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585577848-Curso-de-Bacharelado-Em-Teologia-Claretiano-Teologia-Trinitaria

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Prévia do material em texto

TEOLOGIA TRINITÁRIA
CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA – EAD
Teologia Trinitária – Prof. Dr. Pe. Julio Endi Akamine
Meu nome é Julio Endi Akamine. Sou graduado 
em Filosofia, pela Universidade Católica do Paraná 
(Curitiba), e em Teologia, pelo Studium Theologicum 
de Curitiba. Fiz Especialização (Mestrado e Doutorado) 
em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade 
Gregoriana de Roma. Tenho experiência no campo 
de formação de padres e de irmãos da Sociedade do 
Apostolado Católico (SAC-Palotinos). Colaborei, por 
seis anos, no Secretariado Internacional para a Formação 
da SAC. Resido, atualmente, em São Paulo (SP) e exerço a 
função de Reitor na Província São Paulo Apóstolo desde janeiro de 2008. Desde 1995, 
leciono no Instituto de Teologia Studium Theologicum de Curitiba. Ministrei as disciplinas 
Introdução à Teologia, Teologia Fundamental, Sacramentologia Geral, Sacramentos do 
Batismo, Crisma e Eucaristia, bem como Eclesiologia. Atualmente, leciono a disciplina 
Teologia Trinitária. No Centro Universitário Claretiano, sou autor do Material Didático 
Mediacional de Teologia Trinitária.
e-mail: jeakamine@tiscali.it
TEOLOGIA TRINITÁRIA
Prof. Dr. Pe. Julio Endi Akamine
Plano de Ensino
Caderno de Referência de Conteúdo
Caderno de Atividades e Interatividades
© Ação Educacional Clare� ana, 2008 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Clare� ano de Batatais (SP)
Curso: Bacharelado em Teologia
Disciplina: Teologia Trinitária
Versão: jul./2010
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula
Pró-Reitor Administra� vo: Pe. Luiz Claudemir Bo! eon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EAD: Prof. Ar� eres Estevão Romeiro
Coordenador do Curso de Bacharelado em Teologia: Prof. Pe. Vitor Pedro Calixto dos Santos
Coordenador de Material Didá� co Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Preparação 
Aletéia Patrícia de Figueiredo
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Cá� a Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Elaine Cristina de Sousa Goulart
Josiane Marchiori Mar� ns
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Luiz Fernando Trentin
Patrícia Alves Veronez Montera
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão
Felipe Aleixo
Isadora de Castro Penholato
Maiara Andréa Alves
Rodrigo Ferreira Daverni
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Renato de Oliveira Violin
Tamires Botta Murakami
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Centro Universitário Claretiano 
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br
SUMÁRIO
PLANO DE ENSINO
APRESENTAÇÃO1 .................................................................................................. 9
DADOS GERAIS DA DISCIPLINA2 ........................................................................... 11
CONSIDERAÇÕES GERAIS3 ................................................................................... 12
BIBLIOGRAFIA BÁSICA4 ........................................................................................ 13
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR5 ........................................................................ 14
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
INTRODUÇÃO1 ..................................................................................................... 15
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA2 ................................................. 16
REVELAÇÃO BÍBLICUNIDADE 1 ! A
OBJETIVOS1 .......................................................................................................... 53
CONTEÚDOS2 ....................................................................................................... 53
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE3 .................................................... 54
INTRODUÇÃO À UNIDADE 4 ................................................................................. 54
QUESTÕES INTRODUTÓRIAS5 .............................................................................. 55
REVELAÇÃO DE DEUS COMO PAI DE JESUS6 ........................................................ 61
JESUS REVELA"SE7 ................................................................................................ 65
FILHO ENCARNADO PELA AÇÃO DO ESPÍRITO8 .................................................... 66
JESUS UNGIDO NO ESPÍRITO SANTO9 .................................................................. 67
REVELAÇÃO TRINITÁRIA NO EVENTO DA MORTE DE JESUS10 ............................... 73
RESSURREIÇÃO DE JESUS E A REVELAÇÃO DA TRINDADE11 .................................. 78
ESPÍRITO DO FILHO ENVIADO AOS NOSSOS CORAÇÕES 12 ................................... 82
O DOM DO ESPÍRITO13 .......................................................................................... 84
A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO14 ............................................................ 90
DIVINDADE DO FILHO E DO ESPÍRITO15 ................................................................ 91
TEXTOS TRIÁDICOS16 ............................................................................................. 92
ANTIGO TESTAMENTO17 ........................................................................................ 96
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS18 ............................................................................ 99
CONSIDERAÇÕES19 ................................................................................................ 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS20 .......................................................................... 101
TEOLOGIA E DOGMA TRINITÁRIO NA IGREJA ANTIGUNIDADE 2 ! A
OBJETIVOS1 .......................................................................................................... 103
CONTEÚDOS2 ....................................................................................................... 103
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE3 .................................................... 104
INTRODUÇÃO4 ..................................................................................................... 104
PADRES APOSTÓLICOS5 ........................................................................................ 106
APOLOGETAS6 ...................................................................................................... 108
FINAL DO SÉCULO E INÍCIO DO SÉCULO 117 6
CRISE ARIANA E O CONCÍLIO DE NICÉIA8 ............................................................. 137
PADRES CAPADÓCIOS9 ......................................................................................... 158
CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA I !31710 1
CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II !51711 4
CONCÍLIOS MEDIEVAIS12 ....................................................................................... 177
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS13 ............................................................................ 179
CONSIDERAÇÕES14 ................................................................................................ 180
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS15 .......................................................................... 181
VIDA INTERNA DE DEUUNIDADE 3 " S
OBJETIVOS1.......................................................................................................... 183
CONTEÚDOS2 ....................................................................................................... 183
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE3 .................................................... 184
INTRODUÇÃO4 ..................................................................................................... 184
DA ECONOMIA À TEOLOGIA5 ............................................................................... 185
MISSÕES ECONÔMICAS6 ...................................................................................... 195
PROCESSÕES IMANENTES7 .................................................................................. 198
ANALOGIA DA MENTE HUMANA: 8 
SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO ............................................ 200
ANALOGIA DO AMOR INTERPESSOAL: RICARDO DE SÃO VÍTOR9 ........................ 207
RELAÇÕES DIVINAS10 ............................................................................................. 210
PESSOAS DIVINAS11 ............................................................................................... 215
NOÇÕES, PROPRIEDADES E APROPRIAÇÕES12 ...................................................... 222
PERICHORESIS OU CIRCUMINCESSIO 13 ................................................................ 226
QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS14 ............................................................................ 229
CONSIDERAÇÕES15 ................................................................................................ 230
E#REFERÊNCIAS16 .................................................................................................. 231
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS17 .......................................................................... 231
FÉ TRINITÁRIA E VIDA CRISTUNIDADE 4 � Ã
OBJETIVOS1 .......................................................................................................... 233
CONTEÚDOS2 ....................................................................................................... 233
ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE3 ..................................................... 234
INTRODUÇÃO4 ..................................................................................................... 234
TRINDADE E TRANSCENDÊNCIA HUMANA5 ......................................................... 234
PAI/MÃE, HOMEM E MULHER6 ........................................................................... 237
DIVINIZAÇÃO, JUSTIFICAÇÃO E FILIAÇÃO7 ........................................................... 239
SOFRIMENTO DE DEUS8 ....................................................................................... 241
ESSÊNCIA, RELAÇÃO E INABITAÇÃO9 ................................................................... 243
MISSÃO DIVINA E MISSÃO DA IGREJA10 ................................................................ 246
QUESTÃO AUTOAVALIATIVA11 ............................................................................... 249
CONSIDERAÇÕES FINAIS12 ..................................................................................... 249
E�REFERÊNCIAS13 .................................................................................................. 250
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS14 .......................................................................... 250
1
Plano de Ensino
APRESENTAÇÃO1. 
Seja muito bem-vindo(a)! Você está prestes a iniciar o estu-
do da disciplina Teologia Trinitária, que compõe o curso de Bacha-
relado em Teologia na modalidade EAD.
A teologia trinitária é a tentativa de entender e interpretar 
o mistério central cristão de um só Deus em três Pessoas iguais e 
distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mt 28,19; 2Cor 13,13). 
Como você já está se habituando nesta nova disciplina, saiba 
que não fará este percurso sozinho. Percorreremos, juntos, a reve-
lação bíblica do adorável mistério trinitário, visitaremos as etapas 
mais importantes da formação do dogma trinitário e, num esforço 
de aprofundamento pessoal e de atualização, procuraremos refle-
tir sobre o significado e a pertinência do mistério para a vida cristã 
e para a vida social.
Ao longo do curso de Bacharelado em Teologia, você já teve 
oportunidade de entrar em contato com muitas disciplinas que lhe 
PE
© Teologia Trinitária
Centro Universitário Claretiano
10
deram uma ideia global do mistério cristão de Deus e da salvação 
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo querem comunicar a nós.
Ora, nesta disciplina, nos voltamos não para as verdades re-
veladas, mas, sim, para a própria Verdade que se revela. Todas 
as verdades reveladas aos seres humanos para sua salvação estão 
subordinadas a Deus, que tem prioridade absoluta sobre todos os 
temas da Teologia.
Ao mesmo tempo, todos os temas teológicos, à sua maneira, 
nos aproximam do mistério de Deus. Se isto se verificou em todas 
as disciplinas estudadas até agora, com muito mais razão verificar-
se-á na disciplina do Deus Trino.
Quando o caminho a ser trilhado não é conhecido, neces-
sitamos de um guia. Ele normalmente segue à nossa frente e nos 
indica o caminho. Mas, em algumas ocasiões, ele simplesmente 
fornece alguns sinais indicativos e nos deixa viajar sozinhos. Assim 
será o percurso desta disciplina. 
O Caderno de Referência de Conteúdo será um instrumento 
para "abrir caminho": pretende ajudá-lo a se embrenhar nesta lu-
minosa e imensa floresta do mistério de Deus. 
Em alguns momentos, porém, você será convidado e instado 
a "fazer seu próprio caminho". Com efeito, às vezes, a estrada cos-
tumeira torna-se impraticável: mudou-se o contexto cultural em 
que a fé sempre se exprimiu; mudaram-se as urgências; mudaram-
se os interlocutores. Este é o momento de arriscar uma nova ver-
balização criativa do mistério eterno. 
Para isso, é importante que você siga o guia, mas, ao mesmo 
tempo, estabeleça com ele uma relação de respeitosa e crítica au-
tonomia, procurando, também, outros autores e outras leituras, 
abrindo-se às urgências da realidade em que você vive e confron-
tando-as com o adorável mistério trinitário.
© Plano de Ensino 11
DADOS GERAIS DA DISCIPLINA2. 
Ementa
Os principais textos do Novo Testamento. Os inícios da ela-
boração do dogma trinitário no período patrístico. As definições 
do Magistério da Igreja. Os debates da Teologia atual. Os mode-
los trinitários. A analogia psicológica de Agostinho e Tomás de 
Aquino. Analogia do amor interpessoal de Ricardo de São Vitor. 
O significado salvador do mistério trinitário para o cristão e para 
o mundo contemporâneo.
Objetivo geral
Os alunos da disciplina Teologia Trinitária do curso de Ba-
charelado em Teologia na modalidade EAD do Claretiano, dado o 
Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferramentas, serão 
capazes de interpretar os dados bíblicos da tradição teológica tri-
nitária para confrontá-los com as urgências e as questões atuais 
da Igreja e do mundo.
Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-
pedagógicos facilitadores de aprendizagem, como Material Didá-
tico Mediacional, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual, 
acompanhamento do professor responsável, do tutor a distância 
e tutor presencial complementado por debates no Fórum.
Ao final desta disciplina, de acordo com a proposta orien-
tada pelo professor responsável e tutor a distância, terão condi-
ções de interagir com argumentos contundentes, além de disser-
tar com comparações e demonstrações sobre o tema estudado 
nesta disciplina, elaborar um resumo, ou uma síntese, entre ou-
tras atividades. Para esse fim, levarão em consideração as ideias 
debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas, 
bem como o que produziram durante o estudo. 
© Teologia Trinitária
Centro Universitário Claretiano
12
Competências, habilidades e atitudes
Ao finaldeste estudo, os alunos do curso de Bacharelado em 
Teologia contarão com uma sólida base teórica para fundamen-
tar criticamente sua prática profissional. Adquirirão não somente 
as habilidades necessárias para cumprir seu papel nesta área do 
saber, mas também estarão capacitados para agir com ética e res-
ponsabilidade social, contribuindo, assim, para a formação inte-
gral do ser humano.
Modalidade
( ) Presencial ( X ) A distância
Duração e carga horária
A carga horária da disciplina Teologia Trinitária é de 30 ho-
ras. O conteúdo programático para o estudo das quatro unidades 
que a compõe está desenvolvido no Caderno de Referência de 
Conteúdo, anexo a este Plano de Ensino, e os exercícios propostos 
constam no Caderno de Atividades e Interatividades.
É importante que você releia no Guia Acadêmico do seu curso as 
informações referentes à Metodologia e à Forma de Avaliação 
da disciplina Teologia Trinitária, descritas pelo tutor na ferramen-
ta “cronograma” na Sala de Aula Virtual – SAV. 
CONSIDERAÇÕES GERAIS3. 
Este Plano de Ensino serve como um mapa que, normal-
mente, você consulta antes de iniciar uma viagem rumo a um 
novo lugar. Evidentemente, o mapa não substitui a viagem: de 
nada adiantaria ter um excelente mapa, cheio de informações 
precisas e de detalhes minuciosos se você não se decidir a em-
preender a viagem. 
© Plano de Ensino 13
Como todo mapa, o Plano de Ensino só será útil para ajuda se 
for consultado antes e durante a viagem. Como um rio caudaloso e 
longo, a disciplina que estudaremos tem uma infinidade de afluen-
tes que possuem, também, seus afluentes.
Para não se perder na viagem e chegar ao seu destino, é pre-
ciso que o mapa indique com clareza o ponto de partida, o percur-
so e o ponto de chegada. 
Certamente, você sentirá, às vezes, a tentação de se internar 
num dos afluentes. Mas por mais belos e sedutores que sejam, 
é preciso não se desviar do destino final: o mistério fascinante e 
tremendo de Deus Uno e Trino.
Por isso, este Plano de Ensino apresenta os conteúdos da dis-
ciplina, organiza em unidades as etapas do estudo e indica a biblio-
grafia, na qual você poderá se aprofundar nos temas apresentados 
no Caderno de Referência de Conteúdo de maneira sucinta. 
Nossa viagem, porém, não é a de um "cavaleiro solitário": 
ela será feita com outros estudantes e com a ajuda do tutor. Viajar 
em boa companhia e com a ajuda de um guia torna a viagem mais 
agradável e encorajadora.
Assim, as atividades do Caderno de Atividades e Interativi-
dades não têm o objetivo de se tornar obstáculos. Pelo contrário, 
a realização de tais atividades, bem como sua participação ativa 
e bem preparada, são ações que vão ajudá-lo a reter melhor os 
conceitos na memória, a entender com mais clareza os conteúdos 
e a guardar com mais afeto e amor o adorável mistério que rece-
bemos na fé e que celebramos na liturgia e na oração.
Que bom que você se decidiu por fazer esta fascinante viagem!
BIBLIOGRAFIA BÁSICA4. 
BINGEMER, M.; FELLER. V. Deus Trindade: a vida no coração do mundo. Valencia: Siquem, 
2002.
FEINER, J.; LÖRER, M. (Org.). Mysterium Salutis, vol. II/1. Petrópolis: Vozes, 1978.
LADARIA, L. O Deus vivo e verdadeiro. São Paulo: Loyola, 2005.
© Teologia Trinitária
Centro Universitário Claretiano
14
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR5. 
BENTO XVI. Carta Encíclica "Deus é amor". São Paulo: Paulus / Loyola, 2005.
BOFF, L. A Trindade e a sociedade. Petrópolis: Vozes, 1987.
______. O Pai-nosso. A oração da libertação integral. Petrópolis: Vozes, 1980.
CODA, P. O evento pascal. Trindade e história. São Paulo: Cidade Nova, 1987. 
COMBLIN, J. O Espírito no mundo. Petrópolis: Vozes, 1978.
DE HALLEUX, A. «Dieu le Père tout-puissant», RThL 8 (1977) 401-422.
DURRWELL, F. O Pai: Deus em seu mistério. São Paulo: Paulinas, 1990.
FORTE, B. A Trindade como história. São Paulo: Paulinas, 1987.
______. Trindade para ateus. São Paulo: Paulinas, 1998.
GALVÃO, A. M. A Santíssima Trindade. O mistério de três pessoas e um só Deus. São Paulo: 
Ave-Maria, 2000.
GESCHÉ, A. Deus. São Paulo: Paulinas, 2004.
KASPER, W. El Dios de Jesucristo. Salmanca: Sigueme, 1990.
KLOPPENBURG, B. Trindade. Petrópolis, Vozes, 2000.
LIBÂNIO, J. Deus Espírito Santo. São Paulo: Paulinas, 2000. 
LIBÂNIO, J. Deus Pai. São Paulo: Paulinas, 2000.
LOHFINK, N. Deus. Politeísmo e monoteísmo na linguagem sobre Deus no Antigo 
Testamento. In: ID. Grandes manchetes de ontem e de hoje. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 
151-170.
LORENZEN, L. Introdução à Trindade. São Paulo: Paulus, 2002.
MOLTMANN, J. Trindade e Reino de Deus. Petrópolis: Vozes, 2000.
O’DONNELL, J. Il mistero della Trinità. Casale Monferrato: Piemme, 1989.
PASTOR, F. Semântica do Mistério. São Paulo: Loyola, 1982.
PATFOORT, A. O mistério do Deus vivo. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 1983.
PIKASA, X.; SILANES, N. Dicionário Teológico o Deus cristão. São Paulo: Paulus, 1988.
QUEIRUGA, A. T. Creio em Deus Pai. O Deus de Jesus como afirmação plena do humano. 
São Paulo: Paulinas, 1993.
RAHNER, K. Algumas observações sobre o tratado dogmático De Trinitate. In: ID. O dogma 
repensado. São Paulo: Paulinas, 1970, p. 217-253.
SCHEEBEN, M. A Santíssima Trindade, São Paulo: Paulus, 1999.
SCHNEIDER, T. H. (Org.), Manual de dogmática (vol. II), Petrópolis: Vozes, 2001.
SESBOÜÉ, B. (Org.) História dos dogmas (tom. I: O Deus da salvação. A tradição, a regra 
de fé e os Símbolos; a economia da salvação; o desenvolvimento dos dogmas trinitários e 
cristológicos). São Paulo: Loyola, 2002.
SIMONETTI, M. La crisi ariana nel IV secolo. Roma: 1975.
SMAIL, T. A pessoa do Espírito Santo. São Paulo: Loyola, 1998.
SPIDIK, T. Nós na Trindade. Breve ensaio sobre a Trindade. São Paulo: Paulinas, 2004.
STUDER, B. Dios Salvador en los padres de la Iglesia. Salamanca: Secretariado Trinitario, 
1993.
VVAA. O Espírito Santo na Bíblia. São Paulo: Paulinas, 1988 (Cadernos Bíblicos 45).
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
INTRODUÇÃO1. 
Seja bem-vindo(a) ao estudo da disciplina Teologia Trinitária, dis-
ponibilizada para você em ambiente virtual (Educação a Distância).
Como você poderá constatar, nesta parte, denominada Ca-
derno de Referência de Conteúdo, encontra-se o conteúdo básico 
das quatro unidades em que se organiza a presente disciplina.
O estudo que agora vamos iniciar tem como assunto princi-
pal o que a revelação cristã nos propõe como o mistério da nossa 
salvação: Deus é uno e trino. A fé é a resposta obediente do ser 
humano ao Deus que se revela como realmente é: como Pai, Filho 
e Espírito Santo. Como "explicar" esse mistério de que os Três são 
um só Deus? Como "dar razões" de nossa fé num só Deus, que é 
Pai, Filho e Espírito Santo?
Inicialmente, voltaremos nossa atenção para a própria reve-
lação bíblica. Recolhendo os dados bíblicos, veremos como a uni-
© Teologia Trinitária
Centro Universitário Claretiano
16
dade divina não é um dado prévio à revelação cristã. A própria 
revelação mostra que não há unidade divina sem trindade e vice-
versa. Assim, a doutrina da unidade de Deus recebe da revelação 
trinitária um sentido novo e muito mais profundo. A unidade di-
vina que a fé cristã afirma é a unidade na Trindade, enquanto que 
não se pode entender a Trindade sem levar em conta a unidade 
divina, Trindade na unidade. A fé na Trindade entendeu-se, sem-
pre, como a forma mais elevada da fé em um só Deus.
Prosseguiremos nosso estudo recolhendo os dados da tradi-
ção teológica da Igreja. Essa tradição teológica transmitiu a termi-
nologia bíblica, mas também cunhou outra nova, mais adaptada à 
cultura e à filosofia na qual os cristãos deviam exprimir, também 
racionalmente, sua fé trinitária. Estudaremos expressões técnicas 
teológicas em sua gênese e evolução até sua plena significação ad-
quirida na atualidade.
Com o auxílio desse aparato técnico e da compreensão a ele 
ligado, teremos condições de fazer uma reflexão sistemática sobre 
o método teológico que decorre do axioma fundamental sobre a 
vida interna deDeus Trino e sua relação com a vida cristã.
Esperamos que este programa atenda às suas expectativas 
em relação ao tema desta disciplina.
 Bom estudo!
ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA2. 
Abordagem Geral da Disciplina
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os 
assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá 
a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada 
unidade. No entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o 
conhecimento básico necessário a partir do qual você possa cons-
17© Caderno de Referência de Conteúdo
truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural 
– para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com 
competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos co-
meçar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princí-
pios básicos que fundamentam esta disciplina. 
Iniciemos com uma pergunta: o que é e como estudar a te-
ologia trinitária?
Teologia trinitária é um esforço e uma tentativa para se en-
tender e se interpretar o mistério central cristão de um só Deus em 
três Pessoas iguais e distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
1) Teologia trinitária é, inicialmente, esforço e tentativa. Es-
forço indica trabalho mental, ânimo e coragem em um empreen-
dimento. De fato, a teologia exige não somente mobilização das 
energias da razão e da vontade, mas também o desejo e a esperan-
ça de conhecer e de aprender. A teologia é, além disso, tentativa, 
ou seja, relaciona-se com a experiência. Não é somente penetra-
ção intelectual e trabalho teórico, mas, especialmente, experiên-
cia, sabedoria e prática.
2) É um esforço e uma tentativa finalizados a entender e a 
interpretar o mistério central cristão. Se, de um lado, a teologia 
existe porque a razão procura e ama entender, de outro, o teólogo 
deve se aproximar do mistério cristão com algumas "atitudes me-
todológicas" que o guiam ao longo de todo o processo de seu falar 
sobre Deus. Vejamos algumas dessas atitudes:
A primeira atitude é a a) humildade intelectual. Diante do 
mistério inefável, devemos proceder com modéstia: ex-
perimentamos, logo “de cara”, a pobreza e a inadequa-
ção de nossas palavras para exprimir o que é indizível 
e descrever o mistério absoluto de Deus. Este, de fato, 
supera todas as nossas categorias. Sobre Deus, podemos 
dizer mais o que ele não é do que realmente ele é.
Humildade intelectual não significa, porém, medo e ti-b) 
midez. Apesar da precariedade de nossas categorias e 
nossas palavras, podemos afirmar diversas verdades re-
© Teologia Trinitária
Centro Universitário Claretiano
18
lativas ao Deus que se revelou mediante Jesus Cristo e o 
dom do Espírito. Evidentemente, mesmo depois da au-
torrevelação e da autocomunicação divina, Deus perma-
nece mistério primordial. Deus não é somente mistério 
por causa da limitação de nossa inteligência, Ele o é em 
si mesmo e assim se revela.
Mesmo levando em conta que o mistério de Deus é inexaurí-
vel, o trabalho teológico pode e deve recolher dados históricos dos 
fatos narrados pela Bíblia e transmitidos pela tradição.
A teologia pode fazer afirmações sobre Deus sempre, po-
rém, nos limites impostos por sua inefabilidade. Santo Agostinho 
exprimiu bem essa tensão entre o discurso sobre Deus e sua ine-
fabilidade: 
Tudo pode ser dito de Deus, mas nada é dito que seja digno de 
Deus. Nada mais amplo do que esta pobreza. Procuras um nome 
conveniente e não o encontras; procuras exprimir-te de qualquer 
modo e todas as palavras servem (AGOSTINHO, Tract. 13,5 CCL 
36,133).
A inefabilidade afirma, paradoxalmente, a possibilidade de 
um discurso sobre Deus; ela nega, somente, a possibilidade de es-
gotar e de se apoderar do mistério.
De fato, o conhecimento de Deus reveste-se desse caráter 
paradoxal porque o ser racional pode conhecer a existência de 
Deus, mas, ao mesmo tempo, não pode compreendê-lo. Deus faz-
se conhecer com suficiente evidência a todos, mas somente o ne-
cessário para que o homem deseje possuí-lo mais ardentemente e 
se esforce em procurá-lo. O ser humano não poderia buscar enten-
der algo que desconhecesse completamente e, ao mesmo tempo, 
não buscaria algo que já conhecesse perfeitamente. Assim, o véu 
do mistério não revela nem vela, completamente, a verdade.
Na dialética de busca e de descoberta, o próprio fato de sa-
ber que Deus é o Incompreensível já é um conhecimento impor-
tante, porque, ao ser assim “compreendido”, Deus revela-se como 
mistério que supera aquilo que o homem começou a compreen-
19© Caderno de Referência de Conteúdo
der, alargando a capacidade e o desejo do coração humano para 
lançá-lo a uma nova etapa dessa busca. A inteligência da fé não 
dissolve o mistério; pelo contrário, a cada descoberta, o "compre-
ende" como incompreensível.
Ao falar de Deus Trino, a teologia recorre à c) analogia. 
Falamos de Deus Trindade apenas por evocações, sím-
bolos, alusões. A analogia orienta a mente para o abis-
mo insondável, para a luz inacessível, para a realidade 
inefável. A analogia consiste no uso de termos comuns 
para designar realidades que são semelhantes e desse-
melhantes ao mesmo tempo. Por exemplo: Dizemos que 
Deus é bom. O homem é bom. Entre bondade de Deus e 
a bondade humana, há semelhança numa maior e sem-
pre dessemelhança. A analogia regula nosso modo de 
falar de Deus em termos humanos e indica que nenhu-
ma informação sobre Deus viola o mistério divino.
Finalmente, uma atitude indispensável para estudar a d) 
Trindade é a conversão. Somente quando amamos pode-
mos conhecer Deus, que é amor por essência. Somente 
quando vivemos em comunhão podemos ser acolhidos 
na Koinonia – Comunhão divina. Somente quando faze-
mos a experiência do Mistério do Deus Amor podemos 
falar algo de significativo sobre o Mistério da Trindade. 
Nesse sentido, continua atual a advertência de S. Boa-
ventura: 
Ninguém pense que lhe baste a leitura sem unção, a especulação 
sem a devoção, a busca sem o assombro, a observação sem a exul-
tação, a atividade sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteli-
gência sem a humildade, o estudo sem a graça divina, a investigação 
sem a sabedoria da inspiração divina (Itinerarium mentis in Deum, 
Prol. n. 4: Opera ominia, tomus V [Ad Claras Aquas 1891], 296).
Qual é a questão fundamental da teologia trinitária?
A teologia procura entender e interpretar o mistério cristão 
de um só Deus em três pessoas iguais e distintas. Este é o assunto 
principal da teologia trinitária. Como manter em equilíbrio unida-
de (um só Deus) e trindade (três pessoas) de Deus? Deus, de fato, 
não é menos uno pelo fato de ter se revelado trino nas pessoas. A 
trindade de pessoas não atenua a unidade divina; não há outra uni-
© Teologia Trinitária
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dade que não seja trina. Mostrar que a trindade e a unidade não se 
contradizem é a questão teológica que atravessa os séculos, desde o 
início da Igreja até os dias de hoje. Durante dois milênios de reflexão 
teológica, foram dadas três respostas erradas a essa questão. 
Triteísmo• : o triteísmo afirma que há três deuses bem dis-
tintos, cada qual eterno e infinito. Além do erro de natu-
reza filosófica, essa posição afirma a pluralidade em detri-
mento da unidade.
Modalismo• : o modalismo acentua a unidade divina, que 
nega a distinção pessoal do Pai, do Filho e do Espírito San-
to. As pessoas seriam assim somente três manifestações 
ou modos com os quais o único Deus se revela e age na 
criação e na redenção. Em outras palavras: Deus é um só 
e aparece, às vezes, a modo de Pai, outras, a modo de 
Filho e, ainda, a modo de Espírito Santo.
Subordinacionismo• : tanto acentua a distinção das Pesso-
as divinas que chega a negar a igualdade divina dessas 
mesmas Pessoas. Segundo essa heresia, há um só Deus 
− o Pai. O Filho distingue-se do Pai porque é inferior e não 
é Deus como o Pai. O Espírito distingue-se, realmente, do 
Paie do Filho porque é inferior e subordinado aos dois. O 
Filho, assim, é reduzido a um tipo de semideus ou, então, 
à mera criatura. Nesse mesmo senso descendente, o Es-
pírito ocupa o terceiro lugar na hierarquia.
Como você pode ver, essas tendências erradas não conse-
guem manter em equilíbrio unidade e trindade. A afirmação de 
um dos termos significa, ao mesmo tempo, a negação do outro.
Todo esforço da teologia trinitária consiste em afirmar tanto 
a unidade quanto a trindade, tanto a distinção pessoal quanto a 
igualdade (consubstancialidade) das pessoas divinas.
Como se organiza a teologia trinitária?
A teologia trinitária procura entender e interpretar o misté-
rio de um só Deus em três Pessoas iguais e distintas. Pai, Filho e Es-
21© Caderno de Referência de Conteúdo
pírito Santo não são, apenas, nomes vazios, mas remetem o fiel às 
pessoas divinas, mais exatamente a Jesus, que revela Deus como 
Abbá, o Pai e, consequentemente, revela-se como Filho. Além de 
revelar Deus como o Pai e a si mesmo como Filho, Jesus promete 
o outro Paráclito, o Espírito Santo. É sobre essa revelação realizada 
por Jesus Cristo que a teologia trinitária constrói sua reflexão.
O dogma trinitário não é o resultado da razão humana e não 
é uma criação da Igreja. Pelo contrário, para falar da Trindade, é 
preciso partir do que Deus revelou de si mesmo mediante a vinda 
de Cristo e o dom do Espírito em nossos corações. A intimidade do 
ser mesmo de Deus só é acessível a nós porque o Pai nos enviou o 
Filho e o Espírito Santo.
Esse princípio é importante e orienta a teologia trinitária 
como tal. Não partimos de um conceito abstrato de Deus para 
depois falar, dedutivamente, da Trindade. O ponto de partida da 
teologia trinitária é o fato de que Jesus nos revelou o Pai e nos 
prometeu o Espírito. A teologia trinitária, inicialmente, tem uma 
atitude receptiva. É aquilo que chamamos de auditus fidei (ouvir 
da fé). Recolhe os dados do AT e do NT nos quais encontra o teste-
munho da fé trinitária.
A teologia trinitária, em sua trajetória atual, prefere, por-
tanto, ater-se mais à linguagem e à maneira do Novo Testamento 
de anunciar a verdade fundamental da Trindade, sem enveredar, 
inicialmente, pelas especulações de tipo filosófico-escolástico. O 
foco da questão é Jesus Cristo, e, a partir de sua pregação, prática 
e pessoal compreende-se a Deus. É o Jesus histórico, dos Evange-
lhos, quem permite que avancemos na compreensão de Deus. 
Ainda faz parte da atitude receptiva da teologia trinitária o es-
tudo da história da reflexão teológica. Não somos os primeiros a re-
fletir sobre a Trindade. Antes de nós, há dois milênios de diálogo, de 
debate, de polêmica e de tomada de posição. As gerações que nos 
antecederam fizeram um verdadeiro trabalho de inculturação da fé 
© Teologia Trinitária
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cristã. Durante os séculos, as gerações anteriores realizaram esse 
trabalho imenso de exprimir e de expor a fé trinitária em diversas 
categorias culturais, assumindo e criando uma linguagem técnica 
muito elaborada. De fato, a fé trinitária foi traduzida, primeiro, nas 
categorias da cultura semita e, depois, na helênica, medieval e mo-
derna. Para conhecer esse imenso trabalho de inculturação da fé, a 
teologia trinitária tem uma parte histórica, na qual serão estudados 
os autores mais importantes e as tomadas de posição mais significa-
tivas do magistério em relação a fé trinitária.
Conhecer o passado ajuda-nos a assumir a tarefa atual de 
também procurar exprimir e expor a fé trinitária para os interlocu-
tores atuais. A Igreja é uma comunidade que fala, mas ela precisa 
falar de modo compreensível e significativo para as pessoas da atu-
alidade. Assim, depois de ter ouvido a fé (depois do auditus fidei), 
é preciso passar para o intellectus fidei (inteligência ou o compre-
ender da fé). Esta é a parte sistemática da teologia trinitária, que 
consiste em tentar expor de maneira coerente e rigorosa a fé na 
Trindade, o mistério supremo de um só Deus e de três Pessoas. A 
teologia trinitária olha para o passado para enfrentar e responder 
aos desafios do presente e para se lançar no futuro. A tarefa que a 
teologia trinitária procura cumprir nessa parte sistemática é a de 
mostrar o mistério da Trindade como o modelo máximo e insupe-
rável de toda verdadeira comunidade humana, especialmente da 
Igreja. O mistério trinitário não é somente uma teoria desligada de 
nossa vida e realidade. Pelo contrário, ele julga, inspira e guia to-
dos os planos de nossa vida: a vida familiar, social e eclesial; o cui-
dado com a ecologia e nossa relação com o cosmo. Em todos esses 
níveis, a Trindade é de altíssima e poderosa inspiração. Em todos 
esses níveis, podemos viver ou não, na Terra e com os irmãos, o 
mistério da adorável comunhão do céu. 
Quais são os principais temas da teologia trinitária?
O tema principal da teologia trinitária não pode ser outro 
senão o tema do Pai, do Filho e do Espírito. Vejamos, primeiro, o 
tema do Pai e do Filho e, depois, o do Espírito Santo. 
23© Caderno de Referência de Conteúdo
O Pai e o Filho
Jesus revela que Deus é Pai. Mais exatamente, que Deus é o 
seu Pai. Entre eles, há uma relação originalíssima, que não se repe-
te. Por isso, quando falamos de paternidade divina, é preciso levar 
em conta a diferença qualitativa que há entre a paternidade que 
Jesus de Nazaré revela e a paternidade humana. Sem negar a se-
melhança entre essas duas paternidades, a palavra "Pai" só pode 
indicar a Primeira Pessoa Divina se reconhecermos a distância in-
finita que existe entre a paternidade humana e a divina. De fato, 
no ser humano, a paternidade é uma condição ou uma qualidade 
em que o homem ingressa ao gerar e ao educar sua prole. Desse 
modo, podemos dizer que natureza humana e a relação paterna 
não coincidem, uma vez que o homem não nasce pai. Ele não é 
pai por natureza, mas deve se tornar pai. Um homem não deixa de 
ser homem por não ser pai. A paternidade é uma relação que se 
"acrescenta" a uma natureza constituída anteriormente. Primeiro 
é preciso existir, ou seja, ser homem, para depois poder ser pai.
A paternidade divina é diferente porque Deus não se tor-
na Pai. Ele o é desde sempre. Desde a eternidade, Deus existe 
como o Pai que gera o Filho. A relação que Deus tem com o Filho é 
totalmente paterna. Assim, a Pessoa do Pai identifica-se com sua 
relação com o Filho. Quem ele é se define por sua relação. No ser 
humano, a relação não é subsistente, ou seja, o ser humano não 
é sua relação. Em Deus, a relação é subsistente, ou seja, a relação 
da paternidade identifica-se com a Pessoa do Pai; a paternidade é 
o Pai da mesma maneira como a relação filial é o Filho. Deus não 
tem relações, Ele é pluralidade de relações.
Outra diferença entre paternidade humana e divina é que 
a paternidade humana exige a maternidade e é completada pela 
maternidade: é próprio do ser humano nascer de um pai e de uma 
mãe. Deus, no entanto, é o único autor (a única fonte, a única ori-
gem) do Filho. Nesse sentido, a paternidade divina ultrapassa as 
diferenças de sexo e integra em si a riqueza da maternidade. É por 
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isso que a Escritura também fala de Deus em termos maternais. 
João Paulo II chegou, até mesmo, a dizer que Deus é, também, 
mãe, ou melhor, é mais mãe do que pai.
Reforcemos: Deus não se torna pai. A paternidade é o que 
constitui o mistério do ser pessoal do Pai, e, por isso, o nome "Pai" 
lhe pertence em modo pleno e perfeito. Ninguém é pai como o Pai. 
Portanto, o Pai é fonte de toda paternidade humana. Tudo o que 
o Pai é, tudo o que Ele faz, se caracteriza pela paternidade. O Pai é 
totalmente Pai, e só Pai. Nada nele contradiz ou nega sua paterni-
dade. Foi exatamente essa paternidade que o Filho veio revelar.
Correspondente a essa paternidade, Jesus revela-se como o 
Filho. Uma vez que a paternidade divina é perfeita, também o é a 
filiação.Jesus de Nazaré não só falou do Pai, mas, especialmente, 
viveu como filho e se relacionou com Deus como seu Pai. Nesse 
sentido, é de importância decisiva a experiência humana que Jesus 
faz. Experiência essa que se exprime, principalmente, na invoca-
ção "Abba". Preste atenção: Jesus não ensina sobre a paternidade 
divina. Não encontramos, em sua pregação, uma doutrina sobre a 
paternidade. Mas temos, em Jesus, algo muito mais importante: 
Jesus de Nazaré vive nessa relação, comporta-se como filho ama-
do, invoca Deus chamando-o de seu Pai e deseja que participemos 
dessa sua relação.
Quando lemos o evangelho, podemos notar que tudo que 
Jesus faz é em obediência ao Pai. Toda sua vida e pregação decor-
rem dessa relação especialíssima que ele tem com seu Pai. Veja-
mos alguns exemplos: Jesus sempre se coloca em oração antes de 
tomar decisões importantes − reza antes de escolher os 12 após-
tolos; no momento da transfiguração e antes de ser preso no Get-
sêmani. Ele reza e invoca Deus chamando-o “Pai”. Na cruz, ele reza 
pedindo o perdão do Pai aos seus algozes. Em Cesaréia de Filipe, 
reconhece, na confissão de fé de Pedro, a inspiração divina: "não 
foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no 
céu" (Mt 16,17).
25© Caderno de Referência de Conteúdo
Esses são somente alguns exemplos. Valeria a pena fazer uma 
leitura dos evangelhos com esse filtro: procurar identificar e estu-
dar todas as passagens em que Jesus exprime sua consciência de 
ser Filho. De fato, Jesus faz uma experiência singular e original de 
sua filiação e, portanto, revela, plenamente, a paternidade divina. 
É por isso que só podemos conhecer o Pai se o Filho nos revelar.
Veja bem: nós conhecemos o Pai não porque o Filho falou do 
Pai, mas porque Jesus viveu, comportou-se e rezou como o Filho. A 
revelação não é doutrina, mas comunicação vital, partilha de uma 
experiência, apelo para entrar numa relação interpessoal.
É a partir daquilo que Jesus viveu e experimentou que se che-
gou à fé na divindade do Filho. O homem Jesus é, também, Deus. 
Jesus, ao revelar Deus-Pai, coloca-nos, necessariamente, diante da 
questão de sua identidade. Ele é somente um profeta, um eleito 
de Deus? Ou será que ele é Deus como o Pai? A filiação de Jesus é 
algo que se dá só no tempo ou é realidade desde sempre?
A humanidade de Jesus, para os primeiros cristãos, era algo 
indubitável. Mas o modo como viveu em relação a Deus levou os pri-
meiros cristãos a se perguntar sobre a identidade divina de Jesus. 
Nesse sentido, o prólogo do Evangelho de João representa a 
resposta madura da Igreja apostólica sobre a identidade de Jesus. 
Jesus é Deus porque é o Verbo de Deus encarnado. Em outras pa-
lavras: também o Filho não se tornou filho. Ele é Filho desde sem-
pre, pois o Verbo preexiste à sua encarnação. O Filho manifestou 
sua filiação no tempo porque se encarnou, mas ele é Filho desde 
sempre. O fato de ter manifestado no tempo sua filiação não signi-
fica que ela tenha começado no tempo.
Vejamos, então, um pouco mais profundamente, a relação 
eterna que há entre Pai e Filho.
O Pai é a origem do Filho. Isto significa que o Pai dá ao Filho 
tudo o que é. Ele comunica ao Filho toda sua divindade, sua eter-
nidade, sua glória, sua majestade, seu poder etc. Por sua parte, o 
Filho recebe tudo do Pai. 
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Quem é superior: o Pai que dá ou o Filho que recebe? Segun-
do nosso modo de pensar, poderíamos dizer que o Pai é superior 
porque ele dá, enquanto o Filho só recebe. Mas, na Trindade, o fato 
de dar não implica a inferioridade de quem recebe. Pelo contrário, 
o Filho é igual ao Pai em divindade, eternidade, glória, majestade 
e poder exatamente porque tudo isto ele recebe do Pai. 
Ao mesmo tempo em que reconhecemos a igualdade divina 
entre Pai e Filho, é preciso aceitar, também, que há, entre eles, dis-
tinção real. Pai e Filho não são nomes vazios, mas são duas Pessoas 
que se distinguem realmente. Mais do que isto, a distinção entre 
eles é infinita.
Por exemplo, cada ser humano é original e irrepetível. Não 
houve, não há nem haverá duas pessoas repetidas ou iguais. Mes-
mo que possamos clonar uma pessoa, o resultado da clonagem vai 
gerar outra pessoa original. Assim, cada um de nós se distingue 
dos outros.
Se isto é verdade em relação às pessoas humanas, com mui-
to mais razão ainda, as Pessoas do Pai e do Filho. A distinção entre 
eles é, de fato, máxima.
Como podemos exprimir essa distinção? O Pai e o Filho não 
se distinguem em divindade, em eternidade, em poder ou em ma-
jestade porque o Pai dá tudo ao Filho, exceto o ser Pai. O Filho re-
cebe tudo por ser Filho. Observe que, na comunicação total entre 
Pai e Filho, há, somente, uma coisa que não é comunicável. Essa 
realidade incomunicável é, exatamente, a Pessoa. A Pessoa divi-
na é incomunicável: o Pai não comunica sua paternidade; o que é 
próprio só do Filho é sua Filiação. Se o Pai pudesse comunicar sua 
paternidade, o Filho não seria Filho e o Pai deixaria de ser Pai.
A Igreja exprimiu esse mistério no símbolo niceno-constan-
tinopolitano. O Pai é Deus. O Filho é Deus de Deus, ou seja, Deus 
que nasce de Deus. O Pai é só Luz, o Filho é Luz da Luz, isto é, Luz 
que procede da Luz. O Pai é Deus verdadeiro. O Filho é Deus verda-
deiro de Deus verdadeiro, em outras palavras, é Deus verdadeiro 
27© Caderno de Referência de Conteúdo
que é gerado por Deus verdadeiro. Assim, o Pai, considerado em si 
mesmo, é Luz da mesma forma como o Filho é Luz; em si mesmo, o 
Pai é Deus, como o Filho em si mesmo é Deus. Juntos eles são uma 
só Luz e um só Deus. Mas quando consideramos o Pai e o Filho 
em sua relação, a distinção aparece, pois o Filho é Deus gerado de 
Deus e luz que vem da Luz.
O Espírito Santo
Falemos, agora, um pouco do Espírito Santo. Conhecemos o 
Espírito Santo porque ele nos foi prometido por Jesus e porque foi 
derramado em nossos corações. Prestando atenção na atuação do 
Espírito em Jesus e nos fiéis, chegamos a conhecer quem ele é na 
eternidade divina. Isto é fundamental para a revelação do Espírito: 
a partir do modo como ele age em Jesus e nos fiéis, a Igreja foi 
levada a reconhecer que o Espírito é, também, Deus.
Vejamos, rapidamente, como o NT fala da atuação do Espíri-
to em Jesus e, depois, nos fiéis.
Em relação a Jesus, são importantes os eventos da encar-
nação, do batismo e da glorificação de Jesus. Na encarnação, o 
Espírito desce sobre Maria para que o Verbo possa se encarnar. No 
batismo, o Espírito desce e permanece sobre Jesus para ungi-lo e 
torná-lo apto para a missão messiânica. Na cruz, Jesus entrega o 
Espírito. Em todos esses acontecimentos, o Espírito não age como 
mera força divina. Ele conduz Jesus em todo seu percurso terres-
tre, mas a ação do Espírito se caracteriza por ser ação de uma pes-
soa, não de uma mera força impessoal.
Nos fiéis, depois de Pentecostes, também o Espírito age. 
Mas, aqui, há uma novidade. Ele se revela não só como Espírito de 
Deus, mas como Espírito de Jesus. Os cristãos recebem o mesmo 
Espírito que agiu em Jesus e, por isso, eles podem confessar que 
Jesus é o Cristo. Quando lemos o NT, vemos que o Espírito está na 
base de todo testemunho que os cristãos dão de Jesus.
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Foi a partir dessa ação do Espírito em Jesus e nos fiéis que a 
Igreja chegou a confessar a divindade do Espírito e, também, que 
ele é pessoa distinta do Pai e do Filho.
Partindo do que diz o NT, podemos afirmar que o Espírito é 
o Espírito do Pai que age em Jesus e é o Espírito de Jesus que age 
nos cristãos. Não são dois espíritos, mas o mesmo e o único Espí-
rito Santo. No entanto, devemos levar a sério o fato de que ele é o 
Espírito do Pai e de Jesus. Assim, ele se revelou, por isso ele é na 
eternidade da Trindade.
A Igreja exprime essa particularidade pessoal do Espírito 
confessando que ele procede do Pai e do Filho.
Nessa afirmação, reconhece-se, inicialmente, queo Espírito 
Santo é pessoa distinta das pessoas do Pai e do Filho: o Espírito 
não é o Pai porque dele procede e não é o Filho porque o Filho é 
gerado enquanto que o Espírito procede. A geração é própria do 
Filho e de nenhum outro. A processão é própria do Espírito e de 
nenhum outro.
Em segundo lugar, na processão do Espírito, há uma partici-
pação do Filho. O Espírito procede do Pai e do Filho. Como enten-
der isto?
Dissemos anteriormente que o Pai é princípio, fonte e autor 
do Filho pela geração. Da mesma maneira, o Pai é fonte e origem 
do Espírito Santo pela processão. Na geração do Filho, porém, o 
Pai comunica ao Filho também o ser fonte e origem do Espírito. As-
sim, o Espírito que procede dos dois é Espírito do Pai e do Filho.
Outra maneira de falar do Espírito é a partir de 1Jo 4,16: 
"Deus é Amor". Deus é amor em seu ser mais profundo. Foi a par-
tir de sua atuação na história da salvação e pelo fato singularíssimo 
de nos ter enviado seu Filho e o Espírito Santo é que descobrimos 
que Ele é amor em si mesmo. Uma vez que ele se revelou amor 
para nós, chegamos à fé de que ele é amor em si mesmo.
29© Caderno de Referência de Conteúdo
Uma vez que o Espírito é Espírito do Pai e do Filho, podemos 
também dizer que ele é amor dos dois, ou melhor, Ele é Amor-
Pessoa, amor que procede do amor do Pai e do Filho. Amando-se 
reciprocamente, o Pai e o Filho fazem surgir um terceiro, que é 
amor consubstancial dos dois. O amor entre Pai e Filho é de tal 
ordem que eles não só estão unidos, mas são um só. E é o Espírito 
Santo de Amor que une Pai e Filho nessa comunhão inefável.
Deus é amor, mas cada uma das Pessoas é amor a modo pró-
prio. O Pai é amor gratuito e altruísta, como origem e fonte que se 
comunica ao Filho e ao Espírito. O Filho é amor que recebe agra-
decido para entregar, gratuitamente, a um outro. O Espírito Santo 
é amor como alegria da comunhão pura do amante e do amado 
que estão unidos entre si. O Pai é só amor gratuito; o Filho é amor 
agradecido e gratuito; o Espírito é amor de comunhão entre aman-
te e amado.
Conclusão
Para concluir, tentemos sintetizar, em poucas palavras, algu-
mas inspirações que a reflexão trinitária pode dar para a vida na 
Igreja e no mundo.
O mistério trinitário mostra-nos que a diferença não é um 
obstáculo para a comunhão. Nós temos a tendência de ver na dife-
rença uma dificuldade para a plena comunhão; pensamos que isto 
só é possível na medida em que diminuímos ou suprimimos a dife-
rença. Na Trindade, a diferença, ou melhor, a alteridade ou distin-
ção pessoal, não impede a comunhão. Pelo contrário, na Trindade, 
o que distingue é, também, o que une. O fato de o Pai ser distinto 
do Filho e do Espírito Santo não os separa, mas os une. Também o 
inverso é verdadeiro. O fato de Pai, o Filho e o Espírito serem um 
só não suprime as diferenças pessoais deles. O fato de ser um só 
não se dá em detrimento da distinção entre os Três divinos. Creio 
que isto é muito inspirador para a vida em sociedade, especial-
mente no contexto atual de pluralismo cultural, religioso. A Trin-
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dade ajuda-nos a ver, em nossas diferenças culturais e religiosas, 
uma possibilidade para viver a comunhão e de viver a comunhão 
não como empobrecimento das diferenças, mas como plena afir-
mação delas.
Para o desfecho desta conclusão, citemos um texto de Santo 
Anselmo, no qual ele encoraja as pessoas a buscar Deus, indican-
do, ao mesmo tempo, o modo dessa busca.
Vamos, coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupa-
ções [...]. Põe de parte os cuidados que te absorvem [...]. Dá um 
pouco de tempo a Deus e repousa nele [...].
Olhai-me, Senhor, ouvi-nos, mostrai-vos a nós. Dai-nos novamente 
a vossa presença para sermos felizes, pois sem vós somos tão infe-
lizes! Tende piedade dos rudes esforços que fazemos para alcançar-
vos, nós que nada podemos sem vós.
Ensinai-me a vos procurar, e mostrai-vos quando vos procuro; pois 
não posso procurar-vos se não me ensinais nem vos encontrar se 
não vos mostrais. Que desejando eu vos procure, procurando vos 
deseje, amando vos encontre, e encontrando vos ame (ANSELMO, 
Prológion, I,97-100).
Glossário de Conceitos
Este Glossário permite a você uma consulta rápida e preci-
sa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio 
dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento 
dos temas tratados na disciplina Teologia Trinitária.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos desta dis-
ciplina:
Adocianismo1) : heresia espanhola do século 8º, segundo 
a qual Cristo, enquanto Deus, era verdadeiro Filho de 
Deus por natureza, mas enquanto homem, era somente 
filho adotivo de Deus (cf. DS 595; 610-615; FIC 4.075; 
4.079). Os expoentes principais foram: Elipando (aprox. 
718-802), arcebispo de Toledo, e Félix (= 818), bispo de 
Urgel. A dominação islâmica de Toledo, naquele tempo 
capital da Espanha, e a teologia islâmica, em que um 
dos princípios fundamentais é de que Deus não pode ter 
filhos, foram o terreno propício para essa heresia que 
31© Caderno de Referência de Conteúdo
tinha precedentes no ebionismo e no monarquianismo 
dinâmico que foram associados ao adocianismo nos es-
tudos de Adolf von Harnack (1851-1930) (O'COLLINS & 
FARRUGIA, 1995, p. 12).
Adoração2) : o supremo ato de homenagem que é dirigido 
somente a Deus (Ex 20,1-4; Jo 4,23), nosso criador, re-
dentor e santificador. Somente ele "é adorado e glorifi-
cado" (Símbolo de Nicéia). Os fiéis adoram Deus através 
de várias imagens (por exemplo, a cruz); adoram Cristo 
presente na Eucaristia (cf. DS 600-601; FIC 7.336-7.337) 
(O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 12).
Ágape (Amor)3) : termo característico usado no NT, espe-
cialmente no Evangelho de João, nas cartas de Paulo e 
de João, para designar o amor de Deus (ou de Cristo) em 
relação a nós e, por derivação, o nosso amor em relação 
a Deus e entre nós (por exemplo, Jo 15,12-17; 1Jo 4,16; 
1Cor 13). Este termo se aplica também à refeição que o 
cristianismo primitivo tomava em comum em conexão 
com a Eucaristia (O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 13).
Amor4) : comportamento livre, autotranscendente, vivifi-
cante e unificante que tem sua fonte e seu modelo na 
Santíssima Trindade. O AT repetidamente confessa Deus 
como o parceiro fiel e terno da Aliança do povo por ele 
escolhido. Este é chamado a responder amando a Deus 
(Dt 6,5) e ao próximo (Lv 19,18). Jesus uniu estes dois 
mandamentos de base (Mc 12,29-31), e ensinou que o 
nosso amor deve estender-se de modo particular aos 
inimigos e àqueles que se encontram em dificuldade 
(Mt 5,43-48; 25,31-46; Lc 10,29-37). Enquanto novo (Jo 
13,13.34; cf. 1Cor 12,31-13,13) e maior mandamento, o 
amor pode também incluir o morrer pelos outros, como 
fez Jesus (Jo 15,13; 1Jo 3,16). A iniciativa do amor de 
Deus em relação a nós pecadores torna possível a nossa 
resposta de amor (Lc 15,3-32; Jo 3,16; Rm 5,6-8; 8,31-
39; 1Jo 4,19). O Espírito de amor nos é dado (Rm 5,5); 
somos chamados à nova comunidade de amor (Ef 5,25-
26.29); somos convidados a participar do amor divino 
que é a vida íntima da Trindade (Jo 17,26) (O'COLLINS & 
FARRUGIA, 1995, p. 16-17).
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Analogia5) : é o uso de um termo comum para designar 
realidades que são semelhantes e dessemelhantes sob 
o mesmo aspecto (por exemplo, "amor", predicado de 
Deus e dos seres humanos). O termo análogo é distinto:
dos termos equívocos: estes se dão quando se usa a) 
uma mesma palavra para indicar realidades diferen-
tes (por exemplo, cão, animal e cão, constelação);
e dos termos unívocos, ou termos perfeitamente si-b) 
nônimos: trata-se, neste caso, de termos diferentes 
que indicam uma mesma e idêntica realidade (por 
exemplo, o rei e o soberano para indicar o chefe su-
premo de um reino) (O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, 
p. 18).
Analogia da fé: 6) é uma expressão tirada de Rm 12,6 e 
que é usada na teologia católica para recordar que umapassagem da Escritura ou um dado da fé é interpretado 
no contexto da única, inteira e indivisível fé da Igreja (DS 
3016, 3283; FIC 1.081, 2.019). Karl Barth (1886-1968) 
usou esta expressão para indicar a semelhança e a des-
semelhança que existem contemporaneamente entre a 
decisão humana de crer e a decisão divina de doar a gra-
ça (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 19).
Analogia do ente: 7) em teologia, a analogia regula o nosso 
falar de Deus em termos humanos e indica que nenhuma 
informação que nos seja comunicada deste modo viola 
o absoluto mistério de Deus. Como diz o Concílio Late-
ranense IV, qualquer semelhança entre o Criador e as 
criaturas é caracterizada por uma dessemelhança ainda 
maior (cf. DS 806; FIC 6.067). Existe uma diferença infini-
ta entre a afirmação "Deus é" e a afirmação "as criaturas 
são" (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 19).
Anomitas (Gr. “dessemelhantes”) ou anomianos ou ae-8) 
cianos: chamam-se assim os arianos extremistas de se-
gunda geração, que tinham como chefe Aécio (= aprox. 
370) e Eunômio (= aprox. 394), segundo os quais o Filho 
era somente a primeira criatura e era diferente, quanto à 
essência, do Pai. Além disso, Eunômio sustentava que o 
Espírito era simplesmente a mais excelsa criatura produ-
zida pelo Filho. Consequentemente, os seus discípulos 
33© Caderno de Referência de Conteúdo
batizavam somente ”no nome do Senhor” (O’COLLINS & 
FARRUGIA, 1995, p. 22).
Antropomorfismo9) : atribuir a Deus características huma-
nas tanto físicas (por exemplo, o rosto, a boca, as mãos), 
quanto emocionais (por exemplo, o desagrado, a alegria, 
a ira) (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 25).
Apolinarismo10) : heresia cristológica sustentada pelo Bis-
po de Laodicéia, Apolinário (aprox. 310 − aprox. 390). 
Preocupado em defender a plena divindade de Cristo 
contra os Arianos, Apolinário negou a sua plena humani-
dade ao sustentar que Cristo não tinha espírito, ou seja, 
alma racional, enquanto esta era substituída pelo Logos 
divino (cf. DS 146, 149, 151; FIC 4.023; 4.034). O seu inte-
resse principal era assim o de estabelecer uma rigorosa 
unidade em Cristo como aparece na fórmula: “a única 
natureza encarnada do Logos” (O’COLLINS & FARRUGIA, 
1995, p. 25-26). 
Apropriação11) : atribuir a uma pessoa divina uma ação ou 
um atributo que na realidade é comum às três Pessoas 
divinas. Assim, a criação é atribuída por apropriação ao 
Pai, a redenção ao Filho e a santificação ao Espírito San-
to. De fato, todas as obras ad extra (Lat. “as ações exter-
nas”) são comuns às três Pessoas divinas (cf. DS 545-546; 
1330; FIC 6.072) (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 28).
Argumento ontológico12) : este modo de “demonstrar” a 
existência de Deus foi desenvolvido por Santo Anselmo 
(aprox. 1033-1109). Uma vez que aquilo que nós enten-
demos por “Deus” é id quo nihil maius cogitari possit (Lat. 
"o ser do qual não se pode pensar algo maior"), a própria 
ideia de Deus exige a existência objetiva de Deus. Caso 
contrário, cairíamos numa contradição, enquanto tería-
mos a capacidade de imaginar algo maior do que Deus, 
e precisamente um Deus que existe. Santo Tomás de 
Aquino (aprox. 1225-1274), Emanuel Kant (1724-1804) 
e outros rejeitaram este argumento enquanto passa 
indevidamente, segundo eles, do nível do pensamento 
puro àquele da existência efetiva. Outros filósofos, pelo 
contrário, defenderam este argumento ainda que de 
maneiras diferentes: Renè Descartes (1596-1650), Baruc 
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Spinoza (1632-1677), Leibniz (1646-1716), Hegel (1770-
1831). Mais recentemente, alguns sustentaram que o 
argumento ontológico em vez de ser uma “prova” é um 
forma de explicar o conhecimento implícito que temos 
de Deus (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 29).
Argumento teleológico (Gr. “estudo dos fins e dos es-13) 
copos”): é o argumento que parte da ordem que se 
constata no mundo para afirmar a existência de Deus 
como Ordenador e Causa final de todas as coisas. De 
modos diversos, Aristóteles (384-322 a.C.), Santo To-
más de Aquino (aprox. 1225-1274) e muitos outros in-
terpretaram o universo como revelador de finalidade 
inteligente e indicador de Deus como fim último de to-
das as coisas. David Hume (1711-1776) colocou em dis-
cussão a causalidade trans-empírica em geral; Emanuel 
Kant (1724-1804) contestou a possibilidade de provas, 
em particular da existência de Deus. O argumento te-
leológico teve que enfrentar ulteriores objeções quan-
to ao que Charles Darwin (1809-1882) explicou sobre 
o desígnio biológico que é a sobrevivência do mais 
idôneo. As teorias mecanicistas da ordem do mundo 
como simples resultado de operações casuais das for-
ças naturais duraram muito tempo. Porém, os recentes 
progressos em astronomia, biologia, física e em outras 
ciências têm mostrado quão vasta e ampla é a ordem 
de um mundo que, aparentemente, existe somente 
por um tempo relativamente curto. As probabilidades 
contrárias a uma ordem tão impressionante que tives-
se surgido do puro acaso dão uma nova plausibilidade 
ao argumento que postula um Ordenador inteligente 
(O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 29-30).
Arianismo: 14) heresia condenada no Concílio de Nicéia 
I (325). O seu fautor foi um padre de Alexandria, Ário 
(aprox. 250-336), o qual sustentava que o Filho de Deus 
não tinha existido desde sempre e que por isso não era 
de natureza divina, mas somente a primeira criatura (cf. 
DS 125-126, 130; FIC 0.503-0.504). Depois de ter per-
turbado seriamente a paz da Igreja até fins de 381, o 
35© Caderno de Referência de Conteúdo
Arianismo sobreviveu de forma mitigada durante vários 
séculos entre as tribos germânicas (O'COLLINS & FARRU-
GIA, 1995, p. 30).
Aristotelismo15) : orientação filosófica que teve sua origem 
com Aristóteles (348-322 a.C.), caracterizada por um 
maior realismo do que a precedente e muitas vezes rival 
escola platônica. Depois de ter sido desprezado e comba-
tido por alguns Padres da Igreja, o aristotelismo com sua 
ética, lógica, teoria da causalidade (com suas quatro cau-
sas: eficaz, final, formal e material) e concepção da alma 
humana como forma do corpo (e não prisioneira do corpo 
como ensinava o platonismo) se afirmou na Idade Média 
por causa da influência dos filósofos árabes, de Moisés 
Maimonides (1135-1204) e de Santo Tomás de Aquino 
(aprox. 1225-1274). Santo Tomás elaborou as suas provas 
da existência de Deus sobre uma base aristotélica, mas 
defendeu a imortalidade da alma, negada, ao que parece, 
por Aristóteles (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 30-31).
Ateísmo16) : negação da existência de Deus em teoria ou 
na prática. As múltiplas formas de ateísmo vão desde 
uma indiferença tolerante até um comportamento mili-
tante, que varia de acordo com o conceito de Deus que 
é rejeitado e com o ambiente sócio-eclesial no qual se 
dá o conflito. Por um período mais ou menos longo, é 
possível ser ateu de boa fé, mas o refuto consciente do 
problema da existência de Deus é irresponsável e digno 
de reprovação (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 34). 
Atributos de Deus17) : propriedades proclamadas de Deus 
em base ao pensamento filosófico (por exemplo, a imu-
tabilidade) e/ou à revelação divina (por exemplo, a fideli-
dade). Eles exprimem, nos limites da analogia, a essência 
inefável de Deus, da qual, em última análise, não se distin-
guem realmente (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 34).
Autocomunicação18) : termo usado pelos idealistas alemães 
(Hegel, por exemplo) e depois adaptado pelos teólogos (K. 
Rahner, por exemplo) e pelo Vaticano II (DV 6) para designar 
a automanifestação e autodoação de Deus na obra da reve-
lação e da graça (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 35).
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Caridade19) : é a terceira virtude teologal; pressupõe as ou-
tras duas (fé e esperança) e dá a todas as virtudes. O seu 
objeto primário é Deus; secundariamente, é dirigida a nós 
e a outros seres humanos (cf. Dt 6,5; Jo 13,34; 1Jo 4,7-5,4; 
1Cor 13,1) (O'COLLINS & FARRUGIA,1995, p. 47).
Causalidade20) : é o influxo exercitado por um ser ou de uma 
parte dele sobre um outro ser. A causa eficiente produz os 
seus efeitos sobre um ser que já existe ou leva a um outro 
ser. A causa material é a "matéria" com que é feita uma 
coisa. A causa formal forma e organiza algo, tornando-a 
aquilo que é. A causa final é o fim para o qual uma coisa 
é feita. A causa exemplar serve de modelo que é imitado 
na produção de um ser. Para indicar que a atividade divina 
e a humana estão situadas em planos diferentes, Deus é 
chamado Causa primeira, no senso de que todas as outras 
realidades dependem dEle para vir à existência, para con-
tinuar a ser e para agir. As criaturas são chamadas causas 
secundárias, enquanto é somente em sua radical depen-
dência de Deus que podem influir umas sobre as outras 
(O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 50).
Cinco vias21) : cinco argumentos para a existência de Deus 
que se encontram na Summa Theologiae de Santo To-
más de Aquino (aprox. 1225-1274). Do fato da mudança 
(movimento) no mundo, a Primeira Via deduz a existên-
cia de um Primeiro Motor Imóvel. A Segunda via provém 
da nossa experiência das causas que produzem efeitos 
até uma Causa última não causada. A Terceira Via obser-
va a contingência do nosso universo e presume a neces-
sidade de uma Causa Necessária. A Quarta Via começa 
com os graus limitados de perfeição que se encontram 
no universo e chega a uma primeira Causa Ilimitada. A 
Quinta Via observa o modelo ordenado do mundo que 
se pode explicar unicamente mediante a atividade fi-
nalizada de um divino Ordenador. As Cinco Vias foram 
fortemente contestadas por David Hume (1711-1776), 
Emanuel Kant (1724-1804) e por outros filósofos, mas 
oferecem, contudo, perspectivas válidas para nosso co-
nhecimento (limitado) de Deus (O'COLLINS & FARRUGIA, 
1995, p. 57-58). 
37© Caderno de Referência de Conteúdo
Deísmo22) : termo genérico para indicar as teorias de mui-
tos escritores ingleses, europeus e americanos dos sé-
culos XVII e XVIII os quais, em várias maneiras, sublinha-
vam o papel da razão no fato de religião e negavam a 
revelação, os milagres e qualquer ação providencial na 
natureza e na história dos homens (O'COLLINS & FARRU-
GIA, 1995, p. 103).
Ebionitas23) (hebr. “homens pobres”): um grupo ascético 
de judeu-cristãos dos séc. I e II. Acreditavam que Jesus 
era o filho natural de Maria e de José, um simples ho-
mem sobre o qual o Espírito Santo desceu no batismo. 
Insistiam na sua adesão à lei de Moisés e, por isso, rejei-
tavam S. Paulo (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 119).
Economia24) : é o plano de salvação de Deus para a huma-
nidade. Esse plano foi revelado através da criação e, so-
bretudo, através da redenção realizada em Jesus Cristo 
(Ef 1,10; 3,9). Na teologia oriental, o termo "economia" 
indica também certas concessões feitas pela Igreja, que, 
levando em conta a fraqueza humana, dispensa, em al-
guns casos, das prescrições canônicas (O'COLLINS & FAR-
RUGIA, 1995, p. 121).
Espírito Santo25) : é a terceira Pessoa da Trindade, adorada 
e glorificada com o Pai e o Filho, enquanto uno na natu-
reza e igual em dignidade pessoal com o Pai e o Filho. 
O Concílio de Braga (675), ou possivelmente o terceiro 
Sínodo de Toledo (589), acrescentou ao Símbolo Cons-
tantinopolitano, que dizia que o Espírito Santo procede 
do Pai, "e do Filho" (Filioque). As primeiras formulações 
orientais estavam de acordo em julgar que o Espírito 
Santo não era gerado como o Filho, mas procede do Pai 
"através do Filho" (per Filium). A obra da santificação, 
comum às três Pessoas divinas, é atribuída "por apro-
priação" ao Espírito Santo, enquanto ela comporta a 
autodoação do Espírito (Jo 20,22; Rm 5,5). Tanto Ata-
násio de Alexandria (aprox. 296-373) quanto S. Cirilo de 
Alexandria (|444) sustentaram a divindade do Espírito 
Santo exatamente pelo fato de que o Espírito nos torna 
semelhantes a Deus ao nos divinizar ou nos santificar. 
A divindade do Espírito Santo foi afirmada no Concílio 
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Constantinopolitano I em 381 (O'COLLINS & FARRUGIA, 
1995, p. 356).
Expiração26) : termo técnico tomado de Jo 3,8 e usado na 
doutrina trinitária para indicar a maneira com que o Es-
pírito Santo procede do Pai e do Filho. O NT chama o 
Espírito Santo de "Espírito do Pai" (Mt 10,20) e de "Es-
pírito do Filho" (Gl 4,6). A teologia latina acrescenta que 
o Espírito é "expirado" por ambos (cf. DS 850, 1300; FCC 
6.069-6.070), distinguindo a expiração ativa da passiva. 
A expiração ativa, sendo comum ao Pai e ao Filho, não 
constitui outra pessoa, enquanto a expiração passiva é 
um outro nome para indicar o Espírito Santo que é "ex-
pirado", mas não "expira". Dessa maneira, a Igreja latina 
distingue entre a expiração pelo Pai, que é princípio sem 
princípio e origem sem origem, e a expiração pelo Filho, 
que é princípio originado de um outro princípio, ou seja, 
do Pai. A maioria dos teólogos da Igreja grega nega, po-
rém, a participação do Filho como origem na processão 
do Espírito Santo enquanto ameaçaria a "monarquia" 
(Gr. "único princípio") ou origem sem origem do Pai. Os 
Concílios de Lião II (1274) e de Florença (1439) precisa-
ram que o Espírito Santo é expirado pelo Pai e pelo Filho 
como de um único princípio (DS 850, 1300; FCC 6.069-
6.070) (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 355-356).
Filioque27) (Lat. “e do Filho”): palavra que foi acrescenta-
da ao Símbolo Niceno-Constantinopolitano no IV Sínodo 
de Braga, Portugal (675). O seu acréscimo no III Sínodo 
de Toledo (589) parece ter sido uma interpolação (cf. DS 
470; FCC 6.024). Essa palavra quer afirmar:
que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho;a) 
que as três Pessoas da Trindade são perfeitamente b) 
iguais.
No ano 1013, o imperador Henrique II ordenou que a 
Igreja latina acrescentasse o Filioque na profissão de fé. 
A Igreja ortodoxa grega repugnou fortemente essa inser-
ção no Símbolo. A partir do Patriarca Fócio de Constanti-
nopla (aprox. 810-895), o Filioque foi, muitas vezes, con-
siderado o ponto mais grave de divergência entre Oriente 
e Ocidente. O concílio de Florença (1439) não pretendeu 
39© Caderno de Referência de Conteúdo
que os Gregos aceitassem o acréscimo do Filioque, mas 
se contentou que reconhecessem a verdade subjacente 
nele (DS 1301-1303; FCC 6.070-6.71), o que eles fizeram 
(O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 143-144).
Geração28) : trata-se do ensinamento do Concílio de Nicéia 
(325) ("gerado não criado") sobre o modo em que o Fi-
lho tem origem, desde a eternidade, do Pai sem ser por 
ele criado (cf. DS 125; FCC 0.503) (O'COLLINS & FARRU-
GIA, 1995, p. 151).
Hipóstase29) : a natureza substancial ou a realidade que 
está sob algo (cf. Hb 1,3). O termo criou problemas nas 
controvérsias cristológicas e trinitárias dos sécs. IV e V, 
quando começou a significar uma "realidade concreta e 
singular", ou uma "existência distinta pessoal". Por fim, 
o ensino oficial da Igreja falou de Deus como Três "hi-
póstases" que compartilham a única substância ou na-
tureza, e de Cristo como duas naturezas e uma "única 
hipóstase" ou pessoa (cf. DS 125-126; 300-303; 421; FCC 
0.503-0.504; 4.012-4.013). Na teologia trinitária, usa-se 
o termo para sublinhar que as pessoas divinas são reais 
e não apenas aparentes (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, 
p. 182).
Mistério30) : não é algo simplesmente obscuro ou inexplicá-
vel (por exemplo, um assassinato "misterioso"), mas é o 
plano amoroso de Deus para a salvação da humanidade 
que agora foi revelado por meio de Cristo (Rm 16,25; Ef 
1,9; 3,9; Cl 1,26-27; 2,2; 4,3). Enquanto foi revelada de-
finitivamente em Cristo, a realidade misteriosa de Deus 
transcende a razão e a compreensão humana. A men-
te humana não pode aferrar Deus; é a majestade divina 
que nos aferra. A teologia protestante seguiu o tema lu-
terano do Deus revelatus sed absconditus (Lat. "Deus re-
velado mas ainda escondido"). Os ortodoxos cultivaram 
a teologia apofática que sublinha a inacessibilidadede 
Deus. No séc. XIX, o Concílio Vaticano I (DS 3015-3020; 
FCC 1.080-1.085), Matthias Scheebem (1835-1888) e ou-
tros falaram dos mistérios revelados ou verdades sobre 
Deus (no plural). A teologia recente e o ensinamento ofi-
cial acentuaram a unidade da aut0o-revelação de Deus. 
© Teologia Trinitária
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Karl Rahner (1904-1984), o Concílio Vaticano II e as encí-
clicas de João Paulo II favorecem a linguagem do "Misté-
rio", em vez daquela dos "mistérios" divinos (O'COLLINS 
& FARRUGIA, 1995, p. 224).
Modalismo (Lat. “aspecto”)31) : essa heresia acentuava 
tanto a unidade divina que chegava a negar a distinção 
pessoal do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eles seriam 
somente três manifestações ou modos com que o úni-
co Deus se revelaria e agiria na criação e na redenção. 
Iniciado na Ásia Menor com Noeto (aprox. 200), o mo-
dalismo se propagou no Ocidente com Práxeas (aprox. 
200), Sabélio (início do séc. III), Fotino (séc. IV) e, até cer-
to ponto, Marcelino de Ancira (| 374 aprox.) (cf. DS 151, 
284; FCC 6.023) (O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 226).
Monarquianismo (Gr. "um só princípio")32) : termo cunha-
do por Tertuliano (aprox. 160-220) para designar a teoria 
herética que acentuava tanto a unidade de Deus que ne-
gava um Filho verdadeiramente divino com uma existên-
cia pessoal distinta. Alguns monarquianos sustentavam 
que Jesus era divino somente no senso de um dynamis 
(Gr. "potência") de Deus que tinha vindo sobre ele e o 
tinha adotado. Os monarquianos modalistas reduziam a 
Trindade a modos diversos nos quais Deus se manifesta 
e age (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 228).
Monofisismo33) : heresia atribuída aos que não aceitaram 
o ensinamento do Concílio de Calcedônia (451) segundo 
o qual existem "duas naturezas em uma só pessoa" (DS 
300-303; FCC 4.012-4.013), e se separaram do Patriar-
cado de Constantinopla. Nenhuma das partes, porém, 
sustentava claramente uma versão integral do monofi-
sismo, isto é, que a encarnação significasse a fusão da 
divindade e da humanidade de Cristo em uma terceira 
natureza, ou que comportasse na absorção da natureza 
humana pela divina como uma gota no oceano. A dife-
rença com Calcedônia parece que tenha sido, ao menos 
em parte, terminológica. Entre os dissidentes, Timóteo 
Erulo (= 477) tornou-se o patriarca “monofisista” de Ale-
xandria, e Pedro Fulone (= 488) patriarca de Antioquia. 
As Igrejas "monofisistas" foram organizadas por Severo 
41© Caderno de Referência de Conteúdo
de Antioquia (aprox. 465-538), deposto do patriarcado 
de Antioquia em 518. As Igrejas "monofisistas" são hoje 
chamadas genericamente de Igrejas não calcedônias 
(O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 230-231).
Ousía34) : é o termo usado no Concílio de Nicéia I (325) para 
indicar a única natureza divina possuída pelo Pai e Filho 
(DS 125-126; FCC 0.503-0.504). O Concílio de Constanti-
nopla I (381) afirmou a divindade do Espírito Santo (DS 
150-151; FCC 4.019). O Concílio de Constantinopla III 
(553) explicitou que as três Pessoas divinas possuem a 
mesma "ousía” (DS 421; FCC 0.509). Em latim, “ousía" 
foi traduzido não somente por "essentia" ("essência"), 
mas também "substantia" (substância"), termo que é 
muito facilmente associado à palavra grega que indica 
"persona” (“hypostasis”) (O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, 
p. 257).
Natureza – Essência – Substância35) : em sua significação 
mais comum e conhecida, natureza indica o conjunto 
das coisas que formam o mundo, antes da intervenção 
humana com sua ação consciente e livre. Na filosofia e 
teologia indica o núcleo essencial de uma coisa ou pes-
soa. Enquanto a essência designa o núcleo fundamen-
tal do ponto de vista estático, a natureza o assinala do 
ponto de vista dinâmico. É neste sentido que costuma 
ser usado na teologia trinitária e vale como sinônimo 
de essência ou de substância, mas sempre com especial 
relação à ação. A natureza é aquilo que as três Pessoas 
têm como integralmente em comum e que define sua 
unidade. Esta essência indica o princípio de modifica-
ção e de atividade (natureza, do latim nasci, nascer). A 
razão última da atividade reside na essência própria do 
ser e a razão próxima na faculdade e nas forças que lhe 
são inerentes. Daí o axioma "o agir segue ao ser" (age-
re sequitur esse). Essência indica a razão íntima do ser, 
pelo qual um ser é propriamente aquilo que é. Aplica-
se o termo a tudo quanto é, de algum modo, um ente 
real ou possível, existente em si ou de algum modo, um 
ente real ou possível, existente em si ou em outro. Na 
doutrina trinitária a palavra é usada para indicar o ele-
© Teologia Trinitária
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mento substancial comum às três pessoas divinas. Não 
se trata, porém, de uma essência universal, possuída de 
modo distinto das três pessoas (como, por exemplo, a 
racionalidade para o ser humano), mas de uma realida-
de perfeitamente individualizada, única e idêntica para 
as três Pessoas da Trindade. Segundo a clássica definição 
que recebeu por Aristóteles, a substância é aquilo que é 
em si mesmo e não no outro. Substância é uma realida-
de dotada de próprio ser, que tem em si sua consistência 
ontológica. É o contrário de acidente, que não existe em 
si mas no sujeito. Costumamos distinguir duas espécies 
de substâncias: uma que é a essência universal, e outra 
que é este indivíduo singular e concreto. Assim, uma é a 
substância da humanidade, outra é a esta substância em 
João ou Maria. Na teologia trinitária o termo é emprega-
do, analogamente, no sentido de substância individual 
ou singular. É usado para exprimir aquilo que é comum 
à três Pessoas e que, portanto, é a base de sua unidade. 
Dizemos que Deus é uno na substância e trino nas Pes-
soas (KLOPPENBURG, 2000, p. 115-116).
Patripassianismo (Lat. “sofrimento do Pai”)36) : termo 
cunhado por Tertuliano (aprox. 160-220) para designar 
a forma de Monarquianismo ou Modalismo sustentado 
por Práxeas (aprox. 200). Tertuliano o ridicularizou dizen-
do que ele tinha expulsado o Espírito e crucificado o Pai. 
Outro modalista, Noeto (aprox. 200), afirmava que o Pai 
tinha nascido e depois morrido na cruz (O’COLLINS; FAR-
RUGIA, 1995, p. (O’COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 272).
Pessoa (Lat. "máscara de um autor")37) : termo usado 
originalmente para indicar o papel representado por 
alguém no palco ou na vida. Boécio (aprox. 480-524) 
definiu classicamente pessoa como “rationalis naturae 
individua substantia" (Lat. "uma substância individual de 
natureza racional"). Ao longo dos séculos, foram explici-
tados ou acrescentados vários aspectos do que é uma 
pessoa: relação, incomunicabilidade, autoconsciência, 
liberdade, deveres, direitos e dignidade inalienável. Para 
Kant (1724-1804), a pessoa humana é um absoluto que 
não pode ser nunca usado como meio, mas deve sempre 
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ser respeitada como fim moral em si. Hoje, sublinha-se 
muito o fato de que as pessoas estão sempre em rela-
ção, que se constituem através das relações com os ou-
tros e com o ambiente (O'COLLINS; FARRUGIA, 1995, p. 
278-279).
Pessoas da Trindade38) : são o Pai, o Filho e o Espírito San-
to que possuem a única natureza divina e subsistem em 
relação entre si. Ao falar das Pessoas divinas, os Padres 
Gregos preferiam a palavra "hipóstase" (Gr. "indivíduo 
subsistente") à "prósopon" (Gr. "vulto, rosto"), que po-
deria insinuar puro modalismo ("três rostos de Deus"). 
Tinham dificuldade de aceitar a palavra latina persona, 
mesmo que Tertuliano (aprox. 160-225) tivesse introdu-
zido esse termo exatamente para combater o modalismo 
de Práxeas. Por sua vez, os teólogos ocidentais temiam 
e combatiam as tendências triteístas ("três deuses") ao 
falar da Trindade (O'COLLINS & FARRUGIA, 1995, p. 279-
280).
Pneumatologia39) : chama-se assim o setor da teologia que 
estuda o Espírito Santo. As cartas de S. Paulo atestam o 
papel do Espírito na revelação de Deus, no conduzir à fé, 
no inspirar a oração, no habitar na Igreja, no prover a co-

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