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PEDAGOGIA JULIELLEN CAETANO TRUQUIJO PAIVA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – EDUCAÇÃO, POLÍTICA, ECONOMIA E PARTICIPAÇÃO POPULAR: VÁRIOS CASOS EM UM NITERÓI – RJ 2020 JULIELLEN CAETANO TRUQUIJO PAIVA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – EDUCAÇÃO, POLÍTICA, ECONOMIA E PARTICIPAÇÃO POPULAR: VÁRIOS CASOS EM UM Trabalho da disciplina de História da Educação Brasileira [AVA2], apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Veiga de Almeida. Pólo Bay Market-RJ, matrícula: 20192300398. Orientador: Prof. Cleber Karls NITERÓI – RJ 2020 As Mudanças na Educação, Economia, Política e a Participação Popular durante a Era Vargas Até o ano de 1930 estava em vigor à República Velha, cuja característica principal era a centralização do poder político, conhecida como a política do “café-com-leite”. Na prática ocorria um revezamento dos presidentes que eram apoiados pelos partidos: Republicano Paulista (PRP), de São Paulo, considerado maior produtor cafeeiro, e o Republicano Mineiro (PRM), de Minas Gerais, forte produtor de leite. Em março deste ano foram realizadas as eleições presidenciais, onde Júlio Prestes saiu vitorioso. Entretanto, a Aliança Liberal - AL alegou fraudes na eleição e não a aceitou. Os deputados eleitos nos estados onde a AL conseguiu vitória não tiveram seus mandatos reconhecidos, revoltados com esta situação planejam uma revolta armada. Mas, o estopim se dá quando o vice-presidente de Getúlio Vargas, João Pessoa é assassinado. Vargas se aproveita dos motivos duvidosos dessa morte e atribui a autoria à oposição. A insatisfação do Exército com o governo vigente fez com que os soldados se mobilizassem e formassem uma junta governamental e, em 3 de novembro, depuseram Prestes do poder passando para Getúlio Vargas. Denomina-se Era Vargas o período de 15 anos onde Getúlio Vargas governou o Brasil. Período este que vai de 1930 a 1945, dividido em Governo Provisório (1930 – 1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Estado Novo (1937 – 1945). É considerado um marco na história do Brasil devido às diversas mudanças que fez no país, para Carvalho (2009, p.87), são como “um divisor de águas no país”, pois dá uma nova configuração dos direitos sociais e coloca em prática 4491 novas medidas. No Governo Provisório são criados o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde. O principal objetivo deste governo era reorganizar a política do Brasil. Para tal, Getúlio elimina os órgãos legislativos (federais, estaduais e municipais), para extinguir as influências políticas e as ações dos coronéis, designa os “tenentes” para assumirem o controle dos estados e dá início à centralização do poder. Tais medidas geraram tensões entre os militares interventores e as velhas oligarquias. A oposição concentra-se em São Paulo e utiliza-se de conteúdos regionalistas e do apelo à autonomia política para convocar os paulistas a lutar contra o governo. Exigem nova eleição e a elaboração de uma Assembléia Constituinte, dando origem à chamada Revolução de 1932. O Ministério da Educação e da Saúde faz alguns decretos, denominado Reforma Francisco Campos, como: decreto n. 19.850, criando o Conselho Nacional de Educação; decreto n. 19.851, que consistia na organização do ensino superior; decreto n.19.890, organizava o ensino secundarista; decreto n. 19.941, instituía o ensino religioso no ensino público; e o decreto n. 20.158, onde organizava e regulamentava o ensino comercial. Vendo assim temos a impressão de que o governo estava preocupado com a classe trabalhadora, no entanto, na prática, elas não beneficiavam os menos favorecidos. O governo de Vargas utilizou a educação para difundir os valores “hierárquicos, de conservadorismo nascido da influencia católica” (FAUSTO, 2001, p. 188). A reforma de nº 19.941, na qual instituía o ensino religioso era influenciado pela teoria de John Dewey, na qual inspirava os idealizadores da Escola Nova: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço Filho, que integraram o movimento dos Pioneiros da Educação de 1932. A proposta da Escola Nova consistia em um rompimento com o modelo tradicional vigente, onde o professor seria um estimulador do processo educativo e direcionaria o saber, os alunos seriam divididos conforme as áreas de interesse e usufruiriam de um ambiente que propiciava o aprendizado. Na prática essa proposta demandava um custo muito alto e somente a elite se beneficiou, ou seja, “a Escola Nova, aprimorou a qualidade do ensino destinado às elites” (SAVIANI, 2009, p. 09). Os oposicionistas da Revolução de 1932 foram derrotados e Vargas convoca uma eleição para elaboração da Constituinte. No entanto, devido ao desgaste dos conflitos paulistas, os principais militares perderam espaço político tendo que promulgar uma nova constituição em 1934. A Carta Magna de 1934 adotou medidas democráticas e mudanças políticas dando maiores poderes ao executivo, sancionando o voto secreto e feminino, criando a Justiça do Trabalho e bases para a futura legislação trabalhista e estabelecendo o ensino primário gratuito e obrigatório, garantindo assim mais um mandato. O segundo mandato também é conhecido como Governo Constitucional. Neste, houve uma alteração política de dois ideais: o fascista (conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitários, defendido pela Ação Integralista Brasileira - AIB) e o democrático (representado pela Aliança Nacional Libertadora - ANL). Vargas era favorável à reforma agrária, à luta contra o imperialismo e a revolução por meio da luta de classes. Em 1935, alguns comunistas brasileiros, com orientações de altos escalões do comunismo soviético, iniciam revoltas dentro das instituições militares em Recife, Natal e Rio de Janeiro. Porém, houve falha de adesão dos outros estados e na articulação da revolta, fazendo com que a Intentona Comunista fosse controlada com uma intensa repressão através de torturas e prisões ilegais. Vargas usa do pretexto deste golpe frustrado e alega a existência da tentativa de um novo golpe comunista, conhecido como Plano Cohen. A exposição dessa tentativa fez com que o presidente conseguisse anular a nova eleição presidencial (que ocorreria em 1937) e a Constituição de 1934, dissolvendo o Poder Legislativo. Depois dessa dissolução, Getúlio governa o Brasil com amplos poderes e é inaugurado o Estado Novo. Depois, descobriu-se que o Plano Cohen era uma forma de justificar o estado de sítio e inaugurar o Estado Novo. O aliado do presidente, Mourão Filho foi quem realizou o plano e Vargas quem organizou com a ajuda dos militares e o apoio de boa parte da sociedade. Vale lembrar que, desde o final de 1935, o governo reforçava sua propaganda anticomunista preparando a classe média para apoiar a centralização de seu poder. Então, em 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas fecha o Congresso e impõe uma nova Constituição, com tendência fascista, inspirada na Constituição da Polônia de 1926 ficando conhecida como “Polaca”. Através do anuncio do rádio, o Estado Novo é decretado no país e dá-se início a um período de ditadura na história brasileira. No entanto, na mesma medida em que o Estado Novo é considerado ditatorial e repressivo também é lembrado como “época dourada” devido à criação dos direitos trabalhistas. Getúlio utiliza-se da educação como mecanismo para legitimar os ideais de uma classe social e de um sistema econômico, dando início, ainda em novembro de 1937, a uma série de medidas ditatoriais e progressistas. A nova Carta Magna extinguiu os partidos e reprimiu atividades políticas; acabou com a independência entre os três poderes; censurou os meios de comunicação impedindo que a mídia divulgasse qualquer crítica do governo; adotou medidas econômicasa nível nacional. As medidas que fazem a “época dourada” são: a continuação da política trabalhista, através da criação da CLT; a criação da Carteira de Trabalho; do salário mínimo; do descanso remunerado; do Código Penal e do Código de Processo Penal. Observa- se que estas medidas foram muito importantes, foi um progresso para a população brasileira, de modo que ainda estão em vigor até hoje, atualizadas as exigências da época. A Constituição de 1937 deixa claro no capítulo destinado a educação e a cultura que o Estado deveria contribuir para o desenvolvimento e criação de instituições artísticas, ficando de lado a exigência de um Plano Nacional de Educação. A AIB liderada por Gustavo Barroso e Plínio Salgado planeja um golpe em 1938 devido à indignação com o rumo centralista que o governo tomava. Na tentativa de posse do poder os integralistas são derrotados e seus participantes são presos ou exilados. Em 1939, eclodiu a Segunda Guerra Mundial e o Brasil tomou a decisão de ficar neutro diante do conflito europeu. Porém, essa neutralidade não durou muito tempo, a pressão americana foi grande (por conta da dependência econômica com os Estados Unidos) e Vargas acata à pressão declarando guerra à Alemanha. Aliado aos EUA envia soldados e cede uma base aérea em Natal-RN. Em troca, o governo americano moderniza o armamento do Exército brasileiro e faz concessão de empréstimos para o Brasil. A partir de 1942, conforme demonstram os direcionamentos das chamadas “leis orgânicas do ensino”, nota-se a estruturação de um ensino técnico com finalidade na formação especializada para atuação no mercado de trabalho e ampliação do sistema capitalista. A Lei Orgânica contribuiu para a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), vigente até hoje. Embora o Ministro da Educação Gustavo Capanema tenha promovido uma reforma do ensino secundário, sua preocupação era organizar um ensino industrial com mão de obra fabril qualificada. A derrota das nações nazi fascista juntamente com a contradição entre lutar contra uma ditadura e viver num regime sem democracia fez com que crescessem o número de opositores ao governo, ganhando força a luta pela democratização do Brasil. Parte dos militares, muitos intelectuais e associações de estudantes protestaram abertamente contra o regime varguista. Diante disso, Vargas absolve seus opositores políticos e organiza novas eleições, no qual o general Eurico Gaspar vence. Culminando ao fim da Era Vargas. Cada governo contribui com o avanço ou retrocesso da educação, da política e da economia. No plano econômico, a Era Vargas, caracterizou-se pelas medidas de nacionalização e da política trabalhista, como a concepção da CLT e os direitos e deveres provenientes dela. No entanto, como visto, a política brasileira juntamente com os anseios econômicos foram os principais causadores de conflitos, como a Política do Café com leite e a Revolução de 1932, por exemplo. Mas, também foram responsáveis por mudanças de postura e, consequentemente, dos rumos a serem tomados, modificando a história brasileira. Se analisarmos a variável da educação percebemos que os governos contribuem ou retrocedem para tal. Os investimentos que Getúlio Vargas fez na educação do Brasil foram fundamentais e contribuíram para a criação: do ensino obrigatório e gratuito, do SENAI e do Ministério da Educação, por exemplo. Tais medidas foram tão importantes que ambos ainda existem em 2020 e, no caso do SENAI, proporcionam um ensino preparatório para o mercado de trabalho gerando uma oportunidade para muitos brasileiros ingressarem no mercado de trabalho. Outra variável muito importante é a participação popular, pois demonstra os interesses e os ideais que a boa parte da população anseia. E, muitas das vezes, pressiona os políticos a mudarem de postura satisfazendo a vontade popular. A força dessa participação é tão forte que fez com que Getúlio mudasse sua postura em cada governo conforme os conflitos iam acontecendo, como na Revolução de 1932, na Intentona Comunista em 1935, na Luta pela Democratização do Brasil e etc., alterando os rumos da educação, da política e da economia. Contudo, conclui-se que as variáveis da política, da economia, da educação e a participação popular são muito importantes e determinam os percursos e rumos não só de um recorte temporal como observado aqui, mas de toda a história brasileira. Estas variáveis originam leis, práticas e teorias pedagógicas de acordo com as necessidades e mudanças que vão acontecendo. Referências Bibliográficas: https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/ https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18721_9811.pdf https://www.todamateria.com.br/era-vargas/ https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/ https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18721_9811.pdf https://www.todamateria.com.br/era-vargas/
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