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Apostila Arte VR 2023-097-098

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@vestibularesumido
97
A arte contemporânea e os novos 
sistemas visuais
Com a revolução científica e tecnológica, máquinas 
sofisticadas passaram a fazer parte do cotidiano das 
pessoas. A arte, assim como a sociedade, sofreu 
transformações, adquirindo novas linguagens, 
tendências e reflexões. Com o surgimento de 
máquinas capazes de produzir imagens, o gesto do 
artista vai sendo transposto para a capacidade de 
pensar, olhar, perceber e refletir.
Na Idade Moderna - período compreendido entre a 
tomada de Constantinopla pelo Império Otomano, em 
1453, e a Revolução Francesa, no fim do século XVIII -, 
os artistas se viram independentes das corporações 
medievais e passaram a trabalhar individualmente, 
valorizando a solidão e a introversão que 
consideravam necessárias para a criação artística. Por 
outro lado, já no cenário tomado pela tecnologia, o 
trabalho passou a ser integrado, com a necessidade de 
cooperação entre artistas, técnicos e cientistas. O 
cinema, por exemplo, exige tal confluência de saberes 
técnicos, industriais e administrativos, pois não há 
como pensá-lo sem considerar seu caráter coletivo.
Com isso, o caráter individual de uma obra 
de arte também foi atingido, já que a 
possibilidade de reprodução de imagens 
fez com que uma obra pudesse ser copiada 
infinitas vezes, o que afetou a ideia de obra 
de arte como peça única revestida de uma 
espécie de sacralidade.
Fotografia
Diante do cenário de desenvolvimento tecnológico, 
novos sistemas visuais ganharam força na arte 
contemporânea, e a fotografia é um deles. Dentro da 
ideia de aliar arte a técnica, a fotografia permite um 
processo relativamente simples, uma vez que uma 
única pessoa pode ser capaz de dominar todo o 
processo. O fotógrafo pode fotografar, revelar, ampliar 
e imprimir uma foto. Em alguns casos, isso pode ser 
feito sem auxílio de outro profissional; em outros ele 
pode depender de alguém que detenha o maquinário 
necessário para ampliação e impressão das fotografias.
O fotógrafo alemão Frank Thiel (1966) trabalha com 
fotografias de grande dimensão, que exigem 
maquinário específico para serem impressas. Em seu 
trabalho, apresenta, como tema principal, as 
transformações da cidade de Berlim, que vão desde o 
desgaste de paredes até a demolição de prédios 
históricos da Alemanha Oriental (Figura 2). Sua 
produção artística envolve questões como memória, 
decadência e renovação.
Figura 2. Frank Thiel. Stadt 10.06.A. 2001. Impressão cromogênica. 175 × 250 cm | Ed: 4 
+ 2 P.A. 100 x 141 cm | Ed: 4 + 1 P.A.
Também trabalhando com o tema das cidades, suas 
construções e seus habitantes, a fotógrafa carioca Claudia 
Jaguaribe (1955) apresenta fotografias e instalações fotográficas 
nos mais diferentes formatos. O trabalho que realiza é diverso, 
com imagens aéreas e panorâmicas, detalhes de edificações 
montados como se fossem um arranjo de azulejos, foto-
objetos. Na série "Entrevistas" (Figura 3), ela constrói totens 
que lembram edificações. O material de que são feitas as faces 
desses sólidos são folhas de alumínio nas quais há impressas 
fotografias de fachadas de prédios. O conjunto evoca a 
ideia de uma cidade que provoca o modo de 
olhar do observador. São prédios, mas não são. 
São esculturas, mas são fotografias. Com seu 
trabalho, Claudia pretende trazer novos sentidos 
para a maneira como vê o mundo.
ARTE CONTEMPORÂNEA E 
OS NOVOS SISTEMAS 
VISUAIS 
@vestibularesumido
98
Figura 3. Claudia Jaguaribe. Escultura I. Impressão digital em alumínio. 171 x 61 x 
46 cm. Série Entrevistas.
Cinema
O cinema, de maneira geral, também é um sistema visual 
complexo que alia arte e tecnologia. Uma obra 
cinematográfica exige diversas etapas de produção e uma 
equipe de trabalho que envolve várias pessoas que 
cuidam desses diferentes estágios de elaboração de um 
filme. O aparato pode ser modesto, como em produções 
mais simples, ou monumental, como demanda uma 
grande produção.
Normalmente, há uma fase de pré-produção, quando o 
roteiro é elaborado, equipe e atores são contratados, 
figurinos e cenários são definidos e a trilha musical é 
escolhida ou criada, entre outros detalhes que a filmagem 
possa demandar. Passa-se, então, às filmagens, que, na 
maior parte das vezes, não coincidem com a sequência 
narrativa do filme, mas com necessidades operacionais, 
como o custo financeiro, aproveitamento de cenários e 
outros detalhes administrativos. Por fim, chega-se à etapa 
de pós-produção, quando as filmagens são editadas, de 
forma a constituir a história ou sequência narrativa 
prevista para o filme. Além disso, alguns filmes podem 
passar pelo processo de criação dos efeitos especiais. 
Porém, o processo não termina aí, pois há ainda um 
esforço para que o filme seja divulgado e exibido. 
Não é incomum ver filmes que têm como 
temática o próprio cinema. A indústria 
estadunidense já foi tema, por exemplo, de 
filmes como Café Society (2016) e Rosa 
Púrpura do Cairo (1985), do diretor Woody 
Allen, e Ave, César! (2016), dos irmãos Ethan 
e Joel Coen. Na Europa e no Brasil, também 
houve produções com essa temática. Os 
bastidores de uma produção cinematográfica 
são o tema de A noite americana (1973), do 
francês François Truffaut. Reflexões acerca 
do processo cinematográfico e das 
dificuldades enfrentadas ao longo do 
processo de criação são abordadas em 8½ 
(1963), do diretor italiano Federico Fellini. Em 
Saneamento básico (2007), produção 
brasileira de Jorge Furtado, fala-se dos 
processos de filmagem numa narrativa 
humorística que conta a história de pessoas 
de uma comunidade que não têm a menor 
ideia de como se faz um filme, mas que 
tentam aproveitar uma verba de projetos 
culturais disponível na prefeitura para fazer 
um filme educativo.
Figura 4. Cena do filme 8½.
Videoarte
A videoarte é uma manifestação artística surgida do uso das 
gravações em vídeo nas artes visuais, ganhando cada vez mais 
espaço no cenário da arte contemporânea. Tendo surgido 
inicialmente em Nova Iorque, nos anos 1960, das possibilidades 
de se gravar imagens e sons com câmeras portáteis e do 
interesse pela televisão, foi largamente explorada nos anos 1970, 
passando por avanços tecnológicos e tendo suas possibilidades 
de abordagem de temas.
Artistas, principalmente aqueles que já haviam 
experimentado captar imagens por meio de 
fotografia ou filmagem, se viram atraídos pela 
linguagem da videoarte, que permite que o vídeo e 
a televisão sejam associados a outras mídias. A 
videoarte é uma linguagem que faz uso da 
tecnologia para trabalhar imagens projetadas - 
estáticas ou em movimento -, ampliando as 
possibilidades de relação da obra de arte com o 
espaço físico.
O artista mineiro Cao Guimarães (1965) vem produzindo vídeos 
e videoinstalações desde 1990, explorando as possibilidades de 
linguagem da videoarte, além de atuar também como diretor de 
cinema. Recebeu vários prêmios de fotografia, cinema e vídeo e 
tem trabalhos em importantes espaços da arte, como o Instituto 
Inhotim e o MoMA. No curta Quarta-feira de cinzas, de 2006, a 
lente de Cao se volta para um foco mínimo: formigas carregando 
confetes após o carnaval. Sobre o filme, o artista comenta: "Após 
o carnaval, no ocaso melancólico de uma Quarta-Feira de Cinzas, 
as formigas começam sua festa profana, multicolorida, ao ritmo 
de samba em caixa de fósforo." A lente do artista capta imagens e 
as oferece ao público transformadas por seu olhar poético.
Figura 5. Cena do curta-metragem Quarta-feira de cinzas.

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