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Elevação da temperatura corporal causada por um deslocamento acima do set point de regulação térmica do centro termorregulador do hipotálamo. A temperatura é uma das respostas fisiológicas que mais frequentemente precisam ser monitoradas durante processos patológicos. Febre é uma elevação da temperatura corporal que resulta de aumento induzido por citocinas no set point do centro termorregulador localizado no hipotálamo Sendo esta uma resposta inespecífica mediada por pirógenos endógenos liberados pelas células do hospedeiro como reação a distúrbios infecciosos ou não infecciosos A febre não deve ser considerada como um processo de defesa do organismo e sim como um mecanismo de auxílio na defesa do organismo, sendo até uma determinada temperatura, benéfica ao corpo. ETIOLOGIA • Infecciosa (mais comum) • Neoplásica • Inflamatória (incluindo reumática, não reumática e relacionada com fármacos) FATOR PREDISPONENTE CAUSA Nenhum (saudável) Infecção do trato respiratório superior ou inferior Infecção GI ITU Infecção cutânea Hospitalização Infecção de cateter intravenoso ITU (particularmente nos pacientes com cateteres vesicais) Pneumonia (particularmente nos pacientes em ventilação mecânica) Atelectasia Infecção do local cirúrgico (pós-operatória) Trombose venosa profunda ou embolia pulmonar Diarreia (colite por Clostridium difficile) Fármacos Hematoma Reação transfusional Úlceras de decúbito Viagem a áreas endêmicas Coccidioidomicose Febre da dengue (menos comum) Doenças diarreicas Hantavírus Histoplasmose Doença do legionário Malária Infecções por riquétsias (p. ex., tifo do carrapato africano, febre maculosa do Mediterrâneo) Multifármaco resistente a bactérias Peste Tularemia Febre tifoide Hepatite viral Infecção pelo vírus zika, chikungunya, Ébola, raiva, sarampo e febre amarela Imunocomprometimento Vírus: infecção pelo vírus varicela-zóster ou infecção por citomegalovírus Bactérias: infecção decorrente de microrganismos encapsulados (p.ex., pneumococos, meningococos), Staphylococcus aureus, bactérias Gram-negativas (p. ex., Pseudomonas aeruginosa), Nocardia sp ou Mycobacteria sp Fungos: infecção por Candida, Aspergillus, Histoplasma ou Coccidioides sp; microsporidia, Pneumocystis jirovecii; ou fungos que causam mucormicose Parasitas: infecção por Toxoplasma gondii, Strongyloides stercoralis, Cryptosporidium sp, ou Cystoisospora (antigamente Isospora belli) Fármacos que podem aumentar a produção de calor Anfetaminas Cocaína Metilenodioximetanfetamina (MDMA ou ecstasy) Antipsicóticos Anestésicos Fármacos que podem desencadear febre BetaAntibióticos beta-lactâmicos Derivados da sulfa Fenitoína Carbamazepina Procainamida Quinidina Anfotericina B Interferonas CLASSIFICAÇÃO Início • Súbito o Paciente percebe de um momento para outro a elevação da temperatura, acompanhando-se quase sempre dos sinais e sintomas que compõem a síndrome febril: sensação de calafrios é muito frequente. • Gradual o A febre pode instalar-se de maneira gradual e o paciente nem percebe seu início. o Em algumas ocasiões, ele vai apresentar um ou outro sintoma da síndrome febril, mais frequentemente a cefaleia, a sudorese e a inapetência. Intensidade - Tomando como referência a temperatura axilar • Febre leve ou febrícula: até 37,5°C • Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C • Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C. A intensidade da febre depende da causa e da capacidade de reação do organismo. Pacientes em mau estado geral, em choque e as pessoas idosas podem não apresentar febre ou ter apenas uma febrícula quando acometidos de processos infecciosos Duração • Febre prolongada, assim denominada quando a febre permanece por mais de 1 semana, tenha ou não caráter contínuo. o Destacando-se: tuberculose, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas, pielonefrite, brucelose e esquistossomose, o que facilita o raciocínio diagnóstico. Término • Em crise: quando a febre desaparece subitamente. Quando isto ocorre o paciente apresenta sudorese profusa e prostração. Exemplo típico é o acesso malárico • Em lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis normais Padrão Evolutivo • Febre Contínua: permanece sempre acima do normal com variações de até 1 grau, sem grandes oscilações. • Febre Irregular ou Séptica: picos muito altos intercalados baixas temperaturas ou apirexia, sem nenhum caráter cíclico nessas variações. • Febre Remitente: há hipertermia diária com variações de mais de 1 grau, sem períodos de apirexia. • Febre Intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre e outro sem) ou quartã (um dia com febre e dois sem). • Febre Recorrente ou Ondulante: semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura elevada ocorram. Durante a fase de febre não há grandes oscilações FISIOPATOLOGIA • A febre é o resultado da ação das citocinas pirogênicas liberadas na corrente circulatória pelos leucócitos com capacidade fagocitária como resposta à presença de pirogênio endógeno (na maior parte das vezes liberado em resposta à estimulação pelo pirogênio exógeno), que vai atuar no hipotálamo. • No centro hipotalâmico, desencadeiam os processos metabólicos que dão origem à maior produção local de prostaglandinas e ao aumento da temperatura corpórea. • Mediadores endógenos de febre: IL-1, TNF-α, linfotoxina-β (TNF-β), IF- α, IL-6, IL-11), fator inibitório de leucemia (LIF), fator neutrófico ciliar (CNTF) e oncostatina M • Antes da febre, indivíduos podem apresentar sensação de frio (ou até mesmo calafrios), fenômeno correlacionado à vasoconstrição periférica, resultante da estimulação do centro vasomotor presente na porção posterior do hipotálamo por fibras nervosas provenientes do centro termorregulador localizado na porção anterior do hipotálamo. • Essa vasoconstrição faz com que um maior volume de sangue se acumule na “região central” do corpo, ↓ a perda periférica de calor e ↑ a temperatura corpórea. À medida que esta retorna ao normal, verifica-se a ocorrência de vasodilatação e sudorese, fenômenos que permitem a dissipação de calor pela pele. 1. Liberação de prostaglandina E2 (PGE2) ou citocinas pirogênicas, principalmente interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6) e fator a de necrose tumoral (TNF-α), para que sejam transportadas até o hipotálamo, onde exercem sua ação 2. Redefinição do set point termorregulador no hipotálamo para um nível mais alto (pródromo). 3. Produção de respostas mediadas pelo hipotálamo que elevam a temperatura corporal (calafrio). 4. Desenvolvimento de febre com elevação da temperatura corporal para novo set point termorregulador 5. Produção de respostas de redução de temperatura (defervescência) e retorno da temperatura para um nível mais baixo. CONDUTA TERAPÊUTICA • O objetivo é reduzir o ponto de ajuste hipotalâmico elevado e facilitar a perda de calor. • O ácido acetilsalicílico e os AINEs orais são efetivos para reduzir a febre, mas também produzem efeitos adversos sobre as plaquetas e o trato gastrintestinal o deve-se dar preferência ao uso de paracetamol como antipirético. o Em crianças, o paracetamol ou o ibuprofeno oral devem ser usados porque o ácido acetilsalicílico aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Reye. o Caso o paciente não possa receber medicamentos VO, devem ser usadas as preparações parenterais dos AINEs ou os diversos antipiréticos sob a forma de supositórios retais. Infecções de Vias Aéreas Superiores Gripe (Influenza) • Causada pelo Influenza vírus (A, B e C) • Os vírus da gripe destroem o epitélio ciliado e as glândulas damucosa, interferindo também na atividade dos linfócitos T e dos macrófagos, causa da diminuição da resistência a infecções bacterianas secundárias, principalmente por Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. • CAUSA E FATORES DE RISCO o Ambientes semifechados (creche, escolas, asilos, prisões). o Contato com pessoas infectadas. • SINAIS E SINTOMAS o Início súbito com febre, cefaleia, mialgia, mal-estar. o Tosse seca o Evolução em 2 a 5 dias, podendo persistir por 1 semana ou mais. o Hiperemia da orofaringe e conjuntivas o Ausculta pulmonar normal o Alguns pacientes referem fadiga por algumas semanas (síndrome pós-infecciosa). • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Inúmeras doenças infecciosas iniciam com quadro clínico semelhante ao da influenza, por isso chamado “quadro gripal” o Resfriado comum o Infecção por vírus sincicial respiratório. o Amigdalite bacteriana o Faringite, sinusite e bronquite bacteriana. o Mononucleose infecciosa o Infecção pelo Coxsackievírus humano • EXAMES COMPLEMENTARES o Podem não ser necessários, mas são indispensáveis quando há́ suspeita de complicações. o Rx do tórax – Normal ou infiltrados esparsos. o Hemograma–Auxilia no reconhecimento de infecção bacteriana secundária (leucocitose). o Cultura de secreções para identificação do vírus em casos selecionados. o Testes sorológicos, em casos especiais. • COMPLICAÇÕES o Faringites e sinusites o Pneumonia o Bronquites e broncopneumonias o Síndrome de Reye o Encefalite, mielite transversa, síndrome de Guillain-Barré • TRATAMENTO o Repouso na fase inicial o Não fumar o Ingesta de líquido o Medicamentos ▪ Antitérmicos e analgésicos (contraindicado o uso de ácido acetilsalicílico e derivados). ▪ Antitussígenos – Raramente são necessários ▪ Antiviróticos (em casos graves). Resfriado Comum (Rhinovirose) • Infecção virótica, na maioria dos casos provocada por Rhinovirus, geralmente de pouca gravidade, limitada às vias respiratórias superiores, com duração média de 6 a 10 dias. • As principais lesões histopatológicas são inflamação da mucosa e submucosa do nariz, garganta, tubas auditivas e olhos. • Mucosa nasal apresenta-se espessada e edematosa, geralmente mais vermelha do que o normal e recoberta por uma fina camada de muco. • CAUSAS o Rinovírus (89 sorotipos) – 80% dos casos o Coronavírus (pelo menos 3 sorotipos) – 10-20% dos casos. o Mastadenovírus (família Adenoviridae) – 1-5% dos casos. • FATORES DE RISCO o Agrupamentos (creche, escola, asilos) o Contato com pessoas contaminadas o Temperatura fria, fadiga • SINAIS E SINTOMAS o No início, mal-estar, coceira nos olhos, sensação de queimação no interior do nariz e desconforto na nasofaringe o A seguir, espirros, obstrução nasal e secreção nasal aquosa (coriza) o Febre pouco elevada o Manifestações sistêmicas nos primeiros 2 ou 3 dias - Letargia, cefaleia, calafrios, mialgias o Rouquidão, dor de garganta e tosse seca o Secreção turva ou amarelada ao final de uma semana que desaparece em 7 a 10 dias • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL o Influenza (febre mais alta, cefaleia, tosse e prostração) o Sarampo (nos estágios iniciais, antes da erupção) o Rubéola (nos estágios iniciais, antes da erupção) o Infecção por Mycoplasma pneumoniae o Infecção concomitante por estreptococos o Rinite alérgica. • COMPLICAÇÕES o Infecção bacteriana dos seios paranasais e da orelha média. o Bronquite, Broncopneumonia, pneumonia (principalmente em crianças e idosos). • MEDICAMENTOS o Acetaminofeno, VO, 325 a 650 mg 6/6 h; ou codeína, VO, 30 mg 12/12 h, adicionada ao acetaminofeno, quando os sintomas são mais graves. o Descongestionantes nasais, contendo oximetazolina a 0,05% na obstrução nasal grave, durante 3 a 4 dias. A febre de origem indeterminada (FOI) também chamada de febre de origem obscura é uma síndrome clínica tendo como principal manifestação a febre, que apesar de esforços para identificação da causa, permanece sem uma etiologia esclarecida. Febre Prolongada de Origem Obscura (FPOO) é caracterizada por febre de existência indiscutível, duração mínima de três semanas, com um quadro clínico inconcluso e que permanece sem diagnóstico após a realização do conjunto de exames e procedimentos indicados inicialmente para aquele caso particular A primeira definição de FPEO teve por base estudo publicado em 1961, por Petersdorf e Beeson o Temperatura superior a 38,3ºC em várias ocasiões. o Persistindo por mais de três semanas. o Falha em se chegar a um diagnóstico a despeito de investigação com o paciente internado em hospital por pelo menos uma semana. Destarte, uma nova classificação mais abrangente passou ser utilizada desde 1991, sendo os quadros de FPEO categorizados, de acordo com Durack e Street em conformidade com os subtipos de pacientes e sem a necessidade de internação hospitalar o Clássica o Noscomial o imunodeficiência o HIV - associada ETIOLOGIA • DOENÇAS INFECCIOSAS (25-50%) o Abscesso intra-abdominal (subfrênico, hepático, perinefrético). o Infecção por micobactérias o Endocardite o Mononucleose o Osteomielite o Brucelose o Malária o Riquetsiose o Febre tifoide o Outras salmoneloses o Infecções por cateteres o Hepatite amebiana o Feridas infectadas o Infecção do trato urinário o Infecção de órgãos pélvicos o Infecção pelo HIV o Micoses o Infecção por citomegalovírus • DOENÇAS NEOPLÁSICAS / DOENÇA HEMATOLOGICA (20-30%) o Linfomas o Leucemias aguda o Carcinoma renal o Carcinoma hepatobiliar o Mixoma atrial o Câncer de cólon o Câncer de pulmão (especialmente quando metastático) o Câncer de pâncreas • DOENÇAS INFLAMATÓRIAS NÃO INFECCIOSOSAS o Doenças sistêmicas reumáticas e autoimunes − Espondilite anquilosante, síndrome antifosfolipídeo, anemia hemolítica autoimune, hepatite autoimune, doença de Behçet, crioglobulinemia, dermatomiosite, síndrome de Felty, gota, doença FOO Nosocomial - curta (três dias) como consequência de cirurgias, procedimentos e medicamentos FOO em imunodeprimidos e neutropênicos - curta, porém potencialmente grave, necessitando de tratamento empírico imediato (já considerado atrasado); FOO nos pacientes com HIV, podendo ser prolongada ou curta, em caso de pacientes internados. mista do tecido conectivo, polimiosite, pseudogota, artrite reativa, policondrite recidivante, febre reumática, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Vogt- Koyanagi-Harada o Vasculites − Vasculite alérgica, síndrome de Churg-Strauss, vasculite de células gigantes/polimialgia reumática, granulomatose com poliangeíte, vasculite de hipersensibilidade, doença de Kawasaki, poliarterite nodosa, arterite de Takayasu, vasculite urticariforme o Doenças granulomatosas − Hepatite granulomatosa idiopática, sarcoidose o Síndromes autoinflamatórias − Doença de Still do adulto, síndrome de Blau, CAPSb (síndromes periódicas associadas a criopirina), doença de Crohn, DIRA (deficiência do antagonista do receptor de interleucina 1), febre familiar do Mediterrâneo, síndrome hemofagocítica, síndrome hiper-IgD (HIDS, também conhecida como deficiência de mevalonato quinase), artrite idiopática juvenil, síndrome PAPA (artrite estéril piogênica, pioderma gangrenoso e acne), síndrome PFAPA (febre periódica, estomatite aftosa, faringite, adenite), pericardite idiopática recorrente, SAPHO (sinovite, acne, pustulose, hiperostose, osteomielite), síndrome de Schnitzler, TRAPS (síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral) • MISCELÂNEA o Complicações de cirrose e hepatites (alcoólica, granulomatosa ou lupoide) o Trombose venosa profunda é também potencial causa de FPEO o Linfadenopatia pode sugerir Rosai-Dorfman ou de doença de Kikuchi.o Dor no pescoço ou mandíbula, facilmente descartada como dor dental, pode ser uma pista para tireoidite subaguda. o Febre factícia deve ser considerada particularmente em profissionais de saúde. o Devem ser ainda pesquisados doença inflamatória intestinal (enterite regional) o Medicamentos (pseudolinfoma, febre secundária a fármacos) − Alopurinol − Captopril − Cimetidina − Clofibrato − Eritromicina − Heparina − Hidralazina − Hidroclorotiazida − Isoniazida − Meperidina − Metildopa − Nifedipina − Nitrofurantoína − Penicilina − Piperacilina/Tazo bactam − Carbapenêmicos − Fenitoína − Procainamida − Quinidina o Algumas febres de origem desconhecida são familiares. Por exemplo, febre do Mediterrâneo ou síndrome de hiper-IgD. QUADRO CLÍNICO • Os tipos de febre intermitente e remitente são os mais comuns. • Os pacientes, geralmente, apresentam sintomas incaracterísticos, como mialgia, adinamia, sudorese, artralgia, cefaleia, anorexia e perda de peso. • Antecedentes sobre viagens e exposições a animais podem auxiliar muito a investigação (p. ex., malária, brucelose etc.). • O uso de medicamentos também deve ser investigado, pois alguns podem levar à febre (p. ex., sulfas, antibióticos, barbitúricos, hidantoinatos, quinidina, metildopa, procainamida, tiouracil etc.). • Os achados mais comuns em pacientes com FOI são adenomegalia, erupção cutânea, sopro cardíaco, visceromegalias ou massas abdominais palpáveis e artrite. Os olhos também devem ser examinados rotineiramente, pois secura, vasculites, queratose, petéquias, conjuntivite e uveíte, entre outros, auxiliam no diagnóstico DIAGNÓSTICO Abordagem inicial do paciente com FPOO Constatação da existência da febre e suas características. Descartar febres factícias, hipertermias habituais e aumentos fisiológicos da temperatura. História clínica minuciosa e completa, com dados epidemiológicos como lugar de origem e onde reside, viagens, hábitos pessoais, exposição a animais ou drogas, comorbidades, histórias sexuais, patológica pregressa, familiar e ocupacional, além de anamnese dirigida. Internação hospitalar, quando necessário, seja para comprovação da febre, em casos mais graves, para realização de exames com algum risco ou ainda para facilitar a investigação. Exame físico detalhado repetido sistematicamente durante a evolução, incluindo ectoscopia completa, exame da genitália, toque retal quando indicado, exame completo das mamas, palpação do trajeto de artérias temporais, fundo de olho, palpação da tireóide. Pareceres especializados se necessários. Assegurar que a rotina mínima de exames complementares foi realizada – rotina inteligente de exames. Suspensão dos medicamentos usados pelo paciente ou troca para outra classe daqueles que forem imprescindíveis Orientação ao paciente e à família sobre toda a complexidade acerca da FPOO e a possibilidade de demora no diagnóstico ou até de não obter um diagnóstico, a despeito de uma investigação completa, dispendiosa e desgastante. EXAMES DIAGNÓSTICOS DE PRIMEIRO ESTAGIO • LABORATORIAIS o Hematologia e bioquímica − Hemograma Completo Leucocitose - Frequente, mas inespecífica; Leucopenia – Pode ser encontrada em leucoses aleucêmicas, TB miliar, linfomas, LES, Calazar e Febre Tifóide; Eosinofilia – Aponta para os diagnósticos de Esquistossomose aguda, linfoma de Hodgkin, poliarterite nodosa e reações a drogas; Linfocitose – Pode ser evidenciada em TB, toxoplasmose, CMV, EBV; Linfopenia - Sugere doenças como HIV, LES e sarcoidose; Linfócitos atípicos – Reações a drogas, CMV, toxoplasmose e EBV; Trombocitose - Observada em carcinomas, hipernefroma, linfomas, TB e angeíte temporal. Trombocitopenia – Comum em leucoses, linfomas, LES, vasculites e HIV; Anemia hipo/micro – Pode estar relacionada a sangramento oculto do TGI → neoplasia de cólon. − VHS e PCR Muito aumentado em colagenoses, neoplasias, TB, EI subaguda, osteomielite, abscessos e doenças mielodisplásicas − Fosfatase Alcalina - Aumentada em doenças ósseas e hepáticas. − Uréia e Creatinina – Em caso de insuficiência renal, pensar em endocardite infecciosa, TB renal, leptospirose, poliarterite nodosa, LES e sarcoidose. − TSH, T4 livre - Hipertireoidismo e tireoidite subaguda. − Desidrogenase láctica − Transaminases hepáticas (AST e ALT) − Bilirrubina Total e Frações – Para o diagnóstico diferencial de icterícias. − Cálcio, fósforo, ácido úrico – Podem estar aumentados em neoplasias ocultas. o Hemoculturas − Pelo menos três sets para bactérias aeróbias e anaeróbias, além de culturas para fungos e micobactérias. o EAS − Piúria estéril – O diagnóstico de TB renal deve ser aventado; − Proteinúria – Colagenoses devem ser pesquisadas. o Exame parasitológico de fezes – Pelo menos 3 amostras, usando os métodos de pesquisa de ovos leves e pesados e larvas. o Sorologia − Sorologias para Toxoplasmose, EBV, CMV, HIV, Doença de Chagas e Histoplasmose − ASO - Febre Reumática − FAN – Fala a favor de LES se > 1: 40 e de outras colagenoses se < 1: 40. − Fator Reumatóide - Positivo em 70% dos adultos com Artrite Reumatóide, mas na Doença de Still é negativo em 90%. − VDRL − FTA-abs o Testes Cutâneos − PPD • IMAGENS o Radiografia de tórax o USG abdome total o TC de Tórax, Abdome e pelve com contraste o Ecocardiograma transtorácico e/ou transesofágico, se indicado SE OS EXAMES INICIAIS APONTAREM ALGUM DIRECIONAMENTO • Prosseguir a investigação específica • Solicitar exames laboratoriais mais específicos, exames de imagem e biópsias das regiões triadas. • Todos os materiais obtidos devem ser enviados para estudos histopatológico e microbiológico, com culturas para bactérias, fungos e micobactérias. SE NÃO HÁ INDÍCIOS, PROSSEGUIR COM OS SEGUINTES EXAMES: • Sorologias para Clamídia, Listeria, Brucelose, coxsackie, Criptococose e Rodococose • Endoscopia Digestiva Alta • Colonoscopia • Cintilografia com 99mTc-leucócitos mononucleares – Para rastreamento e localização anatômica de lesões inflamatórias e posterior investigação. • PET scan - Com Gálio 67 (preferencial para marcação de foco infeccioso) ou 18F-2-deoxyglucose (FDG) para foco neoplásico. Também para rastreamento e localização para posterior investigação. • Aspirado e Biópsia de Medula Óssea - Todos os materiais obtidos devem ser enviados para estudos histopatológico e microbiológico com culturas para bactérias, fungos e micobactérias. • Biópsia de artéria temporal, uni ou bilateral – Mesmo sem nenhum outro indício, se idade superior a 50 anos e VHS aumentado. • Videolaparoscopia ou Laparotomia exploradoras
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