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MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS Febre de origem obscura Febre prolongada sem que se saiba a causa/ diagnóstico da febre. Deve-se investigar para identificar a sua origem. REGULAÇÃO TÉRMICA MECANISMO AFERENTE OU SENSOR: • Aumento da temperatura e desajuste da homeotermia • Receptores térmicos da pele e vasos sanguíneos que levam informações ao SNC para que ele reequilibre todo o sistema e regule a temperatura • Informam as variações de temperatura ocorridas nas diversas partes do organismo e do ambiente. • Receptores térmicos existentes na pele, vasos sanguíneos, abdome, medula óssea e no próprio hipotálamo. MECANISMOS INTEGRADORES OU CENTRAL: • Hipotálamo: A área pré- ótica funciona como um termostato, ajustando para manter a temperatura em um determinado nível chamado set-point. MECANISMOS EFETORES: • Sistema vegetativo, SNC e sistema endócrino. DEFINIÇÕES FEBRE: É uma elevação da temperatura corporal que ultrapassa a variação diária , causada pela produção de pirógenos internos e ocorre associada ao aumento do ponto de ajuste hipotalâmico (por exemplo de 37°c para 39°c). • Temperatura maior durante o dia e menor na hora de dormir • A febre é quando ultrapassa a temperatura diária • Relacionado ao set-point de temperatura HIPERTERMIA: Caracteriza-se pelo aumento da temperatura que ultrapassa a variação diária normal, associado a um ponto de ajuste do hipotálamo inalterado. Causas: • Aumento da produção de calor ou aquisição de calor do meio externo: exercícios físicos, drogas, medicamentosa, endocrinopatias (hipertireoidismo, feocromocitoma etc.) Incapacidade corporal de perda de calor: sequelas de queimaduras, displasias ectodérmicas etc. lesões no hipotálamo, atrapalhando a homeostase térmica: lesão de SNC (AVE, traumas etc.) Estímulos provocam a ativação das células do sistema imune inato, que ativam as citocinas pirogênicas. • As citocinas pirogênicas estimulam a produção de prostaglandinas e que provocam o reajuste de temperatura hipotalâmico. MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS RESPOSTAS DE FASE AGUDA A febre nunca ocorre sozinha, sempre acontece associada a outros sintomas como uma Síndrome Febril. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: sonolência, prostração, astenia, mialgia, artralgia, hiporexia e outros sintomas inespecíficos. ALTERAÇÕES NA SÍNTESE DE PROTEÍNAS HEPÁTICAS: proteína C reativa, fibrinogênio, complemento C3 e C4, ferritina e outras. ALTERAÇÕES HORMONAIS: aumento de TSH, cortisol, aldosterona, catecolaminas, insulina, glucagon, na glicogênese, metabolismo lipídico, diminuição da concentração de ferro e zinco. SEMIOLOGIA DA FEBRE TEMPERATURA DO CORPO: • Axilar: em média 36-37ºc (até max. 37.7°c à tarde) • Oral: 36,5-37,3º c (até Max. 38.2º c à tarde) • Retal: 37,5- 38,3ºc VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS: • Ritmo circadiano, variações populacionais, idade, atividades... INTENSIDADE DA FEBRE: • Baixa: até 37.9° c • Moderada: 38-38,9°c • Alta: 39-40,5°c • Hiperpirexia: >40,5ºc INÍCIO: Súbito ou gradual DURAÇÃO: curta (até 3 semanas) ou prolongada (> 3 semanas) PADROES DA FEBRE • CONTÍNUA: quando as oscilações diárias são menores que 1°c. Ex.: febre tifóide, malária grave, brucelose, febre maculosa etc. • REMITENTE: Quando as oscilações diárias são maiores que 1°c, porém sem voltar à temperatura normal. Ex.: pneumonias bacterianas, sepse, endocardite, abscesso viscerais etc. • INTERMITENTE: Períodos de apirexia entre as crises de febre. Ex.: malária, tuberculose miliar, endocardites etc. • BIFÁSICA: quando entre dois períodos de febre, há de 1 a 2 dias de apirexia: febre amarela, leptospirose etc. • IRREGULAR, VESPERTINA, PEL- EBSTEIN Pode vir somente à noite. Febre vespertina = Tuberculosa Febre Pel-ebstein = dias com febre, dias sem febre. MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS FEBRE DE ORIGEM OBSCURA DEFINIÇÃO CLÁSSICA Febre: Tax.> 37.8°c em várias ocasiões Duração > 3 semanas Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. (03 consultas ambulatoriais ou 3 dias de internação hospitalar) DEFINIÇÃO NOSOCOMIAL (HOSPITALAR) Pacientes hospitalizados. Doença não estava presente nem em incubação antes da internação Febre: Tax.> 37.8°c em várias ocasiões, com duração > 3 dias. Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. FEBRE EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS FEBRE DE ORIGEM OBSCURA EM PACIENTES NEUTROPÊNICOS: Paciente com deficiência de neutrófilos. • Células importantíssimas da linha de frente no sistema de defesa. • Deficiência de neutrófilos = alta susceptibilidade a infecções. • Pacientes muito imunossuprimidos. Menos de 500 neutrófilos por mm3 . Febre: Tax.> 37,8°c em várias ocasiões, com duração > 3 dias. Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada (03 consultas ambulatoriais ou 3 dias de internação hospitalar) Alta chance de morte FEBRE DE ORIGEM OBSCURA EM PACIENTES INFECTADOS PELO HIV: Infecção pelo HIV confirmada Doença imunossupressores de Linfócitos TCD4. Febre Tax.> 37,8°c em várias ocasiões. Duração > 3 dias, se internado ou > 3 semanas, se ambulatorial. Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS ETIOLOGIA INFECÇÕES (25-52%): • Tuberculose extrapulmonar e miliar: principal causa de FOO no Brasil e no mundo, incluindo idosos e crianças. Manifestações de tuberculose extrapulmonar: óssea, renal, ganglionar, intestinal, SNC. • Outras causas: abscessos principalmente intra-abdominais e pélvicos, abscesso dental e outros abscessos, sinusites, otites, infecções das vias biliares, osteomielites, endocardite infecciosa, infecção do trato urinário, prostatites, síndrome de mononucleose (Vírus EBV, CMV, toxoplasmose), HIV, paracoccidioidomicose, Histoplasmose, criptococose, leishmaniose, doença de chagas, febre tifoide, brucelose, malária etc. Abcessos são de difícil visualização. Endocardite - infecção de valvas cardíacas. DOENÇAS INFLAMATÓRIA NÃO INFECCIOSAS (4-35%): • Doença de Still do adulto, Lúpus eritematoso sistêmico, polimialgias reumáticas, arterite temporal (células gigantes), doenças inflamatórias intestinais, febre reumática, artrite reumatoide, doença de wegener, poliarterite nodosa, sarcoidose, hepatite granulomatosa, síndrome de Kawasaki etc. NEOPLASIAS (2-33%): • Linfomas, leucoses, carcinoma de aparelho digestivo, hepatomas, síndromes mielodisplásicas, carcinomas de células renais, hipernefroma, mixoma atrial, tumor de wilms (nefroblastoma), retinoblastoma MISCELÂNEA (3-31%): • febre factícia, febre por fármacos, TVP e embolia pulmonar, tireoideite subaguda, hipertireoidismo, cirrose, hematomas, hipertermia habitual, síndrome de Sweet, síndrome de reiter, síndrome de Kikuchi, doença de castleman, anemia hemolítica, febre psicogênica etc. SEM DIAGNÓSTICO: 3- 33% A febre de origem obscura pode ocorrer de forma isolada ou associada a outros sintomas. O que dificulta ainda mais o diagnóstico é o surgimento de outros sintomas. Alguns remédios causam hipertermia: Pode ter necessidade de substituir os remédios que o paciente está fazendo uso. ABORDAGEM DO PACIENTE COM FOO Constatação da existência da febre e suas características. Presença de sintomas de infecção de vias aéreas, queixas digestivas, sintomas urinários, sinais de uretrite, lesões de pele e exantema, sintomas neurológicos. MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS HISTÓRIA PATOLÓGICA: comorbidades associadas, uso de drogas imunossupressoras etc. HISTÓRIA EPIDEMIOLÓGICA: idade, onde trabalha, onde vive, condições de saneamento no trabalho e em casa, história deviagem para áreas endêmicas de doenças infecciosas, casos semelhantes na família ou na localidade onde vive, riscos de DST, história alimentar, história vacinal, uso de drogas etc. EXAME FÍSICO: minucioso e repetido sistematicamente durante a evolução. • Sinais de gravidade. • Sinais para diagnóstico anatômico ou sindrômico: exame da pele, adenomegalias, presença de icterícia, oroscopia, otoscopia, ausculta respiratória, ausculta cardíaca, procura por sopro cardíaco, exame abdominal, palpação de fígado (hepatomegalia) e baço (esplenomegalia), exame neurológico, sinais de irritação meníngea, sinais de encefalite, etc. • Dissociação pulso temperatura (sinal de Faget): Brucelose, febre amarela, febre tifoide. Meningites e encefalites. INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL INICIAL: • Hemograma completo. Anemia de doença crônica Plaquetopenia ou Trombocitose Leucocitose ou leucopenia Desvio com bastões, mielócitos, metamielócitos: Neutrófilos com granulações tóxicas Linfocitose ou linfopenia, linfócitos atípicos Eosinofilia Pancitopenia (deficiência de hemoglobina, plaquetas e leucócitos) • Investigação laboratorial inicial Marcadores inflamatórios: » Velocidade de hemossedimentação (VHS) » Proteína C reativa » Procalcitonina. Bioquímica sanguínea: » Aminotransferases, bilirrubinas, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, glicemia, LDH, CPK, proteínas totais e frações, cálcio, fósforo, potássio e sódio, TSH, T4l, T3, Ferro sérico, ferritina etc. • Coleta de material biológico (sangue, escarro; biópsia de pele, linfonodo, medula óssea, exame do líquor, líquido pleural, urina etc.) para cultura, exame direto, sorologia, bioquímica e histopatológico. • Hemoculturas: aeróbios, anaeróbio, fungos e micobactérias. Desinfecção do local da punção preferencialmente com clorexidina alcoólica 0,5 a 2% ou álcool 70% MARIA LAURA R. BARROS – MED 108 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS ABORDAGEM AO PACIENTE COM FOO SOROLOGIAS PARA PESQUISA DE ANTICORPOS: HIV, CMV, Vírus Epstein- Barr, toxoplasmose etc. PESQUISA DE ANTÍGENOS: COVID 19, Histoplasmose, dengue, Leishmania visceral et EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES, pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia. BIOLOGIA MOLECULAR: Reação de polimerase em cadeia TESTES INTRADÉRMICOS: PPD ( ou Interferon-Gamma Release Assays- IGRA), Montenegro, Mitsuda. INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL INICIAL: • Exames de imagem: radiografia do tórax, USG abdominal e pélvica, TC do abdome, pélvis e tórax. Doppler de MMII. • Ecocardiograma transtorácico e caso ainda persista hipótese de EI, transesofágico. • Provas inflamatórias: FAN, Anti-dsDNA, Anti-Sm, Fator reumatoide, ANCA • Antígenos tumorais: CEA, PSA, CA-125, alfafetoproteína, ácido vanilmandélico etc. • Medicina nuclear Prosseguir investigação de acordo com o encontrado na abordagem inicial e investigação laboratorial inicial. Pareceres especializados, se necessário e criteriosos. Suspender todos os medicamentos possíveis e trocar para outros os que não puderem ser suspensos. CAUSAS DE DIFICULDADE DIAGNÓSTICO Omissões na história da doença atual Anamnese incompleta Falha no exame físico Uso prévio de antimicrobianos, antiinflamatórios, corticóides e imunossupressores Falta de recurso para investigação Apresentações atípica de doenças comuns Doenças raras Limitações dos exames laboratoriais: tempo para o resultado, falso-positivos, falso-negativos, interpretações erradas dos exames. ABORDAGEM TERAPÊUTICA 5 a 35% dos pacientes ficam sem diagnóstico. Provas terapêuticas Uso de antitérmicos
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