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GESTÃO DE CUSTOS Armindo Evangelista 1ª Edição, 2021 Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação à Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2021 GESTÃO DE CUSTOS Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Armindo Evangelista Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela UNIFECAP Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Contabilidade : Educação profissional 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Gestão de custos 1ª edição – 2021 e-book (pdf) OP 00123_064 Editoração: Gabriel Pilon Preparação: Matheus Cardoso Revisão: Giovanna Sinco, Júlia Galvani Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Willian Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Marta Aparecida Martins Xavier Mestra em Ciências Contábeis pela FECAP Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO FUNDAMENTAÇÃO E TERMINOLOGIA DE CUSTOS ................................... 13 Introdução ........................................................................................14 Fundamentação e terminologia de custos ......................................16 Classificações básicas de custo ...............................................20 Quanto à incidência, os custos podem ser direto ou indireto: .................................................24 Materiais e estoques ........................................................................27 Materiais ..................................................................................27 Classificação dos materiais .....................................................29 Estoques ..................................................................................31 Tipos de estoques ....................................................................32 Representação dos estoques ..................................................34 Avaliação dos estoques ..........................................................35 Mão de obra .....................................................................................39 Classificação da mão de obra .................................................40 Custos indiretos de fabricação e os critérios de rateio .....................42 Classificação dos custos indiretos de fabricação ....................43 Critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação ............44 Custeio departamental ....................................................................48 Considerações finais ........................................................................59 Referências .......................................................................................60 SISTEMAS DE CUSTEIO .......................................... 61 Introdução ........................................................................................62 Sistemas de custeio .........................................................................64 Custeio por absorção ...............................................................65 Custeio variável .......................................................................71 Custo-padrão ..........................................................................83 Sistema de acumulação de custos por ordem ......................104 Sistema de acumulação de custos por processo ...................109 Considerações finais........................................................................119 Referências ......................................................................................120 ANÁLISE CVL:CUSTO - VOLUME - LUCRO .............. 121 Introdução .......................................................................................122 Análise de custo-volume-lucro ......................................................124 A análise CVL – Custo-Volume-Lucro ...................................126 Pressupostos da análiseCusto-Volume-Lucro .......................129 Aplicabilidade da análise CVL ................................................132 Margem de Contribuição ................................................................135 Aplicabilidade da margemde contribuição ..........................139 Margem de contribuição e os gastos fixos identificados ...............141 Aplicabilidade da margem de contribuição com gastos fixos identificados ...........................................................................143 Ponto de Equilíbrio (break-even point) ..........................................148 Ponto de Equilíbrio e Gestão de Curto Prazo .........................149 VO CÊ ES TÁ A QU I Margem de Segurança ...................................................................165 Aplicabilidade da margem de segurança operacional .........168 Alavancagem Operacional ..............................................................171 Aplicabilidade do Grau de Alavancagem Operacional - GAO ..........................................173 Considerações finais........................................................................177 Referências ......................................................................................179 VO CÊ ES TÁ A QU I EMENTA Compreensão adequada e correta dos conceitos relacionados aos custos. Funcionamento dos sistemas de acumulação de custos. Análise das relações Custo‐Volume‐Lucro. A formação do preço de venda e a geração de informações para a tomada de decisões gerenciais. CONHEÇA O CONTEÚDO O conteúdo aqui apresentado constitui uma contribuição relevante para os estudos na área de gestão de custos. Os alunos que atuam e também aqueles que pretendem atuar na área de gestão de custos terão uma grande oportunidade de crescimento pro- fissional, pois estão diante de um conteúdo riquíssimo em detalhes que faz a diferença no dia a dia das empresas e, fazer parte da resolução dos problemas delas pode ser algo muito gratificante de várias maneiras. Com o objetivo de proporcionar conheci- mentos das terminologias de custo, apresen- tando os sistemas de custeio mais utilizados nas empresas, abordando as análises de precificação, o markup, a formação de preço, a margem de contribuição, o ponto de equi- líbrio entre outros assuntos relevantes ao longo das páginas deste livro, você (aluno) encontrará definições e técnicas trabalhadas de forma simples e assertiva, deixando seus estudos muito mais atraentes. O conteúdo traz ainda, de maneira explica- tiva, como deve ser a aplicabilidade de cada item trabalhado, mostrando a preocupação em fazer do processo ensino-aprendizagem uma metodologia de grande alcance. Desejamos que ao final de todo o conteúdo, você tenha o domínio sobre esses assuntos abordados e procure dar sequência e apli- cabilidade aos conhecimentos adquiridos, decidindo de maneira racional e lógica com base nos contexto e premissas da gestão de custos. Portanto, você tem uma grande opor- tunidade nesse momento, faça bom uso dela e tenha um ótimo estudo. UNIDADE 3 - Compreender o conceito, nomenclaturas e classificação da área de custos e principais sistemas de custeio; - Apresentar os elementos e formas de rateio da mão de obra e dos custos indiretos de fabricação; - Ser um profissional atento, ágil e dinâmico na definição do sistema de custeio a ser adotado dentro da atividade empresarial. ANÁLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO OB JE TI VO S 122 GESTÃO DE CUSTOS INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao estudo da unidade “Análise CVL - Custo-Volume-Lucro”. Esta unidade tem como premissa contribuir para que você conheça as ferramentas de gestão de custos mais utilizadas no dia a dia das empresas. Dentre os diversos processos de gestão de uma empresa, a gestão de custos é aquela tratada como uma área estratégica que zela pelo planejamento, execução, controle e avaliação dos gastos. Nesse sentido, é importante você saber que em uma empresa, para se obter uma análise que relaciona Custo- Volume-Lucro, os principais componentes são: • a margem de contribuição – é aquela que representa o resultado do preço de venda deduzindo-se os valores de custos variáveis e as despesas variáveis. Desse resultado, ainda precisam ser deduzidos os gastos fixos para se obter o resultado do produto; • o ponto de equilíbrio – é aquele que representa o volume de vendas necessário para cobrir todas as despesas e custos totais. Nesse momento, a empresa não obtém nem lucro nem prejuízo; 123 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • a margem de segurança operacional – é aquela que representa o quanto a empresa supera o ponto de equilíbrio em um determinado momento. Em outras palavras, representa a porcentagem em que a empresa poderá reduzir suas atividades até atingir o ponto de equilíbrio; • a alavancagem operacional – é aquela que indica o quanto uma alteração no percentual do volume de vendas irá gerar de incremento/alteração no resultado líquido da empresa no mesmo período. Assim, no estudo desta unidade, você perceberá que a análise custo-volume-lucro, promove conhecimentos e técnicas voltados para uma perfeita e profunda avaliação sobre as questões gerenciais ligadas à tomada de decisão sobre o processo produtivo. Portanto, você estudará nesta unidade a análise custo- volume-lucro, a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio (break-even point), margem de segurança operacional e por fim, a alavancagem operacional. Ao final desta unidade, espera-se que você: • conheça as ferramentas de análise da gestão de custos; 124 GESTÃO DE CUSTOS • aproprie-se dos conceitos e técnicas de aplicabilidade das ferramentas aqui estudados; • entenda a importância de comparar os resultados da margem de contribuição com o intuito de tomar a melhor decisão; • monte o ponto de equilíbrio e margem e segurança operacional necessários para sua empresa; • com a utilização da alavancagem operacional, faça simulações adequadas e favoráveis para sua empresa; • saiba analisar os resultados usando as ferramentas de gestão de custos. ANÁLISE DE CUSTO-VOLUME-LUCRO No mundo dos negócios, os gestores possuem um grande conhecimento sobre as ferramentas que dão apoio às suas tomadas de decisões, sejam essas no âmbito das operações, da área financeira, da área comercial ou daquela área mais modesta da empresa, mas que sempre deve ser 125 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO tratada com a mesma importância e atenção sobre sua representação e colaboração no todo da empresa. Pensando assim, existe a análise de custo-volume-lucro como uma ferramenta gerencial da área de gestão de custos que é capaz de examinar o comportamento dos custos, das despesas, das receitas totais, bem como o andamento desses componentes que fazem parte do resultado da empresa, medindo suas mudanças e apontando as ocorrências existentes nos custos fixos e variáveis, nos níveis de produção e de venda e na formação do preço de venda, para poder decidir sobre a sua manutenção, alteração, eliminação ou inclusão de algo que possa corrigir o rumo daquele item em prol de melhoria processual, buscando sempre atingir os objetivos da empresa com eficiência e eficácia. EFICIÊNCIA Segundo o site Dicio, eficiência é a capacidade de realizar tarefas ou trabalhos de modo eficaz e com o mínimo de desperdício; produtividade. Fonte: <https://bit.ly/2LbDeX7>. Acesso em: 07 dez. 2020. 126 GESTÃO DE CUSTOS Vamos agora mergulhar nessas importantes ferramentas que a gestão de custos disponibiliza aos gestores e que suas aplicações sejam de grande valia para todas as empresas. A ANÁLISE CVL – CUSTO-VOLUME-LUCRO A análise custo-volume-lucro também conhecida como CVL. É uma ferramenta de gestão que, bem conduzida, pode transformar-se em um valioso instrumento para a tomada de decisão, pois ela examina o comportamento das receitas, despesas e custos totais, possibilitando que a empresa planeje e projete o impacto causado em seu resultado devido às constantes mudanças ocasionadas na quantidade de vendas, nos preços de venda e nos custos dos insumos naqueles momentos de incertezas na economia e no mundo dos negócios. Outrasituação que a análise CVL pode ser decisiva é quando a empresa produz vários tipos de produtos e defronta- se com algumas restrições que podem ser de capacidade produtiva, como a falta de algum insumo ou falta de algum equipamento adequado e necessário. Nesses casos, a análise CVL auxilia a selecionar o melhor mix de produtos e quantidades que devem ser produzidos e oferecidos, pois 127 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO apresenta a maior margem possível considerando o fator limitativo de capacidade produtiva. Ainda nesse sentido, sabe-se que uma série de variáveis, internas ou externas, podem afetar o processo produtivo da empresa, impondo restrições para a produção e venda dos produtos e serviços. Quando essas restrições afetam o volume de vendas a ser produzido e vendido, de um ou mais produtos e serviços, devem ser avaliadas no modelo da teoria das restrições, que trata da identificação dos gargalos dos sistemas produtivos, com o objetivo de otimizar a produção nesses pontos e, assim, maximizar o resultado da empresa. Veja a Figura 47 e repare quais restrições são as mais comuns que podem afetar as variáveis: Figura 47 – Restrições comuns às empresas TOC Demanda de mercado Distribuição e logística Financiamento externo Matérias primas Capital de giro Mão de obra direta Utilização dos equipamentos Investimento Fonte: elaborado pelo autor 128 GESTÃO DE CUSTOS Veja alguns comentários sobre a TOC (Theory on Constraints), teoria das restrições mencionadas: • demanda de mercado: o mercado não aceita quantidades maiores do(s) produto(s) ou serviço(s); • matérias primas e componentes: os fornecedores, temporariamente, estão com a capacidade produtiva esgotada e não tem condições de aumentar sua produção; • mão de obra direta: temporariamente, há escassez de mão de obra especializada e a empresa não tem condições internas de aumentar sua produção; • utilização de equipamentos: os equipamentos não têm capacidade de atender acréscimo de produção, temporariamente; • distribuição e logística: os distribuidores dos produtos não têm condições de aumentar de imediato a capacidade de distribuição dos produtos; • investimentos: as instalações operacionais, no seu conjunto, estão trabalhando no limite da 129 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO capacidade, e só um novo investimento em novas fábricas e escritórios possibilitará atender o aumento da demanda e produção prevista; • capital de giro: a empresa está sem caixa para financiar o capital de giro necessário para aumento de produção e vendas; • financiamento externo: o mercado financeiro não tem linhas de crédito para financiar um aumento das vendas dos produtos da empresa. E por fim, quando a empresa opera no limite da capacidade instalada ou existem fatores limitantes de produção, a análise CVL está presente para auxiliar o gestor de custos na tomada de decisão mais assertiva. PRESSUPOSTOS DA ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO Horngren (2004) comenta que para a análise das relações custo-volume-lucro ter êxito, alguns pressupostos precisam ser conhecidos, vejamos: 130 GESTÃO DE CUSTOS • as mudanças nos níveis de receitas e custos surgem apenas por causa de mudanças no número de unidades de produto ou serviço produzidas e vendidas; • custos totais precisam ser separados em componente fixo que não varia com o nível de produção e um componente que é variável no que diz respeito ao nível de produção; • quando representado de forma gráfica, os comportamentos de receitas e custos totais são lineares em relação ao nível de produção dentro de uma faixa relevante de tempo; • a análise cobre um único produto ou supõe que a proporção de produtos diferentes, quando produtos múltiplos são vendidos, permanecerá constante a despeito da mudança no nível de unidades totais vendidas; • o preço de venda, o custo variável por unidade e os custos fixos são conhecidos e constantes; 131 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • todas as receitas e custos podem ser somados e comparados sem levar em conta o valor do dinheiro no tempo. Embasado nos pressupostos, as empresas perceberam que a análise CVL pode ajudar na tomada de decisão sobre o planejamento estratégico de longo prazo e nas decisões sobre as caraterísticas de produtos e sua precificação. Outros aspectos, não menos relevantes sobre as relações custo-volume-lucro, têm ligação direta ao que acontecerá com o resultado da empresa. E Wernke (2005) comenta que a análise CVL responde questões ligadas a esse assunto, vejamos: • aumento ou diminuição do preço de compra dos insumos; • diminuição ou aumento das despesas variáveis de venda; • redução ou aumento de custos e despesas fixas; • diminuição ou aumento do volume de vendas; 132 GESTÃO DE CUSTOS • redução dos preços de venda. Além de tudo que já foi mencionado na unidade, a análise CVL cria uma condição que permite valorar os preços de venda praticados pela empresa e ainda medir qual será o custo máximo de fabricação e quantas unidades de produtos devem ser vendidas. APLICABILIDADE DA ANÁLISE CVL A empresa Flor de Liz pretende vender software de finanças pessoais em uma convenção de novas tecnologias que terá duração de uma semana em São Januário. A empresa pode comprá-lo de um varejista de software a R$220,00 a unidade e ainda pagar 5% sobre o preço de venda como direito autoral por unidade vendida em consignação (o que não vender será devolvido sem custo), o pacote de software pode ser vendido por R$370,00 a unidade. A Flor de Liz pagou R$3.945,00 para a convenção pelo aluguel do estande e não terá outros custos. Portanto, qual será o lucro da Flor de Liz vendendo as respectivas quantidades: a) 0 (zero) unidade; 133 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO b) 15 unidades; c) 30 unidades; d) 50 unidades; e) 100 unidades. Para conferir a resolução, veja a Figura 48 e analise os resultados: Figura 48 – Resolução da empresa Flor de Liz ITEM NÚMERO DE PACOTES VENDIDOS 0 15 30 50 100 Receita de vendas - R$5.500,00 R$11.100,00 R$18.500,00 R$37.000,00 Custo variável - R$3.300,00 -R$6.600,00 -R$11.100,00 -R$22.000,00 Despesa variável - R$277,50 -R$555,60 -R$925,00 -R$1.850,00 Margem de contribuição - R$1.972,50 R$3.945,00 R$6.575,00 R$13.150,00 Custos fixos - R$3.945,00 R$3.945,00 -R$3.945,00 -R$3.945,00 Lucro operacional - R$1.972,50 - R$2.630,00 R$9.205,00 Fonte: elaborado pelo autor DEMONSTRANDO OS CÁLCULOS, TEMOS: a) com quantidade 0 (zero): nenhuma receita e nenhum custo ou despesa variável, mas custo fixo de R$3.950,00, logo o resultado é um prejuízo de R$3.950,00. b) 15 quantidades: receita de R$5.550 (-) custo variável de R$3.300 (-) despesa variável de R$277,50 134 GESTÃO DE CUSTOS = chegando uma margem de contribuição de R$1.972,50 (-) custo fixo de aluguel R$3.945 = monta-se um resultado negativo de R$1.972,50. c) com 30 quantidades: receita de R$11.110 (-) custo variável de R$6.600 (-) despesa variável de R$555 = chegando uma margem de contribuição de R$3.945 (-) custo fixo de aluguel R$3.945 = monta-se um resultado nulo ou zero, ou seja, atingiu o seu ponto de equilíbrio. d) com 50 quantidades: receita de R$18.500 (-) custo variável de R$11.000 (-) despesa variável de $925 = chegando uma margem de contribuição de R$6.575 (-) custo fixo de aluguel R$3.945 = monta-se um resultado positivo de R$2.630,00. e) com 100 quantidades: receita de R$37.000 (-) custo variável de R$22.000 (-) despesa variável de R$1.850 = chegando uma margem de contribuição de R$13.150 (-) custo fixo de aluguel R$3.945 = monta-se um resultado positivo de R$9.205,00. Observa-se, então, que a empresa Flor de Liz terá previamente um caminho a seguir nessa convenção – e com apoio da a análise CVL, tomará a melhor decisão antes e durante a convenção, a fim de obter o melhor resultado. 135 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO AGORA É COM VOCÊ Pesquise e estude as ferramentas da análise CVL (custo-volume-lucro), poiselas irão proporcionar muito conhecimento a você e, ainda, irão melhorar as suas habilidades e competências, tornando-o(a) em um(a) gestor(a) de custos muito valorizado(a) no mercado de trabalho. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO A Margem de Contribuição também é conhecida como Ganho Bruto sobre as Vendas. Ela indica para o gestor quanto sobra das vendas para que a empresa possa pagar seus custos e despesas fixas, e ainda gerar um resultado positivo. É essa sobra que se considera como sendo a Margem de Contribuição. Em qualquer que seja o segmento: indústria, comércio ou prestação de serviços, é possível apurar o valor e o percentual respectivos da Margem de Contribuição. Para ficar mais claro, vamos desmembrar a “Margem de Contribuição”: • Margem - porque é a diferença entre o valor de venda (preço de venda) e os valores dos custos e das despesas específicas dessas vendas, ou 136 GESTÃO DE CUSTOS seja, valores também conhecidos como custos variáveis e despesas variáveis da venda; • de Contribuição - porque representa o quanto esse valor da margem contribui para o pagamento dos custos fixos e das despesas fixas e para gerar um resultado, que se for positivo, será o lucro, caso for negativo, será o prejuízo. A utilização da margem de contribuição nas mais diversas empresas, seja em um produto, linha de produtos, departamentos ou unidades de negócio, sempre existirá para apoiar a melhor tomada de decisão. Outra situação importante diz respeito sobre conhecer a margem de contribuição que as vendas proporcionam mesmo antes de serem realizadas, e isso a torna fundamental para o planejamento das ações da empresa, principalmente ao se considerar que essa previsão pode ser aplicada no momento do cálculo do preço de venda dos produtos ou prestação de serviços, sendo essencial para tomar alguma decisão. Cada atividade empresarial, em função de sua natureza e de suas características estruturais, apresenta diferentes elementos que representam custos e despesas, os quais 137 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO precisam ser analisados individualmente para que se conheça aqueles que são variáveis e aqueles que são fixos. Para calcular a margem de contribuição, é preciso realizar a seguinte operação: MC = {valor das vendas (-) [valor dos (custos variáveis + despesas variáveis)]}. Repare a Figura 49: Figura 49 – Modelo de cálculo da margem de contribuição Cálculo da margem de contribuição Receita de vendas R$ XXX,XX ( - ) Custos variáveis (R$ XXX,XX) ( - ) Despesas variáveis (R$ XXX,XX) (=) Margem de contribuição R$ XXX,XX Fonte: elaborado pelo autor O cálculo da margem de contribuição total da empresa representa também a margem média ponderada que calcula tudo o que é vendido. Em uma empresa, é normal existirem produtos e serviços com preços, custos e despesas diferentes uns dos outros. Por isso, é muito importante apurar a margem de contribuição de cada um dos produtos e serviços prestados. É importante dizer que existem situações que ao analisar a margem de contribuição de um produto ou serviço prestado, 138 GESTÃO DE CUSTOS ela pode apresentar uma margem negativa. Em outras palavras, quando o valor do preço de venda é inferior à soma dos valores dos custos variáveis e das despesas variáveis, a margem não está contribuindo para o seu propósito maior que é o de contribuir para pagar os gastos fixos e ainda gerar um resultado positivo. Nesse caso, a margem que não contribui poderá ser aceitável em uma empresa se essa decisão estiver relacionada a alguma estratégia da área comercial, com total conhecimento por parte dos gestores, sendo uma decisão consciente. Mas, ainda assim, deve-se avaliar se as vendas de outros produtos e serviços agregados e conectados à estratégia apresentam margens que compensem a margem de contribuição negativa de alguns produtos e serviços naquele momento. Entretanto, o objetivo principal da gestão de custos e dos gestores, geralmente, deve ser a busca da melhor margem de contribuição para seus produtos e serviços, e isso depende das negociações que reduzem os custos fixos e variáveis e das despesas fixas e variáveis. Por outro lado, ter o valor do preço de venda aumentado também pode representar uma solução, mas o novo preço deve ser bem avaliado, pois o produto ou serviço prestado deverá proporcionar benefícios aos seus clientes, sem perder a competitividade frente aos seus concorrentes. 139 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO APLICABILIDADE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Uma empresa produz os produtos Alfa, Beta e Gama. Em outubro desse ano, os produtos foram fabricados e vendidos com as informações da Figura 50, a seguir: Figura 50 – Cálculo da margem de contribuição unitária PRODUTO PREÇO DE VENDA UNITÁRIO CUSTO VARIÁVEL UNITÁRIO DESPESA VARIÁVEL UNITÁRIA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA QUANTIDADE VENDIDA NO PERÍODO Alfa R$350,00 R$195,00 R$42,00 R$113,00 2.300 Beta R$498,00 R$222,00 R$85,00 R$191,00 1.850 Gama R$285,00 R$187,00 R$48,00 R$50,00 3.150 Fonte: elaborado pelo autor Na Figura 50, o valor da margem de contribuição unitária deriva do valor de venda, deduzindo-se os valores de custos e despesas variáveis. Sabe-se que, em outubro, a empresa possui o valor de R$198.550,00 de custos e despesas fixas. Com as informações calculadas até o momento, iremos apurar o resultado total final da empresa no mês de outubro desse ano, vejamos na Figura 51: Figura 51 – Cálculo do resultado no mês de outubro PRODUTO: QUANTIDADE VENDIDA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA VALORES TOTAIS Alfa 2.300 R$113,00 R$259.900,00 140 GESTÃO DE CUSTOS Beta 1.850 R$191,00 R$353.350,00 Gama 3.150 R$50,00 R$157.500,00 Margem de Contribuição Total R$770.750,00 (-) Gastos fixos do período (R$198.550,00) = Resultado do período R$572.200,00 Fonte: elaborado pelo autor A Figura 51 demonstra o resultado apurado pela empresa no mês de outubro desse ano. Ela considera as quantidades totais de venda de cada um dos produtos, multiplicando-se pela margem de contribuição unitária calculada na tabela XX. Chegou-se ao montante denominado “Margem de Contribuição Total” que deduziu os valores de gastos fixos, chegando, por fim, no resultado do mês. Como se trata de uma ferramenta de gestão de custos, outras formas de demonstrar o resultado podem ser feitas, vejamos um exemplo disso na Figura 52: Figura 52 – Cálculo do resultado desmembrado ITEM: PRODUTO ALFA PRODUTO BETA PRODUTO GAMA TOTAIS 1) Quantidade vendida 2.300 1.850 3.150 2) Preço de venda unitário $350,00 R$498,00 R$285,00 3) Receita total (1 X 2) R$805.000,00 R$921.300,00 R$897.750,00 R$2.624.050,00 4) Custo variável unitário R$195,00 R$222,00 R$187,00 141 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO 5) Despesa variável unitária R$42,00 R$85,00 R$48,00 6) Gasto variável unitário (4 + 5) R$237,00 R$307,00 R$235,00 7) Gastos variáveis totais (1 X 6) R$545.100,00 R$567.950,00 R$740.250,00 R$1.853.300,00 8) Margem de Contribuição [3 (-) 7] R$259.900,00 R$353.350,00 R$157.500,00 R$770.750,00 9) Gastos fixos R$198.550,00 10) Resultado do período [8 (-) 9] R$572.200,00 Fonte: elaborado pelo autor Portanto, na gestão de custos, existe a possibilidade de criar a sua demonstração, o seu gosto e suas habilidades, desde que não se perca nos conceitos e conteúdo a serem apresentados aos demais gestores da empresa, para que aquilo que é importante seja ressaltado. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E OS GASTOS FIXOS IDENTIFICADOS Existem algumas situações em que um produto, uma linha de produtos, um segmento ou uma unidade de negócios da empresa podem exigir gastos fixos, próprios para a produção ou sua comercialização. Vamos supor, por exemplo, que a fabricação de determinado produto demande o uso de uma 142 GESTÃO DE CUSTOS máquina específica. Nesse caso, a depreciação dessa máquina (que é um custo fixo) deve ser identificada e custeada como um item exclusivo desse produto. Nessas circunstâncias, para se calculara margem de contribuição desse produto, das receitas do produto, deve-se deduzir os custos fixos e as despesas fixas, juntamente com os custos e despesas variáveis. Desse modo, haveria diferentes níveis de margem de contribuição, como apresentado na Figura 53, a seguir: Figura 53 – Modelo da margem de contribuição com gastos fixos identificados ITEM / PRODUTO CAMA MESA BANHO TOTAIS Receita de vendas R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 (-) Custos Variáveis R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 (-) Despesas Variáveis R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 = Margem de Contribuição 1 R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 (-) Custos Fixos Identificados R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 (-) Despesas Fixas Identificadas R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 = Margem de Contribuição 2 R$000,00 R$000,00 R$000,00 R$000,00 (-) Custos fixos não identificados R$000,00 (-) Despesas fixas não identificadas R$000,00 = Resultado do período R$000,00 Fonte: elaborado pelo autor A aplicação desse modelo de margem de contribuição com gastos identificados ajuda muito a melhorar a gestão dos custos 143 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO e despesas dos produtos, linhas de produtos, departamentos e unidades de negócios da empresa. APLICABILIDADE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO COM GASTOS FIXOS IDENTIFICADOS A empresa Mar & Terra, no momento, trabalha com um único produto, analise a Figura 54: Figura 54 – Apuração da margem de contribuição e resultado do período ESTRUTURA PRODUTO PLANTA Quantidade vendida 850 Preço de venda unitário R$1.900,00 (-) Custo variável unitário (R$696,00) (-) Despesa variável unitária (R$209,00) = Margem de Contribuição Unitária R$995,00 Total Vendas Totais 850 X R$1.900,00 R$1.615.000,00 (-) Custos variáveis totais 850 X R$696,00 (R$591.600,00) (-) Despesas variáveis totais 850 X R$209,00 (R$177.650,00) = Margem de Contribuição Total 850 X R$995,00 R$845.750,00 (-) Custos e Despesas Fixos (R$408.000,00) = Resultado do período R$437.750,00 Participação do produto 100,0% Fonte: elaborado pelo autor 144 GESTÃO DE CUSTOS Após uma pesquisa de mercado, a empresa identificou a possibilidade de lançar um novo produto denominado Raiz. Sabe-se que esse produto poderá trazer um maior valor agregado para a empresa, mas haverá algumas alterações estruturais na empresa, vejamos: • esse novo produto Raiz poderá ser vendido por R$2.100,00, desde que o produto Planta fosse vendido a um preço 5% menor do que atualmente, para que o cliente perceba diferença de valor; • as despesas variáveis (comissões sobre as vendas) são as mesmas para os dois produtos, ou seja, 11% sobre o preço de venda unitário; • a empresa imagina que deixará de vender 350 unidades do produto Planta e que venderá 450 do novo produto Raiz; • o custo variável do produto Raiz é 22% maior que o custo variável do produto Planta; • para efetivar essa modificação no mix de venda dos produtos, a empresa precisará fazer um ajuste nos gastos fixos e o valor atual sofrerá um acréscimo 145 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO de 20%, ficando 45% do valor como gasto fixo no produto Planta, outros 25% identificados no produto Raiz e a diferença sendo comum a toda a empresa. Com as informações iniciais mais as adicionais, pede-se para calcular a nova situação da empresa Mar & Terra. Veja na Figura 55: Figura 55 – Apuração da margem de contribuição e resultado do período ESTRUTURA PRODUTO PLANTA PRODUTO RAIZ TOTAL Quantidade 500 450 950 Preço de venda unitário R$1.805,00 R$2.100,00 (-) Custo variável R$696,00 R$849,12 (-) Despesa variável R$198,55 R$231,00 = Margem de Contribuição unitária R$910,45 R$1.019,88 Receita total R$902.500,00 R$945.000,00 R$1.847.500,00 (-) Custo variável total R$348.000,00 R$382.104,00 R$730.104,00 (-) Despesa variável total R$99.275,00 R$103.950,00 R$203.225,00 = M.C. Total 1 R$455.225,00 R$458.946,00 R$914.171,00 (-) Gastos fixos identificados R$220.320,00 R$122.400,00 R$342.720,00 = M.C. Total 2 R$234.905,00 R$336.546,00 R$571.451,00 Participação do Produto 41,11% 58,89% (-) Gastos fixos não identificados R$146.880,00 = Resultado do período R$424.571,00 Fonte: elaborado pelo autor 146 GESTÃO DE CUSTOS Considerações a fazer após a apuração do novo resultado da empresa, usando o conceito de margem de contribuição com gastos fixos identificados e ainda contando com a inclusão do produto Raiz junto ao produto Planta. Note-se que essa inserção provocou alterações em diversos itens, vejamos: • altera-se o preço de venda do produto Planta; • altera-se a quantidade vendida do produto Planta; • incorpora a quantidade vendida do produto Raiz; • incorpora o custo variável do produto Raiz; • os gastos fixos são alterados, pois há um aumento de 20% em valor total; • os gastos fixos, na medida do possível, são identificados nos dois produtos; • a produtividade é alterada, pois haverá um aumento de 11% na quantidade total, passando de 850 para 950 unidades, pois serão trocadas 350 unidades do produto Planta por 450 unidades do produto Raiz; 147 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • o produto Planta, que representava 100,00% da margem de contribuição da empresa, agora é responsável por 41,11%, e o novo produto Raiz representa 58,89%; • o resultado do período teve uma redução na ordem de 3,0%, que no olhar imediato não parece ser atraente, pois revela uma queda, porém, observando- se que a empresa tomou uma decisão de ampliar seu potencial de produção, dando mais uma opção de produto aos seus clientes, espera-se que a recuperação seja boa e que o mercado possa fazer o seu papel de consumidor, e, internamente, os gestores possam administrar os custos e despesas identificáveis em prol de sua otimização. A margem de contribuição aliada aos custos e despe- sas facilitam o controle e avaliação da produção. Fonte: Shutterstock 148 GESTÃO DE CUSTOS Portanto, a margem de contribuição aliada aos custos e despesas identificados facilitam ainda mais o controle e avaliação da produção, e a tomada de decisão fica mais assertiva em busca dos melhores resultados da empresa. PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK-EVEN POINT) O ponto de equilíbrio representa o volume de atividade operacional em que o total da quantidade vendida se iguala aos custos e despesas. Outra forma de apreciar o conceito é a seguinte: o ponto de equilíbrio mostra o nível de atividade ou volume operacional em que a receita total das vendas se iguala ao somatório dos custos e despesas variáveis totais mais os custos e despesas fixos. Assim, o ponto de equilíbrio evidencia os parâmetros que mostram capacidade mínima em que a empresa deve manter sua operação para não ter lucro nem prejuízo. O ponto de equilíbrio também pode ser descrito como o ponto de ruptura (break-even point). 149 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO PONTO DE EQUILÍBRIO E GESTÃO DE CURTO PRAZO É importante ressaltar que o ponto de equilíbrio costuma ser utilizado para a gestão de curto prazo da empresa. Representa aquele momento em que a empresa está funcionando normalmente e tem um lucro igual à zero. Ou seja, nesse ponto de capacidade de sua operação, a empresa consegue cobrir os custos e despesas variáveis das unidades vendidas e cobre todos os custos e despesas da estrutura produtiva, conhecidos também como gastos fixos. Perceba que estamos nos referindo a uma condição aceitável apenas a curto prazo, porque não se pode pensar em um planejamento de longo prazo para uma empresa em que não haja resultado positivo nem sejam remunerados os detentores de suas fontes de recursos. O ponto de equilíbrio costuma ser utilizado para a gestão de curto prazo da empresa. 150 GESTÃO DE CUSTOS EQUAÇÃO E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PONTO DE EQUILÍBRIO Como o ponto de equilíbrio é aquele onde o lucro líquido é igual a zero, a equação ficará como está descrito na Figura 56. Figura 56 – Equação do ponto de equilíbrio A igualdade nos valores de receita comos valores de custos + despesas representa que a empresa está no Ponto de Equilíbrio Volume de receita de vendas Volume de custos Volume de despesas Fonte: elaborado pelo autor Veja que a equação iguala todo o montante de receita de vendas com os volumes de custos e despesas, e nesse momento a empresa tem uma situação de equilíbrio, pois tudo que produziu e vendeu pagou todas as despesas e custos existentes. A seguir, vamos ver a representação gráfica do ponto de equilíbrio na Figura 57. 151 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO Figura 57 – Representação gráfica do ponto de equilíbrio Variáveis Custos e despesas totais Receitas totais Ponto de equilíbrio $ Volume PONTO DE EQUILÍBRIO Fixos Fonte: elaborado pelo autor A representação gráfica permite verificar que o ponto de equilíbrio determina aquele momento em que há quantidade e valores de vendas suficiente para fazer frente aos custos (fixos e variáveis). E se a empresa se mantiver no patamar abaixo desse ponto, operará com prejuízo e inversamente. Ou seja, se a empresa se mantiver acima do ponto de equilíbrio, operará com lucro. PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADE O ponto de equilíbrio em quantidade tem o objetivo de determinar a quantidade mínima que a empresa deve produzir 152 GESTÃO DE CUSTOS e vender. Abaixo dessa quantidade de produção e vendas, seguramente operará com prejuízo. Partindo da equação mostrada, a fórmula do ponto de equilíbrio em quantidade é a que está representada na Figura 58: Figura 58 – Equação do ponto de equilíbrio em quantidade PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADE CUSTOS FIXOS + DESPESAS FIXAS MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Fonte: elaborado pelo autor A Figura 58 mostra que para calcular o ponto de equilíbrio em quantidade, será necessário montar o numerador (Custos fixos + Despesas fixas) e dividi-lo pelo denominador margem de contribuição unitária, ou seja, aqui temos uma fórmula que deriva de um cálculo prévio em seu denominador, que inicialmente precisa-se calcular o valor da margem de contribuição unitária e em seguida terá condição de calcular o ponto de equilíbrio em quantidade. PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR Em determinadas situações, notadamente, quando o leque de produtos da empresa pode ser muito grande, 153 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO haverá dificuldades de se obter o mix ideal de produtos e suas quantidades no ponto de equilíbrio, e como existem dificuldades de identificar os custos e despesas fixas para cada produto, teremos de nos valer de uma informação global expressa em um denominador monetário. Assim, traduz-se o ponto de equilíbrio em valor, ou seja, calcula-se qual será o valor mínimo a ser vendido para que a empresa não tenha lucro nem prejuízo em um determinado momento. Para esse cálculo, é necessário saber a margem de contribuição em percentual sobre o preço de venda, que se dá por meio da conta: margem de contribuição unitária dividida pelo preço de venda unitário. Veja na Figura 59: Figura 59 – Equação do ponto de equilíbrio em valor PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR CUSTOS FIXOS + DESPESAS FIXAS MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA PREÇO DE VENDA UNITÁRIO Fonte: elaborado pelo autor A Figura 59 mostra que para calcular o ponto de equilíbrio em valor, será necessário montar o numerador (Custos fixos + Despesas fixas) e dividi-lo pelo denominador, que é uma outra 154 GESTÃO DE CUSTOS conta prévia onde divide-se a margem de contribuição unitária pelo preço de venda unitário, ou seja, aqui temos uma fórmula que deriva de dois cálculos prévios em seu denominador, em que inicialmente precisa-se calcular o valor da margem de contribuição unitária e, em seguida, deverá ser dividido pelo preço de venda unitário. Somente a partir disso feito, você terá condição de calcular o ponto de equilíbrio em quantidade. TIPOS DE PONTO DE EQUILÍBRIO Na literatura, são encontradas diversas modalidades de ponto de equilíbrio que permitem prover a necessidade de informações dos gestores em vários aspectos. Para tanto, as fórmulas de cálculo utilizadas são adaptadas ao contexto da informação requerida, por meio da: • retirada de alguns fatores da fórmula de cálculo [como alguns tipos de custos ou despesas não desembolsáveis (depreciação)]; • introdução do valor do lucro que se pretende atingir (determinando-se uma meta a ser alcançada); • inserção de pagamentos a serem efetuados no período analisado (quando, por 155 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO exemplo, se deseja adquirir algum bem ou liquidar alguma dívida no período). Com isso, dependendo da necessidade de informações e da fórmula como é calculado, o ponto de equilíbrio recebe denominações distintas: • PEC – Ponto de equilíbrio contábil; • PEE – Ponto de equilíbrio econômico; • PEF – Ponto de equilíbrio financeiro. Vale dizer que, nas três modalidades, o ponto de equilíbrio pode ser calculado tanto em valor, tanto em quantidades. PEC - PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL O ponto de equilíbrio contábil consiste naquele momento em que as receitas totais da empresa se equilibram com os custos e despesas totais. O PEC (como é chamado) é influenciado pelo preço de venda e volume de vendas, bem como a estrutura de custos fixos e despesas totais. O PEC em quantidades representa a quantidade necessária de unidades vendidas, e o PEC em valor representa as unidades necessárias multiplicadas pelo valor de venda unitário. Vale dizer que, em ambos os casos, existe a premissa 156 GESTÃO DE CUSTOS de suprir os custos e despesas variáveis somados aos custos e despesas fixas totais do período. Veja, agora, as fórmulas do PEC em quantidade e em valor representadas na Figura 60: Figura 60 – Equação do ponto de equilíbrio contábil em quantidade e em valor PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL (PEC) EM QUANTIDADE: EM VALOR: CUSTOS FIXOS $ MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA CUSTOS FIXOS $ MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA PREÇO DE VENDA UNITÁRIO Fonte: elaborado pelo autor A Figura 60 mostra que para calcular o ponto de equilíbrio contábil (PEC) em quantidade, será necessário montar o numerador (custos fixos + despesas fixas) e dividi-lo pelo denominador margem de contribuição unitária, ou seja, aqui temos uma fórmula que deriva de um cálculo prévio em seu denominador, em que inicialmente precisa-se calcular o valor da margem de contribuição unitária e em seguida terá condição de calcular o ponto de equilíbrio em quantidade. Para se 157 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO calcular o ponto de equilíbrio contábil (PEC) em valor, será necessário montar o numerador (custos fixos + despesas fixas) e dividi-lo pelo denominador, que é uma outra conta prévia onde se divide a margem de contribuição unitária pelo preço de venda unitário, ou seja, aqui temos uma fórmula que deriva de dois cálculos prévios em seu denominador, que inicialmente precisa-se calcular o valor da margem de contribuição unitária e, em seguida, deverá ser dividido pelo preço de venda unitário. Somente a partir disso feito, você terá condição de calcular o ponto de equilíbrio em quantidade. APLICABILIDADE DO PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL (PEC) A empresa SP Brasil fabrica bicicletas infantis, e no ano corrente sua estrutura de produção tem as seguintes características: • custos + despesas variáveis: R$600,00/unidade; Uma empresa precisa encontrar o ponto de equilíbrio contábil para conseguir ter sucesso e manter a saúde financeira. Fonte: Shutterstock 158 GESTÃO DE CUSTOS • custos + despesas fixas: R$4.000.000,00/ano; • preço de venda: R$800,00/unidade. Usando as informações, vamos calcular o PEC em quantidade e valor para a empresa SP Brasil, como mostrado na Figura 61: Figura 61 – Cálculo do PEC em quantidade e em valor PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL (PEC) EM QUANTIDADE: EM VALOR: R$ 4.000.000,00 R$ 800,00 (-) R$ 600,00 = 20.000 unidades R$ 4.000.000,00 R$ 200,00 R$ 800,00 = R$ 16.000.000,00 Fonte: elaborado pelo autor Paracalcular o PEC em quantidade e em valor, substituímos o conteúdo das fórmulas com os respectivos valores do enunciado, portanto: • PEC (em quantidade) = 20.000 unidades; • PEC (em valor) = R$16.000.000,00. Ou seja, nessas condições, a empresa SP Brasil deverá fabricar e vender 20.000 bicicletas infantis e faturar R$16.000.000,00 para 159 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO alcançar o ponto de equilíbrio contábil, e se ficar abaixo desse patamar, terá prejuízo, e acima desse patamar, obterá lucro. PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO O ponto de equilíbrio econômico consiste em quando as receitas se igualam aos custos e despesas, adicionando aqui o lucro esperado pela empresa ou o custo de oportunidade do capital investido. Quando um investidor resolve aportar recursos em uma determinada empresa, é sabido que o fará esperando um retorno do seu capital investido, e, assim, a empresa deve considerar em seu planejamento o cálculo do ponto de equilíbrio econômico para fazer frente a esse item oneroso. A Figura 62 mostra que para calcular o ponto de equilíbrio econômico (PEE) em quantidade, será necessário montar o numerador [(custos fixos + despesas fixas) mais o lucro esperado ou o retorno do capital investido] e dividi-lo pelo CUSTO DE OPORTUNIDADE Segundo Gitman, “custo de opor- tunidade” são fluxos de caixa que poderiam ser obtidos com a melhor utilização de um ativo possuído pela empresa. Portanto, são fluxos de caixa que não serão realizados por causa do emprego no ativo no projeto proposto. Fonte: GITMAN, Lawrence J. Prin- cípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 160 GESTÃO DE CUSTOS denominador margem de contribuição unitária. Para se calcular o ponto de equilíbrio econômico (PEE) em valor, será necessário montar o numerador [(custos fixos + despesas fixas) mais o lucro esperado ou o retorno do capital investido] e dividi-lo pelo denominador, que é uma outra conta prévia onde divide-se a margem de contribuição unitária pelo preço de venda unitário. Figura 62 – Equação do ponto de equilíbrio econômico em quantidade e em valor PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO (PEE) EM QUANTIDADE: EM VALOR: CUSTOS FIXOS $ + LUCRO ESPERADO $ MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA CUSTOS FIXOS $ + LUCRO ESPERADO $ MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA PREÇO DE VENDA UNITÁRIO Fonte: elaborado pelo autor APLICABILIDADE DO PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO (PEE) Relembrando, a empresa SP Brasil fabrica bicicletas infantis, e, no ano corrente, sua estrutura de produção tem as seguintes características: • custos + despesas variáveis: R$600,00/unidade; • custos + despesas fixas: R$4.000.000,00/ano; 161 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • preço de venda: R$800,00/unidade. Ela apresentou ainda um patrimônio líquido no início do ano de R$10.000.000,00, que trabalhados para render o mínimo de 10% ao ano, proporciona um retorno mínimo de R$1.000.000,00. Vale dizer que se essa é a taxa de juros do mercado, conclui- se que o verdadeiro lucro da atividade será obtido quando contabilmente o resultado for superior a esse valor. Logo, haverá um Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) quando houver um lucro contábil de R$1.000.000,00. Veja os cálculos na Figura 63: Figura 63 – Cálculo do ponto de equilíbrio econômico em quantidade e em valor EM QUANTIDADE: EM VALOR: R$ 4.000.000,00 + R$ 1.000.000,00 R$ 800,00 (-) R$ 600,00 = 25.000 unidades R$ 4.000.000,00 + R$ 1.000.000,00 R$ 200,00 R$ 800,00 = R$ 20.000.000,00 PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO (PEE) Fonte: elaborado pelo autor Para calcular o PEE em quantidade e em valor, substituímos o conteúdo das fórmulas com os respectivos valores do enunciado, portanto: 162 GESTÃO DE CUSTOS • PEE (em quantidade) = 25.000 unidades; • PEE (em valor) = R$20.000.000,00. Ou seja, nessas condições, a empresa SP Brasil deverá fabricar e vender 25.000 bicicletas infantis e faturar R$20.000.000,00 para alcançar o ponto de equilíbrio econômico, que será capaz de fazer frente aos custos e despesas totais e, ainda, ter recursos para bancar o custo de oportunidade (lucro esperado ou retorno de capital) da empresa. PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO O ponto de equilíbrio financeiro consiste em identificar o momento em que as receitas se igualam aos custos e despesas, desconsiderando as despesas e custos registrados contabilmente e que não houve os respectivos desembolsos financeiros, um caso típico da depreciação e amortização. Ainda serão considerados e adicionados aqueles valores de financiamentos destinados a expansão dos negócios que estão no escopo do planejamento da empresa para o período. A Figura 64 mostra que para calcular o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) em quantidade, será necessário montar o numerador [(Custos fixos + Despesas fixas) menos a depreciação ou amortização mais o valor de financiamento obtido no período] e dividi-lo pelo 163 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO denominador margem de contribuição unitária. Para se calcular o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) em valor, será necessário montar o numerador [(custos fixos + despesas fixas) menos a depreciação ou amortização mais o valor de financiamento obtido no período] e dividi-lo pelo denominador (margem de contribuição unitária dividida pelo preço de venda unitário). Figura 64 – Equação do ponto de equilíbrio financeiro em quantidade e em valor PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO (PEF) EM QUANTIDADE: EM VALOR: CUSTOS FIXOS $ (-) DEPRECIAÇÃO + DIVIDAS DO PERÍODO MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA CUSTOS FIXOS $ (-) DEPRECIAÇÃO + DIVIDAS DO PERÍODO MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA PREÇO DE VENDA UNITÁRIO Fonte: Elaborado pelo autor APLICABILIDADE DO PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO (PEF) Considerando e relembrando as informações anteriores da empresa SP Brasil, temos as seguintes informações: • custos + despesas variáveis: R$600,00/unidade; • custos + despesas fixas: R$4.000.000,00/ano; 164 GESTÃO DE CUSTOS • preço de venda: R$800,00/unidade; • retorno do capital: R$1.000.000,00. Sabe-se que do valor de custos e despesas fixas, R$800.000,00 correspondem às depreciações de todos os bens imobilizados da empresa. A intenção da SP Brasil é de adquirir um financiamento de R$2.200.000,00 para o próximo ano. Vamos ao cálculo do PEF, demonstrado na Figura 65: Figura 65 – Cálculo do ponto de equilíbrio financeiro em quantidade e em valor EM QUANTIDADE: EM VALOR: R$ 4.000.000,00 + R$ 1.000.000,00 (-) R$ 800.000,00 + R$ 2.200.000,00 R$ 800,00 (-) R$ 600,00 = 32.000 unidades R$ 4.000.000,00 + R$ 1.000.000,00 (-) R$ 800.000,00 + R$ 2.200.000,00 R$ 200,00 R$ 800,00 = R$ 25.600.000,00 PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO (PEF) Fonte: elaborado pelo autor Para calcular o PEF em quantidade e em valor, substituímos o conteúdo das fórmulas com os respectivos valores do enunciado em todas as fases, portanto: • PEF (em quantidade) = 32.000 unidades; 165 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • PEF (em valor) = R$25.600.000,00. Ou seja, nessas condições, a empresa SP Brasil deverá fabricar e vender 32.000 bicicletas infantis e faturar R$25.600.000,00 para alcançar o ponto de equilíbrio financeiro no período. Assim, será capaz de fazer frente aos custos e despesas totais, ter recursos suficientes para bancar o custo de oportunidade (lucro esperado ou retorno de capital) e, ainda, ter fôlego financeiro para arcar com o valor do financiamento proposto pela empresa. MARGEM DE SEGURANÇA No mundo competitivo, em que as empresas precisam se reinventar para alcançar os seus objetivos, existem situações em que elas podem estar preparadas e existem aquelas situações fortuitas, em que as empresas não têm controle sobre as ações, mas precisam dar respostas em razão do acontecido e manter sua existência. Portanto, como já visto, a empresa que trabalha no ponto de equilíbrio, pode estar em uma situação de desvantagem competitiva, pois apresenta um resultado nulo, no que diz respeitoaos valores e quantidades, pois ela, nesse ponto, não apresenta nem lucro nem prejuízo. 166 GESTÃO DE CUSTOS Quando a empresas apresentam um resultado positivo e com lucro, isso proporciona uma série de oportunidades que podem ser simplesmente um retorno do capital investido e/ ou até mesmo uma expansão e crescimento dos negócios. Portanto, é preciso que não haja espaço para deslizes de qualquer natureza, e as empresas não podem estar vulneráveis às situações inesperadas. Assim, a empresa deve tomar uma atitude prudente e conservadora e operar com uma certa margem de segurança, margem essa que estará acima do ponto de equilíbrio, seja em quantidade e/ou valor. E, segundo Veiga (2016), Margem de segurança em unidades e em valores representa o volume de vendas que supera as vendas calculadas no ponto de equilíbrio. Haverá margem de segurança quando as vendas realizadas ou projetadas em unidade, em valor e em porcentagem, diminuírem até o limite das vendas no ponto de equilíbrio. Para melhor entendimento do conceito, acompanhe esta situação – se as vendas no ponto de equilíbrio forem de R$15.000,00 e as vendas efetivas formaram o montante de R$20.000,00, a margem de segurança será de R$5.000,00 167 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO [R$20.000,00 (-) R$15.000,00]. Se o ponto de equilíbrio em quantidades for de 15.000 unidades e as vendas efetivas foram de 20.000 unidades, a margem de segurança será de 5.000 unidades [20.000 (-) 15.000]. E, percentualmente, a margem de segurança será o valor ou a quantidade da margem de segurança dividido pelo valor ou quantidade das vendas efetivas. No caso, a margem de segurança será de 0,25 ou 25,00% (5.000 / 20.000). O cálculo da margem de segurança se dá por meio das fórmulas representadas na Figura 66: Figura 66 – Fórmulas de cálculo da margem de segurança operacional percentual a) Quantidade: Determina até quantas unidades as vendas poderão ser reduzidas, sem provocar prejuízo, considerando o volume atual de vendas. MSO(q) = Volume Atual de Vendas - PEC(q) b) Valor: Determina até qual valor das vendas poderão ser reduzidas, sem provocar prejuízo, considerando a receita atual de vendas. MSO(R$) = Receita Atual de Vendas - PEC(R$) c) Percentual: Determina até qual percentual das vendas poderão ser reduzidas, sem provocar prejuízo, considerando vendas atuais. ou MSO(%) = [MSO(R$) / Receita Atual de Vendas] x 100 MSO(%) = [MSO(q) / Volume Atual de Vendas] x 100 FÓRMULAS DA MSO: Fonte: elaborado pelo autor 168 GESTÃO DE CUSTOS Com a utilização das fórmulas da MSO (margem de segurança operacional), teremos os resultados das margens em quantidade, valor e porcentagem. APLICABILIDADE DA MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL A empresa Notícias do Brasil possui as seguintes informações que devem ser usadas para calcular a margem de segurança operacional: • quantidade de notícias vendidas = 9.400; • preço de venda por unidade = R$56,00; • custos e despesas variáveis por unidade = R$28,00; • custos e despesas fixas totais = R$201.600,00. A Figura 67 demonstra que a empresa tem um ponto de equilíbrio contábil de 7.200 unidades ao valor de vendas de R$403.200,00. Nesse momento, seu volume de vendas apresentou um total de 9.400 unidades e um valor de vendas na ordem de R$526.400,00. 169 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO Figura 67 – Margem de segurança operacional – MSO MSO (R$) P L MSO (q) Quantidades Receitas 9.4007.200 526.400,00 403.200,00 Fonte: elaborado pelo autor Veja, a seguir, a resolução da margem de segurança operacional em quantidade, valor e em porcentagem. • Margem de segurança operacional em quantidade: • MSO (q) = [volume atual das vendas (-) PEC (q)]; • primeiramente, calcula-se o ponto de equilíbrio contábil; • PEC (q) = gastos fixos / [preço de venda (-) margem de contribuição unitária]; 170 GESTÃO DE CUSTOS • PEC (q) = R$201.600,00 / [R$56,00 (-) R$28,00]; • PEC (q) = 7.200 unidades; • Logo, MSO (q) = [9.400 (-) 7.200] = 2.200 unidades. • Margem de segurança operacional em valor: • MSO (R$) = [receitas das vendas (-) PEC (R$)]; • primeiramente, também se calcula o ponto de equilíbrio contábil; • PEC (R$) = [gastos fixos / (margem de contribuição unitária / preço de venda unitário)]; • PEC (R$) = [R$201.600,00 / (R$28,00 / R$56,00)] = R$403.200,00; • PEC (R$) = [R$201.600,00 / 0,50] = R$403.200,00; • Logo, MSO (R$) = [R$526.400,00* (-) R$403.200,00] = R$123.200,00; 171 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO • (*) = 9.400 X R$56,00 = R$526.400,00. • margem de segurança operacional em porcentagem: • MSO (%) = MSO (R$) / Receita atual X 100; • MSO (%) = [(R$123.200,00 / R$526.400,00) X 100] = 23,40%. Portanto, a empresa Notícias do Brasil poderá reduzir suas vendas até o limite de 23,4%, que é a sua margem de segurança, e em uma redução no volume de vendas acima dessa porcentagem, a empresa irá entrar na zona desconfortável de prejuízos. ALAVANCAGEM OPERACIONAL A alavancagem operacional consiste em ser um indicador que mostra quantas vezes o percentual de mudança promovido no volume de vendas gerou de alteração no percentual do resultado. Ou seja, a alavancagem operacional permite que a partir de uma variação percentual no volume de vendas, resulte em uma alteração diferente na variação do resultado. 172 GESTÃO DE CUSTOS Isso acontece por ser muito sensível, e, qualquer que seja a mudança no volume de vendas, não se pode esperar que a mesma mudança seja refletida no resultado, pois, além destes itens (vendas e resultado), existem os custos e as despesas que precisam ser bem aproveitados, porque a sua otimização também participa da formação do resultado. Portanto, os custos e despesas também funcionam como uma espécie de alavanca. Como se sabe, preliminarmente existe a incógnita em saber qual será o resultado alcançado após ser tomada a decisão de alterar o volume das vendas. Assim, temos as fórmulas que nos auxiliam a encontrar tal resultado, vejamos na Figura 68: Figura 68 – Fórmulas do GAO (Grau de Alavancagem Operacional) GAO = % de Aumento no Resultado % de Aumento no Volume de Vendas ou GAO = {[Lucro Atual (-) Lucro Anterior] / Lucro Anterior} {[Quantidade Atual (-) Quantidade Anterior] /Quantidade Anterior} Fonte: elaborado pelo autor No caso da primeira fórmula, deve-se calcular o percentual de aumento no volume de vendas e dividi-lo pelo percentual de alteração causada no resultado. Na segunda fórmula, deve- se calcular o numerador, em que inicia-se com o lucro atual, deduzindo o lucro anterior. A partir desse resultado, divide-se 173 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO pelo valor do lucro anterior. Feito isso, calcula-se, então, o denominador, que também se inicia com a quantidade atual, deduzindo a quantidade anterior. A partir desse resultado, divide-se pela quantidade anterior. Vale dizer que as fórmulas serão utilizadas sempre que houver no mínimo dois períodos para efeito de comparação, a fim de se identificar o grau de alavancagem operacional. APLICABILIDADE DO GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL - GAO Considere que a empresa Sempre Firme, em determinado período, esteja operando com as respectivas informações: • preço de venda por unidade de produto R$125,00; A utilização da alavanca- gem operacional em busca dos melhores resultados Fonte: Shutterstock 174 GESTÃO DE CUSTOS • gastos fixos do período R$45.00,00; • custos variáveis por unidade vendida R$50,00. Primeiramente vamos calcular a quantidade do ponto de equilíbrio da empresa, assim, teremos: • PEC (q) = Gastos fixos / Margem de Contribuição Unitária; • PEC (q) = R$45.000,00 / [R$125,00 (-) R$50,00; • PEC (q) = R$45.000,00 / R$75,00; • PEC (q) = 600 unidades. Fazendo a demonstração do resultado da empresa no período e considerando o ponto de equilíbrio calculado, veja na Figura 69 o que teremos: Figura 69 – Cálculo do resultado vendendo 600 unidades ITEM: VALOR COM 600 UNIDADES: Receita de vendas[600 X R$125,00] R$75.000,00 (-) Custos variáveis [600 X R$50,00] (R$30.000,00) = Margem de contribuição total R$45.000,00 175 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO (-) Gastos fixos do período (R$45.000,00) = Resultado do período --0-- Fonte: elaborado pelo autor Até esse momento, não se fala em alavancagem, pois a empresa encontrou o seu ponto de equilíbrio, que, já se sabe, é o momento em que as vendas se equivalem aos totais de gastos fixos e variáveis e a empresa não tem nem lucro nem prejuízo. Então, faremos duas simulações simultâneas e contínuas no patamar de 25% e 30% e, então, chegaremos ao grau de alavancagem operacional proporcionado com as mudanças no volume de vendas e as demais informações permanecendo as mesmas. Verifique a Figura 70: Figura 70 – Simulações para o cálculo do GAO ITEM: 600 UNIDADES 750 UNIDADES 975 UNIDADES Receita de vendas R$75.000,00 R$93.750,00 R$121.875,00 (-) Custos variáveis (R$30.000,00) (R$37.500,00) (R$48.750,00) = Margem de contribuição total R$45.000,00 R$56.250,00 R$73.125,00 (-) Gastos fixos do período (R$45.000,00) (R$45.000,00) (R$45.000,00) = Resultado do período --0-- R$11.250,00 R$28.125,00 Fonte: elaborado pelo autor 176 GESTÃO DE CUSTOS A partir desse momento, é possível calcular o grau de alavancagem operacional alcançado pela empresa Sempre Firme com a utilização das fórmulas que já são de nosso conhecimento. Então, vamos calcular. Veja a Figura 71: Figura 71 – Cálculo do GAO tipo 1 GAO = % de Aumento no Resultado % de Aumento no Volume de Vendas Trocando as informações por números: GAO = 1,5 / 0,3 = 5,0 vezes GAO = [(R$28.125,00 / R$11.250,00) -1] [(975 / 750) -1] Fonte: elaborado pelo autor Ou, ainda, com a utilização de outra fórmula, como está representada na Figura 72, teremos: Figura 72 – Cálculo do GAO tipo 2 Trocando as informações por números: GAO = 1,5 / 0,3 = 5,0 vezes GAO = {[R$28.125,00 (-) R$11.250,00] / R$11.250,00} {[975 (-) 750] / 750} GAO = {[Lucro Atual (-) Lucro Anterior] / Lucro Anterior} {[Quantidade Atual (-) Quantidade Anterior] /Quantidade Anterior} Fonte: elaborado pelo autor 177 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO Os cálculos apresentados do GAO (grau de alavancagem operacional) nas Figuras 71 e 72 mostram que a cada 1% de aumento no volume de vendas irá proporcionar um aumento de cinco vezes a mais o resultado operacional da empresa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, consideramos que a análise CVL, Custo- Volume-Lucro, é uma ferramenta de gestão de custos que contribui com a empresa no sentido de saber o quanto custa produzir, quanto se pode produzir e qual é a participação da margem de contribuição de cada produto. Decisões gerenciais que podem e devem ser tomadas embasadas em critérios bem definidos, proporcionando muita tranquilidade e maior assertividade. Assim, finalizamos nossa unidade e esperamos que você tenha aproveitado e assimilado as ferramentas de análise custo- volume-lucro aqui abordadas. RESUMO A análise custo-volume-lucro, ou simplesmente CVL, tem uma importante função dentro das empresas, pois ela produz informações 178 GESTÃO DE CUSTOS relevantes sobre o processo produtivo e o resultado esperado desse processo. Responde a várias questões como: Qual produto é mais rentável? Quanto custa produzir? Quando deixar de produzir? Por que devo investir? Ou seja, é uma ferramenta que possibilita ter informação assertiva para a melhor tomada de decisão. Assim, para o melhor entendimento da nossa disciplina, apresentamos, de forma bem detalhada, os principais temas da análise CVL. Nesse contexto, estudamos: • a análise custo-volume-lucro; • a margem de contribuição; • o ponto de equilíbrio (break-even point); • a margem de segurança operacional; • e o grau de alavancagem operacional. Como você pôde verificar e acompanhar, nesta unidade de análise custo-volume-lucro, foram abordados, de maneira didática, o conhecimento teórico e prático, a compreensão, a aplicação e análise. Todos como requisitos importantes que têm o propósito comum de facilitar a gestão de custos e embasar a tomada de decisão. Tudo isso se mostrou viável após compreender a análise custo-volume-lucro, conhecer seus objetivos e as características, além de demonstrar suas aplicações. 179 ANáLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO REFERÊNCIAS DUBOIS, Alexy. Gestão de custos e formação de preços: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de lucratividade. Luciana Kulpa, Luiz Eurico de Souza. 3. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2019. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. HORNGREN, Charles T. Contabilidade de custos, v. 1: uma abordagem gerencial. Srikant M. Datar, George Foster. 11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. IUDICIBUS, Sergio de. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1988. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009. VEIGA, Windsor Espenser. Contabilidade de custos: gestão em comércio, serviço e indústria. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2016. WERNKE, Rodney. Análise de custos e preços de venda: ênfase em aplicações e casos nacionais). São Paulo: Saraiva, 2005. 180 GESTÃO DE CUSTOS YANASE, João. Custos e formação de preços: importante ferramenta para tomada de decisões. São Paulo: Trevisan, 2018.
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