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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CAMPUS DE MARINGÁ DISCIPLINA: CONTABILIDADE E ANÁLISE DE CUSTOS PROFESSOR: NILSON FACCI FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Professor Nilson Facci nfacci2@uem.br Maringá – PR 2023 Referencias utilizadas: BRUNI, Adriano Leal, FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços. São Paulo: Atlas, 2004. MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2012. PADOVEZE, Clovis Luis. Contabilidade Gerencial – Um Enfoque em Sistemas de Informação Contábil. 2ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1997. PEREZ, José Hernandez e outros. Gestão Estratégica de Custos. São Paulo: Atlas, 2012. 2 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Atualmente, com a internacionalização e a concorrência mais acirrada, a determinação dos preços de venda dos produtos ou serviços constitui em uma das tarefas fundamentais do planejamento das empresas. Segundo Bruni e Famá (2012), de maneira geral as empresas procuram na determinação dos preços um valor que atendam os seguintes requisitos: a) que proporcione a longo prazo o maior lucro possível; b) que possibilite atingir as vendas programadas; c) que permita a otimização da capacidade produtiva e d) que permita a otimização do capital investido. É importante salientar que a formação do preço de venda não é somente um cálculo matemático. Também é necessário considerar alguns fatores subjetivos que oscilam ao longo do tempo, como: a concorrência (oferta e demanda), os clientes (satisfação e consumo), os gastos (recuperação de valores investidos) e o governo (política tributária) (Perez Jr et al., 2012). Esses fatores oscilam ao longo do tempo. Em determinado período a influência das políticas tributária para incentivar o consumo pode ser mais acentuada, bem como a oferta de produtos semelhantes, ou mesmo, em outro determinado período, todos os fatores afetam, em grau maior ou menor de influência. Dessa forma, determinar o preço de venda considerando esses fatores se torna uma tarefa um tanto quanto complexa. 1 MÉTODOS DE FIXAÇÃO DE PREÇOS Os métodos de fixação de preços são geralmente classificados com base em três critérios (Crepaldi & Crepaldi, 2018): 1.1 Demanda As estratégias baseadas na demanda procuram olhar primeiro para fora da empresa, fixando sua atenção no mercado-alvo. Cobrar aquilo que o mercado pode pagar é um sistema de preços baseado estritamente na demanda. Quando os produtos de uma empresa são altamente diferenciados aos olhos dos consumidores e são bastante procurados, a empresa pode simplesmente fixar o preço no nível mais alto possível para a procura estimada no mercado selecionado. Se basear sua estratégia na demanda, a empresa pode fixar preços de acordo com o mercado que está tentando atingir e da presença ou da ausência de concorrentes. 1.2 Concorrência Esse critério também procura olhar primeiro para fora da empresa, ou seja, tem seu foco voltado para as práticas da concorrência. As decisões baseadas nesse critério geralmente estão condicionadas aos movimentos que a concorrência poderá fazer, caso se sinta ameaçada. Existem ainda situações em que a importância do preço nas decisões de marketing é muito pequena. Isso geralmente ocorre em situações de oligopólio, nas quais apenas algumas empresas dominam a indústria. Nessa situação, uma empresa líder de preços geralmente fixa um preço para seus produtos e as outras empresas acompanham. O critério de apreçamento baseado na concorrência resulta em uma relativa equiparação entre todos os preços da indústria. Assim, resta às empresas competir com base nas estratégias de produto, promoção e distribuição, consoante Leone (1974). 1.3 Custo 3 Preços baseados no custo se referem a qualquer método no qual ele é utilizado como base para fixação do preço de um produto ou serviço. Um método baseado no custo comumente empregado é o sistema de preços com base no acréscimo de uma margem sobre esse custo. Nesse tipo de sistema, o custo por unidade de um produto é determinado e, depois, uma porcentagem sobre o custo (margem) é acrescentada para se chegar ao preço de venda. 2 FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA A PARTIR DO CUSTO Padoveze (1997, p. 295) parte do pressuposto que: “O mercado está disposto a absorver os preços de vendas determinados pela empresa, que, por sua vez, são calculados em cima de seus custos reais ou orçados (...)”. Tal pressuposto, em tempos de economia globalizada, deixa de ser verdadeiro, pois, o consumidor não está disposto a pagar pela ineficiência da empresa. De qualquer modo há necessidade de um cálculo com base no custo, pois, através dele, poderá haver um parâmetro inicial ou padrão de referência para análises comparativas. Talvez o método mais comum e mais utilizado principalmente em pequenas e médias empresas comerciais, seja o markup e suas variações. Consiste basicamente em adicionar uma margem de lucro pretendida sobre a venda aos custos unitários dos produtos. Essa margem pode ser padrão (igual para todos os produtos), diferente por linha de produção ou específica para cada produto. Nesta técnica tomam-se como base os custos por produto, e adicionam-se os percentuais de tributos, as taxas gerais de despesas administrativas e comerciais, despesas financeiras e margem desejada. A seguir, apresenta-se alguns exemplos práticos desta técnica, utilizando o conceito de markup e discorrendo sobre as dificuldades de estabelecer a Margem de Lucro e a determinação dos gastos fixos. 2.1 Markup utilizando o método de custeio por absorção Megliorini (2012, p.236) define markup afirmando que: “consiste em uma margem, geralmente expressa em forma de um índice ou percentual, que é adicionada ao custo dos produtos. Esse custo apresentará variações dependendo do método de custeio utilizado.” Portanto, o markup é um índice que aplicado ao custo resulta no preço de venda, conforme formulas abaixo: Preço de Venda = Custo ÷ Markup (markup divisor) ou Preço de Venda = Custo x Markup (markup multiplicador) O markup tem por finalidade cobrir: o percentual de lucro desejado, os percentuais de despesas de vendas e das despesas administrativas da empresa e os tributos pertinentes à operação de venda dos produtos ou serviços que estão sendo precificados. É importante frisar que o markup não é lucro da venda, mas um percentual que tem como objetivo cobrir os custos e despesas e gerar como resultado, o lucro sobre a operação de venda. Exemplo (adaptado de Megliorini, 2012): 4 Receitas de vendas 100% ICMS 18,00% PIS 0,65% COFINS 3,00% COMISSÕES SOBRE VENDAS 2,00% = 23,65% (1) Despesas de Vendas 5,00% Despesas Administrativas 7,00% Margem de Lucro 24,00% = 36,00% (2) Impostos + despesas + Margem de lucro 59,65% (1 + 2) O percentual dos tributos já é conhecido tendo em vista a legislação; o percentual das comissões e do lucro é determinado pela política da empresa, então também de fácil obtenção. Quanto às demais despesas é possível verificar o percentual a partir de um volume de vendas histórico e da média das despesas do mesmo período. No exemplo, observa-se que o percentual que o preço de venda deve agregar é de 59,65%, correspondente a lucro, despesas e tributos. Nesse caso, tem-se os seguintes markup: Markup Divisor (MD) (preço de venda – custo total de venda)100 Markup Divisor (MD) 100 - 59,65 = 0,4035 100 Markup Multiplicador (MM) 1_______ Markup divisor Markup Multiplicador (MM) ___1____ = 2,4783 0,4035 Tomando como exemplo que o custo do produto seja de $ 150,00, então o preço de venda pelo markup: Preço de Venda (Divisor) $ 150,00 / 0,4035 = $ 371,74 Preço de Venda (Multiplicador) $ 150,00 x 2,4783 = $ 371,74 5 MARGEM DE LUCRO Qual margem de lucro estipular? Um dos pontos mais polêmicos é a margem de lucro que deve ser utilizada no markup. O percentual de margem de lucro a incluir no markup depende de inúmeros fatores e, normalmente, difere de empresa para empresa, mesmo se atuantesno mesmo segmento mercadológico. Podemos elencar alguns fatores que dificultam a determinação da margem de lucro, como: Setor onde a empresa atua; Tipo do produto; Competitividade do setor; Escala de produção, dentre outros. Além destas tendências econômico-financeiras, devem ser levados em consideração: O objetivo da empresa; O ambiente social onde ela está inserida; Caso a empresa queira já considerar os impostos sobre o lucro (Lucro Real), pode-se utilizar a seguinte fórmula: Seguindo o exemplo anterior, em que o Lucro antes dos Impostos foi de 24%, teríamos que fazer o seguinte cálculo para considerar também o IRPJ (15%) e a CSLL (9%): Margem de Lucro = 24 / (1-(0,15+0,09)) Margem de Lucro = 24 / (1-0,24) Margem de Lucro = 24 / 0,73 Margem de Lucro = 31,5789 (este deve ser o % da Margem de Lucro a ser utilizado na fórmula). Tratamento das despesas fixas quando a empresa está iniciando suas atividades Caso a empresa esteja iniciando suas atividades e não é possível identificar um percentual de despesas sobre as receitas, deve-se projetar o valor médio das despesas fixas da empresa e também o volume de vendas projetado. A partir destas projeções, calcular o valor das despesas fixas por unidade. Por exemplo: Despesas mensais projetadas: $ 50.000,00 Quantidade de unidades vendidas por mês (projeção): 10.000 Despesas fixas por unidade: $ 50.000,00 / 10.000 = $ 5,00 por unidade. Este valor deve ser acrescido ao valor do custo do produto para a projeção do valor de venda por unidade. Markup Divisor (MD) (preço de venda – custo total de venda – despesa fixa por unidade)100 Markup Divisor (MD) 100 - 59,65 – 5,00 = 0,3535 100 6 2.2 Markup utilizando o método de custeio variável Como já apresentado anteriormente, o diferencial entre o Método de Custeio por Absorção e o Método de Custeio Variável é o tratamento dado aos custos fixos. No primeiro método (Absorção) o custo unitário do produto considera todos os custos do período, variáveis e fixos. Já no Custeio Variável considera-se somente o custo variável, sendo que o custo fixo é considerado, de forma semelhante às despesas, no resultado do período (DRE). Qual a diferença de se utilizar o Custeio Variável e não o de Absorção na formação do Preço de Venda? Como no custo unitário é considerado somente o custo variável, o custo fixo deve ser incluído na fórmula para cálculo do markup de forma semelhante as despesas fixas, isto é, como um percentual médio em relação ao volume de vendas histórico ou previsto. 2.3 Observações importantes O custo deve ser o de reposição, a vista, e em moeda corrente. Assim, o preço calculado também é para venda a vista. Para calcular preços de venda a prazo, é necessário embutir os encargos financeiros correspondentes. Se o método de custeio for o Variável, então o markup terá que contemplar de um percentual estimado para cobrir os custos fixos de produção, não incluídos no custo do produto.