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A MÍDIA

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A MÍDIA: O CASO ELIZA SAMÚDIO
 É comum que a imprensa se valendo da narração dos fatos, que tenha conhecimento através da investigação criminal, produza manchetes e chamadas de cunho sensacionalista, ampliando, e muitas vezes, deturpando os fatos ocorridos
 Deve, ainda, ter relevância o fato de que um dos suspeitos de participação no crime, inclusive na qualidade de mandante, é figura pública amplamente conhecida, devido ao fato de ser jogador de futebol de um dos maiores clubes do Brasil. Em situações como essa, o papel da imprensa na divulgação dos fatos relacionados ao crime ganha contornos ainda maior
 Os jurados muitas vezes não possuem um conhecimento jurídico necessário para ter suas próprias conclusões e seguir sua consciência em determinado caso. 
 Dessa forma, acabam sofrendo essa influência externa, nos casos de maior repercussão nacional, os jurados, que são destituídos de conhecimentos técnico-jurídicos, chegam ao julgamento já tendo formulado consigo uma pré-condenação ou pré-absolvição ao réu, devido às notícias que receberam da mídia que se intitulando como “dona da verdade”. 
 Em casos como o de Eliza Samudio, que envolvem grande clamor popular, quer seja pela maneira como foi cometido, quer seja pelos envolvidos, ou mesmo pela motivação para seu cometimento, o papel da imprensa se amplia.
 Não se pode negar que a imprensa tem papel relevante na sociedade brasileira, formando e alimentando a opinião pública, influenciando o pensamento de muitas pessoas, que na maioria das vezes não tem outro meio de acesso à informação e cultura do que aquela levada a cabo pela imprensa.
 A condenação de Bruno foi aplaudida pelas pessoas que se encontravam nas ruas, e ainda julgada leve por muitos, a mãe de Eliza era consolada, abraçada e tida como uma vítima dos atos praticados pelo monstro.
 A sentença proferida pela Juíza que presidia a sessão de julgamento expressou de forma cabal a influência que os meios de comunicação em massa exerceram no julgamento pelo judiciário. 
 Deixa-se claro que o Poder Judiciário dera uma resposta a uma sociedade que clamava o que os media a passavam. Passando por cima, inclusive de parâmetros incutidos ao direito do próprio cidadão.
 Pretende-se muito menos afirmar que a mídia teve a intenção direta de cometer tais fatos. Para a imprensa o crime é simplesmente um fato de grande valor noticioso e, por isso, antes mesmo que se pense quais podem ser os resultados jurídicos desse fato, os jornalistas preocupam-se em elaborar uma estória midiática, mítica, em cenário, melodramático. E assim, para que os personagens sejam criados, ela imputa, acusa e julga, violando os direitos dos cidadãos, abusando de um poder lhes garantido.

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