Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Meu nome é Luiz Fernando Approbato Selistre, sou graduado em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário, especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Carlos (USFSCar), mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (USFSCar) e doutorando em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (USFSCar). Docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Fisioterapia e Educação Física do Claretiano desde 2009, possuo cinco anos de experiência clínica com a análise de exames de imagem, além do estudo e atualização constante do conhecimento sobre o assunto. Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Luiz Fernando Approbato Selistre Batatais Claretiano 2015 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM © Ação Educacional Claretiana, 2013 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 510 S467d Selistre, Luiz Fernando Approbato Diagnóstico por imagem / Luiz Fernando Approbato Selistre – Batatais, SP : Claretiano, 2015. 130 p. ISBN: 978-85-8377-420-4 1. Exames de imagem. 2. Radiografias. 3. Ressonância magnética. 4. Tomografia computadorizada. 5. Ultrassonografia. I. Diagnóstico por imagem. CDD 510 CDD 658.151 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Diagnóstico por Imagem Versão: dez./2015 Formato: 15x21 cm Páginas: 130 páginas SUMÁRIO CONTEúDO INTRODUTóRIO 1. INTRODUçãO ................................................................................................... 9 2. GLOSSáRIO DE CONCEITOS ........................................................................... 17 3. EsquEma dos ConCEitos-ChavE .............................................................. 20 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 20 5. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 21 unidadE 1 – RADIOGRAFIAS 1. INTRODUçãO .................................................................................................. 25 2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 28 2.1. HISTóRICO ............................................................................................... 29 2.2. ESTRUTURA DO EqUIPAMENTO E FORMAçãO DAS IMAGENS ........... 33 2.3. PROCEDIMENTOS PARA REALIzAçãO DO ExAME ................................ 36 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 44 3.1. RADIOGRAFIA .......................................................................................... 45 4. qUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 45 5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 49 6. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 49 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 50 unidadE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIzADA 1. INTRODUçãO .................................................................................................. 53 2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 53 2.1. HISTóRICO ............................................................................................... 53 2.2. ESTRUTURA DO EqUIPAMENTO E FORMAçãO DAS IMAGENS ........... 54 2.3. PROCEDIMENTOS PARA REALIzAçãO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIzADA ............................................................................... 59 2.4. PROCEDIMENTOS PARA ANáLISE E INTERPRETAçãO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIzADA ...................................................... 63 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ............................................................... 68 3.1. tomoGRaFia ComPutadoRiZada (tC) .............................................. 69 4. qUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 70 5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 74 6. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 74 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 75 unidadE 3 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 1. INTRODUçãO .................................................................................................. 79 2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 80 2.1. HISTóRICO ............................................................................................... 80 2.2. ESTRUTURA DO EqUIPAMENTO E FORMAçãO DAS IMAGENS ........... 81 2.3. VARIAçÕES E TIPOS DE RM .................................................................... 85 2.4. PROCEDIMENTOS PARA REALIzAçãO DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 86 2.5. PROCEDIMENTOS PARA ANáLISE E INTERPRETAçãO DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA .................................................................... 89 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 100 3.1. REssonÂnCia maGnÉtiCa (Rm) .......................................................... 101 4. qUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 102 5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 105 6. E-REFERÊnCias ................................................................................................106 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 107 unidadE 4 – ULTRASSONOGRAFIA 1. INTRODUçãO .................................................................................................. 111 2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 111 2.1. HISTóRICO ............................................................................................... 112 2.2. ESTRUTURA DO EqUIPAMENTO E FORMAçãO DAS IMAGENS ........... 112 2.3. PROCEDIMENTOS PARA ANáLISE E INTERPRETAçãO DO ExAME ...... 118 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 124 3.1. uLtRassonoGRaFia (us) ...................................................................... 124 4. qUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 125 5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 128 6. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 129 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 130 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Estudos dos métodos de imagem do corpo humano e capacitação para identificação, análise e interpretação dos exames de imagem para diagnóstico de lesões e doenças do corpo humano. Bibliografia Básica FUNARI, M. B. G. et al. Princípios básicos de diagnóstico por imagem. Barueri: Manole, 2013. GREENSPAN, A. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. MUNK, P. L.; MASRI, B. Avanços em diagnóstico por imagem do sistema musculoesquelético. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. Bibliografia Complementar BONTRAGER, K. L. Tratado de técnica radiológica. 5. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2002. HAAGA, JR. et al. Tomografia computadorizada e ressonância magnética do corpo humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. HEUCK, A. et al. Atlas de ressonância magnética do sistema musculoesquelético. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012. McKINNIS, L. N. Fundamentos da radiologia ortopédica. 1. ed., São Paulo: Premier, 2004. WILLIAMSON, M. R; WILLIAMSON, S. L. Diagnóstico diferencial em ultra- sonografia. São Paulo: Manole, 1992. 8 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele- cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdo Digital Integrador" porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a den- sidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. 9© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo! Daremos início ao estudo dos principais exames para Diagnóstico por Imagem, também conhecido como Imaginologia. A partir deste estudo, será possível obter conhecimento sobre o histórico, funcionamento, estrutura, indicação/contraindicação, vantagens/desvantagens e métodos de interpretação desses exames. Ao final deste estudo, você será capaz de analisar e interpretar os principais exames de imagens utilizados para diagnóstico de lesões e doenças de seus pacientes. Esse conhecimento o auxiliará na prática clínica, na abordagem de seu paciente e na construção de uma intervenção adequada para cada caso clínico. Segundo Fenelon (2008): O advento de novos métodos diagnósticos tais como a ultra-sonografia, mamografia digital, densitometria óssea, tomografia computadorizada multislice [...] ressonância magnética 3T e radiologia digital, fez surgir uma “nova" especialidade médica: a Imaginologia ou Imagiologia. O mesmo autor chama atenção para os termos corretos: imaginologia ou imagiologia e explica que se trata do conjunto de técnicas de diagnóstico que fornecem ao médico e outros profissionais de saúde uma imagem das diversas estruturas e regiões do corpo humano, qualquer que seja a radiação ou a onda utilizada para a exploração do paciente, superficial ou profunda. 10 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Vídeo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista à Videoaula. Para assisti-la pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos" e selecione: Videoaula. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Atualmente, com o avanço tecnológico dos exames de imagem, muitos profissionais de saúde e, especialmente, médicos negligenciam o exame clínico e tomam decisões baseadas somente na imagem de um exame. É de fundamental importância deixar claro que essa prática não é aceitável, especialmente na prática clínica do fisioterapeuta. Tendo em vista que o papel do fisioterapeuta é o diagnóstico cinésio-funcional, os exames de imagem devem auxiliar o profissional na tomada de decisão e direcionar a investigação clínica. Por essa razão, apresentaremos uma breve abordagem histórica para você conhecer a evolução dos métodos para diagnóstico, o principal tema abordado neste estudo. Histórico do Diagnóstico por Imagem Hipócrates (pai da medicina) foi o primeiro a usar a palavra diagnóstico: [...] que significa discernimento, formada do prefixo dia, através de, em meio de + gnosis, conhecimento. Diagnóstico, portanto, é discernir pelo conhecimento. Inicialmente, o médico só dispunha dos seus sentidos para exame do paciente. Com a visão observava o enfermo, com o tato realizava a palpação e a tomada do pulso, com a audição ouvia suas queixas e ruídos 11© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO anormais e com o olfato sentia odores característicos (REzENDE, 2006). Segundo Rezende (2006), ainda: O “exame clínico", ensinava Hipócrates, “deve começar pelas coisas mais importantes e mais facilmente reconhecíveis. Verificar as semelhanças e as diferenças com o estado de saúde. Observar tudo que se pode ver, ouvir, tocar, sentir, tudo o que se pode reconhecer pelos nossos meios de conhecimento". Antigamente, observava-se, também, as excretas, como a urina por exemplo. Além disso, Galeno (século dois d.C.) descreveu mais de 27 tipos de pulso. Esses fatos históricos nos mostram que a utilização constante de nossos sentidos serve como um treinamento para nos deixar mais sensíveis na avaliação de nossos pacientes, bem como na análise dos exames de imagem. Conheça alguns dados históricos: 1) No século 18, o exame físico foi aperfeiçoado com a percussão do tórax, introduzida por Auenbrugger e divulgada na França por Corvisart. 2) O estetoscópio passou a ser utilizado no início do século 19 por Laennec, em 1816; no início, era somente um tubo oco de madeira e evoluiu para o modelo biauricular atual. 3) A medida indireta da pressão arterial tornou-se possível em 1880, quando Von Bach, na Alemanha, idealizou o primeiro aparelho, quenada mais era do que uma bolsa de borracha cheia de água e ligada a uma coluna de mercúrio ou a um manômetro. Comprimindo-se a bolsa de borracha sobre a artéria até o desaparecimento do pulso, obtinha-se a pressão 12 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO sistólica. Em 1896, um médico italiano, Riva-Rocci, substituiu a bolsa por um manguito de borracha e a água pelo ar. A medida da pressão diastólica teve de esperar por mais nove anos até que um jovem médico russo, Nokolai Korotkov, descobrisse os sons produzidos durante a descompressão da artéria. 4) Ao final do século 19, o médico já dispunha dos três instrumentos básicos utilizados no exame do paciente (estetoscópio, termômetro e manguito), além de outros que foram incluídos aos poucos (oftalmoscópio, rinoscópio, martelo de reflexo). Associados ao desenvolvimento da microscopia, os métodos utilizados para diagnóstico de doenças desenvolveram- se no decorrer do século 20 por meio das imagens, endoscopia, exames laboratoriais e provas funcionais (MEDEIROS, 2010). Inicialmente com Roentgen, a descoberta dos raios x (1895), na época conhecidos como raios de Roentgen, causou grande impacto e aguçou o desenvolvimento dessa técnica, bem como de outras a partir dela. O diagnóstico por imagens estava apenas em seu início, pois surgiram, ainda, a cintilografia, ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética (GREENSPAN, 2006). Consequências positivas e negativas dos exames de imagem Os modernos recursos tecnológicos de diagnóstico proporcionaram a criação de equipamentos necessários para um diagnóstico mais preciso do ponto de vista regional e, também, etiológico, mais precoce e mais preciso. 13© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Dessa forma, trouxe mais segurança na tomada de decisão clínica, além de fornecer mais informações sobre o comportamento de algumas doenças, contribuindo para maior conhecimento sobre elas e facilitando o desenvolvimento de intervenções. Atualmente, diversos procedimentos invasivos investigativos foram abolidos por conta dos exames, o que reduz muito o risco de infecções e outros relacionados aos procedimentos cirúrgicos, como as reações alérgicas à anestesia. Dentre as consequências negativas, é evidente destacar a negligência no exame clínico. Uma vez que os exames de imagem vieram com o objetivo de contribuir para o profissional de saúde conhecer melhor seu paciente e sua lesão/doença, o fato de diversos profissionais deixarem de lado a relação terapeuta/ paciente vai contra esse objetivo e se torna um paradoxo. Como exemplo disso, comumente ouvimos pacientes relatando que sua consulta médica teve duração de cinco minutos, na qual o médico observou um determinado exame de imagem, prescreveu um medicamento ou encaminhou a outro serviço e liberou o paciente, sem sequer tocá-lo. Essa mesma realidade parece fazer parte da vida de alguns fisioterapeutas, pois, de acordo com os relatos de pacientes, diversos desses profissionais iniciam a intervenção a partir do diagnóstico médico, sem avaliação física. Como resultado dessa abordagem, é cada vez mais comum que esses mesmos pacientes e terapeutas estejam frustrados com os resultados obtidos. A evolução tecnológica dos exames de imagem, sem dúvidas, contribui para informações mais precisas e confiáveis. Por outro lado, muitas vezes, fornecem aos profissionais de saúde uma falsa segurança. Isso ocorre em decorrência da negligência no exame clínico, pois, apesar da alta precisão dos exames de imagem, esses recursos não são 100% seguros. 14 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Além disso, a clínica é sempre soberana, ou seja, na tomada de decisão, o exame clínico deve ter um peso maior que o exame de imagem. Como exemplo disso, é comum, na prática clínica, haver pacientes com uma hérnia de disco com compressão de nervo espinhal; entretanto, o paciente não relata sintomas irradiados. Obviamente, essa informação observada no exame de imagem deve ser levada em consideração; porém, não justifica uma intervenção distal ao local da hérnia. Os exames de imagem também elevam os custos de cuidados com a saúde. Esse aumento deve ser levado em consideração, visto que elevar custos da saúde na atual realidade da economia nacional e mundial não parece algo inteligente. Como exemplo disso, diversos convênios de saúde limitam a solicitação de exames de imagem ao médico e/ou paciente, ou seja, o médico apresenta uma cota de pedidos, e ultrapassar esse limite significa colocar em risco sua permanência. No caso dos pacientes, alguns convênios determinam, por exemplo, uma ressonância magnética por ano e, se mais de uma for necessária, o paciente terá de arcar com os custos. A princípio, parece algo absurdo, considerando que se trata de pessoas doentes e com a necessidade do exame; por outro lado, essas mudanças se deram por conta do pedido exacerbado e, muitas vezes, desnecessário de exames de imagem. A extrema dependência de exames de imagem para diagnóstico e construção do tratamento acaba por ocasionar um estado de verdadeira preguiça mental e regressão do raciocínio clínico. O professor Irany Novah Moraes, em seu livro "O Clínico geral e o especilista", rotulou essa situação de Síndrome de Gaiarsa. Antônio Octaviano Gaiarsa é um médico de 83 anos, autor do livro "Sindromologia", no qual descreve o que ocorreu com sua esposa, operada de uma neoplasia do colo transverso. 15© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO No livro, Gaiarsa descreve que arquivou uma grande quantidade de exames não realizados com fins diagnósticos, desnecessários, além de vários repetidos, tudo porque os médicos que a avaliavam não questionavam sobre exames anteriores, isso sem contar a grande quantidade de radiação em decorrência das diversas radiografias realizadas. Considerando uma série de pontos positivos e negativos sobre os exames de imagem, é fato afirmar que o bom senso na solicitação desses exames é de fundamental importância para a preservação da saúde dos pacientes. Além disso, a constante atualização dos exames de imagem parece desnecessária ao fisioterapeuta, já que alguns tecidos, lesões ou doenças não sofrem mudanças perceptíveis em um curto espaço de tempo (por exemplo, osso e cartilagem). Por fim, alguns estudos têm evidenciado que o exame clínico é mais relevante no diagnóstico e investigação de lesões que os exames de imagem. Diretrizes gerais para análise e interpretação dos exames de imagem Essas diretrizes foram desenvolvidas com o objetivo de fornecer algumas informações que facilitarão a análise dos exames de imagem, independentemente de qual exame você analise. Inicialmente, é importante ressaltar que todos os exames de imagem devem constar de um laudo contendo todas as alterações identificadas pelo médico imaginologista. Embora o laudo contenha as alterações, deve ficar claro que este e o próprio 16 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO exame de imagem são complementares e, por essa razão, ambos devem ser observados para uma boa análise. Além disso, como forma de treinamento, sugere-se sempre que seja feita a análise do exame antes do laudo, objetivando não ter uma visualização tendenciosa, fazendo você ler, por exemplo, no laudo que o paciente apresenta uma hérnia de disco lombar e, ao olhar o exame, em vez de procurar alterações, você passa a procurar em qual das imagens a hérnia de disco aparece. Antes de analisar um exame de imagem, você deverá se questionar quanto ao diagnóstico do paciente, pois essa informação focará sua visualização e facilitará a observação de alterações. Você deverá posicionar o exame para sua análise; esse posicionamento é facilitado quando os exames são de RM, TC ou US. No caso de radiografia, tenha sempre certeza de que está observando o exame na posição correta. Esse posicionamento será descrito neste estudo. Procure observar a gravidade dalesão, pois há lesões que, apesar da imagem demonstrar uma gravidade importante, no exame clínico, o paciente não demonstra sintomas exacerbados. A gravidade da lesão deve ser levada em consideração para tomar os devidos cuidados, e você deve priorizar sempre o exame clínico. Ao iniciar a análise de um exame de imagem, você deverá identificar com qual a incidência ou corte ele foi realizado; além disso, busque sempre identificar referências anatômicas, pois elas serão utilizadas para fazer a localização espacial das alterações observadas. Por fim, a identificação de alterações ocorrerá com base nos seus conhecimentos sobre anatomia e, também, sobre os 17© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO exames de imagem, especialmente relacionados à coloração das estruturas, pois, geralmente, as alterações que indicam lesão ou doença apresentam colorações diferentes das habituais. Vamos iniciar esse desafio? Convidamos você a percorrer as unidades de estudo para compreender os conteúdos relacionados ao Diagnóstico por Imagem. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. 1) Angiografia: estudo radiográfico dos vasos (artérias, veias, linfáticos) pela injeção de meios de contraste. 2) Biópsia: procedimento por meio do qual, utilizando- se um tipo especial de agulha, é retirado um pequeno pedaço de tecido do corpo humano para análise e diagnóstico. 3) Cintilografia: processo em que a substância radioativa se concentra em determinado órgão a ser analisado por aparelho especial (cintilógrafo, gama-câmara). 4) Cisto: saco contendo líquido que pode surgir em qualquer lugar do corpo. 5) Contraste ou meio de contraste: substância utilizada em radiologia com a finalidade de aumentar a definição dos órgãos estudados, melhorando a acurácia do exame. Por exemplo, contraste iodado, bário, gadolínio. 18 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 6) Densitometria Óssea: exame que utiliza raios x para avaliar a quantidade de cálcio nos ossos, especialmente no diagnóstico da osteoporose. 7) Diagnóstico por Imagem ou Imaginologia ou Imagiologia: conjunto de métodos que usa a imagem como meio de diagnóstico (radiologia convencional, ecografia ou ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, densitometria óssea, medicina nuclear etc.). 8) Doppler: técnica especial em ultrassonografia usada para avaliar os vasos sanguíneos. 9) Ecocardiografia: ultrassonografia do coração e de suas válvulas. 10) Endoscopia: exploração de determinado órgão por meio da visualização direta com o equipamento apropriado (endoscópio). 11) Filme radiológico: material no qual são impressas as imagens obtidas nos exames. 12) Gadolínio: contraste utilizado em ressonância magnética. 13) Laudo ou relatório: descrição escrita, ordenada e minuciosa de tudo o que foi observado durante a realização do exame. Podem ser relatadas quaisquer observações, orientações e conclusões. 14) Mamografia: radiografia simples das mamas. 15) Medicina Nuclear: uso de isótopos radioativos para o diagnóstico por meio da imagem (cintilografia ou mapeamento) ou de técnicas de laboratório radioimunoensaio. 19© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 16) Radiologia: estudo das radiações e do seu emprego nos diagnósticos ou no tratamento. 17) Radiologista: profissional médico responsável pela realização dos exames, análise e interpretação das imagens obtidas e, também, pela emissão dos laudos ou relatórios. 18) Radiodiagnóstico: uso de radiações ionizantes para fins de diagnóstico (geralmente, raios x). 19) Radiografia simples: radiografia obtida sem o auxílio dos meios de contraste (substâncias que podem ser ingeridas ou injetadas). 20) Radiografias contrastadas: radiografias obtidas após o paciente ter recebido substâncias de contraste (bário, compostos iodados). 21) Radioterapia: tratamento por meio do qual são utilizadas grandes doses de raios x. Na maior parte das vezes, é utilizado em pacientes com câncer. O setor que realiza esse procedimento não faz parte da radiologia; geralmente, é um médico radioterapeuta, cancerologista ou oncologista. 22) Ressonância magnética (RM): método de diagnóstico que utiliza o campo magnético e as ondas de radiofrequência para obtenção de imagens. 23) Tecnólogo em radiologia: profissional com formação em nível superior (3° grau) treinado para realizar e/ou executar exames radiológicos complexos (tomografia computadorizada, densitometria óssea, ressonância magnética). Não é da sua competência a emissão de laudos ou relatórios dos exames. 20 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 24) Técnico em radiologia: profissional técnico treinado para realizar e/ou executar exames radiológicos. Não é da sua competência a emissão de laudos ou relatórios dos exames. 25) Tomografia computadorizada: método que permite examinar o corpo em cortes ou fatias transversais, sendo a imagem obtida por meio de raios x e auxílio de computadores. 26) Ultrassonografia ou ecografia: uso de ultrassom (sons de alta frequência) para fins de diagnóstico, por meio da imagem. 3. EsquEma dos ConCEitos-ChavE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. 21© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Diagnóstico por Imagem. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONTRAGER, K. L. Tratado de técnica radiológica. 5. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2002. FUNARI, M. B. G. et al. Princípios básicos de diagnóstico por imagem. Barueri: Manole, 2013. GREENSPAN, A. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. JUHL, J. H.; CRUMMY, A. B. Interpretação radiográfica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992 . McKINNIS, L. N. Fundamentos da radiologia ortopédica. 1. ed., São Paulo: Premier, 2004. 22 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 5. E-REFERÊnCias IMAGINOLOGIA ONLINE. A evolução da Radiologia – Os avanços da imagiologia e da radiologia diagnóstica. Disponível em: <http://www.imaginologia.com.br/dow/A- evolucao-da-Radiologia.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015. MEDEIROS, F. Um mar de possibilidades. In: Google Books. Disponível em: <http:// books.google.com.br/books?id=mq3edz2E06YC&printsec=frontcover&hl=pt- BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q=Corvisart&f=false>. Acesso em: 31 out. 2014. REzENDE, J. M. O uso da tecnologia no diagnóstico médico e suas consequências. Ética Revista, vol. 4, n. 4, p.18-21, 2006. Disponível em: <http://usuarios.cultura.com.br/ jmrezende/tecnologia.htm>. Acesso em: 31 out. 2014. 23 UNIDADE 1 RADIOGRAFIAS Objetivos • Conhecer o histórico das radiografias, seu desenvolvimento e método de funcionamento. • Identificar estruturas anatômicas, posicionamentos e métodos de execução das radiografias. • Conhecer as principais características das radiografias, suas vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações. • Conhecer os principais posicionamentos para o exame, bem como saber os procedimentos necessários para sua realização. • Conhecer e saber aplicar os passos necessários para análise e interpretação de uma radiografia. • Desenvolver o raciocínio clínico baseado na interpretação dos exames de imagem de modo a complementar o exame clínico. Conteúdos • Histórico. • Estrutura do equipamento e formação das imagens. • Procedimentos para realização do exame. • Tipos de incidências. • Vantagens e desvantagens. • Indicações e contraindicações. • Procedimentos para análise e interpretação do exame. 24 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sitesconfiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque usar os conceitos e dicas apresentados neste material para aplicação prática. Sugere-se que você utilize, sempre que possível, as informações aqui estudadas para análise e interpretação de exames a que tenha acesso. 3) Discuta com seus colegas as informações mais importantes, pois essa discussão lhe trará uma nova visão sobre o texto, além de trocar experiências que poderão ampliar seu conhecimento. 4) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador. 25© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS 1. INTRODUÇÃO A radiografia é o método pelo qual o feixe dos raios x passa através do paciente sobre uma placa fotográfica, criando nela uma imagem de diferentes cores, que variam de acordo com a densidade do tecido e a intensidade do feixe de raios x. Esse método tem sido utilizado, continuamente, desde a descoberta original de Roentgen. Equipamentos modernos podem produzir radiografias com exposições obtidas em um tempo igual ou inferior a um décimo de segundo, como uma foto. Fonte: McKinnis (2004). Figura 1 Esquema de emissão dos raios X através dos diferentes tecidos até atingir um filme fotográfico, local onde será projetada a imagem. 26 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS As radiografias apresentam como característica a semelhança com uma foto, ou seja, obtemos uma imagem de um momento específico e estático. Essa característica é importante para se fazer a análise de estruturas dinâmicas, como a do pulmão, por exemplo, na qual o paciente é instruído durante o exame quanto à respiração de acordo com o objetivo do exame. Normalmente, as radiografias são conhecidas como um exame específico para o tecido ósseo, e não está errado pensar assim; entretanto, ao observarmos um exame de radiografia, podemos verificar que outros tecidos aparecem no exame e, muitas vezes, essas imagens podem ser utilizadas para avaliação de tecidos moles também; fato esse pouco comentado nos livros. Como exemplo disso, podemos observar, na figura a seguir (radiografia da coluna lombar – perfil), uma importante redução do espaço articular intervertebral, o que nos remete a pensar que os discos intervertebrais (tecidos moles) também estão acometidos, ao menos, nos níveis L5-S1, L4-L5, L3-L4, L2-L3. 27© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 2 Radiografia simples da coluna lombar, incidência perfil, que demonstra uma importante redução do espaço articular aos níveis L5-S1, L4-L5, L3-L4, L2-L3. Por outro lado, existem algumas situações específicas, nas quais as radiografias podem ser utilizadas para avaliação de tecidos moles; como exemplo disso, temos as radiografias com estresse. Nesse exame, a foto é obtida associando o posicionamento do membro e um estresse articular realizado, o que permite avaliar, especialmente, estruturas ligamentares no desempenho de sua função estabilizadora. Podemos observar, a seguir, duas imagens radiográficas do tornozelo, ambas são do mesmo paciente, que as realizou alguns dias depois de uma entorse de tornozelo. Na ocasião, o médico ou técnico decidiu fazer com estresse para testar a estabilidade dos ligamentos laterais (lesados após a entorse), o que nos 28 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS parece uma decisão acertada, visto que na ausência do estresse não seria possível testar os ligamentos (tecidos moles), mas sim verificar a presença ou ausência de uma fratura. A partir das imagens a seguir, podemos observar que o tornozelo que sofreu a entorse apresenta maior abertura lateral (16°) comparado ao contralateral (5°), o que aponta falha na função estabilizadora dos ligamentos laterais Fonte: Barros Filho, Kojima e Fernandes (2009). Figura 3 Radiografia simples de ambos os tornozelos, com estresse para abertura lateral (inversão), apontando falha na estabilidade lateral do tornozelo esquerdo (16°) (imagem da direita). Dessa forma, é importante termos em mente que as radiografias fornecem muitas informações relevantes, não somente do tecido ósseo, que deverão ser consideradas no exame clínico. Devemos retirar sempre o máximo de informações possíveis desse exame, tendo o cuidado de não fazer conclusões precipitadas; para isso, é importante conhecer as limitações deste, bem como em quais condições foi realizado. 2. CONTEúDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma sucinta os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 29© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS integral é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. Histórico O surgimento dos raios x ocorreu em 1895, quando Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923), procurando detectar a radiação eletromagnética de alta frequência prevista por Heinrich Hertz (1857-1894), repetiu o experimento de Joseph John Thompson (1856-1940) em seu laboratório, na Universidade de Wurzburgo, Alemanha. Com tubos de Crookes, Roentgen observou que os raios catódicos que escapavam do tubo termiônico iluminavam uma superfície a certa distância do tubo, que tinha recebido uma camada de material fosforescente. Após embalar o tubo com uma caixa de papelão, ligar o equipamento e apagar as luzes de seu laboratório, observou que uma placa no fundo da sala se iluminou, e isso acontecia mesmo se a superfície da placa estivesse virada ao contrário (GREENSPAN, 2006). Esse fenômeno aguçou ainda mais o interesse de Roentgen, que continuou estudando intensamente suas propriedades e características. Expondo diversos materiais de diferentes densidades a fim de observar seu poder de penetração e com auxílio de um detector fluorescente, fez uma importante observação: ao segurar um disco de chumbo com a mão na intenção de verificar o poder de penetração dos raios naquele metal, viu que, além da sombra do disco, apareceu a sombra dos ossos de sua mão (GREENSPAN, 2006). Para publicar suas observações, Roentgen passou a empregar placas fotográficas na revelação das imagens que conseguia com a exposição de objetos à radiação, em substituição 30 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS ao detetor fluorescente. A revelação da placa produzia um tipo de registro permanente, capaz de comprovar seus estudos. Por meio dessa técnica, em dezembro de 1895, Roentgen produziu uma das imagens mais famosas, caracterizando sua descoberta, a imagem da mão de sua esposa, Anna Bertha Roentgen (1839- 1919), com sua aliança de casamento, que é considerada a primeira radiografia da História. 31© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Fonte: Paul e Juhl (1996). Figura 4 Imagem do primeiro exame de radiografia, realizado com a mão da esposa de Roentgen (Anna Bertha Roentgen). 32 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 4 Imagem de uma radiografia atual da mão. É possível observar uma grande diferença na qualidade da primeira imagem em relação a mais atual. A radiologia brasileira e sul-americana iniciou-se em 1897, logo após a descoberta dos raios x, com o médico mineiro José Carlos Ferreira Pires, que trouxe para Formiga, Minas Gerais, o primeiro aparelho de raio-x da América do Sul, fabricado sob a supervisão direta do próprio Roentgen. 33© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS A grande evolução da radiologia deu-se a partir dos anos 1970-1980, com os grandes avanços tecnológicos e científicos, que permitiram um diagnóstico muito mais preciso. Desde então, a radiologia vem ganhando espaço na prática clínica de médicos e demais profissionais da saúde. Sem dúvidas, a implementação das radiografias na prática clínica e na pesquisa científica tem contribuído no desenvolvimento da técnica radiológica e, por isso, trata-sede uma técnica em constante evolução (CURRY; DOWTEY; MURRY, 1990). 2.2. Estrutura do EquipamEnto E formação das imagEns De modo simples a radiografia consiste na transmissão de energia de um tubo para uma placa metálica, essa energia transmitida consiste nos raios x. Estes são ondas eletromagnéticas, como a luz visível, ondas de rádio e raios ultravioletas. As ondas eletromagnéticas têm como características a sua frequência e o seu comprimento de onda, sendo essas duas características inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a frequência menor o comprimento de onda. A energia de uma onda é diretamente proporcional à sua frequência; sendo o raio x uma onda de alta energia, seu comprimento de onda é curto (10-12 m), e sua frequência é muito alta (1016 Hz). Esse curto comprimento de onda faz com que os raios x penetrem no tecido humano com maior facilidade. 34 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Fonte: Bontrager (2002). Figura 5 Estrutura do equipamento de radiografia, composta por mesa de comando, utilizada para estipular os parâmetros que serão utilizados (intensidade, frequência e comprimento de onda); tubo de raios x, responsável pela emissão destes; diafragma, ou colimador, responsável pela produção dos raios x; mesa, para posicionar o paciente durante o exame; bucky, suporte para o filme; estativa com bucky, para radiografias específicas. O tubo que emite os raios x é feito de vidro, composto por uma camada de óleo e chumbo. No seu interior há um filamento de tungstênio, um alvo de tungstênio e vácuo. O tungstênio é utilizado, pois apresenta alto ponto de fusão (acima de 3000°C), e boa parte da alta energia produzida se torna calor. O tubo é revestido por chumbo, material denso, que tem grande absorção dos raios x, além do óleo, que tem a função de resfriá-lo (BONTRAGER, 2002). 35© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS A corrente do filamento de tungstênio utilizada no tubo de raio x é medida em miliampéres (mA), e a diferença de potencial entre o polo positivo e negativo é dada em kilovoltagem (geralmente de 35 a 150 kV). As características de kV e mA é que darão o brilho e o contraste da imagem obtida. Finalmente, o vacúo no tubo de raio x é importante para evitar o choque dos elétrons com moléculas de gás, o que teria como efeito a desaceleração dos elétrons antes destes chegarem ao alvo (ânodo de tungstênio) (BONTRAGER, 2002). Segundo Greenspan (2006), a transmissão de energia pelo tubo do equipamento faz com que essa energia (raios x) passe através do corpo humano e atinja a placa logo em seguida. Essa passagem dos raios x pelo corpo humano consiste na interação dos fótons (transmissão de energia) com os elétrons de um átomo do tecido; assim, essa interação é responsável pela criação da imagem radiográfica. Considerando que a densidade dos tecidos do corpo é diferente, quanto maior a densidade, maior será a absorção dos raios x, e essa interação resulta na imagem final com diferentes colorações. Tabela 1 Apontamento da coloração e terminologia dos diferentes tecidos do corpo no exame radiográfico. TIPO DE TECIDO/ ESTRUTURA TERMINOLOGIA COR PRODUZIDA Ar Radiotransparente Preta Gordura Radiotransparente Cinza escuro água Hipotransparente Cinza claro Osso Radiopaco Branca Metal Radiopaco Branca 36 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS 2.3. procEdimEntos para rEalização do ExamE 1) O paciente é orientado a retirar objetos metálicos e outros pertences. 2) Em alguns casos o vestuário é fornecido ao paciente. 3) O paciente recebe orientações quanto à execução do exame, por exemplo, não se mexer durante a realização. 4) O paciente é posicionado de modo confortável e seguro, respeitando a solicitação do médico. Os posicionamentos disponíveis para o exame radiográfico são padronizados, buscando o mais adequado de acordo com a região investigada. Como exemplo disso, podemos observar, a seguir, o posicionamento para radiografia da mão: este apresenta a particularidade de ser póstero-anterior (PA). 5) Por fim, o radiologista avalia a qualidade do exame, dispensa o paciente e entrega o resultado do exame ao médico para que ele elabore o laudo. Tipos de incidências Basicamente, existem três tipos de incidências: • Ântero-posterior (AP). • Perfil (lateral). • Oblíqua. 37© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 6 Incidências mais utilizadas para exames de radiografia, ântero-posterior (AP), perfil (ou lateral) e oblíqua (da esquerda para a direita). Vantagens Simplicidade do procedimento; baixo custo; baixo tempo de execução do procedimento (rapidez); tradição do conhecimento científico; dados comparativos já existentes e informações muito relevantes em algumas lesões ou doenças. Desvantagens Baixa qualidade de imagem dos tecidos moles; nem sempre o exame é de qualidade; não permite diagnosticar algumas lesões ou doenças (por exemplo, osteoporose); expõe pessoas à radiação; há necessidade de um grande equipamento. Indicações • avaliação do tecido ósseo ou lesões ósseas; • suspeitas de fraturas; • acompanhamento de lesões ósseas; 38 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS • lesões em graus iniciais (por exemplo, OA); • confirmação de diagnóstico ou identificação da localização (por exemplo, derrame pleural). Contraindicações (relativas e absolutas) • mulheres grávidas (especialmente nos 3 meses iniciais) (absoluta); • tumores ou câncer (relativa); • evitar exame desnecessário (relativa); • evitar exames sucessivos (relativa); • evitar em crianças e adolescentes (relativa). Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos" e selecione: Vídeos Complementares – Complementar 1. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Procedimentos para análise e interpretação do exame O filme radiográfico deve ser visualizado a partir de um negatoscópio. A partir dele será possível aperfeiçoar a visualização dos detalhes da imagem, especialmente, quando ela não apresentar uma boa qualidade. Na ausência do negatoscópio, o filme radiográfico pode ser colocado contra a luz e também será possível fazer uma adequada análise. 39© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 7 Negatoscópio – equipamento utilizado para visualização dos exames de imagem. Para correto posicionamento do filme radiográfico, o profissional deve ter um bom conhecimento anatômico, especialmente, no que se refere às estruturas que darão noção de lateralidade. Comumente as informações pessoais dos pacientes aparecem à esquerda da imagem, entretanto, é preciso ter cuidado, pois nem sempre ocorre. Por essa razão, o mais correto é que o lado conste no exame, conforme demonstra a imagem a seguir. 40 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 8 Radiografia do joelho esquerdo, apontado pela letra "E" em destaque na imagem. O exame apresenta as incidências AP e perfil. Em resumo, o posicionamento do exame deve respeitar as estruturas anatômicas de referência; as informações sobre o paciente devem aparecer à esquerda; e no exame deve constar o lado avaliado, e/ou o próprio paciente poderá relatar qual o lado que apresenta a lesão ou em que foi realizado o exame (JUHL e CRUMMY, 1992). Para uma boa análise do exame de radiografia, após posicioná-lo de forma correta, você deverá identificar os diferentes tecidos no exame de imagem. Essa identificação trará uma noção da coloração que cada tipo de tecido apresentará, facilitando a identificação de alterações que apontarão uma 41©DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS doença ou lesão. Como exemplo disso, na imagem a seguir, podemos observar a coloração dos diferentes tecidos na região do tórax. É possível identificar os pulmões, com grande quantidade de ar, mais escuros, enquanto o tecido ósseo se apresenta mais claro, bem como a linha diafragmática, por serem tecidos mais densos (NETTER, 1999; CARDOSO et al., 2011). Figura 9 Exame de radiografia de tórax, incidência AP, possibilitando a visualização da coloração de diferentes tecidos. Comumente os exames de radiografia são utilizados para avaliação articular, no qual, com frequência, são investigados sinais de degeneração articular. Dentre os sinais mais comuns temos a redução do espaço articular, presença de osteófitos, esclerose do osso subcondral, irregularidades na superfície 42 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS articular e alterações do eixo mecânico (por exemplo, escoliose ou valgo de joelho). Fonte: Barros Filho, Camargo e Camanho (2012). Figura 10 Exame de radiografia do joelho, incidência AP, demonstrando uma importante redução do espaço articular, presença de osteófitos, esclerose do osso subcondral e irregularidades na superfície articular. 43© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Fonte: Barros Filho, Camargo e Camanho, (2012b) Figura 11 Exame de radiografia da coluna vertebral, incidência AP, demonstrando uma importante alteração de eixo mecânico (escoliose torácica à esquerda). Por fim, uma das alterações ósseas mais comuns investigadas pela radiografia são as fraturas, definidas como a perda da continuidade óssea, ou caracterizadas pelo traço de fratura com a presença do neo-osso (BARROS FILHO, CAMARGO, CAMANHO, 2012a; BARROS FILHO, CAMARGO, CAMANHO, 2012b). 44 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 12 Exame de radiografia do braço com incidência perfil (à esquerda), demonstrando fratura da diáfise úmero. Exame de radiografia das pernas com incidência AP (à direita), demonstrando traço de fratura (por estresse) na tíbia bilateral. Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.1. para compreender melhor os conceitos estudados. 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender, integralmente, o conteúdo apresentado. 45© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS 3.1. radiografia A radiografia é, sem dúvidas, um dos exames de imagem mais utilizados em todo o mundo. Apesar de suas limitações, o seu baixo custo e a qualidade das imagens de alguns tecidos tornam esse exame um baixo custo-benefício. Neste material você deve ter percebido que fizemos uma abordagem bastante geral sobre as possibilidades de utilização das radiografias, assim como sua análise e interpretação. Por essa razão, é necessário que você busque materiais mais específicos, de acordo com sua necessidade. Com esse objetivo, seguem algumas sugestões de leitura que deverão auxiliá-lo no aprofundamento de seu conhecimento específico sobre o assunto. • HANCIAU, F. A. et al. Associação clínico-radiográfica do índice acromial e do ângulo de inclinação lateral do acrômio. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ rbort/v47n6/v47n6a10.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2014. • RODRIGUES, A. et al. Análise da reprodutibilidade da classificação de Kellgren e Lawrence para osteoartrose do joelho. Disponível em: <http://www.amrigs.com.br/ revista/56-02/original1.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2014. • zAVANELA, P. M. et al. Incidência de osteófitos na coluna vertebral. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ revistadc/article/view/59071/62056>. Acesso em: 3 nov. 2014. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões 46 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Considerando as afirmativas a seguir, assinale, em seguida, a alternativa incorreta. a) As radiografias apresentam a radiação como sendo uma das principais desvantagens desse exame. b) As radiografias apresentam o baixo custo como uma de suas vantagens c) São incidências das radiografias: AP, perfil e oblíqua. d) O espaço articular medial do joelho de um paciente com joelho varo apresentará leve redução em relação ao compartimento lateral. e) As radiografias permitem boa visualização de osso, mas não permitem qualquer análise de tecidos moles. 2) A imagem a seguir representa uma radiografia da região lombar. O laudo aponta que a paciente apresenta redução dos espaços intervertebrais, osteófitos marginais, esclerose do osso subcondral e um aumento da lordose lombar. A partir do laudo, assinale a alternativa incorreta. a) A paciente apresenta uma hérnia de disco lombar em L5-S1. b) A paciente apresenta um processo degenerativo das articulações intervertebrais. c) Os osteófitos representam uma tentativa de aumentar a superfície de distribuição das cargas. 47© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS d) A paciente apresenta uma alteração postural. e) A paciente apresenta uma degeneração em fase avançada. 3) Assinale a alternativa que responde corretamente aos questionamentos referentes ao exame de imagem a seguir. qual é o exame? qual a incidência do exame? quais ossos podem ser observados? qual lesão pode ser identificada? a) Radiografia, AP, rádio/ulna/úmero, luxação lateral do cotovelo. b) Tomografia computadorizada, perfil, clavícula/úmero, luxação posterior do cotovelo. c) Radiografia, perfil, rádio/ulna/úmero, luxação posterior do cotovelo. d) Ressonância magnética, perfil, rádio/ulna/úmero, frouxidão ligamentar. e) Radiografia, AP, patela/fêmur/tíbia/fíbula, fratura do úmero distal. 4) Assinale a alternativa que responde corretamente aos questionamentos referentes ao exame de imagem a seguir. 48 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS qual é esse exame? qual a incidência do exame? quais as alterações presentes no exame? a) Radiografia, perfil, calcificação na fáscia plantar e inserção do tendão calcâneo. b) Radiografia, AP, calcificação na fáscia plantar e inserção do tendão calcâneo. c) Tomografia computadorizada, AP, somente calcificação na fáscia plantar. d) Tomografia computadorizada, perfil, calcificação na fáscia plantar e inserção do tendão calcâneo. e) Tomografia computadorizada, PA, somente calcificação na fáscia plantar. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) e. 2) a. 49© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS 3) e. 4) c. 5) a. 5. CONSIDERAÇÕES Você pôde perceber que o exame de radiografia tem um importante papel em nossa prática clínica e que, ao contrário do que muitos pensam, ele não fornece somente informações a respeito do tecido ósseo, mas também de outros tecidos adjacentes. É importante ressaltar, ainda, que neste momento é fundamental você treinar a visualização de radiografias com base nas informações aqui apresentadas, pois somente dessa forma você conseguirá se tornar um profissional seguro ao analisar e interpretar esse tipo de exame. 6. E-REFERÊnCias CARDOSO, L. R. et al. Análise clínica e radiográfica pré e pós-tratamento conservador na escoliose idiopática do adolescente: estudo de caso. ConScientiae Saúde, vol. 10, n. 1, p. 166-174, 2011. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/929/92917188021. pdf>. Acesso em: 03 nov. 2014. Lista de figuras Figura 6 Incidências mais utilizadas para exames de radiografia, ântero-posterior (AP), perfil (ou lateral) e oblíqua (da esquerda para a direita). Disponível em: <http://www. cesarmartins.com.br/?area=fraturas>. Acesso em: 19 jan. 2015. Figura 7 Negatoscópio – equipamento utilizado para visualização dos exames de imagem. Disponível em:<http://estudoxradmed.blogspot.com.br/>. Acesso em 19 jan. 2015. 50 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 1 – RADIOGRAFIAS Figura 12 Exame de radiografia do braço com incidência perfil (à esquerda), demonstrando fratura da diáfise úmero. Exame de radiografia das pernas com incidência AP (à direita), demonstrando traço de fratura (por estresse) na tíbia bilateral. Disponível em: <http://fisiodesportiva.wordpress.com/2013/08/29/fratura- por-estresse/>. Acesso em 19 jan. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS FILHO, T. E. P.; CAMARGO O. P.; CAMANHO, G. L. Clínica ortopédica. vol. 1. Barueri: Manole, 2012. BARROS FILHO, T. E. P.; CAMARGO O. P.; CAMANHO, G. L. Clínica ortopédica. vol. 2. Barueri: Manole, 2012. BARROS FILHO, T. E. P.; KOJIMA, K. E.; FERNANDES, T. D. Casos clínicos em ortopedia e traumatologia: guia prático para formação e atualização em ortopedia. Barueri: Manole, 2009. BONTRAGER, K. L. Tratado de técnica radiológica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. CURRY T. S.; DOWTEY J. I.; MURRY R. C. Christensen`s physics of diagnostic radiology. 4. ed. Filadélfia: Lea & Febiger 1990. GREENSPAN, A. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. JUHL, J. H.; CRUMMY, A. B. Interpretação radiográfica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992 . McKINNIS, L. N. Fundamentos da radiologia ortopédica. 1. ed. São Paulo: Premier, 2004. NETTER, F. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 1999. PAUL L. W., JUHL J. H. Interpretação Radiológica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996. 51 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Objetivos • Conhecer o histórico da tomografia computadorizada, seu desenvolvimento e método de funcionamento. • Identificar estruturas anatômicas, posicionamentos e métodos de execução da tomografia computadorizada. • Conhecer as principais características da tomografia computadorizada, suas vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações. • Conhecer os principais posicionamentos para a tomografia computadorizada, bem como saber os procedimentos necessários para realização do exame. • Conhecer e saber aplicar os passos necessários para análise e interpretação de uma tomografia computadorizada. • Desenvolver o raciocínio clínico baseado na interpretação dos exames de imagem de modo a complementar o exame clínico. Conteúdos • Histórico. • Estrutura do equipamento e formação das imagens. • Procedimentos para realização do exame. • Tipos de cortes. • Vantagens e desvantagens. • Indicações e contraindicações. • Procedimentos para análise e interpretação da tomografia computadorizada. UNIDADE 2 52 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste estudo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque usar os conceitos e dicas apresentados aqui para aplicação prática. Sugere-se sempre que você utilize as informações aqui presentes para análise e interpretação de exames a que você tenha acesso. 3) Procure discutir com seus colegas as informações que julgar mais importantes, pois isso trará uma nova visão sobre o texto, além de trocar experiências que poderão somar no seu conhecimento. 53© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 1. INTRODUÇÃO A tomografia computadorizada (TC) é um método semelhante à radiografia pela emissão de raios x; entretanto, realiza a aquisição e reconstrução de imagem a partir de uma secção transversal – "fatias", o que a diferencia da radiografia. Essas imagens são livres de sobreposição de tecidos e são capazes de gerar maior contraste em razão da eliminação da dispersão, tornando a imagem mais clara. Por ser parecida com a radiografia, a TC apresenta semelhantes características no seu funcionamento, indicações, contraindicações, vantagens e desvantagens. Apesar disso, a TC possibilita uma maior qualidade de imagem, melhor definição das alterações presentes nos diferentes tecidos do corpo e uma melhor noção espacial da região investigada em relação ao restante do corpo. Recentemente, com a evolução tecnológica, é possível adquirir imagens rapidamente por meio da técnica de varredura em espiral (ou helicoidal). Essa inovação permite realizar o exame em poucos minutos. Torna possível também a angiografia por TC e outros procedimentos, além de facilitar o exame de pacientes agitados, como crianças. 2. CONTEúDO BÁSICO DE REFERÊNCIA 2.1. Histórico A TC foi desenvolvida em 1970 por um físico norte-americano (Allan MacLeod Comark) e um engenheiro inglês (Godfrey Newbold Hounsfield). A primeira TC de crânio foi realizada em 1971, em um hospital em Londres, com rápidos progressos. No 54 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ano de 1972, em Middlesex, Inglaterra, Hounsfield introduziu a TC como método de diagnóstico por imagem, obtendo grande repercussão especialmente pela possibilidade de avaliação de tecidos moles, como músculos, vísceras e parênquima cerebral. Em 1973, foram instalados, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, os primeiros aparelhos de TC para exames de crânio. Em 1974, teve início o uso da TC para exames dos demais segmentos do corpo. Em 1979, Hounsfield e Comark receberam o prêmio Nobel (FUNARI et al., 2013). Com o advento desse método, abriram-se novas perspectivas e, em pouco tempo, a técnica tomográfica foi ampliada, passando a fazer parte dos principais centros de diagnóstico por imagem do mundo. Atualmente, a TC vem sofrendo grandes transformações e é objeto de constantes pesquisas, principalmente para redução do tempo de exame. As pesquisas visam ao aumento do número de detectores para obtenção dos cortes tomográficos e ao desenvolvimento de programas mais rápidos para processamento das imagens. 2.2. Estrutura do EquipamEnto E formação das imagEns A TC é um método de diagnóstico por imagem que combina o uso de raios x obtidos por tubos de alta potência com computadores adaptados para processar grande volume de informação e produzir imagens com alta resolução (HAAGA et al., 1996). O tubo de raios x está disposto no interior do aparelho, em um dispositivo rotatório de forma justaposta a um conjunto 55© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA de detectores que coletam o residual do feixe de radiação que atravessa o paciente. O conjunto de detectores é responsável pela transformação da energia residual incidente em correntes elétricas que podem facilmente ser processadas por computador (FERNANDES et al., 2013). O tubo (ou ampola) de raios x emite um feixe de radiação em forma de leque ou cone que atravessa o paciente e sensibiliza um conjunto de detectores, encarregados de transmitir o sinal em forma de corrente elétrica de pequena intensidade a um dispositivo eletrônico responsável pela conversão dos sinais elétricos em dígitos de computador (HAAGA et al., 1996). Figura 1 Estrutura do equipamento de TC. 56 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Atualmente, existem vários tipos de tomógrafo. São eles: convencional, varredura em espiral (ou helicoidal), multi-slice, ultra-fast e cone-beam. Os diferentes tipos de exame devem ser escolhidos pelo médico solicitante de acordo com o objetivo, região do corpo avaliado e disponibilidade do equipamento. Na TC helicoidal, além do tubo de raios x e os detectores girarem ao redor do paciente, a mesa também é deslocada e a trajetória do feixe de raios x ao redor do corpo é uma hélice ou espiral (FUNARI et al., 2013). Figura 2 Sistema de rotação do tubo de raios X ao redor do corpo e movimento da mesa de exame, criando um volume de fatiasda região investigada. 57© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Entre as características das imagens tomográficas, destacam-se os pixels, a matriz, o campo de visão (field of view – FOV), a escala de cinza e as janelas. O pixel é o menor ponto da imagem que pode ser obtida, e uma imagem é formada por diversos pixels. O conjunto de pixels está distribuído em colunas e linhas, que formam a matriz. Assim, quanto maior o número de pixels numa matriz, melhor é sua resolução, o que permite uma melhor diferenciação entre as estruturas (FUNARI et al., 2013). O campo de visão representa o tamanho máximo do objeto em estudo que ocupa a matriz; por exemplo, uma matriz pode ter 512 pixels em colunas e 512 pixels em linhas e, se o campo de visão for de 12 cm, cada pixel vai representar cerca de 0,023 cm (12 cm/512). Assim, para o estudo de estruturas delicadas, como o ouvido interno, o campo de visão é pequeno. A escala de cinza é formada por um grande espectro de representações de tonalidades entre branco, cinza e o preto. A escala de cinzas é responsável pelo brilho da imagem. Uma escala de cinzas foi criada especialmente para a TC, e sua unidade foi chamada de unidade de Hounsfield (HU), em homenagem ao criador da TC (FUNARI et al., 2013). Tabela 1 Apontamento da coloração e terminologia dos diferentes tecidos do corpo no exame de TC. ESTRUTURA/TECIDO UNIDADES HOUNSFIELD (HU) água zero Ar 1000 Osso 300 a 350 Gordura -120 a -80 Músculo 50 a 55 58 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Janelas são recursos computacionais que permitem que, após a obtenção das imagens, a escala de cinzas possa ser estreitada, facilitando a diferenciação entre certas estruturas conforme a necessidade. Isso porque o olho humano tem a capacidade de diferenciar uma escala de cinzas de 10 a 60 tons (a maioria das pessoas distingue 20 diferentes tons), enquanto na tomografia há, no mínimo, 2000 tons, mas podem ser obtidos até 65536 tons. A janela é, na verdade, uma forma de mostrar apenas uma faixa de tons de cinza que nos interessa, de forma a adaptar a nossa capacidade de visão aos dados obtidos pela TC (FERNANDES et al., 2013). O uso de diferentes janelas em TC permite, por exemplo, o estudo dos ossos com distinção entre cortical e medular. A mesma imagem pode ser demonstrada com diferentes ajustes da janela, de modo a mostrar diferentes estruturas de cada vez. Não é possível usar um só ajuste da janela para ver, por exemplo, detalhes ósseos e de tecido adiposo ao mesmo tempo. Figura 3 Exame de TC diferenciando o osso cortical e medular em diferentes regiões do corpo e diferentes cortes. 59© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 2.3. procEdimEntos para rEalização da tomografia computadorizada Procedimentos e precauções 1) No exame, caso seja necessário utilizar contraste iodado, o paciente deverá fazer jejum de quatro horas. 2) Se o exame for feito com anestesia, esse tempo poderá ser ainda maior. 3) Geralmente, o jejum não é necessário para a realização de exames sem contraste. 4) Se o exame for de TC do abdome e/ou pelve, o paciente deverá chegar com antecedência mínima de uma a duas horas do horário do exame, pois poderá ser necessário ingerir água ou um contraste diluído. 5) Os medicamentos de uso regular do paciente não devem ser suspensos. Procedimentos para realização do exame 1) Para realização da TC, o paciente se deitará na mesa de exame, que desliza lentamente para dentro do túnel do aparelho, de onde saem os raios x que obterão as imagens internas do seu corpo. 2) Se necessário, o paciente será instruído a vestir uma roupa adequada. 3) O exame é indolor e não há nenhum contato do aparelho com o corpo. 4) Durante o exame, o paciente será monitorado e observado, podendo ouvir as instruções do operador. 60 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 5) O paciente deve permanecer imóvel e seguir as instruções do operador para que seu exame seja rápido e preciso. Uso do contraste Os meios de contraste radiológicos são compostos radiopacos introduzidos no organismo por diferentes vias (intravascular, artérias e veias; oral, retal ou intratecal – canal raquidiano) que permitem a diferenciação de estruturas vasculares e o realce de órgãos parenquimatosos graças ao aumento de contraste (densidade) obtido por eles, possibilitando, desse modo, a obtenção de imagens de alta definição. Com isso, há maior precisão nos exames de diagnóstico por imagem (JUNIOR e YAMASHITA, 2001). Essas substâncias, apesar de facilitarem a visualização das estruturas anatômicas, podem provocar reações adversas; entre elas, as mais comuns são: calor no corpo, dor leve no local da injeção, gosto ruim na boca, mal-estar, náuseas e/ou vômito (JUNIOR e YAMASHITA, 2001). Tipos de cortes As imagens de TC podem ser obtidas em dois planos básicos: plano coronal ou frontal e axial ou transversal. Entretanto, após serem obtidas essas imagens, alguns recursos computacionais permitem reconstruções no plano sagital e tridimensional, conforme a imagem a seguir. 61© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Figura 4 Cortes mais utilizados no exame de TC. Vantagens 1) tempo de execução do exame; 2) maior disponibilidade do equipamento; 3) menor custo (em relação à RM); 4) imagens multiplanares (2D e 3D) e dinâmicas. Desvantagens 1) radiação (raios x); 2) alto custo em relação ao raio-x; 62 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 3) menor precisão de detalhes; 4) contraste iodado (↑ reações alérgicas); 5) pessoas com uma grande massa. Indicações 1) preceder o exame de RM; 2) avaliação de tecidos moles; 3) necessidade de detalhamento da imagem de alguns tecidos; 4) diagnóstico preciso de uma doença ou lesão (às vezes melhor ou pior que a RM); Contraindicações Evitar realizar o exame em: 1) mulheres grávidas (absoluta); 2) pessoas com tumores ou câncer (relativa); 3) pessoas com claustrofobia (relativa); 4) crianças e adolescentes (relativa). Além disso, deve-se evitar realizar exames desnecessários ou sucessivos. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos" e selecione: Vídeos Complementares – Complementar 2. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 63© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 2.4. procEdimEntos para análisE E intErprEtação da tomografia computadorizada O exame de TC deve ser visualizado por meio de um negatoscópio ou iluminador. A partir dele, será possível aperfeiçoar a visualização dos detalhes da imagem, especialmente em casos em que ela não apresentar uma boa qualidade. Na ausência do negatoscópio, o exame de TC pode ser visualizado contra a luz, tornando possível uma adequada análise também. Seu posicionamento é facilmente determinado, pois basta posicionar o exame de uma forma que seja possível a leitura de suas informações. Além disso, é necessário localizar a ordem e a direção dos cortes, identificando a localização anatômica da região observada (NETTER, 1999). Por essa razão, alguns exames trazem consigo uma imagem de referência para a localização, conforme exemplo a seguir: 64 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Figura 5 Exame de TC com imagem na margem inferior à esquerda que auxilia a identificação da localização do corte, representado pela linha branca. As diferentes colorações presentes no exame de TC representam a absorção dos tecidosdiante dos raios x, ou seja, diferenciam-se pela quantidade de absorção dos raios x. A comparação da densidade entre dois tecidos é feita a partir da nomenclatura descrita a seguir: • Isoatenuante: é utilizada para atenuações tomográficas semelhantes. • Hipoatenuantes: para atenuações menores que o tecido considerado padrão. • Hiperatenuantes: para atenuações maiores que o tecido padrão. 65© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Já a graduação dos diferentes tecidos do corpo quanto a sua densidade é dada a partir da classificação que consta na Tabela 2. Tabela 2 Terminologia para nomenclatura da coloração apresentada pelos diferentes tecidos no exame de TC. TIPO DE TECIDO TERMINOLOGIA COR PRODUZIDA Ar Hipodensa Cinza escuro – preto Gordura Hipodensa Cinza escuro – preto água Hipodensa Cinza escuro – preto Osso Hiperdensa Brancas Para uma boa análise de um exame de TC, após posicioná- lo corretamente, você deverá identificar a localização e o corte utilizado no exame de imagem. Essa identificação trará uma noção da coloração que cada tipo de tecido apresenta, facilitando a identificação de alterações que apontarão uma doença ou lesão, bem como sua localização (MUNK e MASRI, 2008; GIRON, 2009). 66 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Figura 6 TC da coluna vertebral. Na imagem acima, podemos observar que a TC se refere à coluna vertebral, especificamente na região lombo-pélvica, com corte sagital. Nela, é possível observar os espaços articulares entre os corpos vertebrais, bem como avaliar as superfícies articulares. É possível avaliar, ainda, a curvatura lombar, a qual, pela imagem, se apresenta diminuída ou retificada. Essa alteração nem sempre é vista na avaliação clínica (inspeção). A partir dessa imagem somente, não é possível identificar a localização do corte no plano frontal, visto que ela não apresenta uma referência. 67© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Os exames de TC são comumente utilizados para avaliação articular; neles, são investigados sinais de degeneração articular. Dentre os sinais mais comuns, temos a redução do espaço articular, presença de osteófitos, esclerose do osso subcondral e irregularidades na superfície articular (BARROS FILHO, CAMARGO e CAMANHO, 2012a; BARROS FILHO, CAMARGO e CAMANHO, 2012b). Figura 7 Exame de TC, corte coronal, avaliação das articulações sacroilíacas. A imagem da esquerda demonstra articulações íntegras, sem alterações, com espaços articulares preservados e boa densidade óssea. A imagem da direita demonstra articulações sacroilíacas com sinais de degeneração, esclerose do osso subcondral e irregularidade das superfícies articulares. Figura 8 Exame de TC da coluna lombar, corte transversal e uso de contraste em ambas. A imagem da esquerda demonstra estruturas íntegras e sem alterações. À direita, é possível observar uma hérnia de disco, a partir de uma posteriorização do disco intervertebral e compressão medular. 68 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Por fim, as TCs são muito utilizadas para avaliação óssea; por elas, é possível observar, inclusive, fraturas, conforme imagem a seguir (BARROS FILHO, CAMARGO e CAMANHO, 2012a; BARROS FILHO, CAMARGO e CAMANHO, 2012b). Figura 9 Exame de TC, corte transversal, apontando uma fratura na região posterior da vértebra lombar. Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.1. para compreender melhor os conceitos estudados. 3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados. 69© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 3.1. tomografia computadorizada (tc) A tomografia computadorizada é um exame muito semelhante à radiografia, tendo como vantagens a reconstrução em 3D e a maior quantidade de detalhes que o exame fornece. Por outro lado, assim como as radiografias, a emissão de raios x representa uma das principais desvantagens da técnica. Neste material, fizemos uma abordagem geral sobre as possibilidades de utilização das radiografias, assim como sua análise e interpretação. Por essa razão, é necessário que você busque materiais mais específicos de acordo com sua necessidade. Com esse objetivo, seguem algumas sugestões de leitura que deverão auxiliá-lo a aprofundar seu conhecimento sobre o assunto. • CORREIA, J. H. Tomografia computadorizada quantitativa no diagnóstico da osteoporose. Dissertação de mestrado na Universidade do Minho. Disponível em: <http:// repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/23413>. Acesso em: 4 nov. 2014. • MATSUSHIGUE, T. et al. A tomografia computadorizada e sua reconstrução 3D aumentam a reprodutibilidade das classificações das fraturas da extremidade proximal do úmero? Disponível em: <http://www.sciencedirect. com/science/article/pii/S0102361614000447>. Acesso em: 4 nov. 2014. • MINHA VIDA. Tomografia: saiba como funciona o exame de imagem. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=fx_kaHguMz0>. Acesso em: 4 nov. 2014. 70 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 1) A tomografia computadorizada apresenta diversas vantagens e é indicada para grande parte dos pacientes. Entretanto, em algumas situações específicas, a TC não pode ser realizada, ou seja, está contraindicada. Assinale a alternativa que não corresponde a uma contraindicação (relativa ou absoluta) da TC. a) Mulheres grávidas. b) Pessoas claustrofóbicas. c) Evitar em crianças e adolescentes. d) Mulheres pós-menopausa. e) Exames sucessivos. 2) Os exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética permitem a análise da imagem por meio de cortes feitos no tecido, possibilitando a interpretação da imagem pelo seu aspecto espacial. Por outro lado, a TC apresenta uma grande desvantagem em relação à RM, que é: a) Precisão de detalhes dos ossos. b) Tempo de execução. c) Radiação ionizante (raios x). d) Contraste. e) Custo do exame. 3) Assinale a alternativa que responde corretamente os questionamentos referentes ao exame de imagem a seguir. 71© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA qual é o exame? qual o corte utilizado no exame? a) Ultrassonografia, corte sagital. b) Ressonância magnética, corte sagital. c) Ressonância magnética, corte coronal. d) Tomografia computadorizada, corte sagital. e) Tomografia computadorizada, corte coronal. 4) Assinale a alternativa que responde corretamente os questionamentos referentes ao exame de imagem a seguir. 72 © DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA qual é esse exame? quais estruturas podem ser observadas? a) Ultrassonografia, ossos do carpo/rádio e ulna distal/base do 1° e 5° metacarpo. b) Tomografia computadorizada, ossos do carpo/rádio e ulna distal/base do 1° e 5° metacarpo. c) Ressonância magnética, ossos do carpo/rádio e ulna distal/base do 1° e 5° metacarpo. d) Ressonância magnética, ossos do tarso/navicular e cuboide/ cuneiformes. e) Tomografia computadorizada, ossos do tarso/navicular e cuboide/ cuneiformes. 5) Assinale a alternativa que responde corretamente os questionamentos referentes ao exame de imagem a seguir. 73© DIAGNÓSTICO POR IMAGEM UNIDADE 2 – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA qual é o exame? qual o corte utilizado no exame? qual lesão pode ser identificada? a) Tomografia computadorizada, corte transversal, diminuição do espaço articular patelar lateral e sinais de degeneração. b) Ressonância magnética, corte transversal, diminuição do espaço articular lateral. c) Tomografia computadorizada, corte coronal, diminuição do espaço articular medial. d) Ressonância magnética, corte sagital, diminuição do espaço articular lateral. e) Tomografia computadorizada, corte sagital, diminuição do espaço articular
Compartilhar