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1 RESPONSABILIDADE FISCAL 1 Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE FISCAL ......................................... 4 CRIAÇÃO DA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL ................................ 6 O QUE É A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL .................................... 7 O CONTADOR E A RESPONSABILIDADE FISCAL ................................... 9 INOVAÇÕES DA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL ......................... 10 DESPESA PÚBLICA .................................................................................. 11 DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁER CONTINUADO ...................... 15 DESPESA COM O PESSOAL ................................................................ 16 DESPEZA COM A SEGURIDADE SOCIAL ............................................... 20 TRANSPARÊNCIA ..................................................................................... 21 DIVIDA PÚBLICA ....................................................................................... 22 METAS FISCAIS ........................................................................................ 23 COMPENSAÇÕES .................................................................................... 24 ANO DE ELEIÇÃO ..................................................................................... 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 26 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A responsabilidade fiscal é caracterizada pelas práticas adotadas pela administração governamental que visam garantir a solidez e a sustentabilidade da política fiscal, de modo a defender o cidadão, de hoje e de amanhã, por meio da busca permanente do equilíbrio dinâmico entre receitas e despesas e da transparência do gasto público. No Brasil, o arcabouço legal que norteia a responsabilidade fiscal é a Lei Complementar n º 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF), de 4 de maio de 2000, abrangendo todos os entes governamentais. A LRF, de acordo com o seu Art. 1º, "estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal". O mesmo artigo também define que "a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar". A LRF estabelece regras fiscais, por meio de limites e regras processuais, de forma a assegurar políticas consistentes ao longo do tempo. Em relação às regras processuais, a LRF estabelece critérios e parâmetros para a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), além de outros temas. Quanto aos limites, são apresentados critérios para estabelecimento do nível de gastos, das metas de resultado, de receitas, despesas, dívidas, etc. 4 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei Complementar nº 101 (LC101), ou Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), é um dos principais instrumentos de disciplina fiscal do Brasil. Instituída em 2002, a LRF foi a culminação de esforços dos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso rumo ao equilíbrio das contas públicas em todas as esferas de governo, influenciada por medidas similares em outros países e recomendações de órgãos internacionais especializados, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ela faz uso de uma série de instrumentos constitucionais pré-existentes - a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Lei Orçamentária Anual (LOA), a execução orçamentária e o cumprimento das metas - para fortalecer os meios de responsabilização (accountability) e a transparência de contas da gestão pública, estabelecendo sanções e punições para os governantes que a infringirem. Embora não poucas vezes desrespeitada, a LRF é considerada, junto com o Plano Real, um marco definitivo na estabilização tanto das contas públicas quando da economia brasileira, solidificando a reputação do país na comunidade financeira internacional. A notória instabilidade econômica que o Brasil vivia nos últimos anos da ditadura e nos primeiros da Nova República, especialmente nos governos de José Sarney (1985-90) e Fernando Collor (1990-92), pressionou os governantes a criar mecanismos de estabilização econômica. O Plano Real foi o primeiro bem sucedido, implementado no governo de Itamar Franco por um time de especialistas como Armínio Fraga, Pedro Malan e Winston Fritsch. Com ele, a hiperinflação, que superara 1700% no acumulado anual de 1989, foi domada e a economia voltou a respirar. Necessitava-se, entretanto, disciplinar os gastos públicos, cujo descontrole em todas as esferas nacionais (União, Estados e municípios) condenava o poder público a um crônico endividamento e falta de recursos. Na época, o Brasil se aproximava da corrente econômica do monetarismo, influenciada pela Escola de Chicago e então cerne da política fiscal norte-americana, e de instituições globais como o FMI, cujas recomendações de políticas públicas incluíam maior transparência nos atos políticos, publicidade das contas (informações orçamentárias claras e disponíveis para análise) e planejamento firme. O sistema de 5 metas fiscais e punições do Tratado de Maastricht, que regulamentava a Comunidade Econômica Europeia (precursora da União Europeia), também foi outra clara influência para a LRF, junto com o Ato de Reforço Orçamentário dos EUA (metas de superávit, compensação orçamentária...) e o Ato de Responsabilidade Fiscal da Nova Zelândia (redução da dívida pública, foco na transparência do Executivo...). Iniciado em 1995, o Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal de Estados foi o mais significante antecedente nacional da LRF, legando-lhe princípios como o controle de despesa pessoal, modernização dos sistemas de arrecadação, metas fiscais e controle das dívidas estaduais. 6 CRIAÇÃO DA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ou Lei Complementar nº 101, foi criada no início dos anos 2000 com o intuito de estabelecer normas direcionadas para a responsabilidade dos gestores com relação às finanças públicas. Entre as décadasde 1980 e 1990, o Brasil passou por um período de grande instabilidade econômica. Isso fez com que o governo federal criasse mecanismos de estabilização. O primeiro deles foi o Plano Real, ainda no governo Itamar Franco. Com ele, a hiperinflação foi domada. No entanto, o descontrole de gastos mantinha todas as esferas do poder público endividadas e sem recursos. A LRF surge, então, para sanar esse tipo de problema e buscar a austeridade. Os contadores da área pública precisam realizar as suas atividades de acordo com regras e normas específicas, assim como também têm o papel de serem aliados à Lei de Responsabilidade Fiscal que não extinguiu as leis anteriores da gestão e contabilidade pública, mas veio para complementar estas, obrigando os gestores a trabalharem com a responsabilidade fiscal no exercício de sua função. 7 O QUE É A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada com o intuito de definir o limite de gastos dos estados e municípios conforme a quantidade de tributos arrecadados por esses entes da Federação Brasileira. Com essa atitude, a Lei de Responsabilidade Fiscal busca criar uma condição de equilíbrio orçamentário, financeiro e fiscal. Essa lei foi implantada na tentativa de inibir uma prática comum de alguns governantes, que faziam grandes gastos ao final de seu mandato para que esses valores fossem pagos pelos próximos representantes eleitos. A Lei de Responsabilidade Fiscal incentivou, portanto, mais transparência nos gastos públicos, o que é de grande valia no combate à corrupção. A Lei de Responsabilidade Fiscal foi promulgada com o intuito de a administração pública buscar a excelência na gerência dos seus recursos, no entanto, não é sempre que o gestor age de forma correta e cumpre o que determina a LRF. Por isso, a lei determina algumas sanções ou penalidades para quem descumpri-la: Crime de Responsabilidade O descumprimento à aplicação de dispositivos regidos pela LRF pode implicar em conduta típica de crimes de responsabilidade. Esse tipo de crime pode levar à cassação do mandato. Improbidade Administrativa A realização de atos que indiquem enriquecimento ilícito através de apropriação indevida de bens públicos (como, por exemplo, desvio de recursos) e a realização de atos que violem deveres, como honestidade, legalidade, imparcialidade e lealdade no exercício do cargo, podem incorrer na Lei da Improbidade Administrativa, podendo resultar na perda dos direitos políticos dos envolvidos e obrigá-los a ressarcir o órgão público até mesmo através da indisponibilidade dos seus bens. A lei prevê o uso de alguns mecanismos para que os entes da federação atuem de forma transparente. Quanto ao planejamento, um dos principais conceitos da LRF 8 é a necessidade da execução e vinculação do o Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. Com a LRF, ficou determinado que recursos vinculados a determinada finalidade não pode ser utilizados para outra. Essa é uma forma de evitar que verbas destinadas à Educação, por exemplo, tenham um fim diverso. A legislação também prevê um limite para o tamanho da dívida pública. Essa não pode ser maior do que duas vezes a Receita Corrente Líquida, no caso dos Estados. Já para os municípios, o limite é de 1,2 vezes. Outro ponto de destaque da LRF é o limite para a despesa com pagamentos de salário. Isso leva em conta os gastos com servidores ativos, inativos, pensionistas. Os valores em relação ao total da arrecadação são os seguintes: União: 50%; Estados e Municípios: 60%. Por fim, um dos pontos mais importantes da Lei de Responsabilidade Fiscal, e que interessa aos contribuintes é a questão de transparência. Em geral, a LC101 exige a elaboração e obediência a orçamentos objetivos, o respeito às metas fiscais, a compensação orçamentária (novos gastos devem ser justificados e vir de fontes correlatas de financiamento) e o equilíbrio entre receitas e despesas, tudo com foco em médio e longo prazo, de modo que um governo não prejudique as finanças públicas e repasse as consequências ao governo seguinte. Ela é válida para todos os Poderes e órgãos públicos do país, incluindo Tribunais de Contas, o Ministério Público, administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais, e prevê variadas punições conforme o princípio desrespeitado, sendo as mais comuns cassação de mandato (ex.: ultrapassar o limite de despesa com pessoal), anulações do ato infrator (aumento de despesa com pessoal em desacordo com a lei), multas sobre os vencimentos anuais (não apresentar Relatório de Gestão Fiscal, não cumprir metas de controle de dívidas) e reclusões (falhar em adotar as medidas da LRF, ultrapassar os limites de gastos, etc). Segue ilustrado abaixo o artigo 1 da Lei de Responsabilidade Fiscal 9 (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal ) O CONTADOR E A RESPONSABILIDADE FISCAL A contabilidade é a ciência que produz informações sobre os atos e fatos da administração de uma entidade, seja ela pública ou privada. E se há o compromisso e a obrigação da transparência, o papel do contador é fazer os registros de forma correta e eficaz. Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o contador possui uma responsabilidade com a sociedade de mensurar o resultado econômico e avaliar o desempenho financeiro da administração pública de forma transparente e crítica, de maneira que as prestações de contas das entidades resultem em informações confiáveis. O contador vai agir como um orientador e, ao mesmo tempo, um fiscalizador dos governantes quanto à sua responsabilidade com os gastos públicos. O contador também ajuda o gestor público a compreender a situação financeira do ente administrativo, fornecendo os indicadores necessários para que ele tome decisões de forma segura e competente, zelando pelo cumprimento da LRF. O profissional contábil passa a ter, então, um papel social de grande importância, pois auxilia diretamente a administração pública e o cumprimento das normas. 10 INOVAÇÕES DA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF deu forma ao Relatório Resumido da Execução Orçamentária, definiu o que compõe o relatório, como se publica essa informação. Também trouxe como inovação o relatório de gestão fiscal, que visa demonstrar se foram atingidas as metas e os limites estabelecidos na lei de responsabilidade fiscal. Outra inovação é que a lei exigiu que as receitas vinculadas tenham a contabilização de onde está evidenciado o que já foi aplicado e qual é o saldo. A lei também passou a dar uma maior importância e visibilidade à contabilidade. 11 DESPESA PÚBLICA Pela LRF, são consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam ao seguinte: A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. considera-se adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metasprevistos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. As limitações acima, constituem condição prévia para: empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; desapropriação de imóveis urbanos com o pagamento de indenizações. Os limites das despesas com pessoal são diferentes para os três poderes da União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Na União, o limite máximo com folha de pagamento é de 50% da receita líquida, distribuídos da seguinte forma: 12 ( Fonte: https://www.insaj.com.br/lei-de-responsabilidade-fiscal/ ) 13 Já nos estados, o valor máximo do orçamento destinado aos pagamentos dos colaboradores é de 60% da receita: ( Fonte: https://www.insaj.com.br/lei-de-responsabilidade-fiscal/ ) Nos municípios, o teto para essa despesa também é de 60% da receita líquida, mas não tem tantas divisões: 14 ( Fonte: https://www.insaj.com.br/lei-de-responsabilidade-fiscal/ ) 15 DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁER CONTINUADO Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de ato normativo que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Os atos que criarem ou aumentarem despesa obrigatória de caráter continuado deverão ser instruídos com a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio, além do que, o ato deverá ser acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, serem compensados pelo aumento permanente de receita (elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição) ou pela redução permanente de despesa. A necessidade de estimar o impacto orçamentário-financeiro não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal quando esta se tratar de revisão geral da remuneração dos servidores públicos, em determinada data-base. Além disso, considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado. 16 DESPESA COM O PESSOAL A LRF entende como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência, além dos valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos, os quais serão contabilizados como Outras Despesas de Pessoal. A despesa total com pessoal é apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência. Os limites da despesa total com pessoal são (em percentual da receita corrente líquida): União: 50%; Estados: 60%; Municípios: 60%. Na verificação desses limites não serão computadas as despesas: de indenização por demissão de servidores ou empregados; relativas a incentivos à demissão voluntária; derivadas da convocação extraordinária do Congresso Nacional; 17 decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração; com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União; com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes: da arrecadação de contribuições dos segurados; da compensação financeira entre diferentes sistemas de previdência; demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro. Além desses limites, a LRF estabelece como eles devem ser divididos dentro de cada esfera governamental: na esfera federal: 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União; 6% para o Judiciário; 40,9% para o Executivo; 0,6% para o Ministério Público da União; na esfera estadual: 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado; 6% para o Judiciário; 49% para o Executivo; 2% para o Ministério Público dos Estados; na esfera municipal: 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; 54% para o Executivo. A LRF trata ainda do controle da despesa total com pessoal, estabelecendo que é nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não apresente estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes e a declaração do ordenador da 18 despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e que não atenda às regras para criação de despesa obrigatória de caráter continuado ou ainda, que não atenda ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão. A verificação do cumprimento dos limites da despesa com pessoal será realizada ao final de cada quadrimestre e se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite, são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no excesso: concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão da remuneração em data-base; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; contratação de hora extra, salvo no caso de convocação extraordinária do Congresso Nacional e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. Caso a despesa total com pessoal ultrapassar os limites definidos na LRF, sem prejuízo das medidas previstas acima, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando- se, entre outras, as providências: 19 redução das despesas com cargos em comissão e de confiança em pelo menos 20% (extinção ou redução de salário e redução da carga horária, este último é facultativo); exoneração de servidores não estáveis. Caso não se alcance a redução da despesa no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: receber transferências voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. Estas restrições aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato. 20 DESPEZA COM A SEGURIDADE SOCIAL Segundo a LRF, nenhum benefícioou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, atendidas ainda as exigências para criação de despesa obrigatória de caráter continuado. Dispensa-se da compensação exigida para criação de despesa de caráter continuado, o aumento de despesa decorrente de: concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real. 21 TRANSPARÊNCIA Um adendo em vigor desde 27 de maio de 2009, a Lei Complementar 131, facilita a participação de toda a sociedade essencialmente no acompanhamento, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, por meio eletrônico, popularmente conhecidos como 'portais da transparência'. Também fixa prazos para o cumprimento destes portais, a contar da data da publicação desta lei: I – Um ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; II – Dois anos para os municípios que tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; III – Quatro anos para os municípios que tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitantes 22 DIVIDA PÚBLICA O Senado Federal estabelecerá limites para a dívida pública, por proposta do Presidente da República. Tais limites serão definidos também como percentuais das receitas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Isto significa que os governantes deverão respeitar a relação entre a dívida e sua capacidade de pagamento. Ou seja, o governante não poderá aumentar a dívida para o pagamento de despesas do dia-a-dia. Lembrando sempre que: se o governante verificar que ultrapassou os limites de endividamento, deverá tomar providências para se enquadrar, dentro do prazo de doze meses, reduzindo o excesso em pelo menos 25%, nos primeiros quatro meses. Mas, se depois disso, continuarem a existir excessos, a administração pública ficará impedida de contratar novas operações de crédito. 23 METAS FISCAIS A LRF determina o estabelecimento de metas fiscais trienais. Isso permite que o governante consiga planejar as receitas e as despesas, podendo corrigir os problemas que possam surgir no meio do caminho. É como conduzir um barco: quando tem um rumo é possível planejar as manobras necessárias para se chegar até lá, mesmo que algumas sejam difíceis e tenham que ser corrigidas ao longo do caminho. Além disso, com as metas fiscais, fica mais fácil a prestação de contas à sociedade, porque se sabe o que está sendo feito e como está sendo feito para se atingir um objetivo - com isso a sociedade pode manifestar suas opiniões e colaborar para melhorar a administração pública. 24 COMPENSAÇÕES A Lei estabelece que nenhum governante poderá criar uma nova despesa continuada - por prazo superior a dois anos - sem indicar sua fonte de receita ou a redução de uma outra despesa. Essa é a lógica da restrição orçamentária: se você quer comprar um carro a prestação, precisa ter um dinheiro reservado para pagar as prestações todo mês, ou então, precisa diminuir outros gastos. Isso funciona da mesma forma para o orçamento público. 25 ANO DE ELEIÇÃO Diante da mudança de gestão devido a ano eleitoral, a lei proíbe os governantes de assumirem dívidas que não possam ser pagas no mesmo ano. Assim, a mesma só pode ser transferida para o ano seguinte (no caso, para a nova gestão) se houver fundos disponíveis em caixa. Também está proibida qualquer ação que venha a aumentar gastos com pessoal nos Poderes Legislativo e Executivo no período de 180 dias que antecedem o final da legislatura ou mandato dos chefes do Poder Executivo. A lei estabelece inúmeras outras diretrizes para um verdadeiro reajuste nas finanças públicas que complementam os tópicos acima citados. Longe de ser mais uma lei em vigor, a Lei de Responsabilidade Fiscal é um grande avanço do corpo legislativo brasileiro e também da comunidade nacional. Nunca se falou tanto em moralizar as contas públicas como nos últimos anos e a própria população vem percebendo que se o governo não “aperta o cinto”, quem paga a conta é sempre o contribuinte. Espera-se, com isso, dentre inúmeros outros benefícios, manter o equilíbrio das contas públicas, indispensável ao crescimento econômico do país e à paz e ao bem-estar social. 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS O primeiro objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal são o ajuste fiscal definitivo e o saneamento financeiro. Entretanto, diante de dispositivos tão avançados para a matéria, conseqüentemente advirão outros benefícios, como o equilíbrio das contas públicas e, o que é altamente positivo, a mudança da própria postura dos brasileiros diante de seus governantes, que os tornará mais conscientes de fiscalizar o desempenho dos homens públicos no que diz respeito ao trato e ao destino dado à coisa pública. O que a lei propõe, antes de tudo, é uma “reeducação” dos governantes e agentes públicos, no sentido de moralizar os representantes do povo, dando origem à um novo comportamento moral Esta lei, antes de ser apenas uma dentre tantas, juntamente com os demais dispositivos legais que cerceiam a matéria legal, é uma das melhores armas do cidadão no controle e fiscalização dos atos dos governantes e representantes públicos de que se tem notícia. Uma lei avançada e moderna para um país que entra no Século XXI disposto a vencer suas dificuldades. Mais que isso, disposto a moralizar-se. 27 REFERÊNCIAS "Dicas sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal". Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Brasília, mai. 2005. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento/lei-de-responsabilidade- fiscal/dicas/080807_pub_lrf_dicas_port.pdf>. Data de acesso: 28 de julho de 2016. "Infrações da Lei de Responsabilidade Fiscal e suas penalidades". Tesouro Nacional, Brasília. 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