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Ergonomia Industrial

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ERGONOMIA 
INDUSTRIAL
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9 788587 686787
ISBN 978-85-8768-678-7
Ergonomia 
industrial
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Seleide Aparecida Monteiro Eugênio
Ergonomia 
industrial
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Eugênio, Seleide Aparecida Monteiro
E87e Ergonomia Industrial/ Seleide Aparecida Monteiro 
 Eugênio – Londrina: UNOPAR, 2014.
 152 p.
ISBN 978-85-87686-78-7
 1. Saúde Ocupacional. 2. Segurança. 3. Trabalho. I Título.
CDD-620.82
© 2014 by Unopar 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo 
ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, 
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sem prévia autorização, por escrito, da Unopar.
Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer
Gerente de produção editorial: Kelly Tavares
Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso
Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento
Editor: Casa de Ideias
Editor assistente: Marcos Guimarães
Revisão: Marina Sousa
Capa: Solange Rennó
Diagramação: Casa de Ideias
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Sumário
Unidade 1 — Fundamentos da ergonomia .....................1
Seção 1 Fundamentos, origem e evolução ........................................3
Seção 2 Conceitos e definições .....................................................11
Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia ......................................13
Seção 4 Antropometria ..................................................................15
4.1 Antropometria: medidas .......................................................................15
Unidade 2 — Organismo humano ...............................29
Seção 1 Organismo humano .........................................................30
1.1 A máquina neuromuscular ...................................................................30
Seção 2 Biomecânica ocupacional .................................................43
2.1 Trabalho estático e dinâmico ................................................................43
2.2 Dores musculares .................................................................................44
2.3 Traumas musculares ..............................................................................44
2.4 Posturas do corpo .................................................................................44
2.5 Levantamento de cargas ........................................................................49
2.6 Transporte de cargas .............................................................................51
Unidade 3 — Segurança e Qualidade de Vida no 
Trabalho (QVT) ......................................55
Seção 1 Segurança no trabalho ......................................................57
1.1 Conceito de segurança no trabalho .......................................................57
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Seção 2 QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) ..............................63
2.1 Difusão do Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho .......................64
Unidade 4 — Tipos de riscos ergonômicos ..................83
Seção 1 Riscos ergonômicos ..........................................................84
1.1 Riscos operacionais .............................................................................85
1.2 Riscos ergonômicos ..............................................................................85
Seção 2 Implicações objetivas e subjetivas ...................................110
2.1 Quadros clínicos ................................................................................111
2.2 Valores impostos pela cultura do contentamento: satisfação, 
excelência e saúde perfeita .................................................................113
Unidade 5 — Desenvolvimento atual da 
ergonomia e seu embasamento legal ...119
Seção 1 Desenvolvimento atual da ergonomia ............................120
1.1 Análise ergonômica do trabalho .........................................................120
1.2 Sociolinguística e psicologia cognitiva e linguística (PSCL) .................121
Seção 2 Aplicação das Normas Regulamentadoras (NR) ..............123
Referências ...............................................................131
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O crescimento e a convergência do potencial das tecnologias da informa-
ção e da comunicação fazem com que a educação a distância, sem dúvida, 
contribua para a expansão do ensino superior no Brasil, além de favorecer 
a transformação dos métodos tradicionais de ensino em uma inovadora 
proposta pedagógica.
Foram exatamente essas características que possibilitaram à Unopar ser 
o que é hoje: uma referência nacional em ensino superior. Além de oferecer 
cursos nas áreas de humanas, exatas e da saúde em três campi localizados 
no Paraná, é uma das maiores universidades de educação a distância do país, 
com mais de 450 polos e um sistema de ensino diferenciado que engloba aulas 
ao vivo via satélite, Internet, ambiente Web e, agora, livros-texto como este.
Elaborados com base na ideia de que os alunos precisam de instrumen-
tos didáticos que os apoiem — embora a educação a distância tenha entre 
seus pilares o autodesenvolvimento —, os livros-texto da Unopar têm como 
objetivo permitir que os estudantes ampliem seu conhecimento teórico, ao 
mesmo tempo em que aprendem a partir de suas experiências, desenvolvendo 
a capacidade de analisar o mundo a seu redor.
Para tanto, além de possuírem um alto grau de dialogicidade — caracteri-
zado por um texto claro e apoiado por elementos como “Saiba mais”, “Links” 
e “Para saber mais” —, esses livros contam com a seção “Aprofundando o 
conhecimento”, que proporciona acesso a materiais de jornais e revistas, 
artigos e textos de outros autores.
E, como não deve haver limites para o aprendizado, os alunos que quise-
rem ampliar seus estudos poderão encontrar na íntegra, na Biblioteca Digital, 
Carta ao aluno
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acessando a Biblioteca Virtual Universitária disponibilizada pela instituição, a 
grande maioria dos livros indicada na seção “Aprofundando o conhecimento”.
Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da semana, 
conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas áreas do co-
nhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador conectado à Internet.
Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos da 
Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para realmente 
fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e também — por que 
não? — para contribuir com o futuro de nosso país.
Bom estudo!
Pró-reitoria
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Apresentação
O presente livro vem nos apresentar os mais diversos parâmetros em que 
é apresentada a Ergonomia Aplicada ao Trabalho. Trataremos, aqui, das exi-
gências das pessoas em relação à saúde laboral, ou seja, as reclamações das 
pessoas por melhores condições de vida e de trabalho.
Na busca por melhoria de condição de vida, foram demandadas várias 
novas metas para que, assim, a população de um modo geral tenha melhor 
aplicabilidade e desempenho nos seus afazeres.
A seguir, teremos as unidades nas quais o livro está dividido:
Unidade 1: Nessa unidade, você compreenderá os fundamentos da ergono-
mia a sua história, origem e evolução, desde os primeiros tempos até a atualidade. 
Entenderá sua importância, influência e efeitos. Assim, poderá compreender a 
importância de conhecer o passado para entender os dias atuais e de ter uma 
visão panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia.
Unidade 2: Nessa unidade, descreveremos de maneira resumida as prin-
cipais funções do organismo humano que são pertinentes à ergonomia. Serão 
apresentadas as funções que influem no desempenho do trabalho. Além disso, 
trabalharemos a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corpo-
rais e as forças relacionadas ao trabalho. 
Unidade 3: Nela, verificaremos a importância, não apenas para os trabalha-
dores mas também para as empresas e para a sociedade, dos riscos que podem 
ser evitados acerca da saúde e da prevenção dos acidentes no trabalho, além 
da qualidade de vida, que deve ser proporcionada aos trabalhadores para uma 
melhor produtividade em seus meios laborais.
Unidade 4: Nessa unidade, vamos identificar os riscos ergonômicos e sua 
grande fonte de tensão no trabalho — por exemplo, as condições desfavoráveis, 
como excesso de calor, ruídos e vibrações que causam desconforto, aumen-
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tam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis à saúde. Para 
cada uma das variáveis ambientais há certas características mais prejudiciais ao 
trabalho. 
Unidade 5: Nessa unidade, nosso foco é mostrar como no progresso tec-
nológico e na crescente automação industrial há uma tendência de liberar o 
trabalhador daquelas tarefas que exigem muitos esforços ou daquelas de natu-
reza simples e repetitiva. Diante disso, há uma redistribuição social da força de 
trabalho, com a maioria da humanidade que se dedica ao setor de serviços. Com 
a distribuição do seu tempo no ambiente doméstico, público e nos transportes, 
os conhecimentos da ergonomia, que antes foram aplicados apenas na produção 
industrial, têm o seu foco também direcionado ao setor de serviços, comércio, 
educação, saúde, transporte e lazer. A aplicação da ergonomia a esses casos deve 
ser feita de maneira diferente, pois fica difícil definir o tipo de usuário. 
Após abordarmos todas as unidades, compreenderemos a ligação de um es-
tudo com outro e como um complementa o outro, para que, ao final, possamos 
obter a conclusão dos reais benefícios que os trabalhadores possuem com tudo 
o que foi escrito nestas páginas.
Em todo o livro procuramos, por meio dos links e das leituras complemen-
tares, contextualizar o conteúdo na realidade do dia a dia do leitor, buscando, 
assim, uma maior facilidade de assimilação do conteúdo e a possibilidade de o 
leitor enxergar a utilidade prática do ensinamento, motivando-o, assim, na busca 
por mais conteúdo em outras fontes de conhecimento e de ensinamentos que 
o preparam para o porvir de muitos desafios em sua vida pessoal e profissional.
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Seção 1: Fundamentos, origem e evolução
Nessa seção, detalharemos os principais fundamen-
tos, a origem e a evolução da ergonomia, levantando 
sua origem e evolução desde os seus primórdios. 
Essa abordagem é mantida na Europa Ocidental, 
e é na Inglaterra que se encontra sua origem e seu 
emprego. Na França, desenvolveu-se nos setores de 
pesquisa e ensino público, progressivamente atin-
gindo os setores industriais, começando a penetrar 
o setor privado. A ergonomia está definitivamente
ligada aos progressos do conhecimento científico
e à evolução da questão do trabalho, por meio do
desenvolvimento da engenharia humana.
Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você compreenderá os 
fundamentos da ergonomia, sua história, origem e evolução desde os 
primeiros tempos até a atualidade. Entenderá sua importância, influên-
cia e seus efeitos. Dessa forma, poderá compreender a importância 
de conhecer o passado para entender os dias atuais e ter uma visão 
panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia.
Fundamentos
da ergonomia
Unidade 1
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 Seção 2: Conceitos e definições
Nessa seção, conheceremos os conceitos e as de-
finições, ou seja, os problemas levantados pelo 
conhecimento do homem aplicáveis ao conjunto 
homem-trabalho, tendo forma própria de estudo e 
pesquisa e vislumbrando um tipo próprio de pen-
samento sobre sua realidade, colocando questões 
diversas sobre as quais de sustenta, questões estas 
relacionadas as diversas ciências, principalmente à 
fisiologia e à psicologia (LAVILLE, 1977).
 Seção 3: Objetivos básicos da ergonomia
Aqui vamos indicar o objetivo da ação ergonô mica, isto 
é, encontrar uma solução para um proble ma. Não existe 
solução anterior à mediação ergonômica. O diagnóstico 
primeiro pode ser redefinido durante a intervenção, 
cujos objetivos também podem ser redefinidos quando 
da intervenção. Somente no final da intervenção pode-
remos saber realmente qual é o problema.
 Seção 4: Antropometria
Nessa seção aprenderemos a importância dessa 
área de conhecimento, pois a indústria moderna 
precisa de medidas antropométricas cada vez mais 
detalhadas e confiáveis. De um lado, isso é exigido 
pelas necessidades da produção em massa; do outro, 
surgiram muitos sistemas de trabalho complexos.
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Introdução ao estudo
O início da ergonomia se deu durante a Segunda Guerra Mundial, quando 
cientistas e pesquisadores se reuniram para estudar um novo campo de apli-
cação interdisciplinar da ciência. A Ergonomics Research Society (2013, p. 1, 
tradução nossa) define a ergonomia como o “[...] estudo do relacionamento 
entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a 
aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução 
dos problemas surgidos desse relacionamento”.
Num momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se a uma ob-
servação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho 
e de fatores externos importantes ao projeto de sistema de trabalho. A seguir, 
estudaremos os seguintes assuntos: fundamentos da ergonomia: histórico, ori-
gem e evolução; conceitos; definições e seus objetivos básicos.
Seção 1 Fundamentos, origem e evolução
Estão relacionadas à evolução da ergonomia as mudanças sociais, econô-
micas e tecnológicas que vêm acontecendo no mundo do trabalho.
A ergonomia surge nos meados dos anos 1940 na Inglaterra, vindo de um 
contexto histórico que passa da produção artesanal à informática, alterando 
os postos de trabalho realizados pelo homem.
Nessa época, a ergonomiaemerge de modo mais padronizado, buscando 
entender a complexidade da conexão entre o homem e o trabalho, oferecendo 
suporte teórico e prático para aprimorar essa integração.
Não há uma história propriamente dita sobre a ergonomia, o que houve foi 
um conjunto de conhecimentos referentes ao homem em atividade de trabalho 
que permitiu o surgimento dessa modalidade. 
Fica evidente que a prática ergonômica faz uso de técnicas específicas e 
baseia-se em conhecimentos científicos multidisciplinares e, essencialmente, 
em conhecimentos das ciências do homem (como a fisiologia, a psicologia e a 
sociologia). Isso ocorre devido a seus estudos estarem diretamente relacionados 
ao homem, afinal, a ergonomia existe para e por ele.
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Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 1):
A ergonomia desenvolveu-se na Segunda Guerra Mundial. Pela 
primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços 
entre tecnologia, ciências humanas e biológicas para resolver 
problemas de projeto. Médicos, psicólogos, antropólogos e 
engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas cau-
sados pela operação de equipamentos militares complexos. Os 
resultados desse esforço interdisciplinar foram muito gratifican-
tes, a ponto de serem aproveitados pela indústria, no pós-guerra. 
Com relação à definição de ergonomia, para Dul e Weerdmeester (2004, p. 1) 
“[...] o termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e no-
mos (regras)”. Isso significa que ergonomia é o estudo do relacionamento entre 
o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente da 
aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução 
surgida neste relacionamento (ERGONOMICS RESEARCH SOCIETY, 2013).
Silva e Paschoarelli (2010), ao considerar as práticas desenvolvidas 
por Leonardo da Vinci, o apontam como um precursor da área de ergono-
mia. Leonardo da Vinci nasceu em 1452, na aldeia de Vinci. Aos dezoito 
anos, Da Vinci, então aprendiz do artista Florentino Andrea Verrochio, deu 
início a suas primeiras obras sem contribuição de seu mestre, obras estas 
já apresentando as peculiaridades que se tornariam características notáveis 
de seu trabalho. Visionário, curioso e ávido por saber nos mais diversos 
campos (arquitetura, engenharia, anatomia, pintura, escultura, fisionomia 
etc.), Leonardo da Vinci incorporou ao máximo o “homem universal”, numa 
época em que o homem era tido como centro do universo e que a ciência 
se constituía basicamente de matemática e medicina. 
Fundou a “achademia vinciana” por volta de 1490, onde implantou uma 
metodologia de ensino baseada primeiramente no estudo formal e proporcional 
de corpos naturais no desenho e, por último, no uso de cores. 
O trabalho de Leonardo da Vinci trazia uma forte característica formal e 
sistemática das suas experiências e de seus estudos anatômicos e fisiológicos, 
o que contribuiu para a ergonomia.
A partir dos inúmeros estudos que havia realizado sobre a anatomia dos 
corpos (em seus cadernos havia mais de 600 esboços sobre o tema), passou a 
analisar criteriosamente a influência de elementos como luz, sombra e movi-
mentos sobre as atividades humanas.
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Silva e Pascoarelli (2010, p. 13-14) assim discorrem sobre a figura do Ho-
mem Vitruviano proposta por Da Vinci:
A principal relevância da ação de Leonardo ao juntar o homem 
canônico do quadrado e da circunferência, em seus centros 
geradores e clássicos em uma só figura, foi manter o homem 
fixo em um lugar, girar ou articular seus membros inferiores e 
superiores ainda conectados ao tronco e, como característica 
dos precursores e empreendedores, pensar diferente e alterar a 
posição das formas, o quadrado e a circunferência, neste caso, 
o que viria a ser um princípio da ergonomia, isto é, o posto de
trabalho, o ambiente, a roupa e as questões periféricas devem
se adaptar ao homem, e não o homem a eles.
Figura 1.1 Homem Vitruviano: músculos do dorso e membros superiores
Fonte: Jakub Krechowicz / Shutterstock (2013). 
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Figura 1.2 Músculos da mão
Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).
Figura 1.3 Músculos do braço
Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).
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Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), verifica-se que foram determinadas 
algumas tarefas diárias que poderiam ser exigidas dos trabalhadores em mea-
dos do século XVII. Além disso, institui-se um salário incentivo e surge a ideia 
de remuneração humana de trabalho. Ainda nesse mesmo período, o médico 
italiano Bernardino Romazzini escreve sobre doenças e lesões relacionadas ao 
trabalho, e seus estudos, denominados “doenças ocupacionais”, são publicados 
por volta de 1700.
É nessa ocasião que se incluem os estudos de Bernard Forest de Bélidor, 
sobre as interfases ergonômicas na organização do trabalho.
Bélidor nasceu na Catalúnia. Filho de um oficial militar francês, cinco 
meses após seu nascimento ficou órfão, quando passou então aos cuidados 
da família da viúva de seu padrinho, outro oficial militar. Sua vida foi dividida 
entre o militarismo e a ciência, dedicando-se à engenharia civil, tornando-se 
especialista em hidráulica e matemática. 
Segundo Silva e Paschoarelli (2010, p. 25):
Bélidor tentou medir a capacidade de trabalho físico nos locais 
de trabalho dos operários no século XVIII, seus estudos foram 
voltados para as construções de pontes e muralhas analisavam 
como o trabalhador se comportava especificamente no que 
tangia ao carregamento de cargas por longo período, relacio-
nando esforço muscular e postura que posteriormente foram 
considerados irregulares e demonstrava como o ser humano 
interagia com as máquinas e de que forma o trabalho era reali-
zado. E assim um operário sem doenças operacionais poderia 
ser mais eficiente nas construções.
Entre todos, um dos precursores da ergonomia, Philibert Patissier, marcou 
época e deixou para a humanidade contribuições para o desenvolvimento da 
medicina e da saúde púbica a serviço do bem-estar das pessoas.
Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), Patissier realiza as primeiras pesqui-
sas sobre mortalidade e morbidade da população operária. Após o trabalho 
de Romazinee e Patissier (1822), publicou um novo tratado sobre as doenças 
dos artesãos e aquelas provenientes de varias outras profissões, indicando as 
precauções (prevenção e tratamento) a serem tomadas. Desse modo, ele fala 
sobre as lesões sofridas, enfatiza medidas para evitar acidentes e sugere medidas 
de proteção nos trabalhos de fábrica. Também ressaltou orientar as crianças 
para uma profissão específica. 
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O Tratado de Patissier foi difundido na França e suas ideias foram ampla-
mente adotadas. Sua preocupação com a prevenção, especialmente aos aci-
dentes com máquinas, foi difundida, sendo compartilhada pelas mais variadas 
empresas da França, enriquecendo sua valiosa contribuição à medicina do 
trabalho (ele era doutor em medicina pela Faculdade de Paris).
Entre os organizadores do trabalho, Taylor e seus precursores analisaramo 
trabalho buscando definir as melhores condições de rendimento, aprimorando 
o desempenho do homem e baseando-se no modelo análogo ao funcionamento 
da máquina.
Nesse contexto, no fim do século XIX, verificava-se uma grande compe-
titividade com rápido crescimento de corporações e início de organizações 
industriais que monopolizavam o mercado, tornando difícil a sobrevivência 
de quem apresentasse baixa produtividade.
Para a ergonomia, o trabalho de Taylor foi um dos marcos iniciais aos con-
ceitos de projeto de tarefas. O controle do tempo e os estudos dos movimentos 
se tornaram a base para os métodos de análise de tarefas utilizadas ainda hoje. 
Jules Amar contribuiu significativamente com os fisiologistas do fim do 
século XIX, proporcionando para a ergonomia técnicas e equipamentos que 
permitiam mensurar o desempenho físico do ser humano. Dentre eles, desta-
cam-se o esfigmógrafo, o cardiógrafo e o pneumógrafo. Simultaneamente ao 
desenvolvimento desses equipamentos, avançam também no estudo teórico 
específico do desgaste fisiológico e de energética muscular do homem.
Na primeira metade do século XX, Jules Amar se destaca em idealizar a 
pesquisa realizada em laboratório e autor do livro O motor humano, no qual 
aborda o estudo científico sobre os dados físicos e fisiológicos relacionados 
à eficiência e ao desempenho humano nos ambientes de trabalho na indús-
tria. Seu livro, O motor humano, considerado por alguns a primeira obra de 
ergonomia, descreve os métodos de avaliação e as técnicas experimentais, 
fornecendo as bases fisiológicas do trabalho muscular e relacionando-as com 
as atividades profissionais. Descreve, também, os princípios mecânicos gerais 
do corpo humano como uma máquina.
Da idealização do conceito de ergonomia por Murrell, em 1949, até o 
início dos primeiros estudos brasileiros nesta área passaram-se mais de vinte 
anos. Na década de 1970, sob a influência do pesquisador francês Alain Wis-
ner, iniciaram-se as abordagens ergonômicas, o que justifica até os nossos dias 
muitos seguirem a abordagem francesa, a analyse ergonomic du travail.
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Com base em um método proposto pelas professoras Moraes e Mont’Alvão 
(2000), foi na década de 1990 que novos estudos surgiram, ganhando força devido 
a descrição clara dos muitos obstáculos que surgem num estudo ergonômico. 
Cabe frisar que, no Brasil, concluíram que houve seis principais vertentes 
para a difusão da ergonomia no país:
 Década de 1960: através da abordagem “o produto e o homem” 
(curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP com 
o prof. Sergio Penna Kehl).
Início da década de 1970: introdução do ensino de ergonomia no
curso de engenharia de produção.
Ano de 1976: com a introdução do ensino de ergonomia no curso de
desenho industrial, da Escola superior de Desenho Industrial da UERJ.
Década de 1970: foi identificada através de estudos relacionados à
psicologia ergonômica no curso de Psicologia da USP de Ribeirão
Preto com ênfase na Percepção visual aplicada no estudo do trânsito.
Década de 1970: na área de psicologia da FGV-RJ, promoveu o I
Seminário Brasileiro de Ergonomia (1974).
Ainda nos anos de 1970: o professor Wisner tanto incentivou quanto
orientou um dos primeiros trabalhos de ergonomia da FGV (Fundação
Getúlio Vargas), cujo tema era plantação de cana de açúcar na área
rural de cidade de Campos-RJ. Também incentivou a pós-gradução
em ergonomia na sua instituição de origem, já na década de 1980.
Os egressos desta instituição francesa distrinuiram-se por vários es-
tados e cidades (DINIZ, 1994).
Em 13 de julho de 1983, houve um importante feito para a ergonomia bra-
sileira, a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO).
É importante ressaltar que a ABERGO foi aceita como membro da Interna-
tional Ergonomics Associations (IEA) em 1984, entretanto, essa filiação nunca 
foi oficializada, por questões meramente burocráticas.
Em 2004, foi introduzido o sistema de certificação do ergonomista brasileiro 
ao qual concede o título aos profissionais que se submetem ao processo. A 
certificação é uma tendência mundial recebendo apoio da IEA e do Ministério 
do Trabalho e Emprego. 
Como já se indicou, a Ergonomics Research Society da Inglaterra nos de-
fine a ergonomia como “[...] o estudo do relacionamento entre o homem e 
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o seu trabalho, equipamento e ambiente, e, particularmente, a aplicação dos 
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas 
surgidos desse relacionamento” (2013, p. 1, tradução nossa).
No momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se para a obser-
vação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho 
e de fatores externos importantes ao projeto de sistemas de trabalho. Uma vez 
que não se busca o simples ajustamento entre homem e máquina, mas, sim, a 
adaptação conjunta dos dois.
Deste modo, o estudo ergonômico considerará, como citado anteriormente:
 as características individuais do homem;
 os equipamentos, as ferramentas, os móveis e as instalações que são 
utilizadas na execução do trabalho;
 o ambiente físico;
 as comunicações existentes das informações;
 a organização;
 as consequências do trabalho.
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 11
Seção 2 Conceitos e definições 
Como já foi dito, o termo “ergonomia” é derivado de duas palavras gregas, 
que significam regras do trabalho, mas podemos considerar essa definição 
simples e superficial.
Segundo Dul e Weerdmesster (2004, p. 1):
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica 
que estuda as interações dos homens com outros elementos 
do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos 
de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano 
e o desempenho global do sistema.
Para Iida (2005, p. 2):
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho do ho-
mem. O trabalho, aqui, tem uma acepção bastante ampla, 
abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e 
equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas 
também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre 
o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não somente 
o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. 
A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades 
de planejamento e projeto, que ocorrem durante e após esse 
trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa 
atingir os resultados desejados.
Temos a definição de diversas associações, como da Ergonomics Society 
da Inglaterra (2013, p. 1, tradução nossa) que diz:
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu 
trabalho, equipamento, ambiente e, particularmente, a aplica-
ção dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia 
na solução dos problemas que surgem desse relacionamento.
Iida (2005, p. 2) afirma:
Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas 
com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando 
intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada 
e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a 
eficácia das atividades humanas.
A ergonomia trabalha abordando características específicas do sistema: 
 Ergonomia física: trata das características da anatomia humana antropo-
metria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física.
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12 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
 Ergonomia cognitiva: trata dos processos mentais, tais como percepção, 
memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações 
entre as pessoas e outros elementos de um sistema.
 Ergonomia organizacional: trata-se da utilização dos sistemas sócio-
-técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos.
Cabe notar que a ergonomia estuda tantos as condições prévias como as 
consequências do trabalho e as interações que ocorrem entre homem, máquina 
e ambiente durante a realização desse trabalho.
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 13
Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia 
Conforme já apresentado, a ergonomia estuda os diversos fatores que in-
fluem no desempenho produtivo e procura reduzir os resultados nocivos sobre 
o trabalhador. 
Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, o estresse, os erros e os aciden-
tes, dando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores. 
Não se aceita colocar a eficiência como objetivo principal da ergonomia: 
ela virá como consequência. Reiterando, a ergonomia visa em primeiro lugar 
a saúde, a segurança e a satisfação do trabalhador. 
 Figura 1.4 Fatores que influem no sistema produtivo
 
 
Entradas 
Matéria -prima 
Energia (gasta) 
Informações 
 
Posto de 
trabalho 
 
Saídas 
Produtos 
Energia (gerada) 
Conhecimentos 
Consequências do 
trabalho: 
fadiga, estresse, erros, 
acidentes 
 
 
 
Subprodutos 
Sucatas 
Dejetos 
Lixo 
Consequências do trabalho: 
fadiga, estresse, erros, 
acidentes
Entradas 
Matéria-prima 
Energia (gasta) 
Informações
Saídas 
Produtos 
Energia (gerada) 
Conhecimentos
Subprodutos 
Sucatas 
Dejetos 
Lixo
 Fonte: Do autor (2013).
Em Sonego et al. (2009), para certo número de disciplinas, o trabalho é o 
campo de aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina. Para a 
ergonomia, o trabalho é o único possível de intervenção.
A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre 
a atividade do trabalho humano.
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14 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é infor-
mar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica 
a cada um.
Conforme Sonego et al. (2009, p. 4, grifo nosso):
[...] procedimento ergonômico é orientado pela perspec-
tiva de transformação da realidade, cujos resultados obtidos 
irão depender em grande parte da necessidade da mudança. 
Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a 
especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não 
pode ser definido a priori, pois sua construção depende do 
objetivo da transformação.
Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir 
conhecimentos, deve ser construído por um processo de de-
composição/recomposição da atividade complexa do trabalho, 
que é analisada e que deve ser transformada.
O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do 
trabalho real. “Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu 
questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por 
ela mesma”.
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 15
Seção 4 Antropometria
É um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da 
morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho do 
corpo. Como diz Sobral (1985, p. 25), “[...] o método antropométrico baseia-se 
na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimensionais 
do corpo humano”.
O tamanho físico de uma população pode ser determinado através da 
medição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais, e os 
resultados obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, 
equipamentos e produtos que sirvam as dimensões da população utilizadora 
(SANTOS; FUJÃO, 2003).
4.1 Antropometria: medidas 
A antropometria se compromete com as medidas físicas do corpo. Essas 
medidas necessitam de precisão, e isso é exigido pelas necessidades da pro-
dução para a população de produtos como vestuário e calçados. Em todas as 
áreas deve-se ter uma atenção redobrada para a medição, desde a produção 
de carros e aeronaves, até de usina nucleares. 
Até a década de 1940, as medidas antropométricas visavam determinar 
apenas algumas grandezas médias da população, com pesos e estaturas. 
Hoje, o interesse maior está centrado no estudo das diferenças entre grupos 
e a influência de certas variáveis como etnias, alimentação e saúde (IIDA, 
2005).
4.1.1 Variações das medidas
Na Idade Média, os calçados eram do mesmo tamanho. Não havia dife-
rença entre pé esquerdo e direito, e a produção era de um único modelo, o 
que simplificava os problemas de produção, distribuição e controle de estoque.
Até a década de 1950, os automóveis eram projetados apenas para os ho-
mens, pois raramente alguma mulher dirigia.
Para o consumidor, a padronização excessiva nem sempre se traduz em 
conforto, segurança e eficiência. Para que esse tipo de problema seja tratado 
adequadamente, são necessárias três tipos de providência: 
 definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada situação;
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16 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
 realizar medições para gerar dados confiáveis;
 aplicar adequadamente esses dados.
Diferenças entre os sexos
Mulheres e homens diferenciam-se entre si desde o nascimento, mas até o 
final da infância, em torno dos nove anos, ambos os sexos apresentam cresci-
mento semelhante.
As diferenças começam a surgir na puberdade. O crescimento começa a ace-
lerar em torno dos dez anos, as meninas crescem aceleradamente dos onze aos 
treze anos, e os meninos dois anos mais tarde. Este crescimento ocorre primeiro 
nas extremidades, como mãos e pés. Após esta fase acelerada, tanto meninas 
como meninos continuam a crescer lentamente, atingindo a estatura final em 
volta dos vinte a 23 anos de idade. As diferenças de estaturas entre homens e 
mulheres são de 6% a 11%. Há uma diferença significativa da proporção múscu-
los/gordura entre homens e mulheres. Os homens têm proporcionalmente mais 
músculos que gordura, além disso, a localização da gordura também é diferente.
As mulheres têm uma maior quantidade de gordura subcutânea, que é 
responsável pelas suas formas arredondadas. A maior parte dessa gordura 
concentra-se entre a bacia e as coxas.
Nas variações intraindividuais, pode-se dizer que o ser humano sofre contí-
nuas mudanças físicas durante toda a vida, ocorrendo de diversas maneiras. Há 
uma alteração do tamanho, proporções corporais, forma e peso. Na infância e 
na adolescência, essas mudanças se aceleram, e as proporções entre os diversos 
segmentos do corpo também se alteram.
O recém-nascido possui, proporcionalmente, cabeça grande e membros curtos. 
Com o crescimento, essas proporções vão se alterando, e o cérebro desenvolve-se 
precocemente. Aos cinco anos, já atinge 80% do seu tamanho definitivo.
Quadro 1.1 As proporções corporais vão se modificando com a idade
Idade Estatura/cabeça Tronco/braço
Recém-nascido 3,8 1,00
2 anos 4,8 1,14
7 anos 6,0 1,25
Adulto 7,5 1,50
Fonte: Iida (2005, p. 100).
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 17
A estrutura atinge o seu ponto máximo em torno dos vinte anos e permanece 
praticamente inalterada dos 20 aos 50 anos, mas “[...] a partir dos 55 a 60 anos, 
todas as dimensões lineares começam a decair. Outras medidas, como o peso 
e a circunferência dos ossos, podem aumentar” (IIDA, 2005, p. 100). 
Ainda em Iida (2005, p. 100) “[...] durante o envelhecimento, observa-se 
também uma gradativa perda de forças e mobilidade”, isso se deve aos pro-
cessos da perda da elasticidade das cartilagens e de calcificação. A força de 
uma pessoa de 70 anos equivale à metade de uma outra de 30 anos. Todavia, 
o sistema nervoso degenera-se em uma velocidade menor, podendo haver um 
mecanismo de compensação à perda no sistema muscular.
Além dessas variações intraindividuais, que acompanham a pessoa ao 
longo da vida, existem também as variações interindividuais, que diferenciam 
os indivíduos de uma mesma população. Estas são decorrentes de duas causas 
principais: etnia e genética.
Variações étnicas 
Vários estudos antropométricos realizados durante várias décadas compro-
varam a influência da etnia nas variações das medidas.
São encontradas na África, por exemplo, variações extremas, como os 
pigmeus da África Central, que medem 143,8 cm para homens e 137,2 cm 
para mulheres, e os de maior estatura também estão ali inseridos. Os negros 
nilóticos moram na região Sul do Sudão: os homens medem 182,9 cm e as 
mulheres 168,9 cm, e os mais altos também se encontram ali e medem 210 
cm. Isso mostra que a diferença do homem mais alto da África para o mais 
baixo é de 62%.
Hoje, a diferença antropométrica tornou-se um problema com o aumento do 
comércio internacional, pois o mesmo produto deve ser fabricado em diversas 
versões ou ter regulagens suficientes para se adaptar às diferenças antropomé-
tricas de diversas populações. Essas adaptações geralmente envolvem peças 
móveis que aumentam os custos e fragilizam o produto. É necessário saber quais 
variáveis devem ser adaptadas e quais as faixas de variações de cada uma delas.
No final do século XIX e começo do século XX, ocorreu um movimento 
migratório muito intenso. Vários povos foram em busca de outros locais com 
clima, hábitos alimentares e culturais diferentes daqueles de seus locais de 
origem, causando influência desses fatores sobre as medidas antropométricas.
Os descendentes dos japoneses, chineses mexicanos e indianos nascidos 
nos Estados Unidos são mais altos e mais pesados que seus ancestrais, indi-
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18 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
cando a influência de outros fatores. Entretanto, mesmo nos casos de descen-
dentes de imigrantes, que já moravam há várias gerações nos Estados Unidos, 
averiguou-se que as proporções corporais não haviam se modificado de modo 
significativo. Subentende-se que existe uma forte ligação da carga genética 
com as proporções corporais.
Esse estudo foi comprovado com as proporções corporais dos negros dos Estados 
Unidos. Vivendo há décadas ali, conservaram as mesmas proporções corporais dos 
africanos. Entre os mestiços, as proporções são intermediárias entre negros e bran-
cos, também sendo constatada a diferença nas proporções nas medidas dos pés. 
Os brasileiros, em relação aos europeus, têm os pés mais curtos e mais 
gordos. Como muitos dos moldes para a fabricação de calçados são europeus, 
temos, então, uma explicação para o desconforto nos pés dos brasileiros.
Nos brinquedos, tais divergências também acontecem: uma boneca norte-
-americana não foi bem aceita pelas meninas japonesas porque apresentava 
os membros mais longos, diferindo do biótipo oriental.
Em consequência dessas diferenças nas proporções corporais, não se pode 
aplicar uma regra de três para as medidas antropométricas. Observa-se que, 
devido à miscigenação de diversas etnias, a variabilidade interindividual na 
população brasileira provavelmente é maior em relação aos povos de etnia 
homogênica. Além disso, há diferenças acentuadas nas condições de nutrição 
e saúde em diferentes segmentos sociais e entre regiões do país.
A influência do clima nas proporções corporais tem um impacto sobre a 
antropométrica.
Os que vivem nas regiões de clima mais frio têm a forma esférica, já os que 
habitam as regiões de clima mais quente têm o corpo mais fino e os membros, 
tanto inferior como superior, mais longos.
Por volta dos anos 1940, uma pesquisa realizada por William Sheldon 
proporcionou uma das demonstrações mais interessantes das interindividuais 
dentro da mesma população (4 mil estudantes norte-americanos), além de 
fazer levantamento antropométrico, fotografou todos os indivíduos de frente, 
de perfil e de costas. A análise desse material o levou a definir os tipos físicos 
básicos:
 Ectomorfo: formas alongadas.
 Mesomorfo: musculoso, de formas angulosas.
 Endomorfo: formas arredondadas e macias, com grande depósito de gordura.
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 19
Não há, naturalmente, uma rigorosa classificação nesses tipos básicos. Uma 
mistura básica pode ser endoformo-mesoformo, mesofórmico-ectoformo e assim 
sucessivamente, observando também características no seu comportamento 
vindo a influir até na escolha da profissão.
Variações seculares 
Para Iida (2005, p. 105), as variações seculares 
[...] estudam as mudanças antropométricas ocorridas em 
longo prazo, abrangendo varias gerações. Diversos estudos 
comprovam que os seres humanos têm aumentado de peso e 
dimensões corporais ao longo dos últimos séculos. 
Ainda segundo Iida (2005), isso seria explicado pela melhoria da alimentação 
e do saneamento, pela abolição do trabalho infantil e pela adoção de hábitos 
mais salutares, como as práticas desportivas. Essas mudanças ocorreram sobretudo 
nos últimos duzentos anos.
Isso se deu devido ao avanço tecnológico, principalmente na tecnologia de 
alimentos e sua conservação no clima frio. O avanço dos meios de transporte 
melhorou a oferta de alimentos. 
O crescimento das medidas antropométricas de uma população é mais pro-
nunciado quando povos subalimentados passam a consumir maior quantidade 
de proteínas. Já se observou, por exemplo, crescimento de até 8 cm na estatura 
média de homens de uma população em apenas uma década.
É interessante notar que essa aceleração do crescimento é um fenômeno 
mundial que não se restringe apenas aos adultos.
4.1.2 Padrões internacionais de medidas antropométricas
A partir da década de 1950, três fatos novos contribuíram para rever-
ter essa tendência, que é estabelecer seus padrões nacionais de medidas 
antropométricas.
Em primeiro lugar, houve uma crescente internacionalização da economia, 
em segundo, os acordos de comércio internacional, formando os blocos eco-
nômicos e em terceiro, as alianças militares, surgidas após a Segunda Guerra 
Mundial, que exigiram certa padronização internacional dos produtos militares.
Tudo isso contribui para ampliar os horizontes dos projetistas. Hoje, quando 
se projeta um produto, deve-se considerar que os usuários podem estar espa-
lhados em vários países diferentes.
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Há uma tendência de evolução para se determinar os padrões mundiais, em-
bora ainda não existam medidas antropométricas confiáveis para a população.
4.1.3 Realização das medidas
As medidasantropométricas podem variar de acordo com a classe social, dentro 
de uma mesma população. Sempre que for possível e economicamente justificável, 
essas medidas devem ser realizadas diretamente, tomando-se uma amostra signi-
ficativa de sujeitos que serão usuários ou consumidores do objeto a ser projetado.
A execução dessas medições compreende as etapas de definição de objetos, 
definição das medidas, escolha dos métodos de medidas, seleção da amostra, 
as medições e as análises estatísticas (IIDA, 2005).
Definições de objetos
Temos que definir onde ou para que serão utilizadas as medidas antropométri-
cas. Dessa definição decorre a aplicação da antropometria estática ou dinâmica, 
a escolha das variáveis a serem medidas e os detalhamentos ou precisões com 
que essas medidas devem ser realizadas.
Por exemplo, ao ser elaborado um projeto de posto de trabalho, deve ser 
considerado o posicionamento de uma pessoa sentada (IIDA, 2005).
a) Altura lombar (encosto da cadeira)
b) Altura poplítea (altura do assento)
c) Altura do cotovelo (altura da mesa)
d) Altura da coxa (espaço entre o assento e a mesa)
e) Altura dos olhos (posicionamento do monitor)
f) Ângulo da visão
Essas medidas já podem ser insuficientes para um outro tipo de posto de 
trabalho, como caixa de supermercado. Nesse caso, deveriam ser incluídas 
outras medidas, como alcance do braço.
4.1.4 Antropometria estática, dinâmica e funcional
A antropometria estática é aquela em que as medidas se referem ao corpo 
parado ou com poucos movimentos e realizam-se entre pontos anatômicos 
claramente identificados.
A dinâmica calcula os alcances dos movimentos medidos, mantendo-se 
o resto do corpo estático, por exemplo: o alcance máximo das mãos com a 
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pessoa sentada. Tal conceito deve ser aplicado nos casos de trabalhos que exi-
gem muitos movimentos corporais ou quando se deve manipular partes que 
se movimentam em máquinas ou postos de trabalho.
A funcional está relacionada com a execução de tarefas específicas. Ob-
serva-se que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas há uma 
conjugação de diversos movimentos para se realizar uma função. 
Passando-se da antropometria estática para a dinâmica e, desta para a fun-
cional, observa-se um aumento do grau de complexidade, exigindo-se também 
instrumentos de medidas mais complexos (IIDA, 2005).
Definição de medidas
A medida compreende o detalhamento dos pontos do corpo onde serão 
feitas as medidas.
Em geral, cada medição a ser efetuada deve especificar claramente a sua 
localização, direção e postura. Exemplo: comprimento ombro a ombro.
Os métodos para realizar as medições se classificam basicamente em dois: 
diretos e indiretos.
Os métodos diretos são aqueles que envolvem ferramentas que entram em 
contato com o corpo: raios laser, trenas, fitas métricas e réguas. Os indiretos 
envolvem fotos do corpo ou parte dele contra uma malha quadriculada. As 
medidas são tomadas posteriormente à imagem, podendo haver correções.
Os itens da amostragem dos indivíduos a serem mensurados devem ser es-
tabelecidos conforme o universo a que serão aplicados. Nesta escolha, devem 
ser pré-determinadas todas as características inatas e biológicas adquiridas pelo 
treinamento ou pela experiência no trabalho. Como exemplo, temos a enfer-
magem, geralmente dominada por mulheres, e a construção civil, por homens.
No que tange às medições, podem ser adotados cuidados prévios, como: 
elaboração de um roteiro para a tomada de medidas e o desenho de formu-
lários apropriados pra anotações. Para quem irá participar dessas medições 
deve haver um treinamento prévio, abrangendo conhecimentos mínimos de 
anatomia humana, posturas, identificação dos pontos de medida e uso correto 
do seu instrumento, além de um teste após treinamento, verificando se há 
consistência entre eles.
Antes de começar as medições, deve-se fazer um planejamento do 
experimento.
Esse planejamento envolve as definições sobre:
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22 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
 Descrição das variáveis a serem medidas.
 A precisão desejada, que vai influir no tamanho da amostra.
 Amostragem dos sujeitos, envolvendo os tipos e quantidade de pes-
soas a serem medidas.
 Os procedimentos a serem adotados, descrevendo como serão efe-
tuadas as medições.
O tamanho da amostra pode ser calculado estatisticamente. Se uma deter-
minada medida não tiver variações, basta fazer apenas uma medição. Se, por 
outro lado, as pessoas apresentarem grandes diferenças individuais, a amostra 
deve ser maior.
Para fazer a análise estatística, a variável pode ser dividida em classes ou 
intervalos. Por exemplo: no caso da estatura, se as medidas extremas de uma 
população oscilam entre 156 a 201 cm, pode-se dividir em 15 classes, com 3 cm 
de intervalo entre elas, podendo construir um gráfico chamado de histograma.
A distribuição normal é representada por dois parâmetros: a medida e o 
desvio-padrão.
Antropometria estática
Nesta modalidade, as medidas são realizadas com o corpo parado ou com 
poucos movimentos. Essas medições da população já são realizadas há muito 
tempo, principalmente pelas forças armadas. Como vimos, foi a partir da década 
de 1950 que começaram a adquirir maior significado econômico. 
A norma alemã DIN nº 33.402, de junho de 1981, é uma das tabelas de 
medidas mais completas que se conhece dentro da antropometria. Constam 
nela 54 variáveis do corpo, sendo 7 da cabeça, 13 do corpo sentado, 22 da 
mão, 3 dos pés e 9 do corpo em pé.
Medidas brasileiras
Ainda não existem medidas abrangentes e confiáveis da população bra-
sileira, mas já foram feitos diversos levantamentos, quase sempre restritos a 
determinadas regiões e ocupações profissionais.
No livro de IIda (2005), o Instituto Nacional de Tecnologia em 1998, realizou 
um levantamento antropométrico em 26 empresas industriais do Rio de Janeiro, 
abrangendo 3.100 trabalhadores (só homens adultos), dividido em duas partes. 
Na primeira, foram medidos 42 variáveis antropométricas e 3 variáveis biome-
cânicas, cujo resultado é apresentado na tabela a seguir. Na segunda, foram 
medidos 26 variáveis antropometricas destinadas à confecção de vestuário.
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 23
Tabela 1.1 Medidas de antropometria estática de trabalhadores brasileiros, baseadas em uma 
amostra de 3.100 trabalhadores do Rio de Janeiro
Fonte: Iida (2005, p. 121).
Antropometria dinâmica e funcional
Segundo Iida (2005), a antropometria dinâmica mede o alcance dos mo-
vimentos corporais. A funcional mensura de acordo com a execução de uma 
tarefa, como acionar uma manivela para fechar o vidro do carro.
Os dados de antropometria estática são recomendados para o dimensio-
namento de produtos e locais de trabalho que envolve apenas pequenos mo-
vimentos corporais. 
As pessoas estão quase sempre fazendo movimentos de maior amplitude, 
manipulando, operando ou transportando algum objeto.
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24 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
O corpo humano assemelha-se a uma estrutura articulada. Cada junta do 
corpo pode fazer um movimento angular em uma ou mais direções, em torno 
de uma articulação. As articulações são recobertas por uma cartilagem hiliana, 
embebida por uma substância do tipo gel,que serve para lubrificar as juntas. 
As mulheres geralmente têm maior mobilidade articular que os homens. 
Existem diversas técnicas que podem ser aplicadas no registro de movi-
mentos. Muitas delas usam recursos de cinema, TV, fotografia e informática. 
Para realizar as medições, esses registros podem ser feitos contra um fundo 
graduado, que serve de escala para medida. Entretanto, os movimentos podem 
ser também registrados de forma mais simples e direta, fixando-se uma folha 
de papel sobre um plano e fazendo riscos sobre a mesma com caneta ou giz.
Construção de modelos humanos
A partir das medidas antropométricas, podem ser construídos diversos 
modelos humanos, que podem ser úteis no projeto e avaliação de produtos e 
postos de trabalho. Esses modelos podem ser bidimensionais, tridimensionais, 
computacionais ou matemáticos.
Os modelos bidimensionais mais simples geralmente são construídos de 
papelão, plásticos ou madeira compensada, representando homens ou mu-
lheres. Os tridimensionais são chamados de manequins, os computacionais, 
podem ser utilizados em projetos de equipamentos e postos de trabalho. Aos 
modelos matemáticos, muitos pesquisadores já se dedicaram a sua construção. 
A ideia é bem simples e tentadora. Em vez de realizar medições de dezenas de 
variáveis antropométricas, seriam realizadas apenas duas ou três, e as demais 
seriam deduzidas por fórmulas matemáticas.
De 1880 até pelo menos 1960, em praticamente todos os países europeus (incluindo a Escan-
dinávia), os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá, a magnitude da tendência tem sido similar. 
A taxa de mudança tem sido aproximadamente:
 15 mm por década em estatura e 0,5 kg por década em peso aos 5-7 anos de idade; 
 25 mm e 2 kg por década durante o tempo da adolescência; 
 10 mm por década na estatura adulta.
Para saber mais
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 25
Vantagens do uso da antropometria: 
 sensível às alterações do crescimento; 
 método barato e simples; 
 fácil obtenção; 
 fácil padronização; 
 os resultados possibilitam a comparação entre diferentes períodos históricos e populações.
Para saber mais
As relações entre ergonomia e os conhecimentos científicos constituem 
o objeto de um debate: 
 Estão de acordo quanto ao fato de que a ergonomia utiliza 
conhecimento da fisiologia, psicologia etc. 
 Por seu caráter integrador, parece existir uma concordância 
bem ampla quanto ao fato de que tal utilização não é uma 
simples aplicação. 
 A contribuição da ergonomia desloca relações estabelecidas 
e propõe estudar novas. 
Questões epistemológicas referentes à ergonomia podem levar à for-
mulação de elementos diversos? 
Questões para reflexão
O que é ergonomia?
O termo é frequentemente usado e muitas vezes mal enten-
dido. ERGONOMIA é uma ciência que considera o desempe-
nho e o bem-estar humano e sua relação com vários tipos de 
empregos, equipamentos, ferramentas e ambientes.
[...] O Instituto Joyce em Seattle, Washington. Especializado 
em ERGONOMIA desde 1981, o Instituto Joyce auxilia organi-
zações a implementar programas de ergonomia para melhorar 
a segurança, a produtividade e qualidade. Com ergonomistas 
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26 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
e representantes espalhados pelos Estados Unidos, Canadá, 
Reino Unido e México, o Instituto está apto a conciliar a perícia 
de um consultor com as necessidades do cliente. Através dos 
vários cursos de treinamento; engenheiros, supervisores, pro-
fissionais de saúde e de segurança, e trabalhadores aprendem a 
aplicar os princípios da ERGONOMIA utilizando uma aborda-
gem sistemática que inclui o projeto do espaço de trabalho, das 
ferramentas, do equipamento e do procedimento de trabalho. 
O Instituto também fornece uma gama completa de serviços 
de consultoria incluindo avaliações ergonômicas, projetos dos 
espaços de trabalho, projetos de produtos e desenvolvimento 
de materiais (ERGOLINE, 2013, grifo do autor).
A maioria das definições de ergonomia coloca em questão dois objetivos 
fundamentais:
De um lado, o conforto e a saúde dos trabalhadores: eles se 
inquietam ao evitar os riscos (acidentais e ocupacionais) e de 
minimizar a fadiga (ligada ao metabolismo do organismo, ao 
trabalho dos músculos e das articulações, ao tratamento da 
informação e à vigilância).
Do outro lado, a eficácia: através da qual a organização mede 
suas diferentes dimensões (produtividade e qualidade). Esta 
eficácia é dependente da eficiência humana — em consequ-
ência, a ergonomia visa conceber sistemas adaptados à lógica 
de utilização dos trabalhadores (SOUZA, 2003, p. 79).
Para mais informações de ergonomia, vale a pena visitar os sites:
<www.iea.cc>
<www.abergo.org.br>
Você terá à disposição tudo o que precisa sobre o tema, além de outros links muito interessantes 
a partir deles.
Links
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F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 27
As antigas máquinas e locomotivas exportadas pelos ingleses para a Índia não se adaptaram aos 
operários indianos. Durante a guerra do Vietnã, os soldados vietnamitas, com altura média de 
160,5 cm tinham dificuldade de operar as máquinas bélicas fornecidas pelos norte-americanos, 
projetados para a altura média de 174,5 cm. Uma máquina projetada para acomodar 90% da 
população masculina Estados Unidos acomoda também 90% dos alemães. Mas não oferecia a 
mesma comodidade para os latinos e orientais. Ela acomoda 80% dos franceses, 65% dos 
italianos, 45% dos japoneses, 25% dos tailandeses e apenas 10% dos vietnamitas.
Para saber mais
Como pudemos ver, fica claro que a ergonomia objetiva, através de 
sua ação, resolve os problemas da relação entre homem/trabalhador, má-
quinas, equipamentos, ferramentas, programação do trabalho, intrusões e 
informações, solucionando os conflitos entre o humano e o tecnológico, 
entre a inteligência natural e a artificial nos sistemas homem-máquina-
-produção. Da mesma forma, é válido reiterar que a ação do ergonomista 
dentro de uma organização, além de recair diretamente na saúde ocupa-
cional, busca melhorar as condições ambientais; aumentar a motivação, 
a segurança, o conforto e a satisfação do trabalhador; evitar riscos de 
acidentes de trabalho; reduzir o retrabalho e o absenteísmo.
Para concluir o estudo da unidade
Vimos que a ergonomia estuda o trabalho, visa a estabelecer critérios 
e procedimentos que permitam integrar eficiência, qualidade, produtivi-
dade, sem ultrapassar os limites humanos.
A ergonomia, segundo a Ergonomics Research Society (2013) é o es-
tudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e 
Resumo
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28 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
ambiente, e, particularmente, da aplicação dos conhecimentos de ana-
tomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse 
relacionamento. Ela surgiu no final da Segunda Guerra Mundial, mas 
já era utilizada desde Leonardo da Vinci, passando por outros grandes 
estudiosos. A origem e a evolução da ergonomia estão relacionadas às 
transformações sociais, econômicas e tecnológicas que vêm ocorrendo 
no mundo do trabalho. O objetivo da ergonomia é estudar os diversos 
fatores que influem no cotidiano laboral. 
Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, estresse, erro e acidentes, 
dando segurança,satisfação e saúde aos trabalhadores. Já a antropometria 
é um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da 
morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho 
do corpo. Como diz Sobral (1985), o método antropométrico baseia-se 
na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimen-
sionais do corpo humano.
 1. Qual é o significado da palavra ergonomia?
 2. O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado se-
gundo quatro níveis de exigências, descreva-os.
 3. Descreva os diferentes tipos de ergonomia.
 4. Durante a avaliação de antropometria utilizam-se instrumentos. 
Quais são?
 5. O que significa IMC, e qual é a equação aplicada?
 6. Quais são as principais diferenças antropométricas entre homens 
e mulheres?
 7. Como ocorrem as variações seculares das medidas antropométricas?
Atividades de aprendizagem
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Unidade 2
Organismo humano
Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, descreveremos de ma-
neira resumida as principais funções do organismo humano, que são 
pertinentes à ergonomia. Serão apresentadas as funções que influem 
no desempenho do trabalho e também trabalharemos a biomecânica 
ocupacional, que estuda os movimentos corporais e forças relacionadas 
ao trabalho. 
 Seção 1: Organismo humano 
Na primeira seção, trataremos de toda importância 
da ergonomia para o organismo humano. As funções 
do sistema nervoso, músculos, coluna vertebral, me-
tabolismo, visão, audição, percepção de som, olfato, 
paladar e o senso cinestésico.
 Seção 2: Biomecânica ocupacional
Nesta seção, trataremos da biomecânica ocupacio-
nal, que se ocupa dos movimentos corporais e forças 
relacionadas ao trabalho, preocupando-se com as 
interações físicas do trabalhador. Analisaremos, basica-
mente, a questão das posturas corporais no trabalho, a 
aplicação de forças, bem como as suas consequências.
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30 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
Introdução ao estudo
Caro leitor, até este ponto do livro concentramos nossos estudos em funda-
mentos, princípios e conceitos antropométricos. A partir desta unidade, trata-
remos as questões mais inclusivas na ergonomia. O organismo humano é uma 
máquina que exerce força e comando para sua existência, tendo que ser dosada 
e alinhada para o seu bom desempenho. A biomecânica nos traz subsídios para 
que possamos entender e amadurecer estas questões dentro da ergonomia. 
Seção 1 Organismo humano 
As forças do organismo são exercidas por contrações musculares. Os 
músculos não se contraem por si próprios, mas são comandados pelo sistema 
nervoso central, que é composto pelo cérebro e pela medula espinhal. Esses 
comandos decorrem por algum tipo de estímulo ambiental.
1.1 A máquina neuromuscular 
1.1.1 Sistema nervoso
É constituído por células nervosas (ou neurônios) que são caracterizadas 
por irritabilidade (sensibilidade e estímulos) e condutibilidade (conduções de 
sinais elétricos).
Os sinais são representados por impulsos elétricos de natureza eletroquí-
mica, que se propagam ao longo das fibras nervosas. Essas fibras não conduzem 
uma corrente contínua, mas um conjunto de impulsos que se sucedem no 
tempo. Desse modo, os sinais produzidos por algo estimulam do exterior ou 
do próprio corpo (luz, som, tato, temperatura, acelerações, agentes químicos, 
movimentos das articulações) e são conduzidos ate o sistema nervoso central, 
onde é interpretado e processado, gerando uma decisão. Esta é enviada de volta, 
pelos nervos motores, que se conectam aos músculos e provocam movimentos 
musculares, como um piscar do olho, movimentação dos braços ou pernas. O 
caminho de ida até o sistema nervoso central é chamado de via aferente e o 
de volta de via eferente.
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O r g a n i s m o h u m a n o 31
1.1.2 Sinapses
As células nervosas conectam-se para formar uma cadeia de transmissão 
de sinais. Essas conexões são chamadas de sinapses.
As células nervosas são formadas de três partes:
O corpo e dois tipos de terminações, chamadas de dendrites e axônio. 
Em uma célula pode haver várias dendrites, mas há sempre um único axô-
nio. Exemplo na figura abaixo.
Figura 2.1 Neurônio
DENDRITO
NÚCLEO
CORPO CELULAR
AXÔNIO
BAINHA DE MIELINA
TERMINAÇÕES DO AXÔNIO
NODO DE 
RANVIER
Fonte: ducu59us / Shutterstock (2013).
Figura 2.2 Representação esquemática de uma sinapse
DENDRITOS DENDRITOS
CORPO 
CELULAR
CORPO 
CELULAR
NÚCLEO NÚCLEO
BAINHA DE MIELINA BAINHA DE MIELINA
TERMINAÇÕES 
DO AXÔNIO
TERMINAÇÕES 
DO AXÔNIO
AXÔNIO AXÔNIO
Fonte: T and Z / Shutterstock (2013).
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32 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
1.1.3 Sentido único
Nos neurônios, os sinais são conduzidos sempre em sentido único, iniciando 
pelas dendrites e saindo pelo axônio.
Uma célula pode receber sinais de várias outras entrando pelas suas den-
drites, mas só pode transmitir para uma única (só tem um axônio).
1.1.4 Fadiga
As sinapses, quando utilizadas com muita intensidade, reduzem a sua capa-
cidade de transmissão. Com capacidade de transmitir dez mil sinais de ligação 
sináptica, podem esgotar-se em poucos segundos.
Quando o mesmo estímulo se repete rapidamente, um após o outro, no 
mesmo canal, o segundo transmite-se mais facilmente que o primeiro, causando 
a suposição de que que os neurônios são capazes de armazenar informações 
por alguns minutos, ou por horas, em alguns casos. 
1.1.5 Desenvolvimento
No desenvolvimento, o estímulo prolongado pode levar a sinapse a uma 
alteração física, podendo ser estimulada com muito mais facilidade, produzindo 
mais memória e aprendizagem.
1.1.6 Acidez
De acordo com Ferraz (2013, p. 9):
[...] um aumento do teor alcalino no sangue aumenta a 
excitabilidade, enquanto o aumento da acidez tente a dimi-
nuir consideravelmente a atividade neural. Por exemplo, a 
cafeína ajuda a aumentar a excitabilidade neural, enquanto 
os anestésicos a diminui.
1.1.7 Músculos
Eles são responsáveis por todos os movimentos do corpo. Transformam a 
energia química em contrações, por tanto, em movimentos. Isso acontece por 
causa da oxidação de gorduras e hidratos de carbono numa reação química 
exotérmica, resultado em trabalho e calor.
Os músculos classificam-se em três tipos: músculos lisos, estriados ou es-
queléticos e músculos do coração.
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O r g a n i s m o h u m a n o 33
Os músculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos san-
guíneos, na bexiga, no aparelho respiratório e em outras vísceras.
Os músculos do coração são diferentes de todos os outros. Os músculos 
lisos e do coração não podem ser comandados voluntariamente.
Os músculos estriados estão sob o controle consciente e é através deles que 
o organismo realiza trabalhos externos. Apenas o estudo destes é importante 
para a ergonomia.
Músculos estriados
Estes são assim chamados porque apresentam estrias em sua visão micros-
cópica, que apresenta formação longa e cilíndrica. Tal formação compõe-se de 
centenas de elementos delgados chamados de miofibrilas, e estas apresentam 
segmentos funcionalmente completos, chamados de sarcômeros. Os sarcômeros 
são constituídos de dois tiposde filamentos de proteínas, a miosina e a actina, 
aqueles mais grossos e este mais delgado (FERRAZ, 2013).
Contração muscular
A contração muscular ocorre quando os sarcômeros se contraem, no sen-
tido longitudinal das fibras, reduzindo os seus comprimentos, estimulado por 
correntes elétricas. O tempo decorrido entre a chegada da corrente e a con-
tração é de 0,003 s. Com esse processo, os sarcômeros podem reduzir o seu 
comprimento, chegando à metade do seu tamanho anterior. Assim sendo, as 
fibras só apresentam dois estados possíveis: contraídas ou relaxadas. A força 
de um músculo depende da quantidade de fibras contraídas.
Irrigação sanguínea do músculo
Cada músculo recebe suprimento de oxigênio, glicogênio e outras subs-
tâncias, pelo sistema circulatório que é constituído de artérias, que vão se ra-
mificando até se transformarem em vasos capilares. No interior dos músculos, 
existem inúmeros vasos capilares onde os glóbulos vermelhos passam em fila. 
Quando um músculo se contrai e estrangula as paredes dos capilares, o sangue 
deixa de circular, podendo causar a fadiga muscular. Para permitir a circulação 
sanguínea, o músculo deve se contrair e relaxar com alguma frequência. 
“Quando se inicia um trabalho muscular, as próprias substâncias geradas 
pelo metabolismo durante a contração muscular estimulam a dilatação dos capi-
lares, e com isso permitindo maior circulação sanguínea” (FERRAZ, 2013, p. 1).
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34 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
O corpo humano como um sistema de alavancas
A estrutura biomecânica do corpo humano pode ser vista como um conjunto 
de alavancas, formado pelos ossos maiores que se conectam nas articulação e 
são movimentadas pelos músculos.
Para cada movimento há pelo menos dois músculos que trabalham de uma 
forma oposta um ao outro, quando um se contrai outro se distende. 
Figura 2.3 Os músculos funcionam sempre aos pares
Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013).
De maneira análoga às alavancas mecânicas, o corpo trabalha com três 
tipos de alavancas que são classificadas como: alavanca interfixa, alavanca 
interpoente e alavanca inter-resistente.
Fadiga muscular
Fadiga muscular é a redução da força provocada pela falta da irrigação san-
guínea do músculo. Trata-se de um processo reversível a ser superado por um 
período de descanso. Quando ocorre deficiência de irrigação, o oxigênio não 
chega em quantidade suficiente na corrente sanguínea, provocando acúmulo 
de ácido lático e potássio no músculo, além disso, acontece uma sobrecarga, 
já que outros elementos como calor, dióxido de carbono e água são gerados 
durante o metabolismo.
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O r g a n i s m o h u m a n o 35
1.1.8 Coluna vertebral
Em Iida (2005), a coluna é uma estrutura óssea que possui 33 vértebras 
empilhadas, classificando-se em cinco grupos. De baixo para cima: sete 
vértebras se localizam no pescoço-cervical; doze na região do tórax e são 
chamadas toráxicas ou dorsais; 5 são abdômen-lombares; abaixo, cinco estão 
fundidas e formam o sacro e quatro da extremidade inferior são pouco de-
senvolvidas e constituem o cóccix. As nove últimas vértebras fixas situam-se 
na região da bacia e também se chamam sacrococcigeanas.
Figura 2.4 Coluna vertebral
Fonte: The Royal... (2013).
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36 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L
 Figura 2.5 Classificação das vértebras da coluna
raiz dorsal
gânglio espinhal
ramo comunicante
nervo espinhal
gânglio simpático
tronco simpático
forame intervertebral
substância cinzenta
raiz ventral
substância branca
meninges
corpo da 
vértebra
 Fonte: Encyclopaedia... (2013). 
Das 33 vértebras, 24 são flexíveis e as que têm maior mobilidade são as 
cervicais e as lombares.
Deformações da coluna
A coluna é uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela apresenta 
maior resistência para forças na direção axial, sendo mais vulnerável para 
força de cisalhamento.
A mesma está disposta a diversas deformações, por ser muito frágil, essas 
deformações são congênitas ou adquiridas em consequência de esforço físico, 
postura no trabalho, insuficiência na musculatura de sustentação, infecções e 
outros. As principais anormalidades são:
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O r g a n i s m o h u m a n o 37
 Lordose: aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervi-
cal ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente.
 Cifose: é o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para 
frente da região do tórax correspondendo ao corcunda.
 Escoliose: desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de 
costas pende para um dos lados ou para o direito ou para o esquerdo.
Deformações da coluna vertebral
Figura 2.6 Deformações típicas da coluna vertebral 1
Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).
Figura 2.7 Deformações típicas da coluna vertebral 2
Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).
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 Figura 2.8 Deformações típicas da coluna vertebral 3
 Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013).
Lombalgia
Significa “dor na região lombar”, é provocada pela fadiga dos músculos 
das costas, é mais comum sua presença quando se permanece muito tempo 
na mesma postura, com a cabeça inclinada para a frente.
1.1.9 Metabolismo
É o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano. A energia do 
corpo humano é proveniente da alimentação. Ela sofre diversas transforma-
ções químicas, sendo uma parte usada para construção de tecidos e outra 
como combustível.
Conforme IIda (2005), do ponto de vista energético, o organismo humano 
pode ser comparado a uma complexa máquina térmica. Parte dos alimentos con-
sumidos converte-se no combustível chamado glicogênio, que é oxidado, numa 
reação exotérmica, gerando energia. Essa reação produz subprodutos como 
calor, dióxido de carbono e água, que devem ser eliminados pelo organismo.
Metabolismo basal
É a energia necessária para manter apenas as funções vitais do orga-
nismo, sem realizar nenhum trabalho externo. O organismo funciona como 
uma máquina térmica que nunca é desligada. A pessoa, mesmo estando 
viva, em repouso absoluto, consome uma certa quantidade de energia para 
o funcionamento de órgãos como o coração, pulmões e rins, que nunca 
deixam de funcionar.
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O r g a n i s m o h u m a n o 39
Figura 2.9 Aspectos do homem
Fonte: Private... (2013).
Energia gasta no trabalho
Um homem adulto, para se manter vivo, gasta 1.800 kcal/dia com o seu 
metabolismo basal, observando que com menos de 2.000 kcal/dia na alimen-
tação é incapaz de realizar qualquer trabalho. Observe o gasto de kcal nas 
tarefas feitas por homens, abaixo:
 empregados de escritório – 2.500 kcal/dia;
 motorista – 2.800 kcal/dia;
 um operário executando um trabalho leve – 3.000 kcal/dia;
 mecânico de automóveis e um carpinteiro – 3.000 kcal/dia; 
 grande parte dos trabalhadores industriais gasta entre 2.000 e 4.000 
kcal/dia;
 estivadores gastam 4.500 kcal/dia (marca considerada máxima 
exigível).
As mulheres têm um metabolismo basal de 1.600

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