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73 - APOSTILA - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

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Prévia do material em texto

Educação Especial 
e Inclusiva
Professora Mestre Ana Paula Francisca dos Santos
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
SANTOS, Ana Paula Francisca dos.
Educação Especial e Inclusiva.
Ana. Paula Francisca dos Santos
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORA
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos
Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações, graduada em Pedagogia.
Pesquisadora na área Educação e Tecnologia.
Desenvolve pesquisas voltadas ao ensino aprendizagem e o desenvolvimento 
humano.
INFORMAÇÕES RELEVANTES:
• Pedagogia
• Mestre em Gestão do Conhecimento
• Unicesumar
• http://lattes.cnpq.br/6336539019012543
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (a) à disciplina de Educação Especial e 
Inclusiva! Neste momento você inicia mais uma etapa em seus estudos, que tem como 
objetivo enriquecer seu aprendizado. No entanto, o tema abordado ao longo deste estudo 
refere-se a um tema muito relevante e significativo para sua prática docente e para as 
relações cotidianas estabelecidas no diálogo com o campo da Educação Especial.
A Educação Especial e Inclusiva, pode ser compreendida como uma modalidade de 
ensino que visa a promoção da cidadania, o qual tem como finalidade promover a igualdade 
e a valorização das diferenças para pessoas com deficiência. 
Frente a isto, iremos abordar na Unidade I os aspectos que norteiam o cenário da 
Educação Especial e Inclusiva, desde seu primórdio na Idade Antiga, até os dias atuais, 
pois tal processo histórico nos leva a refletir sobre as necessidades das pessoas com 
deficiência, com relação a sua inclusão no contexto escolar de ensino regular, assim com 
sua inserção em meio ao âmbito social.
Na Unidade II, iremos abordar questões relacionadas a características, causas 
e prevenção da deficiência física, intelectual e sensorial. No entanto nosso enfoque 
será direcionado às ações pedagógicas que podem ser realizadas para desenvolver a 
aprendizagem de uma criança com deficiência, seja ela física, intelectual e sensorial.
Na Unidade III, será abordado os aspectos pedagógicos que norteiam a Educação 
Especial e Inclusiva, para que assim seja possível compreender a Educação Especial e 
Inclusiva, não somente como um desafio que depende de todos os envolvidos no processo 
de aprendizagem, mas com uma ação coletiva que depende da vontade e capacitações, 
dos professores, gestores e da comunidade para cumprir seu objetivo principal que é a 
inclusão de pessoas com deficiências em âmbitos de ensino regular.
Por fim, na nossa Unidade IV, iremos finalizar nossos estudos abordando a 
importância da equipe multidisciplinar no contexto da educação de pessoas com deficiência, 
assim como as contribuições da escola para a construção de uma comunidade inclusiva e a 
relação entre a educação inclusiva e a cidadania de pessoas com deficiência.
Aproveito então, para convidá-los para adentrar a mais esta etapa que te promoverá 
a aquisição de um conhecimento significativo para a efetivação de sua carreira profissional.
Bom estudo 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
UNIDADE II ................................................................................................... 32
Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
UNIDADE III .................................................................................................. 53
Inclusão e Educação I
UNIDADE IV .................................................................................................. 74
Educação Inclusiva II
6
Plano de Estudo:
• Introdução ao estudo da Educação Especial.
• Conceito e histórico da Educação Especial.
• Políticas e diretrizes, tendências e desafios da Educação Especial e da educação 
inclusiva. 
Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer sobre os aspectos que regem a história de Educação Especial.
• Conhecer os conceitos que norteiam a Educação Especial.
• Compreender a importância das políticas e diretrizes da Educação Especial e 
Inclusiva.
UNIDADE I
Educação Especial: Aspectos Históricos, 
Políticos e Legais
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos
7UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
INTRODUÇÃO
Olá caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (s) a primeira unidade do nosso estudo. Você 
tem ou conhece alguém que tenha algum tipo de deficiência? Tenho certeza que você, caro 
(s) aluno (s), já presenciou inúmeras vezes pessoas com deficiência transitando em nosso 
meio, mas você já parou para pensar como era no passado, lá na Idade Antiga, no início da 
nossa história como cidadão?
É, muitas vezes nos deparamos com situações que nos fazem refletir sobre 
determinados aspectos que nos rodeiam. Na história da Educação Especial, não é diferente, 
uma vez que, para que fosse possível a educação de pessoas com deficiência, muitos 
paradigmas tiveram que ser quebrados.
Portanto, podemos dizer que a história da Educação Especial foi influenciada por 
inúmeros fatores, fatores estes, abordados na Unidade I deste livro. Assim poderemos 
juntos, conhecer um pouco sobre o início da Educação Especial, a qual se inicia na Idade 
Antiga e se estende até os dias atuais.
Sendo assim, caro (s) aluno (s), convido você (s) para fazer uma viagem de volta 
ao passado e conhecer o princípio desta história. Vamos lá?
Bons estudos!
8UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E LEGAIS 
1.1. Introdução ao Estudo da Educação Especial
A Educação Especial e Inclusiva nada mais é que uma modalidade do ensino que 
realiza um atendimento especializado a pessoas com deficiência (PcD), o qual tem o objetivo 
de assegurar a inclusão dos alunos com deficiência e seu direito a educação. Portanto, antes 
de adentramos as particularidades da introdução ao estudo da Educação Especial, será 
necessário conhecermos as primícias que regeram o atual contexto da Educação Especial. 
Sendo assim, caro (s) aluno (s), para iniciarmos nosso estudo, retornaremos aos países 
do ocidente no período da Idade Antiga, onde a política que predominava na sociedade 
amparava a exclusão das pessoas deficientes do meio social. Neste período, alguns povos 
dos países europeus como os que viviam na Esparta na Antiga Grécia também costumavam 
abandonar ou atirar as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência em penhascos 
ou em rios profundos. 
Entre os povos egípcios, as crianças eram mortas com marteladas na cabeça e 
enterradas em urnas sarcófagas para que sua alma se purificasse e a criança retornasse 
na próxima vida de forma normal, com beleza e inteligência (ANDRADE, 2008). Segundo 
Andrade (2008) na Idade Antiga, o preconceito predominava na sociedade e por este 
motivo, não era aceitável que pessoas com deficiência convivessem em meios sociais.Assim, qualquer pessoa que nascesse com deficiência era morta. 
9UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
No período da Idade Média a igreja possuía pleno poder sobre as decisões da 
sociedade, ou seja, a sociedade seguia os padrões que a igreja determinava como certo 
e errado. Seguindo esta concepção Rechineli (2008), relata que neste período a igreja 
era considerada a maior influenciadora do destino das pessoas com deficiência, pois 
atrelavam a imagem desses sujeitos à questões religiosas ligadas ao pecado e a culpa. 
Outra concepção desta mesma época que também ligava a imagem das pessoas com 
deficiência a preceitos religiosos as definiam com atos demoníacos e de feitiçaria.
Esta visão cristã que ligava a imagem das pessoas com deficiência a questões 
religiosas de pecado e culpa, levava a sociedade a perseguir e a matar qualquer pessoa 
que apresentasse deficiência física, mental ou sensorial. Portanto, para a sociedade deste 
período, ter uma criança com deficiência na família era considerado uma forma de punição 
pelos pecados cometidos. Deste modo, a sociedade acreditava que as pessoas com 
deficiência impossibilitavam o contato com a divindade, e por isto, muitas pessoas eram 
afastadas do convívio social ou sacrificadas por sua família (RECHINELI, 2008). 
Diante disto, este período foi caracterizado como a “Idade das Trevas”, pois entre 
o final da Idade Média e o início da Idade Moderna a falta de conhecimento, o medo do 
desconhecido e os paradigmas religiosos e sobrenaturais que não permitiam explicar as 
deformidades físicas, mentais e sensoriais do homem, levou à morte milhares de pessoas 
que eram consideradas ou que apresentavam algum grau de deficiência.
Esta concepção religiosa permaneceu até o início da Idade Moderna, entretanto, até 
este período, as pessoas com deficiência ainda eram expostas ou submetidas a executar 
trabalhos considerados de humilhação pública. Contudo em meados do século XVI, os 
médicos Paracelso e Cardano passaram a estudar e defender a ideia que a deficiência 
era decorrência de fatores hereditários ou congênitos, que poderiam ser tratados pela 
medicina. Com isto, a igreja foi perdendo forças sobre as decisões tomadas em relação ao 
futuro das pessoas com deficiência, pois segundo os médicos Paracelso e Cardano não 
caberia ao clero o direito de decidir sobre a vida das pessoas que eram consideradas “fora 
dos padrões normais” (ANDRADE, 2008). 
Com as mudanças ocorridas neste período nos países do ocidente, os preceitos 
religiosos e morais foram modificados e a igreja passou a oferecer assistência as pessoas 
com deficiência. Logo na sequência, no século XVII, o médico inglês Thomas Willis lança 
em Londres a primeira obra que descreve a anatomia do cérebro humano (ANDRADE, 
2008). Esta obra confirma por meio da ciência que muitas deficiências ocorrem diante 
de alterações cerebrais, ou seja, tal fato confirma a ideia apresentada por Paracelso e 
10UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Cardano, em que designa a medicina como responsável por explicar as deformidades das 
pessoas com deficiência (ANDRADE, 1984). Assim, pautados em argumentos científicos, a 
sociedade obteve uma nova visão com relação as pessoas com deficiência. 
Essa ideia que associava pessoas com deficiência à questões que a medicina 
poderia solucionar motivou a população e contribuiu para quebrar da visão religiosa que 
associava a deficiência ao pecado e a culpa. Assim, caro (s) aluno (s), a sociedade passava 
a acreditar que a deficiência está ligada a aspectos médicos e pedagógicos. Então, a medida 
que o conhecimento se construía e acumulava, a sociedade passava a aceitar a deficiência 
como uma doença que não pode ser curada. Dessa forma, inicia-se em meados do século 
XVI as primeiras ações voltadas a atender pedagogicamente as pessoas com deficiência 
(RECHINELI, 2008). No entanto, durante o século XVII e meados do século XIX as pessoas 
com deficiência ainda eram protegidas por instituições residenciais, o que caracterizou este 
período como a fase da institucionalização. 
As primeiras classes direcionadas ao atendimento dos alunos com deficiência 
criadas em instituições públicas regulares surgiram entre o final do século XIX e início do 
século XX, com o objetivo de promover a integração do sujeito com deficiência ao meio 
social. Após a introdução das classes especiais, médicos e educadores como Jean Marc 
Itard (1774-1838), Edward Seguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1956) buscaram 
desenvolver métodos de treinamento por meio da prática de atividades físicas e sensoriais 
para estimular o cérebro dos deficientes mentais. 
Estes fatos da história da Educação Especial representaram no ocidente um marco 
histórico. No entanto, segundo Mendes (2011), no Brasil os marcos que caracterizaram o 
início da Educação Especial consistem na criação do “Instituto dos Meninos Cegos” (hoje 
“Instituto Benjamin Constant”) em 1854, e do “Instituto dos Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto 
Nacional de Educação de Surdos – INES”) em 1857, ambos na cidade do Rio de Janeiro. 
Dessa forma, considera que a Educação Especial no Brasil foi marcada por ações isoladas 
voltadas a atender pessoas com deficiências sensoriais (visual e auditiva), e uma pequena 
parte de deficientes físicos. 
Portanto, caro (s) aluno (s), diferente dos países do ocidente e da Europa que 
visavam atender as pessoas com deficiência mental ou intelectual, o Brasil quase que de 
forma absoluta, silenciava as ações voltadas ao atendimento de pessoas com deficiência 
mental, pois a concepção de deficiente mental era associada a aspectos sociais da época. 
Podemos concluir que nesta época a concepção da sociedade associava o deficiente mental 
a aspectos correlacionados a um comportamento inaceitável no contexto social. Assim, 
11UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
qualquer criança que apresente um comportamento fora do esperado pela sociedade, era 
considerado deficiente mental (MENDES, 2011).
Seguindo essa visão, podemos dizer que o Brasil não considerava a deficiência 
mental com um fator prejudicial que necessitasse de atendimento educacional especializado. 
Assim, até o ano de 1874 quando surgiu na Bahia o primeiro hospital direcionado a atender 
pessoas com deficiência mental e intelectual, a Educação Especial era direcionada a atender 
pessoas com deficiências sensoriais e alguns casos de deficiência física (MENDES, 2011).
Dessa forma, a falta de conhecimento sobre tais deficiências dificultava a identificação 
e classificação do deficiente mental e intelectual, de forma que ambas eram relacionadas 
a fatores negativos, que impossibilitavam o sujeito de agir como um ser autônomo. Desse 
modo, os hospitais construídos para atender o deficiente mental e intelectual nada mais 
eram do que espaços psiquiátricos voltados ao estudo de doenças mentais. No entanto, os 
hospitais psiquiátricos da época também eram responsáveis por isolar do convívio social 
todos que apresentassem algum tipo de doença mental, em prol de prevenir a sociedade de 
pessoas consideradas perigosas pois, segundo Mendes (2011), na concepção da sociedade 
brasileira desta época, o deficiente mental e intelectual era visto como um fardo perigoso 
que não podia permanecer no meio social. 
Assim, caro (s) aluno (s), Mendes (2011) relata a vertente médico-pedagógica, os 
médicos iniciam um tratamento que visam a educabilidade dos deficientes em prol de 
prevenir problemas sociais em sua vida adulta. Contudo, mediante a esta vertente surgem 
escolas dentro de hospitais e serviços de inspeção médica escolar para escolas públicas 
com o intuito de manter a comunidade livre do contato com deficientes mentais e intelectuais.
Em relação a vertente psicopedagógica, trata-se de professores especializados que 
buscam defender a educação de deficientes mentais e intelectuais,os quais se mostravam 
preocupados em diagnosticar as causas do encaminhamento para as salas especiais. 
Neste caso, caro (s) aluno (s), o psicopedagogo trabalha com recursos alternativos na 
busca de identificar o grau de deficiência ou dificuldade intelectual da criança ou do jovem 
encaminhado para as classes especiais das escolas (MENDES, 2011).
Já nos anos de 1920 à 1930 as escolas primárias começaram a se expandir, e o 
ensino passou a ser ofertado em turnos devido a necessidade de mão obra (MENDES, 
2010). Assim, estas mudanças que iniciaram a reforma da educação tinham o propósito de 
gerar uma nova escola, a qual predominasse um novo sistema educacional brasileiro com 
vertentes psicopedagógicas dando as mesmas oportunidades educacionais a todos.
12UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Os defensores desta pedagogia denominada como a Pedagogia da Escola-Nova 
tinham o objetivo de reestruturar a pedagogia para sanar preocupações políticas e sociais, 
valorizando a liberdade, a criatividade e a psicologia infantil. Assim, deram início ao 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, movimento que resultou na elaboração de 
uma diretriz que rege uma nova política nacional de educação e de ensino em todos os 
níveis, aspectos e modalidades, para diminuir a desigualdade social e oferecer educação a 
todos (MENDES, 2010).
SAIBA MAIS
Os Pioneiros, Entusiastas da Educação Nova
Para saber mais sobre o Manifesto dos Pioneiro, assista o vídeo disponível no link 
abaixo. O documento foi redigido por 26 educadores intelectuais, em 1932, e intitulado 
como: A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo. Este documento 
oferece novas ideias educacionais, que visam reestruturar as políticas educacionais. 
Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f6LTmh7Vn04 Acesso em: 22 de mar de 2020
Com o movimento dos pioneiros e da Escola Nova, a psicologia ganhou espaço 
no meio educacional e assim surgiram testes para diagnosticar os alunos com deficiência 
mental. No entanto, para alcançar este feito, muitos professores-psicólogos europeus foram 
trazidos ao Brasil para capacitar educadores brasileiros para atuar na Educação Especial. 
Entretanto, Jannuzzi (2012) relata que mesmo diante deste movimento que reforma a 
educação, a Educação Especial ainda permanecia com poucos recursos, visto que até 
1935, haviam apenas 22 instituições direcionadas a oferta de Educação Especializada 
para atender os deficientes mentais, ou seja, o país ainda permaneceu focado em atender 
deficientes sensoriais.
Ao passar dos anos, as instituições públicas que ofereciam atendimento 
especializados a pessoas com deficiência cresceram, chegando a alcançar até 1950, um 
número de 190 instituições em todo o país. Mesmo que este número seja considerado baixo, 
o ensino da Educação Especial ainda estava evoluindo. Por outro lado, Farias e Lopes 
(2015) apontam que essa evolução no ensino especializado a pessoas com deficiência, 
facilitou a identificação dos alunos com deficiência mental, transtornos globais ou com 
dificuldades de aprendizagem. No entanto, o diagnóstico do aluno com deficiência mental 
13UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
ao invés de diminuir a desigualdade social contribuiu para que a sociedade excluísse mais 
ainda o sujeito com deficiência.
Neste período, caro (s) aluno), entre a década de 50 e 60 a educação foi marcada 
pela expansão das instituições de Educação Especial, as quais eram a grande maioria 
de caráter filantrópicos, sem fins lucrativos e ligadas a entidades religiosas, com auxílio 
do estado. É possível perceber que a concepção da igreja em relação a pessoas com 
deficiência, não é mais a mesma, pois foi se modificando com o passar dos tempos. Porém, 
de acordo com Andrade (2008) até este período, a Educação Especial permanece em 
caráter mais assistencial do que educacional, isto é, as instituições de Educação Especial 
prezavam mais os cuidados ao invés da aprendizagem, visto que a sociedade não se 
preocupava em inserir o sujeito com deficiência, no meio social, e sim em lhe oferecer as 
condições necessárias para sua sobrevivência. É válido ressaltar que até este período, 
a oferta de Educação Especial era voltada a dar assistência a pessoas com deficiência 
sensorial e mental.
Os primeiros cursos superiores de formação de docentes voltados a educação 
inclusiva de pessoas com deficiência, surgiram somente no final da década de 70, devido a 
necessidade de complementar a formação dos docentes que trabalhavam com alunos com 
deficiência (FARIAS; LOPES, 2015). 
Esta ação levou a obrigatoriedade do atendimento especializado aos deficientes pela 
rede pública de ensino. Além da expansão das instituições privadas de caráter filantrópicos, 
que ofertavam o atendimento especializado sem fins lucrativos. Consequentemente, esta 
ação trouxe nova polêmicas com relação aos direitos dos deficientes. Sendo assim, caro (s) 
aluno (s), inicia-se novas discussões, as quais serão abordadas no tópico a seguir, sobre os 
aspectos conceituais relacionado ao direito do sujeito deficiente. 
REFLITA
Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos 
para transformar no que somos.
Augusto Cury
https://www.pensador.com/autor/augusto_cury/
14UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
2. CONCEITO E HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Assim como vimos anteriormente, caro (s) aluno (s), a Educação Especial visa 
inserir e educar pessoas com deficiência física, mental e sensorial para contexto social. 
No entanto, os primeiros conceitos apresentados na história da Educação Especial, 
associava a imagem do sujeito com qualquer tipo de deficiência, a aspectos religiosos de 
culpa e pecado. Na sequência, a imagem do sujeito com deficiência mental e intelectual 
foi associada a aspectos comportamentais presentes na sociedade da época. E assim, por 
vários séculos a sociedade excluiu a população com deficiência, que não se enquadrava 
dentro dos padrões denominados como normais, por preceitos religiosos e por falta de 
conhecimento suficiente para lidar com tais diversidades.
Com o passar dos anos e a evolução da sociedade, pessoas com deficiência 
foram associadas a diversas terminologias como a de pessoas incapacitadas, inválidas, 
minorados, impedidos, descapacitados, excepcionais, entre outras centenas de termos 
relacionados ao tipo de deficiência de cada sujeito. Isto é, segundo Andrade (2008) para 
cada deficiência utilizava-se uma terminologia, porém no contexto social, o vocabulário 
usado apresentava terminologias consideradas ofensivas aos deficientes, tais como “débil 
mental”, “idiota”, “retardado mental”, “excepcional”, “incapaz mentalmente”, “maluco”, 
“louco”, “dementes”, “estúpidos”, “imbecis” ou “alienados” eram associadas aos deficientes 
mentais, já quanto os deficientes físicos e sensoriais Mendes (2011) apresenta termos com 
“aleijados”, “enjeitados”, “mancos”, “cegos”, “surdos-mudos”, “loucos”.
15UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Neste sentido, Diniz (2009) relata que estas terminologias designadas a pessoas 
com deficiência, não se refere a uma classificação de doenças e lesões, e sim a questões 
de desigualdade imposta pela sociedade, visto que até a década de 60, pessoas com 
deficiência não tinham seus direitos como algo que prevalece no meio social, ou seja, ainda 
não haviam regras que defendiam os mesmos direitos dos cidadãos considerados normais 
para pessoas com deficiência, pois na visão da sociedade as pessoas com deficiência 
ainda deveriam ser excluídas.
Neste período, os países mais desenvolvidos passaram a reconhecer os direitos 
do sujeito com deficiência, passando assim a enxergá-lo com parte diversificada da 
humanidade. Por outro lado, os países subdesenvolvidos e emergentes como o Brasil, 
permaneceram com a mesmavisão até a década de 80. No entanto, este movimento de 
reconhecimento ocorreu mediante a uma forte pressão de um grupo de intelectuais com 
deficiência, juntamente com inúmeras outras pessoas com deficiência que lutavam em 
prol de serem reconhecidas e de terem seus direitos como sujeito, parte da sociedade 
(MENDES, 2011).
Assim, este ato deu início a novas políticas e ações direcionadas a diminuir a 
desigualdade que desfavorecia a população com deficiência, classificando-as como 
pessoas “que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, 
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na 
sociedade com as demais pessoas” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU], 
2006a, artigo 1º.). Dessa forma, na tentativa de superar as visões e políticas antigamente 
associadas a imagem do deficiente, este movimento liderado por pessoas intelectuais 
deficientes, constituiu e implantou normas as quais definiam os deficientes como pessoas 
que apresentavam limitações e contradições em sua forma e ação. E assim, inicia a luta 
pelo reconhecimento dos direitos da população com deficiência. 
Contudo, até chegarmos a este momento, caro (s) aluno (s), a população com 
deficiência enfrentou períodos de total exclusão, onde foram sacrificadas, perseguidas e 
abandonadas pela sociedade. Assim, este período de exclusão foi marcado pela privação 
do direito do sujeito com deficiência de conviver no meio social. 
Após a luta pelo reconhecimento e pelos direitos do sujeito com deficiência, a 
educação de pessoas com deficiência passa a ser integrada ao sistema regular de ensino. 
No entanto, neste período a educação ofertada às pessoas com deficiência era realizada 
de forma diferenciada, em escolas especiais e em espaços separado das escolas de que 
ofertavam o ensino regular a população. Fato que marcou o inicio da chamada segregação, 
16UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
pois, mesmo que indiretamente, a exclusão continuava ocorrendo, pois, os alunos com 
deficiência eram mantidos em espaços preservados, sem contato com outras crianças 
consideradas pela sociedade, normais. 
Quanto ao processo de integração do sujeito com deficiência no contexto da escola 
regular, este ocorreu mediante inserção de espaços como salas especiais para oferecer 
atendimento especializado aos alunos com deficiência. Assim, caro (s) aluno (s) considera-
se que o conceito de integração se refere à necessidade de modificar o comportamento do 
outro, de forma que o sujeito com deficiência venha a se identificar com os demais, para 
que assim seja inserido no contexto social. 
Dessa forma é possível notar que os conceitos de exclusão, segregação e integração 
ainda mantém o sujeito afastado do meio social, mesmo que indiretamente. Então, caro (s) 
aluno (s), podemos dizer que o objetivo de incluir o sujeito com deficiência no contexto 
da educação regular iniciou de forma demasiada, devido à falta de compreensão dos 
conceitos que definem o que inclusão, pois, incluir o sujeito em escolas regulares, fazendo 
com que ele aprenda juntamente a outros alunos considerados deficientes, em uma sala 
especial, afastada de ensino regular normal, não pode ser considerado uma inclusão, mas 
sim uma forma de manter este sujeito excluído da sociedade.
Neste caso, a Lei De Diretrizes e Bases 4.024/61 de 1961, a qual visa a integração 
entre o ensino regular e a educação de pessoas com deficiência, não promove a inclusão, 
mantendo assim somente a integração do sujeito com deficiência no contexto da escola 
de ensino regular. Dessa forma, até a década de 80, os conceitos que norteiam Educação 
Especial, se limitam a oferta do atendimento educacional e especializado de pessoas com 
deficiência mantendo-as excluídas indiretamente. 
Diante desta concepção que não engloba a Educação Especial de forma inclusiva, 
na tentativa de reconfigurar o modelo de Educação Especial adaptando-a para uma 
perspectiva inclusiva, o governo federal retificou o Decreto Nº 6.571, de 17 de Setembro 
de 2008 para garantir às pessoas com deficiência o direito de se matricular e frequentar 
escolas e classes de ensino regular.
Esta nova normativa permite que o sujeito com deficiência seja inserido e passe 
a interagir com outras crianças que não apresentam nenhum tipo de deficiência. Dessa 
forma, a Educação Especial assume um caráter complementar, suplementar e transversal, 
o qual visa diminuir as barreiras para a inclusão de pessoas com deficiência no contexto 
social. 
17UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Esta ação também interliga a proposta pedagógica da escola, à proposta de inclusão 
de pessoas com deficiências, por meio de recursos que possibilitem sua inserção âmbito de 
escolas comuns, pois visa a oferta de serviços especializados no atendimento educacional 
direcionado ao público com deficiência, presente em salas de aulas do ensino regular.
Neste sentido, é válido ressaltar, caro (s) aluno (s), que a Educação Especial 
nem sempre teve como foco a inclusão de pessoas com deficiência no contexto social, 
pois antigamente a sociedade não a reconhecia como parte da sociedade, privando-as 
da educação e do convívio social. Frente a isto, o quadro 1 representa a diferença entre 
determinados aspectos relacionados à concepção de Educação Especial sobre aspectos de 
segregação e integração e o novo modelo de Educação Especial sobre um olhar inclusivo.
Quadro 1: Educação Especial e Educação Especial e Inclusiva
Educação Especial:
Segregação e integração Educação Especial: Inclusiva
Sistema separado, paralelo ao regular
Faz parte da proposta pedagógica da escola. Perpassa 
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. Por 
isso, é tida como transversal
Substitui o ensino regular Complementa ou suplementa ao processo de escolari-zação em sala de aula
Dinâmica independente, total ou parcialmen-
te dissociada do ensino regular
Dinâmica dependente, totalmente articulada com o tra-
balho realizado em sala
Restritiva e condicional. Somente os alunos 
considerados aptos para o ensino regular 
podem frequentá-lo
Incondicional e irrestrita. Garante o direito de todos à 
educação, ou seja, à plena participação e aprendizagem
O referencial é o que se convenciona julgar 
como “normal” ou estatisticamente mais fre-
quente
Parte do pressuposto de que a diferença é uma carac-
terística humana
Baseia-se no modelo médico de deficiência. 
Foca nos aspectos clínicos, ou seja, no diag-
nóstico
Baseia-se no modelo social de deficiência. Foca na ar-
ticulação entre as características da pessoa e as barrei-
ras a sua participação presentes no ambiente
Nem todos os estudantes conseguem se 
adaptar à escola. Nem todos correspondem 
ao padrão estabelecido por ela
A escola deve responder às necessidades e interesses 
de todos os alunos, sem exceção, partindo do pressu-
posto de que todas as pessoas aprendem
Estratégias pedagógicas diferentes para so-
mente alguns estudantes Diversificação de estratégias pedagógicas para todos
Fonte: Instituto Rodrigo Mendes (2019)
Partindo dos conceitos que norteiam a Educação Especial no início de sua trajetória, 
é possível notar, caro (s) aluno (s,) que houve mudanças drásticas sobre as concepções 
que fundamentavam a inclusão de pessoas com deficiências no contexto educacional. 
Assim, nosso próximo tópico terá como foco de abordagem as políticas e diretrizes assim 
como as tendências e desafios que regem a Educação Especial e a Educação Inclusiva.
18UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
REFLITA 
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de 
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas 
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades 
de condições com as demais pessoas”.
Fonte: Convenção sobre os direitosdas pessoas com deficiência da ONU. 2020.
19UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
3. POLÍTICAS E DIRETRIZES, TENDÊNCIAS E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESPE-
CIAL E DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. 
Antes de iniciarmos este tópico caro (s) aluno (s), é bom relembrarmos que a 
história da Educação Especial é marcada por um processo de transformações históricas e 
políticas, resultado de um movimento que luta pela educação de pessoas com deficiência, 
assim como seus direitos como cidadão. Neste período de luta, muitas conquistas 
foram alcançadas, porém, por muito tempo a Educação Especial era vista em caráter de 
segregação e integração, o qual o atendimento educacional especializado era ofertado em 
espaços separados das classes de ensino regular.
No entanto, esse atendimento especializado passou a ser ofertado somente após 
a criação da Lei 4.024 de Diretrizes e Bases de 1961, a qual visa garantir a educação 
de pessoas com deficiência ou como eram denominadas a “educação de excepcionais”. 
Segundo Andrade (2008), a criação desta lei foi apontada com o marco que deu início às 
ações públicas voltadas a atender a educação especial em nível federal.
Por outro lado, esta lei deu início a uma série de debates sobre as concepções 
que regem a oferta da Educação Especial, a qual deve ser reestruturada para atender as 
necessidades da atual sociedade, pois como já foi dito, caro (s) aluno (s), desde o início da 
oferta da Educação Especial, a proposta de inclusão não vem ocorrendo de forma direta. 
Dessa forma você poderá acompanhar no quadro 2 as mudanças e alterações ocorridas 
desde o início da primeira lei que rege a Educação Especial, sobre a perspectiva de 
integração de 1961 até o novo modelo que visa a perspectiva de inclusão em 2008.
20UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Quadro 2: Política Nacional de Educação Especial 
LEI DESCRIÇÃO
1961 – Lei Nº 4.024
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamenta-
va o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no 
texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está em desacordo com 
os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Segue trecho: “A 
Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no 
sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.”
1971 – Lei Nº 5.692
A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil foi feita na épo-
ca da ditadura militar (1964-1985) e substituiu a anterior. O texto afirma 
que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem 
em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os super-
dotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam 
estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou 
seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola 
especial como destino certo para essas crianças.
1988 – Constituição Fe-
deral 
O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 
17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede 
regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a 
Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento 
da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a 
igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. 
1989 – Lei Nº 7.853
O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na 
área da Educação, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais, 
privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gra-
tuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Tam-
bém afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula 
compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particu-
lares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no 
sistema regular de ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande parcela 
das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar social-
mente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, 
merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto.
1990 – Lei Nº 8.069
Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 
8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especia-
lizado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de 
ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de 
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para 
famílias com crianças e adolescentes nessa condição.
1994 – Política Nacional 
de Educação Especial
Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois 
propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite 
que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com 
deficiência que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as 
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo 
que os alunos ditos “normais” (atualmente, este termo está em desacordo 
com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Ou seja, a 
política excluía grande parte dos alunos com deficiência do sistema regu-
lar de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial.
1996 – Lei Nº 9.394
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor tem um capítulo 
específico para a Educação Especial. Nele, afirma-se que “haverá, quan-
do necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para 
atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”. Também 
afirma que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou 
serviços especializados, sempre que, em função das condições especí-
ficas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de 
ensino regular”. Além disso, o texto trata da formação dos professores e 
de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades 
das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superdotação.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
21UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
1999 – Decreto Nº 3.298
O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Na-
cional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida 
as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo prin-
cipal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “con-
texto socioeconômico e cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o 
texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a 
todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento 
do ensino regular.
2001 – Lei Nº 10.172
O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito 
extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com 
deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modali-
dade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes 
níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os 
diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante.
2001 – Resolução CNE/
CEB Nº 2
O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Na-
cionais para a Educação Especial na Educação Básica. Entre os princi-
pais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos 
os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos edu-
candos com necessidades educacionais especiais, assegurando as con-dições necessárias para uma Educação de qualidade para todos”. Porém, 
o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular 
pelo atendimento especializado. Considera ainda que o atendimento es-
colar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegu-
rando- lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, 
mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessi-
dade de atendimento educacional especializado”.
2002 – Lei Nº 10.436/02 Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Bra-sileira de Sinais (Libras).
2002 – Resolução CNE/CP 
Nº1/2002
A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de pro-
fessores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de 
graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação 
deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adul-
tos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educa-
cionais especiais”.
2005 – Decreto Nº 5.626/05 Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002.
2006 – Plano Nacional de 
Educação em Direitos Hu-
manos
Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da 
Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as 
metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência 
nos currículos das escolas. 
2007 – Decreto Nº 6.094/07
O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso 
Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessi-
dades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento 
reforça a inclusão deles no sistema público de ensino.
2007 – Plano de Desen-
volvimento da Educação 
(PDE)
No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da in-
fraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações es-
colares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais.
2008 – Decreto Nº 6.571
Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educa-
ção Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de aces-
sibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de 
forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino 
regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos 
sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além disso, 
reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola.
2008 – Política Nacional 
de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação 
Inclusiva
Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Bra-
sil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qua-
lidade para todos os alunos”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf
http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf
http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm
http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf
http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf
http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
22UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
2009 – Resolução Nº 4 
CNE/CEB
O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento edu-
cacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser reali-
zado no contraturno e preferencialmente nas chamadas salas de recur-
sos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de 
orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571.
2011 - Decreto Nº 7.480
Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na 
Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação 
(MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continua-
da, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).
2011 - Decreto Nº 7.611
Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para 
o dever do Estado com a Educação das pessoas público-alvo da Edu-
cação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja in-
clusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a 
vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de 
deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratui-
to e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as 
necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio indivi-
dualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento 
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que 
a oferta de Educação Especial deve se dar preferencialmente na rede 
regular de ensino. 
2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
2014 – Plano Nacional de 
Educação (PNE)
A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é 
a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17 
anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas ha-
bilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento 
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, 
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou 
conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, 
que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com defi-
ciência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.
2019 - Decreto Nº 9.465
Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguin-
do a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e 
Inclusão (Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de Aces-
sibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Dire-
toria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políti-
cas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais 
Brasileiras
Fonte: Copyright (2020) 
Partindo do que foi abordado neste tópico, caro (s) aluno (s), considera que mesmo 
diante dos avanços, a Educação Especial ainda necessita de reajustes para se adaptar à 
nova perspectiva inclusiva. No entanto, é possível dizer que a inclusão de pessoas com 
deficiência no âmbito educacional de escolas em nível regular, depende muito da aceitação 
da sociedade, para que não volte a ser vista em caráter integrativo.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7480.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htmhttp:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm
http://www.observatoriodopne.org.br/
http://www.observatoriodopne.org.br/
http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/57633286
23UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
REFLITA
Considerando o que estudamos nesta unidade, chamo sua atenção, caro (s) aluno (s), 
para refletir sobre quais as ações que você como futuro docente pode promover dentro 
do contextoda sala de aula para contribuir para inclusão do aluno com deficiência, seja 
ela física, mental ou sensorial, sem que promova a exclusão de forma indireta.
Fonte: a autora (2020)
24UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade realizamos um resgate histórico da concepção da deficiência ao 
longo da história da humanidade, mostrando os momentos principais na vida da pessoa 
com deficiência, os quais sofreram com a segregação e a exclusão da sociedade, tendo 
sua imagem associada a questões religiosas de pecado e culpa. Na sequência, abordamos 
a introdução da Educação Especial, a qual ainda visava a exclusão de pessoas com 
deficiência, visto que as crianças que apresentavam algum tipo de deficiência, eram 
inseridas em ambientes separado das demais crianças, tendo seu foco voltado ao cuidado 
e não à desenvolver a aprendizagem.
Com o decorrer dos anos, a sociedade sofreu mudanças, passando a modificar seu 
olhar sobre os sujeitos com deficiência. Este estudo mostra também o cenário da Educação 
Inclusiva e a força de seu movimento ao longo do tempo, assim como as leis que marcaram 
o movimento da inclusão, as quais vêm contribuindo de forma ativa para a promoção da 
inserção do sujeito com deficiência na sociedade.
Quanto ao Atendimento Educacional Especializado, aprendemos que este deve 
ocorrer em todos os níveis de ensino, desde o básico até o superior, visando a oferta de uma 
educação de qualidade que possibilite todas as condições necessárias para a permanência 
e conclusão dos estudos. 
Assim, podemos concluir que a Educação Inclusiva refere-se a um processo em 
constante movimento, que exige dos envolvidos compromisso e responsabilidade social 
para a efetivação prática de sua ação, pois somente assim os direitos das pessoas com 
deficiência serão exercidos de forma plena para que possam se ver como parte da sociedade.
25UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
LEITURA COMPLEMENTAR
Legislação e concepções de atendimento escolar
Maria Teresa Eglér Mantoan 
Universidade Estadual de Campinas 
Faculdade de Educação 
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED/Unicamp
Nossas leis educacionais sempre dedicaram capítulos à educação de alunos com 
deficiência, como um caso particular do ensino regular.
A educação especial figura na política educacional brasileira desde o final da 
década de 50 e sua situação atual decorre de todo um percurso estabelecido por diversos 
planos nacionais de educação geral, que marcaram sensivelmente os rumos traçados para 
o atendimento escolar de alunos com deficiência.
A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase inicial, 
eminentemente assistencial, visando apenas ao bem-estar da pessoa com deficiência para 
uma segunda, em que foram priorizados os aspectos médico e psicológico Em seguida, 
chegou às instituições de educação escolar e, depois, à integração da educação especial 
no sistema geral de ensino. Hoje, finalmente, choca-se com a proposta de inclusão total e 
incondicional desses alunos nas salas de aula do ensino regular.
Essas transformações têm alterado o significado da educação especial e deturpado 
o sentido dessa modalidade de ensino. Há muitos educadores, pais e profissionais 
interessados que a confundem como uma forma de assistência prestada por abnegados a 
crianças, jovens e adultos com deficiências. Mesmo quando concebida adequadamente, a 
educação especial no Brasil é entendida também como um conjunto de métodos, técnicas e 
recursos especiais de ensino e de formas de atendimento escolar de apoio que se destinam 
a alunos que não conseguem atender às expectativas e exigências da educação regular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Nº 4.024/61, garantiu o 
direito dos “alunos excepcionais” à educação, estabelecendo em seu Artigo 88 que para 
integrá-los na comunidade esses alunos deveriam enquadrar-se, dentro do possível, no 
sistema geral de educação. Entende-se que nesse sistema geral estariam incluídos tanto 
os serviços educacionais comuns como os especiais, mas pode-se também compreender 
26UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
que, quando a educação de deficientes não se enquadrasse no sistema geral, deveria 
constituir um especial, tornando-se um sub-sistema à margem.
Esta e outras imprecisões acentuaram o caráter dúbio da educação especial no 
sistema geral de educação. A questão que se punha na época era: Enfim, diante da lei, 
trata-se de um sistema comum ou especial de educação ? O mesmo está acontecendo 
atualmente com relação à inserção de alunos com deficiência no ensino regular, mas 
este caso abordaremos posteriormente, no contexto da discussão em torno da educação 
inclusiva.
Em 1972, o então Conselho Federal de Educação em Parecer de 10/08/72 entendeu 
a “educação de excepcionais” como uma linha de escolarização, ou seja, como educação 
escolar. Logo em seguida, Portarias ministeriais, envolvendo assuntos de assistência e 
de previdência social, quando definiram a clientela da educação especial, posicionaram-
se segundo uma concepção diferente do Parecer, evidenciando uma visão terapêutica de 
prestação de serviços às pessoas com deficiência e elegeram os aspectos corretivos e 
preventivos dessas ações, não havendo nenhuma intenção de se promover a educação 
escolar.
Ainda hoje, fica patente a dificuldade de se distinguir o modelo médico/ pedagógico 
do modelo educacional/escolar da educação especial. Esse impasse faz retroceder os 
rumos da educação especial brasileira, impedindo-a de optar por posições inovadoras, 
como é o caso da inserção de alunos com deficiência em escolas inclusivas.
O que parece estar claro é que os legisladores estabeleceram uma relação direta 
entre alunos com deficiência e educação especial. Essa correspondência binária nem 
sempre é a que mais nos interessa, principalmente quando temos como objetivo a inserção 
total e incondicional de todos os alunos, nas escolas regulares, ou melhor, em uma escola 
aberta às diferenças.
Apesar das definições, estudos, e demais maneiras de se diferenciar a clientela da 
educação especial, ainda não existem instrumentos legais e respostas conclusivas sobre 
qual é o verdadeiro alunado da educação especial, ou seja, qual é a sua clientela específica.
No discurso oficial, nos planos educacionais, nas diretrizes curriculares nacionais 
para o ensino de pessoas com deficiência a clientela é bem delimitada. Via de regra, os 
alunos que lotam as classes especiais ainda hoje não são, na grande parte dos casos, 
aqueles a quem essa modalidade se dirige e pela ausência de laudos periciais competentes 
e de queixas escolares bem fundamentadas, correm o risco de serem todos admitidos e 
considerados como alunos com deficiência. Trata-se de alunos que não estão conseguindo 
27UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
“acompanhar” seus colegas de classe ou que são indisciplinados, filhos de lares pobres, 
negros, e outros desafortunados da nossa sociedade entre alguns poucos realmente 
deficientes.
Essas indefinições justificam todos os desmandos e transgressões do direito à 
educação e à não discriminação que algumas redes de ensino estão praticando por falta de 
um controle efetivo dos pais, das autoridades de ensino e da justiça em geral.
Ressalta-se neste momento a existência de ações que buscam garantir a esses 
alunos o respeito às suas conquistas legais de estudar com seus pares em escolas regulares. 
Pata tanto, têm-se mobilizado os procuradores e promotores de justiça responsáveis pela 
infância e juventude, pessoas idosas e deficientes. As Recomendações dessas autoridades 
têm dirimido dúvidas e resolvido com sucesso os casos de inadequação e de exclusão 
escolar, em escolas do governo e particulares.
Todas estas situações, que implicam problemas conceituais,desconhecimento dos 
preceitos da Constituição Federal e interpretações tendenciosas da legislação educacional, 
têm confundido o sentido da inclusão escolar e prejudicado os que lutam por implementá-la 
nas escolas brasileiras. Essa questões estão na base da compreensão das políticas de 
educação especial e regular e têm sido, ao nosso ver, responsáveis por caminhos incertos, 
trilhados pelos que pensam, decidem e executam os planos educacionais brasileiros.
A mudança da nomenclatura – “alunos excepcionais”, para “alunos com necessidades 
educacionais especiais”, aparece em 1986 na Portaria CENESP/MEC nº 69. Essa troca de 
nomes, contudo, nada significou na interpretação dos quadros de deficiência e mesmo no 
enquadramento dos alunos nas escolas.
O MEC adota até hoje o termo “portadores de necessidades educacionais especiais 
– PNEE ao se referir a alunos que necessitam de educação especial. Mesmo incluindo entre 
esses alunos os que apresentam dificuldades de aprendizagem, os que têm problemas 
de conduta e de altas habilidade, a clientela da educação especial não fica ainda bem 
caracterizada, pois mantém-se a relação direta e linear entre o fato de uma pessoa ser 
deficiente e freqüentar, o ensino especial, na compreensão da maioria das pessoas.
A Constituição Brasileira de 1988, no Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do 
Desporto, Artigo 205 prescreve : “A educação é direito de todos e dever do Estado e da 
família”. Em seu Artigo 208, prevê : ...” o dever do Estado com a educação será efetivado 
mediante a garantia de:..”atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
28UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Este e outros dispositivos legais referentes à assistência social, saúde da criança, 
do jovem e do idoso levantam questões muito importantes para a discussão da educação 
especial brasileira, não apenas com relação à adaptação de edifícios de uso público, quebra 
de barreiras arquitetônicas de todo tipo, transporte coletivo, salário mínimo obrigatório 
como benefício mensal às pessoas com deficiência que não possuem meios de prover 
sua subsistência e outros. Entre essas questões desponta atualmente a inclusão escolar e 
novamente se questiona aqui a destinação da educação especial.
O esclarecimento da referida questão envolve a consideração de três direções 
possíveis aos encaminhamentos dos alunos às escolas: a) a que implica um sentido de 
oposição entre educação especial e regular, em que os alunos com deficiência só teriam 
uma opção para seus estudos, ou seja, o ensino especial; b) a que implica uma inserção 
parcial, ou seja, a integração de alunos nas salas de aula do ensino regular, quando estão 
preparados e aptos para estudar com seus colegas do ensino geral e sempre com um 
acompanhamento direto ou indireto do ensino especial e c) a que indica a inclusão dos 
alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, sem distinções e/ou condições, 
implicando uma transformação das escolas para atender às necessidades educacionais de 
todos os alunos e não apenas de alguns deles, os alunos com deficiência, altas habilidades 
e outros mais, como refere a educação especial.
O debate atual está centrado nas direções b) e c) acima citadas isto é, entre 
integração escolar e inclusão escolar. O assunto cria inúmeras e infindáveis polêmicas, 
provoca as corporações de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no 
atendimento às pessoas com deficiência - os paramédicos e outros que tratam clinicamente 
de crianças e jovens com problemas escolares e de adaptação social e também “mexem” 
com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de assistência às suas 
clientelas. Afetam também, e muito os professores da educação especial que se sentem 
temerosos de perder o espaço que conquistaram nas escolas e redes de ensino. Os 
professores do ensino regular consideram-se sem competência para atender às diferenças 
nas salas de aula, especialmente aos alunos com deficiência nas suas salas de aulas, 
pois seus colegas especializados sempre se distinguiram por realizar unicamente esse 
atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos de todos. Há também um 
movimento contrário de pais de alunos sem deficiências, que não admitem a inclusão, por 
acharem que as escolas vão baixar e/ou piorar ainda mais a qualidade de ensino se tiverem 
de receber esses novos alunos.
29UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB mais recente, Lei nº 
9.394 de 20/12/96 destina o Capítulo V inteiramente à educação especial, definindo-a no 
Artg. 58º como uma ... “modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na 
rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais” Este 
destaque seria de fato um avanço?
Sem dúvida, avançamos muito em relação ao texto da Lei Nº 4.024/61, pois 
parece que não há mais dúvidas de que a “educação dos excepcionais” pode enquadrar-
se no sistema geral de educação, mas continuamos ainda atrelados à subjetividade de 
interpretações, quando topamos com o termo “preferencialmente” da definição citada.
No Artigo 59 a nova LDB dispõe sobre as garantias didáticas diferenciadas, como 
currículos, métodos, técnicas e recursos educativos; terminalidade específica para os 
alunos que não possam atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em 
virtude da deficiência; especialização de professores em nível médio e superior e educação 
para o trabalho, além de acesso igualitário aos benefícios sociais.
A LDB definiu finalmente o espaço da educação especial na educação escolar, 
mas não mencionou os aspectos avaliativos em nenhum ítem e esta ausência gera 
preocupação, pois não se sabe o que fazer a respeito – pode-se tanto proteger esses 
alunos com parâmetros específicos para esse fim, como equipara-los ao que a lei propõe 
para todos.
Sobre a “terminalidade específica” dos níveis de ensino, o texto da lei fica também 
muito em aberto, principalmente no que diz respeito aos critérios pelos quais se identifica 
quem cumpriu ou não as exigências para a conclusão desses níveis e o perigo é que a 
idade venha a ser o indicador adotado.
A qualificação do professor para assegurar a operacionalização do ensino de 
alunos com deficiência suscita muitas questões, devidas igualmente à imprecisão do texto 
legal. Acreditamos que mais urgente que a especialização é a formação inicial e continuada 
de professores par atender às necessidades educacionais de todos os alunos, no ensino 
regular, como proposto pela inclusão escolar.
Pesquisas recentes de Mestrado e de Doutorado realizadas por membros do 
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED / Universidade 
Estadual de Campinas- São Paulo/ Brasil, do qual sou a coordenadora, mostram 
claramente que os professores carecem de uma boa formação para ensinar a todos e não 
especificamente os deficientes.
30UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
Como concluiu Brito de Castro (1997) em seu Mestrado sobre a implantação da 
inclusão escolar na rede municipal de ensino de Natal/ Rio Grande do Norte/Brasil, o 
professores têm evidenciado dificuldades para trabalhar com os alunos em geral, não apenas 
com aqueles com deficiência, dadas as precárias condições de trabalho e de formação 
docente. A pesquisadora constatou que as professoras necessitam de mais conhecimentos 
do que já possuem para desenvolver uma prática de ensino que considere as diferenças 
em sala de aula, e não uma capacitação especializada nas deficiências, como propõem a 
lei e as políticas educacionais brasileiras.
O mesmo foi reconhecido por nós em uma pesquisa realizada na região sudeste 
do Brasil em 1999, juntamente com outras pesquisadoras brasileiras, quando analisamosas respostas de 493 professores das redes públicas de ensino das quatro capitais dessa 
região sobre suas necessidades para atender aos alunos com deficiência em salas de aula 
do ensino regular.
Recentemente, em abril de 2001, foi colocado em discussão na Cãmara do 
Ensino Básico do Conselho Nacional de Educação um documento que trata das Diretrizes 
Curriculares da Educação Especial.
O que mais nos surpreende, neste documento é que, a despeito da ampla discussão 
entre os educadores, legisladores, pais e pessoas com deficiência, o conceito de inclusão 
escolar não avançou, do ponto de vista das suas aplicações na mesma medida em que vem 
sendo esclarecido, do ponto de vista teórico.
No referido Documento como em muitos outros, fica evidente esse descompasso, 
quando se afirma, por exemplo, que:
“Operacionalizar a “inclusão escolar” de todos os alunos, independentemente de 
classe, raça gênero, sexo ou características individuais é o grande desafio a ser enfrentado, 
numa clara demonstração do respeito à diferença” (p.21).
Ele defende a inclusão, mas sugere em todo o texto ações que não respeitam os 
princípios de uma escola para todos, sem discriminações e preconceitos, sem ensino à 
parte.
De fato, o Documento orienta confusamente essa operacionalização, quando se 
refere à educação escolar dos alunos com deficiência e à formação inicial dos professores, 
como comentaremos a seguir.
Fonte: MANTOAN, M. T. E. (org.). O desafio das diferenças nas escolas. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
Disponível em: http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/nt/ta1.3.htm. Acesso em: 29 de mar de 2020
http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/nt/ta1.3.htm
31UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Educação Inclusiva: um desafio para o século XXI
Autor: Irene Elias Rodrigues
Editora: Paco Editorial
Sinopse: A obra Educação Inclusiva: um desafio para o século XXI 
nos traz a oportunidade de conhecer a real situação do processo de 
inclusão nos diferentes espaços e níveis de ensino. Uma coletânea 
com diferentes profissionais que atuam na área da inclusão e 
apontam caminhos diversos e viáveis para que possamos superar 
os desafios e alcançar os objetivos previstos estabelecidos pela 
política de inclusão, que vem sendo implantada desde os anos 90 
nas escolas estaduais e municipais, mas ainda não conseguiu se 
solidificar e eliminar a discriminação. Organizada por Irene Elias 
Rodrigues os textos percorrem um caminho rico de informações 
subsidiadas em pesquisas e experimentações cujo objetivo principal 
é contribuir para a efetivação de uma educação de oportunidades 
iguais para todos. O leitor encontrará conhecimentos teóricos e 
ações práticas que lhe possibilitará uma visão atual e crítica do 
processo de inclusão em nosso país.
FILME/VÍDEO 
Título: Vermelho Como o Céu 
Ano: 2006
Sinopse: O filme se passa na década de 1970. Mirco, é um menino 
que vive na Toscana e tem 0 anos, ele é apaixonado por cinema. 
Entretanto, após um acidente perde a visão. Rejeitado pela escola 
pública, que não o considera uma criança normal, é enviado para 
um instituto que atende deficientes visuais. Lá descobre um velho 
gravador, com o qual passa a criar histórias sonoras.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=8_SmUQ6dO_0 
https://www.google.com/aclk?sa=L&ai=Cnl6qzZptXsCEGomPxgSqzIOoDKL7geBY2ISe1LUKkYPYgdEXCAkQAiDezc8eKBRgzeDDj5gDyAEHqQIbHH_zrbqLPqoEPk_QrNaZqGoX9VGcR6d5lTnJoYbhab5aviRvb30bd6yhMq11dPd_0VR7D9u5rS8UjD3hCfal2qWUhwWFfsvlwASw_pL2qALABQWgBiaAB4iglKkBkAcDqAemvhuoB_DZG6gH8tkbqAfz0RuoB-7SG6gHwtob2AcBsAgBwAgB0ggEEAEgBLEJwhRD-HRkt8C5CcnxI28BTDeA-AkBmAsB4BL0vNv74cP83IIB6RXhFXTMo3lk2PAV-LmoQPoVCjg1ODE0ODk0MDCIFpAGuBbAxbkIwBbwprIM&sig=AOD64_3tnYHekYnmWd39RrMls8UsqPRF_A&ctype=5&clui=6&q=&ved=0ahUKEwjisN_6vpvoAhXoIbkGHeKSCWsQwzwIEw&adurl=https://www.amazon.com.br/Educa%25C3%25A7%25C3%25A3o-Inclusiva-Desafio-Para-S%25C3%25A9culo/dp/8581489400/ref%3Dasc_df_8581489400/%3Ftag%3Dgoogleshopp00-20%26linkCode%3Ddf0%26hvadid%3D379708321671%26hvpos%3D%26hvnetw%3Dg%26hvrand%3D14999638983019701691%26hvpone%3D%26hvptwo%3D%26hvqmt%3D%26hvdev%3Dc%26hvdvcmdl%3D%26hvlocint%3D%26hvlocphy%3D1031803%26hvtargid%3Dpla-812020793745%26psc%3D1
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Irene+Elias+Rodrigues&search-alias=books
32
Plano de Estudo:
• Áreas da Educação Especial: Conceituação, características, causas, prevenção e ação 
pedagógica em relação às seguintes necessidades especiais: 
• Deficiência: enfoque biológico e social;
• Aspectos etiológicos, funcionais e sociais dos transtornos Globais do Desenvolvimento 
e das deficiências físicas, intelectuais, sensoriais;
• Altas habilidades e superdotação;
• Condutas típicas.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar as características, causas, prevenção e ação pedagógica em relação às 
necessidades especiais;
• Conhecer os tipos de deficiência físicas, intelectuais e sensoriais;
• Estabelecer a importância do professor no desenvolvimento da criança com 
deficiência.
UNIDADE II
Conceitos de Igualdade, Diferença, 
Diversidade e Multiplicidade
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos
33UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
INTRODUÇÃO
Olá caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (s) a segunda unidade. Nesta unidade, 
abordaremos questões relacionadas a características, causas e prevenções da deficiência 
física, intelectual e sensorial. No entanto nosso enfoque será direcionado às ações 
pedagógicas que podem ser realizadas para desenvolver a aprendizagem de uma criança 
com deficiência, seja ela física, intelectual e sensorial.
Neste sentido, podem ser considerados deficientes pessoas que apresente a 
“perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que 
gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal 
para o ser humano” (Decreto 3.298/99). 
Dessa forma, iniciaremos nossa discussão conhecendo os aspectos biológicos e 
sociais que influenciam na deficiência física, intelectual e sensorial. Iremos conhecer também 
a etiologia destas deficiências, assim como a características e os conceitos que rodeiam 
a área das altas habilidades/superdotação e os distúrbios comportamentais denominados 
como condutas típicas.
Sendo assim, caro (s) aluno (s), desejo a todos uma excelente leitura. Vamos 
começar?
Bons estudos!
34UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
1. ÁREAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONCEITUAÇÃO, CARACTERÍSTICAS, 
CAUSAS, PREVENÇÃO E AÇÃO PEDAGÓGICA EM RELAÇÃO ÀS SEGUINTES NE-
CESSIDADES ESPECIAIS: 
1.1 Deficiência: enfoque biológico e social
Você certamente já se deparou com uma pessoa com deficiência ao longo de sua 
vida, seja pessoalmente ou por meio da mídia.
Imagem 1: Mas, afinal, o que é deficiência?
A deficiência pode ser compreendida como a insuficiência ou a ausência de um ou 
mais órgãos. Desse modo, “toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica, 
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do 
padrão considerado normal para o ser humano”, é considerada como deficiência (Decreto 
3.298/99). 
35UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
No entanto, caro (s) aluno (s), o princípio básico para quem decide atuar na 
Educação Especial, é acreditar que todos são capazes de aprender, mesmo sabendo 
que o educando chega à escola imerso a preconceitos e “rotulado” que os definem como 
pessoas incapazes. Nesta concepção, Wallon (1879-1962), um dos maiores estudiosos do 
desenvolvimento humano, relata que a cultura é construída mediante a relação do homem 
com ambiente social, ou seja, uma criança aprende através de sua relação com meio 
(FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010). Assim, é indispensável a sensibilidade do professor, 
para enxergar o educando na sua totalidade para que possa alcançar o realpotencial deste 
sujeito com deficiência, intervindo positivamente nas construções de conceitos sociais por 
meio de atividades cognitivas. Neste sentido, com Cury (2008) relata que: 
A afetividade deve estar presente na práxis do educador [...] os educadores, 
apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a so-
lidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim, todas 
as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por 
seres humanos (CURY, 2008, p. 48).
É válido ressaltar também a importância de envolver seus responsáveis no processo 
de desenvolvimento do sujeito com deficiência, visto que a afetividade é fator substancial 
para a mediação da relação do sujeito com o meio, pois esta mediação é a base para 
a construção do sistema emocional do sujeito. Quanto às experiências emocionais, elas 
podem expressadas pelo corpo ou verbalmente de forma positivas ou negativas. Assim, 
é fundamental que o professor construa um vínculo saudável e promova atividades que 
estimule o educando a interagir com o meio de forma significativa, de modo que o educando 
associe suas relações com o meio como algo prazeroso (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 
2010). 
Dessa forma, a atividade do homem é inconcebível sem o meio social, visto que não 
é possível desassociar o biológico do social. Portanto, o homem é concebido como sendo 
genética e organicamente social, pois sua existência se realiza entre as exigências da 
sociedade e as do organismo. Em razão disto, caro (s) aluno (s), é possível compreender a 
imagem associada às pessoas com deficiência, ao longo da história, visto que sua imagem 
reflete a aspectos sociais de diversas épocas (SILVA, 2011). 
Nesse sentido, a escolha do olhar que se adotará frente à deficiência depende 
de cada um, pois é possível olhar a deficiência destacando o aspecto biológico ou social. 
Contudo, se atentar aos aspectos biológicos, significa se atentar a padrões que nos qualifica 
como normalidade ou aliando a deficiência ao conceito de “defeito” e “incapacidade”. Com 
relação ao olhar social, significa se atentar em sua relação com o meio social, as quais 
36UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
as pessoas com deficiência, se encontram em desvantagem, mas não são consideradas 
incapazes (SILVA, 2011).
Sobre a deficiência à partir do enfoque biológico, o Art. 5º do Decreto 5.296/2004 
classifica em 5 categorias a deficiência, sendo elas: 
Quadro 1: Classificação das deficiências
Deficiência Definição
Deficiência intelectual
Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com 
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas 
ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; 
cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comu-
nidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho.
Deficiência auditiva
Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou 
mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 
2.000Hz e 3.000Hz.
Deficiência visual
A cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no 
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que sig-
nifica acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor 
correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo 
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a ocorrência 
simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Deficiência física:
Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo 
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresen-
tando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, mo-
noparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, 
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia 
cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, 
exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades 
para o desempenho de funções.
Deficiência múltipla Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
Fonte: Art. 5º do Decreto 5.296/2004
Vamos acompanhar um caso fictício, pautado na realidade do nosso cotidiano?
37UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
REFLITA
Autodidata e com ouvido absoluto, Daniel, de 7 anos, precisava escutar uma música 
de Sandy e Junior apenas duas ou três vezes para reproduzi-la no piano. Foi assim com 
as 178 canções lançadas pela dupla. O resultado foi exibido no Instagram. Cego e au-
tista, é em desafios como esse que o garoto se distrai e treina seu dom musical. A ideia 
partiu de Hedrienny dos Santos, mãe do jovem talento.
Ao ler esta história, o que lhe pareceu estranho ou adverso?
Talvez que ele toque música clássica no teclado. Perceba, a cegueira é constitutiva da 
identidade de Pedro, mas ela é só uma característica dentre várias outras. Ao se reduzir 
Pedro a ela não se estará falando de Pedro, pois ele é muito mais que sua deficiência.
Fonte: Pianista cego e autista de 7 anos grava todas as músicas de Sandy e Junior e sonha conhecer a dupla. 
Disponível em: https://www.instagram.com/tv/BzNciALl14c/?utm_source=ig_embed. Acesso em: 29 de 
mar de 2020.
Considerando o que vimos até agora, podemos considerar o aspecto biológico 
como um fator importante em nossa vida, no entanto, caro (s) aluno (s), não podemos 
considerá-lo como determinante, colocando-o na frente da deficiência. Quero dizer que 
pessoas devem ser vistas como pessoas e não como uma parte, um elemento, que são 
classificados pela sua imagem física. Assim, o sujeito presente na sala de aula deve ser 
reconhecido pelas suas ações, seus trabalhos diários e sua relação com o meio, sendo 
desafiado e motivado a descobrir, conhecer e explorar coisa novas, para que assim, aflore 
seu potencial de forma positiva (SILVA, 2011). É válido ressaltar que para que este sujeito 
https://extra.globo.com/tv-e-lazer/sandy-e-junior/
https://www.instagram.com/tv/BzNciALl14c/?utm_source=ig_embed
38UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade
alcance seu total potencial depende da mediação do professor para o desenvolvimento de 
todas as capacidades que ainda se encontram em evolução.
Quanto ao aspecto social, caro (s) aluno (s), Vygotsky (1896-1934) estudioso 
de renome na área da teoria histórico-social, destaca que a construção do sujeito ocorre 
mediada por um contexto sociocultural. Nesta percepção o autor reforça a importância 
da inter-relação entre o social e o cultural do homem, pois segundo Vygotsky (1997) a 
deficiência consiste em uma construção histórica e social, que pode ser abordada de forma 
primária e secundária, sendo que:
1°- O aspecto biológico, a representação do “defeito” orgânico, a “falta”.
2°- As consequências psicossociais do “defeito” derivadas das relações 
estabelecidas com/no meio. 
EXEMPLO: um aluno com paralisia cerebral, a deficiência primária seria a lesão no sistema nervoso 
central e a deficiência secundária seria a consequência dessa lesão para o sujeito inserido em uma sociedade 
com pessoas ditas “normais”. Desta forma, criam-se barreiras físicas, atitudinais e outras, pela falta de 
acessibilidade. Isto gera preconceitos, dificuldades na educação, desemprego, falta de acesso aos espaços 
de lazer/esportivos para esse sujeito, entre outras coisas.
No entanto, Diniz (2007) defende a deficiência como um conceito complexo, 
influenciado por aspectos sociais. Assim, a autora aborda a importância do meio social, 
visto que o modelo social que a sociedade “impõe”, define a deficiência como algo físico. 
Neste sentido, Vygotsky (1997) afirma que dependendo das condições sociais, uma pessoa 
com deficiência primária é convertida em deficiência secundária. Dessa forma, é possível 
afirmar que a sociedade é construída sobre padrões denominados como normais, os quais 
a sociedade define a deficiência

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