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ANÁLISE DE CUSTO Aline Alves dos Santos Visão geral dos métodos de custeio Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os métodos de custeio utilizados. � Conceituar custeio por absorção e custeio variável. � Reconhecer o custeio com base em atividades. Introdução Você sabe quais são os métodos de custeio utilizados pelas entidades? Entre os métodos utilizados, está o custeio por absorção, que tem por base a apropriação de todos os custos, envolvendo os diretos e os indiretos, os fixos e os variáveis. O custeio padrão faz com que as organizações elaborem registros com controle dos valores de custo em reais. Quando se trata do custeio variável, os custos de produção e as despesas são segregados em fixos e variáveis. Já o custeio ABC (custeio com base em atividades) visa a minimizar os desvios decorrentes do rateio arbitrário dos custos indiretos. Neste capítulo, você vai obter conhecimento sobre os métodos de custeio usados pelas empresas, reconhecer o significado dos custeios de absorção e variáveis e identificar o custeio ABC. Os principais métodos de custeio usados nas organizações Custeio por absorção O custeio por absorção contempla a apropriação de todos os custos, indepen- dente de serem fixos ou variáveis, diretos ou indiretos, à produção do período. Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 Quanto às despesas, estas são registradas diretamente contra o resultado do período. A principal finalidade desse critério de custeio é apurar o custo de uma unidade do produto produzido. Os custos unitários são precisos, a fim de custear inventários (estoques) e constar nos demonstrativos financeiros e para estabelecer o lucro líquido do período mediante o levantamento dos custos das mercadorias vendidas. O custeio por absorção surgiu por meio de um método alemão, elabo- rado no início do século XX, denominado de RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit), também chamado de custeio pleno ou integral. Por meio desse método, todos os gastos do período são apropriados à produção do período, mediante técnicas de rateio. Em outras épocas, os esforços eram centralizados na produção, desse modo, as despesas administrativas, comerciais e financeiras não eram vistas como importantes. Com a evolução e a modernização de várias economias, as despesas administrativas passaram a retratar relevante parcela dos gastos nas organizações. Portanto, foi preciso separar as despesas dos custos e apropriá- -las, de forma direta, ao resultado do exercício. O critério de apropriação dos gastos, avaliando o custeio de absorção e o método de custeio RKW, é similar, contrastando somente da apropriação das despesas, já que no custeio por absorção as despesas não são apropriadas aos elementos de custeio. No método RKW, todos os gastos e custos e todas as despesas são apropriados aos produtos. Custeio RKW O método RKW corresponde ao rateio de todos os custos e todas as despesas para todos os produtos, inclusive as despesas financeiras. O método objetiva uma melhor distribuição dos custos indiretos de acordo com períodos específicos de produção. A distribuição dos custos indiretos nas áreas corretas favorece uma melhor alocação dos produtos produzidos, diminuindo a proporção de erros e a distribuição indevida de custos indiretos para outros produtos. O método RKW considera todos os gastos de uma empresa, ou seja, não há exceções. Visão geral dos métodos de custeio2 Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 Custeio padrão O método de custeio padrão representa uma técnica de fixar, antecipadamente, preços para todos os produtos que a organização produz. Mas por que utilizar o custeio padrão? Porque este incide na utilização gerencial das informações. O custeio padrão não é aceito na avaliação de estoques na data do ba- lanço, porém, poderá ser aceito quando a diferença existente for considerada imperceptível. Uma das principais finalidades do custeio padrão se refere ao planejamento e ao controle dos custos. Outro objetivo importante desse método é fixar uma base comparativa entre os custos previstos e os realizados. Pode-se afirmar que o custeio padrão faz com que as organizações criem registros e monitorem os valores dos custos em reais, bem como o volume dos elementos de produção usado, objetivando medidas corretivas. O custeio padrão tem algumas características: a) Buscar valores, dados e subsídios em diversas fontes, visando a uma apuração correta com relação à quantidade e aos valores estimados para um período específico. b) É preciso observar a variação do mercado, com a inflação e os demais elementos que poderão alterar as previsões dos custos atribuídos. c) Para que o custeio padrão seja eficiente, este deverá ser monitorado mediante orçamento, conforme período definido, especialmente refe- rente à quantidade de produção. Custeio variável O custeio variável faz uso do método de classificação dos gastos fixos e vari- áveis. Com a sua utilização, é possível verificar o lucro de uma organização, de acordo com o comportamento do custo diante das modificações no volume dos produtos. Os custos variáveis podem ser alterados de acordo com a quantidade de produtos fabricados (Tabela 1). 3Visão geral dos métodos de custeio Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 Custo variável (matéria- -prima) Consumo por unidade (kg) Custo por kg Custo por unidade produzida (R$) Quantidade produzida Custo total no período (R$) Período A 10 10,00 100,00 1.000 100.000,00 Período B 10 10,00 100,00 2.000 200.000,00 Tabela 1. Exemplo de custo variável na produção Custeio ABC O custeio ABC se refere a um retorno às críticas sobre o custeio por absorção quanto aos métodos subjetivos do sistema de rateio. Desse modo, o custeio ABC também visa à apropriação dos custos indiretos, no entanto, o faz por meio de um critério mais objetivo, ou seja, de acordo com as atividades consumidas. Custeio por absorção e custeio variável Custeio por absorção O método de custeio por absorção tem por vantagem a sua inserção facilitada, já que não impõe a separação dos custos fixos e variáveis. O método de apro- priação dos custos é diferente. O variável é alocado diretamente no produto, enquanto é necessário criar um critério de rateio para o fixo. O custeio por absorção é o único aprovado pela legislação do Imposto de Renda (RIR/99), já que cumpre, de forma plena, todos os princípios de contabilidade. Sabe-se também que é o único aceito pelos exames de auditoria externa, considerando a sua relação aos princípios contábeis. Visão geral dos métodos de custeio4 Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 O custeio por absorção considera a matéria-prima como custo. Quando a matéria-prima passa pela conversão e é transformada em produto, passa-se a receber todos os custos, tanto diretos, quanto indiretos, os fixos e também os variáveis. O entendimento lógico do custeio de absorção se refere a, primeiramente, separar os gastos da empresa em custos e despesas. Após, os gastos ordenados como custos são divididos em diretos e indiretos, sendo que os custos diretos são apropriados aos produtos, dessa forma, sem a necessidade de uma ação intermediária. Com relação aos custos indiretos, estes são reunidos em centros de custos e, conforme critérios de rateio, são destinados aos produtos que a empresa produziu. Assim, nos custos indiretos, a destinação aos produtos acontece de modo indireto e de acordo com métodos previstos. A Figura 1 apresenta um diagrama básico do custeio por absorção parcial. Figura 1. Custeio por absorção. Fonte: Desenvolvido com base em Martins e Rocha (2015, p. 102-117). Custo indireto 5Visão geral dos métodos de custeio Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 Custeio variável No custeio variável, existe uma abordagem contábil distinta da preocupação do rateio de gastos indiretos.Por intermédio do custeio variável, é possível mensurar os custos. O método de mensuração, na contabilidade financeira, não é possível, considerando que ele não abrange a apropriação dos custos fixos no produto final. No entanto, isso não significa que tal custeio não possa ser usado para fins gerenciais. Desse modo, não são incomuns as organizações que usam mais de um método de custeio em seu processo de contabilização, ou seja, um que atenda à ne- cessidade dos usuários internos e outro a fim de complementar as imposições legais da contabilidade financeira. O método de custeio variável insere nos produtos apenas os custos diretos e/ou indiretos variáveis e também as despesas variáveis. Nesse método, os custos de produção e as despesas são segregados em fixos e variáveis, sendo alocados na elaboração das informações que auxiliem os gestores na tomada de decisão. O custeio variável busca contabilizar as informações necessárias para fins gerenciais e cumprir as imposições de usuários internos. Os custos fixos são abordados como custos do período em que ocorrem e atribuem custos de produção e despesas fixas de venda e administração. Como não são aceitos pela legislação fiscal e por não se enquadrarem aos princípios de contabilidade, geralmente aceitos. As práticas do custeio variável são con- sideradas no campo da contabilidade gerencial. Sua relevância se sobressai, já que, mediante esse método, é possível relatar e verificar quais produtos e segmentos, por exemplo, são vantajosos e quais as alterações ocorridas nos volumes produzidos e comercializados, nos valores e nos custos e nas despesas, possibilitando, ao gestor, decidir quanto inserir ou suprimir algum produto. O método de custeio variável permite, à gestão de custos, obter dados relevantes e úteis para a decisão de preço, especialmente por demonstrar, de forma transparente, a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio da organização. Compreender a utilização da margem de contribuição de cada produto é muito importante, já que estes contribuem diretamente para a tomada de decisão. A Figura 2 apresenta um diagrama básico do custeio variável pela visão gerencial. Visão geral dos métodos de custeio6 Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 Figura 2. Custeio variável. Fonte: Desenvolvido com base em Martins e Rocha (2015, p. 65-84). A Figura 2 demonstra que a liberdade gerencial possibilita a apropriação de despesas definidas no produto conforme a natureza variável de determinados elementos nesse tipo de gasto. Entende-se que é mais fácil apropriar a comissão de vendas, por se tratar de uma despesa variável, do que o gasto realizado pelo gestor da área de produção, já que esse gasto se refere a custo fixo/indireto. Desse modo, o uso gerencial do custeio variável possibilita verificar rela- tórios contábeis, ampliando-os mediante fontes de informações relativas aos efeitos dos gastos nos resultados do período. Custeio com base em atividades O custeio com base em atividades, denominado também de ABC, representa um método de custeio que visa a diminuir os desvios ocasionados pelo rateio arbitrário dos custos indiretos. O método ABC pode ser executado também aos custos diretos, especial- mente a mão de obra direta, não havendo diferenças relevantes relacionadas aos sistemas tradicionais. A diferença básica está no tratamento oferecido aos custos indiretos. O uso do custeio ABC pode fornecer subsídios, a fim de cumprir as obriga- ções legais com o mínimo de arbitrariedade com relação aos custos indiretos. A utilidade do custeio ABC não está restrita ao custeio de produtos, ou seja, esse método corresponde a uma importante ferramenta que pode ser usada na gestão de custos. 7Visão geral dos métodos de custeio Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 O método de custeio ABC também permite a verificação dos custos me- diante duas visões: � A visão econômica do custeio, sendo esta uma visão vertical. Assim, ela apropria os custos aos elementos de custeio mediante as atividades efetuadas em cada setor. � A visão de melhoria de processos, sendo esta uma visão horizontal, na qual serão captados os custos dos processos mediante atividades praticadas em diversos setores funcionais. A visão vertical do custeio oferece os mesmos dados que já estavam inseridos no custeio ABC. Já a visão horizontal, que trata a melhoria dos processos, identifica que um processo é elaborado por meio de uma sucessão de atividades articuladas, as quais são praticadas por diversos setores da organização. A visão horizontal possibilita que os processos sejam verificados, custeados e melhorados mediante a evolução do desempenho na aplicação das atividades. O custeio ABC pode ser considerado um instrumento de análise de fluxos de custo, dessa forma, quanto mais processos existirem entre os setores da empresa, maiores serão as vantagens do custeio ABC. O custeio ABC e a gestão fundamentada em atividades Sabe-se que a gestão com base em atividades tem como apoio o planejamento, a execução e a mensuração do custo das atividades, a fim de adquirir benefícios competitivos. A gestão faz uso do custeio ABC e tem como característica as decisões estratégicas, como, por exemplo: � modificações no mix de produtos; � modificações nas técnicas de formação de preços; � alterações nos processos; � reelaboração dos produtos; Visão geral dos métodos de custeio8 Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 � exclusão ou redução de custos de atividades que não adicionam valor; � eliminação de desperdícios; � desenvolvimento de orçamento com base em atividades, entre outros. O custeio ABC e a análise de valor A análise de custos concedida pelo custeio ABC pode ser complementada pela análise de valor das atividades e pelos processos. A análise de valor ocorre mediante a percepção do cliente, podendo ser ele interno ou externo, sendo assim, o cliente, quando adquire e faz uso do produto ou serviço produzido, poderá avaliar sobre o valor do produto. Dessa forma, o custeio ABC sugere que os custos sejam mencionados mediante atividades, ordenando-as em atividades que atribuam ou não valor para o cliente. As atividades que não somam valor representam as que poderiam ser excluídas, sem refletir os atributos do produto ou do serviço. Esse tipo de situação pode ser relativa, porém, existe consenso relativo a atividades que não adicionam valor, como, por exemplo, conferência, retrabalho, armazenagem, entre outras. MARTINS, E.; ROCHA, W. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados sob diferentes perspectivas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 192 p. Leituras recomendadas CORTIANO, J. C. Processos básicos de contabilidade e custos: uma prática saudável para administradores. Curitiba: InterSaberes, 2014. 212 p. CRUZ, J. A. W. Gestão de custos: perspectivas e funcionalidades. Curitiba: InterSaberes, 2012. 164 p. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 400 p. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 751 p. LORENTZ, F. Contabilidade e análise de custos: uma abordagem prática e objetiva. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. 352 p. Referência 9Visão geral dos métodos de custeio Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451 MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 370 p. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 254 p. SILVA, E. J; GARBRECHT, G. T. Custos empresariais: uma visão sistêmica do processo de gestão de uma empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. 228 p. Visão geral dos métodos de custeio10 Identificação interna do documento J0CJMTTH13-HPJ9451
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