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U N O PA R A N Á LISE D A S D EM O N STRA ÇÕ ES FIN A N C EIRA S Análise das Demonstrações Financeiras Leuter Duarte Cardoso Junior Jair Galerani Sebastião de Oliveira Análise das Demonstrações Financeiras Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Cardoso Junior, Leuter Duarte ISBN 978-85-8482-315-4 1. Análise econômico-financeira. 2. Administração financeira. 3. Balanço (Contabilidade). I. Galerani, Jair. II. Oliveira, Sebastião de. III. Título. CDD 657.45 Cardoso Junior, Jair Galerani, Sebastião de Oliveira. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 248 p. C268a Análise das demonstrações financeiras / Leuter Duarte © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Gerente Sênior de Editoração e Disponibilização de Material Didático: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Coordenação de Produção: André Augusto de Andrade Ramos Coordenação de Disponibilização: Daniel Roggeri Rosa Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 | Introdução às informações financeiras e contábeis Seção 1.1 - A função financeira 1.1.1 | A gestão financeira e a contabilidade 1.1.2 | As principais funções da administração financeira 1.1.3 | As três áreas de decisões financeiras 1.1.4 | A dinâmica das decisões financeiras 1.1.5 | A contabilidade é ferramenta indispensável nos negócios 1.1.6 | Aspectos básicos e a importância da contabilidade 1.1.7 | Diferenças entre o princípio de competência e o regime de caixa Seção 1.2 - Demonstrações contábeis e financeiras 1.2.1 | O balanço patrimonial 1.2.1.1 | Ativo 1.2.1.1.1 | Ativo circulante (curto prazo) 1.2.1.2 | Ativo não circulante (longo prazo) 1.2.1.2.1 | Realizável a longo prazo 1.2.1.2.2 | Investimentos 1.2.1.2.3 | Imobilizado 1.2.1.3 | Passivo 1.2.1.3.1 | Passivo circulante 1.2.1.3.2 | Passivo não circulante 1.2.1.4 | Patrimônio líquido 1.2.1.4.1 | Capital Social 1.2.1.4.2 | Capital realizado ou integralizado 1.2.1.4.3 | Reservas de capital 1.2.1.4.4 | Ajustes de avaliação patrimonial 1.2.1.4.5 | Reservas de lucros 1.2.1.4.6 | Reserva legal 1.2.1.4.7 | Reservas estatutárias 1.2.1.4.8 | Reservas para contingências 1.2.1.4.9 | Reservas de lucro a realizar 1.2.1.4.10 | Reserva de lucros para expansão 1.2.1.4.11 | Reservas de incentivos fiscais 11 15 15 16 17 17 18 19 20 25 26 29 30 31 31 32 32 40 40 42 43 43 43 44 44 44 44 45 45 45 45 45 1.2.1.4.12 | Reserva para dividendos obrigatórios não distribuídos 1.2.1.4.13 | Ações em tesouraria 1.2.1.4.14 | Prejuízos acumulados 1.2.1.5 | Forma de apresentação do balanço patrimonial 1.2.1.6 | Considerações finais com relação ao balanço patrimonial 1.2.2 | Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 1.2.2.1 | Receitas 1.2.2.1.1 | Receita operacional bruta 1.2.2.1.2 | Deduções das receitas 1.2.2.1.3 | Receita operacional líquida 1.2.2.1.4 | Custos e despesas 1.2.2.1.5 | Resultado bruto 1.2.2.1.6 | Resultado operacional antes do imposto de rendas 1.2.2.1.7 | Provisão para imposto de renda 1.2.2.1.8 | Participação dos empregados e administradores nos resultados 1.2.2.1.9 | Incentivos fiscais 1.2.2.1.10 | Resultado (lucro/prejuízo) líquido do exercício 1.2.2.1.11 | Dividendos 1.2.2.1.12 | O lucro por ação 1.2.2.1.13 | Apresentação da DRE 1.2.2.2 | Demonstração do resultado abrangente (DRA) 1.2.2.3 | Considerações finais 1.2.3. | Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) e Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) 1.2.3.1 | Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) 1.2.3.1.1 | Acréscimos no patrimônio líquido 1.2.3.1.2 | Decréscimos no patrimônio líquido 1.2.3.1.3 | Manutenção do Patrimônio líquido 1.2.3.1.4 | Forma de apresentação da DMPL 1.2.3.2 | Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) 1.2.3.3 | Forma de apresentação da DLPA 1.2.3.4 | Considerações finais 1.2.4 | Demonstrações dos fluxos de caixa (DFC) 1.2.4.1 | Relevância da demonstração dos fluxos de caixa (DFC) 1.2.4.2 | Elaboração da DFC histórico 1.2.4.2.1 | As transações que afetam o caixa 1.2.4.2.2 | Transações que não afetam o caixa (provisões contábeis e consumo de estoque) 1.2.4.2.3 | Estruturas das atividades da DFC 1.2.4.2.4 | Conceito ampliado de fluxos de caixa 45 46 46 47 49 49 50 50 50 51 51 52 54 55 55 55 55 56 56 57 58 59 59 59 60 60 60 60 63 63 63 64 64 64 65 65 66 66 1.2.4.2.5 | Métodos de elaboração dos fluxos de caixa histórico (DFC) 1.2.4.2.6 | Vantagens e desvantagens entre os métodos 1.2.4.2.7 | Fluxos de caixa projetado 1.2.4.2.8 | Considerações finais Unidade 2 | Análise financeira e econômica Seção 2.1 - Relatório do Conselho de Administração 2.1.1 | Constituição do Relatório do Conselho de Administração 2.1.2 | Notas Explicativas 2.1.2.1 | Modelo de nota explicativa 2.1.3 | Relatório de Diretoria 2.1.4 | Demonstração do valor adicionado (DVA) (somente para capital aberto) 2.1.5 | Parecer dos Auditores Independentes 2.1.6 | Parecer do Conselho Fiscal Seção 2.2 - Análise das demonstrações financeiras 2.2.1 | Os usuários da Análise das Demonstrações Financeiras 2.2.2 | A contabilidade: fonte de informação para realização da análise 2.2.3 | Comparação dos índices com padrões 2.2.4 | Análise vertical 2.2.4.1 | Balanços Patrimoniais da empresa Deten Química S.A. – em 31 de dezembro de 2013 e 2014 (milhares de reais) 2.2.4.2 | Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da empresa Deten Química S.A. – em 31 de dezembro de 2013 e 2014 (milhares de reais) 2.2.4.2.1 | Interpretação básica da análise vertical da DRE 2.2.5 | Análise horizontal 2.2.5.1 | Balanços patrimoniais da empresa Deten Química S.A. – em 31 de dezembro de 2013 e 2014 (milhares de reais) 2.2.5.1.1 | Interpretação básica da análise horizontal do balanço patrimonial 2.2.5.2 | Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da empresa Deten Química S.A. – em 31 de dezembro de 2013 e 2014 (milhares de reais) 2.2.5.2.1 | Interpretação básica da análise horizontal da DRE 2.2.6 | Indicadores econômico-financeiros 2.2.6.1 | Indicadores de liquidez 2.2.6.1.1 | Indicador de liquidez geral 2.2.6.1.2 | Indicador de liquidez corrente 2.2.6.1.3 | Indicador de liquidez seca 2.2.6.1.4 | Indicador de liquidez imediata 83 87 87 89 91 92 94 95 98 101 101 102 102 103 104 106 107 107 108 110 111 111 112 113 113 114 115 115 67 70 70 71 2.2.6.2 | Indicadores operacionais ou produtividade 2.2.6.2.1 | Cálculo do prazo médio de renovação de estoques (PMRE) 2.2.6.2.2 | Cálculo do prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) 2.2.6.2.3 | Cálculo do prazo médiode pagamento dos fornecedores (PMPF) 2.2.6.2.4 | Cálculo do ciclo operacional (CO) 2.2.6.2.5 | Cálculo do ciclo financeiro (CF) 2.2.6.3 | Indicadores de giro 2.2.6.3.1 | Giro de caixa (GC) 2.2.6.3.2 | O capital circulante ou capital de giro (CDG) 2.2.6.3.3 | Capital de giro líquido (CDGL) 2.2.6.3.4 | Necessidade de capital de giro líquido (NGL) 2.2.6.3.5 | Cálculo de saldo de tesouraria 2.2.6.3.6 | Efeito tesoura (EFT) 2.2.6.4 | Indicadores econômicos 2.2.6.4.1 | Indicadores da estrutura patrimonial 2.2.6.4.2 | Indicadores de Rentabilidade 2.2.6.5 | Indicador de mercado Unidade 3 | Análise do modelo DuPont e Ebitda Seção 3.1 - Modelo DuPont 3.1.1 | Histórico do Modelo DuPont 3.1.1.1 | Introdução ao Modelo DuPont 3.1.2 | Análise da Decomposição do Modelo DuPont 3.1.3 | Análise do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) 3.1.4 | Análise do Retorno sobre Ativo (ROA) 3.1.5 | Margem Líquida 3.1.6 | Giro Ativo 3.1.7 | Alavancagem Financeira 3.1.8 | Análise Econômica e Financeira utilizando Modelo DuPont Seção 3.2 - Ebitda (Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization) 3.2.1 Análise do Ebitda (Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization) – ou Lajida (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) 3.2.2 | Demonstração do Fluxo de Caixa para Análise do Ebitda 3.2.3 | Conta Caixa 3.2.3.1 | Equivalente de Caixa 3.2.3.2 | Evidenciação do Equivalente de Caixa nas NE 147 151 151 151 154 154 157 158 159 160 163 168 168 168 169 116 116 117 117 118 120 121 121 122 123 124 126 127 129 129 132 137 165 165 3.2.4 | Comparativo Fluxo de Caixa Operacional e Ebitda 3.2.5 | Demonstração do Ebitda 3.2.6 | Vantagens e limitações do Ebitda 3.2.7 | Análise do Lucro antes dos juros imposto de renda depreciação e amortização (Lajida) 3.2.8 | Relação Ebitda e EVA Unidade 4 | Análise pela Técnica do Economic Value Added – EVA® Seção 4.1 - Introdução e análise da técnica do Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.1.1 | Introdução ao Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.1.2 | Análise do Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.1.2.1 | Método de Cálculo do Valor Econômico Agregado EVA® 4.1.3 | Método Secundário para Cálculo do EVA® 4.1.4 | Exemplos com o Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.1.4.1 | Exemplo “A”: Cálculo do Valor Econômico Agregado 4.1.4.2 | Exemplo B: Método Secundário para o Cálculo do EVA® 4.1.4.2.1 | Custo das fontes de Capital (WACC) 4.1.4.3 | Exemplo de Conflito: Valor versus Lucro Seção 4.2 - Caso Prático com aplicação do Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.2.1 | Introdução à Seção 4.2.2 | Estudo de Caso: Aplicação do Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.2.2.1 | Cálculo do Valor Econômico Agregado (EVA®) 4.2.3 | Cálculo do MVA® (Market Value Added) para o Estudo de Caso 4.2.3.1 | Introdução ao MVA 4.2.3.2 | Fundamentos do MVA® 4.2.3.3 | Cálculo do MVA 195 199 200 203 203 208 209 209 214 215 217 219 219 219 224 227 228 229 231 173 175 180 182 185 Apresentação As economias de mercado estão cada vez mais competitivas e globalizadas e este fato faz com que as organizações tenham métodos, técnicas, instrumentos e estratégias para que possam ser economicamente viáveis bem como competitivas frente aos seus concorrentes no mercado. Por esta razão, é preciso ter instrumentos e métodos financeiros que possam garantir a eficiência e competitividade das organizações. Este livro terá como proposta de estudos compreender as principais análises sobre as demonstrações financeiras e contábeis e, também, estudar algumas técnicas e modelos que podem ser aplicados para analisar o desempenho financeiro e econômico das organizações. Deste modo, a estrutura deste livro será composta de quatro unidades, sendo a primeira sobre as informações financeiras e contábeis, a segunda o estudo dos índices financeiros e econômicos (análise financeira e econômica), na terceira o estudo do Ebitda e modelo DuPont e, por fim, na unidade quatro a técnica do EVA®. Na primeira unidade a maior proposta está em compreender as principais informações que estão em uma demonstração de resultados e balanço patrimonial. Por conseguinte, na unidade dois, o objetivo está em estudar os principais índices financeiros que podem ser aplicados sobre as demonstrações contábeis e financeiras. Assim sendo, com estas unidades pode-se entender um pouco da situação financeira econômica de uma empresa. Na sequência do livro temos a unidade três que tem como foco de estudos o Ebitda que é uma análise do desempenho operacional de uma organização e logo depois, o estudo do modelo DuPont que visa analisar o retorno do ativo e patrimônio líquido. Por fim, a unidade quatro tem por missão estudar EVA® que é uma técnica que verifica os ganhos de riquezas sobre o capital investido nas atividades operacionais da organização. Unidade 1 INTRODUÇÃO ÀS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E CONTÁBEIS Objetivos de aprendizagem: Esta unidade tem como objetivo levar você a estudar a disciplina de Análise das Demonstrações Financeiras para pessoas leigas em finanças; também nesta unidade você será levado a estudar sobre os conceitos básicos de contabilidade e gestão financeira e compreender as demonstrações contábeis e financeiras. Jair Galerani Esta seção terá por objetivo apresentar os conceitos de contabilidade, uma vez que a atividade financeira requer acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como, proceder aos ajustes e correções necessários. Assim, no exercício de suas funções, o gestor financeiro precisa ter conhecimentos essenciais de contabilidade para gerir as suas atividades. Nesta seção serão mostrados os lançamentos das contas do plano de contas, como são elaboradas as demonstrações financeiras e os demonstrativos que agrupam informações contábeis conforme as exigências legais, tributária, societária e gerencial. Seção 1.1 | A Função Financeira Seção 1.2 | Demonstrações contábeis e financeiras Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 12 Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 13 Introdução à unidade Você, como gestor financeiro, também tem a função de buscar resultados financeiros e demonstrar estes resultados das operações da empresa à alta direção, de modo que esta possa saber como os fundos disponíveis estão sendo utilizados e aplicados e tomar futuras decisões. Você já pensou quais seriam as informações que iria levar à alta direção da organização para uma tomada de decisões, podendo ser essas decisões internas ou externas? Um bom gestor deve ter informações para uso interno sobre a empresa onde se refere, o volume de vendas, preços cobrados, posição de contas a receber, contas a pagar, acompanhamento da evolução de receitas e despesas, situação das dívidas contraídas, necessidades de recursos, situação de liquidez e rentabilidade, etc., sendo estes os assuntos que trataremos nas seções. Como gestor financeiro, você já pensou quais seriam os recursos que iria utilizar para alavancar a situação da liquidez e a rentabilidade da organização? Como gestor financeiro você não pode deixar de buscar as informações para uso externo (uso de terceiros), que se referem à análise feita por pessoas do mundo dos negócios ou de organizações que realizam transações com a empresa e que precisam medir e avaliar sua situação geral ou analisar sua liquidez, rentabilidade, eficiência operacional, ou mesmo seu endividamento. São bancos ou instituições financeiras (que fornecem recursos financeiros, através de empréstimos ou financiamento),investidores (pessoas físicas ou jurídicas que pretendem adquirir ações da empresa), concorrentes (que desejam comparar sua situação com a empresa). São variados os grupos de interesse que constantemente procuram analisar o desempenho da empresa através de análises das demonstrações financeiras. Ao utilizar as demonstrações financeiras você proporcionará uma medida relativa do desempenho da empresa e permitirá comparações com exercícios anteriores, como também com outras empresas do mesmo porte e ramo no mercado, permitindo avaliar os padrões históricos da própria empresa ao longo de suas operações, como também fazer previsões a respeito de suas futuras operações. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 14 Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 15 Seção 1.1 A Função Financeira Ao tratarmos de função financeira não devemos deixar de lembrar que esta trata de estudos para administrar os recursos, desta forma ela abrange as finanças de várias instituições, das quais podemos englobar: o governo, o funcionamento do mercado financeiro de um país, o mercado internacional ou pessoais. 1.1.1 A gestão financeira e a contabilidade Para realizar a função financeira é muito importante o conhecimento dos conceitos básicos de contabilidade, uma vez que, a atividade financeira requer acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como, proceder aos ajustes e correções necessários (ASSAF NETO; SILVA, 1995). Portanto, no exercício de suas funções, o gestor financeiro precisa de conhecimentos essenciais de contabilidade para gerir as suas atividades, buscando o melhor e o mais rigoroso controle econômico-financeiro. A função financeira e a função contábil dentro de uma empresa são bem parecidas. Embora haja relação íntima entre essas funções, a função contábil é um insumo necessário à função financeira, isto é, uma subfunção da administração financeira. Esta visão está de acordo com a organização das atividades de uma empresa em áreas de negócios: marketing, produção, logística, finanças e gestão de pessoas. Em geral, considera-se que na empresa a função contábil deve ser controlada pela gestão financeira. Existem duas diferenças básicas entre a administração financeira e a contabilidade: uma refere-se ao tratamento dos recursos financeiros A contabilidade é a língua dos negócios. Warren Buffet Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 16 e a outra, à tomada de decisão. Ao gestor financeiro cabe a preocupação com o desempenho da função financeira do empreendimento usando do conhecimento básico de contabilidade já que a maioria das decisões financeiras precisam ser de algum modo, medidas em termos financeiros e isso geralmente passa pelos relatórios financeiros contábeis. 1.1.2 As principais funções da administração financeira A importância da função financeira na empresa depende muito de seu porte. Em grandes e médias empresas, ela pode ser realizada por um departamento; em empresas de pequeno porte, pelo contador ou pelo próprio proprietário. O quadro abaixo ilustra as principais funções da administração financeira, agrupadas em duas grandes áreas: tesouraria e controladoria. No Brasil, de um modo geral, as funções de tesouraria são exercidas pelo gerente financeiro, e as funções de controladoria são exercidas pelo controller (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2015). Como se pode ver o gestor financeiro é responsável pela coordenação das funções de tesouraria e de controladoria o que exige um mínimo de conhecimento de contabilidade, até porque o gestor financeiro pode precisar contratar um profissional da área de contabilidade e precisa saber avaliar os conhecimentos apresentados pelos candidatos. “A única certeza que temos, e sobre a qual se pode tirar conclusões, diz respeito aos números da economia. E, nesse caso, se a economia é incerta, a contabilidade não mente”. Antoninho Marmo Trevisan Quadro 1.1 | Principais funções financeiras Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015, p. 5). Tesouraria Controladoria Gestão de caixa Gestão de crédito e contas a receber Gestão de risco Gestão financeira de estoques Planejamento e controle financeiro Negociação com bancos Gestão contábil Gestão de custos Gestão orçamentaria Gestão de preços Gestão tributária Auditoria interna Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 17 1.1.3 As três áreas de decisões financeiras Cabe ao administrador financeiro maximizar a riqueza dos acionistas nos seguintes aspectos: perspectiva de longo prazo; valorização do dinheiro no tempo; retorno do capital próprio; análise de risco e política de distribuição de resultados. E para maximizar essa riqueza, o gestor financeiro deve se ater em três áreas de decisões financeiras: decisões de investimentos, decisões de financiamentos e destinação dos lucros (SILVA, 2014). 1.1.4 A dinâmica das decisões financeiras As decisões de investimentos, financiamentos e distribuição de lucros acontecem por meio das seguintes dinâmicas: planejamento financeiro: onde obter e como alocar os recursos; controle financeiro: analisar e corrigir os desvios entre o previsto e o realizado; administração de ativos: melhor estrutura dos investimentos em termos de risco e retorno; e objetivo da empresa: maximização do valor da empresa que é obtido por meio das decisões de investimentos e financiamentos. E para acompanhar as decisões financeiras o gestor financeiro utiliza-se dos elementos da análise financeira e econômica. A análise econômica refere- se à análise do lucro/prejuízo que resulta na variação do patrimônio líquido dos Quadro 1.2 | As três áreas de decisões financeiras Fonte: Silva (2014, p. 15). ATIVO PASSIVO Decisões de investimento Aplicação de recursos Decisões de financiamento Captação de recursos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Decisões de lucros Financiamento das atividades Quando você houve dizer que a empresa está com a saúde financeira abalada, significa que há problema na gestão de seu conjunto de bens, direitos ou obrigações. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 18 acionistas. O principal objetivo da empresa é econômico. A análise financeira refere-se à análise da capacidade da empresa em honrar seus compromissos. Trata-se da análise de liquidez (SILVA, 2014). 1.1.5 A contabilidade é ferramenta indispensável nos negócios Contadores, administradores e responsáveis pela gestão de empresas há muito tempo se convenceram de que as informações contábeis vão além do simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e legais. Em síntese, a contabilidade gerencial é a utilização dos registros e controles contábeis com o objetivo de gerir uma empresa, considerando a gestão um processo amplo e complexo. A contabilidade gerencial, de acordo com Crepaldi (2011), não cria os dados, e sim, fundamenta-os em controles contábeis e outros fatos que influenciam o patrimônio empresarial. Para fins gerenciais podem-se destacar exemplos da utilização da contabilidade, como: projeção do fluxo de caixa, elaboração e acompanhamento orçamentário, planejamento tributário e societário, cálculo do ponto de equilíbrio, acompanhamento das inadimplências, determinação de custos-padrão, apuração da margem de contribuição por segmento de negócios, acompanhamento da evolução das receitas e despesas, relatórios para fins de operações bancárias, etc. Como se pode notar, o conhecimento financeiro aliado ao conhecimento contábil auxilia o entendimento da estrutura das demonstrações financeiras, no planejamento financeiro, no controle financeiro, na gestão de ativos, nas análises econômico-financeiras, nos relatórios gerenciais, na solução de problemas e nas tomadas de decisão.Portanto, o gestor financeiro no exercício da função precisa conhecer o essencial de contabilidade, para entender os relatórios internos de outras áreas da organização, bem como relatórios externos de organizações, como, por exemplo, indicadores econômicos, relatórios de associações patronais, relatórios de sindicatos, relatórios de concorrentes, de fornecedores, de instituições financeiras, etc. Quem não tem informação, não sabe para onde vai e nem se vai chegar. Tem mais sorte do que juízo! Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 19 Concluindo, o gestor financeiro terá dificuldades para exercer a função sem uma compreensão dos princípios e práticas da administração financeira. Para melhor entender a importância da administração financeira no mundo dos negócios, é importante ter conhecimento de várias disciplinas, principalmente de contabilidade, economia, matemática, estatística, ciência da computação, entre outras (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2015). 1.1.6 Aspectos básicos e a importância da contabilidade A contabilidade como uma área dinâmica tem passado por transformações. Conforme Santos (2014) os países buscam a harmonização contábil internacional e esse fato impacta em mudanças legais, como, por exemplo, as alterações ocorridas através das Leis nos 11.638/2007 e 11.941/2009 que trouxeram grandes modificações na contabilidade, na estrutura das demonstrações contábeis, com a substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) pela demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e obrigatoriedade da demonstração do valor adicionado (DVA) para as empresas de capital aberto ou de grande porte, com alterações importantes no plano de contas, ainda, as Resoluções CFC nos 1.255/2009, 1.285/1990 e 1.418/2012, que orientam sobre a contabilidade para pequenas e médias empresas. Pode-se dizer que contabilidade é um banco de informações. Supre as pessoas físicas e jurídicas interessadas em saber a situação econômica e financeira de uma empresa em um determinado momento. O seu objetivo principal é prover aos usuários com informações necessárias para tomada de decisão, daí a importância de haver qualidade na informação. As informações contábeis não são limitadas A Lei nº 11.638/2007 atualiza as regras contábeis brasileiras para a sua conversão ao padrão internacional e apresenta duas novas demonstrações fundamentais nos processos decisórios: o fluxo de caixa e o valor adicionado. Por sua vez, a Lei nº 11.941/2009 trouxe várias modificações relativas aos aspectos contábeis. Para melhores informações sobre o tema, pesquisar <http://www.cvm.gov.br> e sobre as normas brasileiras de contabilidade <http://www.cfc.org.br> (Resoluções). Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 20 apenas ao balanço e ao demonstrativo de resultado, ela fornece um fluxo de informações contínuo sobre os mais diversos fatores da gestão econômico- financeira da empresa (SILVA, 2014). A contabilidade realiza os registros de todas as transações monetárias de uma empresa. Esses registros disponibilizam dados e informações sobre a posição econômico-financeira da empresa. E para atingir seus propósitos, a contabilidade é regulamentada por leis para que haja uniformidade, possibilitando análise comparativa com outras empresas. O administrador financeiro que souber usar as informações contábeis tem uma poderosa ferramenta, o que permite tomar decisões com mais segurança em relação ao futuro. 1.1.7 Diferenças entre o princípio de competência e o regime de caixa A contabilidade segue a prática de considerar as receitas e despesas sob um regime de reconhecimento denominado “princípio de competência”, também chamado de regime de competência e econômico. Quer dizer que as receitas, custos e despesas devem ser reconhecidos no período em que ocorreu o fato gerador, independentemente do efetivo pagamento das despesas ou custos e dos recebimentos ou receitas. Exemplo, uma venda que gerou uma receita deve ser registrada na contabilidade, independentemente de ter sido ou não paga (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2015). Por sua vez, “o regime de caixa ou financeiro” considera os valores quando são efetivamente recebidos ou pagos, ou seja, quando há entrada e saída de dinheiro do caixa. A tendência é que o regime de caixa seja o que recebe maior atenção da gestão financeira das empresas. Ele é utilizado na projeção do fluxo de caixa. O exemplo abaixo mostra a diferença entre o regime de competência e o regime de caixa. Na hora de tomar decisão o bom gestor sempre terá ao seu lado um contabilista com informações fresquinhas. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 21 É importante saber a diferença entre os dois regimes, pelo fato de que, muitas vezes, a empresa pode estar gerando lucro, em dado momento, e tendo dificuldades em pagar seus compromissos, justamente porque sempre existe um descompasso entre a efetiva realização das entradas das receitas e saídas de caixa. Portanto, é importante acompanhar o demonstrativo de resultados (DRE) e o fluxo financeiro (fluxo de caixa) de entradas e saídas de recursos do caixa. A empresa XTUDO realizou vendas no período no valor de R$ 180.000,00 nas seguintes condições de recebimentos: R$ 60.000,00 à vista, R$ 60.000,00 com 30 dias e R$ 60.000,00 com 60 dias. Para fabricar, a empresa gastou com materiais R$ 108.000,00 nas seguintes condições de pagamentos: R$ 36.000,00 à vista, R$ 36.000,00 com 30 dias e R$ 36.000,00 com 90 dias, ainda, gastou com mão de obra de fabricação R$ 22.200,00 com pagamento para 30 dias e com vendas e distribuição R$ 12.000,00 com pagamento para 30 dias. Regime de Competência (DRE) Receitas de vendas Custo com fabricação Despesas com vendas LUCRO DO PERÍODO 180.000,00 (130.200,00) (12.000,00) 37.800,00 Regime de Caixa Itens do fluxo de caixa À vista 30 dias 60 dias Recebimentos Pagamento de materiais Pagamento de mão de obra de fabricação Pagamento de despesas de vendas e distribuição SUPERÁVIT DE CAIXA 60.000,00 (36.000,00) (22.200,00) (12.000,00) (10.200,00) 60.000,00 (36.000,00) 24.000,00 60.000,00 (36.000,00) 24.000,00 Quadro 1.3 | Diferença entre o regime de competência e de caixa Fonte: O autor (2015). Você já pensou como a contabilidade pode ajudar o gestor financeiro na gestão da empresa? 1. O propósito de cada empresa é o de maximizar a riqueza Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 22 de seus donos ou acionistas, e as decisões financeiras são voltadas para o aumento do valor de mercado da empresa, que equivale ao objetivo básico dos proprietários. Assim, o administrador financeiro deve considerar como meta para maximizar as riquezas dos acionistas os aspectos da valorização do dinheiro no tempo; retorno de capital próprio; análise de risco e política de distribuição de dividendos. Para atingir o objetivo de maximizar o valor da empresa, o administrador financeiro, deve se ater em algumas decisões importantes. Assinale a questão que corresponde a essas decisões: a) Decisões de investimentos, financiamentos e destinação dos lucros. b) Decisões de faturamento, funcionamento e Investimento. c) Decisões de investimento, funcionamento e orçamento. d) Decisões de funcionamento, financiamento e produtividade. e) Decisões de lucros, faturamento e orçamento. 2. Para acompanhar as decisões financeiras o gestor financeiro utiliza-se dos elementos da análise financeira e econômica. As decisões de investimentos, financiamentos e distribuição de lucros acontecem por meio de dinâmicas que se referem aonde obter e como alocar recursos, análise e correção de desvios entre o previsto e o realizado e a melhor estrutura dos investimentos em termo de risco e retorno. Essas decisões acontecempor meio de uma dinâmica. Assinale a resposta a que corresponde à dinâmica narrada no texto: a) Planejamento de dívidas, controle de investimento e gestão de passivos. b) Planejamento financeiro, controle financeiro e administração de ativos. c) Planejamento de produção, controle de produção e Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 23 gestão de passivos. d) Administração da produção, orçamento e controle de custos. e) Controle de fluxo de caixa, administração de patrimônio e passivos. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 24 Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 25 Seção 1.2 Demonstrações contábeis e financeiras A partir dos lançamentos nas contas do plano de contas, são elaboradas, periodicamente, as demonstrações financeiras – demonstrativos que agrupam informações contábeis conforme as exigências legais, tributária, societária e gerencial. Com a globalização da economia, foi preciso estabelecer padrões contábeis para que uma demonstração financeira elaborada no Brasil pudesse ser lida, compreendida e incorporada a outras demonstrações financeiras de empresas em outros países. Do ponto de vista legal, as demonstrações financeiras são reguladas pela Lei nº 11.638/2007, cujo texto e regulamentações complementares podem ser encontrados no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 21 set. 2015). No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a NBC T.3, “Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das Demonstrações Contábeis”, em que descreve em detalhes a forma de apresentação dessas demonstrações, adaptada ao padrão internacional (Disponível em: <http://www.cfc.org.br>. Acesso em: 21 set. 2015 – Resoluções). Pode-se dizer que o objetivo básico das demonstrações contábeis e financeira é fornecer informações confiáveis para uso na gestão das atividades e na adequada avaliação dos resultados das organizações. Com relação aos objetivos das demonstrações financeiras, conforme o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Resolução nº 1.285/2010, é oferecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e os fluxos da entidade, que seja útil para a tomada de decisão pelos usuários que não estão em posição de exigir relatórios para atender suas necessidades particulares de informação. A contabilidade é reconhecida pelas legislações comercial e fiscal, portanto, existem relatórios elaborados pelas empresas cuja divulgação é obrigatória, seja para público externo ou para órgão de fiscalização. Esses relatórios contêm informações de caráter econômico-financeiro. Os relatórios cuja divulgação não é obrigatória são os relatórios gerenciais e têm por objetivo atender as necessidades do corpo gerencial. As elaborações desses relatórios não estão atreladas à legislação fiscal, societária, ou de órgãos que regulam atividades fins das empresas (SILVA, 2014). Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 26 A Lei nº 11.638/2007 substituiu a demonstração contábil DOAR pela DFC e determinou importantes modificações nas práticas contábeis e administrativas das empresas brasileiras em consonância às práticas internacionais. O quadro abaixo apresenta uma síntese das demonstrações contábeis exigidas legalmente, por situação e natureza empresarial. Em alguns casos, são ainda necessários outros relatórios, como, por exemplo, relatório do Conselho de Administração ou Diretoria, parecer do Conselho Fiscal e parecer dos Auditores Independentes (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2015). 1.2.1 O balanço patrimonial A expressão balanço patrimonial é originária do conceito de balança, que significa igualdade, equilíbrio patrimonial. Essa demonstração da posição econômica e financeira reflete, a intervalos regulares, o resumo dos recursos obtidos e aplicados de uma empresa, em determinada data. Demonstrações PMEs Empresas em geral Sociedade de capital aberto S.A Balanço Patrimonial (BP) Obrigatório Obrigatório Obrigatório Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Obrigatório Obrigatório Obrigatório Demonstração de Resultado Abrangente (DRA) Pode ser substituída pela DLPA Obrigatório Obrigatório Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Facultativo Pode ser substituída pela DMPL Pode ser substituída pela DMPL Demonstração das Mutações do Patrimô- nio Líquido (DMPL) Pode ser substituída pela DLPA Obrigatório Obrigatório Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) Obrigatório para PL maior que R$ 2.000.000,00 Obrigatório Obrigatório Demonstração do Val- or Adicionado (DVA) Facultativo Facultativo Obrigatório Notas explicativas Obrigatório Obrigatório Obrigatório Quadro 1.4 | Demonstrações contábeis exigidas legalmente, por situação e natureza empresarial Fonte: Costa Filho (2013, p. 21). Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 27 O balanço patrimonial mostra a posição financeira e patrimonial da empresa numa determinada data, normalmente em 31 de dezembro, como se fosse uma fotografia da situação econômico-financeira naquela data. Patrimônio de uma empresa é o conjunto de bens, direitos e obrigações (TREVISAN, 2012). A estrutura do balanço patrimonial, conforme Camargo (2007), é composta de duas colunas: a da esquerda corresponde ao ativo (bens e direitos da empresa) e a da direita se refere ao passivo (obrigações) e o patrimônio líquido (capital próprio), sendo a escrituração contábil realizada pelo sistema das partidas dobradas, ou seja, os valores do ativo se originam do passivo e do patrimônio líquido. Os recursos aplicados no ativo se dividem em bens e direitos. Considera-se bens de uso as instalações, imóveis, veículos, máquinas, equipamentos, dinheiro, estoques, etc., e os direitos referem-se aos valores que a empresa tem a receber, como, por exemplo, título a receber, duplicatas a receber, cheques a receber, aluguel a receber, etc. Também podem ser considerados direitos, conforme Santos (2014), os gastos antecipados em despesas, que possibilitam o direito de apropriar no grupo de despesas, em virtude da apropriação pelo regime de competência, classificados em despesas pagas antecipadamente. Um exemplo para esse caso é a contratação de seguros, cuja apropriação em despesa ultrapassa de um ano para outro. Destrinchar os segredos de um balanço não é nenhum bicho de sete cabeças. Figura 1.1 | Representação gráfica do balanço patrimonial Fonte: Santos (2014, p.31). A = ATIVO P = PASSIVO PL = PATRIMÔNIO A P + PL Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 28 Os recursos aplicados no ativo podem ter duas origens: de capital de terceiros (empréstimos, investimentos, obrigações diversas a pagar) que é registrado no passivo e de capital próprio (investimento inicial dos sócios com posteriores acréscimos por lucros e novos investimentos registrado no patrimônio líquido) e também pelos decréscimos (prejuízos e saídas de sócios). No quadro abaixo é apresentado a demonstração da aplicação e origem de recursos. Portanto, o que se chama de balanço patrimonial é a descrição, em um dado momento, das fontes e das aplicações de recursos utilizadas por uma empresa. Foi convencionado chamar essas aplicações de ativos e as fontes de passivo. O total do ativo sempre será igual ao passivo total, mantendo o equilíbrio entre as origens e aplicações de recursos confirmando a expressão balanço patrimonial com o conceito de balança, que significa igualdade, equilíbrio patrimonial. O passivo total é a soma do passivo exigível e do patrimônio líquido, que representam a origem total de recursos, composta por capital de terceiros e capital próprio, conforme representação gráfica do balanço patrimonial que demonstraa situação estática em uma determinada data. Aplicação de Recursos Origens de recursos Ativo - Bens - Direito Passivo => Capital de terceiros - Dívidas - Obrigações Patrimônio Líquido => Não exigível => Capital próprio - Investimentos iniciais (integralização) - Acréscimos – lucros e capitalização Quadro 1.5 | Demonstração da aplicação e origem dos recursos Fonte: Santos (2014, p. 30). Ativo Conjunto de bens e direitos Passivo Conjunto de obrigações a pagar/Exigibilidades Patrimônio Líquido Conjunto de recursos próprios (pertencentes aos sócios) Figura 1.2 | Representação gráfica do balanço patrimonial Fonte: Santos (2014, p. 31). Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 29 Exercício social: é um período contábil, ou seja, o tempo que a empresa leva para cumprir o seu ciclo operacional. Normalmente o exercício é considerado como começando em 1º de janeiro e terminando em 31 de dezembro. Classificação de contas de curto prazo = menos que 365 dias Classificação de contas de longo prazo = mais do que 365 dias 1.2.1.1 Ativo O ativo é composto pelos bens e direitos das organizações, representando graficamente onde foram aplicados e são controlados os recursos, dos quais se esperam benefícios econômicos futuros. Tais aplicações aparecem no balanço patrimonial de forma resumida, ou seja, são representadas de forma sintética. Cada conta sintética, demonstrada no balanço, é a somatória da composição de várias contas analíticas, como, por exemplo: a conta “bancos movimento”, que pode ser o total dos saldos de várias contas bancárias existentes naquele momento. Igualmente a conta de duplicatas a receber, que é a somatória dos direitos a receber de diversos clientes, resultando das vendas a prazo, e assim por diante. O ativo é presentado na forma vertical (de cima para baixo) e a ordem de itens é dada em função de sua liquidez, ou seja, são lançados primeiro os itens que podem ser convertidos em disponibilidades mais rapidamente e que certamente terão o giro mais rápido. Bens = máquinas, prédios, estoques, veículos, valores em espécie, etc. Direitos = contas a receber, títulos a receber, impostos a recuperar, etc. Liquidez = rapidez de um bem de transformar-se em dinheiro. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 30 1.2.1.1.1. Ativo circulante (curto prazo) O ativo circulante é o primeiro grupo do ativo, além de ser o de maior liquidez, representa a realização do ciclo operacional da empresa. O ativo circulante compreende todas aquelas aplicações que apresentam disponibilidade imediata ou que serão convertidas em um período de até 12 meses (curto prazo). De acordo com Santos (2014) também fazem parte desse grupo as despesas já pagas, mas que pertencem ao exercício seguinte ao encerramento do balanço, resultado da aplicação do regime de competência. De forma objetiva, as contas que terão movimentação e realização até o final do exercício são consideradas de curto prazo, portanto, devem ser classificadas no ativo circulante. É importante observar que uma vez adotado determinado critério, este deverá permanecer, e se for alterado em algum exercício contábil deverá constar em nota explicativa. Por sua vez, o ativo circulante é composto pelas seguintes contas: a) Disponível São classificados como disponível as contas caixa, bancos, contas-correntes bancárias, aplicações de liquidez imediata, saldo em moedas estrangeiras, despesas pagas antecipadamente, etc. b) Bens e direitos de curto prazo São classificados como bens e direitos aqueles realizáveis no ano corrente e até o final do ano seguinte, como, por exemplo: • Investimentos temporários: aplicações financeiras em fundos, depósitos a prazo fixo, letras de câmbio, derivativos e recibo ou certificado de depósito bancário; • Duplicatas a receber: valores a receber provenientes das vendas a prazo de serviços ou de mercadorias, representando um direito a cobrar dos clientes; • Dividendos a receber: direitos a receber em função de participação em outras empresas; • Títulos a receber: valores a receber, normalmente relacionados às vendas não ligadas às operações normais da empresa, como, por exemplo, a venda de ativos imobilizados; • Adiantamento a terceiros: valores entregues a terceiros, normalmente relacionados à vinculação específica de fornecimento de bens ou serviços contratuais predeterminados; • Adiantamento e empréstimos a empregados: valores relacionados aos empregados, devendo existir conta específica para controle das Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 31 antecipações de férias e de 13º salários; • Tributos/impostos a compensar ou a recuperar: diante de não cumulatividade tributária, previstas na Constituição Federal, os direitos existentes de compensação relacionadas ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e Serviços de Comunicações (ICMS), ao Programa de Integração Social (PIS) e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) são aqui classificados, e, se for o caso, compensado os respectivos valores devidos; • Outros tributos a compensar: como o caso do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRF), o Imposto sobre a Renda (IR) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); • Estoques: os estoques podem ser de mercadorias, de matérias-primas, de materiais de embalagens, de escritório, manutenção, limpeza, materiais em processo (fabricação e produtos acabados), etc. É muito importante um bom sistema de controle de estoques, pois pode contribuir definitivamente para o sucesso ou insucesso das empresas. c) Despesas pagas antecipadamente Referem-se aos desembolsos de recursos, que podem afetar diversos períodos contábeis até o final do exercício seguinte, obedecendo-se ao regime de competência. Essa conta também é conhecida como “despesa do exercício seguinte”. 1.2.1.2 Ativo não circulante (longo prazo) É um grupo do ativo que se subdivide em ativo realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. No ativo não circulante são classificados os direitos a receber com data de vencimento maior que um ano e os itens utilizados nas atividades operacionais não destinados à venda, ou seja, os bens imobilizado e intangível (SOUZA, 2014). Portanto, todos aqueles ativos que não forem classificados como ativo circulante e incluírem ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de natureza de longo prazo são considerados ativo não circulante. De acordo com a Lei nº 11.941/2009, o ativo não circulante é composto pelos seguintes grupos e contas: 1.2.1.2.1 Realizável a longo prazo São classificados neste grupo de contas os direitos realizáveis com prazo de Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 32 realização superior a um ano. Assim, com exceção das disponibilidades, qualquer conta integrante do ativo circulante pode ser classificada como realizável a longo prazo, desde que o prazo de realização seja superior a um ano. Também são classificados neste grupo de contas, independentemente do prazo de realização, os valores a receber, os empréstimos e adiantamentos a sócios e diretores, a acionistas e às sociedades coligadas e controladas, e também as transações não operacionais, consideradas não habituais, como, por exemplo, a venda de um imóvel. Essa conta é subdividida em: 1.2.1.2.2 Investimentos São classificadas neste grupo de contas todas as aplicações de caráter permanente que não apresentam a intenção de conversão em numerário. São os investimentos referentes a participações voluntárias ou incentivadas, em empresas e direitos de propriedade, que não se enquadram no ativocirculante, realizável a longo prazo ou no imobilizado. São exemplos: • Participações voluntárias: são as participações em outras empresas por meio das aquisições de quotas-partes ou de ações; • Participações incentivadas: derivam de incentivos fiscais em determinadas áreas, trazendo algum tipo de benefício por parte do imposto sobre a renda; • Outros investimentos: quadros e obras de arte, terrenos para futura expansão da entidade e os imóveis alugados a terceiros. 1.2.1.2.3 Imobilizado Neste grupo são classificadas as aplicações de caráter permanente, destinado à manutenção da atividade básica da empresa. A finalidade é o que diferencia um ativo de investimento e um ativo imobilizado. Os bens que compõem o imobilizado são aqueles necessários às operações e atividades normais da empresa. Portanto, os bens que compõem o imobilizado são aqueles efetivamente utilizados e necessários à realização das atividades da empresa, cuja expectativa de vida útil seja superior a um ano ou mais de um período contábil. São exemplos: • Imóveis (fábricas, escritórios, armazéns, etc.); • Equipamentos de informática e telefonia; • Instalações elétricas, hidráulicas, etc.; • Máquinas e equipamentos; Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 33 • Móveis e utensílios; • Veículos, etc. a) Imobilização em andamento As construções em andamento, de prédios e de máquinas para a atividade operacional, bem como as importações em andamento e os adiantamentos para fornecedores, que se relacionem aos bens que irão compor o ativo imobilizado, devem ser classificados nesse grupo de contas; b) Intangível Neste grupo são classificados os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. São os bens, ativos de capital que não têm existência física, que não se pode tocar ou pegar, incorpóreos, e possuem relevância e materialidade. São exemplos: os valores de marcas e patentes, o valor do ponto comercial, etc.; c) Depreciação A depreciação se aplica sobre os ativos imobilizados, à medida que o bem é utilizado, uma vez que o seu valor econômico e sua capacidade tendem a diminuir. Portanto, a vida útil desses bens operacionais tende a ser limitada a determinado período, ocorrendo uma redução do seu valor em função do desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Existem despesas ou custos que não se incorrem em movimentação financeira no momento que são reconhecidos. Essa situação decorre do fato de que os gastos ocorreram em momentos anteriores; Não confunda a depreciação com a desvalorização. A depreciação representa a perda resultante de eficiência funcional e a desvalorização a perda por variações de mercado. d) Depreciação acumulada É a conta redutora do imobilizado e representa o quanto em valores já foi depreciado, ou seja, considerado despesa ou custo. Conforme Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015) as despesas têm o seu registro anual de contabilização, e a depreciação acumulada é a somatória de tudo o que foi contabilizado como despesas de depreciação. O valor do imobilizado líquido é o resultado do valor de aquisição do bem, diminuído o valor da depreciação acumulada. O quadro a seguir oferece melhor entendimento da depreciação. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 34 Entendendo a depreciação Exemplificando a situação acima, uma empresa adquire e paga um veículo pelo valor de R$ 45.000,00, entretanto, esse veículo foi comprado para uso durante vários anos. Se a empresa considerar como despesa ou custo o valor pago no exercício em que foi comprado, o ano será penalizado em termos de resultado, pois receberá toda a carga do custo de um veículo que será usado por vários anos, diminuindo o lucro do ano da compra e consequentemente haverá uma redução no valor do Imposto de Renda a ser pago. Para que não ocorra este fato, o correto é distribuir o gasto de R$ 45.000,00 pelo período de cinco anos, que é a previsão de vida útil desse tipo de bem, desse modo, cada período receberá uma parcela da despesa ou custo no valor de R$ 6.600,00, considerando um valor residual de R$ 12.000,00 no final do período. Essa distribuição de despesa ou custo por vários períodos é chamada de Depreciação. No caso de terrenos e obras de arte não existe efetivamente um desgaste, portanto, não se aplica a depreciação. Quadro 1.6 | Entendendo a depreciação Quadro 1.7 | Taxa de depreciação (tempo de vida útil do bem) Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015). (continua) A legislação do imposto de renda disponibiliza tabelas legais que determinam a vida útil de cada grupo de bens do ativo imobilizado, conforme é mostrado no quadro a seguir: Ativo imobilizado Vida útil Taxa de depreciação anual Edificações 25 anos 4,0% Máquinas e equipamentos 10 anos 10% Instalações 10 anos 10% Móveis e utensílios 10 anos 10% Ferramentas 05 anos 20% Veículos de transporte 04 anos 25% Veículos 05 anos 20% Computadores e periféricos 05 anos 20% OBS: A empresa pode acelerar a depreciação de bens móveis adotando os coeficientes relacionados ao número de turnos trabalhados, conforme segue: Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 35 Para turnos de 8 horas Coeficiente 1,0 Para dois turnos de 8 horas Coeficiente 1,5 Para três turnos de 8 horas Coeficiente 2,0 Quadro 1.8 | Exemplo do cálculo da depreciação Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015, p. 37). Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015). O cálculo da depreciação pode ser feito pelo método linear, soma dos dígitos e unidades produzidas. Para o cálculo do método linear utiliza-se o valor do ativo, deduzido o valor residual estimado, dividido pelo seu período de vida útil. No quadro a seguir é demostrado um exemplo de cálculo da depreciação pelo método linear. O método das somas dos dígitos é usado para efeitos gerenciais, pois a legislação brasileira somente aceita a depreciação calculada pelo método linear ou pelo método das unidades produzidas, desde que obedecidos os parâmetros e taxas oficiais. O cálculo por esse método utiliza uma fração cujo denominador é formado pela soma dos números de anos de vida útil do ativo, e o numerador é composto dos anos sucessivos. No quadro a seguir é demostrado um exemplo de cálculo da depreciação pelo método da soma dos dígitos. Exemplo do cálculo da depreciação pelo método linear O gestor da empresa XTUDO realizou o cálculo da depreciação de um veículo no valor de R$ 45.000,00 usando o método linear, considerou cinco anos a vida útil do bem e o valor residual de R$ 12.000,00. O cálculo mostrou que a cada ano o valor da depreciação será de R$ 6.600,00. O valor de R$ 12.000,00 no final de cinco anos representa o valor residual do veículo, ou seja, o quanto estará valendo no mercado de usados. Ano Valor no início do ano Valor da depreciação anual Valor no final do ano ou ativo imobilizado líquido 01 33.000,00 6.600,00 26.400,00 02 26.400,00 6.600,00 19.800,00 03 19.800,00 6.600,00 13.200,00 04 13.200,00 6.600,00 6.600,00 05 6.600,00 6.600,00 12.000,00 Depreciação acumulada 33.000,00 Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 36 Quadro 1.9 | Exemplo do cálculo da depreciação Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015, p. 36). Exemplo de cálculo da depreciação pelo método da soma dos dígitos O gestor da empresa XTUDO realizou o cálculo da depreciação de um veículo no valor de R$ 120.000,00, para uso gerencial, pelo método da soma dos dígitos, comiserou cinco anos a vida útil do bem e o valor residual de R$ 12.000,00. O cálculo mostrou que a depreciação no primeiro ano será de R$ 36.000,00, no segundo R$ 28.800,00, no terceiroR$ 21.600,00, no quarto R$ 14.400,00 e no quinto ano R$ 7.200,00. OBS: Somando-se os dígitos que compõem os anos de vida útil, tem-se: 5+4+3+2+1 = 15. O valor de R$ 20.000,00 no final de cinco anos representa o valor residual do veículo, o quanto estará valendo no mercado de usados. Ano Dígitos Valor no início do ano Cálculo Valor da depreciação anual Valor no final do ano ou ativo líquido 01 120.000,00 5/15 x 108.000,00 36.000,00 84.000,00 02 84.000,00 4/15 x 108.000,00 28.800,00 55.200,00 03 55.200,00 3/15 x 108.000,00 21.600,00 33.600,00 04 33.600,00 2/15 x 108.000,00 14.400,00 19.200,00 05 19.200,00 1/15 x 108.000,00 7.200,00 12.000,00 15 Depreciação acumulada 108.000,00 O cálculo da depreciação pelo método das unidades produzidas utiliza-se da projeção da quantidade de unidades a serem produzidas durante a vida útil do ativo, e o valor da depreciação é obtido pela seguinte equação: No quadro abaixo é demonstrado um exemplo do cálculo: Depreciação = x Valor a ser depreciado Unidades Produzidas no Período Projeção Unidades a produzir na vida Útil Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 37 Quadro 1.10 | Exemplo do cálculo da depreciação Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2015). Exemplo de cálculo da depreciação pelo método das unidades produzidas O gestor da empresa XTUDO realizou o cálculo da depreciação de uma máquina no valor de R$ 120.000,00 pelo método das unidades produzidas, estimou o valor residual em R$ 10.000,00. A previsão é produzir 100.000 peças durante a sua vida útil e a quantidade de peças está especificada no quadro abaixo. O cálculo mostrou que a depreciação no primeiro ano é de R$ 22.000,00, no segundo R$ 16.500,00, no terceiro R$ 38.500,00, no quarto 11.000,00 e no quinto ano R$ 2.000,00. O valor de R$ 10.000,00 no final de cinco anos refere-se ao valor residual da máquina, ou seja, o quanto estará valendo no mercado de máquinas usadas. Ano Produção em unidades Cálculo Valor do início do ano Valor depreciação anual Valor no final do ano ou do ativo líquido 01 20.000 (20.000/100.000,00)x 110.000,00 120.000,00 22.000,00 98.000,00 02 15.000 (15.000/100.000,00)x 110.000,00 98.000,00 16.500,00 81.500,00 03 35.000 (35.000/100.000,00)x 110.000,00 81.500,00 38.500,00 43.000,00 04 10.000 (10.000/100.000,00)x 110.000,00 43.000,00 11.000,00 32.000,00 05 20.000 (20.000/100.000,00)x 110.000,00 32.000,00 2.000,00 10.000,00 Depreciação acumulada 90.000,00 Concluindo, a legislação do imposto de renda permite contabilizar a perda de valor dos ativos imobilizados no custo ou despesa de depreciação. Entretanto, os bens registrados nas contas do ativo imobilizado, que compõe o ativo fixo das empresas, devem ser controlados individualmente e estão sujeitos ao desgaste pelo uso e/ou por obsolescência. Esse procedimento contábil econômico não envolve aspectos financeiros, uma vez que não há saídas de recursos financeiros do caixa da empresa. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 38 Apresentação da depreciação no balanço patrimonial Máquinas e equipamentos (-) depreciação acumulada = imobilizado líquido R$ 120.000,00 (R$ 12.000,00) R$ 108.000,00 e) Exaustão Da mesma forma que a depreciação, os valores aplicados no investimento para exploração de recursos minerais, florestais e outros recursos naturais esgotáveis podem ser recuperados por meio do cálculo da exaustão. A exaustão corresponde à perda do valor dos recursos naturais explorados pela empresa. Estima-se um potencial de recurso e, à medida que é consumido, a parte proporcional é considerada despesa de exaustão do recurso. Portanto, exaustão é o processo de apropriação do custo dos recursos naturais extraídos diante da previsão de se exaurir a capacidade prevista, denominada possança. Entretanto, se a concessão da exploração dos recursos for por prazo determinado, o cálculo do valor da exaustão será feito da mesma forma que o da depreciação pelo método linear. f) Amortização Quadro 1.11 | Exemplo do cálculo da exaustão Fonte: O autor (2015). Exemplo Uma jazida de ferro com possança de 100 toneladas tem valor estimado em R$ 100.000,00. Entretanto, cada tonelada retirada diminuirá a possança em R$ 1.000,00. Até o momento foram extraídas 6.000 toneladas. A perda do valor decorrente a essa extração de direitos, deverá ser registrada no balanço patrimonial da seguinte forma. ATIVO IMOBILIZADO Jazidas minerais (-) Exaustão = Valor líquido R$ 100.000,00 R$ 6.000,00 R$ 94.000,00 Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 39 Refere-se à perda de valor dos investimentos efetuados em bens tangíveis, como por exemplo, a perda de valor de marcas e patentes, despesas de organização, investimentos em propriedade de terceiros, direitos autorais, fundo de comércio, etc. Essa perda, a exemplo da depreciação, poderá ser contabilizada como despesa ou custo. O cálculo é efetuado da mesma forma que o da depreciação. Quadro 1.12 | Exemplo do cálculo da exaustão Fonte: O autor (2015). Exemplo A Agropecuária Água Santa Ltda. alugou um terreno por quatro anos e construiu um armazém no valor de R$ 60.000,00 para uso próprio. O gestor quer saber o valor da amortização do investimento. Cálculo A empresa desembolsou R$ 60.000,00 e se registrar o valor total em despesa ou custo no primeiro ano estará sacrificando o resultado do exercício. Portanto, o correto é calcular a amortização considerando o período do contrato (quatro anos) e registrar na contabilidade uma parcela anualmente = R$ 60.000,00/4 anos = 15.000,00 ATIVO IMOBILIZADO Investimento em propiedade de terceiro (-) Amortização acumulada = Valor líquido R$ 60.000,00 R$ 15.000,00 R$ 45.000,00 Os bens intangíveis podem alcançar valores altíssimos. A consultoria Brand Finance divulgou o relatório 2015 com as marcas mais valiosas do mundo, sendo as cinco primeiras: 1) Apple: avaliada em 247 bilhões de dólares. 2) Google: avaliada em US$ 173 bilhões de dólares. 3) Microsoft: avaliada em US$ 116 bilhões de dólares. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 40 4) IBM: avaliada em US$ 94 bilhões. 5) Operadora de cartões Visa: avaliada em US$ 92 bilhões. Para saber mais: <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/as-50-marcas-mais- valiosas-do-mundo-em-2015-apple-e-1a> e <olhardigital.uol.com. br/pro/noticia/apple-supera-google-e-se-torna-a-marca-mais- valiosa-do-mundo/48791>. 1.2.1.3 Passivo O passivo demonstra onde foram captados os recursos de terceiros colocados na empresa por meio de obrigações ou dívidas. Portanto, o passivo representa o que a empresa deve na data do balanço, as obrigações a pagar para com terceiros. Ou seja, os recursos que a empresa tomou para financiar as suas operações ou investimentos terão que ser devolvidos em uma data futura aos credores. A forma de classificação das contas no passivo dá-se em ordem decrescente de prioridade de exigibilidade. Significa que as obrigações da empresa, que tem de ser pagas em menor prazo, devem ser lançadas, em primeiro lugar no passivo, sendo o patrimônio líquido uma das últimas obrigações da entidade para com os credores (CAMARGO, 2007). As contas no passivo são classificadas em passivo circulante, passivo não circulante (exigível a longo prazo) e patrimônio líquido. A classificação dos passivos em circulante e não circulante segue o mesmo critério adotado para as contas do ativo, ou seja, todas as exigibilidades com vencimento até 365 dias são classificadas no passivo circulante e com prazo superior, no passivo não circulante. 1.2.1.3.1 Passivo circulante Nesse grupo registram-seas obrigações da empresa, inclusive financiamento para aquisição de direitos, com prazos de vencimentos até 365 dias. Dessa forma, conforme Santos (2014), as obrigações classificáveis no passivo circulante são, normalmente, resultantes de: • Compra de matérias-primas para o processo produtivo, ou mercadorias destinadas à revenda; • Compras de bens, insumos e outros materiais para uso da empresa; Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 41 • Arrendamento financeiro de bens para uso da empresa; • Valores recebidos em razão da futura entrega de bens e serviços; • Salários, comissões e aluguéis devidos pela empresa; • Despesas incorridas nas operações da empresa ainda não pagas, como, por exemplo, imposto de renda, férias, 13º salário, salários a pagar, etc.; • Dividendos declarados a serem pagos aos acionistas; • Impostos, taxas, contribuições, encargos trabalhistas devidos ao poder público; • Empréstimos e financiamentos devidos às instituições financeiras; • Provisões a qualquer título, referentes a obrigações já incorridas ou conhecidas e que possam ter os seus valores estimados, etc. A composição dos grupos de contas do passivo circulante, conforme Santos (2014) é subdividida por sua natureza, que pode ser diferente para cada empresa, dependendo de seu plano de contas, que demonstra e orienta como deve ser a estrutura e a sequência das contas contábeis. Normalmente são utilizados os seguintes agrupamentos para as exigibilidades de curto prazo: a) Obrigações trabalhistas e sociais Neste grupo são registradas todas as obrigações decorrentes das relações trabalhistas, como, por exemplo, salários, férias, 13º salário, comissões de vendedores, INSS (empregado e empregador), FGTS, salário-família e outros; b) Obrigações tributárias e/ou fiscais e contribuições Neste grupo são registradas todas as obrigações de correntes de tributos retidos ou devidos pela empresa, em virtude das vendas de produtos, mercadorias, serviços ou sobre lucros apurados, tais como: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e Serviços de Comunicações (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) (a parte descontada dos funcionários), Contribuição Social (CS), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Retenções de impostos a recolher, Obrigações fiscais e outros impostos e taxas a recolher e à pagar; c) Fornecedores Neste grupo são registradas todas as obrigações decorrentes de aquisições de Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 42 bens e serviços de fornecedores nacionais e estrangeiros e no caso de fornecedores estrangeiros, apropriação da variação cambial; d) Empréstimos e financiamentos Neste grupo são registradas todas as obrigações decorrentes de contratos de financiamentos obtidos nas instituições financeiras, bem como provisão de juros e encargos financeiros e apropriação à variação cambial para empréstimos em moeda estrangeira; e) Contas a pagar e outras obrigações Neste grupo são registrados todos os valores a pagar referentes a serviços de terceiros, como por exemplo, telefone, consertos, inclusive serviços públicos, tais como água, energia elétrica, outros serviços públicos e adiantamento de clientes. f) Provisões Aqui são classificadas as provisões para contingências, provisão para gratificação de empregados e outros. 1.2.1.3.2 Passivo não circulante É uma nova classificação do passivo, que passa a conter as obrigações da empresa, inclusive financiamento para aquisição de direitos de ativo não circulante e que serão classificados no passivo não circulante, contanto que os vencimentos sejam superiores a um ano ou prazo superior a seu ciclo operacional. Conforme Santos (2014) o passivo não circulante pode ser constituído pelos seguintes grupos de contas. • Empréstimos e financiamentos por instituições financeiras ou pela aquisição ou arrendamento financeiro de bens; • Fornecedores de longo prazo; • IR (Imposto de Renda) e CS (Contribuição Social) diferidos; • Emissão de debêntures e outros títulos de dívida; • Retenções contratuais; • Imposto sobre a Renda diferido para exercícios futuros; • Provisão para riscos fiscais e outras contingências; • Provisão para previdência complementar e outras obrigações em longo Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 43 prazo; • Programa de Recuperação Fiscal (REFIS). a) Exigível a longo prazo São registradas neste grupo todas as obrigações assumidas para com terceiros que vençam em período superior a um ano. Normalmente, incluem financiamentos bancários, debêntures e outras obrigações de longo prazo. 1.2.1.4 Patrimônio líquido Representa uma das fontes de financiamento da empresa. No patrimônio líquido estão registrados os recursos disponibilizados pelos sócios que forma o capital próprio da empresa. É constituído tanto pelos recursos injetados na organização quando da sua abertura, recursos adicionais próprios colocados à disposição da empresa no decorrer das atividades, quanto pelos lucros gerados por ela que não foram distribuídos, ou seja, que foram reaplicados no empreendimento (CAMARGO, 2007). O patrimônio líquido é representado pela diferença entre o ativo e o passivo. De acordo com a Lei nº 6.404/1976, alterada pela Lei nº 11.941/2009, o patrimônio líquido tem a seguinte classificação: 1.2.1.4.1 Capital Social Nessa conta são registrados os valores do capital social recebidos pela empresa, dos sócios, ou por ela gerados e que foram formalmente incorporados ao capital (lucros a que os sócios renunciaram e incorporaram à sua conta capital). O capital é dividido em quotas nas sociedades limitadas (Ltda.), e em ações nas sociedades de pessoas, sociedades por ações (S/A) e em todas as sociedades de capital. 1.2.1.4.2 Capital realizado ou integralizado Os recursos destinados à formação do capital social nem sempre estão PL = ATIVO (-) PASSIVO Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 44 disponíveis para serem transferidos do patrimônio dos sócios para o patrimônio da empresa no ato de sua constituição. Portanto, o capital somente é integralizado ou realizado quando os recursos são transferidos para o patrimônio da empresa em caixa, nos bancos, em imóveis, etc. 1.2.1.4.3 Reservas de capital Na conta reserva de capital são registrados os valores recebidos que não transitaram pelo resultado como receitas e são formados pelos subgrupos: ágio na emissão de ações, reserva especial de ágio na incorporação, alienação de partes beneficiárias e alienação de bônus de subscrição. 1.2.1.4.4 Ajustes de avaliação patrimonial Uma das grandes novidades trazidas pela nova legislação contábil é a conta de ajustes de avaliação patrimonial que representam as contrapartidas de aumentos ou diminuição de valor, atribuído a elementos do ativo e passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo, enquanto são levados ao resultado do exercício em obediência ao regime de competência. Conforme Santos (2014), na prática, o ajuste de avaliação patrimonial pode ser entendido como uma espécie de correção dos valores de ativos e passivos em relação ao valor justo, conceito que acompanha a nova rubrica contábil. 1.2.1.4.5 Reservas de lucros Nessa conta são registrados os lucros obtidos pela empresa e retidos com uma finalidade específica, considerando que as sociedades regidas pela Lei nº 6.404/1976 não podem, em hipótese alguma, reter lucros sem justificativa. No caso das sociedades limitadas, e outras, a obrigatoriedade não existe, cabendo aos sócios adecisão. Essa conta subdivide-se nas seguintes contas: 1.2.1.4.6 Reserva legal A finalidade desta reserva é a de preservar a integridade do capital social, sendo usada somente para compensar prejuízos ou aumentar o capital social. É formada a partir da retenção de 5% do lucro líquido do exercício (LLE), com teto máximo de 20% do capital. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 45 1.2.1.4.7 Reservas estatutárias A lei permite a criação de reservas estatutárias pelo estatuto da companhia desde que obedecidos os requisitos exigidos por lei, que são o de indicar finalidade, estabelecer a percentagem do lucro a ser destinada à sua constituição e a fixação de teto limite da reserva. 1.2.1.4.8 Reservas para contingências A formação desta reserva está condicionada à diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável e cujo valor possa ser estimado. A proposta de constituição desta reserva é por meio dos órgãos da administração à assembleia geral, que poderá destinar parte do lucro líquido à formação desta reserva. 1.2.1.4.9 Reservas de lucro a realizar Sabe-se que o lucro apurado na demonstração de resultados é um resultado econômico, realizado de acordo com o regime de competência do exercício, não estando disponível financeiramente. Esta reserva é constituída quando não há recursos financeiros (lucros realizados) suficientes para a empresa pagar os dividendos obrigatórios. 1.2.1.4.10 Reserva de lucros para expansão A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado com a proposta de investimento na expansão da empresa. 1.2.1.4.11 Reservas de incentivos fiscais De acordo a Lei nº 11.638/2007 será destinada para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações e subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório. 1.2.1.4.12 Reserva para dividendos obrigatórios não distribuídos Esta reserva será constituída quando houver dividendo obrigatório a distribuir e Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 46 Passivo: é o conjunto de dívidas da organização com terceiros. Podem ser com bancos, fornecedores, funcionários, governo, etc. Exigibilidade: significa as obrigações que a empresa precisa pagar. Exigível de curto prazo: são dívidas a pagar que vencem no prazo de um ano. Exigível de longo prazo: são dívidas a pagar que vencem num prazo superior a um ano. a companhia não estiver em situação financeira que dê para efetuar o pagamento. Segundo Iudícibus et al. (2013), neste caso, o dividendo deixa de ser pago no período, e forma-se a reserva, e o dividendo será pago no futuro, se não forem absorvidos por prejuízos dos exercícios seguintes. 1.2.1.4.13 Ações em tesouraria Nesta conta são registradas as ações da companhia adquiridas pela própria sociedade (podem ser quotas a integralizar, no caso das sociedades limitadas). Conforme Iudícibus et al. (2013) as companhias abertas ou fechadas não podem adquirir suas próprias ações, exceto quando houver: a) reembolso, amortizações ou operações de resgate de ações; b) aquisição para permanência em tesouraria ou cancelamento até o valor do saldo de lucros (exceto legal) e sem diminuição do capital social ou recebimento dessas ações por doação; e c) na aquisição para diminuição do capital (limitado às restrições legais). 1.2.1.4.14 Prejuízos acumulados Nesta conta são registrados os prejuízos acumulados e representam os resultados negativos gerados pela entidade à espera de absorção futura. A Lei nº 11.638/2007 acabou com a conta lucros e prejuízos acumulados no balanço patrimonial das sociedades por ações e as empresas limitadas de grande porte. Nas demais sociedades, não há restrições para o uso da conta de lucros e prejuízos. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 47 1.2.1.5 Forma de apresentação do balanço patrimonial A forma de apresentação do balanço patrimonial é regulamentada pela Lei nº 6.404/1976 em seu artigo nº 178. A estrutura do balanço é composta de duas colunas: a coluna da esquerda corresponde ao ativo (bens e direitos da empresa), e a da direita se refere ao passivo (obrigações) e o patrimônio líquido (capital próprio). Para fins de análise da situação da empresa, o balanço pode ser apresentado mensal ou anualmente dependendo do porte da empresa e de seus estatutos. Para facilitar a análise, as contas são ordenadas em grupos, segundo a natureza e ordem decrescente de liquidez (para as contas do ativo) e de exigibilidades (para as contas do passivo). Tanto a liquidez como a exigibilidade estão em ordem da velocidade com que os valores podem ser transformados em dinheiro ou obrigação. Sempre serão informados os valores das contas do exercício atual e de períodos anteriores para comparação. Na sequência é apresentado um modelo básico do balanço patrimonial de conformidade com a Lei nº 6.404/1976 e alterações de acordo com as leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009. Patrimônio líquido (PL): é o recurso próprio investido no negócio com origem no aporte de capital ou pelos lucros da empresa. BALANÇOS PATRIMONIAIS - Em 31 de dezembro de 2014 e 2013 (Em milhares de reais) Ativo Nota 2014 2013 Circulante Caixa e equivalentes de caixa 05 33.262 38.335 Contas a receber de clientes 06 97.740 106.166 Estoques 07 121.239 125.591 Tributos a recuperar 08 1.954 1.945 Outros ativos 2.027 2.326 Total do ativo circulante 256.222 274.363 Não circulante Depósitos judiciais 14 50.211 47.423 Almoxarifado 07 6.960 6.892 Quadro 1.13 | Balanços patrimoniais 2014 e 2013 da DETEN QUÍMICA S.A. (continua) Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 48 Tributos a recuperar 08 2.572 3.187 Ativo não circulante mantido para venda 09 1.821 1.821 Investimentos 11 4.189 44.198 Imobilizado 12 (a) 125.989 108.077 Intangível 12 (b) 5.653 3.597 Total do ativo não circulante 197.395 175.195 Passivo e patrimônio líquido Circulante Fornecedores 8.636 25.646 Empréstimos e financiamentos 13 20.628 33.739 Bonificações e comissões a pagar 8.184 10.671 Obrigações tributárias 12.904 15.135 Obrigações trabalhistas 12.289 12.528 Dividendos a pagar 15 (d) 19.798 16.826 Outros passivos 5.709 5.306 Total do passivo circulante 88.148 119.851 Não circulante Empréstimos e financiamentos 13 30.699 4.560 Imposto de renda diferido 16 (b) 3.322 2.623 Partes relacionadas 10 3.752 3.753 Provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis 14 1.820 1.813 Total do passivo não circulante 39.593 12.749 Patrimônio líquido Capital social 213.056 213.056 Reservas de lucros 53.425 53.425 Dividendos adicionais propostos 59.395 50.477 Total do patrimônio líquido 15 325.876 316.958 Total do passivo e patrimônio líquido 453.617 449.558 Fonte: Jornal A Tarde, Salvador-Bahia, 3 abr. 2015. Introdução às Informações Financeiras e Contábeis U1 49 A elaboração do balanço patrimonial no período adequado, de maneira sistemática e respeitando os princípios contábeis, pode ser muito relevante para análise, acompanhamento e tomada de decisão dos gestores e demais públicos interessados. 1.2.1.6 Considerações finais com relação ao balanço patrimonial O gestor precisa se precaver e fazer sempre a avaliação do desempenho de sua empresa para saber se os negócios estão indo bem ou não. O balanço patrimonial é um valioso instrumento na gestão financeira, uma vez que mostra as aplicações de recursos no ativo, bem como as dívidas de curto e de longo prazo. E a comparação dos resultados das análises com padrões históricos da empresa permite comparar o desempenho
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