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Tópico 04 Química Geral e Inorgânica Ligações químicas, polaridade e interações intermoleculares 1. Introdução Você já imaginou quantas substâncias existem no mundo? Dá uma olhada, agora, ao seu redor e avalie. Só neste limitado espaço que observou, você deve ter visto mais de uma centena de substâncias diferentes! É muita coisa, não é? E elas podem ser sólidas, líquidas ou gasosas! Agora, pense o seguinte: como estas substâncias são formadas? Então, são “apenas” 118 elementos químicos diferentes para formar todas essas substâncias. É algo mágico, não acha? Para estes 118 elementos formarem esta infinidade de substâncias, eles se unem de alguma forma, se ligam. Mas como estes milhares de substâncias têm propriedades bem diferentes, podemos pensar que devem existir formas diferentes dos átomos realizarem estas ligações entre si. Concorda? Buscando explicar como os átomos se ligam e justificar as inúmeras diferenças de propriedades entre as substâncias, os cientistas criaram três modelos de ligações químicas: ligação metálica, ligação iônica e ligação covalente. É neste maravilhoso universo microscópico, que responde aos fenômenos que vemos no mundo macroscópico, que vamos “mergulhar”! Preparado? Vamos nessa! 2. Tipos de ligações químicas Em 1916, Gilbert Newton Lewis e Walter Kossel observaram os gases nobres (Família VIIIA ou Grupo 18) e suas características, como, por exemplo, a estabilidade desses elementos, e o último nível de energia (nível ou camada de valência) estar preenchido com 8 elétrons (ns np ). A partir desta observação, estes cientistas concluíram que as ligações entre os átomos dos diversos elementos químicos seriam justificadas pelo fato de os átomos realizarem tais ligações para adquirirem a configuração eletrônica do gás nobre mais próximo na Tabela Periódica, ou seja, para adquirirem estabilidade. Daí pode se ter uma definição mais abrangente para o conceito de ligação química: “combinação entre os átomos, por meio de seus elétrons de valência, na qual cada espécie busca uma maior estabilidade”. Para Kossel, a ligação ocorreria pela perda ou ganho de elétrons, resultando na ideia da chamada ligação iônica. Para Lewis, os átomos envolvidos na ligação compartilhariam elétrons de valência, ideia esta que seria o modelo da ligação covalente. Para buscar compreender e prever comportamentos dos materiais, as ligações químicas foram divididas em três tipos: ligação metálica, ligação iônica e ligação covalente. Vamos ver cada uma delas, ok? Ligação metálica 2 6 “A valência de um átomo representa sua capacidade de fazer ligações”. A ligação metálica, como o nome já diz, ocorre entre os elementos metálicos, gerando os “metais puros” (quando a ligação ocorre só entre metais iguais, do mesmo elemento químico) ou “ligas metálicas” (compostas por mais de um tipo de metal). Como a grande maioria dos elementos da Tabela Periódica é metal (dos 118 elementos, 95 são metais), e as ligas metálicas estão o tempo todo em nosso dia a dia, das mais variadas formas possíveis, isto faz com que seja muito importante estudar a ligação entre estes elementos. A ligação metálica é a “mais diferente” das ligações químicas e explica o comportamento dos metais, como maleabilidade, ductibilidade e condutibilidade elétrica e térmica. Esta ligação é “diferente” porque os metais tendem a doar elétrons e, como a ligação é só entre metais, quem vai receber estes elétrons? Como esta ligação acontece, então? Bem, como os metais têm baixa energia de ionização (tendência em doar elétrons, indicando que o núcleo de um metal atrai poucos seus elétrons de valência) e a camada de valência dos metais tem “espaço sobrando” (1 ou 2é em um “espaço” que cabe de 8 a 18é), o que acontece é que formam-se os íons positivos (cátions metálicos), que ficam circundados pelos elétrons de valência, bastante móveis (“elétrons livres”), e estes elétrons mantêm os átomos/cátions unidos. Nós costumamos falar que estes elétrons móveis são um “mar de elétrons” (ou uma “nuvem de elétrons”, depende do “poeta”… rs) e esta mobilidade dos elétrons explica o comportamento dos metais, principalmente a grande condutividade dos metais (condutibilidade elétrica e térmica). Ilustração da ligação metálica (cátions metálicos envoltos pelos elétrons livres). Propriedades dos compostos metálicos: Com relação às características dos metais, todos são sólidos, exceto o mercúrio, que é líquido. Além disto, os metais apresentam brilho metálico característico, pois os elétrons livres refletem a luz. A mobilidade dos elétrons de valência, fazendo com que a ligação metálica não tenha uma característica direcional, é justamente a grande responsável pela capacidade de entortarmos os metais, deformá-los, formar lâminas e fios. Daí a maleabilidade e a ductibilidade destes materiais. Já os pontos de fusão (PF) e de ebulição (PE) dos metais são variáveis, de baixo a muito alto. Observe os exemplos na tabela a seguir: Tabela: comparação dos pontos de fusão e ebulição de alguns metais Se você quiser saber mais sobre o porquê de o metal mercúrio ser líquido, veja este post bem esclarecedor. http://www.deviante.com.br/noticias/ciencia/por-que-o-mercurio-e-liquido http://www.deviante.com.br/noticias/ciencia/por-que-o-mercurio-e-liquido Metal Mercúrio (Hg) IIB, 6ºP Césio (Cs)IA, 6ºP Lítio (Li)IA, 2ºP Magnésio (Mg)IIA, 3ºP Ouro(Au) IB, 6ºP Ferro (Fe) IIIB, 4ºP T ( V PF (ºC) -39 29 179 651 1063 1538 3 PE (ºC) 357 670 1336 1107 2600 3000 5 A explicação para esta variação nos pontos de fusão e ebulição está associada à variação da energia de ionização e à carga dos íons metálicos formados. De maneira geral, os metais com maior energia de ionização (os que têm menores raios e maior carga nuclear; lembra-se do Tópico 02? Se não, olha lá de novo, tá?), e que formam íons com cargas maiores, tendem a ter os maiores pontos de fusão e ebulição. Vale ressaltar que os metais de transição (a chamada “Família B”, do meio da Tabela Periódica) são mais duros e apresentam pontos de fusão e ebulição bem superiores comparados aos metais alcalinos (IA) e alcalino- terrosos (IIA). Os metais apresentam a capacidade de conduzir eletricidade e calor. Mais uma vez, a explicação está nos elétrons livres, ou seja, os metais, por possuírem um “mar de elétrons”, permitem a rápida transição da eletricidade através de sua estrutura típica. Quando submetidos a uma voltagem externa, esses elétrons livres se dirigem ao polo positivo da fonte externa. Esse movimento dos elétrons é o que chamamos de “corrente elétrica”. Daí nossos fios e cabos serem feitos de metais. Estes mesmos elétrons, por serem livres, se movimentam, permitindo o trânsito rápido do calor, e, por isto, os metais conduzem calor, sendo usados, em nosso dia a dia, em vários utensílios domésticos, como as panelas, e equipamentos industriais, como as caldeiras. Com relação à representação das ligações metálicas, não há uma forma de representar este tipo de ligação, pois, para a ligação metálica, um número indefinido e muito grande de átomos está envolvido. Quando se trata de ligas metálicas, normalmente, o que se mostra é a composição química percentual. Por exemplo, a liga chamada “ouro 18” possui 75% de ouro e 25% de outros metais (geralmente cobre, prata, zinco, níquel e/ou cádmio). Tranquilo? Entendeu esta parte? Então vamos para o 2º tipo de ligação química, ok? Ligação Iônica A ligação iônica ocorre entre um metal e um ametal. Quando um metal se aproxima de um ametal, há a transferência de elétrons deste metal para o ametal. Consequentemente, formam-se íons. Este fenômeno caracteriza a ligação iônica. O metal, por ter menor energia de ionização e baixa eletronegatividade, doa elétron(s) para o ametal, se tornando um cátion (+). Já o ametal, por ter alta afinidade eletrônica e alta eletronegatividade, recebe o(s) elétron(s) do metal, se tornando um ânion (-).Estes íons de cargas opostas se atraem fortemente, por meio das forças eletrostáticas (+ ↔ –), levando à formação do chamado “retículo cristalino iônico”, estrutura organizada, rígida e estável, que explica as características dos compostos iônicos. Observe a sequência de fenômenos na ligação que ocorre entre o sódio (Na – metal alcalino – IA -1é de valência) e o cloro (Cl – ametal halogênio – VIIA – 7é de valência), gerando o retículo cristalino iônico (“cristal”) e a consequente formação do composto iônico cloreto de sódio (NaCl). Formação e retículo cristalino do cloreto de sódio (NaCl). A ligação iônica, então, consiste na interação entre os cátions metálicos e os ânions ametálicos, que ocorre pelas forças eletrostáticas existentes entre os íons de cargas opostas. Não se pode chamar composto iônico de “molécula”… Vale a pena deixar bem claro que os compostos formados pela ligação entre um metal e um ametal, chamados de compostos iônicos, são totalmente diferentes dos compostos formados exclusivamente por ametais, chamados de moléculas. As propriedades são bem diferentes. É um erro químico conceitual bem grave, ok? Propriedades dos compostos iônicos: Com relação às propriedades dos compostos iônicos, estas estão associadas às características dos retículos cristalinos, cuja alta organização gera a maior atração e a menor repulsão possível entre os íons. Vamos ver estas características e propriedades: a.Todos os compostos iônicos são sólidos, sem exceção. Graças à forte atração eletrostática entre os cátions e ânions, há uma aproximação entre os íons, resultando no estado sólido. b.Os sólidos iônicos são duros e quebradiços. Como o retículo cristalino é altamente organizado (…+-+-+-…), a forte atração gera a dureza da estrutura cristalina. Por outro lado, qualquer esforço sobre o retículo iônico tende a remover a condição de equilíbrio (bagunçar mesmo!), diminuindo a atração e gerando repulsão. Se este esforço for forte o suficiente, leva à clivagem (quebra!) do cristal. c. Os compostos iônicos, em seu estado sólido, não conduzem eletricidade. Diferentemente dos metais, os compostos iônicos não conduzem eletricidade (nem energia térmica), no estado sólido. A estrutura cristalina rígida e organizada impede esta condução. Porém, quando fundidos (estado líquido) ou em solução aquosa, os íons tornam-se livres e há a capacidade de condução de eletricidade. Observe o exemplo nas equações a seguir: Os íons livres são capazes de conduzir a corrente elétrica (forma- se uma “solução eletrolítica” e os íons são chamados de eletrólitos). d. Solubilidade dos compostos iônicos. De maneira geral, os compostos iônicos são solúveis em solventes bem polares (que possuem polos), como a água (veremos este conceito de polaridade neste tópico ainda, mais adiante). Pensando na água como solvente, o que ocorre é uma interação chamada de interação íon-dipolo, uma interação forte na qual os íons são atraídos pelos polos da água (os polos positivos da água atraem o ânion e os polos negativos da água atraem o cátion). Por exemplo, ao adicionarmos cloreto de sódio (sal de cozinha), na água, ocorrerá uma forte atração entre os íons do cloreto de sódio (Na e Cl ), que estão compondo o retículo cristalino, e os polos da água (os Hidrogênios são os polos positivos (δ+) e o Oxigênio é polo negativo (δ-). Esta interação terá como consequência a “dissociação iônica”, ou seja, os íons Na e Cl serão separados (dissociar = separar), pois os íons ficam circundados (“solvatados”) pelas moléculas de água (como o solvente é a água, falamos que se trata de uma hidratação). Observe o esquema a seguir. Esquema da dissociação iônica do cloreto de sódio (NaCl). Fenômeno que ocorre devido à interação íon-dipolo das moléculas da água (solvente) com os íons Na e Cl do retículo cristalino. No detalhe + – + – + – abaixo, tem-se a equação que representa a dissociação iônica do cloreto de sódio. Estes íons dissociados são chamados de “íons livres”, pois não estão mais “presos” no retículo cristalino, e por isto, conseguem conduzir corrente elétrica (formação de uma “solução eletrolítica”). Vale ressaltar que existem compostos iônicos insolúveis. Compostos nos quais, de alguma forma, a interação íon-dipolo não é suficientemente forte para romper o retículo cristalino. e. Os compostos iônicos apresentam pontos de fusão variáveis, de alto a muito alto. Como a atração eletrostática entre os cátions e ânions no retículo cristalino é muito forte, a energia necessária para separar estes íons será elevada, acarretando em pontos de fusão elevados. Para efeito de comparação, veja, na tabela a seguir, os pontos de fusão de dois sólidos que você conhece, o sal de cozinha (cloreto de sódio – NaCl), iônico, e o açúcar (sacarose – C H O ), molecular. Tabela: comparação dos pontos de fusão de um composto iônico e de um molecular Substância Fórmula Tipo Ponto de Fusão Cloreto de sódio NaCl Composto iônico 801ºC Sacarose C H O Composto molecular 186ºC Os compostos iônicos apresentam pontos de fusão mais altos que os compostos moleculares. 6 12 6 6 12 6 Mas quando comparamos o ponto de fusão entre os próprios compostos iônicos é necessário observar dois fatores para tentarmos prever esta propriedade: as cargas dos íons do composto e o raio iônico das espécies do retículo. Estes fatores afetam a intensidade da atração entre os íons e, desta forma, influenciam na energia necessária para separar os íons, ou seja, definem o ponto de fusão. Íons com cargas maiores e com raios menores se atrairão mais e, por isto, os compostos formados por estes íons terão maior ponto de fusão. Para ilustrar este comportamento, olhe a tabela a seguir: Tabela: comparação dos pontos de fusão de compostos iônicos distintos Composto iônico Fórmula Íons (Período dos átomos) Ponto de Fusão (ºC) Brometo de césio CsBr Cs /Br (6ºP/4ºP) 636 Iodeto de sódio NaI Na /I (3ºP/5ºP) 661 Brometo de potássio KBr K /Br (4ºP/4ºP) 734 Cloreto de sódio NaCl Na /Cl (3ºP/3ºP) 801 Fluoreto de lítio LiF Li /F (2ºP/2ºP) 845 Óxido de sódio Na O Na /O (3ºP/2ºP) 1132 Óxido de magnésio MgO Mg /O (3ºP/2ºP) 2852 Resumindo, de maneira geral, podemos fazer a seguinte relação: ↑ cargas dos íons e ↓ raios iônicos ⇒ ↑ atração entre os íons ⇒ ↑ ponto de fusão do composto iônico + – + – + – + – + – 2 + 2- 2+ 2- Entendeu as propriedades dos compostos iônicos? São importantes. Dá outra lida e observe os detalhes, ok? Representação das ligações iônicas – Fórmulas Para representarmos a formação de um composto iônico, fazemos usos de fórmulas. Didaticamente, usamos três fórmulas para pensarmos na formação das substâncias iônicas: a “fórmula de Lewis” (fórmula eletrônica), a fórmula iônica e a fórmula do composto iônico. Vale lembrar que a ligação iônica se baseia na ligação entre um metal, baixa energia de ionização, e um ametal, alta afinidade eletrônica. Deste modo, o sentido dos elétrons sempre será do metal (doa elétrons) para o ametal (recebe elétrons), gerando um cátion metálico e um ânion ametálico. Como este processo é altamente favorável (pois é de acordo com a natureza das espécies envolvidas), o composto iônico formado é mais estável que os elementos formadores isolados. Por isto, a formação de um composto iônico é um processo que libera energia (“processo exotérmico”). Nosso “grande exemplo” na Química é a formação do cloreto de sódio (NaCl), formado pelo Sódio (Na – Família IA, Z = 11) e Cloro (Cl – Família VIIA, Z = 17). Para este 1º exemplo, as fórmulas ficariam assim, observe: (*Neste caso, como a quantidade é igual a 1, não precisa mostrar. De 2 em diante, mostra-se usando como se fossem “índices” (subscrito), como, por exemplo, Fe O , ok?)2 3 E agora preste atenção em um detalhe “oculto” muito importante! Eu te pergunto: como ficaram as configurações eletrônicas dos íons? Olha: Na = 1s 2s 2p Cl = 1s 2s 2p 3s3p Observou? E o que estes íons têm em comum? Pense… Todos os orbitais (s e p) estão preenchidos (s e p ). E surge “aquela” pergunta que não quer calar: E DAÍ??? rs… Ora, e daí, que “isto” (os orbitais preenchidos) não é uma mera coincidência! Os metais tendem a doar elétrons e os ametais tendem a receber estes elétrons, ambos buscando ESTABILIDADE. E, de maneira geral, esta estabilidade é conseguida quando as espécies (neste caso, os íons) ficam com os orbitais preenchidos. Esta situação foi tão facilmente observada que Gilbert Lewis propôs a regra do octeto, ideia na qual os átomos se ligariam para ficar com a configuração eletrônica de um gás nobre (s p ), adquirindo estabilidade. Logo, a estabilidade era adquirida com oito elétrons de valência (daí o nome regra do octeto). Vale salientar que esta “regra” não é “infalível”. Temos inúmeras situações de substâncias (iônicas ou moleculares) que não seguem o octeto, mas é um bom método de previsão, principalmente, para os elementos representativos (“Família A”). Será que você entendeu? Vamos ver mais alguns exemplos, ok? Exemplo 2: ligação iônica entre o Potássio (K – Família IA, Z = 19) e o Enxofre (S – Família VIA, Z = 16). Para a formação do composto iônico, as fórmulas ficariam assim: + 2 2 6 – 2 2 6 2 6 2 6 2 6 Está entendendo a lógica? A Família IA tem 1 elétron de valência e doa este elétron. Já a Família VIA tem 6 elétrons de valência e precisa receber 2 elétrons. Desta forma, são necessários dois átomos de Potássio, cada um doando 1é, para que, desta forma, o Enxofre receba 2é. Ok? Vale observar que o somatório das cargas totais positivas (neste caso, é +2) é sempre igual ao das cargas totais negativas (neste caso, -2). Observou? E as configurações eletrônicas dos íons, como ficam? Olha: K = 1s 2s 2p 3s 3p S = 1s 2s 2p 3s 3p Orbitais preenchidos!!! Viu? Uma observação importante: os dois íons ficaram com a mesma configuração eletrônica. Iguaizinhos! Sabe o que isto significa? Exato! NADA! É apenas uma coincidência mesmo. rs. + 2 2 6 2 6 2- 2 2 6 2 6 Aprendendo! Para as ligações iônicas, pela configuração eletrônica dos grupos/ famílias, podemos deduzir que os metais alcalinos (grupo 1, Família IA) formarão sempre cátions do tipo +1 (doam 1é) (falamos que ficam com “NOx” = Está ficando claro? Então vamos ver mais um exemplo, ok? Exemplo 3: ligação iônica entre o Cálcio (Ca – Família IIA, Z = 20) e o Flúor (F – Família VIIA, Z = 9). Para a formação do composto iônico, as fórmulas ficariam assim: +1. NOx é o que chamamos de número de oxidação). Já os metais alcalino-terrosos (grupo 2, Família IIA) formarão sempre cátions do tipo +2 (doam 2é) (NOx = +2). E os metais da Família IIIA (grupo 13) formarão cátions do tipo +3 (doam 3é) (NOx = +3). Já para os metais de transição (Famílias IB a VIIIB) esta previsão não é tão simples, pois os metais destas famílias, por terem elétrons mais energéticos no orbital d, diferente dos elétrons de valência, podem doar mais de uma quantidade de elétrons. Por exemplo, o metal Ferro (grupo 8, Família VIIIB) pode doar 2 ou 3é. Ou seja, existe o cátion Fe e o cátion Fe (mais estável). Por outro lado, para os ametais, como recebem elétrons, ficam com carga negativa. A lógica é: Grupo 15 (Família VA) – formarão ânions do tipo -3 (recebem 3é) (NOx = -3). Grupo 16 (Família VIA – calcogênios) – formarão ânions do tipo -2 (recebem 2é) (NOx = -2). Grupo 17(Família VIIA – halogênios) – formarão ânions do tipo -1 (recebem 1é) (NOx = -1). 2+ 3+ Percebeu? Família IIA tem 2 elétrons de valência e doa estes 2é. Já a Família VIIA tem 7 elétrons de valência e precisa receber apenas 1é. Desta forma, são necessários dois átomos de Flúor para cada um receber 1é. Ok? E as configurações eletrônicas dos íons, como ficaram? Olha: Ca = 1s 2s 2p 3s 3p F = 1s 2s 2p Mais uma vez, orbitais preenchidos!!! Viu? Mais dois exemplos para terminarmos esta parte, ok? Exemplo 4: ligação iônica entre o Alumínio (Al – Família IIIA, Z = 13) e o Oxigênio (O – Família VIA, Z = 8). Para a formação do composto iônico, as fórmulas ficariam assim: Viu? Seis elétrons doados (cada átomo de Alumínio (Fam. IIIA) doou 3é) e seis elétrons recebidos (cada átomo de Oxigênio (Fam. VIA) recebeu 2é). Desta forma, o total de carga positiva é +6, que é igual ao total de carga negativa (-6). Tranquilo? E as configurações eletrônicas dos íons… 2+ 2 2 6 2 6 – 2 2 6 Al = 1s 2s 2p O = 1s 2s 2p (Lembrando: configurações iguais? Coincidência!) Vamos a um último exemplo, tá? Exemplo 5: ligação iônica entre o Ferro (Fe – Família VIIIB, Z = 26) e o Oxigênio (O – Família VIA, Z = 8). Neste caso, devido à configuração do átomo de Ferro, cujo elétron mais energético está em um orbital d (1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d ), existem duas possiblidades para a formação do composto iônico. Veja: 1ª Possibilidade: Ferro doando dois elétrons (os 2é de valência) Configurações eletrônicas dos íons: Fe = 1s 2s 2p 3s 3p 3d O = 1s 2s 2p 2ª Possibilidade: Ferro doando três elétrons (os 2é de valência mais o elétron mais energético): 3+ 2 2 6 2- 2 2 6 2 2 6 2 6 2 6 2+ 2 2 6 2 6 6 2- 2 2 6 Configurações eletrônicas dos íons: Fe = 1s 2s 2p 3s 3p 3d O = 1s 2s 2p Você conseguiu enxergar a diferença? Está no último orbital, né? Fe → 3d x Fe → 3d E DAÍ??? Bem, daí que as duas espécies (cátion “ferroso” – Fe – e cátion “férrico” – Fe ) existem. Estas situações são muito comuns para os metais de transição (Família B), devido aos elétrons mais energéticos no orbital d destes átomos. Deste modo, nem sempre é fácil prever… Neste caso específico do átomo de Ferro, ele pode doar dois ou três elétrons. Vale salientar que a forma Fe é mais estável que a forma Fe . A explicação para esta diferença está no último orbital (d) dos íons formados. Quando o Ferro doa 3é, o último orbital fica na forma 3d , orbital semipreenchido, que é estável. Veja: ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ Lembra? Esta forma é mais estável do que a forma 3d , que ocorre quando o átomo de Ferro doa apenas 2é: 3+ 2 2 6 2 6 5 2- 2 2 6 2+ 6 3+ 5 2+ 3+ 3+ 2+ 5 6 ↑ ↓ ↑ ↑ ↑ ↑ Ok? Entendeu? Tem certeza? Agora é fazer muitos exercícios para sedimentar esta parte, tá? E vamos partir para o 3º (e último) tipo de ligação química, ok? Ligação Covalente A ligação covalente é uma ligação química que ocorre entre ametais. Como os ametais são espécies de comportamento semelhante (tendem a receber elétrons) e apresentam alta afinidade eletrônica e alta eletronegatividade, não ocorre transferência de elétrons, ou seja, não há a formação de íons. Em vez disto, os elétrons das camadas de valência ficam atraídos simultaneamente (usamos o termo “compartilhados”) pelos núcleos dos átomos, fazendo com que estes átomos permaneçam unidos. Ou seja, a ligação chamada covalente é caracterizada pelo compartilhamento de elétrons entre ametais. As substâncias formadas por estas ligações covalentes dão origem às substâncias moleculares, que chamamos tão comumente de moléculas. Como esta ligação ocorre entre ametais, e estes são minoria na Tabela Periódica, já podemos prever quem fará este tipo de ligação. Veja a seguir: Principais ametais que formam as ligações covalentes quando interagem entre si. Em vermelho, o átomo de Berílio, metal que realiza ligação covalente. Observe, na figura a seguir, como ocorre a ligação covalente entre dois átomos de Cloro (Família VIIA – Z = 17 – 1s 2s 2p 3s 3p ). Formação da ligação covalente entre átomos de Cloro. No detalhe, a fórmula estrutural, forma de representar no qual o traço entre os átomos indica o par de elétrons compartilhado, e a fórmula molecular da substância formada. Os dois átomos de Cloro, cada um com seus sete elétrons de valência, se aproximam, e, como ambos apresentam alta afinidade eletrônica e alta eletronegatividade, não há como ocorrer transferência de elétrons. Deste modo, cada átomo de2 2 6 2 5 Cloro compartilha um elétron seu com o outro átomo. Sendo assim, ambos ficam com oito elétrons na camada de valência, com orbitais preenchidos (1s 2s 2p 3s 3p ), seguindo a regra do octeto (lembra?), daí tem-se a formação da molécula do gás cloro (Cl ). Propriedades das moléculas: Com relação às propriedades dos compostos moleculares, estas se devem não só à ligação covalente propriamente dita, mas também dependem da polaridade da molécula, do tipo de interação entre as moléculas (“forças intermoleculares”) e do tamanho das moléculas envolvidas. Vamos ver estas características e propriedades: a. Estado físico variável. Existem moléculas nos estados sólido, líquido e gasoso. De maneira geral, moléculas “grandes” e/ou polares são sólidas e “pequenas” e/ou apolares tendem a estar no estado gasoso. Resumindo, de maneira geral, podemos fazer a seguinte relação: moléculas maiores e polares ⇒ ↑ atração intermolecular ⇒ ↑ - aproximação entre as moléculas ⇒ moléculas no estado sólido (Vale o raciocínio inverso: moléculas menores e apolares ⇒…⇒ moléculas no estado gasoso) b. Pontos de fusão e ebulição variáveis. Quando no estado sólido, as moléculas geralmente possuem pontos de fusão mais baixos, se comparados com os das substâncias iônicas ou metálicas. Já no estado líquido, a variação do ponto de ebulição é muito grande e dependerá do tamanho e da polaridade das moléculas. De maneira geral, as moléculas maiores e mais polares terão maior ponto de ebulição. 2 2 6 2 6 2 c. Solubilidade As moléculas se misturam ou se dissolvem conforme sua polaridade. De maneira geral, moléculas polares serão solúveis em moléculas polares e moléculas apolares serão solúveis em solventes apolares. Por exemplo, como a água é uma molécula muito polar, ela será capaz de solubilizar outras moléculas igualmente polares. d. Condução de calor e eletricidade. Normalmente, as substâncias moleculares não conduzem calor, nem eletricidade. Pelo contrário, são consideradas “isolantes” térmicos (como o isopor) e elétricos (como a “fita isolante” e a borracha). Porém, as moléculas conhecidas como “ácidos”, quando solubilizadas em água, são capazes de sofrer ionização, e, em solução, conduzem corrente elétrica (formam também soluções eletrolíticas). Representação das ligações iônicas – Fórmulas Para representarmos a formação de um composto molecular, de modo semelhante às ligações iônicas, fazemos usos de fórmulas. Didaticamente, usamos também três fórmulas para pensarmos na formação das moléculas: a “fórmula de Lewis” (fórmula eletrônica), a fórmula estrutural e a fórmula molecular. Um bom exemplo, mostrado preliminarmente, é a formação do gás cloro (Cl ), formado pela ligação covalente entre dois átomos de Cloro (Cl – Família VIIA, Z = 17), na qual ambos só precisam de 1 elétron (farão uma ligação). Observe como ficam as fórmulas para este 1º exemplo: 2 (*Se a quantidade for igual a 1, não precisa mostrar. De 2 em diante mostra-se usando como se fossem “índices” (subscrito), como neste caso, ok?) Mais uma vez, é válido lembrar que os ametais, ao se ligarem, buscam ESTABILIDADE. E, de maneira geral, esta estabilidade é conseguida quando as espécies ficam com os orbitais preenchidos. Gilbert Lewis propôs a regra do octeto (s p ) para pensar em estabilidade das espécies nas ligações (já falamos disto lá na ligação iônica, não é?). Vale salientar, de novo, que esta “regra” não é “infalível”. Temos situações de moléculas que não seguem o octeto, mas continua 2 6 Fique sabendo! Os elementos ditos monovalentes (Hidrogênio e elementos do grupo 17/Fam. VIIA) tendem a compartilhar um elétron, formando um par de elétrons. Os elementos bivalentes (grupo 16/Fam. VIA) tendem a compartilhar 2 elétrons, formando 2 pares de elétrons. Os trivalentes (grupo 15/Fam. VA) tendem a compartilhar 3 elétrons, formando 3 pares de elétrons. E os tetravalentes (grupo 14/Fam. IVA) tendem a compartilhar 4 elétrons, formando 4 pares de elétrons. sendo um bom método de previsão, ainda mais que todos os ametais pertencem aos elementos representativos (“Família A”). Uma diferença importante nas ligações covalentes diz respeito à possibilidade das chamadas ligações múltiplas (ligações simples, duplas e triplas; já ouviu falar?), que não ocorrem nas outras ligações. Observe a figura a seguir. As ligações múltiplas. Representação das ligações covalentes em fórmulas estruturais, de acordo com a quantidade de para de elétrons compartilhados. Vamos ver mais um exemplo de ligação covalente e suas fórmulas. Exemplo 2: ligação covalente entre dois átomos de Oxigênio (O – Família VIA, Z = 8): Percebeu a ligação dupla na molécula do gás oxigênio (O )? Está entendendo a lógica? A Família VIA tem 6 elétrons de valência e o Oxigênio, desta forma, precisa de 2 elétrons para se estabilizar. Daí, os dois 2 átomos compartilham dois pares de elétrons (fazem duas ligações covalentes, neste caso, uma ligação dupla) e ficam estáveis, preenchendo seus orbitais (1s 2s 2p ) nesta “parceria”. Vamos ver um terceiro exemplo agora com átomos diferentes. Exemplo 3: ligação covalente entre o átomo de Oxigênio (O – Família VIA, Z = 8) e o átomo de Hidrogênio (H – Z = 1): Observe que, neste exemplo, o Oxigênio continua fazendo duas ligações, mas não há ligação dupla, há duas ligações simples com os Hidrogênios (que só conseguem fazer uma ligação), formando a tão famosa e importante molécula de água. Conseguiu perceber a diferença do ex. 2 para o ex. 3? Reveja com atenção, tá? Vale salientar que todos os três átomos ficaram estáveis ao compartilharem seus elétrons, preenchendo seus orbitais (O = 1s 2s 2p e H = 1s – o repare que o Hidrogênio não segue a regra do octeto). E uma observação bem importante: repare que na fórmula de Lewis os átomos estão “em linha”, mas na fórmula estrutural eles estão de forma “angular”. As duas fórmulas estão certas! A fórmula de Lewis não possui uma “orientação espacial”, podendo estar em arranjo diferente (o que tem que estar certo é a quantidade de elétrons e de ligações). Mas a fórmula estrutural tem que seguir um arranjo espacial, chamado de geometria molecular, de acordo com os átomos envolvidos. É obrigatório! No caso da água, como “sobram” elétrons no átomo central (que é o Oxigênio, vide a fórmula de Lewis), há uma repulsão eletrônica entre os elétrons que fazem as ligações 2 2 6 2 2 6 2 (“elétrons ligantes”) e os elétrons que não participam de nenhuma ligação (“elétrons não-ligantes”). Esta repulsão força os elétrons a se afastarem o máximo possível na molécula (para minimizar a repulsão eletrônica), gerando um arranjo espacial, que chamamos de geometria molecular, que, no caso específico da água, se chama “geometria angular”. Vamos ver mais três exemplos bem importantes (a formação das moléculas dos gases nitrogênio (N ), amônia (NH ) e carbônico (CO )) para “clarear” esta ideia, ok? Exemplo 4: ligação covalente entre dois átomos de Nitrogênio (N – Família VA, Z = 7): O Nitrogênio faz três ligações. Neste caso, ele fez uma ligação tripla com outro átomo de Nitrogênio, para formar a molécula do gás nitrogênio (N ). Percebeu? Está entendendo a lógica? A geometria molecular é linear. Mais um exemplo… 2 3 2 2 Para saber mais! As moléculas formadas por apenas dois átomos (iguais ou diferentes), como as dos exemplos 1, 2 e 4 (Cl , O e N ) são chamadas moléculas diatômicas. E a geometria molecular destas moléculas é sempre linear. Fácil, não é? 2 2 2 Exemplo 5: ligação covalente entre o átomo de Nitrogênio (N – Família VA, Z = 7) e o átomo de Hidrogênio (H – Z = 1): Observe que, neste exemplo, o Nitrogênio continua fazendo três ligações, mas não há ligação tripla, há três ligações simples com os Hidrogênios (que só conseguem fazer uma ligação), formando a famosa molécula de amônia (NH ). Percebeu a diferença do ex. 4 para o ex. 5? Compare com calma. Vale salientar, maisuma vez, que todos os quatro átomos ficaram estáveis ao compartilharem seus elétrons, preenchendo seus orbitais (N = 1s 2s 2p ; H = 1s ). Uma observação bem importante: repare que na fórmula de Lewis os átomos estão “em forma de T”, mas na fórmula estrutural eles estão “fora do plano” em uma geometria chamada “trigonal piramidal” (ou “pirâmide triangular”). Lembrando que a fórmula de Lewis não possui uma “orientação espacial”, podendo estar em arranjo diferente. Mas a fórmula estrutural tem que seguir a geometria molecular. Vamos ver um último exemplo, ok? Exemplo 6: ligação covalente entre o átomo de Carbono (C – Família IVA, Z = 6) e o átomo de Oxigênio (O – Z = 8): 3 2 2 6 2 Repare que, neste exemplo, o Oxigênio continua fazendo duas ligações e o Carbono faz quatro ligações. Deste modo, um átomo de Carbono faz duas ligações (ligação dupla) com os dois átomos de Oxigênio e juntos formam a famosa molécula do gás carbônico (CO ). Observe que a geometria molecular da molécula do CO é linear. Se você comparar com o exemplo 3 (o da molécula de água) verá que as duas moléculas “se parecem” (H O e CO ), mas no “elemento central” da molécula de água (o átomo de Oxigênio) há elétrons não ligantes (observe na fórmula de Lewis do exemplo 3). Já na molécula do CO não há “sobra” de elétrons no átomo central (que, neste caso, é o Carbono). Esta diferença faz com que as geometrias sejam diferentes. A molécula de água tem geometria angular e a molécula do gás carbônico tem geometria linear. Estes diferentes arranjos espaciais dos átomos que compõem as moléculas conferem propriedades diferentes às substâncias. Por exemplo, a água é uma molécula polar e o gás carbônico é uma molécula apolar. Por serem parâmetros muito importantes, a geometria molecular e a polaridade das moléculas devem ser estudadas com mais profundidade. Então vamos ver estas teorias, ok? Geometria molecular Antes de falar da geometria das moléculas propriamente dita, precisamos pensar no que acontece com os elétrons das camadas de valência dos ametais quando da formação das ligações covalentes. Olha só: Os elétrons da camada de valência tendem a se organizar em pares, mesmo que não estejam envolvidos no compartilhamento. Os pares de elétrons de valência podem ser organizados em dois tipos: 2 2 2 2 2 PL (Pares Ligantes): pares de elétrons que unem os átomos da ligação. PNL (Pares Não Ligantes): pares de elétrons que não participam das ligações. Todos os pares de elétrons de valência (PL e/ou PNL) devem permanecer os mais distantes possíveis uns dos outros, para que a repulsão entre eles seja a menor possível. Este último item é a base da teoria da repulsão entre os pares de elétrons da camada de valência (TRPEV. Sigla em inglês – VSEPR). Ok? Utilizando esta teoria da repulsão dos pares eletrônicos, podemos determinar a geometria de uma molécula. Os pares de elétrons envolvidos na estrutura da molécula (ligantes e não ligantes) procuram uma orientação espacial (afastamento), na qual a repulsão entre os pares seja a menor possível, gerando desta forma, estabilidade para a molécula formada. Os “átomos ligantes” (que ficam ao redor do átomo central – que normalmente é o átomo mais eletronegativo) se posicionam de acordo com esta minimização da repulsão eletrônica. Esta orientação espacial define a geometria molecular. Existem cinco tipos clássicos de geometria molecular: Geometria linear Geometria angular Geometria trigonal planar (ou trigonal plana ou plana triangular) Geometria trigonal piramidal (ou pirâmide trigonal) Geometria Tetraédrica A variação no tipo de geometria está associada à quantidade de átomos ligantes (que contém os elétrons ligantes – PL) ao átomo central e à quantidade de pares de elétrons não ligantes (PNL) ao redor do átomo central. Observe o quadro abaixo com os principais tipos de geometria molecular. Vale ressaltar que os átomos de Hidrogênio (H), Berílio (Be) e Boro (B) não seguem a “regra do octeto”. Ocorre, na verdade, o que chamamos de “contração do octeto”, ou seja, átomos que fazem ligações e se estabilizam com menos de oito elétrons. Nos exemplos do quadro, o Hidrogênio ( H), ao fazer uma ligação, se estabiliza com 2 elétrons. O Berílio (Be – IIA – metal que faz ligação covalente (exceção!)), ao fazer duas ligações, fica estável 1 com 4 elétrons, e o Boro (B – IIIA), ao fazer três ligações, fica com 6 elétrons na sua camada de valência. Resumindo, se não sobrarem elétrons não ligantes no átomo central, de acordo com o número de átomos ligantes, a geometria será linear, trigonal planar ou tetraédrica. Se sobrarem elétrons não ligantes no átomo central, de acordo com o número de átomos ligantes, a geometria será angular ou trigonal piramidal. Fique sabendo! A ordem dos ametais nas fórmulas moleculares, de maneira geral, segue o critério da ordem de eletronegatividade: primeiro vem o elemento menos eletronegativo, depois o elemento mais eletronegativo. Por isto, temos BeH , H O e BF nos três primeiros exemplos do quadro das geometrias. Mas os dois últimos exemplos (NH e CH ) deste quadro não seguem esta “regra”. Pela convenção deveriam ser “H N” e “H C”. Por que há esta inversão? Para o 1º caso (NH – amônia), convencionou-se que as moléculas que começam com Hidrogênio na fórmula molecular são as que têm caráter ácido (exceto a água, que começa com H, mas não tem caráter ácido) e como a amônia não tem caráter ácido (pelo contrário, tem caráter básico…), faz-se a inversão, para evitar uma possível confusão. Já no caso da molécula do CH (metano), que se trata de uma molécula orgânica (Química Orgânica – Tópico 06), a regra define que as fórmulas moleculares dos 2 2 3 3 4 3 4 3 4 Existem outros tipos de geometria molecular, em casos considerados “especiais”: trigonal bipiramidal, octaédrica, pirâmide de base quadrada e quadrada planar. Veja os exemplos a seguir. Em todos os quatro exemplos deste quadro, os átomos centrais não seguem a “regra do octeto”. Ocorre, na verdade, o que chamamos de “expansão do octeto”, ou seja, átomos que fazem ligações e se estabilizam com mais de oito elétrons. Nos exemplos do quadro, o Fósforo (P – VA), ao fazer cinco ligações, fica com 10 elétrons. O Enxofre (S – VIA), ao fazer seis ligações, compostos orgânicos sempre começam com o Carbono (já que a Química Orgânica é a química do carbono, não é?), vindo em sequência o Hidrogênio, e depois, se tiverem, os demais átomos em ordem alfabética. Ok? fica com 12 elétrons, o mesmo acontece com o Bromo (Br – VIIA), que também fica com 12 elétrons, e até com o Xenônio (Xe – VIIIA – um gás nobre!), que também fica com 12 elétrons. Vale destacar que o que chamamos de “geometria molecular” é o arranjo espacial dos átomos, que representamos na fórmula estrutural. Ou seja, quando você desenhar a fórmula estrutural de uma molécula, você deve obedecer a geometria da molécula em função do átomo central, ok? Faça muitos exercícios para você ficar craque nisto, falou? Polaridade das moléculas As propriedades dos compostos moleculares estão muito associadas ao que chamamos de polaridade das moléculas e a como estes polos formados geram interação entre as moléculas (“forças intermoleculares”). Na maioria das ligações covalentes os elétrons compartilhados estão localizados mais próximos a um átomo do que a outro. Este compartilhamento desigual de elétrons resulta em ligações polares (formação de polos). Isto ocorre devido à diferença na eletronegatividade entre os ametais, que leva à formação de polos (δ+/δ-) nas moléculas. A presença destes dois polos (dipolo) é que gera o que chamamos de Polaridade. Entenda mais! Existe uma “competição” (uma espécie de “cabo de guerra”) entre os núcleos, para saber quem atrai mais o par de elétrons da ligação covalente. Mas qual a “força” que um ametal “usará” para atrair os elétrons da ligação Deste modo, podemos afirmar que quantomaior a diferença na eletronegatividade (En) entre os átomos da ligação, maior a polaridade da ligação ( ↑ ΔEn ⇒ ↑ Polaridade). Deste modo, temos: Ligação covalente apolar – Os átomos ligados têm igual eletronegatividade. Ligação covalente polar – Os átomos ligados têm diferente eletronegatividade. Entendeu esta relação? ESCALA DE ELETRONEGATIVIDADE DOS PRINCIPAIS AMETAIS: covalente? Isto mesmo, a eletronegatividade. Lembra-se da definição de eletronegatividade (Tópico 02)? Vou te lembrar: eletronegatividade é a capacidade que um átomo tem de, em uma ligação, atrair para si os elétrons desta ligação. Então, se dois ametais diferentes se ligam, eles terão diferentes capacidades (eletronegatividade) de atrair os elétrons da ligação e esta situação gerará uma ligação polar (ocorrerá a formação de polos: δ+/δ-) (δ = lê-se “delta”). Se forem átomos iguais, a capacidade é a mesma, o que não gerará polos. Deste modo, teremos uma ligação apolar (sem polos). Observe o esquema abaixo: Podemos construir uma ordem de Eletronegatividade para os principais ametais: ( ↑En F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > H ↓En) (Até tem uma frase assim (meio infame): “Fui Ontem No Clube, Briguei “I” Saí Correndo Para Hospital”!) (já ouviu? rs) O elemento mais eletronegativo é a extremidade negativa (ou polo), sendo representada por δ-, e o elemento menos eletronegativo é o polo positivo (δ+). (Dois polos = dipolo) Daí, podemos concluir que, de maneira geral, moléculas que têm ligações polares serão moléculas polares. Mas a geometria da molécula também influenciará na polaridade. Podemos afirmar que todas as moléculas cujo átomo central gera a geometria angular ou trigonal piramidal (sobram elétrons no átomo central) serão polares. Já para as moléculas cujo átomo central gera a geometria linear, trigonal planar ou tetraédrica (não sobram elétrons no átomo central), se os átomos ligantes forem iguais, a molécula será apolar. Se os ligantes forem diferentes, a molécula será polar. Observe o quadro abaixo, com exemplos, resumindo a relação entre as geometrias e a polaridade das moléculas. Vale destacar que, para as moléculas polares, quanto maior for a diferença na eletronegatividade entre os átomos envolvidos, maior a polaridade da molécula. Se nos basearmos na ordem de eletronegatividade (F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > H), podemos concluir, então, que, por exemplo: A molécula de H O é mais polar que a molécula de H S. A molécula de HF é mais polar que a molécula de HCl. A molécula de HCl é mais polar que a molécula de HBr. Enxergou estas relações? Estes conceitos são muito importantes, pois a presença dos polos (δ+/δ-) é que faz com que as moléculas se aproximem e, consequentemente, ocorra a interação entre elas. Esta interação nós chamamos de “Forças Intermoleculares”. A intensidade da atração entre as moléculas depende da intensidade de seus dipolos, ou seja, da polaridade das moléculas. Tipos de interações intermoleculares e importância Veja este breve vídeo, que mostra as ligações covalentes polares e apolares e a relação com a geometria, de um jeito bem didático. Química: Ligações Covalentes Polares e ApolQuímica: Ligações Covalentes Polares e Apol…… 2 2 https://www.youtube.com/watch?v=nxzd8FhjdS0 As interações intermoleculares, comumente chamadas de “Forças Intermoleculares”, são as forças de Interação (de atração ou coesão) entre as moléculas. As moléculas de uma substância sólida ou líquida se mantêm unidas através da atração existente entre elas. O tipo de interação entre as moléculas depende basicamente da polaridade das mesmas. Moléculas mais polares (ou seja, com polos mais intensos, mais fortes) se atraem com mais intensidade. Já moléculas apolares se atraem com intensidade menor, deste modo, têm interações mais fracas. Existem dois tipos de interações mais importantes nos compostos moleculares: as forças de van der Waals (que se subdividem em duas: dipolo-dipolo e dispersão de London), mais fracas, e a ligação de hidrogênio (mais forte). Estas interações são de natureza eletrostática, ou seja, envolvem atrações entre polos opostos (positivo/negativo). a. Forças de dispersão de London As forças entre dipolos instantâneos são chamadas forças de dispersão de London (ou dipolo instantâneo-dipolo induzido). É a mais fraca de todas as forças intermoleculares. É uma atração que ocorre entre moléculas apolares, que quando se aproximam umas das outras, causam uma repulsão entre suas nuvens eletrônicas, que então se deformam, induzindo a formação de dipolos. Moléculas que apresentam apenas este tipo de interação (as apolares) tendem a ter menores pontos de fusão e ebulição e não serem solúveis em água. b. Dipolo-Dipolo As forças do tipo dipolo-dipolo (dipolo permanente-dipolo permanente) existem entre moléculas polares. São mais fortes que as forças de dispersão de London. O polo negativo do dipolo de uma molécula se aproxima do polo positivo do dipolo de outra molécula. São características de grupos polares (por exemplo: C-X , C-N, C-O, H-S, etc.). c. Ligação de Hidrogênio A ligação de Hidrogênio (chamada popularmente de “ponte de Hidrogênio”) é a interação mais forte. É uma interação do tipo dipolo permanente-dipolo permanente, mas que envolve dipolos bem intensos. Ocorre quando a molécula é polar e possui o Hidrogênio (H) ligado a elemento muito eletronegativo e de pequeno raio (F, O, N). Como o H tem baixa eletronegatividade, ele é o polo fortemente positivo (δ+). São exemplos de moléculas que apresentam ligação de Hidrogênio: H O; HF; NH . Além de todas as moléculas que tenham o grupo hidroxila (OH) e grupos NH ou NH . Por ser muito forte, a ligação de Hidrogênio tem papel fundamental nas propriedades das moléculas que apresentam esta força intermolecular. Por exemplo, a água é líquida porque, apesar de ser uma molécula pequena, tem alta interação (ligação de Hidrogênio) entre suas moléculas. Além disto, moléculas que apresentam esta interação tendem a ter maiores pontos de fusão e ebulição e serem solúveis em água. O reconhecimento das forças intermoleculares é importante em várias situações de estudo, pois auxilia na previsão do comportamento das moléculas (ponto de ebulição, solubilidade, etc.). Você pode usar o raciocínio do fluxograma abaixo para reconhecer o tipo de força intermolecular que uma molécula em questão apresenta. 7A 2 3 2 Fluxograma simplificado para reconhecer as forças intermoleculares. Tenha em mente que existe uma sequência lógica de raciocínio: Ametais → Ligação covalente → Diferença na Eletronegatividade → Polaridade → Força Intermolecular → Propriedades Físicas. Enxergou? Na dúvida, estude mais um pouco, ok? 3. Conclusão Este Tópico 3 nos mostra que é possível, e importante, classificar as substâncias em metálicas, iônicas ou covalentes. E esta classificação já nos permite prever comportamentos e propriedades dos milhares de substâncias. Na ligação metálica, percebemos que a natureza da ligação, com seus elétrons livres (“nuvem” ou “mar” de elétrons), explica as marcantes propriedades dos compostos metálicos. Dentro da ligação iônica, pudemos perceber que as cargas e o tamanho dos íons, que compõem o retículo cristalino, influenciarão nas propriedades dos compostos iônicos. E por último, mas não menos importante, na ligação covalente, no mundo molecular, pudemos observar a importância da composição e da estrutura das moléculas na polaridade das mesmas e, a partir desta observação, pensar nas interações entre as moléculas e nas propriedades destas substâncias. 4. Referências ATKINS, P., JONES, L. Princípios de química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001. BROWN, T.L., LeMAY, Jr., H.E., BURSTEN, B.E. Química: ciência central. 9ª ed., São Paulo: Pearson, 2005. MAIA, D. J., BIANCHI, J. C. de A. Química Geral – Fundamentos. São Paulo: Pearson Prentice hall, 2007. YouTube. (2015,Maio, 20). Socratica Português. Química: Ligações Covalentes Polares e Apolares. 5min55. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nxzd8FhjdS0>. Acesso em: 21 Jul. 2018. YouTube. (2011, Julho, 23). VicVídeos2000. Telecurso2000 – Aula 43/50 – Química – Como o Detergente Tira a Gordura. 12min05. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l4pfzIbyExE>. Acesso em: 20 Jul. 2018. https://www.youtube.com/watch?v=nxzd8FhjdS0 https://www.youtube.com/watch?v=l4pfzIbyExE Parabéns, esta aula foi concluída! Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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