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NEUROEMBRIOLOGIA-E-NEUROANATOMIA-FUNCIONAL

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO ......................................................... 4 
2.1 Conceitos organizacionais .................................................................... 6 
3 SISTEMA NERVOSO CENTRAL .............................................................. 13 
4 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ........................................................ 20 
5 ORGANIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO ........... 23 
5.1 Sistema nervoso central ..................................................................... 27 
5.2 Sistema nervoso periférico ................................................................. 28 
5.3 Visão geral do sistema nervoso central .............................................. 30 
6 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO .................................... 30 
6.1 Desenvolvimento do encéfalo e da medula espinal ........................... 31 
6.2 Origem das regiões do sistema nervoso ............................................ 34 
6.3 Relação das células do sistema nervoso com sua origem ................. 35 
7 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO SNC ..................................... 38 
7.1 Estruturas que compreendem o encéfalo e suas funções .................. 46 
7.2 Córtex cerebral e suas funções .......................................................... 47 
7.3 Diencéfalo e suas funções ................................................................. 51 
7.4 Cerebelo e suas funções .................................................................... 53 
8 EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO ............................................... 54 
9 NEUROANATOMIA .................................................................................. 58 
9.1 Diferença das células da glia de acordo com sua morfologia e função
 ............................................................................................................58 
9.2 Caracterização dos sistemas nervoso central e periférico ................. 62 
9.3 Órgãos e estruturas que compõem o sistema nervoso central e o 
sistema nervoso periférico ..................................................................................... 64 
10 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA ........................................................... 71 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
4 
 
2 DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO 
 
Fonte: conhecimentocientifico.com 
Anatomicamente, o sistema nervoso está dividido em sistema nervoso central 
(SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC integra, processa e coordena a 
chegada de estímulos sensitivos e a saída de estímulos motores. O SNP inclui todos 
os tecidos nervosos fora do SNC e apresenta duas subdivisões: SNP aferente e SNP 
eferente. O neurônio e a neuróglia são as células do sistema nervoso (AUGUSTA, 
2018). 
O sistema nervoso é um sistema complexo que, juntamente com o sistema 
endócrino, coordena, controla e integra os demais sistemas do organismo humano 
para reagir a alterações internas ou do ambiente externo, sempre com o intuito de 
manter a homeostasia. O tecido nervoso se distribui por todo o organismo, sendo que 
as células constituintes desse tecido são os neurônios (responsáveis pelos impulsos 
nervosos) e as células da glia. As células da glia são de diferentes tipos e, portanto, 
apresentam diversas funções, como sustentar, alimentar e proteger os neurônios e 
manter o equilíbrio no líquido intersticial. Algumas dessas células fazem parte apenas 
do sistema nervoso central (SNC), enquanto outras do sistema nervoso periférico 
(SNP). Esses dois sistemas se diferenciam tanto pelos tipos de células da glia, órgãos 
e demais estruturas de sua composição, quanto pela função que exercem no 
organismo 
 
5 
 
O sistema nervoso é constituído pelo tecido nervoso, o qual é distribuído pelo 
corpo, interligando-se e formando uma rede de comunicações. Anatomicamente, este 
sistema é dividido em sistema nervoso central (SNC), formado pelo encéfalo e pela 
medula espinal, e em sistema nervoso periférico (SNP), formado pelos nervos 
espinais e cranianos e pelos gânglios nervosos (Figura). 
O SNC é responsável pela recepção de estímulos sensitivos, sua integração e a 
saída de estímulos motores. É o centro de funções cognitivas, como a inteligência, o 
raciocínio, a memória, o aprendizado e as emoções. O encéfalo é a parte do SNC 
contida no interior da cavidade craniana e a medula espinal é a parte que continua a 
partir do encéfalo e se localiza no interior da cavidade vertebral. O encéfalo apresenta 
uma forma irregular, repleta de dobras e saliências. No seu interior, existem cavidades 
chamadas de ventrículos, preenchidas por um líquido, o líquor, atualmente 
denominado líquido cerebrospinal (LCS) ou líquido cerebrorraquidiano (LCR). Já a 
medula espinal tem forma cilíndrica ou tubular e termina em forma de cone, chamado 
de cone medular. O SNP é composto por todas as estruturas que estão fora do SNC, 
transmite as informações sensitivas ao SNC e conduz os comandos motores do SNC 
para sistemas e tecidos periféricos. Sua subdivisão consiste em divisão aferente, que 
conduz informações sensitivas ao SNC, e divisão eferente, que conduz estímulos 
motores para músculos (do tipo liso e esquelético) (AUGUSTA, 2018). 
Os principais componentes do SNP são os nervos, que são conjuntos de fibras 
nervosas encontrados em todas as partes do corpo. Os nervos cranianos e os nervos 
espinais fazem parte deste sistema. Os nervos espinais se conectam ao SNC a partir 
de orifícios na coluna vertebral e os nervos cranianos o fazem através de orifícios 
existentes no crânio. Estas duas classes de nervos podem transmitir informações 
sensitivas, motoras, viscerais ou somáticas. Existem nervos que conduzem tanto 
informações sensitivas quanto motoras, sendo chamados de nervos mistos. Os nervos 
cranianos e os nervos espinais compõem a subdivisão do SNP, que é o sistema 
nervoso somático (SNS), o sistema nervoso autônomo (SNA) e o sistema nervoso 
entérico (SNE). 
 
 
6 
 
 
Fonte: AUGUSTA (2018). 
2.1 Conceitos organizacionais 
Saber os significados de alguns termos relacionados ao sistema nervoso, muito 
comuns e bastante difundidos na linguagem anatomoclínica. Por exemplo: qual a 
diferença entre substância branca e substância cinzenta? Os dois termos sempre vão 
estar relacionados ao SNC, mas substância cinzenta é um aglomerado de corpos de 
neurônios pertencentes ao SNC e substância branca são regiões com somente 
axônios de neurônios no SNC. O termo cinzento se refere à coloração dos somas 
neuronais e o termo branca se refere à coloração vinda das bainhas de mielina que 
revestem os axônios dos neurônios. O que é um gânglio? Gânglio é um aglomerado 
de corpos de neurônios fora do sistema SNC, isto é, este termo é aplicado somente 
para o SNP! O que é fibranervosa? Fibra nervosa é o conjunto de um axônio e o tipo 
 
7 
 
de célula que o reveste. Isto é, no SNC, os axônios dos neurônios são revestidos por 
células gliais chamadas de oligodendrócitos e, no SNP, os axônios são revestidos por 
células gliais chamadas de células de Schwann. Tanto o revestimento por 
oligodendrócitos quanto o revestimento pelas células de Schwann formam a 
denominada “bainha de mielina” (AUGUSTA, 2018). 
 
Tipos de células que compõem o sistema nervoso 
 
O tecido nervoso apresenta dois componentes principais: os neurônios e as 
células gliais ou neuroglia. 
Neurônios 
São células altamente excitáveis, isto é, respondem a estímulos químicos ou 
elétricos, vindos geralmente de outras células, e que, a partir disto, geram impulsos 
elétricos (ou potencial de ação) que são transmitidos ao longo da membrana 
plasmática que recobre seus prolongamentos. Estas células nervosas apresentam 
morfologia complexa, mas quase todas apresentam três componentes (Figura): 
 Dendritos: são prolongamentos numerosos especializados em receber 
estímulos sensoriais do meio externo e do meio interno e de outros neurônios. 
Os dendritos contêm processos espinhosos chamados de espinhas 
dendríticas, que recebem os estímulos excitatórios das terminações nervosas 
de outros neurônios. 
 Corpo celular ou soma: é o corpo celular que contém o citoplasma ou 
axoplasma e suas organelas e também pode receber estímulos. 
 Axônio: prolongamento geralmente cilíndrico e único que parte da soma, é 
especializado em conduzir impulsos nervosos para outras células, como 
células glandulares, musculares e outras células nervosas (Figuras). O sistema 
nervoso está continuamente sofrendo modificações relacionadas a sua 
morfologia e a suas conexões nervosas: é a chamada plasticidade neural. A 
partir de determinados estímulos, mudanças na organização, nas conexões 
neurais e até na estrutura dos neurônios podem ocorrer. Através da 
plasticidade, por exemplo, novos comportamentos são aprendidos e o 
desenvolvimento humano se torna um ato contínuo. 
 
8 
 
Os neurônios são envolvidos pela membrana plasmática, cuja excitabilidade dá 
aos neurônios a propriedade de produzir sinais elétricos que funcionam como 
unidades de informação. 
 
 Fonte: Tortora e Derrickson (2012). 
 
9 
 
 
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009). 
Sendo unidades funcionais de informação, os neurônios operam em grandes 
conjuntos, compondo os circuitos neuronais ou redes neuronais. 
 
Neuróglia 
 
Além dos neurônios, o sistema nervoso é composto pela neuroglia, que é um 
conjunto de vários tipos de células. As células gliais são responsáveis pela 
sustentação e pelo trofismo dos neurônios e uma parcela destas células tem função 
fagocitária. Descobertas atuais evidenciaram o papel ativo da neuróglia em inúmeros 
processos cognitivos e de integração nas redes de conexões neuronais, deixando 
para trás a noção de função meramente de suporte estrutural para os neurônios. As 
células da glia podem se multiplicar e se regenerar e têm participação essencial nos 
processos de lesão e degeneração neurona. (AUGUSTA, 2018). 
 
10 
 
Existem seis tipos de células da neuróglia, sendo que quatro pertencem ao SNC 
e duas ao SNP (Figura ). Células gliais do SNC: astrócitos, oligodendrócitos, micróglia 
e células ependimárias Os astrócitos compõem a maioria das células gliais e, como o 
nome já expressa, apresentam forma de estrela. Contribuem para o controle do 
espaço entre as células, aumentando a área de superfície entre elas e 
proporcionando, também, uma resistência mecânica aos neurônios; fazem parte da 
barreira hemato- -encefálica, que isola a circulação geral do tecido nervoso. 
Os oligodendrócitos possuem prolongamentos que fazem contato com os axônios 
ou corpos celulares de neurônios e, além disto, “enrolam-se” nos axônios e formam a 
bainha de mielina, com propriedades isolantes que aumentam a velocidade da 
transmissão sináptica. As células da micróglia fazem parte de um sistema de defesa 
do SNC e fagocitam elementos celulares que não funcionam ou que são indesejáveis, 
residuais ou com algum poder patológico. Em casos de lesões ou infecções, ocorre 
um aumento no número destas células. Células ependimárias revestem os ventrículos 
encefálicos e o canal central da medula espinal, desta forma, agindo como uma 
barreira que impede que elementos não desejáveis da circulação comum entrem no 
SNC. As células ependimárias estão dispostas de forma que somente elementos 
gasosos e glicose, por exemplo, ultrapassem suas junções (AUGUSTA, 2018). 
 
Células gliais do SNP – células satélites e células de Schwann 
 
 Células satélites: cercam os somas dos neurônios periféricos, 
regulando a troca de nutrientes e produtos residuais entre o corpo do 
neurônio e o líquido extra celular. 
 Células de Schwann: envolvem os axônios dos neurônios do SNP, 
compondo o neurilema, que é a cobertura destas células nos axônios 
periféricos, e formam a bainha de mielina. (AUGUSTA, 2018). 
 
 
 
11 
 
 
Fonte: AUGUSTA,2018. 
As diferentes células que compõe a neuróglia e sua distribuição nos sistemas 
nervoso central e periférico. Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009). 
Estrutura e função geral dos neurônios e da bainha de mielina 
 Os neurônios apresentam muitas formas e cada uma delas serve para determinada 
função. Sendo assim, existem neurônios morfologicamente diferentes distribuídos em 
diversas regiões do sistema nervoso central e do sistema nervoso periférico. Os tipos 
morfológicos são classificados da seguinte maneira (Figura) segundo Augusta (2018): 
 Apolares: são neurônios nos quais não se pode distinguir, pelo menos 
anatomicamente, qual é o axônio e quais são os dendritos. 
 Unipolares: apresentam um soma e um axônio, sendo que do axônio partem 
alguns dendritos. Células da retina e da mucosa olfatório são deste tipo. 
 Bipolares: são células que participam das funções de transmissão nos sentidos 
especiais, como na visão, no olfato e na audição. O soma se localiza entre o 
dendrito e o axônio. Vários dendritos se unem em um único feixe, partindo do 
corpo celular. 
 Multipolares: possuem vários dendritos e um axônio com uma ou mais 
ramificações (AUGUSTA, 2018). 
 
12 
 
 
 
 
 
 Fonte: Tortora e Derrickson (2012). 
O axônio de um neurônio apresenta, em geral, as seguintes características: inicia 
partindo do cone de implantação, que é uma região em forma de cone, no corpo 
celular; sua porção terminal é chamada de terminal axônico e possui vários botões 
sinápticos. Estas estruturas contêm vesículas sinápticas que armazenam os 
neurotransmissores, responsáveis pela comunicação neural (AUGUSTA, 2018). 
Os axônios da maioria dos neurônios são envolvidos por uma bainha de 
mielina, um revestimento feito por células gliais, que no SNC são os oligodendrócitos 
e que no SNP são as células de Schwann. Estas células envolvem o axônio do 
neurônio enrolando-se em torno de si mesmas. A bainha de mielina isola o axônio de 
um neurônio e aumenta a velocidade de condução do impulso nervoso. Espaços ou 
lacunas entre as bainhas de mielina são chamados de nódulos de Ranvier. Os 
neurônios que possuem axônios revestidos por bainha de mielina são chamados de 
mielínicos e os sem este revestimento são chamados de amielínicos (Figura). 
O sistema nervoso está continuamente sofrendo modificações relacionadas a sua 
morfologia e a suas conexões nervosas: é a chamada plasticidade neural. A partir de 
determinados estímulos, mudanças na organização, nas conexões neurais e até na 
estrutura dos neurônios podem ocorrer. O fenômeno da plasticidade faz parte dos 
 
13 
 
processos de aprendizado e memória, pois a cada novo comportamento aprendido 
desde o nascimento até a fase adulta, várias conexões neurais ocorrem e se fixam no 
sistema nervoso central, contribuindo para o desenvolvimento normale evolutivo do 
ser humano (AUGUSTA, 2018). 
Além da classificação morfológica, os neurônios podem ser classificados 
funcionalmente. O critério usado para tal é a direção em que o impulso nervoso é 
transmitido em relação ao SNC: neurônios aferentes ou sensitivos, neurônios 
eferentes ou motores e interneurônios ou de associação. 
 Neurônios sensitivos ou ascendentes: de maioria unipolar, estes neurônios 
transmitem informações sensitivas, por meio de impulsos nervosos, que são 
potenciais de ação, para o SNC. 
 Neurônios eferentes ou motores: conduzem os potenciais de ação partindo do 
SNC para os efetores, que são músculos (liso e estriado esquelético) e as 
glândulas do corpo, através de nervos cranianos e espinais. 
 Interneurônios ou neurônios de associação: de maioria multipolar e com o 
corpo celular dentro do SNC, estes neurônios fazem a conexão entre vários 
outros neurônios de outras áreas (AUGUSTA, 2018). 
3 SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Fonte: shop.farmaciabolli1833.it 
 
14 
 
Os órgãos do SNC estão localizados dentro do esqueleto axial, e são 
protegidos pela caixa craniana e pelo canal vertebral. O SNC é composto pelos 
seguintes órgãos e estruturas: 
 Encéfalo — Em adultos, tem peso aproximado de 1,4 kg, dividido em três 
partes: cérebro, cerebelo e tronco encefálico (Figura). A seguir, conheça cada 
uma dessas estruturas: 
 Cérebro: constitui 90% da massa encefálica, apresentando uma superfície 
bastante pregueada que possibilita um aumento considerável da superfície 
cerebral. As principais funções do cérebro são: controle das sensações, 
execução de atos conscientes e voluntários (movimentos), pensamentos, 
memória, inteligência, aprendizagem, recebimento e interpretação dos sentidos 
e manutenção do equilíbrio. Apresenta um córtex, camada externa que abriga 
a substância cinzenta contendo os corpos neuronais. Em sua região interna, 
abriga a substância branca que contém dendritos e axônios de neurônios. O 
cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo. Eles 
estão conectados por um feixe de filamento nervoso conhecido como corpo 
caloso, que permite a comunicação entre os dois hemisférios, transmitindo 
diferentes informações como, por exemplo, a memória e o aprendizado. O 
cérebro humano é dividido, ainda, em: lobo frontal, lobo temporal, lobo parietal, 
lobo occipital e lobo da ínsula, conforme veremos a seguir: 
■ Lobo frontal: controla o sentimento de afeto, a personalidade, o raciocínio e 
a inibição de impulsos comportamentais. Ele também responde pela função 
motora e pela associação da fala por meio da área de Broca. Estende-se do 
polo anterior do cérebro até o sulco central. É composto por três superfícies: 
– Superfície superolateral: apresenta três sulcos (sulco pré-central, frontal 
superior, frontal inferior) que delimitam os giros pré- -central, frontal superior, 
frontal médio e frontal inferior; 
– Superfície medial: estende-se até o sulco cingulado e, posteriormente, por 
uma linha imaginária que o liga ao topo do sulco central. Na parte inferior, é 
contínuo com a parte orbital do lobofrontal, que tem essa designação por estar 
localizada sobre a órbita. A zona demarcada pelo sulco do cíngulo 
superiormente à circunvolução cingulada é, com exceção da extremidade 
posterior, parte do lobo frontal. 
 
15 
 
– Superfície inferior: contendo a parte inferior orbital e abrigando o giro orbital, 
o bulbo olfativo e o giro reto. 
■ Lobo parietal: lobo puramente sensitivo que realiza a interpretação das 
sensações. Atua também na consciência corporal, no espaço e na recepção sensorial, 
principalmente, em sensações de dor, tato, gustação, temperatura e pressão. Possui 
uma superfície superolateral dividida pelos sulcos pós-central e intraparietal, contendo 
três principais áreas: giro pós-central, lobo parietal superior e lobo parietal inferior. 
Apresenta uma superfície medial delimitada pelos sulcos subparietal e calcarino e pelo 
sulco parietoccipital. 
■ Lobo temporal: abriga os sentidos do paladar, olfato e audição, além de 
armazenar as memórias de curto prazo. Esse lobo apresenta uma superfície 
superolateral que abriga o sulco temporal superior e o sulco temporal inferior. Contém 
em sua superfície o giro temporal superior, o giro temporal médio e o giro temporal 
inferior. 
■ Lobo occipital: responsável pela visão e pela interpretação das sensações 
visuais. O lobo occipital é rodeado anteriormente pelo lobo parietal e pelo lobo 
temporal em ambas as superfícies lateral e medial do hemisfério. Localiza-se 
posteriormente a uma linha imaginária que une a incisura pré-occipital ao sulco 
parietoccipital, repousando sobre a tenda do cerebelo. 
■ Lobo da ínsula: lobo profundo que fica ao fundo do sulco lateral, no encéfalo. 
Apresenta forma triangular com vértice inferoanterior, estando separado dos lobos 
vizinhos por sulcos pré-insulares. É portador de cinco giros curtos e longos. Faz parte 
do sistema límbico e coordena quaisquer emoções, além de ser responsável pelo 
paladar. Na região inferior do cérebro, existem duas importantes estruturas, o tálamo 
e o hipotálamo. No tálamo, ocorre a reorganização dos estímulos nervosos e a 
percepção sensorial que denota a consciência. O hipotálamo atua no controle do 
sistema autônomo, na regulação dos processos de sede e fome, no processo de 
contração muscular liso e cardíaco, nos processos relacionados ao desejo sexual, na 
regulação dos estados de consciência e ritmos circadianos e na regulação de 
secreção de diversas glândulas que produzem hormônios, além de agir no controle 
de vários hormônios da hipófise. 
 
16 
 
 Cerebelo: localizado na fossa posterior do encéfalo, é o responsável pelo 
equilíbrio do corpo, pelo tônus e vigor muscular, pela orientação espacial e pela 
coordenação dos movimentos. O cerebelo é dividido em três porções: 
1. Arqueocerebelo — Corresponde ao lobo flóculo nodular. É o centro de 
equilíbrio, e recebe informações dos núcleos vestibulares (feixe 
vestibulocerebral). 
2. Paleocerebelo — Corresponde ao lobo anterior. É o centro de tratamento de 
informação proprioceptiva. Regula o tônus muscular e a postura. As vias 
aferentes são as da sensibilidade proprioceptiva (feixes espinho- -cerebelares 
posterior e anterior). 
3. Neocerebelo — Lobo posterior, responsável pela coordenação de 
movimentos finos. Apresenta-se em relação com o córtex cerebral através da 
via corticoponto-cerebelosa (aferente) e do feixe dentato-rubro- -talâmico-
cortical (eferente). O cerebelo é constituído também pelas seguintes estruturas: 
os vérmis, do superior ao inferior (língua, lóbulo central, cúlmen, declive, folium, 
túber, pirâmide, úvula e nódulo) e as fissuras — fissuras após o vérmis língua, 
pré-central, pré-culminar, prima, pós-clival, horizontal, pré-piramidal, pós- -
piramidal e posterolateral. O cerebelo apresenta os seguintes lobos: 
■ Lobo flóculo-nodular ou vestibulocerebelo: envolvido com a manutenção do 
equilíbrio, importante para a manutenção do equilíbrio e postura. 
■ Lobo anterior: esse lobo está mais relacionado com a postura, o tônus 
muscular e o controle da coordenação dos membros inferiores, principalmente, 
da marcha. 
 ■ Lobo posterior ou neocerebelo: envolvido com a coordenação dos 
movimentos finos iniciados pelo córtex cerebral. 
„ Tronco encefálico: localizado entre a medula e o diencéfalo, situando- -se 
ventralmente ao cerebelo, conecta a medula espinal com as estruturas encefálicas 
localizadas superiormente. A substância branca do tronco encefálico possui estruturas 
que recebem e enviam informações motoras e sensitivas para o cérebro e também as 
provenientes dele. Dentro da substância branca do tronco encefálico, encontram-se 
massas de substância cinzenta, denominadas núcleos, que exercem efeitos sobre a 
pressão sanguínea e a respiração. No tronco encefálico, entram corpos de neurônios 
que seagrupam em núcleos e fibras nervosas, formando feixes denominados tratos, 
 
17 
 
fascículos ou lemniscos. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou imitem 
fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de 
nervos cranianos, 10 fazem conexão com o tronco encefálico. Essa região é 
responsável pelo controle da respiração, dos batimentos cardíacos e pela 
vasoconstrição dos vasos sanguíneos. O tronco encefálico divide-se em mesencéfalo, 
ponte e bulbo e, a seguir, estão descritas algumas de suas funções: 
■ Mesencéfalo: responsável pela recepção e coordenação do grau de 
contração dos músculos e pela postura corporal. 
■ Ponte: responsável pela manutenção da postura corporal, pelo equilíbrio do 
corpo e pelo tônus muscular. 
■ Bulbo: responsável pelo controle dos batimentos cardíacos, dos movimentos 
respiratórios e da deglutição. 
■ Medula espinal: cilindro esguio formado por tecido nervoso que vai do tronco 
cerebral até a primeira vértebra lombar (Figura), de onde partem 31 pares de nervos 
espinais. Tem como função transmitir informações sensoriais da periferia ao cérebro, 
retransmitindo reações motoras do cérebro aos nervos. Também é responsável por 
atos reflexos, como o reflexo medular, em que ocorrem respostas rápidas em 
situações de emergência sem a interferência do encéfalo. 
 
 
18 
 
 
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 399). 
 
19 
 
 
Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com 
Meninges: são três membranas de tecido conjuntivo que envolvem o sistema 
nervoso central. Recebem os nomes de dura-máter, aracnoide- -máter e pia-máter. 
Elas têm a função de fornecer proteção ao SNC (Figura). 
 
 
20 
 
 
 
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 392) 
4 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO 
 
Fonte:goconqr.com 
O SNP é formado por nervos, gânglios nervosos e terminações nervosas. 
Essas terminações são responsáveis por captar informações sensoriais como dor, 
tato, frio, pressão, calor e paladar. Nervos — São cordões esbranquiçados formados 
por feixes de fibras nervosas oriundas de vários axônios de neurônios, reforçados por 
tecido conjuntivo que unem o SNC aos órgãos periféricos. Eles transmitem 
 
21 
 
mensagens de várias partes do corpo para o SNC ou deste para as regiões corporais 
(HAUBERT, 2019). 
São classificados da seguinte maneira: 
Quanto ao tipo de neurônio: 
 
■ sensitivos ou aferentes, que contêm apenas neurônios sensitivos; 
■ motores ou eferentes, que contêm apenas neurônios motores; 
 ■ mistos, que contêm neurônios sensitivos e motores. 
 
Quanto à posição anatômica: 
 
■ nervos cranianos: são doze pares conectados ao encéfalo; 
■ nervos espinais: são trinta e um pares conectados à medula espinal. 
Gânglios nervosos — São aglomerados de corpos celulares de neurônios 
encontrados fora do SNC. Estão localizados junto aos nervos, próximos da coluna 
vertebral. Possuem a função de estações de interligação entre neurônios e demais 
estruturas corporais. 
Terminações nervosas — Essas estruturas, localizadas ao final dos nervos, 
realizam a captação de estímulos sensitivos e motores do meio interno ou externo 
conduzindo-os para o SNC. O SNP é dividido da seguinte maneira: 
 Sistema nervoso voluntário ou somático: realiza ações conscientes, como 
andar, falar, pensar e movimentar membros. Ele é formado por nervos motores 
que conduzem impulsos do sistema nervoso central para a musculatura 
estriada esquelética. 
 Sistema nervoso autônomo: realiza ações inconscientes e involuntárias, como 
a digestão e os batimentos cardíacos. É formado por nervos motores que 
conduzem os impulsos do sistema nervoso central para a musculatura lisa dos 
órgãos viscerais, músculos cardíacos e glândulas. 
Ele está dividido em dois sistemas: sistema nervoso simpático e sistema 
nervoso parassimpático. 
É conhecido também como vegetativo ou visceral, formado por nervos motores 
que conduzem os impulsos do sistema nervoso central para a musculatura lisa dos 
órgãos viscerais, músculos cardíacos e glândulas. Esse sistema controla a digestão, 
 
22 
 
o sistema cardiovascular, além dos sistemas excretor e endócrino. O sistema nervoso 
autônomo é dividido em outros dois sistemas: sistema nervoso simpático e sistema 
nervoso parassimpático. De uma maneira ampliada, podemos dizer que esses dois 
sistemas realizam funções contrárias ou antagônicas, em que um atua corrigindo o 
excesso do outro, buscando um sistema de compensação e equilíbrio. Por exemplo: 
o sistema simpático acelera os batimentos cardíacos para além do normal, e o sistema 
parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. O SNP autônomo 
simpático estimula ações que exigem energia, possibilitando ao organismo responder 
a situações estressantes e de vigília. Assim, o sistema simpático realiza a aceleração 
dos batimentos cardíacos, o aumento da pressão arterial, o aumento glicêmico 
sanguíneo e a ativação do metabolismo geral do corpo. Em contrapartida, o SNP 
autônomo parassimpático tem a responsabilidade de estimular as atividades de 
relaxamento, como a diminuição do ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras. 
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que as 
fibras pós-ganglionares dos dois sistemas, geralmente, secretam diferentes 
hormônios (HAUBERT, 2019). 
O hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso 
parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados de 
colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam, 
principalmente, noradrenalina e, por conta disso, a maioria deles é chamada de 
neurônios adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à 
glândula suprarrenal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que 
produz a resposta de luta ou fuga em situações de estresse. Os hormônios acetilcolina 
e noradrenalina são capazes de estimular alguns órgãos e inibir outros, de maneira 
antagônica. Com isso, quando são estimulados, os centros simpáticos cerebrais 
excitam, ao mesmo tempo, a maioria dos nervos simpáticos, preparando o corpo para 
lutar ou fugir. Fora as excitações citadas, algumas condições fisiológicas podem 
estimular partes localizadas desse sistema. Como exemplo temos (HAUBERT, 2019).: 
 Reflexos calóricos: o calor que age sobre a pele provoca um reflexo que 
percorre a medula espinal e retorna a ela, causando dilatação dos vasos 
sanguíneos cutâneos. A vasodilatação superficial da pele também pode 
ocorrer graças ao sangue aquecido que passa através do centro de controle 
térmico do hipotálamo. 
 
23 
 
 Exercícios: o exercício físico estimula o metabolismo dos músculos causando 
um efeito local de dilatação dos vasos sanguíneos musculares. Contudo, ao 
mesmo tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das 
outras regiões do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua 
facilmente pelos músculos, garantindo sua nutrição e oxigenação, enquanto a 
vasoconstrição diminui o fluxo sanguíneo em todas as regiões do corpo, exceto 
no coração e no cérebro, garantindo maior suporte sanguíneo aos músculos 
que estão em atividade. Isso ocorre porque, nas junções neuromusculares, 
bem como nos gânglios do SNPA simpático e parassimpático, acontecem 
sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares. 
Nesses dois casos exemplificados, o neurotransmissor é a acetilcolina. A 
acetilcolina atua nas dobras da membrana, aumentando a sua permeabilidade 
aos íons sódio, que passam para o interior da fibra, despolarizando essa área 
da membrana do músculo e promovendo a contração muscular. Quase 
imediatamente após a acetilcolina ter estimulado a fibra muscular, ela é 
destruída, o que permite a despolarização da membrana e, com isso, o 
relaxamento muscular, que não permite uma contração prolongada(HAUBERT, 2019). 
5 ORGANIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO 
 
Fonte: cienciasecognicao.org 
 
24 
 
O sistema nervoso é subdividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema 
nervoso periférico (SNP). Basicamente, o SNC é constituído pelo encéfalo e pela 
medula espinal. O encéfalo está contido dentro da caixa craniana e possui inúmeras 
camadas, que circundam cavidades preenchidas por líquido cerebrospinal. A medula 
está inserida no canal vertebral, ao longo da coluna. Já o SNP é constituído pelos 
nervos e receptores sensoriais. Visualize essas estruturas na Figura (LAZARRETTI, 
2020). 
 
 
Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 362). 
As células existentes no SNC e no SNP são os neurônios e as células da glia. 
Os neurônios são células excitáveis, que recebem, processam e geram respostas às 
 
25 
 
informações a que estamos expostos. Histologicamente, os neurônios são formados 
de partes específicas, como as que vemos a seguir. 
 Corpo ou soma: parte que contém o núcleo celular, o citoplasma e o 
citoesqueleto, com as principais organelas (retículo endoplasmático, complexo 
de Golgi, mitocôndrias, entre outras). 
 Axônio: é um prolongamento celular que realiza o transporte do potencial de 
ação. Está rodeado ou não de bainha de mielina (formada de camadas de 
fosfolipídeos de membrana, útil para o isolamento elétrico). 
 Dendritos: ramificações que fazem a comunicação entre neurônios, as 
sinapses. 
 Terminal axonal: segmento final do neurônio que possui vesículas sinápticas 
com neurotransmissores, para liberação na fenda sináptica. Funcionalmente, 
podemos classificar os neurônios como (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; 
SILVERTHORN, 2017; MARIEB; HOEHN, 2008): 
 Sensoriais. São aferentes, ou seja, conduzem informações sensoriais ao SNC. 
Essa informação é adquirida na periferia e pode ser de tipos diferentes (táteis, 
de temperatura, de dor, entre outras) e podem ser mielinizados ou não. 
 Interneurônios. Possuem vasta ramificação e fazem a comunicação entre 
neurônios. 
 Motores. São eferentes, isto é, conduzem informações motoras do SNC para 
os músculos. Podem inervar órgãos viscerais por meio do sistema nervoso 
autônomo (SNA), ou a musculatura esquelética, por meio do sistema nervoso 
somático (SNS), e são altamente mielinizados. Outra importante classificação 
dos neurônios se dá de acordo com sua morfologia, podendo ser denominados 
conforme os fatores descritos a seguir. 
 Unipolares, quando possuem apenas um prolongamento celular, o axônio. 
 Bipolares, quando possuem dois prolongamentos a partir do corpo celular (os 
dois primeiros são comumente sensoriais). 
 Anaxônicos, nos quais não se observa a presença de axônio aparente 
(encontrados em interneurônios). 
 Multipolares, com inúmeras ramificações dendríticas e terminais axonais mais 
largos, observados em neurônios eferentes. (LAZARRETTI, 2020). 
 
 
26 
 
Já as células da glia realizam funções de suporte neuronal, proporcionando 
isolamento elétrico e suporte energético. Também estão presentes em barreiras 
protetoras. Sem a glia, os neurônios teriam sua sobrevivência prejudicada ou nula, 
pois a proporção dessas células é em torno de 50 para cada neurônio. A glia, no SNC, 
possui diferentes tipos de celulares, conforme vemos a seguir. 
 Oligodendrócitos: contidos nas bainhas de mielina axonais. 
 Microglia: representa as células imunológicas no sistema nervoso. 
 Células ependimárias: localizadas nas zonas ventriculares, realizando 
barreiras, e fornecem células tronco. 
 Astrócitos: importantes atores no cenário neuronal. Participam do suporte 
energético neuronal captando íons, água, glicose, e regulam ações 
neuroquímicas nas fendas sinápticas, recaptando neurotransmissores. Já no 
SNP, estão presentes apenas dois tipos de glia: 
 Células de Schwann: bainhas de mielina neuronais. 
 Células satélites: gânglios nervosos. Acompanhe, na Figura, mais informações 
sobre os tipos de célula da glia e suas funções. 
 
27 
 
 
Fonte: Silverthorn (2017, p. 234) 
 
5.1 Sistema nervoso central 
A organização celular do SNC pode ser visualizada com colorações diferentes, 
como visto na Figura. A substância cinzenta é o constituinte mais escuro do SNC, e 
ali se localizam células gliais, prolongamentos neuronais com menor quantidade de 
 
28 
 
mielina e, principalmente, os corpos dos neurônios. No encéfalo, a substância 
cinzenta é denominada córtex cerebral, que constitui a parte mais próxima à 
superfície. Nota-se que locais com conjuntos de corpos celulares no SNC são 
denominados núcleos. Na substância branca encontram- -se apenas prolongamentos 
neuronais mielinizados de cor mais esbranquiçada e células da glia (BEAR; 
CONNORS; PARADISO, 2017; SILVERTHORN, 2017; KANDEL et al., 2014). Mais 
adiante, veremos o SNC em mais detalhes (LAZARRETTI, 2020). 
5.2 Sistema nervoso periférico 
O SNP representa todos os tecidos nervosos que estão fora do SNC. Fazem 
parte desse sistema os receptores sensoriais, com formato de terminações nervosas 
ou células singulares. Eles estão em locais como a pele, os órgãos viscerais, os 
músculos e as articulações. Esses terminais se ligam a nervos espinais, originados na 
medula espinal, e a nervos cranianos, que emergem do encéfalo. 
Tais nervos normalmente são mistos, com uma parte sensorial, com origem 
nas raízes dorsais da medula espinal ou em gânglios próximos nos nervos 
cranianos; e uma parte motora, composta dos neurônios motores que 
inervam músculos esqueléticos (SNS) e de órgãos viscerais (SNA), de 
controle da musculatura lisa, glândulas e tecido muscular cardíaco 
(TORTORA; DERRICKSON, 2017; SILVERTHORN, 2017; VANPUTTE; 
REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008 apud LAZARRETTI, 2020). 
 
A divisão eferente do SNP se subdivide em uma parte voluntária, que inerva 
músculos esqueléticos por meio de sinapses, as junções neuromusculares do SNS. 
Já no SNA, o controle é involuntário, sem a necessidade de um pensamento 
consciente para tal. O SNA se subdivide em (MARIEB; HOEHN, 2008; VANPUTTE; 
REGAN; RUSSO, 2016): 
 SNA simpático, no qual sua inervação promove ações com maior componente 
excitatório, conhecido classicamente como “luta ou fuga”. Neste sistema há 
presença de taquicardia, elevação da pressão arterial, e aumento do 
suprimento de glicose na corrente sanguínea. O neurotransmissor liberado em 
órgãos-alvo é a noradrenalina, causadora dessas ações. 
 SNA parassimpático atua com predomínio de ações em repouso e digestão, 
promovendo a motilidade gastrointestinal, a diminuição da frequência cardíaca 
 
29 
 
e da pressão arterial. Isso ocorre porque, há a liberação de acetilcolina (ACh) 
nos órgãos inervados por esse sistema. Há outra divisão do SNP que vem 
sendo bastante estudada atualmente, o sistema nervoso entérico (SNE). Esse 
sistema controla os estímulos digestórios intestinais por meio de reflexos 
gastrointestinais, de modo independente do SNC. Juntamente a ele, o SNA 
trabalha realizando estas funções (SILVERTHORN, 2017; VANPUTTE; 
REGAN; RUSSO, 2016). Veja mais sobre essas subdivisões do SNP na Figura 
 
 
Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 364) 
 
30 
 
 
 
5.3 Visão geral do sistema nervoso central 
Diferentes espécies animais possuem a capacidade de percepção de 
mudanças externas no ambiente e posterior geração de respostas adequadas ao 
contexto. Evolutivamente, as águas vivas já possuem células nervosas para a 
assimilação do meio em que vivem; entretanto seu sistema nervoso é apenas uma 
rede de nervos sensoriais, motores e interneurônios. Nos vertebrados, o SNC já é bem 
delimitado, pois o encéfalo e a medula espinal são organizados em estruturas 
singulares. Nos mamíferos em geral, estruturas comuns são observadas: cérebro, 
cerebelo e tronco encefálico. Na espécie humana, percebe-se no cérebro uma 
diferenciação robusta e bem desenvolvida, pois notam-se giros e sulcosque permitem 
que uma grande massa encefálica fique contida nas dobras cerebrais (TORTORA; 
DERRICKSON, 2017; SILVERTHORN, 2017; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; 
VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008). Compare as 
diferenças entre encéfalos de mamíferos na Figura. (LAZARRETTI, 2020). 
6 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO 
 
Fonte: fonovim.com 
 
31 
 
O desenvolvimento do sistema nervoso inicia a partir da placa neural logo no 
início do desenvolvimento do embrião no período gestacional, sendo um dos primeiros 
sistemas a ser originado. A placa neural dará origem ao tubo neural, que sofrerá 
modificações e originará as diferentes regiões do sistema nervoso central (SNC): 
encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e medula espinal. A crista neural, que 
é basicamente resultante de células do tubo neural, dará origem ao sistema nervoso 
periférico (SNP): gânglios e nervos. Para que sejam formadas as principais células do 
sistema nervoso adulto (neurônios e células da glia), há células primitivas como 
neuroblastos, glioblastos e células mesenquimais. 
6.1 Desenvolvimento do encéfalo e da medula espinal 
O desenvolvimento do encéfalo tem início a partir da placa neural, mais 
especificamente na região cefálica ao quarto par de somitos. A placa neural é uma 
parte especializada do ectoderma embrionário (região mais externa do embrião). A 
placa neural forma uma estrutura tubuliforme que recebe o nome de tubo neural. As 
paredes do tubo neural formam as estruturas neurais do sistema nervoso e a cavidade 
do tubo neural forma o sistema ventricular. A região cefálica do tubo neural se 
subdivide nas vesículas encefálicas primárias, que consistem em três tumefações 
ocas em que há enorme proliferação de neurônios em desenvolvimento. Tais 
vesículas são chamadas: prosencéfalo (encéfalo anterior), mesencéfalo (encéfalo 
médio) e rombencéfalo (encéfalo posterior). A extremidade caudal/inferior do tubo 
neural em relação ao quarto ventrículo permanece praticamente sem se diferenciar e 
forma a medula espinal. As paredes do tubo neural ficam mais grossas e o tamanho 
do canal neural diminui. Em torno de 9 a 10 semanas, tem-se um canal central 
diminuto da medula espinal. A medula espinal, no embrião, é observada estendida por 
todo o comprimento do canal vertebral, mas à medida que o indivíduo cresce a 
extremidade caudal dessa medula situa-se em vértebras cada vez mais superiores 
(MOORE; PERSAUD, 2004; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MARTIN, 2013; ZIERI, 
2014; GARCIA; GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012). 
Por volta da quinta semana embrionária, as vesículas primárias dão origem às 
vesículas encefálicas secundárias, nas quais o prosencéfalo se divide e origina o 
telencéfalo (ou hemisfério cerebral) e o diencéfalo (ou tálamo e hipotálamo); o 
 
32 
 
mesencéfalo é mantido, ou seja, não sofre divisão durante o desenvolvimento 
embrionário; e o rombencéfalo dá origem ao metencéfalo (ou ponte e cerebelo) e ao 
mielencéfalo (ou bulbo). As cinco vesículas encefálicas e a medula espinal primitiva 
dão origem a sete estruturas no adulto: cérebro, diencéfalo, mesencéfalo, ponte, 
bulbo, cerebelo e medula espinal. O mesencéfalo, a ponte e o bulbo fazem parte do 
tronco encefálico (MARTIN, 2013; ZIERI, 2014). As estruturas citadas podem ser 
observadas na Figura. 
 
 
Fonte: Zieri (2014, p. 52) 
 
Em parte, a conformação complexa do encéfalo maduro é determinada em 
função de como o encéfalo em desenvolvimento se curva ou dobra. As flexuras 
ocorrem porque no tronco encefálico e nos hemisférios cerebrais a proliferação das 
células é imensa e o ambiente que o encéfalo em desenvolvimento ocupa no crânio 
acaba se tornando restrito. Na formação das três vesículas iniciais, há duas flexuras 
proeminentes: 
(1) a flexura cervical, na junção da medula espinal com a extremidade posterior 
do rombencéfalo, e (2) a flexura mesencefálica, no nível do mesencéfalo. Na formação 
das cinco vesículas, o crescimento desigual das regiões forma uma terceira flexura, a 
qual é denominada flexura pontina. Para o nascimento, a flexura mesencefálica 
promove o afastamento do eixo longitudinal do prosencéfalo daquele do mesencéfalo, 
 
33 
 
rombencéfalo e medula espinal (MARTIN, 2013). As flexuras podem ser observadas 
na Figura 2. 
 
 
Fonte: Martin (2013, p. 11). 
 
As cavidades dentro das vesículas encefálicas desenvolvem-se no sistema 
ventricular do encéfalo, e a cavidade caudal/inferior torna-se o canal central da medula 
espinal. O sistema ventricular contém o líquido cerebrospinal (LCS), também chamado 
de líquor, que é produzido principalmente pelo plexo coroide e circula no espaço 
subaracnóideo entre as meninges aracnoide e pia-máter. Conforme ocorre o 
desenvolvimento das vesículas, a cavidade dentro dos hemisférios cerebrais se divide 
nos dois ventrículos laterais e no terceiro ventrículo, interconectados por meio de um 
forame interventricular (forame de Monro). 
O quarto ventrículo (localizado mais na região caudal/ inferior) desenvolve-se a 
partir da cavidade dentro do rombencéfalo, se conecta ao terceiro ventrículo pelo 
aqueduto do mesencéfalo (aqueduto de Silvio) e se funde com o canal central 
inferiormente (região inferior do bulbo e da medula espinal) (MARTIN, 2013). Os 
ventrículos em um encéfalo adulto podem ser observados na Figura e são citados de 
acordo com o seu desenvolvimento na Figura 
 
 
34 
 
 
Fonte: Martin (2013, p. 23) 
6.2 Origem das regiões do sistema nervoso 
O sistema nervoso é dividido em três partes: SNC, SNP e sistema nervoso 
autônomo (SNA). O SNC consiste no encéfalo e na medula espinal, citados 
anteriormente. O SNP consiste nos neurônios localizados fora do SNC, além de 
nervos (feixes de prolongamentos dos neurônios), os quais unem o encéfalo e a 
medula com estruturas periféricas. O SNA inclui neurônios que inervam os músculos 
liso e cardíaco e o epitélio glandular (MOORE; PERSAUD, 2004). O sistema nervoso, 
de modo geral, se forma a partir da placa neural. O ectoderma embrionário é induzido, 
pela notocorda e pelo mesoderma paraxial, a se diferenciar na placa neural. A partir 
da placa neural surge o tubo neural, que é diferenciado em SNC, incluindo o encéfalo 
e a medula espinal. A crista neural, formada também a partir da placa neural, origina 
as células que formarão o SNP e o SNA (MOORE; PERSAUD, 2004). Na quarta 
semana de desenvolvimento, o tubo neural começa a se formar. A porção cefálica do 
tubo, até o quarto par de somitos, formará o encéfalo e a porção caudal formará a 
medula, ambos componentes do SNC. O SNP é constituído por nervos e gânglios 
cranianos, espinhas e autônomos, originados principalmente da crista neural. No SNA, 
o sistema nervoso simpático se origina de células da crista neural, enquanto o sistema 
nervoso parassimpático se origina de neurônios de núcleos do tronco encefálico e da 
 
35 
 
região sacral da medula (MOORE; PERSAUD, 2004). Algumas das estruturas citadas 
podem ser observadas na Figura. 
6.3 Relação das células do sistema nervoso com sua origem 
As células que constituem o sistema nervoso adulto são basicamente os 
neurônios e as células da glia (neuroglia). O tubo neural, que dará origem ao SNC, é 
formado por um neuroepitélio pseudoestratificado colunar. Essas células constituem 
a zona ventricular e darão origem aos neurônios e às células da macróglia na medula. 
Algumas células neuroepiteliais se diferenciam em neuroblastos (neurônios 
primordiais). A produção de neuroblastos tem início na oitava semana de 
desenvolvimento e termina na 22ª semana (MOORE; PERSAUD, 2004; GARCIA; 
GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012; TORTORA; DERRICKSON, 2017). 
 
Fonte: Garcia e García Fernández (2012, p. 517). 
 
36 
 
O neuroepitélio também origina as células da macróglia (astrócitos e 
oligodendrócitos). Após a formação dos neuroblastos, algumas células neuroepiteliais 
se diferenciam em glioblastos (células de sustentaçãoprimordiais do SNC). Esses 
glioblastos migram para zonas intermediárias e marginais e se transformam em 
astroblastos ou oligodendroblastos. Os oligodendroblastos darão origem aos 
oligodendrócitos e os astroblastos darão origem aos astrócitos. Finalmente, as células 
neuroepiteliais se diferenciam em células ependimárias, que formam o epêndima e 
revestem o canal central da medula (MOORE; PERSAUD, 2004; JUNQUEIRA; 
CARNEIRO, 2013; GARCIA; GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012). 
A micróglia (células menores que as células da macroglia), por sua vez, tem 
origem a partir de células mesenquimais que alcançam o SNC trazidas com vasos 
sanguíneos, no final do período fetal. A micróglia tem origem na medula e compõe o 
sistema mononuclear fagocitário (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARCIA; GARCÍA 
FERNÁNDEZ, 2012). Um esquema das células citadas pode ser observado na Figura. 
 
 
37 
 
 
 
Fonte: Garcia e García Fernández (2012, p. 521). 
 
As células da crista neural, que originam o SNP e o SNA, também participam 
da formação de outras estruturas, por exemplo: células de Schwann, fibras pré-
ganglionares, células satélites dos gânglios, células cromoafins da medula suprarrenal 
e cartilagem dos arcos branquiais, como se pode ver na Figura (RODRIGUES, 2018). 
 
 
38 
 
 
Fonte: Garcia e García Fernández (2012, p. 518) 
7 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO SNC 
 
 
 
39 
 
Fonte: natomia-papel-e-caneta.com 
O SNC inicia seu desenvolvimento nas primeiras semanas gestacionais. O tubo 
neural inicia sua formação a partir de estruturas do ectoderma (um dos folhetos 
embrionários da 3ª semana gestacional), próximo ao 20º dia gestacional, como você 
pode ver na Figura. Esse tubo oco funde estruturas semelhantes a cristas de ondas, 
as cristas neurais. Internamente, a parte celular de revestimento que compõe o tubo 
serão células ependimárias ou células tronco indiferenciadas; já externamente, são 
células que formarão neurônios e glia do SNC. O SNP deriva das células da crista 
neural, que formarão neurônios sensoriais e motores dos nervos periféricos. 
(LAZARRETTI, 2020). 
 
 
40 
 
 
Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 386) 
Na parte anterior do tubo neural, três estruturas encefálicas se desenvolvem e 
dão origem às demais regiões encefálicas. A primeira estrutura, o prosencéfalo, é a 
mais anterior de todas e origina o telencéfalo, que, por sua vez, organiza-se em 
cérebro (onde se notam os lobos cerebrais) e diencéfalo (que origina o hipotálamo e 
o tálamo). Circundados pelo telencéfalo estão os ventrículos laterais, que são 
preenchidos por líquido cerebrospinal. 
A segunda estrutura, o mesencéfalo, permanece com o mesmo nome ao 
longo do desenvolvimento. Já a última estrutura, o rombencéfalo, originará o 
metencéfalo (origina a ponte e o cerebelo) e o mielencéfalo (desenvolve o 
bulbo). O desenvolvimento da parte final do tubo neural forma a medula 
 
41 
 
espinal, que, ao ser seccionada, demonstra regiões de substância cinzenta 
em forma de borboleta, denominadas cornos dorsal e ventral. O restante são 
colunas de substância branca que projetam axônios ascendentes e 
descendentes (TORTORA; DERRICKSON, 2017; SILVERTHORN, 2017; 
BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; 
MARIEB; HOEHN, 2008 apud LAZARRETTI, 2020). 
A Figura ilustra e resume o desenvolvimento embrionário do SNC. Meninges O 
encéfalo e a medula espinal estão alocados em “caixas” ósseas: a caixa craniana e o 
canal vertebral da coluna. Entretanto, não há contato direto do SNC com os ossos, 
visto que a proteção é ocasionada por três membranas de tecido conjuntivo, as 
meninges, que se estendem do encéfalo até o final da coluna vertebral. A meninge 
mais externa é a dura-máter, que significa “mãe rígida”. Possui constituição firme, pois 
sua composição é de conjuntivo denso modelado, e se une aos vasos sanguíneos que 
passam abaixo dela, por meio de cavidades denominadas seios. Abaixo da dura-
máter está a aracnoide (arac vem de “aranha”). Ela é mais frouxa, com fibras elásticas 
e colágenas semelhantes a uma teia. Nesse local há um espaço subaracnóideo, por 
onde circula o líquido cerebrospinal, de consistência salina e incolor, que protege 
química e mecanicamente o SNC, diminuindo o peso encefálico em 30 vezes. A mais 
fina e mais interna das camadas é a pia-máter, em que pia significa “delicada”. Ela se 
adere ao encéfalo e se associa aos vasos sanguíneos que nutrem o cérebro 
(LAZARRETTI, 2020). 
A dura e a aracnoide persistem até a região sacral, embora a medula finalize 
na região lombar. Isso ocorre em razão do crescimento embriológico dos ossos da 
coluna, que ocorre mais rapidamente do que o do sistema nervoso. O líquido 
cerebrospinal é secretado pelo plexo coroide nas paredes dos ventrículos cerebrais, 
que são dilatações derivadas do lúmen do tubo neural, contínuas com o canal central 
medular. Em cada hemisfério há os ventrículos laterais em formato de L, que se 
comunicam com o terceiro ventrículo. Este último liga-se com o quarto ventrículo, que 
tem seguimento com o canal medular (MARIEB; HOEHN, 2008; VANPUTTE; REGAN; 
RUSSO, 2016; TORTORA; DERRICKSON, 2017; BECKER, 2018; SILVERTHORN, 
2017; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). 
 
Encéfalo 
 
 
42 
 
O encéfalo compreende todos os componentes contidos na caixa craniana, isto 
é, tronco encefálico, cérebro e seus lobos e núcleos subcorticais. Muitas vezes, 
traduzimos erroneamente a palavra brain, do inglês, para cérebro; contudo essa 
tradução compreende apenas o córtex cerebral, com seus sulcos (fendas) e giros 
(dobras). A existência dessas estruturas não é um mero acaso: elas estão presentes 
porque são “dobraduras” que aumentam a quantidade de tecido nervoso, ocupando 
um menor espaço do crânio. Imagine que temos em torno de 80 bilhões de neurônios. 
Quando comparado com o encéfalo de outros mamíferos, o encéfalo humano 
demonstra maior tamanho da região do prosencéfalo, porém o bulbo olfatório é menor, 
devido à menor capacidade olfativa (TORTORA; DERRICKSON, 2017; 
SILVERTHORN, 2017; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; 
RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008): 
 Hemisférios cerebrais: onde estão os dois lados do cérebro, formados por 
córtex cerebral. São separados pela fissura longitudinal. 
 Diencéfalo: com seus núcleos subcorticais, como hipotálamo, tálamo, 
epitálamo. 
 Tronco encefálico: formado de mesencéfalo, ponte e bulbo. 
 Cerebelo: denominado assim pois se assemelha a um cérebro em miniatura. 
Os hemisférios cerebrais são divididos funcional e anatomicamente em lobos. 
O lobo temporal leva esse nome porque fica próximo às têmporas, primeiro local onde 
se notam os cabelos brancos durante o envelhecimento, e fica abaixo do osso de 
mesmo nome. Delimitando o lobo temporal encontramos o sulco lateral, que permite 
a divisa do lobo frontal, também situado abaixo do osso de mesmo nome. Sua região 
caudal se limita com o sulco central, onde se encontra a divisa com o lobo parietal, 
também relacionado ao osso do crânio de sua proximidade. Anterior ao sulco central 
se observa o giro pré-central e, posteriormente, o giro pós-central. Contínuo a esse 
último lobo na região posterior do encéfalo, o sulco parietoccipital faz a divisa entre os 
lobos parietal e occipital. (LAZARRETTI, 2020). 
 
 
43 
 
 
Fonte: Silverthorn (2017, p. 286). 
 
O córtex cerebral é integrado por seis camadas, que podem ser visualizadas 
na Figura 11, e seus aspectos se diferenciam de outras regiões por características 
peculiares não observadas em outros locais (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; 
VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008): 
 Os corpos celulares estão organizados em lâminas, paralelos ao meio externo; 
 
44 
 
 A camada mais superficial tem poucos corpos celulares e é denominada 
camada molecular ou I; 
 Estão presentes células piramidais, que possuem longos dendritos apicais, 
onde se ramificam em múltiplosramos. 
 
Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 439) 
 
Medula espinal 
 
A medula espinal tem formato cilíndrico e está dentro do canal vertebral, na 
coluna vertebral. Mede, aproximadamente, 42 cm de comprimento e 1,8 cm de 
espessura, estendendo-se do crânio, a partir do forame magno, passando pelos 
segmentos vertebrais cervical (C), torácico (T) e lombar (L). Sua parte final ocorre, 
aproximadamente, nas vertebras L1/L2 sendo mais encurtada do que a coluna 
vertebral. 
Em uma secção transversal, a medula possui sulcos que a delimitam em duas 
metades: o sulco mediano posterior (região dorsal) e a fissura mediana anterior 
(região ventral). Nota-se, na Figura 12, a presença de substância branca e cinzenta. 
A substância cinzenta tem formato de “H”, com a presença do canal central, que 
contém líquido cerebrospinal. O “H” medular é dividido em cornos. O corno dorsal é 
uma entrada de axônios da raiz dorsal (posterior), que, por sua vez, transporta 
informações sensitivas vindas de vísceras, pele e músculos. A presença de seus 
 
45 
 
corpos celulares é observada nos gânglios espinais, regiões externas à medula. Já no 
corno ventral se observa a saída de informações motoras. Nesse local há corpos de 
neurônios motores somáticos que realizam a contração de músculos esqueléticos. O 
corno lateral pode ser observado na parte medular torácica e lombar, e contém os 
corpos de neurônios motores do SNA, que inervam musculatura cardíaca, lisa e 
glandular. Associados a esses cornos estão os 31 nervos espinais que inervam apele, 
músculos e vísceras. Esses nervos emergem das raízes dorsal ou ventral da medula 
espinal e saem pelo forame intervertebral da coluna, compondo assim parte do SNP. 
A substância branca é constituída de projeções axonais aferentes e eferentes, e se 
divide em funículos, que são colunas que possuem tratos (feixes axonais). Esses 
tratos podem ser (MARIEB; HOEHN, 2008; TORTORA; DERRICKSON, 2017; BEAR; 
CONNORS; PARADISO, 2017): 
 tratos sensoriais — ascendem ao encéfalo e levam informações sensoriais; 
 tratos motores — transportam informações do encéfalo para a medula. 
(LAZARRETTI, 2020). 
 
 
Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 428). 
 
 
46 
 
7.1 Estruturas que compreendem o encéfalo e suas funções 
O encéfalo tem a proteção das meninges, do líquido cerebrospinal e da 
barreira hematoencefálica. Essa barreira, que você pode visualizar na Figura, 
está presente nos capilares encefálicos, que são muito menos permeáveis a 
outros espalhados pelo corpo, uma vez que possuem junções oclusivas. 
Essas junções são proteínas que ocluem espaços — neste caso, em células 
do endotélio capilar —, promovendo a diminuição da permeabilidade para o 
líquido intersticial. Acoplado aos vasos estão os astrócitos, que são indutores 
da formação desta barreira no endotélio. Desse modo, os neurônios não 
ficam em contato direto com os vasos sanguíneos (SILVERTHORN, 2017; 
BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017 apud LAZARRETTI, 2020). 
 
Fonte: Silverthorn (2017, p. 282). 
 
O encéfalo humano possui cerca de 1.400 g de massa e, aproximadamente, 85 
milhões de neurônios conectados, sendo que uma célula pode receber até 200 mil 
sinapses. Os neurônios estão organizados em redes neuronais, e essas redes podem 
ser interconectadas com a totalidade encefálica, ou quase toda. Entretanto, suas 
regiões estão anatomicamente relacionadas a funções específicas. (LAZARRETTI, 
2020). 
 
 
47 
 
7.2 Córtex cerebral e suas funções 
O córtex cerebral, como dito anteriormente, é a região de substância cinzenta 
mais superficial do encéfalo, com cerca de 2 a 4 mm. Entretanto, 40% da massa 
cerebral está distribuída nas circunvoluções, que atuam na percepção de ações 
conscientes, sensações, comunicação, memória, raciocínio e início de movimentos 
voluntários. Observam-se quatro características similares a todas regiões corticais 
(SILVERTHORN, 2017; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; 
RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008): 
 existem áreas corticais de associação, motoras e sensoriais; 
 cada hemisfério controla funções corticais contralaterais do corpo, ou seja, o 
hemisfério esquerdo, por exemplo, controla funções do lado direito do corpo; 
 os hemisférios possuem uma lateralização de funções; apesar de serem 
similares, suas funções não são totalmente iguais; 
 as regiões estão totalmente interconectadas, nunca há a ação de uma região 
sozinha. Entretanto, para melhor entendimento, muitas vezes abordaremos as 
funções por região. Discutiremos aqui as funções corticais de acordo com a 
classificação determinada pelas áreas de Brodmann, que são 52 regiões 
elaboradas por K. Brodmann, em 1906, e que você pode visualizar na Figura 
14. Simultaneamente, inseriremos o lobo em que a área está localizada, para 
uma compreensão mais completa do tema (MARIEB; HOEHN, 2008). 
 Áreas motoras: localizam-se em regiões posteriores do lobo frontal, próximas 
ao sulco central. Controlam os movimentos voluntários e são compostas de: 
córtex motor primário, córtex pré-motor, área de Broca, e campo ocular frontal. 
Estão anatomicamente relacionadas a funções específicas (BEAR; 
CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; 
HOEHN, 2008). 
 A representação cortical denominada Homúnculo motor demonstra o córtex 
motor primário para cada parte do corpo. Entretanto, sabe- -se que mais 
regiões estão envolvidas com os movimentos das partes do Homúnculo (BEAR; 
CONNORS; PARADISO, 2017; MARIEB; HOEHN, 2008). 
 Áreas sensoriais: são localizadas nos lobos temporal, parietal, insular e 
occipital. Controlam a percepção de inúmeras aferências, veja (BEAR; 
 
48 
 
CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; 
HOEHN, 2008): 
■ receptores sensoriais da pele, propriocepção muscular e articular (córtex 
somatossensorial primário no lobo parietal); 
■ entradas sensoriais de temperatura, pressão, textura (córtex 
somatossensorial de associação no lobo parietal); 
■ informações visuais da retina (córtex visual primário e área de associação 
visual no lobo occipital); 
■ informações auditivas (córtex auditivo primário e área auditiva de associação 
no lobo temporal); (LAZARRETTI, 2020). 
 
 
49 
 
 
 Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017, p. 224) 
■ informações olfativas (córtex olfatório no lobo temporal e rinencéfalo no bulbo 
olfatório e regiões frontais); 
■ informações gustativas (lobo da ínsula); 
■ informações viscerais (lobo da ínsula); 
 
50 
 
■ informações de equilíbrio (córtex vestibular na região posterior à ínsula). Veja 
mais sobre as áreas motoras e sensoriais na Figura. 
 
 
Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 393) 
Áreas associativas multimodais: estas áreas recebem inúmeros tipos de 
informações, bem como enviam projeções. Transformam informações em memórias 
e ações, dão significados e realizam uma tomada de decisão apropriada ao contexto 
ambiental em que o indivíduo está inserido. Por exemplo, caso você sinta o cheiro do 
seu bolo favorito, talvez essa informação sensorial faça você lembrar da sua infância, 
lembrar de o quão gostoso é tomar um café com bolo, ou lembrar da pessoa que fez 
esse agrado para você um dia, gerando uma memória afetiva. As áreas anatômicas 
envolvidas são as seguintes: 
■ área associativa anterior, ou córtex pré-frontal — controla habilidades de 
raciocínio lógico, situações de aprendizagem, e intelecto; 
■ área associativa posterior, na parte do lobo occipital — atua no 
reconhecimento de faces e de detalhes de espaços ou locais para o discernimento do 
contexto. Por exemplo, você entende que está na biblioteca quando vê estantes de 
 
51 
 
livros, mesas de estudos e corredores, todo o ambiente unido dá significado do local 
que você está; 
■ área associativa límbica — inclui o giro cingulado, para-hipocampal e 
hipocampo. Essas áreas dão sentidos emocionais e geram memórias de fatos e 
eventos quevocê passou durante o dia, por exemplo. (LAZARRETTI, 2020). 
 
7.3 Diencéfalo e suas funções 
O diencéfalo está localizado entre o tronco encefálico e o cérebro. É constituído 
pelas seguintes regiões: tálamo, subtálamo, epitálamo e hipotálamo, que podem ser 
visualizadas na Figura (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; 
RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN, 2008). 
 Tálamo: é um conjunto de núcleos com porções laterais, unidos pela aderência 
intertalâmica. Suas funções se relacionam à retransmissão de informações 
sensoriais. Qualquer informação desse cunho passa pelo tálamo, exceto as 
olfativas. 
 Subtálamo: é uma região abaixo do tálamo que contém núcleos denominados 
subtalâmicos, que recebem projeções do tronco encefálico da substância negra 
e do núcleo rubro, e estão relacionados com informações motoras. 
 Epitálamo: esta região está localizada superior e posteriormente ao tálamo, e 
sua grande característica é a glândula pineal, que secreta melatonina. Está 
envolvida em ciclos de sono e vigília e é, normalmente, mais ativa a noite. 
 Hipotálamo: é formado por um agrupado de núcleos que controlam processos 
vitais do organismo (comportamento alimentar, temperatura corporal, ingestão 
de líquidos). É um grande centro controlador endócrino, que se conecta à 
hipófise por meio do infundíbulo (estrutura que se assemelha a uma haste), 
atuando no comando dessa glândula. (LAZARRETTI, 2020). 
 
 
 
52 
 
 
 Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 437). 
 
Tronco encefálico e suas funções O tronco encefálico faz a conexão entre o 
cérebro e a medula espinal. É composto de mesencéfalo, ponte e bulbo, como 
demonstra a Figura. Suas funções são diversas, entre elas, controle das funções 
vitais, respiratórias, dos batimentos cardíacos, dos reflexos e do sistema motor 
(BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; 
MARIEB; HOEHN, 2008). 
■ Mesencéfalo: é a região do tronco encefálico de menor tamanho. Possui os 
núcleos dos nervos cranianos oculomotor, troclear e trigêmeo. Ele é subdividido em: 
■ teto — com saliências denominadas colículos superiores e inferiores, que 
recebem aferências do sistema visual, auditivo; 
■ tegmento — possui tratos que ascendem da medula. Juntamente, há núcleos 
como a substância negra e o núcleo rubro, envolvidos com atividades motoras. 
Ponte: possui grande quantidade de núcleos, tendo tratos ascendentes e 
descendentes. Atua no controle respiratório junto com o bulbo. Na região posterior 
pontina estão nervos cranianos (V), abducente (VI), facial (VII) e vestibulococlear 
(VIII). 
 
53 
 
„ Bulbo: é a última parte do tronco encefálico, que também pode ser 
denominada medula oblonga. Possui tratos sensoriais e motores, e núcleos de 
substância cinzenta que agem em funções essenciais: batimentos cardíacos, 
constrição de vasos sanguíneos, ação na respiração, vômito, deglutição, soluço, tosse 
e espirro. Essas funções são anatomicamente próximas nos núcleos bulbares, pois, 
caso um indivíduo engula algum alimento contaminado ou não adequado, o ato da 
deglutição e vômito estão próximos para a regurgitação. Nessa região algumas fibras 
realizam decussação e migram para o lado oposto da linha média, e isso explica o 
controle contralateral do corpo nos hemisférios cerebrais. (LAZARRETTI, 2020). 
7.4 Cerebelo e suas funções 
Cerebelo significa “pequeno cérebro” e está localizado dorsalmente à ponte e 
ao bulbo. Possui dois hemisférios e três lobos, anterior, posterior e flóculo nodular, 
com uma estrutura central denominada verme (ou vermis). Suas funções estão 
relacionadas ao refinamento de informações motoras, diminuindo possíveis erros e 
monitorando as contrações musculares para atividades que vão desde a marcha, ao 
caminhar, até dirigir e digitar. Contém um córtex similar ao cérebro, bem como 
substância branca e núcleos internos, sendo o núcleo denteado o mais conhecido. 
Suas células são cesta, de Purkinje (as mais longas), estrelares e granulares, e sabe-
se que existem mais neurônios no córtex cerebelar que no cérebro. (LAZARRETTI, 
2020). 
 
54 
 
8 EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO 
 
Fonte: 
É possível observar um aumento da complexidade do sistema nervoso ao subir 
na escala zoológica, o que vai ao encontro da complexidade dos animais das 
diferentes classes. Ao analisar a estrutura nervosa de um inseto, de um réptil, de um 
mamífero selvagem e de um ser humano, são notáveis o desenvolvimento morfológico 
e a capacidade funcional aprimorada. Como já apresentado, o encéfalo representa a 
maior porção do sistema nervoso. O encéfalo de um adulto contém cerca de 95% da 
estrutura nervosa corporal (REZENDE, 2021). 
Para atingir essa proporção, o encéfalo passa por um contínuo 
desenvolvimento, desde a embriologia na fase fetal até a forma adulta. O embrião 
corresponde ao estágio inicial do desenvolvimento do organismo, sendo resultado das 
primeiras transformações sofridas pelo óvulo fecundado. O embrião é composto por 
um conjunto de células-tronco dispostas em forma de folheto, conhecido como folheto 
embrionário. O folheto embrionário é formado basicamente por três camadas: 
endoderma, mesoderma e ectoderma. Cada uma dessas camadas será direcionada 
para a formação de um determinado tipo de tecido. O endoderma é responsável por 
originar os órgãos internos, ou seja, as vísceras e o esqueleto axial, ao passo que o 
mesoderma é direcionado para a formação dos músculos. Por sua vez, o ectoderma 
 
55 
 
é a camada responsável pela formação da pele e do sistema nervoso (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016). 
Nesta seção, vamos abordar o ectoderma e seu desenvolvimento embrionário. 
O processo de diferenciação do ectoderma acontece em etapas, como ilustra a Figura. 
O primeiro estágio do desenvolvimento do sistema nervoso se dá por volta de duas 
semanas de vida, quando o ectoderma se diferencia em uma placa neural. Essa placa 
vai se aprofundar, formando um sulco neural, que é uma invaginação na placa neural. 
Em seguida, é formada a goteira neural, originada a partir desse aprofundamento. 
Nesse momento, são formadas também as cristas neurais, separadas por um espaço 
denominado prega neural. Essa prega é fechada e separada das cristas neurais em 
um processo de fusão, dando origem a uma estrutura fechada conhecida como tubo 
neural. Todos os elementos do SNC se originam a partir desse tubo neural oco (cujo 
formato lembra o da medula espinhal), ao passo que as cristas neurais — previamente 
separadas do tubo — serão responsáveis por originar os componentes do SNP. 
(REZENDE, 2021). 
 
 
56 
 
 
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009). 
O tubo neural é responsável por formar todas as estruturas do SNC. Após o 
fechamento, ele é composto por três dilatações: rostral (superior), média e caudal 
(inferior). O tubo neural rostral é direcionado para a formação do encéfalo; e o caudal, 
para a formação da medula espinhal. Por volta da quarta semana do desenvolvimento 
fetal, o tubo neural rostral se dilata em função da expansão de um líquido (neurocele) 
presente em sua cavidade interna. Essa dilatação promove a criação de três vesículas 
encefálicas: o prosencéfalo (cérebro anterior), o mesencéfalo (cérebro médio) e o 
rombencéfalo (cérebro posterior), conforme apresenta a Figura. O conjunto dessas 
três estruturas é conhecido como “arquencéfalo”, ou “encéfalo primitivo”. Cabe 
ressaltar que, dessas, a única vesícula encefálica a atingir a idade adulta é o 
 
57 
 
mesencéfalo, ao passo que o prosencéfalo e o rombencéfalo vão se diferenciar em 
estruturas mais complexas. 
Na sequência do processo evolutivo neural, a dilatação do prosencéfalo dará 
origem ao telencéfalo e ao diencéfalo. O telencéfalo é a estrutura que forma o cérebro, 
que, por sua vez, será dividido em dois hemisférios. O diencéfalo é uma estrutura que 
permanece até a vida adulta e cujos componentes são o tálamo, o hipotálamoe o 
epitálamo. O rombencéfalo originará o metencéfalo, que posteriormente dará origem 
ao cerebelo e à ponte; e o mielencéfalo se diferenciará formando o bulbo (REZENDE, 
2021). 
 
Fonte: REZENDE, 2021. 
Podemos compreender a embriologia do sistema que segue uma cronologia de 
acontecimentos direcionada para a formação das estruturas do SNC e do SNP. O tubo 
neural, originado a partir de células-tronco do folheto embrionário, é a estrutura 
primária do sistema nervoso, cujas estruturas vão se diferenciar e amadurecer por 
meio de uma sequência de eventos evolutivos. 
O sistema nervoso é o principal centro de controle das funções do organismo, 
e, sendo assim, conhecer sua anatomia macroscópica é crucial para o devido 
entendimento das funções exercidas. Cada uma de suas partes é responsável por 
tarefas específicas, que se complementam a fim de manter o controle orgânico e, 
consequentemente, a homeostasia corporal (REZENDE, 2021). 
 
 
 
 
58 
 
9 NEUROANATOMIA 
 
Fonte: psicoativo.com 
9.1 Diferença das células da glia de acordo com sua morfologia e função 
O tecido nervoso é constituído por dois grupos celulares principais: os 
neurônios e as células da glia (neuroglia). Os neurônios são responsáveis pela 
recepção, pela transmissão e pelo processamento dos impulsos nervosos. As células 
da glia são, na verdade, diferentes tipos celulares que atuam dando suporte e 
sustentação aos neurônios, de modo a proporcionar um microambiente adequado 
para essas células, além de participar de outras funções importantes. 
Há uma proporção de 10 células da glia para cada neurônio, porém, devido 
ao seu tamanho, tais células representam aproximadamente metade do 
volume do tecido nervoso. Em caso de lesões ou doenças, as células da glia 
se multiplicam para preencher o espaço que anteriormente era ocupado por 
algum neurônio. O tumor das células da neuroglia é chamado de glioma e é 
um dos que apresenta crescimento mais rápido (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 
2008; NEIVA, 2014; TORTORA; DERRICKSON, 2016 apud RODRIGUES, 
2020). 
Há diversos tipos de células da glia. A seguir serão apresentadas as 
características morfológicas e funcionais de cada uma delas. Astrócitos: são as 
maiores células do SNC. Eles se comunicam uns com os outros por meio de junções 
comunicantes (também chamadas de junções gap). Os astrócitos apresentam forma 
estrelada com múltiplos prolongamentos que irradiam do corpo celular. Como reforço 
estrutural, existem feixes de filamentos intermediários compostos por proteína fibrilar 
 
59 
 
ácida glial (GFAP). Os astrócitos podem ser fibrosos ou protoplasmáticos. Os fibrosos 
são aqueles que apresentam poucos prolongamentos, sendo estes mais longos, e 
estão presentes na substância branca, enquanto os protoplasmáticos são os que têm 
mais prolongamentos, os quais são mais curtos e muito ramificados e são 
principalmente observados na substância cinzenta. 
Os astrócitos apresentam a capacidade de ligar os neurônios aos capilares 
sanguíneos (podem transferir moléculas e íons do sangue para os neurônios) e à 
meninge pia-máter (fina camada que reveste o SNC). Além de atuar na sustentação, 
eles estão envolvidos no controle da composição iônica e molecular do ambiente 
extracelular dos neurônios. Os astrócitos ainda participam da regulação de atividades 
dos neurônios, apresentando receptores de neurotransmissores e outras moléculas, 
tendo, dessa forma, a capacidade de responder a sinais químicos do organismo. Além 
disso, eles nutrem o sistema nervoso por terem a capacidade de realizar glicólise 
anaeróbia (RODRIGUES, 2020). 
Na Figura, é possível identificar vários astrócitos em lâmina histológica. 
 
 
Fonte: RODRIGUES, 2020. 
 
 
 
60 
 
Oligodendrócitos: localizam-se tanto na substância cinzenta quanto na 
branca do SNC. Eles são menores em comparação aos astrócitos e têm poucos 
prolongamentos. Em microscopia eletrônica, é possível observar o retículo 
endoplasmático rugoso, os ribossomos e as mitocôndrias em abundância, bem como 
o complexo de Golgi e os microtúbulos, além de não haver filamentos intermediários 
ou lâmina basal. 
Essas células ajudam a controlar o pH extracelular por intermédio da enzima 
anidrase carbônica. Sua função principal é a produção das bainhas de 
mielina, as quais funcionam como isolantes elétricos para os neurônios do 
SNC. Os prolongamentos dos oligodendrócitos se enrolam nos axônios e 
formam a bainha de mielina (NEIVA, 2014; MONTANARI, 2016 apud 
RODRIGUES, 2020). 
Células microgliais: são pequenas (menores células da glia) e alongadas e 
os seus prolongamentos são curtos e irregulares. Elas estão presentes nas 
substâncias cinzenta e branca do SNC. Em lâminas histológicas coradas com 
hematoxilina-eosina, essas células podem ser identificadas a partir de seus núcleos, 
que são escuros e alongados, contrastando com os núcleos das outras células da glia, 
que são esféricos. A organela predominante nessas células são os lisossomos, sendo 
que a função destas é a de defesa do SNC. Quando estão ativadas, as células 
microgliais adquirem a forma dos macrófagos, tendo seus prolongamentos retraídos. 
Elas então têm a capacidade de realizar fagocitose, apresentam antígenos para outras 
células de defesa e secretam diversas citocinas. As células microgliais participam dos 
processos inflamatórios e de reparação do SNC (NEIVA, 2014; MONTANARI, 2016). 
Células ependimárias: são células epiteliais colunares, ou cúbicas, com 
microvilos (projeções da membrana sob a forma de dedos de luva), que 
apresentam prolongamentos. O seu núcleo é ovoide, basal e com cromatina 
condensada. As células ependimárias estão presentes lado a lado, sendo 
unidas por desmossomos, e revestem os ventrículos do cérebro e o canal 
central da medula espinal. Elas produzem o líquido cefalorraquidiano (líquor) 
que transporta íons e proteínas para o SNC. Algumas dessas células podem 
apresentar cílios que facilitam a movimentação do líquor (NEIVA, 2014; 
MONTANARI, 2016 apud RODRIGUES, 2020). 
Células satélites: células encontradas no SNP que se encontram ao redor dos 
corpos dos neurônios nos gânglios nervosos. Apresentam-se pequenas, achatadas, 
com núcleo escuro e heterocromático. As células satélites têm GFAP, junções gap e 
uma lâmina basal na face externa, além disso, elas permitem um microambiente 
 
61 
 
controlado em torno do neurônio, com isolamento elétrico e via para trocas 
metabólicas (MONTANARI, 2016). 
Células de Schwann: são alongadas, com núcleo alongado, complexo de 
Golgi pouco desenvolvido e poucas mitocôndrias. Elas contêm GFAP e são 
circundadas pela lâmina externa e não têm prolongamentos. As células de 
Schwann são encontradas ao redor dos axônios do SNP, podendo dar até 
mais de 50 voltas no axônio, além de também serem produtoras da bainha 
de mielina (NEIVA, 2014; MONTANARI, 2016 apud RODRIGUES, 2020). 
Na Figura, há uma imagem esquemática de neurônios e células da glia, 
podendo ser observadas também outras estruturas, como a bainha de mielina. 
(RODRIGUES, 2020). 
 
 
 
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 242). 
 
62 
 
9.2 Caracterização dos sistemas nervoso central e periférico 
O sistema nervoso é anatomicamente dividido em SNC e SNP. O SNC é 
composto pelo encéfalo e pela medula espinal. No início do desenvolvimento 
embriológico, a partir da terceira semana de desenvolvimento, o SNC se deriva a partir 
do tubo neural. Com a evolução do tecido, a cavidade central diminui em proporção, 
mas a espessura das paredes e o diâmetro do espaço por elas delimitado variam de 
uma região para a outra. (RODRIGUES, 2020). 
Para a formação do SNC, há alguns eventos importantes que devem ser 
citados, como a derivação do prosencéfalo em telencéfalo e diencéfalo, a 
permanência do mesencéfalo, que será mantido no adulto, e a derivação do 
rombencéfalo em metencéfalo e mielencéfalo. No embrião, a medula espinal se 
estende por todo o comprimento do canal

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