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ERGONOMIA INDUSTRIAL U N O PA R ER G O N O M IA IN D U STR IA L 9 788587 686787 ISBN 978-85-8768-678-7 Ergonomia industrial 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-1 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-2 Seleide Aparecida Monteiro Eugênio Ergonomia industrial 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Eugênio, Seleide Aparecida Monteiro E87e Ergonomia Industrial/ Seleide Aparecida Monteiro Eugênio – Londrina: UNOPAR, 2014. 152 p. ISBN 978-85-87686-78-7 1. Saúde Ocupacional. 2. Segurança. 3. Trabalho. I Título. CDD-620.82 © 2014 by Unopar Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Unopar. Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer Gerente de produção editorial: Kelly Tavares Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento Editor: Casa de Ideias Editor assistente: Marcos Guimarães Revisão: Marina Sousa Capa: Solange Rennó Diagramação: Casa de Ideias 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-4 Sumário Unidade 1 — Fundamentos da ergonomia .....................1 Seção 1 Fundamentos, origem e evolução ........................................3 Seção 2 Conceitos e definições .....................................................11 Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia ......................................13 Seção 4 Antropometria ..................................................................15 4.1 Antropometria: medidas .......................................................................15 Unidade 2 — Organismo humano ...............................29 Seção 1 Organismo humano .........................................................30 1.1 A máquina neuromuscular ...................................................................30 Seção 2 Biomecânica ocupacional .................................................43 2.1 Trabalho estático e dinâmico ................................................................43 2.2 Dores musculares .................................................................................44 2.3 Traumas musculares ..............................................................................44 2.4 Posturas do corpo .................................................................................44 2.5 Levantamento de cargas ........................................................................49 2.6 Transporte de cargas .............................................................................51 Unidade 3 — Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ......................................55 Seção 1 Segurança no trabalho ......................................................57 1.1 Conceito de segurança no trabalho .......................................................57 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-5 vi E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Seção 2 QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) ..............................63 2.1 Difusão do Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho .......................64 Unidade 4 — Tipos de riscos ergonômicos ..................83 Seção 1 Riscos ergonômicos ..........................................................84 1.1 Riscos operacionais .............................................................................85 1.2 Riscos ergonômicos ..............................................................................85 Seção 2 Implicações objetivas e subjetivas ...................................110 2.1 Quadros clínicos ................................................................................111 2.2 Valores impostos pela cultura do contentamento: satisfação, excelência e saúde perfeita .................................................................113 Unidade 5 — Desenvolvimento atual da ergonomia e seu embasamento legal ...119 Seção 1 Desenvolvimento atual da ergonomia ............................120 1.1 Análise ergonômica do trabalho .........................................................120 1.2 Sociolinguística e psicologia cognitiva e linguística (PSCL) .................121 Seção 2 Aplicação das Normas Regulamentadoras (NR) ..............123 Referências ...............................................................131 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-6 O crescimento e a convergência do potencial das tecnologias da informa- ção e da comunicação fazem com que a educação a distância, sem dúvida, contribua para a expansão do ensino superior no Brasil, além de favorecer a transformação dos métodos tradicionais de ensino em uma inovadora proposta pedagógica. Foram exatamente essas características que possibilitaram à Unopar ser o que é hoje: uma referência nacional em ensino superior. Além de oferecer cursos nas áreas de humanas, exatas e da saúde em três campi localizados no Paraná, é uma das maiores universidades de educação a distância do país, com mais de 450 polos e um sistema de ensino diferenciado que engloba aulas ao vivo via satélite, Internet, ambiente Web e, agora, livros-texto como este. Elaborados com base na ideia de que os alunos precisam de instrumen- tos didáticos que os apoiem — embora a educação a distância tenha entre seus pilares o autodesenvolvimento —, os livros-texto da Unopar têm como objetivo permitir que os estudantes ampliem seu conhecimento teórico, ao mesmo tempo em que aprendem a partir de suas experiências, desenvolvendo a capacidade de analisar o mundo a seu redor. Para tanto, além de possuírem um alto grau de dialogicidade — caracteri- zado por um texto claro e apoiado por elementos como “Saiba mais”, “Links” e “Para saber mais” —, esses livros contam com a seção “Aprofundando o conhecimento”, que proporciona acesso a materiais de jornais e revistas, artigos e textos de outros autores. E, como não deve haver limites para o aprendizado, os alunos que quise- rem ampliar seus estudos poderão encontrar na íntegra, na Biblioteca Digital, Carta ao aluno 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-7 viii E R G O N O M I A I N D U S T R I A L acessando a Biblioteca Virtual Universitária disponibilizada pela instituição, a grande maioria dos livros indicada na seção “Aprofundando o conhecimento”. Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da semana, conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas áreas do co- nhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador conectado à Internet. Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos da Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para realmente fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e também — por que não? — para contribuir com o futuro de nosso país. Bom estudo! Pró-reitoria 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ PreflightServer ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-8 Apresentação O presente livro vem nos apresentar os mais diversos parâmetros em que é apresentada a Ergonomia Aplicada ao Trabalho. Trataremos, aqui, das exi- gências das pessoas em relação à saúde laboral, ou seja, as reclamações das pessoas por melhores condições de vida e de trabalho. Na busca por melhoria de condição de vida, foram demandadas várias novas metas para que, assim, a população de um modo geral tenha melhor aplicabilidade e desempenho nos seus afazeres. A seguir, teremos as unidades nas quais o livro está dividido: Unidade 1: Nessa unidade, você compreenderá os fundamentos da ergono- mia a sua história, origem e evolução, desde os primeiros tempos até a atualidade. Entenderá sua importância, influência e efeitos. Assim, poderá compreender a importância de conhecer o passado para entender os dias atuais e de ter uma visão panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia. Unidade 2: Nessa unidade, descreveremos de maneira resumida as prin- cipais funções do organismo humano que são pertinentes à ergonomia. Serão apresentadas as funções que influem no desempenho do trabalho. Além disso, trabalharemos a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corpo- rais e as forças relacionadas ao trabalho. Unidade 3: Nela, verificaremos a importância, não apenas para os trabalha- dores mas também para as empresas e para a sociedade, dos riscos que podem ser evitados acerca da saúde e da prevenção dos acidentes no trabalho, além da qualidade de vida, que deve ser proporcionada aos trabalhadores para uma melhor produtividade em seus meios laborais. Unidade 4: Nessa unidade, vamos identificar os riscos ergonômicos e sua grande fonte de tensão no trabalho — por exemplo, as condições desfavoráveis, como excesso de calor, ruídos e vibrações que causam desconforto, aumen- 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-9 x E R G O N O M I A I N D U S T R I A L tam o risco de acidentes e podem provocar danos consideráveis à saúde. Para cada uma das variáveis ambientais há certas características mais prejudiciais ao trabalho. Unidade 5: Nessa unidade, nosso foco é mostrar como no progresso tec- nológico e na crescente automação industrial há uma tendência de liberar o trabalhador daquelas tarefas que exigem muitos esforços ou daquelas de natu- reza simples e repetitiva. Diante disso, há uma redistribuição social da força de trabalho, com a maioria da humanidade que se dedica ao setor de serviços. Com a distribuição do seu tempo no ambiente doméstico, público e nos transportes, os conhecimentos da ergonomia, que antes foram aplicados apenas na produção industrial, têm o seu foco também direcionado ao setor de serviços, comércio, educação, saúde, transporte e lazer. A aplicação da ergonomia a esses casos deve ser feita de maneira diferente, pois fica difícil definir o tipo de usuário. Após abordarmos todas as unidades, compreenderemos a ligação de um es- tudo com outro e como um complementa o outro, para que, ao final, possamos obter a conclusão dos reais benefícios que os trabalhadores possuem com tudo o que foi escrito nestas páginas. Em todo o livro procuramos, por meio dos links e das leituras complemen- tares, contextualizar o conteúdo na realidade do dia a dia do leitor, buscando, assim, uma maior facilidade de assimilação do conteúdo e a possibilidade de o leitor enxergar a utilidade prática do ensinamento, motivando-o, assim, na busca por mais conteúdo em outras fontes de conhecimento e de ensinamentos que o preparam para o porvir de muitos desafios em sua vida pessoal e profissional. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-10 Seção 1: Fundamentos, origem e evolução Nessa seção, detalharemos os principais fundamen- tos, a origem e a evolução da ergonomia, levantando sua origem e evolução desde os seus primórdios. Essa abordagem é mantida na Europa Ocidental, e é na Inglaterra que se encontra sua origem e seu emprego. Na França, desenvolveu-se nos setores de pesquisa e ensino público, progressivamente atin- gindo os setores industriais, começando a penetrar o setor privado. A ergonomia está definitivamente ligada aos progressos do conhecimento científico e à evolução da questão do trabalho, por meio do desenvolvimento da engenharia humana. Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você compreenderá os fundamentos da ergonomia, sua história, origem e evolução desde os primeiros tempos até a atualidade. Entenderá sua importância, influên- cia e seus efeitos. Dessa forma, poderá compreender a importância de conhecer o passado para entender os dias atuais e ter uma visão panorâmica dos principais campos de aplicação da ergonomia. Fundamentos da ergonomia Unidade 1 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-11 Seção 2: Conceitos e definições Nessa seção, conheceremos os conceitos e as de- finições, ou seja, os problemas levantados pelo conhecimento do homem aplicáveis ao conjunto homem-trabalho, tendo forma própria de estudo e pesquisa e vislumbrando um tipo próprio de pen- samento sobre sua realidade, colocando questões diversas sobre as quais de sustenta, questões estas relacionadas as diversas ciências, principalmente à fisiologia e à psicologia (LAVILLE, 1977). Seção 3: Objetivos básicos da ergonomia Aqui vamos indicar o objetivo da ação ergonô mica, isto é, encontrar uma solução para um proble ma. Não existe solução anterior à mediação ergonômica. O diagnóstico primeiro pode ser redefinido durante a intervenção, cujos objetivos também podem ser redefinidos quando da intervenção. Somente no final da intervenção pode- remos saber realmente qual é o problema. Seção 4: Antropometria Nessa seção aprenderemos a importância dessa área de conhecimento, pois a indústria moderna precisa de medidas antropométricas cada vez mais detalhadas e confiáveis. De um lado, isso é exigido pelas necessidades da produção em massa; do outro, surgiram muitos sistemas de trabalho complexos. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-12 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 3 Introdução ao estudo O início da ergonomia se deu durante a Segunda Guerra Mundial, quando cientistas e pesquisadores se reuniram para estudar um novo campo de apli- cação interdisciplinar da ciência. A Ergonomics Research Society (2013, p. 1, tradução nossa) define a ergonomia como o “[...] estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. Num momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se a uma ob- servação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho e de fatores externos importantes ao projeto de sistema de trabalho. A seguir, estudaremos os seguintes assuntos: fundamentos da ergonomia: histórico, ori- gem e evolução; conceitos; definições e seus objetivos básicos. Seção 1 Fundamentos, origem e evolução Estão relacionadas à evolução da ergonomia as mudanças sociais, econô- micas e tecnológicas que vêm acontecendo no mundo do trabalho. A ergonomia surge nos meados dos anos 1940 na Inglaterra, vindo de um contexto histórico que passa da produção artesanal à informática, alterando os postos de trabalho realizados pelo homem. Nessa época, a ergonomiaemerge de modo mais padronizado, buscando entender a complexidade da conexão entre o homem e o trabalho, oferecendo suporte teórico e prático para aprimorar essa integração. Não há uma história propriamente dita sobre a ergonomia, o que houve foi um conjunto de conhecimentos referentes ao homem em atividade de trabalho que permitiu o surgimento dessa modalidade. Fica evidente que a prática ergonômica faz uso de técnicas específicas e baseia-se em conhecimentos científicos multidisciplinares e, essencialmente, em conhecimentos das ciências do homem (como a fisiologia, a psicologia e a sociologia). Isso ocorre devido a seus estudos estarem diretamente relacionados ao homem, afinal, a ergonomia existe para e por ele. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-13 4 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 1): A ergonomia desenvolveu-se na Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre tecnologia, ciências humanas e biológicas para resolver problemas de projeto. Médicos, psicólogos, antropólogos e engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas cau- sados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram muito gratifican- tes, a ponto de serem aproveitados pela indústria, no pós-guerra. Com relação à definição de ergonomia, para Dul e Weerdmeester (2004, p. 1) “[...] o termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e no- mos (regras)”. Isso significa que ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente da aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução surgida neste relacionamento (ERGONOMICS RESEARCH SOCIETY, 2013). Silva e Paschoarelli (2010), ao considerar as práticas desenvolvidas por Leonardo da Vinci, o apontam como um precursor da área de ergono- mia. Leonardo da Vinci nasceu em 1452, na aldeia de Vinci. Aos dezoito anos, Da Vinci, então aprendiz do artista Florentino Andrea Verrochio, deu início a suas primeiras obras sem contribuição de seu mestre, obras estas já apresentando as peculiaridades que se tornariam características notáveis de seu trabalho. Visionário, curioso e ávido por saber nos mais diversos campos (arquitetura, engenharia, anatomia, pintura, escultura, fisionomia etc.), Leonardo da Vinci incorporou ao máximo o “homem universal”, numa época em que o homem era tido como centro do universo e que a ciência se constituía basicamente de matemática e medicina. Fundou a “achademia vinciana” por volta de 1490, onde implantou uma metodologia de ensino baseada primeiramente no estudo formal e proporcional de corpos naturais no desenho e, por último, no uso de cores. O trabalho de Leonardo da Vinci trazia uma forte característica formal e sistemática das suas experiências e de seus estudos anatômicos e fisiológicos, o que contribuiu para a ergonomia. A partir dos inúmeros estudos que havia realizado sobre a anatomia dos corpos (em seus cadernos havia mais de 600 esboços sobre o tema), passou a analisar criteriosamente a influência de elementos como luz, sombra e movi- mentos sobre as atividades humanas. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-14 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 5 Silva e Pascoarelli (2010, p. 13-14) assim discorrem sobre a figura do Ho- mem Vitruviano proposta por Da Vinci: A principal relevância da ação de Leonardo ao juntar o homem canônico do quadrado e da circunferência, em seus centros geradores e clássicos em uma só figura, foi manter o homem fixo em um lugar, girar ou articular seus membros inferiores e superiores ainda conectados ao tronco e, como característica dos precursores e empreendedores, pensar diferente e alterar a posição das formas, o quadrado e a circunferência, neste caso, o que viria a ser um princípio da ergonomia, isto é, o posto de trabalho, o ambiente, a roupa e as questões periféricas devem se adaptar ao homem, e não o homem a eles. Figura 1.1 Homem Vitruviano: músculos do dorso e membros superiores Fonte: Jakub Krechowicz / Shutterstock (2013). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-15 6 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Figura 1.2 Músculos da mão Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013). Figura 1.3 Músculos do braço Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-16 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 7 Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), verifica-se que foram determinadas algumas tarefas diárias que poderiam ser exigidas dos trabalhadores em mea- dos do século XVII. Além disso, institui-se um salário incentivo e surge a ideia de remuneração humana de trabalho. Ainda nesse mesmo período, o médico italiano Bernardino Romazzini escreve sobre doenças e lesões relacionadas ao trabalho, e seus estudos, denominados “doenças ocupacionais”, são publicados por volta de 1700. É nessa ocasião que se incluem os estudos de Bernard Forest de Bélidor, sobre as interfases ergonômicas na organização do trabalho. Bélidor nasceu na Catalúnia. Filho de um oficial militar francês, cinco meses após seu nascimento ficou órfão, quando passou então aos cuidados da família da viúva de seu padrinho, outro oficial militar. Sua vida foi dividida entre o militarismo e a ciência, dedicando-se à engenharia civil, tornando-se especialista em hidráulica e matemática. Segundo Silva e Paschoarelli (2010, p. 25): Bélidor tentou medir a capacidade de trabalho físico nos locais de trabalho dos operários no século XVIII, seus estudos foram voltados para as construções de pontes e muralhas analisavam como o trabalhador se comportava especificamente no que tangia ao carregamento de cargas por longo período, relacio- nando esforço muscular e postura que posteriormente foram considerados irregulares e demonstrava como o ser humano interagia com as máquinas e de que forma o trabalho era reali- zado. E assim um operário sem doenças operacionais poderia ser mais eficiente nas construções. Entre todos, um dos precursores da ergonomia, Philibert Patissier, marcou época e deixou para a humanidade contribuições para o desenvolvimento da medicina e da saúde púbica a serviço do bem-estar das pessoas. Ainda em Silva e Paschoarelli (2010), Patissier realiza as primeiras pesqui- sas sobre mortalidade e morbidade da população operária. Após o trabalho de Romazinee e Patissier (1822), publicou um novo tratado sobre as doenças dos artesãos e aquelas provenientes de varias outras profissões, indicando as precauções (prevenção e tratamento) a serem tomadas. Desse modo, ele fala sobre as lesões sofridas, enfatiza medidas para evitar acidentes e sugere medidas de proteção nos trabalhos de fábrica. Também ressaltou orientar as crianças para uma profissão específica. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-17 8 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L O Tratado de Patissier foi difundido na França e suas ideias foram ampla- mente adotadas. Sua preocupação com a prevenção, especialmente aos aci- dentes com máquinas, foi difundida, sendo compartilhada pelas mais variadas empresas da França, enriquecendo sua valiosa contribuição à medicina do trabalho (ele era doutor em medicina pela Faculdade de Paris). Entre os organizadores do trabalho, Taylor e seus precursores analisaramo trabalho buscando definir as melhores condições de rendimento, aprimorando o desempenho do homem e baseando-se no modelo análogo ao funcionamento da máquina. Nesse contexto, no fim do século XIX, verificava-se uma grande compe- titividade com rápido crescimento de corporações e início de organizações industriais que monopolizavam o mercado, tornando difícil a sobrevivência de quem apresentasse baixa produtividade. Para a ergonomia, o trabalho de Taylor foi um dos marcos iniciais aos con- ceitos de projeto de tarefas. O controle do tempo e os estudos dos movimentos se tornaram a base para os métodos de análise de tarefas utilizadas ainda hoje. Jules Amar contribuiu significativamente com os fisiologistas do fim do século XIX, proporcionando para a ergonomia técnicas e equipamentos que permitiam mensurar o desempenho físico do ser humano. Dentre eles, desta- cam-se o esfigmógrafo, o cardiógrafo e o pneumógrafo. Simultaneamente ao desenvolvimento desses equipamentos, avançam também no estudo teórico específico do desgaste fisiológico e de energética muscular do homem. Na primeira metade do século XX, Jules Amar se destaca em idealizar a pesquisa realizada em laboratório e autor do livro O motor humano, no qual aborda o estudo científico sobre os dados físicos e fisiológicos relacionados à eficiência e ao desempenho humano nos ambientes de trabalho na indús- tria. Seu livro, O motor humano, considerado por alguns a primeira obra de ergonomia, descreve os métodos de avaliação e as técnicas experimentais, fornecendo as bases fisiológicas do trabalho muscular e relacionando-as com as atividades profissionais. Descreve, também, os princípios mecânicos gerais do corpo humano como uma máquina. Da idealização do conceito de ergonomia por Murrell, em 1949, até o início dos primeiros estudos brasileiros nesta área passaram-se mais de vinte anos. Na década de 1970, sob a influência do pesquisador francês Alain Wis- ner, iniciaram-se as abordagens ergonômicas, o que justifica até os nossos dias muitos seguirem a abordagem francesa, a analyse ergonomic du travail. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-18 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 9 Com base em um método proposto pelas professoras Moraes e Mont’Alvão (2000), foi na década de 1990 que novos estudos surgiram, ganhando força devido a descrição clara dos muitos obstáculos que surgem num estudo ergonômico. Cabe frisar que, no Brasil, concluíram que houve seis principais vertentes para a difusão da ergonomia no país: Década de 1960: através da abordagem “o produto e o homem” (curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP com o prof. Sergio Penna Kehl). Início da década de 1970: introdução do ensino de ergonomia no curso de engenharia de produção. Ano de 1976: com a introdução do ensino de ergonomia no curso de desenho industrial, da Escola superior de Desenho Industrial da UERJ. Década de 1970: foi identificada através de estudos relacionados à psicologia ergonômica no curso de Psicologia da USP de Ribeirão Preto com ênfase na Percepção visual aplicada no estudo do trânsito. Década de 1970: na área de psicologia da FGV-RJ, promoveu o I Seminário Brasileiro de Ergonomia (1974). Ainda nos anos de 1970: o professor Wisner tanto incentivou quanto orientou um dos primeiros trabalhos de ergonomia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), cujo tema era plantação de cana de açúcar na área rural de cidade de Campos-RJ. Também incentivou a pós-gradução em ergonomia na sua instituição de origem, já na década de 1980. Os egressos desta instituição francesa distrinuiram-se por vários es- tados e cidades (DINIZ, 1994). Em 13 de julho de 1983, houve um importante feito para a ergonomia bra- sileira, a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO). É importante ressaltar que a ABERGO foi aceita como membro da Interna- tional Ergonomics Associations (IEA) em 1984, entretanto, essa filiação nunca foi oficializada, por questões meramente burocráticas. Em 2004, foi introduzido o sistema de certificação do ergonomista brasileiro ao qual concede o título aos profissionais que se submetem ao processo. A certificação é uma tendência mundial recebendo apoio da IEA e do Ministério do Trabalho e Emprego. Como já se indicou, a Ergonomics Research Society da Inglaterra nos de- fine a ergonomia como “[...] o estudo do relacionamento entre o homem e 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-19 10 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L o seu trabalho, equipamento e ambiente, e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (2013, p. 1, tradução nossa). No momento de exercício do seu papel, a ergonomia volta-se para a obser- vação e análise de vários aspectos do comportamento do homem no trabalho e de fatores externos importantes ao projeto de sistemas de trabalho. Uma vez que não se busca o simples ajustamento entre homem e máquina, mas, sim, a adaptação conjunta dos dois. Deste modo, o estudo ergonômico considerará, como citado anteriormente: as características individuais do homem; os equipamentos, as ferramentas, os móveis e as instalações que são utilizadas na execução do trabalho; o ambiente físico; as comunicações existentes das informações; a organização; as consequências do trabalho. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-20 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 11 Seção 2 Conceitos e definições Como já foi dito, o termo “ergonomia” é derivado de duas palavras gregas, que significam regras do trabalho, mas podemos considerar essa definição simples e superficial. Segundo Dul e Weerdmesster (2004, p. 1): Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Para Iida (2005, p. 2): A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho do ho- mem. O trabalho, aqui, tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados. Temos a definição de diversas associações, como da Ergonomics Society da Inglaterra (2013, p. 1, tradução nossa) que diz: Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e, particularmente, a aplica- ção dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento. Iida (2005, p. 2) afirma: Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. A ergonomia trabalha abordando características específicas do sistema: Ergonomia física: trata das características da anatomia humana antropo- metria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf,page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-21 12 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Ergonomia cognitiva: trata dos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre as pessoas e outros elementos de um sistema. Ergonomia organizacional: trata-se da utilização dos sistemas sócio- -técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos. Cabe notar que a ergonomia estuda tantos as condições prévias como as consequências do trabalho e as interações que ocorrem entre homem, máquina e ambiente durante a realização desse trabalho. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-22 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 13 Seção 3 Objetivos básicos da ergonomia Conforme já apresentado, a ergonomia estuda os diversos fatores que in- fluem no desempenho produtivo e procura reduzir os resultados nocivos sobre o trabalhador. Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, o estresse, os erros e os aciden- tes, dando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores. Não se aceita colocar a eficiência como objetivo principal da ergonomia: ela virá como consequência. Reiterando, a ergonomia visa em primeiro lugar a saúde, a segurança e a satisfação do trabalhador. Figura 1.4 Fatores que influem no sistema produtivo Entradas Matéria -prima Energia (gasta) Informações Posto de trabalho Saídas Produtos Energia (gerada) Conhecimentos Consequências do trabalho: fadiga, estresse, erros, acidentes Subprodutos Sucatas Dejetos Lixo Consequências do trabalho: fadiga, estresse, erros, acidentes Entradas Matéria-prima Energia (gasta) Informações Saídas Produtos Energia (gerada) Conhecimentos Subprodutos Sucatas Dejetos Lixo Fonte: Do autor (2013). Em Sonego et al. (2009), para certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina. Para a ergonomia, o trabalho é o único possível de intervenção. A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-23 14 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é infor- mar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica a cada um. Conforme Sonego et al. (2009, p. 4, grifo nosso): [...] procedimento ergonômico é orientado pela perspec- tiva de transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação. Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir conhecimentos, deve ser construído por um processo de de- composição/recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve ser transformada. O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. “Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por ela mesma”. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-24 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 15 Seção 4 Antropometria É um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho do corpo. Como diz Sobral (1985, p. 25), “[...] o método antropométrico baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimensionais do corpo humano”. O tamanho físico de uma população pode ser determinado através da medição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais, e os resultados obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, equipamentos e produtos que sirvam as dimensões da população utilizadora (SANTOS; FUJÃO, 2003). 4.1 Antropometria: medidas A antropometria se compromete com as medidas físicas do corpo. Essas medidas necessitam de precisão, e isso é exigido pelas necessidades da pro- dução para a população de produtos como vestuário e calçados. Em todas as áreas deve-se ter uma atenção redobrada para a medição, desde a produção de carros e aeronaves, até de usina nucleares. Até a década de 1940, as medidas antropométricas visavam determinar apenas algumas grandezas médias da população, com pesos e estaturas. Hoje, o interesse maior está centrado no estudo das diferenças entre grupos e a influência de certas variáveis como etnias, alimentação e saúde (IIDA, 2005). 4.1.1 Variações das medidas Na Idade Média, os calçados eram do mesmo tamanho. Não havia dife- rença entre pé esquerdo e direito, e a produção era de um único modelo, o que simplificava os problemas de produção, distribuição e controle de estoque. Até a década de 1950, os automóveis eram projetados apenas para os ho- mens, pois raramente alguma mulher dirigia. Para o consumidor, a padronização excessiva nem sempre se traduz em conforto, segurança e eficiência. Para que esse tipo de problema seja tratado adequadamente, são necessárias três tipos de providência: definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada situação; 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-25 16 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L realizar medições para gerar dados confiáveis; aplicar adequadamente esses dados. Diferenças entre os sexos Mulheres e homens diferenciam-se entre si desde o nascimento, mas até o final da infância, em torno dos nove anos, ambos os sexos apresentam cresci- mento semelhante. As diferenças começam a surgir na puberdade. O crescimento começa a ace- lerar em torno dos dez anos, as meninas crescem aceleradamente dos onze aos treze anos, e os meninos dois anos mais tarde. Este crescimento ocorre primeiro nas extremidades, como mãos e pés. Após esta fase acelerada, tanto meninas como meninos continuam a crescer lentamente, atingindo a estatura final em volta dos vinte a 23 anos de idade. As diferenças de estaturas entre homens e mulheres são de 6% a 11%. Há uma diferença significativa da proporção múscu- los/gordura entre homens e mulheres. Os homens têm proporcionalmente mais músculos que gordura, além disso, a localização da gordura também é diferente. As mulheres têm uma maior quantidade de gordura subcutânea, que é responsável pelas suas formas arredondadas. A maior parte dessa gordura concentra-se entre a bacia e as coxas. Nas variações intraindividuais, pode-se dizer que o ser humano sofre contí- nuas mudanças físicas durante toda a vida, ocorrendo de diversas maneiras. Há uma alteração do tamanho, proporções corporais, forma e peso. Na infância e na adolescência, essas mudanças se aceleram, e as proporções entre os diversos segmentos do corpo também se alteram. O recém-nascido possui, proporcionalmente, cabeça grande e membros curtos. Com o crescimento, essas proporções vão se alterando, e o cérebro desenvolve-se precocemente. Aos cinco anos, já atinge 80% do seu tamanho definitivo. Quadro 1.1 As proporções corporais vão se modificando com a idade Idade Estatura/cabeça Tronco/braço Recém-nascido 3,8 1,00 2 anos 4,8 1,14 7 anos 6,0 1,25 Adulto 7,5 1,50 Fonte: Iida (2005, p. 100). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf,page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-26 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 17 A estrutura atinge o seu ponto máximo em torno dos vinte anos e permanece praticamente inalterada dos 20 aos 50 anos, mas “[...] a partir dos 55 a 60 anos, todas as dimensões lineares começam a decair. Outras medidas, como o peso e a circunferência dos ossos, podem aumentar” (IIDA, 2005, p. 100). Ainda em Iida (2005, p. 100) “[...] durante o envelhecimento, observa-se também uma gradativa perda de forças e mobilidade”, isso se deve aos pro- cessos da perda da elasticidade das cartilagens e de calcificação. A força de uma pessoa de 70 anos equivale à metade de uma outra de 30 anos. Todavia, o sistema nervoso degenera-se em uma velocidade menor, podendo haver um mecanismo de compensação à perda no sistema muscular. Além dessas variações intraindividuais, que acompanham a pessoa ao longo da vida, existem também as variações interindividuais, que diferenciam os indivíduos de uma mesma população. Estas são decorrentes de duas causas principais: etnia e genética. Variações étnicas Vários estudos antropométricos realizados durante várias décadas compro- varam a influência da etnia nas variações das medidas. São encontradas na África, por exemplo, variações extremas, como os pigmeus da África Central, que medem 143,8 cm para homens e 137,2 cm para mulheres, e os de maior estatura também estão ali inseridos. Os negros nilóticos moram na região Sul do Sudão: os homens medem 182,9 cm e as mulheres 168,9 cm, e os mais altos também se encontram ali e medem 210 cm. Isso mostra que a diferença do homem mais alto da África para o mais baixo é de 62%. Hoje, a diferença antropométrica tornou-se um problema com o aumento do comércio internacional, pois o mesmo produto deve ser fabricado em diversas versões ou ter regulagens suficientes para se adaptar às diferenças antropomé- tricas de diversas populações. Essas adaptações geralmente envolvem peças móveis que aumentam os custos e fragilizam o produto. É necessário saber quais variáveis devem ser adaptadas e quais as faixas de variações de cada uma delas. No final do século XIX e começo do século XX, ocorreu um movimento migratório muito intenso. Vários povos foram em busca de outros locais com clima, hábitos alimentares e culturais diferentes daqueles de seus locais de origem, causando influência desses fatores sobre as medidas antropométricas. Os descendentes dos japoneses, chineses mexicanos e indianos nascidos nos Estados Unidos são mais altos e mais pesados que seus ancestrais, indi- 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-27 18 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L cando a influência de outros fatores. Entretanto, mesmo nos casos de descen- dentes de imigrantes, que já moravam há várias gerações nos Estados Unidos, averiguou-se que as proporções corporais não haviam se modificado de modo significativo. Subentende-se que existe uma forte ligação da carga genética com as proporções corporais. Esse estudo foi comprovado com as proporções corporais dos negros dos Estados Unidos. Vivendo há décadas ali, conservaram as mesmas proporções corporais dos africanos. Entre os mestiços, as proporções são intermediárias entre negros e bran- cos, também sendo constatada a diferença nas proporções nas medidas dos pés. Os brasileiros, em relação aos europeus, têm os pés mais curtos e mais gordos. Como muitos dos moldes para a fabricação de calçados são europeus, temos, então, uma explicação para o desconforto nos pés dos brasileiros. Nos brinquedos, tais divergências também acontecem: uma boneca norte- -americana não foi bem aceita pelas meninas japonesas porque apresentava os membros mais longos, diferindo do biótipo oriental. Em consequência dessas diferenças nas proporções corporais, não se pode aplicar uma regra de três para as medidas antropométricas. Observa-se que, devido à miscigenação de diversas etnias, a variabilidade interindividual na população brasileira provavelmente é maior em relação aos povos de etnia homogênica. Além disso, há diferenças acentuadas nas condições de nutrição e saúde em diferentes segmentos sociais e entre regiões do país. A influência do clima nas proporções corporais tem um impacto sobre a antropométrica. Os que vivem nas regiões de clima mais frio têm a forma esférica, já os que habitam as regiões de clima mais quente têm o corpo mais fino e os membros, tanto inferior como superior, mais longos. Por volta dos anos 1940, uma pesquisa realizada por William Sheldon proporcionou uma das demonstrações mais interessantes das interindividuais dentro da mesma população (4 mil estudantes norte-americanos), além de fazer levantamento antropométrico, fotografou todos os indivíduos de frente, de perfil e de costas. A análise desse material o levou a definir os tipos físicos básicos: Ectomorfo: formas alongadas. Mesomorfo: musculoso, de formas angulosas. Endomorfo: formas arredondadas e macias, com grande depósito de gordura. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-28 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 19 Não há, naturalmente, uma rigorosa classificação nesses tipos básicos. Uma mistura básica pode ser endoformo-mesoformo, mesofórmico-ectoformo e assim sucessivamente, observando também características no seu comportamento vindo a influir até na escolha da profissão. Variações seculares Para Iida (2005, p. 105), as variações seculares [...] estudam as mudanças antropométricas ocorridas em longo prazo, abrangendo varias gerações. Diversos estudos comprovam que os seres humanos têm aumentado de peso e dimensões corporais ao longo dos últimos séculos. Ainda segundo Iida (2005), isso seria explicado pela melhoria da alimentação e do saneamento, pela abolição do trabalho infantil e pela adoção de hábitos mais salutares, como as práticas desportivas. Essas mudanças ocorreram sobretudo nos últimos duzentos anos. Isso se deu devido ao avanço tecnológico, principalmente na tecnologia de alimentos e sua conservação no clima frio. O avanço dos meios de transporte melhorou a oferta de alimentos. O crescimento das medidas antropométricas de uma população é mais pro- nunciado quando povos subalimentados passam a consumir maior quantidade de proteínas. Já se observou, por exemplo, crescimento de até 8 cm na estatura média de homens de uma população em apenas uma década. É interessante notar que essa aceleração do crescimento é um fenômeno mundial que não se restringe apenas aos adultos. 4.1.2 Padrões internacionais de medidas antropométricas A partir da década de 1950, três fatos novos contribuíram para rever- ter essa tendência, que é estabelecer seus padrões nacionais de medidas antropométricas. Em primeiro lugar, houve uma crescente internacionalização da economia, em segundo, os acordos de comércio internacional, formando os blocos eco- nômicos e em terceiro, as alianças militares, surgidas após a Segunda Guerra Mundial, que exigiram certa padronização internacional dos produtos militares. Tudo isso contribui para ampliar os horizontes dos projetistas. Hoje, quando se projeta um produto, deve-se considerar que os usuários podem estar espa- lhados em vários países diferentes. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-29 20 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Há uma tendência de evolução para se determinar os padrões mundiais, em- bora ainda não existam medidas antropométricas confiáveis para a população. 4.1.3 Realização das medidas As medidasantropométricas podem variar de acordo com a classe social, dentro de uma mesma população. Sempre que for possível e economicamente justificável, essas medidas devem ser realizadas diretamente, tomando-se uma amostra signi- ficativa de sujeitos que serão usuários ou consumidores do objeto a ser projetado. A execução dessas medições compreende as etapas de definição de objetos, definição das medidas, escolha dos métodos de medidas, seleção da amostra, as medições e as análises estatísticas (IIDA, 2005). Definições de objetos Temos que definir onde ou para que serão utilizadas as medidas antropométri- cas. Dessa definição decorre a aplicação da antropometria estática ou dinâmica, a escolha das variáveis a serem medidas e os detalhamentos ou precisões com que essas medidas devem ser realizadas. Por exemplo, ao ser elaborado um projeto de posto de trabalho, deve ser considerado o posicionamento de uma pessoa sentada (IIDA, 2005). a) Altura lombar (encosto da cadeira) b) Altura poplítea (altura do assento) c) Altura do cotovelo (altura da mesa) d) Altura da coxa (espaço entre o assento e a mesa) e) Altura dos olhos (posicionamento do monitor) f) Ângulo da visão Essas medidas já podem ser insuficientes para um outro tipo de posto de trabalho, como caixa de supermercado. Nesse caso, deveriam ser incluídas outras medidas, como alcance do braço. 4.1.4 Antropometria estática, dinâmica e funcional A antropometria estática é aquela em que as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos e realizam-se entre pontos anatômicos claramente identificados. A dinâmica calcula os alcances dos movimentos medidos, mantendo-se o resto do corpo estático, por exemplo: o alcance máximo das mãos com a 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-30 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 21 pessoa sentada. Tal conceito deve ser aplicado nos casos de trabalhos que exi- gem muitos movimentos corporais ou quando se deve manipular partes que se movimentam em máquinas ou postos de trabalho. A funcional está relacionada com a execução de tarefas específicas. Ob- serva-se que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas há uma conjugação de diversos movimentos para se realizar uma função. Passando-se da antropometria estática para a dinâmica e, desta para a fun- cional, observa-se um aumento do grau de complexidade, exigindo-se também instrumentos de medidas mais complexos (IIDA, 2005). Definição de medidas A medida compreende o detalhamento dos pontos do corpo onde serão feitas as medidas. Em geral, cada medição a ser efetuada deve especificar claramente a sua localização, direção e postura. Exemplo: comprimento ombro a ombro. Os métodos para realizar as medições se classificam basicamente em dois: diretos e indiretos. Os métodos diretos são aqueles que envolvem ferramentas que entram em contato com o corpo: raios laser, trenas, fitas métricas e réguas. Os indiretos envolvem fotos do corpo ou parte dele contra uma malha quadriculada. As medidas são tomadas posteriormente à imagem, podendo haver correções. Os itens da amostragem dos indivíduos a serem mensurados devem ser es- tabelecidos conforme o universo a que serão aplicados. Nesta escolha, devem ser pré-determinadas todas as características inatas e biológicas adquiridas pelo treinamento ou pela experiência no trabalho. Como exemplo, temos a enfer- magem, geralmente dominada por mulheres, e a construção civil, por homens. No que tange às medições, podem ser adotados cuidados prévios, como: elaboração de um roteiro para a tomada de medidas e o desenho de formu- lários apropriados pra anotações. Para quem irá participar dessas medições deve haver um treinamento prévio, abrangendo conhecimentos mínimos de anatomia humana, posturas, identificação dos pontos de medida e uso correto do seu instrumento, além de um teste após treinamento, verificando se há consistência entre eles. Antes de começar as medições, deve-se fazer um planejamento do experimento. Esse planejamento envolve as definições sobre: 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-31 22 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Descrição das variáveis a serem medidas. A precisão desejada, que vai influir no tamanho da amostra. Amostragem dos sujeitos, envolvendo os tipos e quantidade de pes- soas a serem medidas. Os procedimentos a serem adotados, descrevendo como serão efe- tuadas as medições. O tamanho da amostra pode ser calculado estatisticamente. Se uma deter- minada medida não tiver variações, basta fazer apenas uma medição. Se, por outro lado, as pessoas apresentarem grandes diferenças individuais, a amostra deve ser maior. Para fazer a análise estatística, a variável pode ser dividida em classes ou intervalos. Por exemplo: no caso da estatura, se as medidas extremas de uma população oscilam entre 156 a 201 cm, pode-se dividir em 15 classes, com 3 cm de intervalo entre elas, podendo construir um gráfico chamado de histograma. A distribuição normal é representada por dois parâmetros: a medida e o desvio-padrão. Antropometria estática Nesta modalidade, as medidas são realizadas com o corpo parado ou com poucos movimentos. Essas medições da população já são realizadas há muito tempo, principalmente pelas forças armadas. Como vimos, foi a partir da década de 1950 que começaram a adquirir maior significado econômico. A norma alemã DIN nº 33.402, de junho de 1981, é uma das tabelas de medidas mais completas que se conhece dentro da antropometria. Constam nela 54 variáveis do corpo, sendo 7 da cabeça, 13 do corpo sentado, 22 da mão, 3 dos pés e 9 do corpo em pé. Medidas brasileiras Ainda não existem medidas abrangentes e confiáveis da população bra- sileira, mas já foram feitos diversos levantamentos, quase sempre restritos a determinadas regiões e ocupações profissionais. No livro de IIda (2005), o Instituto Nacional de Tecnologia em 1998, realizou um levantamento antropométrico em 26 empresas industriais do Rio de Janeiro, abrangendo 3.100 trabalhadores (só homens adultos), dividido em duas partes. Na primeira, foram medidos 42 variáveis antropométricas e 3 variáveis biome- cânicas, cujo resultado é apresentado na tabela a seguir. Na segunda, foram medidos 26 variáveis antropometricas destinadas à confecção de vestuário. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-32 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 23 Tabela 1.1 Medidas de antropometria estática de trabalhadores brasileiros, baseadas em uma amostra de 3.100 trabalhadores do Rio de Janeiro Fonte: Iida (2005, p. 121). Antropometria dinâmica e funcional Segundo Iida (2005), a antropometria dinâmica mede o alcance dos mo- vimentos corporais. A funcional mensura de acordo com a execução de uma tarefa, como acionar uma manivela para fechar o vidro do carro. Os dados de antropometria estática são recomendados para o dimensio- namento de produtos e locais de trabalho que envolve apenas pequenos mo- vimentos corporais. As pessoas estão quase sempre fazendo movimentos de maior amplitude, manipulando, operando ou transportando algum objeto. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-33 24 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L O corpo humano assemelha-se a uma estrutura articulada. Cada junta do corpo pode fazer um movimento angular em uma ou mais direções, em torno de uma articulação. As articulações são recobertas por uma cartilagem hiliana, embebida por uma substância do tipo gel,que serve para lubrificar as juntas. As mulheres geralmente têm maior mobilidade articular que os homens. Existem diversas técnicas que podem ser aplicadas no registro de movi- mentos. Muitas delas usam recursos de cinema, TV, fotografia e informática. Para realizar as medições, esses registros podem ser feitos contra um fundo graduado, que serve de escala para medida. Entretanto, os movimentos podem ser também registrados de forma mais simples e direta, fixando-se uma folha de papel sobre um plano e fazendo riscos sobre a mesma com caneta ou giz. Construção de modelos humanos A partir das medidas antropométricas, podem ser construídos diversos modelos humanos, que podem ser úteis no projeto e avaliação de produtos e postos de trabalho. Esses modelos podem ser bidimensionais, tridimensionais, computacionais ou matemáticos. Os modelos bidimensionais mais simples geralmente são construídos de papelão, plásticos ou madeira compensada, representando homens ou mu- lheres. Os tridimensionais são chamados de manequins, os computacionais, podem ser utilizados em projetos de equipamentos e postos de trabalho. Aos modelos matemáticos, muitos pesquisadores já se dedicaram a sua construção. A ideia é bem simples e tentadora. Em vez de realizar medições de dezenas de variáveis antropométricas, seriam realizadas apenas duas ou três, e as demais seriam deduzidas por fórmulas matemáticas. De 1880 até pelo menos 1960, em praticamente todos os países europeus (incluindo a Escan- dinávia), os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá, a magnitude da tendência tem sido similar. A taxa de mudança tem sido aproximadamente: 15 mm por década em estatura e 0,5 kg por década em peso aos 5-7 anos de idade; 25 mm e 2 kg por década durante o tempo da adolescência; 10 mm por década na estatura adulta. Para saber mais 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-34 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 25 Vantagens do uso da antropometria: sensível às alterações do crescimento; método barato e simples; fácil obtenção; fácil padronização; os resultados possibilitam a comparação entre diferentes períodos históricos e populações. Para saber mais As relações entre ergonomia e os conhecimentos científicos constituem o objeto de um debate: Estão de acordo quanto ao fato de que a ergonomia utiliza conhecimento da fisiologia, psicologia etc. Por seu caráter integrador, parece existir uma concordância bem ampla quanto ao fato de que tal utilização não é uma simples aplicação. A contribuição da ergonomia desloca relações estabelecidas e propõe estudar novas. Questões epistemológicas referentes à ergonomia podem levar à for- mulação de elementos diversos? Questões para reflexão O que é ergonomia? O termo é frequentemente usado e muitas vezes mal enten- dido. ERGONOMIA é uma ciência que considera o desempe- nho e o bem-estar humano e sua relação com vários tipos de empregos, equipamentos, ferramentas e ambientes. [...] O Instituto Joyce em Seattle, Washington. Especializado em ERGONOMIA desde 1981, o Instituto Joyce auxilia organi- zações a implementar programas de ergonomia para melhorar a segurança, a produtividade e qualidade. Com ergonomistas 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-35 26 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L e representantes espalhados pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e México, o Instituto está apto a conciliar a perícia de um consultor com as necessidades do cliente. Através dos vários cursos de treinamento; engenheiros, supervisores, pro- fissionais de saúde e de segurança, e trabalhadores aprendem a aplicar os princípios da ERGONOMIA utilizando uma aborda- gem sistemática que inclui o projeto do espaço de trabalho, das ferramentas, do equipamento e do procedimento de trabalho. O Instituto também fornece uma gama completa de serviços de consultoria incluindo avaliações ergonômicas, projetos dos espaços de trabalho, projetos de produtos e desenvolvimento de materiais (ERGOLINE, 2013, grifo do autor). A maioria das definições de ergonomia coloca em questão dois objetivos fundamentais: De um lado, o conforto e a saúde dos trabalhadores: eles se inquietam ao evitar os riscos (acidentais e ocupacionais) e de minimizar a fadiga (ligada ao metabolismo do organismo, ao trabalho dos músculos e das articulações, ao tratamento da informação e à vigilância). Do outro lado, a eficácia: através da qual a organização mede suas diferentes dimensões (produtividade e qualidade). Esta eficácia é dependente da eficiência humana — em consequ- ência, a ergonomia visa conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores (SOUZA, 2003, p. 79). Para mais informações de ergonomia, vale a pena visitar os sites: <www.iea.cc> <www.abergo.org.br> Você terá à disposição tudo o que precisa sobre o tema, além de outros links muito interessantes a partir deles. Links 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-36 F u n d a m e n t o s d a e r g o n o m i a 27 As antigas máquinas e locomotivas exportadas pelos ingleses para a Índia não se adaptaram aos operários indianos. Durante a guerra do Vietnã, os soldados vietnamitas, com altura média de 160,5 cm tinham dificuldade de operar as máquinas bélicas fornecidas pelos norte-americanos, projetados para a altura média de 174,5 cm. Uma máquina projetada para acomodar 90% da população masculina Estados Unidos acomoda também 90% dos alemães. Mas não oferecia a mesma comodidade para os latinos e orientais. Ela acomoda 80% dos franceses, 65% dos italianos, 45% dos japoneses, 25% dos tailandeses e apenas 10% dos vietnamitas. Para saber mais Como pudemos ver, fica claro que a ergonomia objetiva, através de sua ação, resolve os problemas da relação entre homem/trabalhador, má- quinas, equipamentos, ferramentas, programação do trabalho, intrusões e informações, solucionando os conflitos entre o humano e o tecnológico, entre a inteligência natural e a artificial nos sistemas homem-máquina- -produção. Da mesma forma, é válido reiterar que a ação do ergonomista dentro de uma organização, além de recair diretamente na saúde ocupa- cional, busca melhorar as condições ambientais; aumentar a motivação, a segurança, o conforto e a satisfação do trabalhador; evitar riscos de acidentes de trabalho; reduzir o retrabalho e o absenteísmo. Para concluir o estudo da unidade Vimos que a ergonomia estuda o trabalho, visa a estabelecer critérios e procedimentos que permitam integrar eficiência, qualidade, produtivi- dade, sem ultrapassar os limites humanos. A ergonomia, segundo a Ergonomics Research Society (2013) é o es- tudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e Resumo 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-37 28 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L ambiente, e, particularmente, da aplicação dos conhecimentos de ana- tomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Ela surgiu no final da Segunda Guerra Mundial, mas já era utilizada desde Leonardo da Vinci, passando por outros grandes estudiosos. A origem e a evolução da ergonomia estão relacionadas às transformações sociais, econômicas e tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. O objetivo da ergonomia é estudar os diversos fatores que influem no cotidiano laboral. Desse modo, ela procura diminuir a fadiga, estresse, erro e acidentes, dando segurança,satisfação e saúde aos trabalhadores. Já a antropometria é um ramo das ciências biológicas que estuda os caracteres mensuráveis da morfologia humana. Foi definida como a ciência da medida do tamanho do corpo. Como diz Sobral (1985), o método antropométrico baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimen- sionais do corpo humano. 1. Qual é o significado da palavra ergonomia? 2. O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado se- gundo quatro níveis de exigências, descreva-os. 3. Descreva os diferentes tipos de ergonomia. 4. Durante a avaliação de antropometria utilizam-se instrumentos. Quais são? 5. O que significa IMC, e qual é a equação aplicada? 6. Quais são as principais diferenças antropométricas entre homens e mulheres? 7. Como ocorrem as variações seculares das medidas antropométricas? Atividades de aprendizagem 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-38 Unidade 2 Organismo humano Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, descreveremos de ma- neira resumida as principais funções do organismo humano, que são pertinentes à ergonomia. Serão apresentadas as funções que influem no desempenho do trabalho e também trabalharemos a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho. Seção 1: Organismo humano Na primeira seção, trataremos de toda importância da ergonomia para o organismo humano. As funções do sistema nervoso, músculos, coluna vertebral, me- tabolismo, visão, audição, percepção de som, olfato, paladar e o senso cinestésico. Seção 2: Biomecânica ocupacional Nesta seção, trataremos da biomecânica ocupacio- nal, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho, preocupando-se com as interações físicas do trabalhador. Analisaremos, basica- mente, a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas consequências. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-39 30 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Introdução ao estudo Caro leitor, até este ponto do livro concentramos nossos estudos em funda- mentos, princípios e conceitos antropométricos. A partir desta unidade, trata- remos as questões mais inclusivas na ergonomia. O organismo humano é uma máquina que exerce força e comando para sua existência, tendo que ser dosada e alinhada para o seu bom desempenho. A biomecânica nos traz subsídios para que possamos entender e amadurecer estas questões dentro da ergonomia. Seção 1 Organismo humano As forças do organismo são exercidas por contrações musculares. Os músculos não se contraem por si próprios, mas são comandados pelo sistema nervoso central, que é composto pelo cérebro e pela medula espinhal. Esses comandos decorrem por algum tipo de estímulo ambiental. 1.1 A máquina neuromuscular 1.1.1 Sistema nervoso É constituído por células nervosas (ou neurônios) que são caracterizadas por irritabilidade (sensibilidade e estímulos) e condutibilidade (conduções de sinais elétricos). Os sinais são representados por impulsos elétricos de natureza eletroquí- mica, que se propagam ao longo das fibras nervosas. Essas fibras não conduzem uma corrente contínua, mas um conjunto de impulsos que se sucedem no tempo. Desse modo, os sinais produzidos por algo estimulam do exterior ou do próprio corpo (luz, som, tato, temperatura, acelerações, agentes químicos, movimentos das articulações) e são conduzidos ate o sistema nervoso central, onde é interpretado e processado, gerando uma decisão. Esta é enviada de volta, pelos nervos motores, que se conectam aos músculos e provocam movimentos musculares, como um piscar do olho, movimentação dos braços ou pernas. O caminho de ida até o sistema nervoso central é chamado de via aferente e o de volta de via eferente. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-40 O r g a n i s m o h u m a n o 31 1.1.2 Sinapses As células nervosas conectam-se para formar uma cadeia de transmissão de sinais. Essas conexões são chamadas de sinapses. As células nervosas são formadas de três partes: O corpo e dois tipos de terminações, chamadas de dendrites e axônio. Em uma célula pode haver várias dendrites, mas há sempre um único axô- nio. Exemplo na figura abaixo. Figura 2.1 Neurônio DENDRITO NÚCLEO CORPO CELULAR AXÔNIO BAINHA DE MIELINA TERMINAÇÕES DO AXÔNIO NODO DE RANVIER Fonte: ducu59us / Shutterstock (2013). Figura 2.2 Representação esquemática de uma sinapse DENDRITOS DENDRITOS CORPO CELULAR CORPO CELULAR NÚCLEO NÚCLEO BAINHA DE MIELINA BAINHA DE MIELINA TERMINAÇÕES DO AXÔNIO TERMINAÇÕES DO AXÔNIO AXÔNIO AXÔNIO Fonte: T and Z / Shutterstock (2013). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-41 32 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L 1.1.3 Sentido único Nos neurônios, os sinais são conduzidos sempre em sentido único, iniciando pelas dendrites e saindo pelo axônio. Uma célula pode receber sinais de várias outras entrando pelas suas den- drites, mas só pode transmitir para uma única (só tem um axônio). 1.1.4 Fadiga As sinapses, quando utilizadas com muita intensidade, reduzem a sua capa- cidade de transmissão. Com capacidade de transmitir dez mil sinais de ligação sináptica, podem esgotar-se em poucos segundos. Quando o mesmo estímulo se repete rapidamente, um após o outro, no mesmo canal, o segundo transmite-se mais facilmente que o primeiro, causando a suposição de que que os neurônios são capazes de armazenar informações por alguns minutos, ou por horas, em alguns casos. 1.1.5 Desenvolvimento No desenvolvimento, o estímulo prolongado pode levar a sinapse a uma alteração física, podendo ser estimulada com muito mais facilidade, produzindo mais memória e aprendizagem. 1.1.6 Acidez De acordo com Ferraz (2013, p. 9): [...] um aumento do teor alcalino no sangue aumenta a excitabilidade, enquanto o aumento da acidez tente a dimi- nuir consideravelmente a atividade neural. Por exemplo, a cafeína ajuda a aumentar a excitabilidade neural, enquanto os anestésicos a diminui. 1.1.7 Músculos Eles são responsáveis por todos os movimentos do corpo. Transformam a energia química em contrações, por tanto, em movimentos. Isso acontece por causa da oxidação de gorduras e hidratos de carbono numa reação química exotérmica, resultado em trabalho e calor. Os músculos classificam-se em três tipos: músculos lisos, estriados ou es- queléticos e músculos do coração. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:22 - January 31, 2014 - PG-42 O r g a n i s m o h u m a n o 33 Os músculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos san- guíneos, na bexiga, no aparelho respiratório e em outras vísceras. Os músculos do coração são diferentes de todos os outros. Os músculos lisos e do coração não podem ser comandados voluntariamente. Os músculos estriados estão sob o controle consciente e é através deles que o organismo realiza trabalhos externos. Apenas o estudo destes é importante para a ergonomia. Músculos estriados Estes são assim chamados porque apresentam estrias em sua visão micros- cópica, que apresenta formação longa e cilíndrica. Tal formação compõe-se de centenas de elementos delgados chamados de miofibrilas, e estas apresentam segmentos funcionalmente completos, chamados de sarcômeros. Os sarcômeros são constituídos de dois tiposde filamentos de proteínas, a miosina e a actina, aqueles mais grossos e este mais delgado (FERRAZ, 2013). Contração muscular A contração muscular ocorre quando os sarcômeros se contraem, no sen- tido longitudinal das fibras, reduzindo os seus comprimentos, estimulado por correntes elétricas. O tempo decorrido entre a chegada da corrente e a con- tração é de 0,003 s. Com esse processo, os sarcômeros podem reduzir o seu comprimento, chegando à metade do seu tamanho anterior. Assim sendo, as fibras só apresentam dois estados possíveis: contraídas ou relaxadas. A força de um músculo depende da quantidade de fibras contraídas. Irrigação sanguínea do músculo Cada músculo recebe suprimento de oxigênio, glicogênio e outras subs- tâncias, pelo sistema circulatório que é constituído de artérias, que vão se ra- mificando até se transformarem em vasos capilares. No interior dos músculos, existem inúmeros vasos capilares onde os glóbulos vermelhos passam em fila. Quando um músculo se contrai e estrangula as paredes dos capilares, o sangue deixa de circular, podendo causar a fadiga muscular. Para permitir a circulação sanguínea, o músculo deve se contrair e relaxar com alguma frequência. “Quando se inicia um trabalho muscular, as próprias substâncias geradas pelo metabolismo durante a contração muscular estimulam a dilatação dos capi- lares, e com isso permitindo maior circulação sanguínea” (FERRAZ, 2013, p. 1). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-43 34 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L O corpo humano como um sistema de alavancas A estrutura biomecânica do corpo humano pode ser vista como um conjunto de alavancas, formado pelos ossos maiores que se conectam nas articulação e são movimentadas pelos músculos. Para cada movimento há pelo menos dois músculos que trabalham de uma forma oposta um ao outro, quando um se contrai outro se distende. Figura 2.3 Os músculos funcionam sempre aos pares Fonte: Lolloj / Shutterstock (2013). De maneira análoga às alavancas mecânicas, o corpo trabalha com três tipos de alavancas que são classificadas como: alavanca interfixa, alavanca interpoente e alavanca inter-resistente. Fadiga muscular Fadiga muscular é a redução da força provocada pela falta da irrigação san- guínea do músculo. Trata-se de um processo reversível a ser superado por um período de descanso. Quando ocorre deficiência de irrigação, o oxigênio não chega em quantidade suficiente na corrente sanguínea, provocando acúmulo de ácido lático e potássio no músculo, além disso, acontece uma sobrecarga, já que outros elementos como calor, dióxido de carbono e água são gerados durante o metabolismo. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-44 O r g a n i s m o h u m a n o 35 1.1.8 Coluna vertebral Em Iida (2005), a coluna é uma estrutura óssea que possui 33 vértebras empilhadas, classificando-se em cinco grupos. De baixo para cima: sete vértebras se localizam no pescoço-cervical; doze na região do tórax e são chamadas toráxicas ou dorsais; 5 são abdômen-lombares; abaixo, cinco estão fundidas e formam o sacro e quatro da extremidade inferior são pouco de- senvolvidas e constituem o cóccix. As nove últimas vértebras fixas situam-se na região da bacia e também se chamam sacrococcigeanas. Figura 2.4 Coluna vertebral Fonte: The Royal... (2013). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-45 36 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Figura 2.5 Classificação das vértebras da coluna raiz dorsal gânglio espinhal ramo comunicante nervo espinhal gânglio simpático tronco simpático forame intervertebral substância cinzenta raiz ventral substância branca meninges corpo da vértebra Fonte: Encyclopaedia... (2013). Das 33 vértebras, 24 são flexíveis e as que têm maior mobilidade são as cervicais e as lombares. Deformações da coluna A coluna é uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela apresenta maior resistência para forças na direção axial, sendo mais vulnerável para força de cisalhamento. A mesma está disposta a diversas deformações, por ser muito frágil, essas deformações são congênitas ou adquiridas em consequência de esforço físico, postura no trabalho, insuficiência na musculatura de sustentação, infecções e outros. As principais anormalidades são: 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-46 O r g a n i s m o h u m a n o 37 Lordose: aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervi- cal ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente. Cifose: é o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente da região do tórax correspondendo ao corcunda. Escoliose: desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas pende para um dos lados ou para o direito ou para o esquerdo. Deformações da coluna vertebral Figura 2.6 Deformações típicas da coluna vertebral 1 Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013). Figura 2.7 Deformações típicas da coluna vertebral 2 Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013). 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-47 38 E R G O N O M I A I N D U S T R I A L Figura 2.8 Deformações típicas da coluna vertebral 3 Fonte: B. Boissonnet / BSIP / Easypix (2013). Lombalgia Significa “dor na região lombar”, é provocada pela fadiga dos músculos das costas, é mais comum sua presença quando se permanece muito tempo na mesma postura, com a cabeça inclinada para a frente. 1.1.9 Metabolismo É o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano. A energia do corpo humano é proveniente da alimentação. Ela sofre diversas transforma- ções químicas, sendo uma parte usada para construção de tecidos e outra como combustível. Conforme IIda (2005), do ponto de vista energético, o organismo humano pode ser comparado a uma complexa máquina térmica. Parte dos alimentos con- sumidos converte-se no combustível chamado glicogênio, que é oxidado, numa reação exotérmica, gerando energia. Essa reação produz subprodutos como calor, dióxido de carbono e água, que devem ser eliminados pelo organismo. Metabolismo basal É a energia necessária para manter apenas as funções vitais do orga- nismo, sem realizar nenhum trabalho externo. O organismo funciona como uma máquina térmica que nunca é desligada. A pessoa, mesmo estando viva, em repouso absoluto, consome uma certa quantidade de energia para o funcionamento de órgãos como o coração, pulmões e rins, que nunca deixam de funcionar. 89805-Ergonomia industrial_29jan2014.pdf, page 135 @ Preflight Server ( Ergonomia industrial.indd ) - 06:35:23 - January 31, 2014 - PG-48 O r g a n i s m o h u m a n o 39 Figura 2.9 Aspectos do homem Fonte: Private... (2013). Energia gasta no trabalho Um homem adulto, para se manter vivo, gasta 1.800 kcal/dia com o seu metabolismo basal, observando que com menos de 2.000 kcal/dia na alimen- tação é incapaz de realizar qualquer trabalho. Observe o gasto de kcal nas tarefas feitas por homens, abaixo: empregados de escritório – 2.500 kcal/dia; motorista – 2.800 kcal/dia; um operário executando um trabalho leve – 3.000 kcal/dia; mecânico de automóveis e um carpinteiro – 3.000 kcal/dia; grande parte dos trabalhadores industriais gasta entre 2.000 e 4.000 kcal/dia; estivadores gastam 4.500 kcal/dia (marca considerada máxima exigível). As mulheres têm um metabolismo basal de 1.600
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