Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Reforma Tributária Aula 1 – Noções Gerais sobre a Reforma Tributária Prof. Dr. Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva Brasília/DF, 4 de março de 2024 Roteiro do Curso 1 – Noções Gerais sobre a Reforma Tributária 2 – O Imposto e a Contribuição sobre Bens e Serviços 3 – Outros temas tratados na Reforma 4 – Desafios e Perspectivas Roteiro da Aula Noções Gerais sobre a Reforma Tributária 1.Modelos de tributação do consumo 2. Desafios do Sistema Tributário Brasileiro 3. Desafios da tributação da economia digital 4. Premissas fundamentais da Reforma Tributária Brasileira. Bases Tributárias Patrimônio Renda Consumo Folha de salários Tributação de Bens e Serviços Tributação do consumo é a tributação das despesas do contribuinte (renda consumida). • Tributos Gerais sobre o Consumo • Tributos Especiais sobre o Consumo Tributação sobre bens e serviços. Modelos de Tributação sobre o Consumo • Sobre o Varejo (Sales Taxes) • Sobre o Valor Agregado (Value- added Taxes) • Sobre o Faturamento (Turnover Taxes) • Imposto Específicos (Excise Taxes) Modelos de Tributação sobre o Consumo Imposto sobre Valor Agregado Folheto “Imposto sobre Vendas Refinado” (Veredelte Umsatzsteuer, 1919), escrito pelo empresário alemão Carl Friedrich von Siemens, com base nas crí:cas de seu irmão Wilhelm von Siemens, falecido no mesmo ano, com o efeito cumula:vo dos impostos sobre o consumo pra:cados à época. Imposto sobre Valor Agregado Em 1954, a TVA (Taxe sur la Valeur Ajoutée) foi implantada pela primeira vez na França, concebido pelo Diretor- Geral de Impostos Maurice Lauré. • A TVA incidia sobre grandes contribuintes que vendiam bens e não incidia sobre a prestação de serviços (tributados monofasicamente a 5,8%). • Alíquota de 16,85% e autorizava créditos de insumos, bens de capital e despesas gerais. Imposto sobre Valor Agregado A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) editou o “Relatório Tinbergen” (Report on the Problems Raised by Different Turnover Tax Systems Applied within Common Markets, 1953), em referência ao economista holandês Jan Tinbergen, recomendando a adoção de uma tributação no desCno em mercados integrados. O IVA permiCa adotar as premissas do Relatório Tinbergen. A Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957, passou a exigir a adoção do IVA pelos seus membros a parCr de 1967. IVA no Mundo Imposto sobre Valor Agregado A partir de 1980, a OCDE passou a recomendar a adoção do IVA. Segundo o FMI (The Modern VAT, 2001), são características ideais de um IVA: • Base Ampla • Alíquota única • Poucas isenções e exclusões • Crédito financeiro • Princípio do destino (não incide na exportação e incide na importação). Imposto sobre Valor Agregado Nenhum país tem um IVA considerado inteiramente “Moderno”. Os mais “modernos” são Nova Zelândia (1986), África do Sul (1991), Singapura (1994) e Austrália (2000). Problemas na Adoção do IVA 1. Fraudes 2. Insolvência 3. Fluxo de caixa das empresas 4. Custo de conformidade 5. Regressividade Roteiro da Aula Noções Gerais sobre a Reforma Tributária 1.Modelos de tributação do consumo 2. Desafios do Sistema Tributário Brasileiro 3. Desafios da tributação da economia digital 4. Premissas fundamentais da Reforma Tributária Brasileira. Tributação do Consumo no Brasil Bases do Sistema Tributário Nacional datam da Emenda n. 18/1965. Racionalização do sistema tributário com base em critérios econômicos: • Economia baseada em bens materiais (tangíveis) • Indústria da transformação • Distinção entre mercadorias (físicas) e serviços • Serviços de caráter pessoal Tributação do Consumo no Brasil • Modelo tributário da CF/88: • Reação dos Estados à centralização do regime de 67/69; • Contraposição Norte-Sul; • Fortalecimento das rendas estaduais; • Reação posterior da União. Tributação do Consumo no Brasil União: IPI, PIS/Pasep e Cofins Estados e DF: ICMS Municípios: ISS Tributação do Consumo no Brasil • Carga Tributária no Brasil: 33,71% do PIB (2022) • União: 22,78% • Estados: 8,59% • Municípios: 8,59% Tributação do Consumo do Brasil • Inúmeros regimes especiais, isenções, etc; • Multiplicidade e redundância de obrigações acessórias; • Elevados custos de conformidade; • OCDE: 160,7 h/a • América Latina & Caribe: 332,1 h/a • Brasil: 1.958 h/a • Mais de 5 mil legislações diferentes; • Cumulatividade; • Concorrência fiscal predatória (race to de the bottom); • Ineficiência alocativa. Tributação do Consumo do Brasil Rigidez constitucional Hiperjudicialização • ¼ da pauta do STF é de matéria tributária; • R$ 600 bi em discussão só no STF. Roteiro da Aula Noções Gerais sobre a Reforma Tributária 1.Modelos de tributação do consumo 2. Desafios do Sistema Tributário Brasileiro 3. Desafios da tributação da economia digital 4. Premissas fundamentais da Reforma Tributária Brasileira. Economia Digital • Crescimento dos intangíveis; • Desafio à noção de “escassez” • “Servicificação”; • Volatilidade dos capitais; • Flexibilização (“precarização”) do trabalho; • Comércio eletrônico; • Economia compartilhada (C2C). Tributação e Economia Digital • Comércio eletrônico • Próprio: comercialização de bens e serviços digitais • Impróprio: encomenda digital de bens corpóreos • Estruturas de negócio: • B2B (business-to-business) • B2C (business-to-consumer) • C2C (consumer-to-consumer) • Problemas: • Fornecedores estrangeiros sem presença física no país (vendas diretas e importações de pequeno valor) • Tratamento desigual entre lojas físicas e digitais • Esgotamento das bases tributáveis conhecidas: intangíveis. Tributação e Economia Digital O dilema do “Law of the Horse” do juiz Frank Easterbrook (Cyberspace and the Law of the Horse, 1996). É necessário reestruturar o Direito [tributário] para se adaptar às novas tecnologias? O IVA e o Projeto BEPS Base Erosion and Profit Shifting – OCDE • Julho de 2013 – Projeto BEPS – Endossado pelo G20 em setembro • Tamanho do problema: US$ 427 bilhões de perdas anuais • US$ 245 bilhões com imposto de renda corpora:vo • US$ 182 bilhões com imposto de renda de indivíduos • Brasil 5º maior perdedor: US$ 14,6 bilhões (Fonte: Tax Jus:ce Network – nov. 2020) O IVA e o Projeto BEPS Ação 1 do BEPS – Desafios Tributários da Economia Digital O IVA e o Projeto BEPS Recomendações da Ação 1 do BEPS 1. Adoção de um IVA de base ampla 2. Princípio do destino: International VAT Guidelines 3. Cobrança do destinatário (reverse charge), nos serviços B2B 4. Criação de um registro simplificado e único, nos serviços B2C – (tipo Mini One-Stop Shop – MOSS) 5. Exclusão de isenções para bens de pequeno valor na importação O IVA e o Projeto BEPS • Os países da OCDE têm adotado essas regras • Exigência de os fornecedores B2C se registrarem e apresentarem declarações. • Em regra exigem um limite mínimo anual de vendas (de US$ 5.681 na Noruega a US$ 100 mil na Suíça). • México, Coreia do Sul e Turquia não têm limite mínimo. • Aumento de receitas • União Europeia: de US$3,4 bilhões para US$ 5 bilhões. Mas isso representa só 0,4% do total de receita do IVA. • Austrália: Aumento de 348 milhões AUD (0,5% do total) O IVA e o Projeto BEPS • Aumento do custo de conformidade • Dificuldades de fiscalização: depende do cumprimento voluntário • Aumento do custo para o consumidor final de produtos digitais (ex: streaming) Roteiro da Aula Noções Gerais sobre a Reforma Tributária 1.Modelos de tributação do consumo 2. Desafios do Sistema Tributário Brasileiro 3. Desafios da tributação da economia digital 4. Premissas fundamentais da Reforma Tributária Brasileira. Reforma(s) Tributária(s) desde 1988 COLLOR ITAMAR FHC 1 e 2 Lula 1 Lula 2 DILMA 1 e 2 TEMER Comissão Ary Oswaldo Mattos Filho Revisão Constitucional PEC 175/1995 PEC 41/2003 PEC 233/2008 SEM PROPOSTA SEM PROPOSTA SEM PROPOSTA SEM PROPOSTA ARQUIVADA Fatiada (EC 42 e EC 44) REFORMA NÃO APROVADA Pronta para Plenário desde2008 REFORMA NÃO APROVADA Pontos Fundamentais v Tributos extintos: IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS (IOF também?). v Proposta de IVA (Único ou Dual?) v Base ampla v Alíquota única ou redução de exceções v Lidar com a regressividade (IVA Pay, Cashback) v Harmonização legislativa v Não cumulatividade plena v Incidência “por fora” v Princípio do destino v Desoneração de exportações e investimentos v Imposto Seletivo: bens e serviços que geram externalidades negativas. Chegando à EC 132 • 2015: Comissão Especial da Reforma Tributária. Relator Deputado André Moura. • 2017: Deputado Hauly assume a relatoria. • 2018: Substitutivo à PEC nº 293/2004. Aprovado o relatório em 11/12/2018. • 2019: PEC nº 45/ 2019 na Câmara (Emenda da PEC 293) e PEC nº 110/2019 no Senado Federal (relatório da PEC 293). • 2020: Comissão Mista. • 2023: Grupo de Trabalho – Aprovada PEC 45/2019 na forma da Emenda 132/2023. CríKcas à Emenda 132/2023 1) Unificação de tributos não tornaria o sistema tributário mais justo nem menos regressivo. 2) Risco de perda de receita. 3) Violação de autonomia federativa. 4) Transição torna o sistema mais complexo. 5) Aumento da carga fiscal para certos segmentos econômicos. 6) Excesso (escassez) de alíquotas reduzidas. 7) Excesso de otimismo na estimativa das alíquotas e de impactos econômicos. Obrigado! jules@silvamatos.com.br @julesqueiroz
Compartilhar