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Prof. Bruno César UNIDADE I Prática de Ensino: Integração Escola x Comunidade Identificar e compreender aspectos importantes relacionados à escola e à comunidade que a cerca, no intuito de possibilitar o desenvolvimento de projetos que envolvam a escola e sua comunidade circundante. Merece destaque que a comunidade em torno da escola não se limita às pessoas que lá estudam e a seus familiares, mas se estende a todos aqueles que moram nos bairros próximos à escola. Infelizmente, nem sempre a comunidade participa dos assuntos pertinentes à escola e nem sempre a escola se preocupa em conhecer e envolver a comunidade ao seu redor. Dessa forma, espera-se que você seja capaz de refletir criticamente sobre a realidade encontrada e de propor projetos inovadores, aperfeiçoando a articulação entre a escola e a comunidade. O processo de construção da sua identidade profissional será desenvolvido a partir da vivência e da familiarização com relação aos contextos inerentes às escolas de educação básica e à sua comunidade. Apresentação da disciplina O objetivo geral da disciplina é compreender como transcorre a relação entre escola e comunidade e identificar suas principais características que são passíveis de serem trabalhadas de forma integrada, visando uma educação cidadã. Objetivos Já os objetivos específicos são: identificar características de instituições escolares no contexto da realidade socioeconômica e cultural; caracterizar a instituição escolar nos aspectos relativos à infraestrutura física, humana e pedagógica; caracterizar a comunidade ao redor da escola, sob o aspecto socioeconômico e cultural, visando conhecer a realidade em que vivem os estudantes; compreender as características de projetos que articulam a escola e a comunidade que a envolve e que buscam integrá-las ao contexto sociocultural. Objetivos Inicialmente, é importante relembrar o contexto em que se insere a prática de ensino, integrando, assim, a dimensão prática do curso. A prática de ensino será desenvolvida em oito semestres, com atividades distribuídas por cada um deles. Naturalmente, deve haver uma articulação entre elas, perpassando todo o curso. Introdução Prática de ensino Introdução à Docência Observação e Projeto Integração Escola versus Comunidade Vivência no Ambiente Educativo Princípios Pedagógicos em Sala de Aula O uso dos Recursos Didáticos em Sala de Aula Trajetória da Práxis Reflexões Na condição de uma instituição social responsável pela educação formal das novas gerações, a escola é constantemente questionada sobre seus fins, sobre o papel que exerce diante das transformações históricas e culturais pelas quais o mundo vem passando. Essas transformações históricas e culturais encontram-se entre os mais relevantes efeitos da globalização e se refletem na busca de respostas rápidas e objetivas que atendam às necessidades do mundo do trabalho, bem como da maneira como a produção se organiza. Regra geral, esse processo é permeado de subjetividades e afeta tanto a vida em comunidade quanto as relações estabelecidas nos diferentes espaços sociais. O sistema produtivo exige trabalhadores “flexíveis, decididos, versáteis”, capazes de construir, ampliar e aperfeiçoar suas próprias competências pessoais, coletivas e profissionais bem como acompanhar e operar os novos instrumentos tecnológicos que se renovam continuamente, em estrondosa velocidade. A instituição escolar Em razão das novas exigências sobre a escola, seus objetivos e prioridades vêm se transformando, de maneira que ela se vê constantemente desafiada a alterar suas práticas e seus valores. A escola formal contemporânea vive, portanto, uma crise, um conjunto de tensões que faz com que ela seja constantemente desafiada e que conviva com outros espaços de uma educação que se dá em ambientes não escolares. Nesse sentido, cabe perguntar: A escola formal estaria com seus dias contados? Seria ela incapaz de “concorrer” com novas formas, tempos e espaços de aprendizagem que se constroem fora da escola e sem a intervenção do professor? Veementemente, não. A filósofa Hannah Arendt, nascida na Alemanha no século XX, afirmava que educar implica questionar se amamos o mundo o suficiente a ponto de assumirmos a responsabilidade por ele. A instituição escolar Poderíamos dizer que à escola caberia a formação de sujeitos com condições de refletir e pensar criticamente sobre si mesmos, sobre o mundo, sobre o contexto social e histórico do qual fazem parte, bem como, por meio dos conhecimentos construídos, a formação de sujeitos capazes de compreender o avanço das tecnologias, das cadeias produtivas, das relações e das condições de trabalho e emprego e de participar do seu aprimoramento. À instituição escolar caberia, ainda, a função de construir as bases para que as pessoas sejam capazes de desenvolver atitudes que as permitam conviver umas com as outras, pacificamente, pensando, repensando e transformando as relações sociais e de convivência mútua, de construção da crítica e da autonomia que permita o exercício pleno da cidadania. Tudo isso pautado pela ética e pela solidariedade. A grande questão que surge é: seria a escola a grande transformadora das realidades sociais? A instituição escolar Educar implica questionar se amamos o mundo o suficiente a ponto de assumirmos a responsabilidade por ele. Essa frase foi dita por: a) Paulo Freire. b) Sigmund Freud. c) Jean Piaget. d) John Dewey. e) Hannah Arendt. Interatividade Educar implica questionar se amamos o mundo o suficiente a ponto de assumirmos a responsabilidade por ele. Essa frase foi dita por: a) Paulo Freire. b) Sigmund Freud. c) Jean Piaget. d) John Dewey. e) Hannah Arendt. A filósofa Hannah Arendt, nascida na Alemanha no século XX, afirmava que educar implica questionar se amamos o mundo o suficiente a ponto de assumirmos a responsabilidade por ele. Resposta Quando pensamos no conceito de escola, imediatamente pensamos na forma escolar, ou seja, em um prédio, com uma arquitetura mais ou menos uniforme, com salas, cadeiras, carteiras, pátios, quadras. Há quem diga que “em qualquer lugar do mundo reconhece-se facilmente uma escola”. Precisamos ficar atentos para que o uso dessa frase não desqualifique a escola, denotando o quanto ela estaria “atrasada”, “ultrapassada” em seus métodos, como um lugar de “obrigações” e “conteúdos sem sentido”. É preciso que pensemos criticamente sobre isso. A forma escolar, sua arquitetura, suas paredes, seus materiais são vestígios da importância histórica que ela teve e tem para que todo o conhecimento que a humanidade acumulou ao longo dos tempos não se perdesse. Uma escola para, por e com pessoas A escola é espaço de formação das novas gerações, é espaço de desenvolvimento profissional docente, é espaço de convivência entre todos os que nela trabalham para que ela abra suas portas todos os dias e desenvolva seu trabalho. Isso tem a ver com a maneira que ela escolhe o que vai ensinar, como organiza o trabalho pedagógico, como as pessoas se relacionam em seu interior, como os alunos são recebidos diariamente, como a comunidade participa (ou não) de suas atividades, como é atendida pelo guichê da secretaria, como é acolhida nas reuniões de pais e mestres, nas festividades e em outros momentos menos formais. A escola, portanto, se faz com pessoas, e disso derivam muitas complexidades. Uma escola que não se abre para sua comunidade, que não leva suas características em consideração, corre grande risco de não ter sucesso em seu trabalho. Uma escola para, por e com pessoas A escola é um espaço muito importante porque é uma das instituições sociais mais democráticas, que atinge as localidades mais remotas, geograficamente falando. Se tomarmos as regiões periféricas dos territórios geográficos, sejameles urbanos ou rurais, sempre haverá, mais distante ou mais perto, uma escola. Ela é, portanto, a instituição (pública, sobretudo) que chega antes de qualquer outro serviço de atenção primária aos cidadãos. O trabalho escolar exige dos seus gestores, dos professores, dos trabalhadores do apoio escolar, atenção sobre si mesmos, sobre os outros e sobre a realidade da comunidade escolar. É necessário, ainda, olhar para a comunidade, especialmente para suas diferenças. Olhar para as diferenças é fundamental para romper com modelos educativos que encontram na exclusão e no preconceito perversos mecanismos de negação do direito à educação. Uma escola para, por e com pessoas Mantoan (2006): a inclusão é, ao mesmo tempo, fim, meio e produto de uma educação de qualidade que leva em conta as diferenças. Para ela, a escola das diferenças rompe com o estabelecido na instituição escolar e caminha pelas trilhas das identidades móveis, pelos estudos culturais, adotando propostas sugeridas por um ensino não disciplinar, transversal, e que configura uma rede complexa de relações entre os conhecimentos e os sentidos atribuídos pelo sujeito a um dado objeto. A inclusão é processo de diálogo e aprendizagem para todos, fazendo parte de um movimento que amplia a relação de participação e incorporação das diferenças sociais, culturais, afetivas, étnicas, de gênero e físicas de todos. A inclusão é um movimento que exige a reconstituição do olhar para os diversos possíveis (e impossíveis no momento), além da interpretação de novas experiências. Uma escola para, por e com pessoas Por isso, algumas questões se colocam quando pensamos nas relações que a escola pode, quer e deve estabelecer com a comunidade: Como compreendemos a escola? Qual é a concepção de educação que fundamenta nossas ações no interior dela? Qual é a nossa concepção de currículo? O que esperamos dos nossos alunos? Qual é o nosso papel como educadores? Como estamos avaliando nosso trabalho e o dos nossos alunos? Como entendemos a participação dos pais e da comunidade na escola? Qual é a nossa concepção de gestão escolar? Qual é o papel atribuído ao planejamento das atividades pedagógicas? A educação, entendida como o processo permanente de desenvolvimento do ser humano em direção à conquista da autonomia, possui momentos sistemáticos e assistemáticos. Nos contextos sistemáticos, como na escola, o ensino e a aprendizagem são previamente planejados, constituindo-se passos inseparáveis, dialéticos e complementares. Uma escola para, por e com pessoas A educação envolve o ser humano como um todo, englobando as diversas dimensões da sua relação com o mundo. Mas como trabalhar nas unidades escolares nessa perspectiva? Ou seja, a da concepção de inclusão educacional, tornando a escola um espaço de troca e interpretação de vivências e experiências. Assim, os caminhos necessários para que essa interpretação seja possível e significativa seriam: a organização de grupos e suas vivências; as análises das situações com base no saber acumulado pela humanidade através de diversos modos de aprendizagem; a sistematização do conhecimento para que seja possível a elaboração das experiências e a compreensão da realidade. Uma escola para, por e com pessoas O que as crianças, os adolescentes, os jovens e adultos devem aprender na escola? Que conhecimentos são importantes para formar os seres humanos que desejamos ter nas sociedades atuais? Que cidadã e que cidadão queremos formar? Qual é o currículo necessário para alcançar os objetivos educacionais com os quais sonhamos? Como nos implicamos em seu processo formativo? Os alunos são postos para preencher páginas e páginas de apostilas e livros didáticos, eletronicamente ou não? Ou realizam atividades e projetos propostos pela escola, a partir de temas ou parâmetros curriculares gerais, contextualizados com a realidade do entorno escolar? Atualmente, o currículo é considerado um conjunto de experiências, vivências e atividades (na escola) convergentes para objetivos educacionais, que devem ser trabalhadas de forma inter e transdisciplinar, facilitando, assim, o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. A escola e o currículo (quantas perguntas) Outro ponto para se refletir diz respeito às avaliações de aprendizagem, como elas são realizadas. Os alunos são ouvidos a respeito? Dialoga-se com a comunidade sobre os resultados das avaliações? Que usos a escola faz desses resultados? Que espaços são criados para debater esses resultados? Como a comunidade participa desses debates? Essas são questões de grande importância para que a escola repense as relações que estabelece com a comunidade. Outras perguntas válidas são: O que acontece em nossa comunidade quando não tem aula? Outro exemplo: Houve um incêndio na comunidade de onde provém a maior parte dos alunos; como isso nos afeta e afeta aos alunos? Quais são as implicações disso para o trabalho pedagógico? Que espaços são constituídos para refletir sobre isso? A escola e o currículo (mais perguntas) A ______________ é o processo de diálogo e aprendizagem para todos, fazendo parte de um movimento que amplia a relação de participação e incorporação das diferenças sociais, culturais, afetivas, étnicas, de gênero e físicas de todos. a) inclusão b) introspecção c) invalidação d) irrigação e) internação Interatividade A ______________ é o processo de diálogo e aprendizagem para todos, fazendo parte de um movimento que amplia a relação de participação e incorporação das diferenças sociais, culturais, afetivas, étnicas, de gênero e físicas de todos. a) inclusão b) introspecção c) invalidação d) irrigação e) internação A inclusão é o processo de diálogo e aprendizagem para todos, fazendo parte de um movimento que amplia a relação de participação e incorporação das diferenças sociais, culturais, afetivas, étnicas, de gênero e físicas de todos. A inclusão é um movimento que exige a reconstituição do olhar para os diversos possíveis (e impossíveis no momento), além da interpretação de novas experiências. Resposta Percebemos hoje que o conhecimento da realidade e a troca de ideias sobre a forma de transforma-la vêm se tornando um imperativo para a superação do individualismo e para a construção de uma nova cultura, de uma sociedade mais humana. Faz parte desse caminho repensar a dimensão do currículo, definindo-o como o conjunto de vivências a serem interpretadas e o saber acumulado pela humanidade, como um instrumento para essa interpretação. Está aí um processo que se inicia – com os alunos – com a seleção das experiências grupais e/ou individuais, prossegue com sua problematização pelo grupo e sua análise com a coordenação do professor. Para tornar isso possível, é necessário assumir o cotidiano da escola como um canal para o desenvolvimento dos seres humanos. É preciso quebrar a rigidez “conteudista” – informação pela informação – e a seletividade que impedem o aprender a ser e a vontade de aprender. A escola e o currículo (mais perguntas e algumas reflexões) Como é possível que esses diálogos ocorram? Será que as pessoas estão dispostas a participar? Como lidar com as queixas e as demandas das famílias e da comunidade? A escola está disposta a caracterizar as necessidades da comunidade e da escola? É possível articular as diretrizes das políticas educacionais e as necessidades da comunidade escolar? Diante de frases como: “a comunidade é ausente”, “a comunidade é violenta”, “a comunidade nunca comparece às reuniões”: o que fazer? Em primeiro lugar, é preciso que os profissionais da escola promovam uma boa discussão sobre a prática pedagógica, os processos de avaliação e os planejamentos escolares. Além disso, é necessário caracterizar os diversos segmentos que compõem a escola, bem como propor objetivos e metas claras paradirecionar o trabalho de todos, dependendo do seu processo de construção e utilização. A escola e o currículo (mais perguntas e algumas reflexões) Nesse contexto, ao pensar a construção do currículo como um projeto de educação que abarca o conhecimento visando uma ampla formação capaz de incluir discussões sobre o processo de aprendizagem, pode-se depreender que sua relevância está na seleção, organização e transformação do conhecimento capaz de estabelecer uma mediação entre estruturas sociais e estruturas educativas, como acontece nas escolas (PACHECO, 2016). A escola e o currículo (mais perguntas e algumas reflexões) A “população que reside no entorno escolar, no bairro onde se localiza a escola e em localidades circunvizinhas que a escola procura servir” (SUNG, 2003, p. 5). Assim, são fatores de vital importância as populações usuárias da escola (efetivas e potenciais), bem como o espaço físico que ela ocupa. Portanto, a comunidade em torno da escola não se limita às pessoas que lá estudam e a seus familiares, mas se estende a todos aqueles que moram nos bairros próximos à escola (SILVA; MENIN, 2012). Assim, essa comunidade não deve ser confundida com a comunidade escolar, cujo conceito engloba o conjunto de docentes e especialistas, o pessoal técnico-administrativo e de serviços, lotados e em exercício na instituição escolar, bem como os pais ou responsáveis pelos educandos e os próprios alunos matriculados na instituição e com frequência regular na instituição (BRASIL, 1998). Comunidade Freire (1996) ainda aponta a importância de o professor estar atento e abrir-se à realidade dos seus alunos, com quem partilha a atividade pedagógica, ou seja, entender as condições materiais nas quais vivem seus educandos. Precisa, portanto, tornar-se, se não absolutamente íntimo de sua forma de ser, no mínimo, menos estranho e alheio a ela, a fim de diminuir a sua distância da realidade (às vezes hostil) em que vivem seus alunos. Melo (2012) também afirma que o papel do educador é conhecer o aluno, sua vida, sua prática social, as contradições da vida que levam em comunidade, suas necessidades etc. Comunidade A relação da escola com a comunidade é atravessada pelas representações que a escola tem da comunidade e das famílias. Entende-se por representações, aqui, o conjunto de ideias, crenças e explicações consensuais, fortemente reificadas no imaginário. Atualmente, é muito comum observar um conflito na relação que a escola estabelece com as famílias. Frequentemente os profissionais da escola relatam que as famílias são “desestruturadas”, que “não se importam” e que “não educam as crianças”. Com isso, a expressão “a família ensina e a escola educa” tornou-se muito popular. Ocorre que esse é um sofisma – um raciocínio incorreto – e cabe aos educadores desconstruí-lo e superá-lo. Szymanski (2001) diz que existem duas representações de família que permeiam o imaginário das pessoas: a pensada e a vivida. A primeira está baseada na tradição, correspondendo a uma noção que é trazida pelo grupo social, pelas instituições ou pela mídia. A segunda refere-se aos modos habituais de agir dos membros que aparecem no cotidiano. A comunidade e suas famílias Quando a escola fica presa ao modelo de família com figuras parentais e com papéis predefinidos, ela, imediatamente, não reconhece a multiplicidade de arranjos familiares possíveis. Vejamos alguns exemplos: Famílias monoparentais: as que são formadas em torno de um cuidador principal, seja esse quem for – mãe, pai, avô, avó, um irmão mais velho, um parente próximo ou distante, um amigo. Famílias homoparentais: famílias formadas em torno de casais homoafetivos. Casas-abrigo: espaços de acolhimento e convivência de pessoas que são vítimas de violência ou que não têm família nuclear. A comunidade e suas famílias A integração entre a escola e a comunidade depende, portanto, do reconhecimento e da aceitação plena e incondicional dos estudantes e de seus grupos familiares, independentemente de como sejam. Quanto à queixa recorrente, por parte da escola, de que os pais participam pouco das atividades previstas na instituição escolar, há muitos fatores que precisam ser levados em consideração. O primeiro deles é que a escola, muitas vezes, “se fecha” em si mesma (às vezes, a própria arquitetura contribui para isso), de modo que a comunidade pode não reconhecê-la como parte integrante do seu contexto. E as relações de “pertença”, tanto por parte da comunidade como da escola, são fundamentais para que as parcerias entre uma e outra possam se estabelecer. Portanto, a escola precisa se questionar quanto à maneira como convida a comunidade para participar de suas atividades. A comunidade e suas famílias Cabe perguntar, principalmente em contextos nos quais as famílias dos alunos são da classe trabalhadora (assim como os educadores também o são): com relação aos horários em que as reuniões de pais e mestres são agendadas, levam-se em consideração as reais possibilidades de participação das famílias? Como elas são convidadas para participar de atividades, festividades, reuniões, conselhos escolares? Para isso, basta pensar na forma como a escola faz esses convites à participação. Ninguém vai a qualquer lugar ou evento sem que perceba que se faça questão de sua presença e que haja uma real importância para os outros. Isso implica, ainda, pensar na forma como a escola recebe a comunidade em seus espaços, tempos, eventos, festividades. Nesse sentido, ao abrir-se à comunidade, a escola terá a possibilidade de desempenhar sua função social com sucesso. A comunidade e suas famílias Das afirmações a seguir, está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) afirmação(ões): I. Famílias monoparentais: as que são formadas em torno de um cuidador principal, seja esse quem for – mãe, pai, avô, avó, um irmão mais velho, um parente próximo ou distante, um amigo. II. Famílias homoparentais: famílias formadas em torno de casais homoafetivos. III. Casas-abrigo: espaços de acolhimento e convivência de pessoas que são vítimas de violência ou que não têm família nuclear. a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Todas estão corretas. e) Todas estão erradas. Interatividade Das afirmações a seguir, está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) afirmação(ões): I. Famílias monoparentais: as que são formadas em torno de um cuidador principal, seja esse quem for – mãe, pai, avô, avó, um irmão mais velho, um parente próximo ou distante, um amigo. II. Famílias homoparentais: famílias formadas em torno de casais homoafetivos. III. Casas-abrigo: espaços de acolhimento e convivência de pessoas que são vítimas de violência ou que não têm família nuclear. a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Todas estão corretas. e) Todas estão erradas. Resposta Muitas vezes, a escola é um dos únicos e poucos espaços públicos existentes em certas localidades. É um dos espaços educadores que pode estabelecer parcerias com lideranças comunitárias, contribuindo como um espaço de todos para todos. Desde o início dos anos 2000, no Brasil, há programas, políticas e projetos de incentivo à abertura da escola, aproximando-a da comunidade, diminuindo a violência em cenários de vulnerabilidade social (ROSA; AVILA; PROFICE, 2021). Assim, é possível: Abrir a escola aos fins de semana, oferecendo minicursos, cedendo as quadras de esporte para uso da comunidade, exposições, palestras, eventos (superando, assim, as festividades que se apoiam somente em datas comemorativas e em reuniões de “prestação de contas” e “cobranças” pelo desempenho escolar dos estudantes); tornar a biblioteca circulante, a partir do empréstimo dos títulos; realizar projetos que contem com a participação de membros da comunidade. Por uma escola aberta e para todos A LDBEN n. 9394/1996, em seu artigo 13, inciso VI, defineo papel do professor nessa integração declarando que os “docentes incumbir-se-ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com a família e a comunidade” (BRASIL, 1996). A integração com a comunidade fortalece a escola, rompe com o isolamento dos professores em sua luta pela melhoria da aprendizagem, aperfeiçoa a qualidade do ensino e dá aos alunos um exemplo de prática de cidadania. Freire (1996): ensinar exige reflexão crítica sobre a prática e compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo. Assim, o professor deve vincular a sua relação com o aluno à prática social, ou seja, ter como parâmetros a própria prática cotidiana, possibilitando aos alunos o contato com a sua realidade social por meio da participação e do convívio com a comunidade ao redor da escola (MELO, 2012). A importância do professor na integração entre a escola e a comunidade Almeida (2005) diz que alguns professores acham que inovar é apenas passar o mesmo conteúdo de um modo diferente, envolvendo as mesmas práticas já ultrapassadas. Esquecem-se de que a grande inovação se dá de dentro para fora, começando primeiramente pela postura diante dos alunos, passando pela sensibilidade para saber quais são as necessidades daquele grupo. Libâneo (2009) recomenda aos professores e equipe de dirigentes ter conhecimento e sensibilidade em relação às necessidades sociais e às demandas da comunidade local e do próprio funcionamento da escola, de modo a se ter clareza sobre as mudanças a serem esperadas nos alunos em relação ao seu desenvolvimento e aprendizagem. A importância do professor na integração entre a escola e a comunidade Com relação ao desenvolvimento de projetos que possam promover a integração entre a escola e a comunidade, é importante realizar uma pesquisa não apenas nas dependências da escola, mas também na comunidade que a envolve. Com uma pesquisa bem-feita, é possível conhecer a realidade e identificar as principais carências a serem contempladas. Mas de que forma é possível conhecer a realidade da escola e da comunidade que a envolve? Como identificar as principais expectativas e necessidades nesse contexto? Como planejar a ação educativa envolvendo, de forma mútua, a escola e a comunidade? Conhecendo para planejar O termo diagnóstico é utilizado por profissionais de várias áreas e se refere ao conhecimento prévio necessário para a tomada de decisão. Ele deve buscar não só a identificação dos problemas, como também das potencialidades da escola e da comunidade, permitindo, assim, o desenvolvimento de propostas de ação que visem à resolução dos problemas e/ou aperfeiçoamento das potencialidades. Para retratar a realidade, é importante realizar uma pesquisa apurada visando identificar as principais características da escola e de sua comunidade com relação a diversos aspectos: físicos, humanos, sociais, culturais, ambientais, econômicos etc. Nesse caso, podemos dizer que será feita uma caracterização da escola e da comunidade. A caracterização da comunidade deve englobar aspectos como a localização geográfica, as instituições sociais de prestação de serviços públicos, a densidade demográfica, o perfil econômico da população, o uso predominante do solo etc. Caracterização e diagnóstico da realidade Para realizar a caracterização, é importante identificar alguns aspectos, como os citados a seguir: Perfil discente, como as condições socioeconômicas, faixas etárias, posição social, necessidades e valores dos alunos. Em quais condições se dá o processo de ensino-aprendizagem, como a metodologia de ensino, relação do número dos alunos por séries/ciclos e de idade/série, como é feito o processo avaliativo, a recuperação dos alunos. Quais são as condições da infraestrutura da escola quanto aos recursos materiais, humanos e didático-pedagógicos. Quais são as condições de trabalho bem como das políticas de valorização dos profissionais da educação. Caracterização e diagnóstico da realidade Para realizar a caracterização, é importante identificar alguns aspectos, como os citados a seguir: Como se estabelecem as relações interpessoais e a organização do trabalho coletivo, a composição das equipes, qual é a qualificação dos professores. Quais são as formas de constituição e atuação dos órgãos colegiados, em especial, o conselho de escola, o conselho de série/ciclo, as unidades executoras (APMs e/ou caixa escolar) e o grêmio estudantil. Do ponto de vista sociocultural, é necessário identificar as questões mais importantes que emergem das proximidades da escola e que têm interferência direta no fazer-pedagógico. Caracterização e diagnóstico da realidade Para realizar a caracterização, é importante identificar alguns aspectos, como os citados a seguir: Do ponto de vista do aspecto econômico-financeiro, faz-se importante o conhecimento de como a gestão financeira é feita, tendo em vista a necessidade de dar suporte aos aspectos pedagógico-organizacionais e as prioridades do processo ensino-aprendizagem; para tanto, deve-se conhecer os recursos disponíveis da escola, suas carências e necessidades e como a verba é utilizada (resumindo, como a escola capta e utiliza os recursos financeiros e como isso reflete no desempenho dos alunos). Caracterização e diagnóstico da realidade A LDBEN n. _____/_____, em seu artigo 13, inciso VI, define o papel do professor nessa integração declarando que os “docentes incumbir-se-ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com a família e a comunidade”. a) 9654/1986 b) 9394/1996 c) 9823/1978 d) 1002/2002 e) 7564/1998 Interatividade A LDBEN n. _____/_____, em seu artigo 13, inciso VI, define o papel do professor nessa integração declarando que os “docentes incumbir-se-ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com a família e a comunidade”. a) 9654/1986 b) 9394/1996 c) 9823/1978 d) 1002/2002 e) 7564/1998 A LDBEN n. 9394/1996, em seu artigo 13, inciso VI, define o papel do professor nessa integração declarando que os “docentes incumbir-se-ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com a família e a comunidade”. Resposta BRASIL. Lei Federal n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível em: https://bit.ly/3ACuIaq. 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