias digestivas e geniturinárias: principais doenças, epidemiologia e diagnóstico diferencial. PROPÓSITO Compreender os protozoários de vias digestivas e geniturinárias de importância médica, uma ação que permite conhecer os motivos de prevalências de determinadas doenças e as principais manifestações clínicas e inferir sobre métodos de análises clínicas mais adequados para a conclusão diagnóstica e um tratamento eficiente. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as características gerais das amebas comensais do intestino, as principais protozooses das vias intestinais, a epidemiologia e o diagnóstico das amebíases de importância clínica MÓDULO 2 Reconhecer as características gerais dos flagelados de vias digestivas e geniturinárias, a epidemiologia e o diagnóstico dos protozoários causadores da tricomoníase e giardíase MÓDULO 3 Reconhecer as características gerais dos coccídeos entéricos, a epidemiologia e o diagnóstico dos protozoários causadores de criptosporidiose e isosporíase INTRODUÇÃO As vias de infecção/transmissão de um microrganismo são associadas a coevolução que este apresenta com seu hospedeiro. A relação parasito-hospedeiro mais eficiente é aquela na qual o parasito consegue invadir o organismo de seu hospedeiro sem ser percebido facilmente; por isso, possui maior chance de ser transmitido e de apresentar seu ciclo completo. Dentro desse contexto, a “escolha” da via infecciosa mais eficiente depende de fatores como: o ciclo de vida do parasito, seus hospedeiros intermediários, seus hospedeiros definitivos e a facilidade de transmissão associada a essa via. As vias de transmissão podem ser classificadas como vias diretas ou indiretas: as vias diretas estão associadas ao contato direto entre hospedeiros (contato com saliva, contato direto com lesões, contato sexual ou contato físico). Já as vias de transmissão indiretas ocorrem quando há elementos potencialmente patogênicos no ambiente que possam entrar em contato com o organismo, principalmente por vias respiratórias e oral, por meio da ingestão de alimento ou de água contaminada. As vias digestivas e geniturinárias são excelentes portas de entrada de microrganismos. Embora a maioria dos agentes patogênicos apenas consigam sobreviver se estiverem em nichos ecológicos favoráveis, existem outros que são capazes de resistir bastante tempo em situações consideradas adversas, tais como a exposição às alterações de pH do trato gastrointestinal e o pH ácido do estômago. O intestino (Figura 1) é um segmento do trato gastrointestinal (TGI) ligado ao estômago, ao reto e ao ânus. Possui dois segmentos: o intestino delgado, dividido em duodeno, jejuno e íleo, e intestino grosso, dividido em ceco e cólon. O duodeno é a primeira porção do intestino delgado, estendendo-se do piloro até o jejuno. Nessa região, ocorre a transformação do quimo (ainda bolo alimentar) em quilo. O ceco recebe o quilo e promove a absorção de água e de alguns nutrientes; já o reto é a porção final do intestino grosso, local onde o bolo fecal fica armazenado temporariamente para ser conduzido e eliminado pelo ânus. Fonte: Guido Fregapani/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0) Figura 1. Intestino grosso ao redor do intestino delgado. SAIBA MAIS O intestino possui microvilosidades, que são responsáveis por aumentar a absorção de nutrientes. Veja, a seguir, como elas podem ser visualizadas em cortes histológicos (Figura 2). Sendo assim, para um patógeno chegar até as vias intestinais, ele normalmente precisa entrar por meio das vias indiretas orais, através da ingestão de alimentos/água contaminados com patógenos. Uma série de microrganismos (bactérias, vírus e protozoários) podem causar infecções nesse sistema, e estas, por sua vez, podem ser assintomáticas ou sintomáticas. Quando sintomáticas, causam diarreia, emagrecimento, dor lombar etc. Fonte: Guido Fregapani/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0) Figura 2. Corte histológico de microvilosidades intestinais (enterócitos). As vias geniturinárias se iniciam nos rins (Figura 3), que são formados pelos néfrons, suas subunidades funcionais. Além disso, possuem conexão direta com os ureteres, dois longos canais tubulares que descem através da cavidade abdominal para a região pélvica e desaguam na bexiga. A função deste órgão é armazenar temporariamente a urina, até ficar suficientemente cheio, provocando a micção, ou seja, a urina atravessa o último trato das vias urinárias, a uretra, e sai através do meato urinário para o exterior. Fonte: Shutterstock.com Figura 3. Representação anatômica interna e externa do rim. A via urinária feminina é separada do sistema reprodutor, fazendo com que esse canal não tenha contato com outra microbiota, isto é, o conjunto de microrganismos que residem nos tecidos do corpo humano, mas não desse trato. A via urinária masculina é comum do sistema excretor e reprodutor; portanto, essa via possui contato com microbiotas associadas aos dois sistemas. Geralmente, o homem apresenta mais casos de resistência a infecções urinárias, sendo menos atingido ou apresentando manifestações brandas de infecções geniturinárias, justamente pela maior diversidade de microbiota e produção de líquidos neutralizantes de pH quando comparado ao sistema urinário feminino. O sistema urinário localiza-se na região central do abdome (Figura 4) e não apresenta uma simetria bilateral, pois, normalmente, um dos rins se posiciona acima do outro e, às vezes, possui um tamanho mais acentuado. Fonte: Shutterstock.com Figura 4. Posicionamento dos rins na região abdominal. Anatomia feminina. As vias genitais e urinárias possuem uma diversidade microbiana extensa. As vias urinárias apresentam como comensais as bactérias Escherichia coli e outros Gram-negativos. Entretanto, Escherichia coli pode ser um microrganismo oportunista, sendo possível desenvolver uma infecção quando encontrado em alta carga no organismo, como também o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella, o Enterococcus faecalis, Enterobacter sp e Salmonella sp. As vias genitais podem apresentar fungos comensais, como a Candida sp, e microrganismos patogênicos, como o protozoário Trichomonas vaginalis (Figura 5). Fonte: Servier Medical Art/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Figura 5. Trichomonas vaginalis. A infecção do trato urinário baixo (cistite), quando sintomática, exterioriza-se clinicamente pela presença habitual de urgência miccional, polaciúria (aumento do número de micções), nictúria (volume de urina maior durante o período noturno) e dor suprapúbica. Em alguns casos, é marcada pela sintomatologia de febre e calafrio. O aspecto da urina pode trazer informações valiosas urina turva (pela presença de piúria, presença de leucócitos degenerados ou pus na urina, isto é, de leucócitos degenerados ou pus na urina) e/ou avermelhada (pela presença de sangue), causada por cálculo e/ou pelo próprio processo inflamatório, ou esbranquiçada, quando há presença de elevada concentração de glicose na urina. No trato urinário alto, a infecção (pielonefrite), habitualmente, inicia como um quadro de cistite, acompanhada de febre – geralmente superior a 38°C – com calafrios e de dor lombar, uni ou bilateral. Esta tríade (febre mais calafrios mais dor lombar) está presente na maioria dos quadros de pielonefrite. A maior parte dos pacientes com pielonefrite informam a história prévia de quadro diagnosticado de cistite, geralmente detectada nos últimos seis meses. Nos humanos, existe uma série de protozoários capazes de causar doenças nas vias digestivas e geniturinárias, e é importante conhecer os principais agentes etiológicos, as manifestações clínicas e as características morfológicas para assegurar uma identificação e um diagnóstico fidedigno. Vamos conhecer sobre a peculiaridade de cada parasita desses sistemas juntos? MÓDULO 1 Descrever as características gerais das amebas comensais do intestino, as principaisprotozooses das vias intestinais, a epidemiologia e o diagnóstico das amebíases de importância clínica AMEBAS PATOGÊNICAS E COMENSAIS DO INTESTINO Antes de entrar nas amebas vamos entender melhor sobre as diferenças nas infecções geniturinárias entre homens e mulheres. Neste vídeo, você entenderá por que homens e mulheres apresentam padrões diferentes nas doenças geniturinárias. As amebas são protozoários eucariontes, com núcleo celular protegendo o material genético, pertencem ao domínio Eukarya, Reino Protista, Filo Sarcomastigophora, Subfilo Sarcodina e são integrantes do grupo ameboide. Suas formas e seus tamanhos variam de 10 µm a 60 µm e são classificadas de acordo com sua forma de locomoção (Figura 6). A movimentação delas ocorre através dos pseudópodes, formados pela movimentação do citoplasma em direção ao local que se deseja mover. Podem ser nuas ou envoltas por um tipo de carapaça, chamada de tecameba. Esse envoltório é secretado pelo próprio citoplasma da ameba. Fonte: Picturepest/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Figura 6. Ameba com seus pseudópodes estendidos para o local da movimentação. A alimentação das amebas ocorre através da realização da fagocitose, entrada de partículas sólidas pelo citoplasma, com a formação do vacúolo digestivo. Elas são heterotróficas, isto é, não são capazes de produzir seu próprio alimento, precisando recorrer a nutrientes que estão no ambiente. Sua reprodução é assexuada, pela mitose, divisão celular semelhante à clonagem, onde a célula-mãe se divide e forma duas células-filhas idênticas geneticamente (Figura 7). Embora não haja diversidade genética, é uma reprodução extremamente rápida, gerando alta quantidade de descendentes em pouco tempo, comportamento este que garante a perpetuação da espécie, principalmente em momentos de alteração do ambiente ou falta de recursos. Fonte: Shutterstock.com Figura 7. Esquema ilustrando a reprodução assexuada das amebas. Algumas espécies de amebas vivem como comensais. Mas o que é isso? Organismos comensais são aqueles que realizam uma relação ecológica harmônica interespecífica. Isto é, uma relação sem danos para nenhum dos indivíduos (de espécies diferentes) envolvidos. Portanto, as amebas comensais estão presentes em diversas regiões do corpo humano, utilizando os restos alimentares do seu reservatório. Entamoeba gengivalis, por exemplo, habita na mucosa oral, e Entamoeba coli e Entamoeba nana habitam no intestino grosso. Fonte: Shutterstock.com Amoeba proteus com seus pseudópodes aparentes. ATENÇÃO O termo hospedeiro não se aplica às relações entre amebas comensais e o homem, pois hospedeiros são aqueles parasitados e que são prejudicados por essa relação. EXEMPLO As amebas comensais somente causam manifestação de sintomas e desenvolvimento de doença em casos de oportunismo, onde o humano apresenta a imunidade comprometida, faz uso de corticoides ou se encaixa no grupo de indivíduos com desenvolvimento de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS ou SIDA). Entretanto, as amebas podem ser também parasitas, por desenvolverem doença em seus hospedeiros, tais como: amebíase e amebíase extraintestinal. A seguir, você conhecerá as principais amebas de importância clínica, responsáveis por infecções no trato gastrointestinal do homem. DESINTERIA Infecção intestinal com diarreia severa! Pode ser causada por vírus, bactérias ou parasitas! ENTAMOEBA HISTOLYTICA E AMEBÍASE Entamoeba histolytica (Figura 8) é uma ameba patogênica, responsável pela manifestação da doença amebíase, que tende a ocorrer em regiões com condições socioeconômicas desfavoráveis e saneamento básico inadequado. A maioria dos casos reportados ocorre na América Central, no Oeste da América do Sul, no Oeste e Sudeste da África e no subcontinente da Índia. Os casos de desinteria amebiana ocorrem, principalmente, em países subdesenvolvidos que perpetuam ciclos de pobreza, desigualdade e exclusão social. Em países industrializados, os casos normalmente ocorrem entre imigrantes e turistas provenientes de regiões endêmicas. Além disso, em épocas de grandes eventos, com a chegada de indivíduos provenientes de muitos locais, há o aumento de casos. javascript:void(0) Fonte: Stefan Walkowski/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 3.0) Figura 8. Entamoeba histolytica. A amebíase é, em muitas situações, subnotificada, pois sua sintomatologia é semelhante à de muitas outras doenças intestinais. Mundialmente, a cada ano, estima-se que 40 a 50 milhões de pessoas desenvolvam colite amebiana, causando a morte de 40 a 70 mil indivíduos acometidos. A grande porcentagem de mortalidade está associada ao desenvolvimento de quadros diarreicos duradouros, principalmente em crianças, causando casos extremos de desidratação. CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O protozoário possui sua reprodução do tipo assexuada, por divisão binária, e seus estágios de desenvolvimento são: cistos, metacistos, trofozoítos e pré-cistos. Os pré-cistos são formados através da diminuição da atividade de fagocitose, da motilidade pela não emissão de pseudópodes, desaparecimento dos vacúolos e secreção de uma membrana cística (Figura 9). Fonte: Public Domain Images Figura 9. Cistos de Entamoeba histolytica. Vamos começar o estudo do seu ciclo de vida pela fase de desenvolvimento, que é composta de uma parede cística altamente resistente, que sobrevive ao pH estomacal e apresenta 4 núcleos (tretanucelado). 1 Ao ingerirmos alimentos contaminados com os cistos, eles sobrevivem ao suco gástrico e chegam ao final do intestino delgado e início do intestino grosso. 2 Nesse local, ocorre o desencistamento, ou seja, rompimento da parede cística com liberação do metacisto. Isso ocorre em uma temperatura de 37°C e em meio anaeróbio. 3 Os metacistos sofrem divisões nucleares e citoplasmáticas com formação dos trofozoítos. Estes, quando liberados, ficam aderidos à parede intestinal, alimentando-se de bactérias e detritos. 4 Uma vez na mucosa intestinal, depois de diversas reproduções assexuadas, os trofozoítos podem formar os cistos, que serão eliminados nas fezes. É importante destacar que os próprios trofozoítos também são liberados e encontrados normalmente em fezes diarreicas. 5 No entanto, em alguns casos, os trofozoítos podem invadir a submucosa intestinal, chegando até a circulação e, a partir dela, a novos tecidos, como pele, fígado, pulmão e cérebro. Nesses casos, esses parasitas passam a se alimentar de hemácias (hematófagos), e as manifestações clínicas da doença são graves (Figura 10). Fonte: Mariana Ruiz Villarreal/Wikimedia commons/licença(CC0) Figura 10. Ciclo de vida da Entamoeba histolytica. Na maior parte dos casos (80-90%), a infecção por Entamoeba histolytica e a amebíase é assintomática, isto é, o indivíduo é capaz de transmitir os cistos de ameba nas fezes de forma crônica, mas sem saber, o que aumenta os riscos de disseminação na comunidade. No entanto, quando ocorre invasão dos tecidos do cólon, as manifestações mais comuns são alternância entre constipação e a diarreia intensa, flatulências precedidas de dor abdominal com cólica, fazendo com que as fezes possam ser liberadas contendo muco e sangue. A amebíase, quando desencadeia disenteria amebiana, desenvolve fezes frequentes semilíquidas, que, na maioria das vezes, contêm sangue, muco e trofozoítos vivos. Entretanto, em alguns momentos, os sintomas diminuem somente para cólicas recorrentes e fezes “ soltas” ou muito moles, emagrecimento e anemia. Nos casos graves, ocorre a formação de quadros como: amebose intestinal crônica, colite amebiana fulminante, apendicite amebiana, amebose hepática, abcesso amebiano pulmonar e amebose cutânea. SOLTAS javascript:void(0) São fezes com pouca consistência e saída do bolo fecal dividido em muitas partes. DIAGNÓSTICO DA AMEBÍASE CAUSADA POR ENTAMOEBA HISTOLYTICA O diagnóstico padrão-ouro da amebíase é o Exame Parasitológico de Fezes (EPF).A partir das fezes, é feita a análise microscópica e morfológica dos trofozoítos e cistos. Morfologicamente, os trofozoítos apresentam tamanho entre 12 e 20 µm, forma irregular, membrana citoplasmática delicada, com um núcleo com cariossoma central e puntiforme e com cromatina periférica formada de grânulos delicados e com distribuição irregular. Nos vacúolos, podemos verificar hemácias. Os cistos, por sua vez, apresentam um tamanho similar (10 a 15 µm) e podem ser encontrados nas formas maduras e imaturas. O cisto imaturo apresenta forma arredondada, parede cística delicada, com 1 ou mais núcleos, com cariossoma central, corpos cromatoides (em forma de bastão ou charuto) e, ocasionalmente, vacúolos de glicogênio. Já o cisto maduro apresenta quatro núcleos e ausência de corpos cromatoides (Figura 11). CARIOSSOMA Massa de cromatina, também chamada de endossoma. CORPOS CROMATOIDES São organelas celulares constituídas de massas densas de RNA. javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Yasser/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Fonte: Public Domain Images Figura 11. Trofozoíta (esquerda) e cisto (direita) de Entamoeba histolytica. Nos trofozoítas, os círculos mais escuros representam as hemácias. Além da identificação dos trofozoítos e cistos, também é essencial a análise macroscópica das fezes. Nessa análise, devemos observar o aspecto e a consistência das fezes e a verificação da presença de muco ou sangue. Normalmente, os trofozoítos estão presentes em fezes diarreicas, e os cistos, em fezes pré-formadas. Mas, atenção, essa análise macroscópica deve ser realizada apenas com fezes frescas! Para análise de fezes formadas, utiliza-se métodos de centrífugo-flutuação, como o método de Faust, e flutuação espontânea, como o método de Willis. O exame a fresco das fezes é o escolhido para identificação de trofozoítos vivos. No entanto, a análise morfológica em fezes coletadas em potes com conservantes, corados com hematoxilina-férrica, representa a melhor opção diagnóstica. Nessa coloração, o citoplasma apresenta cor azulada ou acinzentada, e as estruturas do núcleo e as inclusões citoplasmáticas, como bactérias e hemácias, apresentam coloração preta. SAIBA MAIS A coloração por hematoxilina férrica é capaz de remover o glicogênio armazenado pelo protozoário, deixando no lugar um grande vacúolo vazio, enquanto na coloração por lugol o glicogênio apresenta cor castanho-avermelhado. Além disso, para o diagnóstico, pode ser realizado o imunoensaio enzimático, para detecção de anticorpos contra a ameba e testes moleculares, como a reação em cadeia polimerase (PCR), que detecta o DNA do parasita em pequena quantidade de fezes. Esses testes são utilizados também para diferenciação das espécies-específicas. No entanto, devido ao custo, ele não é utilizado nas rotinas laboratoriais. Nos casos de infecção extraintestinal, por ser difícil de diagnosticar, recomenda-se ressonância magnética e tomografia computadorizada. ENTAMOEBA HARTMANNI, ENTAMOEBA DISPAR, ENTAMOEBA COLI As amebas possuem ciclo de vida semelhante, independentemente da espécie. O protozoário Entamoeba coli (Figura 12) é transmitido através da ingestão de cistos em alimentos e bebidas contaminados, são parasitos monoxênicos e suas formas principais de desenvolvimento são trofozoítos e cistos. javascript:void(0) Fonte: Yasser/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Figura 12. Cistos de Entamoeba coli. MONOXÊNICOS Só parasitam uma única espécie. Entamoeba hartmanni (Figura 13) e Entamoeba dispar não são amebas normalmente patogênicas ao homem, podendo ser classificadas por muitos autores como comensais. Em muitos casos, a infecção por essas amebas somente ocorre para grupos de risco específicos, como idosos residentes de asilos, indivíduos privados de liberdade e indivíduos com imunidade baixa, ou por via sexual, principalmente pelo sexo anal. As fases de trofozoítos dessas amebas alimentam-se de restos celulares e bactérias presentes no ambiente, seu citoplasma possui vacúolos que podem apresentar bactérias, leveduras e outros cistos de protozoários e são eliminados comumente em fezes diarreicas. Já seus cistos são normalmente vistos em fezes formadas. Fonte: Iqbal Osman/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Figura 13. Entamoeba hartmanni. Apesar de serem amebíases mais raras, podem ser frequentes em todo o mundo, sendo o número de casos variável em cada país. Aproximadamente 10% dos casos estão relacionados à amebíase invasiva, porém sua prevalência é alta principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, pelas condições precárias nas quais a população se encontra, não existindo associação direta pelo clima. As regiões de alta prevalência são responsáveis pela segunda causa de morte por protozoonose, ficando atrás somente da Malária. DIAGNÓSTICO O exame considerado padrão-ouro é o exame parasitológico de fezes com identificação dos cistos ou trofozoítos. FORMATO Os cistos apresentam formato esférico ou ligeiramente ovoide, com visualização de sua parede cística espessa, com tamanho de 15 a 25 µm. Não são verificados vacúolos citoplasmáticos, possuem de 1 a 8 núcleos, com cariossomo irregular e excêntrico com presença de corpos cromatoides finos. Nos cistos imaturos, há presença de reservas de glicogênio. Os cistos, quando corados com lugol, têm tonalidade amarelo-ouro. Os trofozoítos, por sua vez, apresentam forma irregular, medindo entre 18 e 28 µm com membrana citoplasmática delgada e com citoplasma com vacúolos grandes que conferem a essa estrutura um aspecto de “sujo”. O núcleo apresenta o cariossoma excêntrico e grosseiro com cromatina periférica composta de grânulos grosseiros e de distribuição irregular (Figura 14). Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/www.cdc.gov Fonte: Iqbal Osman/Wikimedia commons/licença(CC BY 2.0) Figura 14. Trofozoítos (esquerda) e cistos (direita) de Entamoeba coli. MORFOLOGIA Morfologicamente, E. hartmanni e E. dispar podem ser confundidas com formas pequenas de E. histolytica (rever figuras 8 e 13); por esse motivo, o diagnóstico diferencial se dá pela morfologia do núcleo ou pelo tamanho dos cistos, que são menores do que E. histolytica. Por fim, o diagnóstico espécie-específico pode ser feito por reação em cadeia polimerase (PCR) ou por meio de exames imunológicos de hemaglutinação indireta e imunoflorescência indireta. MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DAS AMEBÍASES O termo amebíases, no plural, é utilizado para se referir a todos os quadros dessa patologia associados à infecção pelas diferentes espécies de amebas. A amebíase mais comum é aquela causada por E. histolytica. É associada à ingestão de água ou alimentos contaminados, contato oral-anal e transporte mecânico por insetos. Fonte: Shutterstock.com Logo, a medida profilática principal é o investimento em saneamento básico adequado, pois o tratamento da água e a separação dos dejetos humanos diminui a possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos e alimentos. O tratamento da água pode ser realizado pela antissepsia química com iodo ou compostos contendo cloro, dependendo da temperatura da água, além da utilização de filtros portáteis. É de suma importância a divulgação da educação em saúde, conscientização da população quanto à saúde coletiva e aplicação de estratégias, como fervura da água antes do consumo ou do preparo de alimentos. O tratamento da amebíase causada por todas as espécies de amebas é muito semelhante, podendo mudar apenas a dosagem ou o número de dias de administração dos medicamentos. METRONIDAZOL É realizado através da administração por via oral de metronidazol, 500 a 750 mg, três vezes/dia em adultos (12 a 17 mg/kg, três vezes/dia, em crianças), durante 7 a 10 dias. Para abscesso hepático amebiano é feito 500 mg durante 10 dias. TINIDAZOL Já a droga de segunda escolha, tinidazol, 2 g, 1 vez/dia em adultos (50 mg/kg [máximo de 2 g], via oral (VO) 1 vez/dia em crianças > 3 anos de idade)por três dias para sintomas moderados, cinco dias para sintomas graves, e três a cinco dias para abscesso hepático amebiano. METRONIDAZOL Derivado de nitroimidazol, age no DNA, inibindo a síntese proteica o que causa a morte das células. Apresenta excelente atividade contra bactérias anaeróbicas estritas (cocos gram-positivos, bacilos gram-negativos, bacilos gram-positivos) e certos protozoários como amebíase, tricomoníase e giardíase. TINIDAZOL Age nas bactérias anaeróbias e protozoários. O fármaco penetra no interior da célula com subsequente destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese. Embora metronidazol e tinidazol tenham atividade contra cistos de E. histolytica, não são suficientes para eliminar totalmente os parasitas – estes medicamentos costumam fazer mais efeito quando há infecção por outras espécies de amebas, como Entamoeba coli, por exemplo. Sendo assim, é javascript:void(0) javascript:void(0) necessária a administração de drogas de segunda/terceira escolhas: como Iodoquinol, 650 mg, via oral, três vezes/dia, depois das refeições, em adultos (10 a 13 mg/kg, VO, três vezes/dia [máximo de 2 g/dia], para crianças), durante 20 dias. IODOQUINOL Pertence à família das 8-hidroxiquinolina, possui ação amebicida contra a Entamoeba histolytica e talvez seja efetivo contra os trofozoítos e os cistos. O mecanismo de ação não é elucidado. ENDOLIMAX NANA E IODAMOEBA BUTSCHLII Estes protozoários não são patogênicos ao homem e raramente causam infecção. Seus trofozoítos medem cerca de 5-12 µm, sendo E. nana o menor protozoário capaz de infectar o homem. Seu cariossomo é pequeno, puntiforme, ora no centro do núcleo, ora levemente excêntrico. Suas cromatinas são periféricas e distribuídas em intervalos. Apresentam vacúolos citoplasmáticos, também contendo bactérias e fungos. Seus cistos são levemente ovais ou esféricos, medem entre 4 e 10 µm, com quatro núcleos pouco visíveis e cromatina fina. Além disso, possuem corpos cromátides pequenos arredondados ou quadrados. Quando corados com lugol, seu citoplasma apresenta coloração verde- clara (Figura 15). Os cistos de I. butschlii medem de 5 a 20 µm e podem ser esféricos, ovais ou com forma irregular; possuem um núcleo com cariossoma grande e central, membrana espessa e sem cromatina periférica. Os cistos possuem grande vacúolo de glicogênio (forma uma massa) com limites nítidos e corados em castanho-avermelhado pela coloração de lugol (Figura 15). Os trofozoítos medem de 6 a 25 μm, apresentam citoplasma com um único núcleo, além de inclusões que lhe conferem aparência granular. javascript:void(0) Fonte: Autor: Roland Yao Wa Kouassi, Scott William McGraw, Patrick Kouassi Yao, Ahmed Abou-Bacar, Julie Brunet, Bernard Pesson, Bassirou Bonfoh, Eliezer Kouakou N’goran and Ermanno Candolfi / Wikimedia commons/licença(CC BY 4.0) Figura 15. Protozoários do TGI. Ênfase nas imagens dos cistos de (b) Entamoeba hartmanni (d) Entamoeba histolytica/dispar, (e) Iodameoba butschlii, (f) Endolimax nana e (i) Entamoeba coli. SAIBA MAIS Iodameoba butschlii é parasita comensal exclusivo do intestino grosso de humanos, bem como de outros primatas e porcos. Sua quantificação pode servir como um tipo de marcador de contaminação fecal-oral de água e alimentos. Como vimos, morfologicamente, essas espécies de ameba são muito semelhantes entre si, sendo preciso técnicos habilitados para a realização da identificação pela análise morfológica e um diagnóstico correto. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS AMEBÍASES SÃO UM GRUPO DE DOENÇAS DE MANIFESTAÇÃO CLÍNICA MUITO SEMELHANTE E PODEM SER CAUSADAS APENAS POR ESPÉCIES DIFERENTES DOS PROTOZOÁRIOS. SENDO ASSIM, O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL É ESSENCIAL PARA A IDENTIFICAÇÃO CORRETA DA ESPÉCIE CAUSADORA DA INFECÇÃO. DENTRO DESSE CONTEXTO, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA SOBRE O MÉTODO LABORATORIAL INDICADO PARA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA AMEBÍASE CAUSADA POR E. HISTOLYTICA. A) Exame de sangue para análise molecular. B) Parasitológicos e imunológicos, com ênfase na busca por cistos. C) Biópsia retal. D) Imunoensaio enzimático, testes moleculares com DNA e sorologia. E) Parasitológicos e imunológicos, com ênfase na busca por ovos. 2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE AS FORMAS MAIS COMUNS DE INFECÇÃO POR AMEBAS DAS DIFERENTES ESPÉCIES APRENDIDAS NESTE MÓDULO. A) Consumo de alimentos contaminados pelo parasito, principalmente verduras, como agrião e alface. B) Ingestão de água contaminada apenas. C) Ingestão de alimentos ou água contaminados, via sexual ou oral-fecal. D) Transmissão por via sexual ou respiratória. E) Ingestão de carne contaminada e mal passada. GABARITO 1. As amebíases são um grupo de doenças de manifestação clínica muito semelhante e podem ser causadas apenas por espécies diferentes dos protozoários. Sendo assim, o diagnóstico diferencial é essencial para a identificação correta da espécie causadora da infecção. Dentro desse contexto, assinale a opção correta sobre o método laboratorial indicado para diagnóstico diferencial da amebíase causada por E. histolytica. A alternativa "D " está correta. Embora os exames de fezes sejam altamente recomendados, para o diagnóstico espécie-específico, recomenda-se como diagnóstico diferencial imunoensaio, testes moleculares, como PCR, e sorologia. 2. Assinale a alternativa correta sobre as formas mais comuns de infecção por amebas das diferentes espécies aprendidas neste módulo. A alternativa "C " está correta. A maior possibilidade de transmissão da doença ocorre através da ingestão de alimentos e água contaminados, por via oral-fecal (principalmente em pacientes idosos) e, em alguns casos, por via sexual. MÓDULO 2 Reconhecer as características gerais dos flagelados de vias digestivas e geniturinárias, a epidemiologia e o diagnóstico dos protozoários causadores da tricomoníase e giardíase FLAGELADOS DE VIAS DIGESTIVAS E GENITURINÁRIAS Os protozoários flagelados são aqueles que se locomovem sempre com o auxílio de flagelos. Sabemos que eles podem ser organismos comensais, presentes em nosso trato digestivo/geniturinário, sem causar doenças ao homem, ou podem ser patogênicos. Como já sabemos, os protozoários infectantes do trato gastrointestinal são transmitidos através da ingestão de alimentos ou água contaminados e encontrados nas regiões com saneamento básico precário. Já os protozoários patogênicos do trato geniturinário são transmitidos por via sexual. Dentre os protozoários flagelados, destacam-se Giardia lamblia e Trichomonas vaginalis. Fonte: Shutterstock.com VAMOS CONHECÊ-LOS? TRICHOMONAS VAGINALIS E TRICOMONÍASE Tricomoníase é uma infecção negligenciada do trato vaginal ou trato genital masculino causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Fonte: Shutterstock.com Trichomonas vaginalis. SE O TRICOMONÍASE POSSUI A NOMENCLATURA “VAGINALIS”, SIGNIFICA QUE INFECTA APENAS MULHERES? RESPOSTA Não, ele pode causar, sim, infecção nos homens! No entanto, eles normalmente são assintomáticos, e esse parasita pode persistir por muitos anos sem causar sintomas. Assim, os humanos podem transmitir esse protozoário involuntariamente para os parceiros e as parceiras sexuais. javascript:void(0) O número de casos diagnosticados de T. vaginalis dentre os homens é pequeno em relação às mulheres. Esse fato está diretamente relacionado à falta de sintomas e perpetuação do comportamento masculino, que costuma ir menos aos médicos do que as mulheres. Fonte: Shutterstock.com A tricomoníase pode ser considerada uma doença negligenciada, pois atinge, principalmente, o público feminino privado de liberdade, isto é, mulheres que estão em condição de confinamento social, mulheres idosas residentes de asilos sem higiene adequada, mulheres HIV positivas e profissionais do sexo. Os trofozoítos são transmitidos, principalmente, por via sexual. A tricomoníase está presente em 39% das mulheres com neoplasia intraepitelial cervical e possui mais casos de frequência naquelas quepossuem quadros de hipertensão ou diabetes. Pode provocar infertilidade em 20% dos casos devido à adesão do parasito às tubas uterinas; induzir o parto prematuro; causar alteração de pH vaginal; gerar redução do peso do feto ao nascer; endometrite pós-parto; feto natimorto e morte. Fonte: Shutterstock.com É comum a tricomoníase estar acompanhada de gonorreia e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), principalmente as bacterianas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reportaram que, a cada ano no mundo, mais de 170 milhões de casos novos de tricomoníase surgem; já o Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde (PNDST/AIDS) estima uma incidência de 5,1% (8,2% em mulheres e 1,9% em homens), com mais 4,3 milhões de casos novos/ano. Os indivíduos com tricomoníase podem desenvolver também infiltração maciça de leucócitos e pontos hemorrágicos nos tecidos genitais, que favorecem a transmissão do vírus HIV, devido à produção de citocinas, que podem favorecer a susceptibilidade ao vírus. As lesões são porta de entrada para outros microrganismos do trato genital, incluindo patógenos oportunistas, tais como o fungo da Candida. Fonte: Shutterstock.com Candida sp. CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O protozoário apresenta corpo ovalado, com tamanho de 15 µm, anaeróbio, altamente móvel, pois tem quatro flagelos anteriores. Apresentam membrana ondulante anterolateral, uma estrutura rígida que percorre todo o corpo do parasita, ficando mais evidente na extremidade final, chamada de axóstilo. O núcleo, também oval, localiza-se próximo aos flagelos. Não tem mitocôndria, alimenta-se por fagocitose e osmose e apresenta divisão binária (Figura 14). É importante relatar que as condições físico-químicas (por exemplo: pH, temperatura, tensão de oxigênio e força iônica) afetam o aspecto desse organismo. Fonte: Shutterstock.com Figura 16. Esquema ilustrando o T. vaginalis. O parasito, na forma infectante de trofozoíto, pode ser encontrado em secreções vaginais/prostáticas ou em resíduos de urina, fase para realização do diagnóstico. Os trofozoítos realizam a reprodução assexuada através da divisão binária, buscando a colonização completa do hospedeiro. Os trofozoítos podem ser encontrados na vagina ou no orifício da uretra, sendo esta fase determinada como fase infecciosa, de alta probabilidade de transmissão (Figura 17). Fonte: Todamateria.com.br Figura 17. Ciclo de vida do parasito T. vaginalis. ATENÇÃO É importante verificar no ciclo que, diferentemente dos outros protozoários, não vemos a formação de cistos. Esse protozoário é altamente específico e só é capaz de provocar infecções no trato geniturinário, não conseguindo aderir a outras mucosas do corpo, como as cavidades oral e intestinal. Como vimos, as manifestações podem variar de assintomática a sintomáticas, e os homens normalmente apresentam a forma assintomática da doença. Quando sintomática, manifestam sintomas variáveis, e isso pode dificultar o diagnóstico. Fonte: Shutterstock.com NAS MULHERES O protozoário infecta principalmente o epitélio do trato genital ou da uretra. Nas mulheres adultas, a ectocérvice é suscetível ao ataque do protozoário. Cerca de 20% das mulheres infectadas pelo Trichomonas vaginalis desenvolvem corrimento com odor fétido, semelhante a peixe em decomposição, esbranquiçado, podendo variar para cores amareladas-esverdeadas, de textura espumosa e mais comumente presente após a fase menstrual. A mulher apresenta dor durante as reações sexuais, poliúria e dor ao urinar. Essa sintomatologia faz com que a tricomoníase seja confundida com outras manifestações de ISTs, incluindo candidíase. NOS HOMENS Quando sintomática, pode apresentar sintomas leves ou agudos (uretrite purulenta ou leitosa) com uma pequena sensação de prurido e fisgadas na uretra (“cocheira”), com maior incidência pela manhã. Como complicações, temos prostatite, epididimite e vesiculite. Fonte: Shutterstock.com ATENÇÃO Ainda não temos estudos que comprovem uma imunidade adquirida contra esse protozoário; assim, reinfecções podem ser observadas! Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a análise do estudo de caso de tricomoníase no homem e na mulher. DIAGNÓSTICO DA T. VAGINALIS O diagnóstico não pode ser realizado apenas pelas manifestações clínicas, pois é dificultado pela similaridade de sintomas com as outras doenças, como a infecção por Candida ou a infecção gonocócica. Assim, o diagnóstico laboratorial é de suma importância! O diagnóstico usual da tricomoníase é feito pelo exame direto, com a análise microscópica. Fonte: Shutterstock.com NAS MULHERES São coletadas a urina (pelo EAS – elementos anormais do sedimento) e a secreção vaginal ou cervical por meio de swab ou durante o exame de Papanicolau. NOS HOMENS A secreção uretral é obtida a partir da alça de platina ou com swab de algodão não absorvente ou de poliéster, mas o protozoário é mais encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais. Por isso, muitas vezes, é coletado o esperma. A coleta é feita após masturbação, em pote estéril. Não é recomendado utilizar preservativos ou coito interrompido, qualquer tipo de lubrificante nem mesmo saliva ou preservativos. Antes da coleta, deve-se lavar com água e sabão mãos e genitália. Fonte: Shutterstock.com No exame direto a fresco, os protozoários normalmente perdem seus flagelos, sendo necessária rápida observação. Os espécimes vivos são elipsoides ou ovais e, algumas vezes, esféricos. Durante a análise do sedimento urinário, eles podem ser observados como corpos ovais, flagelados altamente móveis. Porém, se não apresentarem flagelos, esse diagnóstico é difícil, pela semelhança com outras estruturas encontradas nesse tipo de amostra. Para aumentar a sensibilidade do exame a fresco, recomenda-se a utilização de corantes. No entanto, o trofozoíta não consegue corar com os corantes safranina, azul de metileno, verde-malaquita e azul- crisol-brilhante. Nas preparações fixadas e coradas, ele é tipicamente elipsoide, piriforme ou oval. No exame de Papanicolau, além dos parasitas, é comum verificarmos inúmeros polimorfonucleares, resultantes do processo inflamatório. Os protozoários são observados como estruturas ovais ou redondas, com tamanho entre 5 e 20 µm, com o citoplasma corado de cinza-azulado e apresenta grânulos castanho-avermelhados (Figura 18). Fonte: Shutterstock.com Figura 18. T. vaginalis identificado através do exame de Papanicolau. ATENÇÃO É importante destacar que o padrão-ouro dessa análise é a cultura em meios específicos, que possibilita um diagnóstico mesmo quando há baixa carga de parasitas, no entanto é mais demorado. Fonte: Shutterstock.com Para o diagnóstico diferencial, é feita a análise genética do parasito pelo PCR. Para isso, as amostras são coletadas em mulheres durante o exame do espéculo vaginal, pelo qual se observa colpite multifocal característica de infecção por T. vaginalis. Nessas situações, o diagnóstico diferencial deve ser estabelecido com vaginite inflamatória esfoliativa e colpite atrófica. Além disso, são necessárias a javascript:void(0) javascript:void(0) análise do canal vaginal e a identificação de sintomas, como corrimento vaginal, secreção amarela espumosa e mucopurulenta, edema na vagina e no útero, eritema, erosão e pontos hemorrágicos. COLPITE MULTIFOCAL Inflamação no colo e no útero, que pode ser causada por bactérias, fungos ou protozoários. ATENÇÃO As técnicas imunológicas, como aglutinação, fixação do complemento, hemoaglutinação indireta, difusão em gel, imunofluorescência e ELISA, podem ser utilizadas, mas não substituem as outras técnicas! MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA TRICOMONÍASE As medidas profiláticas contra tricomoníase envolvem, principalmente, a utilização de preservativos (femininos e masculinos), por atuarem como uma barreira física que impede o contato entre as mucosas genitais. TRATAMENTO É realizadoatravés da administração dos medicamentos metronidazol 2 g (dose única); secnidazol 2 g e tinidazol 2 g (dose única), todos por via oral. Como medicamentos alternativos, de segunda, temos o metronidazol 500 mg, via oral (VO), 2 x/dia, durante 7 dias. SECNIDAZOL Pertence à classe dos nitroimidazois com alta atividade parasiticida e atua com a inibição da síntese e desnaturação do DNA. javascript:void(0) GIARDIA LAMBLIA E GIARDÍASE Giardíase é uma infecção intestinal causada pelo parasito Giardia lamblia, encontrado em todo o mundo, especialmente em áreas com más condições de saneamento e água contaminada. Devido a esse fato, a giardíase pode ser considerada uma doença negligenciada, pois perpetua entre a pobreza e exclusão social. Acredita-se que esse foi o primeiro protozoário humano a ser conhecido, em 1681. A infecção pode ser causada por parasitos encontrados em água doce, tais como em riachos e lagos, na água de abastecimento das cidades, em piscinas e poços. Giardíase também pode ser transmitida através de alimentos e contato pessoa a pessoa, sendo, portanto, de transmissão via oral-fecal. Fonte: Shutterstock.com Giardia lamblia. Observe, a seguir, algumas formas de transmissão: 1 Normalmente, a maior possibilidade de infecção ocorre através da ingestão de alimentos e água contaminados com os trofozoítos. 2 A manipulação inadequada dos alimentos e a irrigação de lavouras com água contaminada são fatores determinantes para a transmissão. 3 O manuseio inadequado de objetos de crianças e fraldas pode ser um fator de risco. 4 Pessoas que trabalham com crianças pequenas, como professores em creches, devem ter cuidado redobrado. 5 O parasita giárdia também pode se espalhar através do sexo anal, caso seja feito sem a utilização adequada do preservativo. As taxas de incidência da doença mostram-se ainda mais frequentes nas faixas etárias entre 1 e 4 anos, devido ao comportamento infantil ser associado a baixo índice de higiene e muito contato interpessoal. O estudo da sazonalidade de infecção revela que normalmente há prevalência no verão e na primavera, por serem estações mais quentes e, portanto, que aumentam a possibilidade de contato dos humanos com água contaminada de rios, lagos ou piscinas. Não existem estudos que mostrem alteração significativa de incidência relacionada ao sexo do indivíduo. A giardíase está distribuída em todo o mundo, com destaque para as regiões tropicais e subtropicais. O Brasil apresenta alta prevalência da doença, dependendo do estado, estando em maior número nos estados mais pobres. Além dos humanos, esse parasita também está distribuído pelo mundo animal, sendo encontrado em aves, répteis, anfíbios e mamíferos, como cachorros e gatos. CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Esse parasita apresenta um ciclo moxênico, ou seja, com um único hospedeiro. A contaminação inicia após a ingestão de alimentos com os cistos. No TGI, o cisto começa seu processo de desencistamento no estômago e, ao chegar ao intestino, mais precisamente no duodeno, o cisto se rompe, liberando os trofozoítos; cada cisto forma dois trofozoítos, que aderem que aderem à mucosa intestinal e se multiplicam por divisão binária intensamente. A encistação ocorre quando os parasitas transitam em direção ao cólon, sendo liberados nas fezes. Os cistos conseguem sobreviver fora dos intestinos durante dias, permitindo que o ciclo da doença possa continuar e haja mais chance de transmissão para outros hospedeiros (Figura 19). Fonte: Shutterstock.com Gardia lamblia. Na infecção por esse parasita, podemos encontrar os trofozoítos nas fezes, mas os cistos são as formas infectantes. Fonte: Shutterstock.com Figura 19. Ciclo de vida da G. lamblia. As manifestações da giardíase envolvem sintomas muito parecidos com os de outras doenças que atingem as vias intestinais: diarreia aquosa, às vezes com mau cheiro, que pode se alternar com fezes moles e gordurosas, cansaço, fadiga ou mal-estar, dores abdominais, cólicas abdominais e inchaço, arrotos constantes e com mau cheiro, náuseas e perda de peso. Suas manifestações clínicas podem sumir em pouco tempo, gerando um quadro assintomático ou de desenvolvimento lento de sintomas. Isso dificulta o diagnóstico. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO O diagnóstico de rotina é realizado através do exame físico, onde o médico normalmente pressiona levemente a região abdominal para conferir casos de dores ou desconfortos e verifica a mucosa oral e a pele do paciente, na tentativa de detectar sinais de desidratação. No entanto, o diagnóstico clínico não é conclusivo em muitos casos, principalmente naqueles em que há baixa carga do parasito. Sendo assim, é necessária a comprovação por meio de outros exames laboratoriais parasitológicos e imunológicos (detecção de anticorpos contra esse parasita). EPFs são solicitados para investigação dos cistos e trofozoítos. Nas fezes formadas, prevalece a identificação de cistos, que podem ser detectados em preparações a fresco pelo método direto, com salina ou lugol, ou por métodos de sedimentação, Faust ou MIFC. Em fezes diarreicas, a pesquisa de trofozoítos é feita no material a fresco, ou após a coloração com o lugol ou hematoxilina-férrica. Os trofozoítos são rapidamente destruídos; assim, recomenda-se a coleta de material com conservantes (MIF). MIFC MIFC ou teste de bagg, teste de sedimentação por centrifugação. ATENÇÃO Esses exames, muitas vezes, conferem resultados falsos negativos; logo, é recomendado que sejam coletadas sempre três amostras consecutivas, em vez de coleta de fezes frescas. javascript:void(0) javascript:void(0) A análise morfológica do cisto mostra uma estrutura oval ou elipsoide, com tamanho variando entre 8 e 15 µm, parede cística delicada, com 2 a 4 núcleos, com corpos parabasais dispostos transversalmente e axonemas dispostos longitudinalmente. Quando corado, pode mostrar uma delicada membrana destacada do citoplasma. O trofozoíto tem formato piriforme (pera) e com simetria bilateral. Apresenta uma membrana nuclear delicada, com dois núcleos com cariossoma central, corpos parabasais, axonemas dispostos longitudinalmente e quatro flagelos. (Figura 20). Fonte: Public Domain Images Fonte: Public Domain Images Figura 20. Cisto (esquerda) e Trofozoíto de Giardia lamblia (2). CURIOSIDADE Podem ser solicitados também biopsias do duodeno ou do jejuno de pacientes que apresentarem resultados parasitológicos negativos com achados radiológicos de edema e segmentação do intestino, teste anormal de tolerância a lactose e hipogamaglobulinemia. Além disso, podemos realizar o PCR, para detecção do DNA do parasita. MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA GIARDÍASE Fonte: Public Domain Images Imagem de microscopia eletrônica de varredura mostrando as faces ventral e dorsal da Giardia sp. As medidas profiláticas contra a giardíase envolvem o tratamento correto de águas de uso público, saneamento básico adequado, boas práticas de higiene ao preparar alimentos, boa higiene pessoal (especialmente após o uso do banheiro), evitar contato com fezes durante as relações sexuais, utilização de preservativos durante o sexo e ferver a água. Para o tratamento de água para as casas, recomenda-se o procedimento padrão seguido pelas estações de tratamento, com processos de clorificação, filtração e decantação. Já as águas de correntes e lagos podem ser, às vezes, desinfetadas com iodo. TRATAMENTO É feito a partir de três medicamentos principais: tinidazol, metronidazol ou nitazoxanida, por via oral. O tinidazol, tomado em dose única, tem menos efeitos colaterais do que o metronidazol, que é ingerido três vezes por dia durante cinco a sete dias. Além disso, o metronidazol pode apresentar casos de resistência do protozoário. A nitazoxanida encontra-se disponível em forma líquida, sendo administrada mais facilmente para crianças e em comprimidos. Ela é tomada duas vezes ao dia por três dias. Entretanto, tambémpossui efeitos colaterais, como enjoos, náuseas, tonturas e vômitos. javascript:void(0) NITAZOXANIDA O famoso “Anita” não tem o mecanismo de ação totalmente elucidado, mas acredita-se que sua ação seja pela interferência de uma enzima indispensável ao metabolismo energético (enzima- piruvato-ferrodoxina oxirredutase). Vários medicamentos são eficazes contra a giardíase, mas nem todo mundo responde a eles. Prevenção é a melhor defesa! VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SABEMOS QUE, EM MULHERES, O TRICHOMONAS VAGINALIS SE INSTALA NA MUCOSA VAGINAL E NA URETRA. AS CÉLULAS EPITELIAIS DA REGIÃO PERMITEM A SUA ADERÊNCIA, BEM COMO SOBREVIVÊNCIA E REPRODUÇÃO. DURANTE O FLUXO MENSTRUAL, O PARASITA CAPTURA NUTRIENTES QUE SÃO ESSENCIAIS PARA A SUA REGULAÇÃO GENÉTICA E PODE SER LIBERADO ATRAVÉS DAS FEZES. SENDO ASSIM, O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL É CRUCIAL PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DESSA DOENÇA. A) Papanicolau e EPF. B) PCR em amostras de fezes e ELISA. C) Exame de sangue e fezes. D) Papanicolau e exame microscópico. E) ELISA e EPF. 2. A GIARDÍASE É UMA PROTOZOOSE DE ALTA DISPERSÃO NO MUNDO. ELA POSSUI SINTOMAS SEMELHANTES AOS DE OUTRAS DOENÇAS INTESTINAIS, PODENDO DESENVOLVER QUADROS SEVEROS DE DESIDRATAÇÃO, DEVIDO AO FLUXO DIARREICO INTENSO. PORTANTO, O DIAGNÓSTICO ADEQUADO E OS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS AUXILIAM NA PREVENÇÃO DE TRANSMISSÃO. DENTRO DESSE CONTEXTO, ASSINALE OS GRUPOS DE RISCO DESSA DOENÇA. A) Crianças acima de 10 anos. B) Crianças até 4 anos. C) Adolescentes e adultos. D) Idosos apenas. E) Mulheres na menopausa. GABARITO 1. Sabemos que, em mulheres, o Trichomonas vaginalis se instala na mucosa vaginal e na uretra. As células epiteliais da região permitem a sua aderência, bem como sobrevivência e reprodução. Durante o fluxo menstrual, o parasita captura nutrientes que são essenciais para a sua regulação genética e pode ser liberado através das fezes. Sendo assim, o diagnóstico diferencial é crucial para o diagnóstico precoce da doença. Assinale a alternativa correta sobre os métodos de diagnóstico dessa doença. A alternativa "D " está correta. O diagnóstico dessa doença pela sintomatologia clínica não é de fácil execução. Assim, são necessários exames laboratoriais: recomenda-se que sejam feitos exames de secreção vaginal, uretral, urina e sêmen para o diagnóstico. Nessas amostras, a análise microscópica com ou sem coloração auxilia muito na identificação do parasita. Além disso, em mulheres, a tricomoníase é diagnosticada pelo exame de Papanicolau a partir de amostras da ectocérvice. 2. A giardíase é uma protozoose de alta dispersão no mundo. Ela possui sintomas semelhantes aos de outras doenças intestinais, podendo desenvolver quadros severos de desidratação, devido ao fluxo diarreico intenso. Portanto, o diagnóstico adequado e os estudos epidemiológicos auxiliam na prevenção de transmissão. Dentro desse contexto, assinale os grupos de risco dessa doença. A alternativa "B " está correta. Embora crianças de muitas idades possam ser um grupo de risco para essa doença, normalmente as da faixa etária de até 4 anos possuem um comportamento higiênico mais precário, sendo mais susceptíveis a essa infecção. Já os indivíduos que moram em região de saneamento básico inadequado estão sempre sujeitos a infecções por via oral-fecal. MÓDULO 3 Reconhecer as características gerais dos coccídeos entéricos, a epidemiologia e o diagnóstico dos protozoários causadores de criptosporidiose e isosporíase COCCÍDEOS ENTÉRICOS Coccídeos são protozoários transmitidos por via oral-fecal que possuem ciclo assexuado e sexuado de reprodução. As doenças causadas por esses parasitos podem ser assintomáticas, principalmente em imunocompetentes; porém, para indivíduos imunocomprometidos, essas espécies são fatais e sintomáticas. A patogenia, quando sintomática, é caracterizada por: infecções benignas com invasão de células epiteliais, reação inflamatória da mucosa, destruição das células epiteliais, alteração morfológica das vilosidades intestinais e infiltração de células plasmáticas, linfócitos e leucócitos polimorfonucleares. O Brasil possui uma frequência registrada em São Paulo de 1 indivíduo doente em 1000 exames realizados; no Rio de Janeiro, são registrados 4 em 1000. Portadores de AIDS apresentam, normalmente, 10,5% de resultados positivos. No mundo, existe uma estimativa de 250 a 500 milhões de casos anuais de infecção por Cryptosporidium sp, sendo mais prevalente em locais como Ásia, África e América Latina. Os coccídeos são um grupo de parasitos heteroxênicos encontrados em grande número de animais vertebrados, tais como: mamíferos, aves, répteis e peixes. As espécies de aves e outros mamíferos podem transmitir esses protozoários para o homem, atuando como reservatórios da doença. Os reservatórios são organismos essenciais para o ciclo de transmissão da doença e podem atuar como “sentinelas”, indicando os locais onde o patógeno circula para análises epidemiológicas. javascript:void(0) HETEROXÊNICOS São aqueles parasitas que somente completam seu ciclo quando infectam mais de um hospedeiro. Esse grupo de protozoários englobam diferentes espécies de parasitas da via intestinal causadores de quadros diarreicos acentuados. Nesse grupo, parasitam o homem as espécies Isospora belli, Cryptosporidium spp., Cyclospora cayetanensis, Sarcocystis hominis, Sarcocystis suihominis. Porém, algumas ganham destaque, como Isospora belli e Cryptosporidium parvum. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0) C. parvum. CRYPTOSPORIDIUM PARVUM E CRIPTOSPORIDIOSE Os Cryptosporidium parvum são pertencentes ao filo Apicomplexa, classe Sporozoa, subclasse Coccidia, ordem Eucoccidiida, subordem Eimiriina, família Criptosporidiidae e gênero Cryptosporidium. Esses parasitas atingem as células animais do TGI, as vias respiratórias e vias biliares de diferentes hospedeiros, como o homem, grandes mamíferos e diferentes animais invertebrados, causando a criptosporidiose, doença que pode apresentar desde infecções intestinais leves e limitadas até infecções graves, que ameaçam a vida. Essa doença foi descrita pela primeira vez nos homens em 1976, mas só foi dada a devida importância a ela após o reconhecimento da AIDS, em 1982. Fonte: Punlop Anusonpornperm/Wikimedia commons/licença(CC BY 4.0) Cryptosporidium parvum. É uma doença de ocorrência mundial, com maior prevalência nos países subdesenvolvidos (30%) quando comparada aos países desenvolvidos (1-4,5%). Normalmente, está presente mais em crianças, pessoas que manipulam animais, homossexuais e em quem mantém contato íntimo com os infectados. SAIBA MAIS Existem relatos de transmissão através de água para consumo (poços artesianos, cisternas, reservatórios e redes de distribuição), para recreação (piscinas, represas) ou para irrigação e processamento de alimentos (frutas e verduras), resultando em surtos de criptosporidiose. Os oocistos infectantes são altamente resistentes aos fatores ambientais, incluindo o cloro, largamente utilizado no tratamento de água de abastecimento. CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS VOCÊ SABIA QUE OS MAMÍFEROS DE GRANDE PORTE, PRINCIPALMENTE OS RUMINANTES, PODEM ATUAR TAMBÉM COMO HOSPEDEIROS DESSE PARASITO E QUE O HOMEM PODE PROVOCAR A INFECÇÃO NESSES ANIMAIS? O ciclo biológico inclui um processo de multiplicação assexuada (merogonia) dentro da célula do hospedeiro, com ocorrência de duas gerações de merontes (primária e secundária) e outra de multiplicação sexuada (gametogonia) com formação de macrogametas e microgametas, que, após a fecundação, resultam na formação de oocistos. ATENÇÃO É importante ressaltar que cada fase de desenvolvimento acontece dentro de um vacúolo formado nas células intestinais. A transmissão ocorre por via oral-fecal, pela ingestão dos oocistos. No intestino delgado, o oocisto esférico libera os esporozoítos,após ruptura da parede cística (desencistamento). Isso é possível pela ação do ácido gástrico, de enzimas como a tripsina, dos sais biliares, da temperatura corpórea e do pH intestinal. Um único oocisto é capaz de liberar quatro esporozoítos, que são envoltos por uma única membrana. Após a liberação do esporozoíto, ocorre invasão das células intestinais, mas com formação de um vacúolo, e é nessa estrutura que ele é diferenciado em trofozoíto. Inicia-se a fase de merogenia primária, originando o meronte do tipo 1, com liberação de oito merozoítas primários, que são capazes de invadir novamente as células intestinais e passar pela segunda etapa de merogonia (secundária), com a formação de meronte do tipo 2 e liberação de quatro metozoítos. Os merontes secundários, por sua vez, originam os macrogametas e microgametas que fecundam e originam o zigoto, o qual se desenvolve em esporocisto de parede delgada e esporocisto de parede espessa. Os esporocistos de camada espessas são eliminados nas fezes, e o de camada delgada parece estar relacionado à autoinfecção (Figura 21). javascript:void(0) Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 4.0) Figura 21. Ciclo de vida do C. parvum. MEROGENIA Reprodução assexuada. SINTOMAS Os principais sintomas estão relacionados à adesão dos oocistos as microvilosidades intestinais. Os sintomas mais comuns são diarreia, com presença de muco e raramente leucócito e sangue, e o emagrecimento pela síndrome de má absorção intestinal devido à destruição das microvilosidades. Além disso, ocasionalmente pode ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, febre, mialgia, fadiga, dor de cabeça e anorexia. A variação dos sintomas e sua gravidade dependem do sistema imune do hospedeiro. Normalmente, pacientes imunossuprimidos, como aqueles contaminados pela AIDS, apresentam manifestações mais severas, e os pacientes imunocompetentes apresentam apenas uma indisposição rápida e evolução para a cura. DIAGNÓSTICO DO C. PARVUM O ciclo biológico do parasito é de, aproximadamente, 13 horas; portanto, caso o paciente consiga realizar o diagnóstico da infecção, isso pode ser feito em, no mínimo, 15 horas após. No entanto, a identificação dos oocistos não é uma tarefa fácil. O diagnóstico baseia-se na pesquisa de oocistos nas fezes, tanto diarreicas como fezes formadas. Como há pouca liberação de oocistos, é recomendado realizar métodos de concentração. SAIBA MAIS O método de Ritchie (concentração por sedimentação em formol-éter) é excelente, uma vez que o formol fixa o material e o éter desengordura. As colorações pela safranina ou pelo método de Kinyoun favorecem a boa visualização dos parasitos. A morfologia revela a presença de cistos com aspectos esféricos ou ovoides, com tamanho de 5 µm, parede cística dupla e espessa e que apresenta quatro esporozoítas no seu interior (Figura 22). Fonte: Public Domain Images Figura 22. Foto ilustrando cistos de C. parvum nas fezes. Além disso, a pesquisa dos oocistos pode ser feita a partir da biópsia intestinal e de fezes, com os corantes Kinyon (oocistos rosas), Ziehl-Neelsen modificado (oocistos vermelhos), auramina (oocistos alaranjados), Safranina- azul de metileno (oocistos vermelhos). Essas colorações podem ser realizadas pela propriedade álcool ácido resistente dos oocistos (Figura 23). Fonte: Nephron/Wikimedia commons/licença(CC BY-SA 3.0) Figura 23. Corte histológico intestinal (coloração de HE) mostrando Cryptosporidium parvum no interior das esferas brancas. Pode ser ainda realizada pesquisa de anticorpos circulantes por ELISA, a sorologia para detecção de antígenos nas fezes por ELISA ou com anticorpos monoclonais marcados com fluorescência e o PCR. CURIOSIDADE Até o início da década de 1990, o diagnóstico era feito apenas por microscopia eletrônica, que identificava pequenas esféricas na região das microvilosidades da mucosa intestinal. MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA CRIPTOSPORIDIOSE Devido à sua transmissão por via oral-fecal, a medida profilática envolve investimento em saneamento básico adequado, acesso à água limpa e tratada, investimento em saúde pública e acesso à informação sobre a doença, principalmente para os grupos de riscos das áreas endêmicas. Para os pacientes imunocompetentes, há cura espontânea, sem tratamentos necessários. Já para indivíduos imunodeficientes ou pacientes com manifestação grave da doença, recomenda-se a administração por via oral de nitazoxanida, espiramicina, paramomicina e azitromicina, sempre acompanhados de ingestão constante de água, para reduzir a desidratação causada pelos quadros de diarreia. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ESPIRAMICINA Antibiótico da classe dos macrolídeos que tem ação bacteriana e parasitária e age inibindo a síntese proteica. PARAMOMICINA Antibiótico da classe dos aminoglicosídeos que inibe a síntese proteica das bactérias por ligação ao fragmento 30S dos ribossomos. Parece ter efeito sobre o C. parvum. AZITROMICINA Antibiótico da classe dos macrolídeos, mecanismo de ação similar ao da espiramicina. ISOSPORA BELLI E ISOSPORÍASE Isospora belli é amplamente disseminado nos humanos, mas pode ter como hospedeiro também aves e outros mamíferos, e são responsáveis por causar uma doença conhecida como isosporíase. A isosporíase apresenta distribuição mundial, mas não é muito frequente, e apenas ganhou mais importância depois da epidemia de AIDS, destacando-se como um importante agente de infecções oportunistas nesses pacientes. CURIOSIDADE No Brasil, o primeiro caso descrito dessa doença ocorreu em 1925. CICLO DE VIDA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Assim como os outros coccídeos, esse parasita apresenta uma fase do ciclo com reprodução assexuada (esquizogonia) ou sexuada (esporongonia). TRANSMISSÃO A transmissão deste protozoário ocorre pela ingestão de oocistos esporulados em água ou alimentos contaminados. Acompanhe, a seguir, o ciclo de vida desse parasita: 1 Uma vez no intestino, os oocistos perdem a parede cística, liberando os esporozoítos na luz intestinal. 2 Estes, por sua vez, penetram nas células epiteliais da mucosa intestinal (intestino delgado-íleo) do hospedeiro, tornando-se parasito intracelular, onde crescem. 3 No final do crescimento, o núcleo começa a se dividir várias vezes, resultando na forma multinucleada ou esquizonte. 4 Depois, o citoplasma se divide para dar origem simultaneamente a certo número de elementos filhos (merozoítas). 5 A partir de cada merozoíta, o ciclo assexuado pode se repetir, ou então há a diferenciação em gametócitos masculinos (flagelados menores e dotados de mobilidade) ou femininos (maiores e imóveis), possibilitando a reprodução sexuada, formação de um zigoto que logo se encista (oocisto). 6 Os oocistos da I. belli não esporulam até sairem do hospedeiro, não sendo, assim, infectantes. 7 No solo, eles geram uma membrana cística, transformando-se em esporocisto – isso acontece quando estão em temperatura inferior à corpórea e são expostos ao oxigênio. 8 A maturação completa do parasito ocorre quando cada esporocisto produzir novos 4 esporozoítos por um processo de duração rápida (1-3 dias). Nos pacientes com o sistema imune atuante, normalmente a doença por I. belli é assintomática, mas pode apresentar discreta diarreia, cólicas abdominais ou quadro disenteriforme e a síndrome de má absorção. Em geral, eles se curam espontaneamente! De forma diferente, em pacientes com sistema imune comprometido, as manifestações são divididas nas fases aguda e crônica. A fase aguda é caracterizada pela enterite, estado de torpor e anorexia, e a crônica, por síndrome de má absorção intestinal com desnutrição, caquexia e morte. Esses pacientes apresentam aumento no recrutamento de eosinófilos para o tecido infectado, mas nem sempre isso é observado no hemograma. Esse parasita pode ainda acometer linfonodos mesentéricos, periaórticos, mediastinaise traqueobrônquicos, como também apresentar disseminação para o fígado e baço. javascript:void(0) CAQUEXIA Estado geral de doença que envolve perda de peso marcante e perda de massa muscular. DIAGNÓSTICO DA I. BELLI Para o diagnóstico adequado, é necessário anamnésia do paciente observando os sintomas da síndrome de má absorção, como: perda de peso e dificuldade de digestão de lipídios, astenia, dor de cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais. Para os casos de pacientes imunossuprimidos, o desenvolvimento da doença é mais acentuado e precisa ser analisado com cuidado. O diagnóstico, tal como acontece no caso de C. parvum, deve ser feito pela observação dos oocistos nas fezes, utilizando métodos de concentração, a fim de aumentar a probabilidade de encontrar essas estruturas nas fezes. A morfologia do oocisto mostra um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e tamanho de medidas entre 20-30 μm. Apresentam uma parede cística dupla e pode ser encontrado nas fezes na forma imatura, com presença de massa citoplasmática nucleada e cheia de granulações, chamada de esporoblasto. Este se divide para formar dois esporoblastos. Ao longo do desenvolvimento, o oocisto é circundado com uma parede cística com duas camadas incolor (Figura 24). Fonte: Web.stanford.edu Fonte: Web.stanford.edu Fonte: Web.stanford.edu Figura 24. Oocistos de Isospora belli. MEDIDAS PROFILÁTICAS E TRATAMENTO DA ISOSPORÍASE Assim como ocorre com outras doenças causadas pelos coccídeos entéricos, devido a sua transmissão por via oral-fecal, a medida profilática adequada envolve o investimento em saneamento básico adequado e em saúde pública, acesso à água limpa e tratada e à informação sobre a doença, principalmente para os grupos de riscos das áreas endêmicas. Para os pacientes imunocompetentes, há cura espontânea, sem tratamentos. Porém, para os casos sintomáticos e, especialmente, para pacientes imunossuprimidos, recomenda-se a administração por via oral de sulfametoxazol -trimetropim, metronidazol e quinacrina. SULFAMETOXAZOL - TRIMETROPIM São dois antibióticos que bloqueiam a síntese de purinas, base nitrogenada do DNA. O sulfametoxazol inibe a utilização do ácido para-aminobenzoico (PABA), composto usado pela célula bacteriana para a síntese de dihidrofolato, resultando num efeito bacteriostático. O trometropim inibe de forma reversível a dihidrofolato reductase (DHFR) bacteriana e bloqueia a produção de tetrahidrofolato. QUINACRINA Antibiótico que apresenta ação contra os protozoários. No entanto, o mecanismo de ação é incerto, mas acredita-se que ele atue contra a membrana celular do protozoário. Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre protozoários comensais X parasitas. javascript:void(0) javascript:void(0) VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SABEMOS QUE MUITAS DOENÇAS CAUSADAS POR VERMES E PROTOZOÁRIOS DE VIAS INTESTINAIS POSSUEM UMA SINTOMATOLOGIA SEMELHANTE. SENDO ASSIM, É NECESSÁRIO REALIZAR ADEQUADAMENTE A IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS ESPECÍFICOS OU DIFERENCIAIS DAS DOENÇAS. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS SINTOMAS COMUNS DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELOS C. PARVUM. A) Má absorção pelo paciente, aumento do apetite, perda de peso, dificuldade de digestão de lipídios, astenia, dor de cabeça, náusea, poucas evacuações. B) Má absorção pelo paciente, perda do apetite, aumento de peso, dificuldade de digestão de lipídios, dor de cabeça, náusea, fezes com sangue. C) Má absorção pelo paciente, perda do apetite, perda de peso, dificuldade de digestão de lipídios, dor de cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais. D) Aumento na absorção intestinal de lipídios, perda do apetite, perda de peso, dor de cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais. E) Aumento na absorção intestinal de lipídios e do apetite, perda de peso, astenia, dor de cabeça, náusea, evacuações com cólicas e dores abdominais. 2. (ADAPTADO DE FUMARC – 2013) APREENDEMOS QUE OS COCCÍDEOS COMPREENDEM UM GRUPO GRANDE DE PARASITAS APICOMPLEXANTES, QUE POSSUEM UMA FASE SEXUADA NO TRATO INTESTINAL DE ANIMAIS INVERTEBRADOS E VERTEBRADOS. OS GÊNEROS ISOSPORA, SARCOCYSTIS, CRYPTOSPORIDIUM E CYCLOSPORA INFECTAM O INTESTINO HUMANO. SOBRE A I. BELLI, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR. I. OS OOCISTOS PODEM SER OBSERVADOS NAS FEZES PELOS MÉTODOS DE CONCENTRAÇÃO. II. A MORFOLOGIA DO OOCISTO MOSTRA UM CISTO DE FORMATO ELÍPTICO, COM EXTREMIDADES ESTREITAS E TAMANHO DE MEDIDAS ENTRE 20-30 ΜM. III. A MORFOLOGIA REVELA A PRESENÇA DE OOCISTOS COM ASPECTOS ESFÉRICOS OU OVOIDES, COM TAMANHO DE 5 ΜM. É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. GABARITO 1. Sabemos que muitas doenças causadas por vermes e protozoários de vias intestinais possuem uma sintomatologia semelhante. Sendo assim, é necessário realizar adequadamente a identificação de sintomas específicos ou diferenciais das doenças. Assinale a alternativa correta sobre os sintomas comuns das doenças transmitidas pelos C. parvum. A alternativa "C " está correta. As doenças motivadas por C. parvum causam diarreia, com presença de muco e raramente leucócito e sangue, e o emagrecimento pela síndrome de má absorção intestinal devido à destruição das microvilosidades. Além disso, eventualmente pode ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, febre, mialgia, fadiga, dor de cabeça e anorexia. 2. (Adaptado de FUMARC – 2013) Apreendemos que os coccídeos compreendem um grupo grande de parasitas apicomplexantes, que possuem uma fase sexuada no trato intestinal de animais invertebrados e vertebrados. Os gêneros Isospora, Sarcocystis, Cryptosporidium e Cyclospora infectam o intestino humano. Sobre a I. belli, analise as afirmativas a seguir. I. Os oocistos podem ser observados nas fezes pelos métodos de concentração. II. A morfologia do oocisto mostra um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e tamanho de medidas entre 20-30 μm. III. A morfologia revela a presença de oocistos com aspectos esféricos ou ovoides, com tamanho de 5 µm. É correto o que se afirma em: A alternativa "D " está correta. A I. belli é um coccídeo que acomete principalmente os imunossuprimidos. O diagnóstico laboratorial é realizado pela detecção dos oocistos nas fezes. Normalmente, eles são eliminados durante poucos dias, sendo necessários métodos de concentração, como o método de Ritchie. A morfologia do oocisto mostra um cisto de formato elíptico, com extremidades estreitas e tamanho de medidas entre 20-30 μm. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta jornada, vimos as principais doenças causadas por protozoários que acometem as vias intestinais e geniturinárias, suas manifestações clínicas, sua epidemiologia, como realizar o diagnóstico conhecendo a morfologia de cada parasito, o que poderá auxiliar no diagnóstico final e como fazer o diagnóstico diferencial de cada uma dessas parasitoses. Além disso, tomamos o conhecimento dos protozoários comensais, que podem, ocasionalmente, desenvolver quadros oportunistas e desencadear doenças de alta importância clínica ao homem. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CARDOSO, G. de S.; SANTANA, A. D. C. de; AGUIAR, C. P. de. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 28, n. 1, p. 25-31, 2020. DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica. 2. ed. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. 906p. Dicionário de Especialidades Farmacêuticas: DEF 2007/08. 36. ed. Rio de Janeiro: Publicações Científicas; 2008. p. 930. Johnston, V. J.; MABEY, D. C. Global epidemiology and control of Trichomonas vaginalis. Cur Op Infec Dis. 21: 56-64, 2008. LEITE, G. Amebiase, infecçāo mista [Amebiasis, mixed infection]. Rev Bras Med. 1957 Oct;14(10):749- 50. Lemos, P. A. P. Ocorrência da infecção por Trichomonas vaginalis em mulheres HIV positivas e negativas atendidas em hospitais de referência em Goiânia. Rev Patol Trop. 38(1):71-2, 2009. NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. 494p. O'Donnell, J. A.; Hofmann, M. T. Urinarytract infection. How to manage nursing home pacients with or without chronic cathterization. Geriatrics. 2002; 57: 45-5. Bauer AW, Kirby EM. Antibiotic susceptibility testing by standardized single disk method. Am J Clin Pathol. 45:493-6, 1996. REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2010. 391p. STAMM, W. E. Scientific and clinical challenges in the management of urinary tract infections. Am J Med. 113(1): 15-45, 2002. EXPLORE+ Leia o artigo Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção causada pela Entamoeba histolytica, uma referência na área das amebíases, dos autores Fred Luciano Neves Santos e Neci Matos Soares. Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção causada pela Entamoeba histolytica, uma Fred Luciano Neves Santos e Neci Matos Soares. Ao longo deste texto, falamos muito sobre a contaminação da água causada por protozoários. Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo Cryptosporidium e Giardia: desafios em águas de abastecimento público, de Brisa Maria Fregonesi e colaboradores. Para conhecer mais sobre os coccídeos entéricos, leia o artigo Atualização em coccidioses intestinais: uma abordagem crítica, de Raphael Pereira dos Santos e Angélica Rosa Faria. Visite o site do Atlas Virtual de Parasitologia da UFF, por meio do qual você poderá se aprofundar no estudo de morfologia dos protozoários! CONTEUDISTA Anna Fernandes Silva Chagas do Nascimento CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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