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UNIVALI ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ECS
Disciplina: Práticas Psicoterapêuticas
Professora: Maria Vitória Schizzi Tiepo
Acadêmica: Bárbara Caroline Georg
AZEVEDO, Monia Karine; MELLO NETO, Gustavo Adolfo Ramos. O desenvolvimento do
conceito de pulsão de morte na obra de Freud. Rev. Subj Fortaleza , v. 15, n. 1, p. 67-75,
abr.2015.Disponívelem <http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S2359
-07692015000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 ago. 2023
RESENHA CRÍTICA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE
PULSÃO DE MORTE NA OBRA DE FREUD
O desenvolvimento do conceito de pulsão de morte na psicanálise de Sigmund Freud
representa uma das contribuições mais complexas e controversas desse campo de estudo. Ao
longo de sua carreira, Freud explorou profundamente as forças inconscientes que moldam o
comportamento humano e a mente, e a introdução da pulsão de morte em "Além do Princípio
do Prazer" (1920/1996) marcou uma revolução em sua teoria, trazendo uma dimensão mais
profunda e sombria para a compreensão da psique humana. A pulsão de morte, também
conhecida como Thanatos, é um conceito enigmático que se refere a uma força intrínseca no
psiquismo humano que busca a inércia, a extinção e a redução da excitação. Ao contrário das
pulsões de vida, que buscam a manutenção, reprodução e satisfação dos desejos, as pulsões
de morte representam uma tendência em direção ao repouso absoluto, ao retorno a um estado
anterior à vida.
Freud introduziu a ideia da pulsão de morte como uma maneira de explicar certos
aspectos da psique que não se encaixavam em sua teoria original das pulsões. A compulsão à
repetição, por exemplo, poderia ser entendida como uma manifestação da pulsão de morte, na
qual os indivíduos repetem padrões autodestrutivos em uma busca inconsciente por alívio da
tensão psíquica. No abismo das reflexões de Freud, em sua obra "Além do Princípio do
Prazer" (1920/1996), emerge uma intrincada dança da mente. A pulsante inquietação do autor
frente ao paradoxo se torna o epicentro de sua análise. Entre os meandros da mente, um
fenômeno curioso desponta: em contraste com a doutrina do prazer, o psiquismo busca, por
http://pepsic.bvsalud.org/scielo
vezes, intensificar a carga de energia, gerando desprazer. A estranha busca por aumentar o
fardo, inicialmente incompatível com o princípio do prazer, toma forma de uma estratégia do
psiquismo para alcançar a serenidade. Freud declara que essa inclinação a reviver conteúdos
desagradáveis visa, na verdade, amansar essas lembranças, conquistando harmonia mental.
Ele postula que o excesso de excitação deve ser domado para evitar o desequilíbrio
catastrófico, uma apoteose do enlouquecimento. Somente após esse domínio, o princípio do
prazer pode reentrar em cena.
Os sonhos nas neuroses traumáticas são um palco para essa batalha psíquica. Freud
indaga por que o psiquismo evoca sonhos desagradáveis que aumentam a excitação, ao invés
de evitá-los. A resposta ressoa como um eco: a mente, em sua complexidade, busca assimilar
e transcender o trauma, selando-o em seu âmago. Através dessa contenção, a paz retorna, e o
equilíbrio é restaurado. Nesse intrincado mosaico, Freud examina as brincadeiras infantis,
que recriam situações angustiantes como a separação da mãe. A aparente diversão emerge do
poder de vincular a energia que causa aflição, transformando-a em algo manso e familiar. A
repetição de eventos passados auxilia o sujeito a dominar os estímulos, construindo
experiências menos traumáticas. Esse ciclo oferece um retorno ao que é seguro e conhecido,
preservando a estabilidade interior. As nuances clínicas e as análises de sonhos traumáticos
levam Freud a resgatar a busca inerente ao organismo por constância. A compulsão à
repetição, uma força oculta, também serve a esse princípio. Contudo, a trajetória não é
desprovida de obstáculos históricos. A cristalização do conceito de morte, é tecido por Freud
durante a Primeira Guerra Mundial, ao qual é distintamente revelado o instinto agressivo
humano.
A própria prática psicanalítica foi tocada pelas sequelas da guerra, culminando na
obra que explora essa teoria. Entre os pós-freudianos, a teoria das pulsões é uma roda-viva de
controvérsias. Jean Laplanche remodela a teoria, destacando que o que Freud atribuiu à
pulsão de morte pertence à pulsão sexual. Em contraste, Winnicott se distancia do conceito de
destrutividade inata, considerando-a mais como uma consequência não intencional. A
agressividade é vista como uma força vital, que ocasionalmente assume contornos de
destruição. Assim, o conceito de pulsão de morte se entrelaça nas tapeçarias do pensamento
freudiano, uma peça intrigante e heterogênea. Sua trajetória é entrecortada por reflexões
pessoais, traumas e os matizes da história. A mente humana, um labirinto de busca incessante
pela harmonia, trava um diálogo complexo com a pulsão de morte, um elemento controverso
que ecoa através das eras da psicanálise. O conceito de pulsão de morte surge como uma
resposta às limitações da teoria das pulsões de vida, ou Eros.
Freud percebeu que o comportamento humano muitas vezes não pode ser explicado
apenas pela busca de prazer e satisfação. Por exemplo, observou que as pessoas
frequentemente repetem traumas passados, não para obter prazer, mas como se estivessem
tentando dominar ou compreender a experiência traumática, ou até com uma forma de evitar
o desprazer. A pulsão de morte também encontra fundamentação na observação clínica das
tendências auto destrutivas e agressivas nos indivíduos. Freud notou que havia uma tendência
inata em direção à agressão e à destruição, que não poderia ser explicada apenas pela teoria
do prazer. Isso levou-o a postular a existência de uma força contrária à pulsão de vida, uma
força que buscava o fim da excitação e a volta ao estado inerte. O conceito de pulsão de
morte não foi formulado de uma vez por Freud, mas sim se desenvolveu ao longo de várias
obras. Em "Os Instintos e suas Vicissitudes" (1915/1996), ele já estava começando a
questionar a dicotomia rígida entre pulsões de vida e pulsões de morte, indicando que essa
classificação poderia ser temporária e sujeita a revisão. No entanto, é em "Além do Princípio
do Prazer" (1920/1996) que Freud elabora de maneira mais extensa a teoria das pulsões de
morte. Ele introduz a ideia de que o organismo tem uma inclinação inata em direção à inércia,
buscando um estado de não excitação, mesmo que isso signifique a própria morte. Ele sugere
que os instintos de vida (Eros) e os instintos de morte (Thanatos) estão em constante
interação e tensão dentro da psique. Em "O Ego e o Id" (1923/1996), Freud explora mais
profundamente a interação entre os instintos de vida e de morte.
Ele sugere que o ego precisa lidar com a tendência autodestrutiva do id,
redirecionando-a para fora do indivíduo, a fim de evitar a destruição interna. Também discute
como o superego pode se aliar à pulsão de morte, levando a comportamentos autodestrutivos
e auto acusatórios. O desenvolvimento do conceito de pulsão de morte na psicanálise
representa uma ampliação significativa da compreensão freudiana sobre a complexidade da
mente humana. A introdução dessa força intrínseca, que busca a inércia e a extinção,
proporciona uma explicação mais abrangente para comportamentos aparentemente auto
destrutivos e agressivos. A pulsão de morte desafia a visão inicial de que o ser humano é
impulsionado apenas pelo desejo de prazer e satisfação. Ela revela que a psique é um campo
de forças contraditórias, onde a busca pela vida e pela morte coexistem e interagem. O
conceito de pulsão de morte, embora complexo e controverso, enriquece a compreensão da
psicodinâmica humana, convidando-nos a explorar as profundezas sombrias e inexploradas
da nossa própria mente.
Freud mesmo alertou para a natureza altamente especulativa da pulsão de morte,
reconhecendo que ela não possui a mesma segurança que suas teorias anteriores. A primeira
teoria das pulsões, que divide as pulsões sexuais das pulsões de autoconservação, possui
fundamentosmaterialistas e observáveis, ao contrário da pulsão de morte, que pode se
considerar um desvio idealista da psicanálise. Enquanto as necessidades sexuais e alimentares
têm bases corpóreas claras, a pulsão de morte carece de uma fundamentação material tão
sólida. Seu conteúdo obscuro e a dificuldade de compreensão a tornam suscetível a
especulações ideológicas e metafísicas sobre a vida psíquica. Isso levou a mal-entendidos na
psicanálise e a teorias finais exageradas, que vejo como um afastamento da abordagem
freudiana. Freud admitiu que a "pulsão de morte" é uma hipótese além da clínica, mas o fato
de ele a utilizar e abrir espaço para especulações inúteis na psicanálise não pode ser mera
coincidência. Em contraposição à tendência idealista que a hipótese da pulsão de morte
trouxe à psicanálise, meu esforço busca reinterpretar até mesmo a pulsão de destruição como
dependente da libido, reorientando-a para uma teoria materialista da libido.
No geral, a introdução da pulsão de morte na psicanálise mudou a maneira como
vemos a origem do sofrimento psíquico e levantou questionamentos sobre o papel e o
significado dessa pulsão na teoria e prática psicanalíticas.

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