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Radioatividade: fenômenos de origem nuclear Alguns conteúdos importantes • Características das emissões alfa, beta e gama • Efeitos biológicos da radiação • Cinética das emissões radioativas • Transmutação nuclear • Aplicações da radioatividade • Fissão nuclear • Fusão nuclear • Breve histórico dos acidentes de Chernobyl e do césio-137 Comentário preliminar Em agosto de 1945 a opiniã o pública mundial conheceu, por meio de duas gigantesca s e infelizes demonstrações, o po der contido no núcleo atômic o. Foram as explosões, durant e a Se- gunda Guerra Mundial, de du as bombas atômicas, constru ídas pelos Estados Unidos, so bre as cidades de Hiroxima e Nagasá qui, no Japão. Desde então, as aplicações bélicas da energia nuclear são tema constante de discus sões acaloradas, de matérias veiculadas pela imprensa, de f ilmes e de livros. Na década de 1980, dois ac identes envolvendo a radioati vidade mereceram destaque. Um deles aconteceu em 1986 na usina nuclear de Chernobyl, n a Ucrânia, quando um dos rea tores superaqueceu-se e explodiu. O outro, ocorreu na cidade bras ileira de Goiânia, em Goiás, qu ando catadores de sucata abriram um dispositivo destinado a us o médico, encontrado por ele s num prédio abandonado, e expuser am ao ambiente alguns grama s de um material radioativo co ntendo césio-137 (isótopo do element o césio com número de mass a 137). Mas os fenômenos relacionad os ao núcleo dos átomos, cole tivamente denominados radioa ti- vidade , não têm apenas utiliza ções danosas. Aplicações no diagnóstico de doenças e na terapia do câncer são de signi ficativa importância. Alguns países so freriam prejuízos irreparáveis se, su- bitamente, fossem privados da energia elétrica proveniente d e suas usinas termonucleares . Certamente você já viu e ouv iu muitas notícias envolvendo radioatividade e energia nucle ar. São, sem dúvida, temas polêm icos. Para entendermos essa s notícias, e também para pod ermos nos posicionar com clareza, c omo cidadãos, diante das polê micas questões suscitadas por elas, é conveniente que tenhamos co nhecimento científico a respe ito desses temas. Assim, a me ta deste capítulo é dar a você um míni mo de informações acerca de radioatividade e energia nucle ar. Capitulo_11 6/22/05, 8:43293 294 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . Leia estes textos Motivação Em destaque USINA DE CHERNOBYL É DESLIGADA PELA ÚLTIMA VEZ Acidente nuclear ocorrido em 1986 resultou na morte de milhares de pessoas CHERNOBYL, Ucrânia — Um engenheiro da usina nuclear de Chernobyl aper- tou ontem o botão que desliga os aparelhos pela última vez, fechando oficialmen- te as instalações que se converteram, em 1986, no símbolo dos perigos da ener- gia atômica. O presidente ucraniano, Leonid Kuchma, transmitiu a ordem à sala de contro- le do reator nuclear no 3 de Chernobyl, onde um funcionário, com o rosto som- brio, pressionou o botão com a sigla em russo BAZ (“defesa rápida de emergên- cia”). Isso fez as varetas de controle do último reator ainda em funcionamento descerem gradualmente, para iniciar o longo processo de desativação da usina onde, em 26 de abril de 1986, houve o pior acidente nuclear do mundo. Governos e grupos ocidentais de defesa do ambiente respiraram aliviados e a Ucrânia livrou-se de um desastroso legado. [...] “O que é Chernobyl para a Ucrânia?”, perguntou Kuchma durante a cerimônia em que as cenas do desligamento foram projetadas num telão. A cerimônia foi na capital ucraniana, Kiev, 134 quilômetros ao sul da usina. Ele mesmo respondeu: “São quase 3,5 milhões de vítimas da catástrofe e suas conseqüências”, afirmou. “Quase 10% de nosso território está contaminado pela radiação. São 160 mil pes- soas que tiveram de abandonar os locais onde nasceram para mudar-se.” [...] Explosão — Catorze anos após o acidente, os restos sepultados em concre- to, incinerados e altamente radioativos do reator no 4, que explodiu após uma controversa experiência, estão sobre um pequeno monumento aos 30 bombei- ros que morreram no combate às chamas. Acredita-se que milhares de pessoas tenham morrido como resultado da nuvem radioativa expelida pelo reator in- cendiado. Um em cada 16 ucranianos e milhões de pessoas nas vizinhas Rússia e Belarus sofrem complicações de saúde como câncer da tireóide e problemas respiratórios atribuíveis ao desastre, segundo autoridades ucranianas. Um milhão de crianças nasceram com defeitos físicos. Chernobyl está circundada por uma área tóxica circular com 30 quilômetros de diâmetro, à qual o acesso é proibido e que, segundo os cientistas, deve ser inabitável por séculos. Os 6 mil trabalhadores da usina têm um futuro incerto e, após o fechamento, um deles gritou: “Nós desprezamos Leonid Kuchma”. Durante a cerimônia, al- guns choraram. A desativação total da usina ainda levará anos e, segundo os funcionários, não ocorrerá antes de 2008, quando serão extraídas as últimas varetas de com- bustível. Fonte do texto: O Estado de S. Paulo, 16 dez. 2000. p. A-27. CASO CÉSIO 137 TERÁ INDENIZAÇÃO DE R$ 1,3 MILHÃO Justiça condenou Cnen a pagar R$ 1 milhão ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos GOIÂNIA — Os danos ambientais provocados pelo acidente com césio 137 — o maior acidente radiológico do mundo, ocorrido em setembro de 1987 em Goiânia — levaram a Justiça de Goiás a condenar pessoas e entidades envolvidas com o caso a pagar uma indenização de R$ 1,3 milhão ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, acatando pedido do Ministério Público Federal. O fundo é destinado ao reparo e à prevenção do meio ambiente e dos direitos indígenas, entre outros. Engenheiro aperta o botão que desliga o reator número 3 da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Trabalhos de descontaminação nas regiões vizinhas ao local em que o césio-137 foi exposto ao ambiente, em Goiânia, 1987. Informações sobre esse acidente aparecem neste capítulo. D IO R D IE V K O N S TA N TI N / G A M M A W A G N E R AV A N C IN I / A N G U LA R R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . Capitulo_11 6/22/05, 8:43294
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