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Design Político

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Design
político
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
Design
político
Mônica Moura
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design paraum mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
Design
político
Mônica Moura
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziuo 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visãomais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ
Elmano de Freitas
Governadora do Estado do Ceará
Luisa Cela
Secretária da Cultura
INSTITUTO MIRANTE DE CULTURA E ARTE
Tiago Santana
Diretor-Presidente
João Wilson Damasceno
Diretor-Executivo
Marília Marinho
Diretora Administrativo-Financeira
KUYA - CENTRO DE DESIGN DO CEARÁ
Rodrigo Costa Lima
Diretor
Talles Azigon
Assessor Executivo
Cláudia Sales 
Coordenadora de Formação
Erbene Monteiro 
Supervisora Administrativo Financeiro
Rhayara Brenna
Luiz Fernando
Delano Pessoa 
Coordenador de Pesquisa
Daniel França 
Coordenador de Comunicação
Raissa de Oliveira 
Analista de Mídias Sociais
Rafael Salvador 
Designer
Tea Marcelo
Produtore
Flávio de Lima Oliveira 
Técnico de Equipamentos (TI, Áudio e Vídeo)
Isabel Rocha 
Técnico de Pesquisa (Laboratório)
Erikson Queiroz 
Técnico de Equipamentos (Pesquisa e criação)
Camila Costa 
Receptivo
Eriverton Ribeiro 
Receptivo
Aline Andrezza
Receptivo
Dina Batista
Receptivo
Barbara Moura
Estagiário 
Yana Leal 
Estagiária
Lucas Borges 
Estagiário
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Luciana Dummar
Presidente
André Avelino de Azevedo
Diretor Administrativo-Financeiro
Marcos Tardin
Gerente-Geral
Raymundo Netto
Gerente de Projetos
Chico Marinho
Gerente de Audiovisual
Andrea Araujo
Gerente de Marketing & Design
Lia Leite
Gerente editorial 
Aurelino Freitas e Fabrícia Góis
Analistas de Projetos
Narcez Bessa
Analista de Contas
Andrea Araujo
Editora de Design
Kamilla Damasceno e Welton Travassos
Henri Dias
Analista de Marketing
Letícia Frota
Social Media
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Prof. Dr. Deglaucy Jorge Teixeira
Gerente Educacional
Profa. Ms. Jôsy Cavalcante
Coordenadora Pedagógica
Esp. Marisa Ferreira
Coordenadora de Cursos
Iany Campos
Secretária Escolar
Isabela Marques
Desenvolvedora Fron-End
Germana Cristina
Rebeca Azevedo
Estagiárias em Mídias e tecnologia para Educação
Arielly Ribeiro
Estagiária em Pedagogia
Mário Maia 
Ilustrações
Expediente
SUMÁRIO
pág.08
pág.14
pág.26
pág.40
pág.65
pág.74
01
Design e Política
no cotidiano
02
Design e
Política
03
Design e Política em 
breve abordagem 
histórica
04
Design
Contemporâneo 
05
Ativismo em design na 
contemporaneidade
06
Referências e
bibliografias
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
Nosso curso se propõe a apresentar e 
demonstrar a abrangência, bem como a 
pensar e dialogar a respeito do que vem 
a ser um design político.
Mas, para isto vamos caminhar por um 
trajeto que discute o design e a política, 
ou melhor, as relações entre o design e
a política e a ação política.
Objetivos:
 
- Apresentar e discutir as definições de 
design, política, ação política, políticas no 
design e o design contemporâneo; 
- Desenvolver o pensamento crítico a 
respeito do design e da política no 
cotidiano;
- Explorar manifestos, publicações, 
autores e designers que relacionam a 
política e ação política; 
- Demonstrar breve histórico das 
vertentes políticas no design; 
- Discutir as proximidades entre design
e política e o papel da atuação dos 
designers na contemporaneidade. 
Ao longo deste nosso percurso 
poderemos observar mais de perto e 
perceber que não há design sem política 
e que todo design envolve políticas de 
uma ou mais das variadas vertentes que 
existem.
Mas, também o design pode constituir 
políticas e agir para a política. Parece 
jogo de palavras, mas não é.
Então vamos começar nosso trajeto e 
conhecer alguns atalhos deste complexo 
caminho. 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suasdecisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
Design Político. // xx
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
Nosso curso se propõe a apresentar e 
demonstrar a abrangência, bem como a 
pensar e dialogar a respeito do que vem 
a ser um design político.
Mas, para isto vamos caminhar por um 
trajeto que discute o design e a política, 
ou melhor, as relações entre o design e
a política e a ação política.
Objetivos:
 
- Apresentar e discutir as definições de 
design, política, ação política, políticas no 
design e o design contemporâneo; 
- Desenvolver o pensamento crítico a 
respeito do design e da política no 
cotidiano;
- Explorar manifestos, publicações, 
autores e designers que relacionam a 
política e ação política; 
- Demonstrar breve histórico das 
vertentes políticas no design; 
- Discutir as proximidades entre design
e política e o papel da atuação dos 
designers na contemporaneidade. 
Ao longo deste nosso percurso 
poderemos observar mais de perto e 
perceber que não há design sem política 
e que todo design envolve políticas de 
uma ou mais das variadas vertentes que 
existem.
Mas,também o design pode constituir 
políticas e agir para a política. Parece 
jogo de palavras, mas não é.
Então vamos começar nosso trajeto e 
conhecer alguns atalhos deste complexo 
caminho. 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreendercomo tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Design e
Política no
cotidiano
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
Design Político. // 08
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000 
atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campode conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
Design Político. // 09
design
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca seriam cumpridas, apenas 
em favor da comercialização e do 
consumo. Clamava que os designers se 
envolvessem em propostas mais 
valiosas, ou seja, para uma visão mais 
humanista que promovessem a melhoria 
da sociedade. 
Esse manifesto ficou amplamente 
conhecido e teve intensa repercussão
ao ser publicado no jornal inglês The 
Guardian.
Posteriormente, em 1999, este 
manifesto foi publicado na Revista 
Emigre 
(https://www.emigre.com/Magazine/5
1). 
Em 2000 um grupo de escritores e 
designers liderados pelo designer 
gráfico, cineasta e tipógrafo britânico 
Jonathan Barnbrook (*1966-) produziu o 
Manifesto First Things First 2000atualizado e enviado para publicação em 
vários jornais. 
https://www.emigre.com/Essays/Maga
zine/FirstThingsFirstManifesto2000
Esse manifesto é muito importante para 
a área do Design e para os designers, 
tanto que em 2020, nova versão foi 
produzida e publicada no website 
https://www.firstthingsfirst2020.org/p
ortuguese
 
Em 1971 a publicação do livro Design for 
The Real World human ecology and 
social change (Design para um mundo 
real - ecologia humana e mudança 
social) do designer e educador austríaco 
Victor Papanek (*1923+1998) com textos 
que abordam as questões políticas 
associadas ao design e a necessidade 
premente deste campo de conhecimento 
dar mais atenção aos modos de vida 
associadas ao ambiente e a sociedade. 
Preocupação que Papanek proclamava 
como as mais importantes para o design 
em contraposição a industrialização e a 
produção desenfreada e a valorização do 
consumo exacerbado
Design Político. // 10
representação. Há vários tipos de 
política – institucional, partidária, 
sindical, empresarial, educacional, 
feminista, da igreja. 
Na política existe a atuação jurídica,
das ciências sociais, da história e da 
economia onde muitas questões 
provenientes destas áreas se 
interrelacionam. 
As ciências políticas dedicam-se ao 
estudo da formação e construção dos 
Estados, dos governos e de instituições 
que detenham o poder, englobando 
teorias e práticas, análises dos sistemas 
e dos comportamentos.
 
Portanto, design e política ocorrem e tem 
relação direta com a esfera humana, 
com a esfera ambiental, com a socio 
biodiversidade, ou seja, com o ser 
Antes das definições ou de explorar os 
conceitos relacionados a design e a 
política e como ocorrem as relações 
entre eles, vou citar alguns exemplos 
que podem nos ajudar a compreender 
como tanto o design quanto a política 
estão presentes em todas as dimensões 
da nossa vida e de nosso cotidiano. 
Vamos tomar como exemplos situações 
corriqueiras de nosso cotidiano. 
Você está em um canto da sala de sua 
casa onde criou seu espaço de trabalho 
e estudo remoto (home office).
Está sentada(o) em uma cadeira junto a 
uma mesa que lhe serve de apoio e na 
qual está estudando ou trabalhando.
Há canetas e smartphone, tablet ou 
notebook ou um computador sobre sua 
mesa. A partir destes dispositivos você 
acessa websites, livros digitais, 
aplicativos. Ainda na sua mesa há 
caderno, bloco de anotação, um vasinho 
com suculentas e uma embalagem com 
balas sortidas. Acima da sua mesa há 
prateleiras ou uma estante com livros, 
revistas e jornais impressos. Você está 
vestida (o) com camiseta e bermuda, 
chinelos confortáveis, brincos, piercing e 
tem uma (ou mais) tatuagem no seu 
corpo.
Tudo isto é design! 
Os móveis, objetos, os artefatos 
tecnológicos ou impressos, os 
revestimentos do mobiliário e das 
paredes, tapetes, o ambiente interno da 
sala e de sua área de trabalho, os 
tecidos, as roupas, acessórios, joias, 
tatuagem, as embalagens. E, ainda, a 
tecnologia e os serviços dos apps, o 
formato, cores, tipografia, papel ou telas, 
ilustrações, fotografias e vídeos, 
sonorização e áudios que compõem o 
que você acessa ou consulta.
Tudo isto é design. O design está em 
nosso cotidiano, em nossa vida, em tudo 
o que nos rodeia.
Por outro lado, se paramos alguns 
minutos para refletir sobre o sistemas 
que envolvem e interferem diretamente 
em nossa vida, tais como o preço das 
passagens do transporte público e dos 
produtos na feira ou no supermercado; a 
faculdade na qual você faz seu curso em 
uma organização pública ou privada; o 
seu trabalho incluindo seu cargo e 
salário; o local que mora – bairro, 
condomínio, comunidade, cidade, país-; 
os impostos que paga direta ou 
indiretamente; seus benefícios e direitos; 
o serviço público de saúde ou seu 
convênio médico particular. Eu poderia 
aqui continuar listando uma série de 
coisas que parecem rotineiras e 
arraigadas em nosso cotidiano.
Tudo isto para afirmar que em tudo há 
política! Há política em suas decisões, 
nas escolhas que faz, no que consome, 
em suas decisões alimentares, sua 
identidade de gênero, no partido político 
que apoia ou o fato de ser apartidário.
E, também, nos candidatos que elege 
para serem seus representantes seja
na esfera governamental, municipal, 
estadual, federal ou no diretório 
acadêmico de sua faculdade ou no 
edifício onde mora, suas decisões de 
voto (ou de anulação ou de abstenção), 
tudo isto é política!
A política não está presente apenas nas 
questões do Estado e sim está em seu 
dia a dia. 
A política envolve teorias, linguagem e 
discurso. Refere-se ao poder, ao direito, 
a moral, ao estado, ao governo e aos 
comportamentos intersubjetivos. 
Envolve realidade social, interesses, 
conflitos, relações de participação e de 
humano e os seres que habitam este 
planeta, com o ser humano e o seu 
entorno: sociedade, comunidade, 
coletividade, cidadania, ambiente.
Tanto o design quanto a política existem 
a partir do preceito da convivência, de 
saber atuar com as diferenças e visam
a melhoria da vida, ou da chamada 
qualidade de vida, do bem-estar ou do 
bem viver o que infere também nos 
conceitos de dignidade, cidadania, 
inclusão e nos ideais nos quais 
acreditamos e, que para alcançá-los, 
devemos atuar junto a coletividade.
Design e política são muito interligados, 
caminham juntos e até se misturam. 
Essa mistura ocorre de maneira tal que, 
muitas vezes, não percebemos ou não 
nos damos conta de que existe política 
no design, além das políticas públicas 
destinadas ao design e das políticas 
próprias do design.
Devemos considerar ainda os serviços e 
ações políticas que ocorrem por meio do 
design.
Ação política é um processo que envolve 
a dimensão individual, isto é, o individuo 
e sua liberdade perante as decisões e 
opções por suas escolhas, mas a ação 
política pode partir da esfera individual 
e envolver a esfera coletiva, desde os 
grupos, as micro comunidades, cidades 
e países. 
É importante lembrar que o 
comportamento das pessoas quando 
fazem escolhas é uma ação política.
No design a supervalorização da 
tecnologia digital, a sedução pela forma 
externa, a sedução pelos objetos, pelas 
marcas ou pela assinatura do designer é 
uma ação política.
São as grandes corporações criando 
políticas de gosto e os designers 
desenvolvendo projetos e criando 
objetos sedutores. O mesmo ocorre com 
relação a opção por produtos, serviços 
que visam a sustentabilidade, a 
reciclagem, o reuso e, também com os 
projetos de cunho social, são escolhas, 
são ações políticas.
E, isto não ocorre apenas no âmbito do 
usuário e consumidor.
É uma ação política as escolhas do 
profissional designer diante dos 
projetos pelos quais opta em 
desenvolver, dos projetos pro bono 
(iniciativas destinadas para o bem 
público), da conscientização ética a 
respeito do seu trabalho e do 
envolvimento dos designers em causas 
sociais, políticas e no ativismo.
Ainda, é parte da ação política e é, de 
certa forma fazer política também, o 
pensamento crítico sobre a área, o 
campo de conhecimento e de atuação 
profissional dos designers.
 
Neste sentido trazemos como exemplo o 
Manifesto First Things First (Primeiras 
Coisas Primeiro, conhecido também 
como O Manifesto das Primeiras Coisas). 
Este manifesto foi concebido e escrito 
pelo designer e educador britânico Ken 
Garland (*1929+2021) em 1963 e 
publicado em 1964.
O documento foi assinado por vários 
designers, fotógrafos e estudantes 
(nenhum dos grandes grupos de design 
da época assinou).
O teor principal é a conscientização dos 
designers a favor de projetos e de 
comunicação mais consistentes e 
duradouros e não que divulgassem 
comerciais cheios de truques ou 
promovessem status e nem promessas 
que nunca

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