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Arte, CulturA e SoCiedAde Editora Profª. Roselaine Bolognesi Ed. nº 1 - Setembro - 2013 Impressão em Sao Paulo - SP Arte, Cultura e Sociedade Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professora Responsável Roselaine Bolognesi Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Profª. Me. Maria Rita Trombini Garcia Projeto Gráfico e Diagramação Jacqueline Cruz Priscila Wu Temer Revisão Ortográfica Nádia Fátima de Oliveira Marcela Aparecida de Oliveira 1º Edição: Setembro de 2013 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD Know How 2013 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 B693a Bolognesi, Roselaine. Arte, cultura e sociedade. / Roselaine Bolognesi. - São Paulo : Know How, 2010. 165 p. : 21 cm. : il. Inclui bibliografia ISBN : 978-85-63092-49-6 1. Arte. 2. Arte e cultura. 3. Cultura. 4. Cultura e sociedade. 5. Comunicação de massa. I. Título. CDD – 306.489 Parabéns! Você está recebendo o livro-texto da disciplina de Arte, Cultura e Sociedade, construído especialmente para este curso, baseado no seu perfil e nas necessidades da sua formação. A finalidade deste livro é disponibilizar aos alunos da EAD conceitos e exercícios referentes à Educação Contemporânea. Estamos constantemente atualizando e melhorando este material, e você pode nos auxiliar, encaminhando sugestões e apontando melhorias, via monitor, tutor ou professor. Desde já agradecemos a sua ajuda. Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina será também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD Know How, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Entre sempre em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos (chats) marcados e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas. Toda equipe está à disposição para atendê-lo (a). Seu desenvolvimento intelectual e profissional é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e tenha bons momentos de estudo! Equipe EaD Know How Apresentação Sumário Carta do Professor Cronograma de estudos unidade 01 – Criatividade e Ecpressividade: Fundamentos da Condição Humana unidade 02 – Arte e Sociedade unidade 03 – A Arte no Universo da Indústria Cultural ou Cultura de Massa unidade 04 – Arte, Sociedade e Poder unidade 05 – Educação para a Sensibilidade unidade 06 – Arte e Vida sugestões de filmes sobre arte e artistas referênCias 07 09 11 41 61 89 109 131 153 165 7 Caríssimo (a), As relações entre arte, cultura e sociedade são bastante complexas e implicam no questionamento sobre a nossa condição humana, a importância da cultura para o homem e para a sociedade. A arte é uma criação humana, por isso, cultural. Implica numa forma de expressão exclusivamente humana que todos nós compartilhamos na vida em sociedade. Portanto, essa disciplina foi planejada no sentido de explorar as múltiplas relações entre a arte, a cultura e a sociedade. Entre os principais pontos desenvolvidos destaco: a arte como expressão da nossa condição humana, elemento fundamental na construção da nossa identidade individual e social; a compreensão da cultura, de suas características, bem como da arte e sua importância cultural e social; uma interpretação sobre as relações entre a arte, a sociedade e o poder; e a importância da educação e da escola para o desenvolvimento de uma sensibilidade estética. Espero que essa disciplina contribua para a sua formação pessoal e profissional e que possamos dar a nossa contribuição no sentido de fazer com que a arte tenha o seu lugar social devidamente reconhecido. Sem dúvida nenhuma um mundo mais humanizado passa pela vivencia da arte e das suas possibilidades e do reconhecimento da mudança subjetiva e objetiva que o desenvolvimento da sensibilidade estética pode provocar nos indivíduos e, consequentemente, na sociedade. Vamos juntos enfrentar esse desafio. Boas aulas! Professora Roselaine Bolognesi Carta do Professor 9 CRIATIVIDADE E EXPRESSIVIDADE: FUNDAMENTOS DA CONDIÇÃO HUMANA 1 11 Entre todos os seres vivos do planeta o ser humano é o único capaz de atribuir sentido e significado para sua vida. Nascemos incompletos e necessitamos passar por um longo, permanente e inesgotável processo de socialização para nos tornarmos humanos, para sermos capazes de vivermos por nós mesmo o nosso cotidiano e atribuirmos sentidos e significados a nossa existência e a tudo que a humanidade foi e é capaz de construir. 1.1 A condição humana Entre todos os seres vivos do planeta somos os únicos que precisamos aprender. Nascemos incompletos e, ao contrário dos demais seres, que nascem geneticamente prontos e programados, precisamos construir e dar sentido a nossa existência nesse mundo. A nossa existência individual e social só é possível através do aprendizado. Com exceção dos nossos instintos e dos nossos sentidos, ou seja, da nossa condição biológica e física nesse mundo, daquilo que é igual ao conjunto dos seres humanos, todo o resto é fruto de longo processo de construção e aprendizagem transmitido, apropriado e transformado ao longo das gerações, ou seja, é fruto da nossa condição humana. 1 Expressividade e criatividade: Fundamento da condição humana 12 Como característica da nossa condição humana, precisamos produzir continuamente a nossa existência. Em lugar de nos adaptarmos à natureza, temos que adaptar a natureza a nós, isto é, transformá-la. A nossa condição nesse mundo passa pelo que definimos como trabalho, ou seja, da antecipação mental visando a ação. (...) Trabalho não é qualquer tipo de atividade, mas uma ação adequada a finalidade. É, pois, uma ação intencional (SAVIANI, 2008, p.11) 13 Para sobrevivermos nesse mundo, precisamos extrair da natureza, intencionalmente, os meios de nossa subsistência. Ao fazer isso, iniciamos o processo de transformação da natureza, criamos o mundo humano, o mundo da cultura e definimos a nossa condição de existência nesse planeta. O ser humano pode criar e expressar sua existência de diferentes formas. Por isso, o trabalho, a cultura, a sociedade e a educação são características exclusivamente humanas. Como ressalta Saviani (2008, p.13), (...) a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que se tornem humanos e, de outro, concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir tais objetivos. Podemos definir, portanto, que a capacidade de transformar a natureza é especificamente humana. Mais do que nos adaptarmos a natureza, nos apropriamos dela de diferentes formas. Mais do que garantirmos nossa sobrevivênciafísica e biológica nesse mundo, temos necessidade de criar e expressar a nossa condição nesse mundo de diferentes maneiras, nos modos de organizar, de comer, de vestir, de comunicar, de registrar, de sentir, de divertir, de descobrir, entre outros. 14 Como seres humanos temos a oportunidade de pensar o passado, organizar o presente e planejar o futuro. Somos capazes de expressar sentimentos de diferentes formas (amor, amizade, alegria, tristeza, decepção, admiração e outros). Somos capazes de construir e destruir; amar e odiar; somos capazes de expressar a nossa condição nesse mundo, nosso legado e nossa miséria através da música, da literatura, da pintura, da escultura, da arquitetura e outros, ou seja, somos capazes de criar e recriar o mundo a nossa volta, significando-o de diferentes e infinitas maneiras, pois diversas e infinitas são as formas de nos expressamos nele. 15 A compreensão do que mais adiante entendemos como arte depende, portanto, da compreensão do que agora definiremos como cultura. 1.2 O QUE É CULTURA? O termo cultura é muito utilizado no nosso cotidiano. É comum ouvirmos expressões como: “fulano é culto”, ou “aquele povo tem muita cultura”. Ou então, “fulano não foi a escola, não tem cultura!”. No entanto, precisamos desmistificar esses conceitos (ou preconceitos), pois nem sempre o sentido que conferimos é correto. Na sociedade que vivemos existem diferentes formas de concebermos o que é cultura: algo que encontramos na escola, nos livros, nas viagens, nos museus e outros. Ou, algo que possui valor destacado nos grupos sociais que participo (família, igreja, partidos políticos e outros). No entanto, a compreensão do que é a cultura depende de abrirmos mão dos preconceitos que carregamos por estarmos imersos no senso comum (sentidos de mundo compartilhados entre indivíduos de uma sociedade no cotidiano). Isso implica em estarmos abertos ao conhecimento, em estarmos dispostos a ultrapassar a dimensão imediata do real e compreender a origem e as diferentes conceituações que o termo cultura possui. Caldas nos explica a origem do termo cultura e suas principais aplicações: 16 Originalmente, esta expressão [cultura] vem do latim – colere – e significa cultivar. Com os romanos, na Antiguidade, a palavra cultura foi usada pela primeira vez no sentido de destacar a educação aprimorada de uma pessoa, seu interesse pelas artes, pela ciência, filosofia, enfim, por tudo aquilo que o homem vem produzindo ao longo de sua história (CALDAS, 1986, p.11). Desde a Antiguidade (período histórico que vai desde o surgimento das primeiras civilizações até o século V) até os nossos dias, esse conceito mudou muito. Verifica-se, na verdade, uma ampliação, pois hoje cultura não se refere apenas à educação aprimorada de uma pessoa, mas pode ser definido de diferentes formas. No dicionário encontramos que cultura é: O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade. O conjunto complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente em todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças, instituições, valores espirituais, criações materiais e artísticas, entre outros (HOLANDA, 2000). Da definição acima exposta é possível tirarmos algumas conclusões. Primeiro, cultura envolve as características humanas que são aprendidas no convívio em sociedade, pois são as características humanas que não são inatas, ou seja, que não nascem com os homens. Desde que nascemos, aprendemos 17 muitas coisas, todos os comportamentos e atitudes fundamentais para que possamos sobreviver em sociedade. Por isso, identificar cultura ao ensino formal (escolar) não é correto. Segundo, a comunicação e cooperação estabelecida entre indivíduos e grupos são importantes para a preservação e desenvolvimento da cultura. Ao definir cultura como o conjunto de códigos e padrões que estabelecem limites, que delimitam, que regulam a ação humana, tanto do indivíduo quando do coletivo, entende- se que o indivíduo estaria cotidianamente em contato com a cultura, que se manifesta em diversos contexto da vida, não só numa sala de aula. A cultura estaria presente, por exemplo, nos valores e normas partilhados socialmente, nas instituições sociais (família, igreja, partidos políticos, entre outros), nas expressões de religiosidade e manifestações artísticas. Essas definições revelam e enfatizam o caráter socializador da cultura. Isto é, a cultura existe justamente por envolver um grupo de pessoas, por reunir e organizar a vida em sociedade. 18 Mas, a ciência que melhor nos ajuda na compreensão do que é a cultura é a Antropologia, ou seja, a ciência que estuda as diversas culturas humanas. A definição mais curta de antropologia pode ser tirada do próprio sentido etimológico do termo: Anthropos, palavra grega que significa “homem” e Logia, que significa estudo ou ciência. Logo antropologia é a ciência do homem. Várias ciências tratam do homem e do seu comportamento, no entanto, o que a distingue das demais ciências sociais e humanas é o objetivo que nutre de estudar o homem como um todo (MELLO, 2001). A primeira definição de cultura (culture) foi elaborada em 1871, por Tylor, presente em seu livro intitulado “Cultura Primitiva”: Tomado em seu sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (TYLOR, apud LARAIA, 2000, p.25). Vale destacar que também nessa definição o caráter social do termo é destacado, ao afirmar que este se refere às capacidades e hábitos adquiridos, isto é, aprendidos pelo homem em sociedade. 19 A partir da análise das definições acima, podemos enfatizar as principais características da cultura: a)ela é simbólica; b)ela não é inata; c)a cultura necessita de uma linguagem; d) ela possui caráter social; e)ela constitui-se num importante instrumento de coesão social; f)ela é dinâmica. a) A Cultura é simbólica, pois se organiza em torno de símbolos e signos, cujos significados são constituídos pela sociedade, isto é, envolve a elaboração e aceitação de padrões, normas, hábitos, costumes, histórias, cujo significado é partilhado pelos indivíduos em sociedade. b) A cultura não é inata, pois é aprendida, isto é, os indivíduos não nascem portadores de cultura, mas eles aprendem as capacidades, habilidades, hábitos e valores que são definidos pela sociedade como sendo importantes. 20 c) A Cultura pressupõe uma linguagem, ou seja, um instrumento de comunicação. d) A cultura possui um caráter social, isto quer dizer que ela se refere sempre a um grupo ao qual o indivíduo faz parte. Não há cultura produzida por um indivíduo isoladamente. Para que haja a reprodução da cultura, é essencial o engajamento dos indivíduos no grupo, na coletividade. 21 e) A cultura é um instrumento de coesão social, ou seja, um instrumento que mantém os indivíduos unidos em torno de determinados ideais que são socialmente constituídos. Isso significa que a cultura é um elemento indispensável à manutenção da ordem social, na medida em que envolve aprendizado de hábitos, normas, tradições, valores e comportamentos por parte dos indivíduos. Assim sendo, esses hábitos, normas e tradições formam a estrutura da sociedade, promovendo um intenso processo de integração entre os indivíduos. Nesse sentido a cultura é socializadora, já que, mesmo indiretamente, colabora para o desenvolvimento da solidariedade social e cooperação entre os membros da sociedade. f) A Cultura é dinâmica, isto é, está em constante movimento. Embora seu caráter socializador lhe confira certa estabilidade, efetivamenteela está mudando o tempo todo, ainda que de maneira lenta, quase imperceptível. Isso quer dizer que, se por um lado, a cultura representa uma forma de manutenção da ordem social – já que por meio de tradições, hábitos, normas e costumes são difundidos – por outro lado ela não impede as mudanças, as transformações oriundas, principalmente dos processos de troca entre as diferentes culturas. Assim sendo, cultura e sociedade são indissociáveis. Não existe cultura fora da sociedade, bem como não existe sociedade sem cultura. O homem ao criar e expressar-se no mundo, afirma, também, a sua identidade individual e social, sua condição nesse mundo, seus valores e, ao mesmo tempo, os valores da sociedade em que vive. Por isso, ao compreendermos 22 a arte como cultura, afirmamos o seu caráter social e necessário, sua função enquanto agende de produção, afirmação, reprodução e transformação da cultura e da sociedade. Mas afinal, como podemos definir a arte? 1.3 ARTE Definir o que é arte não é tarefa das mais fáceis. Aos buscarmos essa resposta nos livros, nos deparemos com as mais diversas definições. O fato é que todo mundo sabe emitir uma opinião sobre o que pode ser identificado como arte, sabe citar autores e obras famosas, como a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci, a Nona Sinfonia de Beethoven, o Davi de Michelangelo e outros. Indiscutivelmente essas são obras de arte. Mas, ao identificarmos a arte como expressão da cultura, como “todo conjunto complexo dos padrões de comportamento, das crenças e instituições, valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente (....)”, chegamos a uma possível definição, ou seja, “(...) arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo” (COLI, 2007). A arte, portanto, está presente em tudo que fazemos para agradar os nossos sentidos. 23 É comum, portanto, falar em arte referindo-se às obras consagradas que estão nos museus, às músicas eruditas apresentadas em grandes espetáculos ou ainda nos monumentos existentes no mundo. Alguns consideram arte apenas o que é feito por artistas consagrados, enquanto outros julgam ser arte, também, as manifestações da cultura popular, como os romances de “cordel”, tão comuns no nordeste do Brasil. Para muitos, as manifestações da cultura de massa, como o cinema e a fotografia, não são arte, ao passo que outros admitem o valor artístico dessas produções, ou pelo menos de parte delas. Não são poucos os que, mesmo diante das obras expostas em eventos artísticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que vêem (COSTA, 1999). 24 Habitamos um mundo que vem trocando uma paisagem natural por um cenário criado pelo homem, pelo qual circulam as pessoas, produtos, informações e principalmente imagens. E, se temos que conviver diariamente com essa produção infinita, melhor será aprendermos a avaliar essa “paisagem”, sua função, sua forma e seu conteúdo. Isso exige o uso da nossa sensibilidade estética. Essa é uma exigência para podermos deixar de ser observadores passivos e nos tornarmos espectadores críticos, participantes e exigentes. A palavra estética vem do latim aísthesis, que significa sensação, sentimento. Analisa o complexo das sensações e dos sentimentos, investiga sua integração nas atividades físicas e mentais do homem, debruçando-se sobre as produções (artísticas ou não) da sensibilidade, com o fim de determinar suas relações com o conhecimento, com a razão e a ética. Daí formularmos as seguintes questões: nossos juízos de valor e preferência quanto às coisas sensíveis são 25 Na atualidade existe a exigência por um conhecimento geral do mundo e uma sensibilidade aguçada para entendê-lo. O campo das artes se abre e invade o espaço das mais diversas atividades. Basta um passeio pela cidade para nos darmos conta de que as obras de arte não são mais restritas aos espaços tradicionais – galerias, museus, teatros. É possível que, nesse passeio, você encontre um grupo de teatro de rua apresentando- se ou que veja pessoas usando camisetas com desenhos de um renomado pintor. Nas grandes cidades convive-se com obras de arte expostas em outdoors e pintadas em prédios. Quase todos os espaços e atividades apresentam, de alguma forma, questões estéticas e artísticas que precisam ser entendidas. Essa presença da arte em novos ambientes, em formas inusitadas, invadindo nosso dia a dia, abre aos artistas a um campo imenso da atuação profissional (COSTA, 1999). Não é mais possível pensar em arte como uma produção restrita a determinados espaços. Ela está por toda parte, penetrando no nosso cotidiano. Cabe a nós compreendê- la, portanto, como expressão desse mundo, como um elemento da nossa cultura, como expressão da subjetividade humana, mais também, como expressão da história, da cultura, da sociedade. Como expressão da diversidade humana. meramente subjetivos e arbitrários? As regras do gosto seriam meras convenções, normas impostas pela autoridade de grupos e indivíduos? Ou haveria no gosto um elemento racional ou uma capacidade autônoma de perceber e julgar? (Rosenfield, 2006). 26 1.4 CULTURA, ARTE E DIVERSIDADE A arte expressa a diversidade humana na medida em que é possibilidade do homem manifestar as diversas forma de interpretar o mundo a sua volta. Povos diferentes encontram maneiras distintas de estabelecer sua relação com a natureza e com os sentimentos humanos. Para se tornar um ser humano capaz de viver em sociedade é imprescindível que o homem aprenda a cultura da sociedade em que nasce, isso significa se socializar, compartilhar regras de convivência, modos de ser, de aprender, de fazer, de transformar e de se expressar no mundo. Como cultura, a arte é simbólica, ou seja, expressão dos símbolos e signos, cujos significados são constituídos pela sociedade, isto é, envolve a elaboração e aceitação de padrões, normas, hábitos, costumes, histórias, cujo significado é partilhado pelos indivíduos em sociedade. Como cultura, a arte não é inata, mas criada, aprendida pelo homem na vida em sociedade. Assim, a arte tem um valor social na medida em que os homens definem e compartilham as características que fazem de um som, de um texto, de uma escultura, de uma imagem e outros, algo que possua valor artístico reconhecido. Por isso, talvez, seja tão difícil definir o que é que arte e existam tantas polêmicas a respeito dessa questão. Como cultura, a arte é uma linguagem, ou seja, ela é um instrumento de comunicação entre os homens, é uma forma de 27 dizer sobre o mundo e os sentimentos humanos. A arte sempre pressupõe uma mensagem. Ela sempre diz alguma coisa e nunca é imune ao olhar humano. Como cultura, a arte possui um caráter social, isto quer dizer que ela se refere sempre ao grupo do qual o indivíduo faz parte. A arte sempre expressa a criatividade e a interpretação de um indivíduo ou grupo de indivíduos engajados socialmente. Se não existe homem sem cultura e se a cultura é socialmente compartilha, o artista é sempre um ser cultural e social e isso sempre reflete na sua arte. Como cultura, a arte é um instrumento de coesão social, ou seja, um instrumento que mantém os indivíduos unidos em torno de determinados ideais que são socialmente constituídos. Isso significa que a arte pode ser utilizada como um elemento da manutenção da ordem social, na medida em que pode retratar e dizer sobre os hábitos, as normas, as tradições, os valores e comportamento dos indivíduos. A arte contribuiu na socialização de uma forma de viver e pensar o mundo. Por exemplo, uma peça de teatro que fala sobre o amor entre duas pessoas, nos diz muito sobre como os homens lidam e expressam os seus sentimentos e como, na sociedade que vivemos, esses sentimentos devem ser vivenciados. Como cultura, a arte é dinâmica, isto é, está em constante movimento. Embora seu caráter socializador lhe confira certa estabilidade, efetivamente ela está mudandoo tempo todo, ainda que de maneira lenta, quase imperceptível. Isso quer dizer que, se por um lado, a arte pode representar uma forma de manutenção da ordem social – já que difunde tradições, hábitos, normas e costumes – por outro lado ela não impede as 28 mudanças, pelo contrário, a arte pode expressar o desejo e a necessidade da mudança. A necessidade de se romper com a tradição e os costumes e de anunciar o desejo de se construir uma sociedade diferente, mais humana e compreensiva. A arte é tão dinâmica que, talvez, muito do que considera arte hoje, não seria considerada arte se estivemos na Idade Média. Por exemplo, já não é possível mais pensar a arte afastada da tecnologia, da vida urbana, da indústria, entre outros. Concluindo essa unidade, arte, cultura e sociedade são indissociáveis. Cabe a nós refletir e compreender sobre o papel da arte na sociedade em que vivemos.