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VM P0 00 1_ V1 .0 FINANÇAS PESSOAIS, PLANEJAMENTO FINANCEIRO E DE INVESTIMENTOS 2 Hellen Christina de Almeida Kato Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2023 FINANÇAS PESSOAIS, PLANEJAMENTO FINANCEIRO E DE INVESTIMENTOS 1ª edição 3 2023 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR Homepage: https://www.cogna.com.br/ Kato, Hellen Christina de Almeida Finanças pessoais, planejamento financeiro e de investimentos/ Hellen Christina de Almeida Kato, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2023. 32 p. ISBN 978-65-5903-369-0 1. Finanças pessoais. 2. Planejamento financeiro. 3. Investimentos. I. Título. CDD 330 _____________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 8/10534 K19f © 2023 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Ana Carolina Gulelmo Staut Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal _____________________________________________________________________________Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Introdução às Finanças Pessoais _____________________________ 06 Papel do tempo e metas _____________________________________ 22 Introdução à Psicologia Econômica __________________________ 39 Habilidades de Relacionamento com Clientes no Setor Financeiro ____________________________________________________ 52 FINANÇAS PESSOAIS, PLANEJAMENTO FINANCEIRO E DE INVESTIMENTOS 5 Apresentação da disciplina Finanças pessoais e planejamento financeiro desempenham um papel estrutural na vida de todas as pessoas. Constituem os pilares para a gestão eficiente de recursos, com impacto direto na estabilidade financeira, segurança e capacidade de alcançar metas de curto, médio e longo prazo. Ao dominar os princípios das finanças pessoais, é possível administrar de forma inteligente o orçamento, equilibrando receitas e despesas, além da melhor gestão de dívidas e maximização do retorno dos investimentos, por meio da consolidação de portfólio compatível com as metas. O planejamento financeiro, por sua vez, envolve a definição de metas específicas e a criação de estratégias de acompanhamento e controle para alcançá-las. Planificar as metas de curto, médio e longo prazo, incluindo a criação de reserva de emergência, são etapas do processo de planejamento que possibilitam direcionar adequadamente os recursos, considerando prioridades, prazos e capacidade de aportes, tomando, assim, decisões financeiras mais focadas e consistentes. Em resumo, os conhecimentos em finanças pessoais e planejamento financeiro são essenciais para a conquista da estabilidade financeira, para a tomada de decisões inteligentes em relação ao dinheiro e para a construção de uma base sólida para o crescimento patrimonial e a conquista de objetivos pessoais e familiares. Esta disciplina abrange uma ampla gama de conceitos, como orçamento pessoal, poupança, investimentos, gestão de dívidas, planejamento patrimonial, seguros e gerenciamento de riscos financeiros, tendo como foco o fornecimento das ferramentas necessárias para otimizar o uso de seus recursos e maximizar seus ganhos. 6 Introdução às Finanças Pessoais Autoria: Hellen Kato Objetivos • Compreender a importância do planejamento financeiro como base sólida para o sucesso do investidor. • Conhecer os principais elementos dentro de um planejamento financeiro. • Entender a importância e os principais pontos a serem observados na construção de uma reserva de emergência. 7 1. O Planejamento financeiro e o investidor O comportamento dos investidores é influenciado por variáveis além da volatilidade do mercado e o desejo de maximização de lucro. Inúmeros estudos demonstram que a alfabetização financeira é uma característica significativa que afeta o processo de tomada de decisões de investimento. Pessoas que têm um planejamento financeiro, estatisticamente, têm carteiras mais bem estruturadas, com retornos de até 2,3 pontos percentuais ao ano acima da média do mercado (CLARK et al., 2014; LUSARDI; MITCHELL, 2014). Com os estudos realizados nos últimos anos, a evidência sugere que os conhecimentos e capacidades financeiras encontram-se positivamente relacionados com o comportamento relativo às poupanças e investimento a longo prazo (OZEN; ERSOY, 2019). O letramento financeiro envolve compreender como o dinheiro funciona globalmente e, com a complexidade dos mercados e o crescimento exponencial da oferta de diferentes produtos, adquirir capacidade de gerenciamento do dinheiro se torna imprescindível a quem deseja mitigar perdas, otimizar recursos e maximizar lucros com investimentos. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a alfabetização financeira é definida da seguinte forma: A alfabetização financeira é conhecimento e compreensão dos conceitos e riscos financeiros e as habilidades, motivação e confiança para aplicar esse conhecimento e compreensão, a fim de tomar decisões eficazes em toda uma gama de contextos financeiros, para melhorar o bem-estar financeiro dos indivíduos e da sociedade e para permitir a participação na vida econômica (OCDE, 2014). O desenvolvimento de novos produtos financeiros e a complexidade dos mercados financeiros tornam a melhoria da capacidade de 8 gerenciar o dinheiro mais importante do que nunca. A alfabetização financeira envolve entender como o dinheiro funciona globalmente e como maximizar lucros com investimentos, além, é claro, da proteção a golpes e decisões equivocadas. Para o profissional de investimentos, é importante ter em mente que habilidades financeiras facilitam a seleção e a manutenção de ativos de alta qualidade para investimentos de longo prazo para seus clientes. Daí a importância de, no planejamento de investimentos, se olhar para o planejamento financeiro como base fundamental sobre a qual os investimentos estarão sustentados. Tendo em vista o investidor, é importante ressaltar que cada indivíduo tem sua própria forma de organização e, portanto, o planejamento financeiro é flexível e pode ser modificado várias vezes de acordo com os objetivos e desejos, que estão em constante mudança. A primeira etapa é identificar o perfil do indivíduo que realizará o planejamento, levando em consideração aspectos como conhecimento em finanças, apetite ao risco, estado civil, profissão e experiência prévia com investimentos, pois esses fatores influenciam diretamente em uma boa gestão de investimentos. Por meio desse trabalho, é possível compreender a importância de possuir conhecimentos relacionados a receitas, despesas e balanço patrimonial pessoal do investidor. Isso permite ao planejador avaliar se o cliente tem um entendimento claro de como seu dinheiro está sendo utilizado e, consequentemente, condições de manter seu plano de investimentos e evitar o endividamento. Da mesma forma que as empresas saudáveis são aquelas que conhecem suas entradas e saídas, elaboram relatórios gerenciais e realizam planos de investimento e expansão,as pessoas físicas também deveriam seguir essa rota para chegar a decisões adequadas. No entanto, muitas vezes os clientes podem chegar até você sem o conhecimento necessário de 9 suas finanças, e, por consequência, de sua capacidade real de aporte. Mesmo que não seja seu papel profissional em uma relação com o cliente realizar o planejamento financeiro, é possível identificar a necessidade do cliente e encaminhar esse processo. Assim como uma empresa que desconhece sua receita e seus gastos está fadada à falência, o mesmo acontece com as pessoas físicas. A falta de conhecimento sobre a própria situação financeira leva a decisões inadequadas de gastos e investimentos e pode levar ao fracasso dos resultados esperados pelos investimentos, comprometendo o serviço contratado. Certificar que o investidor tem o controle das finanças é fundamental para o alcance de metas e objetivos de vida. Vamos conhecer dois dos principais instrumentos de gestão financeira: Balanço patrimonial: demonstra como os recursos do indivíduo estão aplicados, incluindo seus ativos e passivos. Orçamento ou fluxo de caixa: mostra as receitas e despesas, permitindo avaliar quanto dinheiro está sendo alocado para cada tipo de despesa. 2. Instrumentos de gestão financeira O balanço patrimonial pessoal é uma representação estática da situação financeira de uma pessoa em um determinado momento, como se fosse uma fotografia. Ele revela como a renda ao longo da vida foi utilizada e se os recursos foram empregados de forma construtiva para a formação de um patrimônio. 10 É importante atualizar esse balanço periodicamente, pelo menos uma vez por ano. Um momento ideal para realizar essa análise é durante o preenchimento da declaração de Imposto de Renda, já que nesse formulário são relatados os ativos (bens e direitos) e os passivos (dívidas e obrigações). a) Ativos Os ativos referem-se a todas as posses que têm valor econômico, como imóveis, veículos, investimentos, contas bancárias e outros bens. Contudo, é interessante distinguir entre ativos de uso pessoal (que geram despesa) e ativos que geram renda. São exemplos de ativos de uso pessoal a residência principal e os veículos da família. São bens que proporcionam conforto e bem-estar, mas também geram despesas. Ativos geradores de renda são os investimentos financeiros e as propriedades destinadas à locação ou venda futura. Essa parte do patrimônio será essencial para gerar renda complementar no futuro, como na aposentadoria. b) Passivos Os passivos, por sua vez, são as obrigações financeiras, como empréstimos, financiamentos, contas a pagar e dívidas em geral, tanto de curto prazo (parcelas de empréstimos que vencerão em até um ano, como crédito rotativo–limite do cheque especial e cartão de crédito, empréstimos pessoais e financiamentos de curto prazo) quanto de longo prazo (parcelas de empréstimos com prazo superior a um ano, como financiamentos imobiliários, financiamentos de veículos e empréstimos em geral). O patrimônio líquido é uma medida importante da saúde financeira e da capacidade de acúmulo de valor ao longo do tempo, e seu cálculo é 11 feito subtraindo-se o total dos passivos do total dos ativos. Ele significa o valor líquido que pertence ao investidor, pegando todos os seus ativos e retirando as obrigações. Aumentar o patrimônio líquido é um objetivo comum nas finanças pessoais, e isso pode ser alcançado por meio do aumento dos ativos, da redução dos passivos e do consequente aumento do valor líquido. É fundamental o acompanhamento regular do patrimônio líquido para avaliar o progresso financeiro, identificar áreas de melhoria e ajustar as estratégias de gestão financeira. Se grande parte ou toda a renda é direcionada para o consumo ou pagamento de dívidas, não haverá crescimento patrimonial. Figura 1 – Investimentos versus dívidas Fonte: Kato (2023). A figura 1 demonstra que quando se objetiva a construção de patrimônio por meio dos investimentos, a presença de dívidas é como um fundo furado em um balde, dificultando o crescimento do patrimônio, mesmo com a alocação constante de recursos. 12 Um outro instrumento de gestão financeira que é importante dominar é o orçamento pessoal, ou fluxo de caixa. Muitas pessoas afirmam não conseguir guardar dinheiro e enfrentam dificuldades financeiras. É importante que o investidor tenha um fluxo de caixa positivo, já que, no caso de comprometimento financeiro com pagamento de juros, provavelmente, os juros advindos do investimento não seriam suficientes para cobrir essa diferença. Mesmo famílias de baixa renda podem alcançar objetivos realistas se tiverem um controle eficiente das despesas, pois o equilíbrio do orçamento não depende apenas das receitas, mas do balanço entre elas e as despesas. Estabelecer um orçamento pessoal é uma etapa essencial na gestão financeira e envolve criar um plano detalhado de receitas e despesas, permitindo uma visão clara de como o dinheiro será utilizado e em que é possível economizar. Passos para estabelecer um orçamento pessoal eficaz: 1. Calcular a renda: comece identificando todas as fontes de renda, como salário, rendimentos de investimentos ou qualquer outra fonte de receita. Some essas quantias para obter a renda total mensal ou anual. A receita é o montante de dinheiro que uma pessoa recebe, sendo receitas correntes as fontes de renda regulares que podem ser provenientes de várias fontes, como: • Salário (caso seja assalariado). • Pró-labore e distribuição de lucros (se o cliente for empresário). • Aluguéis (se possuir imóveis alugados). • Rendimentos de aplicações financeiras (importante identificar se eles passaram a compor o aporte ou se o cliente dá outra destinação a eles). 13 • Outras receitas regulares ou sazonais. • Benefícios sociais. A renda é essencial para sustentar o estilo de vida, cobrir as despesas diárias e contribuir para a construção do patrimônio líquido. É importante ter uma visão abrangente da renda disponível, levando em consideração as deduções fiscais, encargos e obrigações financeiras, como impostos, taxas, contribuições previdenciárias e descontos de planos de saúde, entre outros. Conhecer a renda líquida é fundamental para estabelecer um orçamento realista e planejar adequadamente o uso dos recursos disponíveis. Além disso, é essencial considerar a estabilidade e a previsibilidade da renda. Algumas fontes de renda podem ser mais voláteis ou sazonais, exigindo uma gestão financeira mais cuidadosa, para garantir que as despesas sejam cobertas de forma consistente ao longo do tempo. 2. Registrar as despesas: é necessário anotar todas as despesas regulares e variáveis. Isso inclui moradia, alimentação, transporte, educação, saúde, entretenimento, dívidas, entre outras. Utilizar extratos bancários, recibos, faturas e registros anteriores para garantir que todas as despesas sejam consideradas. 3. Categorizar as despesas: agrupe as despesas em categorias para facilitar a análise. Separar as despesas em categorias como moradia, transporte, alimentação, lazer, educação, entre outras, ajudará a identificar as áreas em que se concentram a maioria dos gastos e com o que é possível economizar. 4. Avaliar as despesas: identifique e diferencie gastos imprescindíveis daqueles que são desnecessários ou supérfluos e que possam ser reduzidos ou eliminados. É indispensável priorizar despesas essenciais e considerar quais itens são realmente importantes. 14 As despesas podem ser classificadas como fixas e variáveis. Obtenha informações detalhadas sobre essas despesas do cliente: Despesas fixas: são pagas todos os meses e têm um valor fixo ou variam muito pouco, independentemente do nível de consumo. Aluguel, condomínio, plano de saúde e mensalidade escolar são exemplos. Despesas variáveis: são aquelas cujo valor varia dependendo do consumo daquele produto ou serviço. Alimentação, transporte e telefone são exemplos. É possível gerenciaressas despesas ao fazer refeições caseiras, utilizar mais transporte público ou controlar o uso de celular e internet. Após coletar os dados, reserve um tempo para analisar a alocação do dinheiro. Separe as despesas necessárias e obrigatórias das despesas voluntárias, que podem ser reduzidas ou evitadas. Isso ajudará a identificar oportunidades de economia e melhor gerenciamento financeiro. Tão importante quanto a elaboração do orçamento pessoal é fazer um controle sistemático, por meio de alguma ferramenta de acompanhamento, que pode ser manual ou digital. Existem inúmeras formas de realizar este acompanhamento, como planilhas, aplicativos, bloco de notas etc. Quanto mais simples e funcional, maior a probabilidade de o cliente conseguir mantê-la atualizada de forma sistemática. O uso de aplicativos é altamente recomendável pela praticidade e automação, contudo, cabe a cada investidor definir o tipo de controle com o qual tenha maior familiaridade, pois mais importante do que a ferramenta em si é a constância com que se mantém as informações atualizadas. 15 5. Estabelecer metas financeiras: definir metas financeiras realistas e mensuráveis é parte fundamental deste processo. Isso pode incluir poupar uma porcentagem específica da renda, quitar dívidas, investir em educação ou economizar para uma compra importante. 6. Fazer um planejamento de gastos: com base na renda e nas metas estabelecidas é que deve ser pensada uma alocação de gastos, determinando o quanto será destinado para cada categoria de despesa e o valor que será poupado e investido. Certifique-se de que as despesas não excedam a renda disponível. Uma sugestão de planejamento é destinar 30% da renda para a realização de metas com diferentes horizontes de prazo. Isso inclui a criação de uma reserva financeira para emergências e metas financeiras de médio ou longo prazo, desde uma viagem de férias até a compra da casa própria e a independência financeira. Os 70% restantes podem ser destinados da seguinte forma: 55% dos recursos para as despesas essenciais, sem as quais não é possível viver, como moradia, alimentação, educação, saúde e transporte. Em torno de 5% podem ser reservados para aprimoramento, educação e desenvolvimento pessoal, visando capacitação profissional que, potencialmente, pode aumentar a receita pela valorização pessoal. Também é relevante destinar 10% àqueles gastos que dão prazer imediato e fazem com que a vida seja aproveitada no presente. 7. Identificar a necessidade de seguros de proteção: avalie, de acordo com a dinâmica de vida do cliente, as necessidades de seguros: vida, saúde, seguro de imóveis e automóveis. Certifique-se de ter a cobertura adequada para proteger os ativos e a saúde financeira em caso de eventos imprevistos. 8. Acompanhar e revisar o orçamento: monitorar regularmente o orçamento pessoal e comparar as despesas reais com o planejado é 16 mais um passo indispensável. Isso ajudará a identificar variações, ajustar o plano de gastos conforme necessário e manter o controle financeiro. 9. Realizar ajustes periódicos: um plano financeiro pessoal é um documento vivo e flexível. Ele deve ser atualizado regularmente para refletir mudanças na vida e nas circunstâncias financeiras da pessoa. Ao longo do tempo, essas circunstâncias e prioridades podem mudar. Faça ajustes no orçamento pessoal para refletir essas mudanças. Se ocorrerem alterações na renda, despesas imprevistas ou objetivos financeiros modificados, adapte o orçamento de acordo com elas. Nestes ajustes, também é relevante considerar o impacto da inflação, pois ela afeta o poder de compra ao longo do tempo. Quando a receita não acompanha proporcionalmente as despesas devido ao impacto da inflação, o equilíbrio financeiro pode se tornar complicado e provavelmente os aportes serão sacrificados. Estar ciente disso e considerar os ciclos econômicos e seus efeitos sempre que estiver fazendo os ajustes periódicos irá garantir que o plano traçado transcorra sem surpresas. 3. Fundamentos de investimento O investimento pode ser entendido como a alocação de recursos financeiros com a expectativa de obter algum retorno no futuro. O ato de investir é essencial para as finanças pessoais, pois permite que os indivíduos aumentem seu patrimônio ao longo do tempo e alcancem seus objetivos financeiros. O ato de investir é mais do que apenas gastar dinheiro. Trata-se da alocação de qualquer recurso que possa proporcionar benefícios futuros. Isso pode incluir tempo, estudo, habilidades ou dinheiro. Muitos confundem os conceitos de poupar e investir, porém eles não são iguais. Poupar é o ato de acumular dinheiro por meio de um controle de despesas e mudança de hábitos financeiros. Essa acumulação de dinheiro, no entanto, pode perder valor ao longo do tempo devido à inflação, 17 tornando mais difícil alcançar objetivos financeiros. Investir, por outro lado, significa fazer o dinheiro trabalhar para o investidor. Ele não é apenas guardado, é usado para gerar mais dinheiro no futuro–essa é a chamada renda passiva. Renda passiva é quando os investimentos começam a gerar dinheiro. Dependendo do momento de vida do investidor, esse dinheiro pode ser reinvestido para aumento de patrimônio, ou pode atuar como complemento da renda principal. Quanto mais cedo se começar a investir, mais provável é que se acumule um patrimônio que, no futuro, permita garantir boa parte ou o custo de vida total coberto pelos rendimentos gerados por investimentos. Há uma variedade de ativos em que se pode investir, cada um com características próprias: Renda fixa: são investimentos cujo retorno pode ser determinado no momento da aplicação, podendo ser fixa em uma taxa de retorno predeterminada ou atrelada a algum índice como o CDI, Selic ou a inflação. Exemplos incluem títulos do governo, títulos corporativos e certificados de depósito. A renda fixa é geralmente considerada menos arriscada em comparação com a renda variável (MONTEIRO; BRESSAN, 2021). Renda variável: investimentos em renda variável são aqueles cujo retorno não pode ser estimado no momento da aplicação. As ações são o exemplo mais comum, pois seu retorno depende do desempenho da empresa emissora e das condições de mercado. Investimentos alternativos: incluem ativos como imóveis, commodities, moedas e arte. Estes são frequentemente utilizados para diversificação de portfólios. 18 Ao fazer um investimento, é importante entender a relação entre risco e retorno. O risco pode ser definido como a incerteza associada aos retornos de um investimento, enquanto o retorno é o ganho ou perda obtida. O princípio de risco e retorno sugere que, em geral, ativos com maior risco tendem a oferecer maior retorno esperado para compensar os investidores pelo risco adicional (SHARPE, 1964), por isso, para o planejamento de investimentos é necessário ter em vista recursos para minimizar o risco, como a diversificação. A diversificação envolve a alocação de investimentos em uma variedade de ativos para reduzir riscos e manter os retornos dentro de faixas desejáveis para o propósito estabelecido (Assaf Neto, 2009). Por exemplo: considere um investidor que tem toda sua carteira investida em ações de uma única empresa, projetando um grande crescimento para aquele ativo. Se a empresa enfrentar problemas e a projeção não se confirmar, o valor da carteira pode cair significativamente, prejudicando sobremaneira o retorno daquele investimento. Agora, se o mesmo investidor tivesse sua carteira distribuída entre ações de várias empresas de diferentes setores, títulos do Tesouro, títulos de renda fixa bancária, e talvez alguns fundos de investimento, o retorno global poderia ser um pouco menor, mas a queda no valor das ações de uma empresa teria um impacto controlado no valor global da carteira. Essa distribuição estratégica do recurso é a alocação de ativos envolvendo investimentos em diferentes classes de acordo com os objetivos,tolerância ao risco e horizonte de tempo do investidor. 4. Construindo uma reserva de emergência Construir uma reserva de emergência é uma etapa crucial no planejamento financeiro pessoal. A reserva de emergência é o fundo 19 separado para fazer frente a despesas não previstas como problemas de saúde, reparos inesperados ou mesmo a perda de uma fonte de renda, ou seja, situações incomuns e que demandam soluções imediatas. Ter uma reserva de emergência contribui para: • Tranquilidade Financeira: saber que existe um fundo disponível em caso de necessidade reduz a ansiedade relacionada a problemas financeiros inesperados. • Evitar dívidas de alto custo: sem uma reserva, as pessoas geralmente recorrem a cartões de crédito ou empréstimos com altas taxas de juros. O uso de crédito rotativo (cheque especial) ou cartão de crédito não deve ser encarado pelo cliente como uma opção viável devido aos juros elevados que ampliam ainda mais o problema. • Capacidade de manter o padrão de vida: uma reserva de emergência pode ajudar a manter o padrão de vida em caso de perda de renda temporária. Dimensionar o montante do fundo de emergência é desafiador e depende da estrutura familiar, do orçamento e do padrão de vida desejado. A reserva financeira deve ser suficiente para cobrir no mínimo as despesas essenciais no pior cenário, que seria a perda da renda ou despesas médicas inesperadas. Recomenda-se que o valor do fundo de emergência corresponda de três a seis meses das despesas correntes do indivíduo ou grupo familiar, caso o indivíduo tenha uma fonte de renda garantida (CLT, servidores, pensionistas) e de pelo menos doze meses no caso de profissionais liberais e autônomos em geral. O planejador deve ter em mente que a reserva é necessária para qualquer investidor. Mesmo aqueles que alegam ter estabilidade de renda, por exemplo, funcionários públicos, devem possuir reserva, já 20 que ela é um fundo que vai muito além dos transtornos eventualmente causados pela perda de renda. É importante frisar também que a reserva deve contemplar as despesas essenciais da família e não o valor das receitas totais. Daí vem a importância do planejamento financeiro no contexto dos investimentos, já que, em um cenário de emergência, é necessário garantir o pagamento do que é indispensável para a manutenção do funcionamento familiar. Por exemplo: se as despesas mensais da família (ou do investidor) são de R$ 3 mil, a reserva deve ser de R$ 9 a 18 mil, caso a fonte de renda seja recorrente, ou de pelo menos, R$ 36 mil, nos casos em que a renda vem da prestação de serviços ou trabalho autônomo. Caso seja impossível guardar esse valor inicialmente, é possível começar com um montante menor e ir acumulando ao longo do tempo, no entanto, é necessário ter em vista que outros investimentos devem ser iniciados apenas quando a reserva estiver pelo menos 50% concluída. O motivo para essa medida é o risco de comprometer investimentos, já que, em caso de ocorrência de uma emergência em que se necessite de dinheiro rapidamente, recorrer aos investimentos feitos para outro propósito pode ocasionar perdas significativas, devido aos riscos de mercado e liquidez. O dinheiro da reserva de emergência deve ser mantido em uma conta segura e de fácil acesso. Há várias opções de contas e produtos financeiros que podem ser considerados: • Contas remuneradas. • Tesouro Selic (com aplicações de até R$ 10 mil, pois, acima disso, ocorre a incidência da taxa de custódia da B3). • CDB com rentabilidade mínima de 100% do CDI e liquidez diária. • Fundos DI com liquidez em até D+4 sem taxa de administração ou com taxa relativamente baixa. 21 A grande vantagem na utilização desses produtos para a reserva está em: Acesso rápido aos recursos: contas de alta liquidez, como contas remuneradas e CDBs, permitem acesso rápido a fundos em caso de emergência. Isso é essencial quando se precisa de dinheiro imediatamente. Preservação de capital: optar por contas de baixo risco garante que o dinheiro reservado para emergências estará disponível quando precisar. Isso é importante, pois em uma emergência, não é o momento de descobrir que o investimento perdeu valor. Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CLARK, R.; LUSARDI, A.; MITCHELL, O. S.. Financial knowledge and 401 (k) investment performance: A case study. Journal of Pension Economics & Finance, v. 16, p. 324–347, 2014. LUSARDI, A.; MESSY, F. The importance of financial literacy and its impact on financial wellbeing. Journal of Financial Literacy and Wellbeing, v. 1, n. 1, p. 1-11, 2023. MONTEIRO, B. A.; BRESSAN, A. A. Framing effects of information on investment risk perception. Revista Contabilidade & Finanças, v. 32, n. 86, p. 285–300, 2021. ÖZEN, E.; ERSOY, G. The Impact of Financial Literacy on Cognitive Biases of Individual Investors. In: GRIMA, S. et al. (Eds.). Contemporary Issues in Behavioral Finance: Contemporary Studies in Economic and Financial Analysis. v. 101. Bingley: Emerald Publishing, 2019. p. 77-95. Disponível em: https://doi.org/10.1108/S1569- 375920190000101007. Acesso em: 27 jun. 2023. OECD – ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. PISA 2012: technical report. Paris: OECD Publishing, 2012. Disponível em: http://www. oecd.org/pisa/pisaproducts/pisa2012technicalreport.htm. Acesso em: 27 jun. 2023. SHARPE, W. F. Capital asset prices: A theory of market equilibrium under conditions of risk. The Journal of Finance, v. 19, n. 3, p. 425-442, 1964. https://doi.org/10.1108/S1569-375920190000101007 https://doi.org/10.1108/S1569-375920190000101007 http://www.oecd.org/pisa/pisaproducts/pisa2012technicalreport.htm http://www.oecd.org/pisa/pisaproducts/pisa2012technicalreport.htm 22 Papel do tempo e metas Autoria: Hellen Christina de Almeida Kato Objetivos • Estabelecer metas financeiras eficazes e alcançáveis, usando o conceito de metas Smart. • Calcular metas financeiras específicas, com base em objetivos individuais. • Definir métodos para o acompanhamento periódico de metas financeiras. 23 1. Metas Smart O tempo e as metas são elementos essenciais ao sucesso do planejamento financeiro. Negligenciar o equilíbrio sustentável entre esses dois pilares pode colocar em risco a estabilidade financeira do investidor. As metas funcionam como um roteiro, ajudando a manter o foco nos objetivos e a tomar decisões financeiras baseadas em estratégia. O conceito de metas Smart é amplamente utilizado em gestão de projetos no mundo corporativo, mas elas são igualmente úteis na definição de metas pessoais, incluindo as financeiras. O termo Smart é um acrônimo que representa cinco características essenciais que uma meta eficaz deve ter: específica, mensurável, alcançável, relevante e temporalmente delimitada (specific, measurable, achievable, relevant, time-bound) (DORAN, 1981; LOCKE; LATHAM, 2006). S–Específica (Specific) Para que uma meta seja específica, deve haver uma compreensão clara do que se deseja alcançar. Metas específicas geralmente têm um impacto maior no desempenho do que metas vagas ou abstratas. Meta não específica: eu quero juntar dinheiro. Meta específica: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris. M – Mensurável (Measurable) Para ser eficaz, uma meta deve ser mensurável, o que significa que deve haver algum indicador de progresso que possa ser medido. Isso permite o acompanhamento da evolução do plano em direção à meta e possíveis ajustes na estratégia. 24 Meta não mensurável: eu quero juntar dinheiro. Meta específica: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris, investindo R$ 400 por mês (indicador de progresso). A–Atingível (Achievable) É importante que as metas sejam desafiadoras, contudo, dentro de parâmetros realistas e alcançáveis. Além disso, elas devem ser definidas levando em conta os recursos e o tempo disponíveis, bem como as habilidades e o perfildo investidor. Desde que haja capacidade e aceitação, quanto mais ambiciosa a meta, maior o rendimento. Isso porque o comportamento das pessoas é estimulado por suas intenções e seus objetivos. No entanto, é importante garantir que, mesmo ambiciosa, ela seja uma meta atingível, com esforço e planejamento adequados. Metas irrealistas podem levar à frustração e desmotivação. Meta não atingível: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris em 24 meses, investindo R$ 100 por mês (para isso, seria necessário uma taxa de rendimento mensal de aproximadamente 10%, o que não é factível). Meta atingível: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris em 24 meses, investindo R$ 380 por mês (aqui, seria necessário uma taxa de rendimento mensal de aproximadamente 0,73%, o que, no curto prazo, é desafiador, porém possível). R–Relevante (Relevant) Uma meta relevante é aquela que tem um propósito claro e se alinha com os valores e objetivos de longo prazo. Esse tipo de meta é mais provável de ser alcançada porque é significativa para a pessoa que a estabelece e alinhada aos seus objetivos financeiros gerais. Seu grau de relevância é determinado por quanto ela pode contribuir para a satisfação de valores pessoais ou a evolução financeira a longo prazo. 25 A relevância sempre será uma característica subjetiva, no entanto, está intrinsecamente ligada aos valores pessoais do investidor e pode ser um aspecto trazido à tona no planejamento de investimentos. Uma meta relevante torna mais fácil manter a disciplina nos aportes mesmo que surjam outras necessidades. T–Temporal (Time-bound) Estabelecer um prazo para alcançar uma meta cria um senso de urgência e pode ajudar a manter o foco e a motivação. Contudo, o papel fundamental do aspecto temporal das metas é a definição da rentabilidade necessária e o acompanhamento. No exemplo da viagem para Paris em 24 meses, a determinação da rentabilidade necessária e a verificação para concluir se ela era ou não factível só foi possível mediante o horizonte temporal. Meta não atingível: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris em 24 meses, investindo R$ 100 por mês (para isso, seria necessário uma taxa de rendimento mensal de aproximadamente 10%, o que não é factível). Meta atingível: eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris em 24 meses, investindo R$ 380,00 por mês (aqui seria necessário uma taxa de rendimento mensal de aproximadamente 0,73%, o que, no curto prazo, é desafiador, porém possível). Note que, ao modificar o horizonte temporal para 6 anos e 3 meses, é possível, com a taxa de 0,73% a.m., tornar os aportes de R$ 100 uma alternativa viável. Muitas vezes, a interação entre o planejador de investimentos e o investidor será pautada nessa relação de negociação dos prazos, aportes e rentabilidades possíveis para o alcance de metas. 26 As metas Smart podem ser aplicadas a diversos objetivos financeiros, independentemente do horizonte temporal. Por exemplo, em vez de um objetivo vago como “quero me aposentar confortavelmente”, um objetivo Smart seria “quero acumular R$ 1 milhão até os 60 anos, investindo R$ 2 mil mensalmente em um portfólio diversificado, para garantir uma renda de R$ 5 mil mensais na aposentadoria”. 1.1 Componentes de uma meta Após definir o que deve ser alcançado com os investimentos, um grande passo para o gestor é transformar esses objetivos – que podem variar entre segurança financeira, aposentadoria, educação dos filhos, viagens, entre outros – em metas quantitativas. É crucial ter uma estimativa realista dos custos associados a cada objetivo, e para isso, é necessário fazer uma pesquisa cuidadosa para entender os valores envolvidos. Não é raro que metas mais distantes sejam subdimensionadas, sem considerar preços atuais do mercado e sua correção baseada em uma inflação esperada. Por exemplo: se um dos objetivos de médio prazo é comprar um carro, devem ser investigados os preços atuais dos modelos de interesse e considerados os custos adicionais, como impostos e seguros. Similarmente, se um dos objetivos de longo prazo é a aposentadoria, é importante estimar quanto será necessário por mês para manter o seu estilo de vida desejado. As estimativas de custo devem ser realistas e levar em consideração as variações econômicas, tais como a inflação e outras mudanças no mercado. Inflação: é o aumento geral e contínuo dos preços e implica na diminuição do poder de compra da moeda. É importante levar em conta 27 a inflação ao estimar os custos dos objetivos, especialmente para metas de médio e longo prazo. No Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é um dos índices mais usados para medir a inflação (IBGE, 2023). Ao estimar custos futuros, deve-se ajustar os valores para a inflação esperada. Por exemplo: se a estimativa é precisar de R$ 1 milhão para uma aposentadoria em 20 anos e a inflação média esperada é de 3% ao ano, o valor real necessário é de aproximadamente R$ 1.806.000,00. Custos futuros: além da inflação, é importante considerar que outros fatores podem alterar os custos futuros de uma meta. Mudanças no estilo de vida, como ter filhos ou mudar de cidade, podem aumentar significativamente as despesas futuras de alguém que está planejando a independência financeira. É importante que o investidor mantenha a consciência da necessidade de atualização periódica sobre mudanças de mercado, de planos e que revise regularmente suas estimativas de custo. A partir do valor definido, a próxima variável que guiará a estratégia de investimentos é o prazo. Metas financeiras podem ser categorizadas em curto, médio e longo prazo. Cada uma delas possui características distintas em relação ao tempo até a realização, a natureza dos investimentos e o planejamento financeiro necessário. Metas de curto prazo: são aquelas que podem ser alcançadas em um período relativamente breve, geralmente em até dois anos. Elas estão mais próximas no tempo e podem incluir: • Criação da reserva de emergência. • Pagar uma dívida de cartão de crédito ou empréstimo pessoal. • Fazer uma viagem de férias. 28 • Comprar um eletrônico ou um item de desejo específico. É importante considerar a liquidez nos investimentos para objetivos de curto prazo, principalmente se a natureza da meta é acessar o dinheiro rapidamente. Metas financeiras de curto prazo desempenham um papel significativo no planejamento financeiro e no gerenciamento de riscos. Além da liquidez, ter metas no curto prazo ajuda o investidor a manter o foco e proporciona uma base sólida para o alcance de metas maiores. Metas de médio prazo: são aquelas que exigem um período mais longo para serem alcançadas – geralmente de dois a oito anos – e podem envolver objetivos financeiros mais significativos, exigindo um planejamento mais estruturado. • Fazer um curso de especialização ou obter uma certificação profissional. • Pagar a entrada de um imóvel. • Comprar um veículo. • Realizar uma reforma. Investimentos de curto e médio prazo desempenham um papel significativo na construção de riqueza e na realização pessoal do investidor. Um cuidado do planejador deve ser o alinhamento de expectativas, já que, neste caso, o aporte inicial e os aportes adicionais são elementos cruciais nesse processo, pois o tempo mais curto limita o crescimento exponencial vindo dos juros compostos. Metas de longo prazo: em geral, são os objetivos cuja realização se dá em um prazo acima de cinco anos. São metas de grande magnitude e que necessitam de um planejamento abrangente e consistente ao longo 29 do tempo, sendo o prazo e o retorno os componentes mais relevantes. Exemplos: • Investir para aposentadoria. • Pagar a faculdade dos filhos. • Adquirir um imóvel para moradia definitiva. No longo prazo, mesmo pequenas diferenças nas taxas de retorno podem levar a grandes diferenças no patrimônio acumulado. Investir porum período mais longo permite também maior diversificação de ativos, o que pode ajudar a mitigar riscos e potencializar retornos. Estabelecer uma linha do tempo para alcance de metas é um aspecto crítico do planejamento financeiro. A linha do tempo irá determinar as decisões de investimento a serem tomadas. Além disso, o conceito de valor do dinheiro no tempo é um aspecto fundamental, pois o dinheiro disponível hoje vale mais do que a mesma quantia no futuro, devido ao seu potencial de ganho. O poder de compra também diminui com o tempo, devido ao efeito da inflação. Ao definir a linha do tempo para os seus objetivos financeiros, considere o efeito dos juros compostos e o valor do dinheiro no tempo. Para objetivos de longo prazo, o poder dos juros compostos pode ser significativo. Por outro lado, para objetivos de curto prazo, a escolha de investimentos mais líquidos pode ser mais adequada. A importância dos aportes O aporte é um componente que impacta significativamente a acumulação de patrimônio. O aporte inicial é a quantidade de dinheiro que um investidor coloca na contratação de determinado produto 30 financeiro, e pode ter grande peso no efeito da composição ao longo do tempo. Aportes adicionais são os valores subsequentes que vão sendo aportados de forma regular ou irregular, de acordo como a vida financeira e planejamento de cada investidor. Algumas pessoas têm ganhos e gastos fixos, possibilitando aportes regulares mensalmente. Outras, porém, principalmente autônomos e profissionais liberais, têm ganhos que podem ser muito discrepantes de um mês para o outro. É completamente viável traçar um plano de investimentos adequado a cada realidade, pois isso ajuda o investidor a manter a disciplina, a paciência e a motivação, evitando que se desestimule por não conseguir fazer um excelente aporte todos os meses. Considere o perfil de investidor Ao planejar metas financeiras, considere também o perfil do investidor, que pode ser conservador, moderado ou agressivo. Isso influenciará as escolhas de investimentos adequados para alcançar seus objetivos. É bastante comum que as pessoas que não possuem conhecimentos aprofundados sobre finanças optem por investimentos ditos mais conservadores, por receio de perdas. No Brasil, conforme pesquisa da Anbima (2019), apesar de termos no Tesouro Selic uma opção mais interessante, ainda é frequente a utilização de caderneta de poupança para objetivos de curto prazo, pois é um produto ainda fortemente sedimentado no imaginário da maioria das pessoas. Por outro lado, produtos como previdência privada são geralmente usados para objetivos de longo prazo, o que na maioria das vezes não representa a opção mais vantajosa financeiramente para o investidor. 31 1.2 Cálculo de metas O cálculo de metas sempre está relacionado a uma tentativa de equacionar os componentes pretendidos pelo investidor, projetando o alcance de seu objetivo financeiro. Ou seja, é preciso encontrar um equilíbrio entre o tempo, o aporte possível e uma rentabilidade adequada ao perfil, tudo isso alcançando o valor preestabelecido para a realização da meta. Embora seja natural que o investidor queira uma garantia para saber como atingir uma meta financeira, isso não é possível, mesmo com cálculos complexos. As constantes mudanças do cenário macroeconômico, a dinâmica dos aportes e as eventuais alterações no planejamento financeiro do investidor interferem nos resultados, impossibilitando que se tenha garantias precisas sobre resultados futuros. Ainda assim, ter no cálculo de metas uma ferramenta inicial de projeção e guia para os investimentos é fundamental para que o investidor saiba onde deseja chegar e a factibilidade do investimento que está planejando para atingir sua meta no prazo determinado. Para o cálculo de metas, é importante que o investidor tenha a informação do valor necessário para atingir sua meta, o prazo desejado, o montante inicial para investimento (se houver) e os aportes mensais pretendidos. Para calcular as contribuições regulares necessárias para atingir uma meta, é preciso utilizar fórmulas financeiras. A mais comumente usada é a fórmula de valor futuro de uma série de anuidades, que calcula quanto se precisa investir regularmente para atingir um objetivo financeiro específico. 32 Em que: FV = valor futuro. Pmt = pagamento ou contribuição regular. i = taxa de juros por período. n = número de períodos. Excel: =VF(taxa,nper,pgto,[vp],[tipo]) Google Planilhas: =VF(taxa, numero_de_periodos, valor_do_pagamento, valor_atual, [fim_ou_inicio]) Taxa: Obrigatório. A taxa de juros por período. Nper ou numero_de_periodos: Obrigatório. O número total de períodos de pagamento em uma anuidade. Pgto ou valor do pagamento: Obrigatório. O pagamento feito a cada período; não pode mudar durante a vigência. Se pgto for omitido (0), você deverá incluir o argumento vp (va- lor_atual). Vp ou valor_atual: Opcional. É o valor presente ou a soma total correspondente ao valor presente de uma série de pagamentos futuros. Se vp for omitido, será considerado 0 (zero) e a inclusão do argumento pgto será obrigatória. Tipo ou fim_ou_inicio: Opcional. É o número 0 ou 1 e indica as datas de vencimento dos pagamentos, sendo 0 no início e 1 no final do período. Se for omitido, será considerado 0. ● Sempre utilizar unidades consistentes. ● Todos os argumentos de depósitos e pagamentos serão representados por núme- ros negativos; recebimentos são representados por números positivos. Aspectos relevantes no cálculo de metas Considerar o prazo do investimento, a taxa de retorno e a porcentagem de lucro ou perda dentro do período definido é fundamental, e vale reforçar que em investimentos no curto prazo, devido à volatilidade do mercado, a taxa de retorno pode oscilar significativamente. Investimentos de curto/médio prazo: geralmente, investimentos de curto prazo tendem a ter taxas de retorno mais baixas, pois o seu risco é menor. Exemplos disso incluem certificados de depósito bancário, títulos públicos federais (negociados por meio do Tesouro Direto), entre outros. 33 Esses investimentos são tipicamente mais seguros, mas oferecem retornos mais modestos. Investimentos de longo prazo: o prazo mais longo automaticamente já aumenta o risco do investimento, logo, a taxa de retorno deve ser mais alta. Isso pode incluir investimentos em ações, fundos de investimento e mesmo títulos de renda fixa com maior período de aplicação. Essas informações são premissas básicas para o cálculo de metas, mas que não podem ser consideradas isoladamente. Ao planejar investimentos, um portfólio com uma alocação diversa deve ser compreendido em sua complexidade, considerando variáveis como tributos, taxas de aplicações, o reinvestimento de rendimentos e aportes extraordinários. Outro conceito importante para o cálculo de metas, especialmente quando se pensa em aposentadoria ou independência financeira, é o valor presente da perpetuidade, uma fórmula utilizada na análise de empresas, aqui empregada à geração de valores de maneira eterna, considerando intervalos regulares, no caso, mensais. A fórmula usada em análise de empresas é: Valor Presente da Perpetuidade = Perpetuidade / Taxa. Mas, ao pensar em planejamento pessoal, a fórmula poderia ser reescrita desta maneira: Valor Investido = Renda mensal pretendida / Taxa mensal de retorno dos investimentos. Ou seja, quanto seria necessário ter investido para receber R$ 5 mil considerando rendimentos de 0,5% a.m.? Valor investido = 5000 / 0,005 Valor investido = R$ 1 milhão 34 A aplicação dessa fórmula trará como resultado as rentabilidades necessárias em um cenário projetado que servirá de base tanto para a alocação de ativos e gestão de riscos, quanto para ajustes nas expectativas do investidor em relação ao tempo e aos aportes necessários. Outro ponto relevante no cálculo de metas é a inflação. Assim como o efeito dos juros compostos sobreum capital, a inflação terá seu efeito amplificado sobre uma meta em relação ao tempo. Quanto maior o prazo, maior será o impacto da perda de valor do dinheiro. Sendo assim, é fundamental considerar a perda inflacionária, considerando a média histórica da inflação. Há duas formas de fazer esse cálculo: Corrija o valor final da meta Nesse caso, é necessário considerar uma média projetada e atualizar o valor da meta, tendo por base o prazo e a expectativa de inflação ao ano. Corrija o valor dos aportes Os aportes podem ser revistos semestralmente ou anualmente, acrescentando-lhes o valor do IPCA ou uma meta de aumento de aporte atribuída aos aportes subsequentes. Por exemplo, considerando a meta “eu quero ter R$ 10 mil para a compra de uma passagem para Paris em 6 anos e 3 meses (75 meses), investindo R$ 100 por mês” e considerando uma média da inflação de 5% ao ano (0,4074% a.m.), poderíamos corrigir o montante final para R$ 13.565,29. 35 Figura 1 – Utilização da função valor futuro de um capital na Calculadora do Cidadão, do Banco Central do Brasil Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/ exibirFormCalculoValorFuturoCapital.do?method=exibirFormCalculoValorFuturoCapital. Acesso em: 05 jul. 2023. Ou o investidor do exemplo poderia ajustar seu aporte de R$ 100 a cada período estabelecido (trimestre, semestre etc), considerando a inflação decorrida desde o último ajuste. Vamos considerar que o investidor optou por fazer a correção trimestralmente, tendo iniciado os aportes em janeiro (2023) e corrigindo no início de abril. Neste exemplo, a variação do IPCA de 01/01/23 a 31/03/23 foi de 2,094%. O valor do aporte de abril deve ser de R$ 102,09 e este seria o novo valor a ser considerado até a próxima correção. Figura 2 – Utilização da função correção de valores na Calculadora do Cidadão, do Banco Central do Brasil Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores. do?method=exibirFormCorrecaoValores. Acesso em: 05 jul. 2023. 36 1.3 Acompanhamento de metas Conforme os anos passam, é importante monitorar o progresso em direção aos objetivos e fazer os ajustes necessários. As circunstâncias financeiras podem mudar em função de cenários macro e microeconômicos ou mesmo em função de revisão de objetivos pessoais. Por isso, ser flexível e sempre acompanhar e ajustar metas e aportes é tão importante. O monitoramento e ajuste das metas financeiras são etapas cruciais para garantir o êxito do planejamento financeiro. Essas atividades permitem que você avalie o progresso, identifique desafios e faça os ajustes necessários ao longo do tempo, além de contribuir como indicador na jornada de sucesso dos investimentos. Indicadores de desempenho são métricas quantificáveis usadas para avaliar o progresso em direção aos objetivos. Para metas financeiras, indicadores comuns incluem, por exemplo: total aplicado, taxa de retorno e crescimento do patrimônio. 1. Registro e acompanhamento: escolher um sistema de monitoramento, como o uso de planilhas, aplicativos de orçamento ou até mesmo uma simples revisão periódica dos investimentos por meio de extratos da corretora ou do banco de investimentos é imprescindível. O investidor deve ter alguma forma de controle sobre o quanto investiu em relação às metas estabelecidas. 2. Análise de resultados: comparar o projetado versus realizado é fundamental para fazer ajustes, seja na alocação dos ativos ou na disponibilização dos aportes. Revisar prazos, atualizar valores ou mesmo reformular metas para torná-las mais realistas e alcançáveis faz parte do processo. A flexibilidade é uma característica importante que irá minimizar riscos, além de evitar surpresas ou frustrações. 37 3. Celebrar os marcos alcançados: comemorar conquistas ajuda a manter sua motivação ao longo do processo. É importante reconhecer e valorizar o progresso em direção aos objetivos também para a percepção de sucesso do investidor. Uma boa ferramenta para fazer o acompanhamento, além da definição de um calendário de planejamento periódico é o roadmap. Um roadmap financeiro é uma ferramenta de planejamento visual que delineia os principais objetivos e atividades em um cronograma. Ele ajuda a organizar e priorizar metas financeiras ao longo do tempo. O ponto de partida do roadmap é um cronograma realista para cada meta. Isso deve incluir prazos de início e conclusão. Estabelecido o início e a conclusão, são estabelecidos os marcos, ou milestones. Milestones são marcos significativos que indicam progresso em direção a um objetivo. No contexto financeiro, isso pode ser algo como alcançar um certo valor investido, uma porcentagem da meta atingida ou do tempo total decorrido. Identifique e incorpore Milestones ao Roadmap. Estabeleça a periodicidade da revisão ou eventos críticos para o alcance e coloque esses milestones no seu roadmap financeiro em seus respectivos prazos. O acompanhamento por marcos fornece motivação ao alcançar pequenos sucessos no caminho para metas maiores e serve como um ponto de controle para avaliar o progresso e fazer ajustes. É importante que o cliente possa perceber, ao fazer seu roadmap, as projeções e o comportamento de seus investimentos aumentados pelos juros compostos. Muitas pessoas tendem a esperar um crescimento linear de seus investimentos e acabam se frustrando. O crescimento exponencial trazido pelos juros compostos será tão maior quanto maior for o tempo disponível para que a aplicação rentabilize, como pode ser visto na Figura 3. 38 Figura 3 – Comportamento de um capital de R$ 10 mil investido e o volume de rendimento gerado, a uma taxa fixa de 10%a.a., ao longo do tempo Fonte: acervo da autora, via Legado Investe. Referências AMURI, E. Dinheiro sem medo. São Paulo: Benvirá, 2017. DORAN, G. T. There’s a S.M.A.R.T. way to write management’s goals and objectives. Management Review, v. 70, n.11, p. 35-36, 1981. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo–IPCA. 2023. KLONTZ, T.; KLONTZ, B. A Mente Acima do Dinheiro: o Impacto das Emoções em sua Vida Financeira. São Paulo: Figurati, 2017. LEGADO INVESTE. Módulo 2: Começando o caminho. Petrópolis: Legado Investe, 2022. LOCKE, E. A.; LATHAM, G. P. New directions in goal-setting theory. Association for Psychological Science, Washington, v. 15, n. 5, p. 265-268, 2006. 39 Introdução à Psicologia Econômica Autoria: Hellen Christina de Almeida Kato Objetivos • Entender o impacto da psicologia na tomada de decisões de investimento. • Aprender sobre os vieses cognitivos e comportamentais comuns que afetam os investidores. • Desenvolver estratégias para mitigar os efeitos negativos da psicologia do investimento. 40 1. Introdução à Psicologia Econômica As teorias financeiras tradicionais frequentemente adotam a premissa de que os indivíduos são racionais em todas as tomadas de decisão. Disso pressupõe-se que investidores dispõem de plenas capacidades para analisar e integrar todas as variáveis envolvidas na análise de mercado de maneira consistente, tomando decisões de investimento baseadas na maximização dos ganhos. Uma teoria fundamental nesse contexto é a Hipótese de Mercados Eficientes (HME), de autoria do economista Eugene Fama (um dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 2013), que postula que os preços dos ativos refletem prontamente todas as informações disponíveis (FAMA, 1970). Essa hipótese traz a noção de que os agentes são racionais, possuem acesso simétrico às informações e têm expectativas alinhadas. No entanto, essa abordagem idealizada não consegue explicar todas as ocorrências nos mercados de capitais, especialmente certos desvios e anomalias que sugerem que os investidores não se comportam homogeneamente e nem sempre de forma racional. Thaler (1980) descreveu que as pessoas frequentemente tomam decisões financeiras com base em heurísticas e que nem sempre são racionais. Heurísticassão atalhos mentais que o cérebro humano ativa para automatizar decisões com base em repertórios armazenados, tornando o processo mais rápido e fazendo com que ele se desenvolva com menos gasto de energia. Ocorre, porém, que o uso de heurísticas pode levar a vários vieses comportamentais, conduzindo a erros sistemáticos, decorrentes da interpretação errada ou até mesmo da busca por uma solução automática para decisões que deveriam ser tomadas de forma 41 analítica e usando uma linha de pensamento mais complexa. Os vieses comportamentais acontecem o tempo todo com a maioria das pessoas, especialmente quando elas estão sob pressão para decidir. Sendo assim, a eficiência dos mercados financeiros é influenciada não apenas pela racionalidade de seus agentes, mas também por fatores cognitivos e emocionais. Daniel Kahneman e Amos Tversky, renomados psicólogos cognitivos israelenses, foram pioneiros em estudar heurísticas e vieses na tomada de decisão em condições de incerteza. Na década de 1970, Kahneman e Tversky desenvolveram a Teoria do Prospecto, que acabou por desafiar a noção clássica de que as pessoas são racionais e consistentes em suas decisões, introduzindo a ideia de que as percepções de ganhos e perdas são assimétricas. De acordo com Kahneman e Tversky (1979), os indivíduos não avaliam ganhos e perdas de maneira absoluta, mas o fazem em relação a um ponto de referência, frequentemente baseado na situação atual ou nas expectativas, que são muitas vezes pautadas na aversão às perdas. Esta aversão implica que a dor de perder algum valor é geralmente percebida como mais intensa do que o prazer de ganhar uma quantia equivalente. Além disso, a Teoria do Prospecto introduziu o conceito de “valor subjetivo”. De acordo com ela, as pessoas atribuem valores aos possíveis resultados com base em suas percepções, que muitas vezes não coincidem com as probabilidades objetivas. Isso é particularmente evidente quando se dá peso desproporcional a probabilidades baixas de ganho ou perda. A Teoria do Prospecto tem implicações significativas em diversos campos, como finanças, economia comportamental, marketing e políticas públicas. No setor financeiro, ajudou a explicar fenômenos como o viés de disposição, em que os indivíduos tendem a vender 42 ativos que estão rendendo, enquanto mantêm ativos em declínio, na esperança de sua recuperação. Assim, podemos dizer que a psicologia econômica é um campo interdisciplinar, que integra conceitos de psicologia e economia para analisar o impacto dos processos cognitivos, emocionais e sociais no comportamento humano, em situações econômicas e de tomada de decisão. Ela busca elucidar como as decisões financeiras são tomadas, incluindo a avaliação de riscos e benefícios e o papel das preferências e emoções nas escolhas econômicas. 1.1 Heurísticas e vieses em decisões financeiras As finanças comportamentais são um campo de estudo que combina conceitos da psicologia e da economia para entender como os fatores comportamentais influenciam as decisões financeiras e os mercados financeiros. Essa abordagem reconhece que os seres humanos nem sempre são racionais em suas escolhas financeiras, e que vieses cognitivos e emocionais podem afetar o processo de tomada de decisão. Heurísticas são estratégias mentais que as pessoas usam para fazer julgamentos e tomar decisões de maneira mais eficiente (TVERSKY; KAHNEMAN, 1979). São atalhos que a mente utiliza para simplificar problemas complexos. As heurísticas frequentemente nos ajudam a tomar decisões rápidas, mas elas também podem levar a erros sistemáticos e vieses cognitivos. No contexto financeiro, as heurísticas desempenham um papel importante, pois as decisões financeiras geralmente envolvem avaliação de risco, recompensas e informações complexas. Existem diversas heurísticas e vieses comportamentais que são estudados em finanças comportamentais. Esses vieses são padrões sistemáticos de desvio do comportamento racional esperado. Alguns dos principais vieses incluem: 43 1. Aversão à perda: as pessoas tendem a valorizar mais a evitação de perdas do que a obtenção de ganhos. Isso significa que elas são mais propensas a correr riscos para evitar perdas do que para buscar ganhos. 2. Excesso de confiança: muitas pessoas têm uma visão excessivamente otimista de suas habilidades e conhecimentos, o que pode levar a uma tomada de decisão excessivamente arriscada ou a uma subestimação dos riscos envolvidos em investimentos. 3. Ancoragem: esse viés ocorre quando as pessoas baseiam suas decisões em um valor de referência inicial, mesmo que esse valor seja arbitrário ou irrelevante para a decisão em questão. As pessoas têm uma tendência a ancorar suas decisões a um valor de referência inicial e fazer ajustes a partir dele, muitas vezes sem levar em consideração informações adicionais relevantes. 4. Disponibilidade: as pessoas tendem a dar mais peso a informações ou eventos que são facilmente lembrados ou que estão mais disponíveis em suas mentes, em detrimento de informações relevantes que podem estar menos acessíveis. 5. Confirmação: as pessoas têm a tendência de buscar informações que confirmem suas crenças existentes e ignorem ou descartem informações que as contradizem, levando a uma tomada de decisão enviesada. 6. Efeito manada: esse viés ocorre quando as pessoas tomam decisões com base nas ações ou opiniões da maioria, sem considerar necessariamente a informação pertinente à situação ou análise individual de sua realidade. 7. Representatividade: esse viés ocorre quando as pessoas fazem julgamentos com base em semelhanças superficiais entre um 44 evento ou objeto e um protótipo conhecido, em vez de considerar informações estatísticas ou probabilidade. Esses são apenas alguns dos vieses comportamentais estudados em finanças comportamentais. Eles mostram que os seres humanos não são puramente racionais em suas decisões financeiras e que fatores psicológicos desempenham um papel importante nesse processo. O reconhecimento desses vieses pode ajudar os investidores e profissionais financeiros a tomar decisões mais informadas e a projetar estratégias mais eficazes para lidar com o comportamento dos mercados financeiros. 1.2 Tomada de Decisão em Finanças Tomar decisões financeiras é uma parte essencial da vida de todos. Essas decisões podem variar desde o planejamento do orçamento diário até as escolhas relativas a um plano de investimentos de longo prazo. A habilidade de tomar boas decisões financeiras pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e no bem-estar financeiro de um indivíduo. A Tomada de Decisão em Finanças é o processo pelo qual um indivíduo ou organização decide como alocar e gerenciar recursos financeiros para alcançar objetivos específicos (HASTINGS; MITCHELL, 2011). O processo de Tomada de Decisão para o investidor deve ser baseado em uma rota lógica que confira segurança e informações suficientes para a tomada de decisão frente à volatilidade do mercado e isso inclui todas as etapas estudadas anteriormente, em uma sequência lógica que deve ser conduzida pelo planejador. Estabelecimento de objetivos financeiros: é importante que essa etapa não seja pulada, por isso, o planejador deve auxiliar o cliente a 45 definir metas claras e tangíveis. Exemplo: economizar para a educação, comprar uma casa ou aposentar-se confortavelmente. Coleta de informações e análise de opções: é papel do planejador apresentar opções de planejamento e investimento, reunindo informações sobre diferentes opções, com avaliação do potencial de retorno e do nível de risco associado a cada opção. É importante que o planejador considere a tolerância pessoal ao risco, o que muitas vezes pode ser deixado em segundo plano pelo cliente quando deseja maiores rentabilidades para suas metas. Tomada de decisão e implementação: escolher a opção que melhor se alinha aos objetivos financeiros e à tolerância ao risco.Pode ser papel ou não do planejador implementar o plano financeiro, mas é importante manter o relacionamento com o cliente ativo, para realizar as revisões e ajustes, monitorando o desempenho do plano regularmente. Para estabelecer uma boa relação e compreender as decisões tomadas pelo cliente, é fundamental estabelecer uma relação transparente e que leve em consideração os diversos fatores aos quais os indivíduos estão expostos ao lidar com o dinheiro, tais como: Fatores pessoais Aversão ao risco: a predisposição de um indivíduo a evitar riscos pode afetar sua forma de fazer escolhas financeiras. Alguém avesso ao risco pode preferir investimentos mais seguros, mesmo que isso signifique um retorno potencial mais baixo. Objetivos de vida: as metas pessoais e profissionais de um indivíduo influenciam os tipos de decisões financeiras que ele tomará. Por exemplo, alguém que deseja começar um negócio pode optar por economizar mais agressivamente. 46 Conhecimento financeiro: a familiaridade com conceitos financeiros afeta a capacidade de tomar decisões informadas. A falta de conhecimento pode levar a escolhas financeiras inadequadas. Situação financeira atual: a situação financeira atual, incluindo renda e dívidas, afetará as opções disponíveis para um indivíduo e, portanto, suas decisões. Fatores econômicos Condições de mercado: as tendências do mercado de ações, imobiliário e outras áreas de investimento podem influenciar as decisões financeiras. Taxas de juros: taxas de juros mais altas podem tornar os empréstimos mais caros e a renda fixa mais atrativa, enquanto taxas mais baixas podem incentivar alternativas como o financiamento para viabilizar a realização de metas. Inflação: a inflação pode corroer o poder de compra e deve ser levada em consideração ao tomar decisões de investimento. Fatores sociais Pressão dos colegas: a comparação social e o desejo de acompanhar os estilos de vida dos outros podem influenciar o comportamento de gastos e investimentos. Responsabilidades familiares: ter dependentes ou outras responsabilidades familiares pode afetar as prioridades financeiras. Por esse motivo, o planejamento vai muito além de uma projeção matemática. A tomada de decisão em finanças é um processo contínuo que requer planejamento, análise e avaliação cuidadosos. Compreender 47 os fatores que influenciam as decisões financeiras e evitar erros comuns pode ajudar a alcançar objetivos financeiros de maneira mais eficaz. 1.3 Estratégias para o investidor Um boom de evidências acumuladas nas últimas décadas mostra que a tomada de decisões financeiras em todos os níveis da economia muitas vezes se afasta das previsões de modelos de processamento racional de informações. Shefrin e Statman (2000) explicam que os seres humanos são propensos a buscar gratificação imediata, o que pode afetar as decisões de investimento. Eles apontam que, ao contrário dos pressupostos da teoria da utilidade esperada, os investidores tendem a ser myopic loss averse (aversos a perdas miópicas) e muitas vezes tomam decisões que não maximizam a riqueza a longo prazo. Benjamin Graham, em seu livro “O investidor inteligente” (2016), publicado pela primeira vez em 1949, sugere que o planejamento de investimentos de longo prazo exige a superação de inclinações naturais. Ele introduz a ideia de que os investidores devem ser capazes de controlar suas emoções e de não se deixar levar pelas tendências do mercado. Assim, entender o cérebro humano pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de investimento mais eficazes. Ao compreender a psicologia por trás da tomada de decisões e aplicar estratégias comprovadas, é possível fazer investimentos mais informados e bem-sucedidos. A chave para isso é gerenciar as emoções e ser metódico na abordagem de investimento. Aqui estão algumas abordagens estratégicas baseadas em insights da neurociência: Manter um registro de investimentos: fazer um diário detalhado das decisões de investimento e fatores contextuais pode ajudar a identificar padrões e aprimorar a tomada de decisões. O viés denominado lacuna de empatia quente-frio se refere à tendência de nosso julgamento a ser altamente influenciado por nosso estado emocional atual, tornando- 48 nos menos capazes de compreender emoções que diferem do estado em que nos encontramos. Para mitigar esse viés, investidores devem considerar implementar um período de reflexão ou processos adicionais antes de concretizar investimentos, discutir ou documentar raciocínios prévios a decisões de investimento e postergar decisões financeiras durante períodos de tumulto emocional ou crises, para preservar os investimentos de ações impulsivas. Começar com investimentos pequenos e diversificados: investir muito em um único ativo ou classe de ativos pode expor o investidor a riscos desnecessariamente altos. A diversificação é uma técnica essencial para gerenciar riscos. Mesmo investidores experientes podem experimentar prejuízos ao apostar na concentração de estratégias, devido, por exemplo, à ocorrência de Cisnes Negros. Taleb (2021) sugere que estes são eventos raros, mas de alto impacto, que têm um papel significativo na direção dos acontecimentos mundiais, algo que os modelos convencionais não preveem. Automatizar e criar obstáculos estratégicos: automatizar investimentos e criar obstáculos estratégicos (como verificar duas vezes antes de comprar ou vender) pode ajudar a evitar decisões impulsivas. As decisões financeiras tomadas sob o impulso de emoções, como medo ou euforia, podem não ser racionais e levar a resultados indesejados. Um exemplo clássico desse tipo de situação é vender ações durante uma queda do mercado por medo de perder mais dinheiro. Automatizar os investimentos seguindo, por exemplo, uma estratégia predeterminada de stop gain e stop loss é fundamental para evitar vieses como o de aversão à perda, excesso de confiança e framing. Aprender com os erros e ajustar as estratégias: segundo Daniel Kahneman em “Rápido e Devagar” (2012), é essencial aceitar que erros acontecem e aprender com eles para ajustar suas estratégias 49 de investimento. Os nossos cérebros são dotados de uma habilidade notável, conhecida como neuroplasticidade, que se refere à aptidão de mudar e assimilar novas estratégias e conhecimentos a partir de novas vivências, incluindo a aprendizagem na área de investimentos. Ao examinar escolhas de investimentos passadas e discernir tendências, é possível obter conhecimentos significativos e calibrar táticas adequadamente. É importante conscientizar o investidor de manter-se informado sobre valores referenciais relevantes, tais como taxas de câmbio, índices de inflação e referências interbancárias, para evitar alicerçar suas decisões em parâmetros desatualizados ou irrelevantes. A fim de contornar o viés de ancoragem, é aconselhável que o investidor esteja especialmente atento aos valores utilizados como referências, e que se assegure de que sejam fundamentados, em vez de meras âncoras arbitrárias. Seguir a sua estratégia: “Mesmo o investidor inteligente provavelmente precisará de força de vontade considerável para evitar seguir a multidão” (GRAHAM, 2016, p. 228). A tendência de seguir a multidão, particularmente em grandes grupos, é motivada por medo de cometer erros por conta própria. No entanto, essa mentalidade de rebanho pode levar a bolhas financeiras e também ao comportamento de comprar na alta e vender na baixa. A tendência humana de projetar indefinidamente tendências presentes para o futuro, especialmente quando são positivas, desempenha um papel nisso. Aproximadamente 80% da população global exibe um viés de otimismo, em que o cérebro tende a buscar mais informações positivas do que negativas, necessitando de comunicações que destaquem ações para resultados benéficos, inclusive em investimentos. Contudo, em circunstâncias de estresse severo, como 50 queda significativa na bolsa devalores, ocorre uma alteração no padrão cognitivo e o cérebro adquire maior sensibilidade às notícias negativas. Isso afeta primariamente indivíduos de meia-idade, enquanto adolescentes e adultos jovens, que mantêm um maior viés de otimismo, tendem a assumir mais riscos nos investimentos (SHAROT, 2016). Evitar tomar decisões baseadas em emoções: Mosca (2009) observa que histórias tendem a captar mais a atenção e serem consideradas mais importantes por pessoas do que números e estatísticas. Exagerar a importância de eventos altamente divulgados, mas de baixa probabilidade é um exemplo de viés de disponibilidade. Desastres aéreos e a subsequente redução no número de passageiros são casos emblemáticos disso. Não superestimar a própria capacidade: este erro é conhecido como excesso de confiança e pode levar os investidores a tomar decisões sem uma análise adequada, pensando que seus palpites ou julgamentos são melhores do que realmente são (BARBER; ODEAN, 2001). O volume elevado de transações nos mercados de capitais questiona a suposição de racionalidade dos investidores. Os investidores teriam um desempenho melhor se mantivessem suas posições por mais tempo, mas a excessiva confiança muitas vezes leva a perdas devido aos custos de transação, um fator subestimado nas finanças tradicionais. Tversky e Kahneman (1974) propõem que as pessoas simplificam problemas complexos ao tomar decisões, geralmente baseando- se em um conjunto de crenças fundamentais e probabilidades subjetivas. Evitar a procrastinação: adiar a tomada de decisões financeiras importantes pode ter um impacto significativo a longo prazo. 51 Começar a economizar e investir cedo é fundamental para aproveitar o poder dos juros compostos. Referências BARBER, B. M.; ODEAN, T. Boys will be boys: gender, overconfidence, and common stock investment. The Quarterly Journal of Economics, v. 116, n. 1, p. 261- 292, 2001. FAMA, E. F. Efficient Capital Markets: A Review of Theory and Empirical Work. The Journal of Finance, v. 25, n. 2, p. 383–417, 1970. GRAHAM, B. O investidor inteligente.1 ed. Rio de Janeiro: Harper Collins Brasil, 2017. HASTINGS, J.; MITCHELL, O. S. Financial Literacy: Implications for Retirement Security and the Financial Marketplace. Oxford: Oxford University Press, 2011. KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. Prospect theory: An analysis of decision under risk. Econometrica, v. 47, n. 2, p. 263-292, 1979. KAHNEMAN, D. Rápido e Devagar: duas formas de pensar. Objetiva: São Paulo, 2011. MOSCA, A. Finanças comportamentais: gerencie suas emoções e alcance sucesso nos investimentos. Rio de Janeiro: Elsiever, 2009. SHAROT, T. O viés otimista: Por que somos programados para ver o mundo pelo lado positivo. São Paulo: Rocco, 2016. SHEFRIN, H.; STATMAN, M. Behavioral Portfolio Theory. Journal of Financial and Quantitative Analysis, p. 127-151, 2000. TALEB, N. A lógica do Cisne Negro. São Paulo: Objetiva, 2021. THALER, R. H. Toward a positive theory of consumer choice. Journal of Economic Behavior & Organization, v. 1, n. 1, p. 39-60, 1980. TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D. Advances in prospect theory: Cumulative representation of uncertainty. Journal of Risk and Uncertainty, v. 5, n. 4, p. 297- 323, 1992. TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D. Judgment under Uncertainly:Heuristics and Biases: biases in judgments reveal some heuristics of thinking unde uncertainly. Journal of Risk and Uncertainty, v. 5, n. 4, p. 297-323, 1974. 52 Habilidades de Relacionamento com Clientes no Setor Financeiro Autoria: Hellen Christina de Almeida Kato Objetivos • Entender os conceitos de “satisfação do cliente” e “sucesso do cliente” e suas aplicações no relacionamento com investidores. • Explorar habilidades socioemocionais para construir relações melhores com seus clientes. • Conhecer as fontes orientadoras dos princípios que regem uma relação ética e transparente com os clientes do profissional de finanças. 53 1. Habilidades de relacionamento com clientes no setor financeiro Garantir a satisfação dos clientes por meio de relacionamentos sólidos, pautados em credibilidade e crescimento contínuo dos negócios, é algo que demanda do profissional de planejamento financeiro uma combinação inteligente de habilidades técnicas e socioemocionais. Essas habilidades socioemocionais são fundamentais à qualidade e consistência do relacionamento com o cliente e demandam que o planejador possua um conjunto de soft skills a serem aplicadas em variadas situações e ambientes ao longo da construção de sua relação com os clientes. 1.1 Habilidades socioemocionais do planejador Soft skills são habilidades não técnicas e não específicas do setor, relacionadas às competências sociais, emocionais e comportamentais de uma pessoa. Essas habilidades são mais voltadas para as interações humanas e são geralmente aplicáveis em diferentes contextos profissionais e pessoais. As soft skills são complementares às hard skills, que são habilidades técnicas e específicas de uma área de atuação. Enquanto as hard skills são adquiridas por meio de treinamento e educação formal, as soft skills são mais difíceis de ser ensinadas e são desenvolvidas ao longo do tempo, por meio de experiências, interações sociais e autoaperfeiçoamento. Alguns exemplos comuns de soft skills incluem: 1. Comunicação efetiva: o planejador financeiro deve ser capaz de transmitir informações complexas de forma clara e concisa. Ele deve 54 ser capaz de ouvir atentamente seus clientes, compreender suas necessidades e objetivos e responder de maneira apropriada. No contexto dos planejadores financeiros, a habilidade de comunicação pode se manifestar de várias formas: a. Clareza: os conceitos e termos financeiros devem ser explanados aos clientes de forma simples e acessível, evitando o uso de jargões técnicos que possam confundir ou causar insegurança. O planejador deve dominar a capacidade de traduzir informações complexas, adaptando-se ao nível de conhecimento financeiro de cada cliente. b. Escuta ativa: a comunicação eficaz também envolve a habilidade de ouvir atentamente as preocupações, necessidades e objetivos dos clientes, com empatia e atenção. Isso envolve demonstrar interesse genuíno, fazer perguntas relevantes e responder de maneira apropriada, garantindo que todas as informações relevantes sejam compreendidas e consideradas. c. Adaptação ao público-alvo: cada cliente é único, com diferentes níveis de conhecimento financeiro e preferências de comunicação. É altamente relevante que o planejador adapte o seu estilo de comunicação ao perfil do cliente, escolhendo a abordagem adequada para transmitir informações e construir confiança. Isso pode envolver o uso de exemplos práticos, gráficos, apresentações visuais ou outras técnicas de comunicação que sejam mais eficazes para cada cliente. d. Habilidades de apresentação: em certas situações, pode ser necessário fazer apresentações formais para grupos de clientes ou colegas. Nesses casos, é fundamental ter habilidades de apresentação persuasivas, estruturadas de forma lógica, usar recursos visuais de apoio, controlar o tom de voz e o ritmo da fala, 55 além de responder a perguntas e objeções de forma confiante e coerente. e. Escrita eficaz: além da comunicação verbal, a habilidade de comunicação escrita é imprescindível. As habilidades de redigir relatórios, análises e documentos claros, concisos e de fácil compreensão e que transmitam informações complexas de forma organizada e coerente, constituem um pilar estrutural na relação de confiança com o cliente. f. Gestão de conflitos: a habilidade de comunicação também abrange a capacidade de lidar com situações de conflito ou resistência por parte dos clientes. O planejador financeiro deve ser capaz de lidar com objeções, discordâncias ou preocupações de forma diplomática e respeitosa, buscando soluções amigáveis e mantendo uma comunicação aberta e construtiva. 2. Empatia: a empatia é uma soft skill fundamental,
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