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Unid 3 - 3 3 - O novo acordo ortográfico

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O novo acordo ortográfico
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem, você refletirá sobre as modificações introduzidas na Língua 
Portuguesa escrita por meio do novo Acordo Ortográfico, assinado em 1990, em vigência desde 
janeiro de 2016. Você também verá os objetivos desse novo acordo, que abrange todos os países 
que têm o português como idioma oficial.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os objetivos da construção do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.•
Reconhecer as novas regras ortográficas propostas pelo acordo.•
Usar com proficiência as novas regras ortográficas propostas pelo acordo.•
Desafio
A chegada do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem causado estranhamento e 
dúvidas quanto à sua utilização. Apesar dos materiais de leitura já estarem atualizados com as 
novas regras ainda encontramos algumas dúvidas na grafia de algumas palavras.
Observe as frases dos anúncios a seguir e analise os possíveis deslizes na ortografia, corrigindo-os 
quando for necessário, justificando as mudanças realizadas:
I) A livraria Sabedoria está com uma superpromoção de livros de auto-ajuda. 
II) O hipermercado Rei dos descontos tem promoção aos finais de semana. 
III) Na rede Dirija Já você encontra seu semi-novo e sai motorizado na hora
Infográfico
Com base no infográfico a seguir, veremos os principais objetivos do novo Acordo Ortográfico da 
Língua Portuguesa. 
Conteúdo do livro
No capítulo O novo acordo ortográfico, você aprenderá sobre as mudanças ocorridas na Língua 
Portuguesa com o novo acordo, o intuito de sua criação e como foi feita a sua construção. Boa 
leitura. 
FUNDAMENTOS 
DE PORTUGUÊS
Silvia Adélia Henrique Guimarães
O novo acordo ortográfico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os objetivos da construção do acordo ortográfico da língua 
portuguesa.
  Reconhecer as novas regras ortográficas propostas pelo acordo.
  Usar com proficiência as novas regras ortográficas propostas pelo 
acordo.
Introdução
Os países, distribuídos em quatro continentes, que têm a língua por-
tuguesa como oficial firmaram um acordo ortográfico que, ao longo 
dos anos, passou por diversas mudanças. Além disso, é um acordo que 
engloba aspectos políticos, de modo que sua discussão envolve dois 
grandes blocos de estudiosos da língua portuguesa: os teóricos que 
defendem a importância da reforma, e outros que acreditam que essa 
mudança aumenta a distância entre os falantes e a escrita formal. Dessa 
forma, conhecer e refletir sobre aspectos contextuais, práticos e mesmo 
didáticos que envolvem esse acordo e as mudanças pelas quais ele passou 
é fundamental para todo profissional da área. 
Por isso, neste capítulo, você conhecerá questões atinentes ao acordo 
ortográfico, familiarizando-se com seus objetivos e reconhecendo regras 
que contém. Para isso, você verá uma discussão incialmente historiográ-
fica, já que é imprescindível conhecer o contexto em que se firma tal 
acordo, assim como exemplos e problematizações que envolvem o tema. 
Por fim, você também contará com uma tratativa prática do acordo a 
partir de algumas de suas mudanças, especialmente aquelas que tocam 
mais diretamente o Brasil. 
1 O novo acordo ortográfico da língua 
portuguesa: por quê e para quê? 
Certamente, você já ouviu falar, ou até falou, que a ortografi a da língua por-
tuguesa é muito difícil, cheia de regras e de exceções. Provavelmente, essas 
queixas aumentaram depois da polêmica mudança das regras ortográfi cas 
que se efetivaram, no Brasil, no ano de 2016 — mudanças fi rmadas em 1990 
entre os países lusófonos.
Contudo, para falar sobre esse acordo ortográfico, o primeiro conceito 
importante que devemos dominar é o de “lusofonia”, termo que se compõe de 
duas partes: “luso” e “fonia”. O prefixo “luso” está relacionado a “português” 
(como adjetivo, refere-se àquele que é da Lusitânia de Portugal). Assim, a 
história da palavra “luso” está ligada a uma antiga província romana chamada 
Lusitânia que, geograficamente, corresponde ao atual país Portugal. Já a 
palavra “fonia” está descrita no dicionário Houaiss (2001, p. 914) como “1. 
Timbre de voz. 2. Conjunto de falantes (e escreventes e legentes) usuários de 
uma língua (ou dialeto ou variedade nacional, regional ou local), seja como 
vernácula, seja como franca ou de cultura”. 
Assim, ainda embasados nas descrições de Houaiss, podemos dizer que 
“lusofonia” (2001, p. 1203) é o:
1.1 conjunto de países que têm o português como língua oficial ou dominante 
[A lusofonia abrange, além de Portugal, os países de colonização portuguesa, 
a saber: Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé 
e Príncipe; abrange ainda as variedades faladas por parte da população de 
Goa, Damão e Macau na Ásia, e ainda a variedade do Timor na Oceania.]
O uso da palavra “lusofonia” é bastante polêmico. Por isso, recomendamos a leitura 
do discurso O conceito de lusofonia e a cooperação na promoção e difusão da língua 
portuguesa, do guineense Domingos Simões Pereira.
Apesar dos desacordos e discussões que envolvem a pertinência do termo 
“lusofonia”, pensar no novo acordo ortográfico é pensar que oito países, com 
distintas formações políticas, econômicas, religiosas e socioculturais percebem 
que seu bem comum, o idioma, se unificado, ganha maior valorização interna-
O novo acordo ortográfico2
cional. Foi assim que a República Popular de Angola, a República Federativa do 
Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República 
de Moçambique, a República Portuguesa, a República Democrática de São 
Tomé e Príncipe consideraram que a ortografia unificada constituiria “[...] um 
passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e 
para o seu prestigio internacional” (ACORDO...., 1990, documento on-line). 
Veja, na Figura 1, os países em que o português está presente espalhados 
pelo mundo.
Figura 1. A língua portuguesa no mundo.
Fonte: Argento (2020, documento on-line).
Além de pensar nos países que falam o português, e de se ater ao fato de 
ter havido um acordo de alteração ortográfica, você precisa ter em mente que 
ortografia não é língua, mas um código, e, portanto, um dos aspectos que se 
relacionam a uma língua, estando em nível superficial; ou seja, a ortografia 
registra o uso da língua, que é muito mais profunda do que isso: é sintaxe, é 
morfologia, é vocabulário, é contexto, é muito mais. 
Sobre a questão linguística, Henriques (2011) argumenta que a dificuldade/
facilidade de entender um português de Portugal pode ser a mesma que um 
morador do sul do Brasil pode ter de entender um falante do norte do Brasil, 
e isso não significa que norte e sul falem duas línguas diferentes. O acordo 
não veio para modificar isso, visto que a ortografia está mais relacionada a 
“traduzir” a modalidade falada para a modalidade escrita padrão do que para 
representá-la. Dessa forma, devemos entender que o novo acordo não veio 
para unificar a língua, mas para uniformizar seu registro escrito. Além disso, 
3O novo acordo ortográfico
o acordo ortográfico se trata, especialmente, de uma decisão política, muito 
mais do que linguística.
Essa concepção demonstra que a ortografia é uma convenção e está mais 
relacionada a um costume, a uma aprendizagem “de fora para dentro” (ou “de 
cima para baixo”) do que à formação interna e profunda de uma língua. Para 
Abbade (2015, documento on-line), “Todo e qualquer sistema ortográfico é sem-
pre uma convenção, um combinado, um acordo, de natureza políticocultural. 
A necessidade de uma ortografia portuguesa regular surge com a sua escrita”.
Assim, as questões mais profundas serão mantidas. Por exemplo, mesmo 
que, nos diferentes países de fala portuguesa, tenha-se perdido a obrigatorie-
dade de letras duplas, quando elas não são pronunciadas, em Portugal, elas 
continuam sendo utilizadas na escritae na oralidade.
Quanto à necessidade política que preparou o terreno para o novo acordo, 
Henriques (2011) argumenta que, se Angola se distanciasse ainda mais do 
registro escrito padrão usado no Brasil, isso dificultaria as compras de livros 
(técnicos, por exemplo) angolanos. Se Portugal se distanciasse muito desse 
registro ortográfico similar, isso poderia levar a uma preferência por compras 
de livros em inglês, língua global da atualidade. É nesse sentido, também, que 
unificar o registro escrito do português faz abrir o mercado editorial dos países 
lusófonos a nível mundial, fortalecendo a língua — fato que tem a seu favor 
argumentos como o prejuízo que a diversificação ortográfica gerava devido 
à elaboração de documentos oficiais, publicações gerais, desde os dicioná-
rios, até os livros didáticos, científicos e literários em registros ortográficos 
distintos. Para Henriques (2011), essa lógica não procede, pois, assim como 
não se espera que haja um espanhol com grafia argentina, um espanhol com 
grafia colombiana, um espanhol com grafia espanhola, não deveria ser natural 
o português ter duas grafias distintas. 
Abbade (2015, documento on-line) resume essas vantagens com as seguintes 
palavras: 
Esse novo acordo previa inúmeras vantagens: possibilitar a comunicação 
diplomática entre os países lusófonos; aumentar a difusão da cultura entre os 
países envolvidos; estabelecer a língua portuguesa como língua de cultura, 
ampliando seu prestígio junto às Instituições Nacionais; permitir que as 
obras escritas possam ser vendidas em todos os países lusófonos; favorecer 
o intercâmbio de materiais didáticos.
Vemos, com essas apresentações e reflexões, que o acordo é uma soma de 
desacordos e, ainda, tem muita história a contar e a construir. 
O novo acordo ortográfico4
Um pouco da história do construção 
do acordo ortográfico
Há muito, tenta-se padronizar as ortografi as de Brasil e Portugal, e essa história 
se resume nos pontos-chave que você observa a seguir (ABBADE, 2015). 
  Início do século XX: língua portuguesa com pluralidade de grafias 
não padronizadas. 
  1907: a Academia Brasileira de Letras (ABL) aprova uma reforma 
ortográfica.
  1907: reforma ortográfica aprovada fica limitada às publicações da 
própria Academia. 
  1910: nomeia-se, em Portugal, comissão para estabelecer uma ortografia 
simplificada.
  1911: efetiva-se reforma que modifica completamente o aspecto da 
língua portuguesa escrita.
  1911: resistência do Brasil (que tinha ortografia de influência etimo-
lógica) leva as duas ortografias a ficarem completamente diferentes.
  1915: ABL assemelha a sua ortografia com a portuguesa. 
  1919: ortografia proposta pela ABL, em 1915, é revogada.
  1915: início de buscas por um acordo entre a Academia das Ciências 
de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras.
  1924: Portugal e Brasil recomeçam a procurar uma grafia comum.
  1929: ABL altera as regras de escrita baseada na etimologia e retoma 
o caminho da simplificação.
  1931: retorno à ortografia portuguesa de 1911.
  1934: o Brasil revoga o acordo de 1931 e retorna ao passado.
  1943: Convenção Luso-Brasileira retoma o acordo de 1931 com o For-
mulário Ortográfico de 1943. 
  1945: tentativa de retorno à etimologia por parte de Portugal, vigorando 
apenas naquele país e sendo recusado pelo Brasil.
  1971: o governo português altera algumas regras da ortografia de 1943.
  1973: Portugal realiza alterações que reduzem as divergências orto-
gráficas com o Brasil
  1975: a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de 
Letras elaboram novo projeto de acordo não aprovado oficialmente.
  1986: encontro dos países de língua oficial portuguesa para impulsionar 
um novo acordo ortográfico.
5O novo acordo ortográfico
  1990: a Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro, 
elaborando a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que 
está hoje contemplada em lei.
  Atualidade: até hoje continua sendo discutido e cada país toma uma 
atitude diferente. 
Nas palavras de Abbade (2015, documento on-line), “O novo texto, bem me-
nos problemático que o de 1986, teve dois grandes objetivos: fixar e delimitar as 
diferenças entre os falantes da língua portuguesa e criar uma comunidade com 
uma unidade linguística expressiva para ampliar o seu prestígio internacional”. 
Sobre todas essas questões, o documento oficial (BRASIL, 2009, documento 
on-line) posiciona-se da seguinte forma: 
Foi, pois, tendo presentes estes objetivos, que se fixou o novo texto de unifi-
cação ortográfica, o qual representa uma versão menos forte do que as que 
foram conseguidas em 1945 e 1986. Mas ainda assim suficientemente forte 
para unificar ortograficamente cerca de 98% do vocabulário geral da língua.
Apesar disso, como o próprio panorama histórico mostra, “fixar e delimitar 
as diferenças” não é tão fácil assim, visto que as discussões sobre o acordo 
ortográfico não foram poucas, nem internamente, entre quem era e é a favor 
dele, nem externamente, entre a comunidade de linguistas que eram e são 
contra essa reforma. 
As críticas soam diversas, não apenas de cidadãos comuns, mas também 
de muitos especialistas renomados, como é o caso do linguista Sírio Possenti 
(2008, documento on-line):
Perguntado ou não, o que sempre fiz questão de dizer é que a reforma não 
aumenta em nada a capacidade de leitura de textos. Dito de outra maneira, 
fazer uma reforma porque ela facilitaria a leitura de livros brasileiros na 
África ou em Portugal é uma bobagem. Qualquer pessoa que saiba ler, mesmo 
precariamente, lê textos com a grafia de Portugal e do Brasil, assim como lê 
textos mais antigos e textos escolares, de alunos, por mais que apresentem 
problemas de grafia.
Outra linguista que ecoa na contramão da reforma é Coudry (2008, docu-
mento on-line), para quem a reforma é uma má política linguística: “[...] [não] 
é preciso que se escreva exatamente igual para que haja entendimento mútuo 
e não é porque se estabeleceu uma regra comum que se falará perfeitamente 
igual em todos os países”.
O novo acordo ortográfico6
Ainda que as críticas sejam muitas, os defensores da reforma ortográfica 
têm argumentos para elas, como Bechara (2015, p. 281), que afirma que:
Muitas das vozes de resistência apresentaram e ainda apresentam razões des-
tituídas de qualquer fundamentação real. A primeira delas, compartilhada por 
vozes fora do país, argumentava que o Acordo de 1990 escondia o propósito 
de neocolonização por parte do Brasil, porque as Bases ortográficas atendiam 
mais aos hábitos vigentes entre o nosso país do que aos hábitos vigentes entre 
portugueses e africanos. Pondo de lado o argumento de que o texto foi assinado 
sem restrição por representantes de sete nações soberanas, por mais superfi-
cial que seja a leitura das Bases, percebe-se que o Acordo mais se aproxima 
das normas estabelecidas pelo sistema de 1945, corrente entre portugueses e 
africanos, do que pelo sistema de 1943, oficial somente no Brasil. 
Para Henriques (2011), o acordo ortográfico não está concentrado nas 
questões orais, fonéticas ou de uso, e não pretende tocar nisso. Segundo 
o autor, o documento está concentrado no registro formal da língua para 
representar documentos, textos oficiais, técnicos, científicos, de jornal — na 
maioria das vezes. Assim, o acordo preza pela linguagem formal, a escrita 
de prestígio. 
Não apenas a população não especializada, mas muitos linguistas resistiram e resistem 
ao acordo homologado pelos países de língua portuguesa. A principal das críticas, 
parece, relaciona-se às demasiadas regras quanto ao uso do hífen — apesar de algumas 
terem sido abolidas, outras foram criadas. Outra norma, dessa vez relacionada ao trema, 
foi — e é — tema de muita discussão, especialmente, quando se pensa em leitores 
que não conhecem de antemão palavras como “quinquênio”, por exemplo, e a leem 
pela primeira vez — lerão, provavelmente, como um dígrafo.
Contudo, os defensores consideramque, como a mudança proposta pelo acordo 
está em nível da escrita (grafia), e não em nível da fala (fonética/fonologia), os novos 
falantes terão recursos para tirar esse tipo de dúvidas, por exemplo, com professores 
e outros falantes e serão corrigidos/informados sobre a pronúncia. Isso se dá porque, 
antes de escrever, aprende-se a falar a língua; portanto, continuar-se-á a aprender 
que se trata de quinquênio/pinguim/linguiça com a pronúncia do som “u” por meio 
da escuta dessas palavras. 
7O novo acordo ortográfico
Evanildo Bechara é um dos maiores gramáticos do Brasil, além de:
[...] membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e 
doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra. Professor Titular 
e Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da 
Universidade Federal Fluminense (UFF), além de titular da cadeira nº 
16 da Academia Brasileira de Filologia e da cadeira 33 da Academia 
Brasileira de Letras. É autor de várias das principais gramáticas da língua 
portuguesa destinadas tanto ao público leigo quanto a profissionais da 
área: Moderna Gramática Portuguesa (37.ª edição, Rio de Janeiro : Editora 
Lucerna, 1999); Gramática Escolar da Língua Portuguesa (1.ª edição, Rio 
de Janeiro : Editora Lucerna, 2001); Lições de Português pela Análise 
Sintática (18.ª edição, Rio de Janeiro : Editora Lucerna, 2004). É ainda 
editor da revista Confluência, dedicada a temas linguísticos, editada pelo 
Liceu Literário Português (EVANILDO..., 2016, documento on-line).
Para conhecer as defesas de Bechara a favor do novo acordo ortográfico, assista à 
entrevista que o gramático deu acessando o canal no YouTube da Rio TV Câmara e 
digitando no buscador “Entrevista - Evanildo Bechara”.
Na charge da Figura 2, a seguir, você confere essa resistência, característica de muitos, 
em relação à queda do trema.
Figura 2. Resistência a novas regras ortográficas.
Fonte: Solda ([2009], documento on-line).
O novo acordo ortográfico8
2 O novo acordo ortográfico: o que 
mudou, afinal? 
Ainda que, no Brasil, os falantes tenham se queixado a respeito das mudanças 
de certas regras ortográfi cas, Portugal foi o país que mais precisou adequar-se 
às alterações. Estima-se que 1,6% do vocabulário de Portugal tenha sofrido 
alterações na escrita, enquanto, no Brasil, somente 0,5% das ocorrências 
vocabulares sofrerão alteração. 
E que mudanças foram essas, afinal? O acordo ortográfico foi dividido em 
vinte seções, cada qual fundamentada por uma base. A estrutura do acordo 
segue a seguinte arqueologia (BRASIL, 2014): 
  Base I — do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados.
  Base II — do h inicial e final.
  Base III — da homofonia de certos grafemas consonânticos.
  Base IV — das sequências consonânticas.
  Base V — das vogais átonas.
  Base VI — das vogais nasais. 
  Base VII — dos ditongos.
  Base VIII — da acentuação grafica das palavras oxítonas.
  Base IX — da acentuação gráfica das palavras paroxítonas.
  Base X — da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das 
palavras oxítonas e paroxítonas.
  Base XI — da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas.
  Base XII — do emprego do acento grave.
  Base XIII — da supressão dos acentos em palavras derivadas.
  Base XIV — do trema.
  Base XV — do hífen em compostos, locuções e encadeamentos 
vocabulares.
  Base XVI — do hífen nas formações por prefixação, recomposição e 
sufixação.
  Base XVII — do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver.
  Base XVIII — do apóstrofo.
  Base XIX — das minúsculas e maiúsculas.
  Base XX — da divisão silábica.
Embora tenha sido acordada em 1990, apenas em 2016 a nova ortografia 
passou a vigorar no Brasil. Esse caráter tão recente da efetivação dessa nova 
forma de registro ortográfico em nosso país leva a pensar em algumas de suas 
9O novo acordo ortográfico
regras. Quanto a isso, não há escapatória: é preciso ler e reler o conteúdo e 
comparar o antes e o depois — assim como é preciso desmistificar, para alunos 
e/ou para membros da sociedade de forma geral, certos “mitos” apresentados, 
tais como “agora não há mais hífen” ou “não se usa mais acento”.
Para os estudantes mais jovens, essa etapa será mais fácil, pois eles já 
aprenderão as regras a partir do novo — não precisarão, portanto, comparar 
o antes e o depois. Contudo, para os acadêmicos e especialistas, a comparação 
é inevitável. 
Um das críticas recebidas feitas ao acordo se refere à queda do acento 
utilizado para diferenciar certos tempos verbais, como o caso do presente do 
indicativo na terceira pessoa, “para”, que pode ser confundido com a prepo-
sição “para”. Contudo, essa queda do acento diferencial não ocorre sempre, 
O verbo “pôr”, por exemplo, não perdeu o acento, para não ser confundido 
com a preposição “por”. Assim, também, a terceira pessoa do singular do 
pretérito perfeito de “poder” (pôde) não perdeu o acento circunflexo, para 
não ser confundido com a forma verbal no tempo presente. Veja na Figura 
3, a seguir, uma tirinha com um exemplo do verbo “poder” conjugado e da 
preposição “por”. 
Figura 3. Exemplo do verbo “poder” conjugado no presente do indicativo e da prepo-
sição “por”.
Fonte: Montanaro (2010, documento on-line).
Algumas regras ortográficas do novo acordo
Nesta seção, abordaremos algumas das regras apontadas no novo acordo, 
concentrando-nos nas principais alterações. Lembramos que é muito impor-
tante que você conheça todas as regras e, para isso, você precisará visitar o 
documento na íntegra. 
O novo acordo ortográfico10
Eixo I – Alfabeto
Antes composto por 23 letras, atualmente, comporta as letras K, W e Y, 
somando 26 letras ao todo. A justifi cativa para tal se deu pelo fato de que, no 
Brasil, essas letras já eram utilizadas em nomes próprios, por exemplo, e em 
algumas abreviaturas, como em “km” (abreviatura para quilômetro). 
Maiúsculas e minúsculas 
Um ponto importante e pouco difundido é a mudança do uso de maiúsculas e 
minúsculas: meses, dias da semana e estações passam a ter seus nomes grafados 
em minúsculas: segunda-feira, e não Segunda-feira, como era anteriormente; 
janeiro, e não Janeiro; e primavera no lugar de Primavera. 
O mesmo ocorre, agora, com os pontos cardeais: todos eles iniciam em 
minúsculas — exceto quando usados em termos absolutos (“Vou para o 
Norte”; “Conheço algumas línguas do Ocidente”). Opcionalmente, usa-se 
minúscula em:
[...] nomes que designam domínios do saber, cursos, disciplinas: inglês ou 
Inglês; português ou Português; matemática ou Matemática. 
Nomes de logradouros públicos (salvo nos nomes próprios neles contidos): rua 
da palma ou Rua da Palma; avenida da liberdade ou Avenida da Liberdade.
Nomes de templos, edifícios ou monumentos (salvo nos nomes próprios neles 
contidos): igreja dos anjos ou Igreja dos Anjos; convento de Mafra ou Convento 
de Mafra (ACORDO..., 2015, documento on-line).
As alterações sobre esse quesito merecem nossa concentração, tendo em 
vista que os estudantes preterem esse tema e, muitas vezes, inclusive, escrevem 
com minúsculas seus próprios nomes e sobrenomes.
Acentuação gráfica
Uma das polêmicas da nova ortografi a se relaciona às alterações, especial-
mente, dos acentos diferenciais. Trata-se de uma das mais severas críticas 
ao novo acordo, pois pode gerar confusão na leitura e, consequentemente, 
levar a mal-entendidos. Como vimos, a supressão do acento diferencial na 
forma verbal “pára” (3ª pessoa do singular no presente do indicativo) pode 
levá-lo a ser confundido com a preposição “para”. Contudo, os defensores 
da supressão do acento argumentam que uma leitura se faz, sempre, dentro 
de um contexto, e que o próprio contexto haverá de esclarecer em que tempo 
11O novo acordo ortográfico
verbal se insere o verbo, conforme em “Ele para de trabalhar, sempre, às 
18 horas” e “Ele trabalha para pagar as contas”. 
Veja, no Quadro 1, as novas regras relacionadas à acentuação gráfica. 
Nomenclatura Alteração Exemplo antes
Exemplo
depoisTrema Utiliza-se somente nas 
palavras estrangeiras 
às lusófonas, como em 
alemão
Lingüica
Bündchen
Linguiça
Bündchen
Acento diferencial Suprime-se em palavras 
homógrafas 
Para (preposição)
Pára (3ª pessoa do 
singular, presente 
do indicativo)
Para (preposição)
Para (3ª pessoa do 
singular, presente 
do indicativo)
Mantém-se em pala-
vras homógrafas que 
distinguem o plural e o 
singular dos verbos
(ele) Tem/(eles) têm 
(ele) Mantém/(eles) 
mantêm 
(ele) Tem/(eles) 
têm 
(ele) Mantém/(eles) 
mantêm
Acento circunflexo Suprime-se em palavras 
terminadas em “êem” 
(3ª pessoa do plural do 
presente do indicativo 
ou do subjuntivo)
Em palavras com hiato 
“oo”
Eles vêem
Eu enjôo
Eles veem 
Eu enjoo
Paroxítonas com 
ditondo aberto “ei” 
e “oi” 
Suprime-se o acento Idéia, assembléia, 
tablóide, jóia
Ideia, assembleia, 
tabloide, joia
Oxítonas terminadas 
em ditongo aberto 
“ei” e “oi” 
Permanece o acento Céu 
Dói 
Céu
Dói
Vogais tônicas “i” e “u” 
na posição paroxítona 
se precedidas de 
ditongo
Suprime-se o acento Feiúra
Baiúca
Feiura 
Baiuca
“U” tônico dos verbos 
que pertencem aos 
grupos “gue/gui” e 
“que/qui”
Suprime-se o acento Apazigúe
Delingúo
Apazigue 
Delinguo
Quadro 1. Novas regras relacionadas à acentuação gráfica
O novo acordo ortográfico12
O humor é uma forma de criticar fatos que ocorrem na sociedade. A tirinha da Figura 
4 é um exemplo da forma como os sujeitos sociais criam mitos (equivocados) sobre a 
mudança ortográfica. O primeiro deles se mostra com o termo “gramatical”. Não foi 
a língua como um todo que foi modificada: o acordo se restringe ao registro escrito 
de certas palavras. Mas, atente-se: na tirinha, não há como saber se o uso da palavra 
“gramaticais” foi proposital para ajudar a fazer a crítica social e gerar humor ou se foi 
um equívoco real do autor da tirinha. 
Outro aspecto a ser apontado pela tirinha, esse, sim, claramente proposital, é o uso 
da palavra “acento”. Primeiramente, precisamos saber que se trata de uma confusão 
que ocorre apenas na modalidade oral da língua, pois “acento” e “assento” têm som 
semelhante. Contudo, é a escrita dessas palavras que as difere como “tonicidade” 
e “lugar para se sentar”. Essa troca de sentidos por parte da personagem toca na 
ignorância da maioria das pessoas sobre o que sejam, de fato, os objetivos do acordo 
ortográfico e, especialmente, o que seja seu real conteúdo. 
Figura 4. O humor e as regras ortográficas.
Fonte: Paula (2015, documento on-line).
O hífen
Certamente, o hífen foi a base que mais causou impacto na ortografi a do 
português brasileiro. Isso porque algumas palavras ganharam a hifeniza-
ção, outras simplesmente a perderam e algumas, além de a terem perdido, 
aglutinaram-se. O Quadro 2, a seguir, apresenta algumas das alterações 
relacionadas ao hífen. 
13O novo acordo ortográfico
Nomenclatura Alteração Exemplo antes
Exemplo
Depois
Locuções 
Nas locuções em geral Suprime-se Cão-de-guarda
Dia-a-dia
Fim-de-semana
Cão de guarda 
Dia a dia 
Fim de semana 
Vocábulos formados por prefixação, recomposição e sufixação — regras gerais 
Aero 
Agro 
Anti 
Auto 
Arqui 
Circum 
Co
Contra 
Des
Entre
Ex
Hidro
Hiper
In
Inter
Mini 
Pan 
Pós 
Pré
Pró
Pseudo 
Sub 
Semi 
Super 
Tele 
Ultra 
Vice
Mantém-se Anti-inflamatório
Arqui-inimigo
Auto-observação
Circum-hospitalar
Co-herdeiro
Contra-ataque
Ex-namorado
Inter-racial
Mini-instrumento
Pan-nacionalismo
Pós-graduação
Pré-operatório
Semi-intensivo
Super-racional
Tele-mensagem
Ultra-apressado
Vice-presidente
Quadro 2. Exemplos de novas regras relacionadas ao hífen
(Continua)
O novo acordo ortográfico14
Nomenclatura Alteração Exemplo antes
Exemplo
Depois
Vocábulos formados por prefixação, recomposição e sufixação — regras gerais 
Palavras formadas por 
prefixo terminado em 
vogal + palavra iniciada 
com vogal diferente 
Suprime-se Coedição
Extraescolar
Semianalfabeto
Extraescolar
Aeroespacial
Autoestrada
Prefixo “re” seguido de 
palavra iniciada em “e”
Suprime-se Re-edição
Re-eleição
Reedição
Reeleição
Prefixo “co”, “re”, “pre” 
átonosseguidos ou não 
de “h”
Suprimem-se o “h” 
e o hífen
Co-autor
Co-habitante
Co-ordenar
Re-edição
Pre-estabelecer
Coautor
Coabitante
Coordenar
Reedição
Preestabelecer 
"pan-", "circum-", segui-
dos de vogais
Mantém-se Pan-americano
Circum-escola
Vocábulos compostos, locuções ou encadeamentos
Palavras compostas por 
justaposição, consti-
tuindo unidade única de 
sentido
Usa-se Ano-luz
Tio-avô
Médico-cirurgião
Segunda-feira
Guarda-chuva
Sul-africano
Palavras compostas por 
justaposição sem noção 
de composição
Suprime-se Gira-sol
Pára-quedas
Manda-chuva
Passa-tempo
Girassol
Paraquedas
Mandachuva
Passatempo
Letra “h” posposta a uma 
prefixo, desde que o “h” 
se mantenha 
Uso obrigatório, a 
não ser em palavras 
como “desumano”, 
que perdem o “h”
Pré-história
Anti-higiênico
Sub-hepático
Super-homem
Quadro 2. Exemplos de novas regras relacionadas ao hífen
(Continuação)
(Continua)
15O novo acordo ortográfico
Nomenclatura Alteração Exemplo antes
Exemplo
Depois
Vocábulos compostos, locuções ou encadeamentos
Última letra do prefixo é 
igual à primeira letra da 
palavra que o sucede 
Uso obrigatório Antiinflamatório
Microondas
Microonibus
Arquiinimigo 
Anti-inflamatório 
Micro-ondas
Micro-ônibus
Arqui-inimigo
Última letra do prefixo é 
diferente à primeira letra 
da palavra que o sucede
Uso proibido Neo-liberalismo
Extra-oficial
Semi-círculo.
Neoliberalismo
Extraoficial
Semicírculo
Prefixo terminado em 
vogal, seguido de pala-
vra iniciada em “R” ou “S”
Consoante deverá 
ser dobrada 
Supra-renal
Ultra-sonografia
Contra-regra
Suprarrenal 
Ultrassonografia 
Contrarregra 
Prefixo terminado em 
“R” ou “S” seguido de 
palavra iniciada em “r” 
ou “s” 
Segue regra de que 
as letras iguais e se 
separam
Super-requintado
Super-realista
Inter-resistente
Prefixo terminado em 
consoante
Usa-se o hífen Sub-reino
Ab-rogar
Após os prefixos ex-, 
sota-, soto-, vice- e vizo-
Uso mantido Ex-diretor
Ex-hospedeira
Sota-piloto
Vice-presidente
Vizo-rei
Após o uso de pós-, 
pré- e pró- tônicos e 
acentuados
Uso mantido Pós-tônico 
Pré-escolar
Pró-africano 
Pró-europeu
Após os prefixos “co-, re-, 
pre” (sem acento)
Uso suprimido Co-ordenar
Re-edicão
Pré-estabelecer
Coordenar 
Reedição
Preestabelecer
Palavras derivadas por 
sufixação, se o primeiro 
elemento for terminado 
em tônica, acentuado 
graficamente ou não, e o 
segundo elemento for o 
sufixo "açu" ou "guaçu", 
Utiliza-se Capim-açu
Andá-açu
Amoré-guaçu
Quadro 2. Exemplos de novas regras relacionadas ao hífen
(Continuação)
(Continua)
O novo acordo ortográfico16
3 As novas regras em uso: qual é a importância 
global de seu uso com proficiência? 
Uma questão importante a ser considerada é que línguas como a francesa, 
por exemplo, têm registro ortográfi co com base etimológica; ou seja, a partir 
da origem da palavra. Já o português tem registro escrito de base fonética, 
isto é, a partir da sororidade das palavras. Considerar essa questão nos leva a 
observar que sempre haverá maiores difi culdades para os registros nos países 
de língua portuguesa, com mais regras e exceções. 
Por isso, para compreender melhor a concepção da reforma ortográfica, 
foi necessário destacar princípios, tais como a noção de que a oralidade 
e a ortografia pertencem a ordens distintas (lembrando o que foi dito na 
primeira seção: a ortografia é convenção que não serve para representar, 
ipsis literis, os sons da fala, mas para codificá-los). Por assim ser, certos 
desacordos não significariam um problema, mas uma consequência natural 
das distinções das diferentes nuances atribuídas aos diferentes lugares de 
fala — lembramos, aqui, não apenas nos diferentes países, mas também 
no interior de um mesmo país, como ocorre com os diversos falares dentro 
do Brasil. 
Para Henriques (2011), defensor da reforma ortográfica, a polêmica já 
abordada se pauta, muitas vezes, no desconhecimento sobre o que seja a 
ortografia,primeiramente, gerando o preconceito equivocado de que, se 
Fonte: Adaptado de Acordo... (2011).
Nomenclatura Alteração Exemplo antes
Exemplo
Depois
Vocábulos compostos, locuções ou encadeamentos
Formas pronominais Mantém-se Pegá-lo
Ceder-lhe
Pedi-o
Dar-te-emos
Formas pronominais 
após o advérbio “eis”
Mantém-se Eis-me
Ei-lo
Quadro 2. Exemplos de novas regras relacionadas ao hífen
(Continuação)
17O novo acordo ortográfico
mudou a ortografia, mudou a língua. Além disso, o autor considera que a 
mudança gera incômodo por mexer com o que se estava habituado e que se 
trata apenas de um costume.
Assim, o uso proficiente das novas regras ortográficas se relaciona com 
os lugares pelos quais você circulará e, para isso, sua escrita deverá estar 
adequada. Documentos oficiais, textos para provas e concursos, trabalhos 
com revisão de textos, dentre outros, precisarão estar adequados aos critérios 
proposto pelo acordo. 
Portanto, embora o contexto, especialmente na modalidade oral, quase 
sempre seja responsável por esclarecer a intencionalidade do falante, as si-
tuações formais de uso exigirão a norma de prestígio na modalidade escrita. 
Nesse sentido, conhecer as novas regas da ortografia auxiliará o profissional 
das linguagens, os futuros profissionais e aqueles que precisam apropriar-se 
delas para os diferentes usos sociais. 
Na Figura 5, por exemplo, temos uma tirinha que exemplifica essa questão: 
na oralidade, não é possível diferenciar o uso das formas porque, por que, 
por quê — na fala, todas soam exatamente da mesma forma. No entanto, na 
escrita, é preciso basear-se nas regras oficiais da língua e diferenciar essas 
formas de acordo com o sentido, como fica claro no último quadro da tirinha.
Figura 5. Regra: o uso de por que, porque, por quê.
Fonte: Diana (2020, documento on-line).
O novo acordo ortográfico18
Como vemos, são muitas as questões que englobam a reforma ortográ-
fica assinada pelos países de língua oficial portuguesa. Além das questões 
relacionadas à história dessa tentativa de unificação, é importante destacar 
que se trata de uma unificação na modalidade escrita e que não se concentra 
nas questões de uso oral e informal.
Além disso, é importante ter em mente que, tanto interna quanto exter-
namente, o acordo foi assinado a partir de desacordos, não foi totalmente 
pacífico e é envolto em polêmicas. Por outro lado, está assinado e precisa ser 
coerentemente difundido. Por isso, é importante conhecer algumas das regras 
que causam maior dificuldade e polêmica e ler o acordo na íntegra. 
Entendendo que os objetivos desse acordo são unificar e simplificar, é pre-
ciso apropriar-se dessas regras com proficiência e, inteirando-se dos aspectos 
mais relacionados à política linguística e as duas diferentes visões sobre a 
reforma, desenvolver um pensamento crítico sobre a temática. 
Trata-se, entretanto, de um trabalho incompleto, porque não é possível dar 
conta de quase vinte anos de polêmicas, tampouco de mais de um século de 
discussões. Contudo, fica o convite, especialmente, para que você leia o acordo 
em sua íntegra e siga envolvido nas pesquisas sobre o assunto, que é dinâmico 
e constantemente se modifica, já que seu objeto é uma entidade viva, a língua.
Para ampliar seus conhecimentos sobre o tema, vale a pena ler o artigo “O acordo 
ortográfico: uma questão de política linguística”, do Prof. Dr. José Luiz Fiorin, que aborda 
o acordo para a unificação das ortografias oficiais do português utilizadas pelos países 
lusófonos. Para defender o acordo do ponto de vista das políticas linguísticas, o artigo 
aborda os seguintes pontos: 
  as razões históricas que levam os países a distinguirem as ortografias do mesmo 
português; 
  os motivos que levam os países a aceitarem a adequação de suas ortografias; 
  as principais críticas feitas contra o acordo, tanto no Brasil quanto em Portugal; 
  a defesa da mudança e do acordo ortográfico. 
O diferencial do artigo é a forma como Fiorin mostra o viés político desse acordo, 
desmistificando a necessidade linguística para tal mudança.
19O novo acordo ortográfico
ABBADE, C. M. S. Centenário da ortografia oficial da língua portuguesa: caminhos 
percorridos. Linguagem em (Re)vista, v. 10, n. 20, jul./dez. 2015. Disponível em: http://
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ACORDO ortográfico da língua portuguesa. Lisboa: FCSH, 2011. Disponível em: dge.
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ACORDO ortográfico da língua portuguesa de 1990. In: PORTAL da língua Portuguesa. 
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ARGENTO, J. Lista dos países onde o português é língua oficial. In: WIKIPÉDIA. [S. l.: s. n.], 
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BECHARA, E. Visão tranquila e científica do novo acordo ortográfico. VALENTE, A. (org.). 
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Editorial, 2015.
BRASIL. Senado Federal. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Brasília: Senado Federal, 
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COUDRY, M. I. H. Acordo ortográfico divide opiniões de especialistas. [Entrevista cedida a 
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com.br/noticias/geral,acordo-ortografico-divide-opinioes-de-especialistas,173993. 
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DIANA, D. Uso do por que, porquê, por quê e porque. In: TODA matéria. [S. l.: s. n.], 2020. 
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/uso-do-por-que-porque-por-que-e-
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EVANILDO Bechara fala do Novo Acordo Ortográfico. In: VERDADE na Prática. [S. l.: s. n.], 
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FONIA. In: HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
HENRIQUES, C. C. TDM - Entrevista" [Macau]08.nov.11. [S. l.: s. n.], 2011. 1 vídeo (28 min). 
Publicado pelo canal KleberP de Souza. Disponível em: https://www.youtube.com/
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O novo acordo ortográfico20
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
LUSOFONIA. In: HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2001.
MONTANARO, J. Livro. In: JOÃO Montanaro. [S. l.: s. n.], 2010. Disponível em: http://
joaomontanaro.blogspot.com/2010/06/livro.html. Acesso em: 20 jul. 2020.
PAULA, D. O. Atividade sobre novo acordo ortográfico a partir de uma tirinha do Edibar. In: 
BLOG do professor Diogo. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em: http://diogoprofessor.blogspot.
com/2015/12/atividade-sobre-novo-acordo-ortografico.html. Acesso em: 20 jul. 2020.
POSSENTI, S. Sempre ortografia. In: PARANÁ. Secretaria de educação. Acordo ortográfico. 
Curitiba: SEED, 2008. Disponível em: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/
noticias/article.php?storyid=180.Acesso em: 20 jul. 2020.
SOLDA, L. A. [Caiu o trema...]. [S. l.: s. n., 2009]. Disponível em: http://abagagemdo-
navegante.blogspot.com/2016/01/acordo-ortografico-da-lingua-portuguesa.html. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
Leituras recomendadas
DOMINGOS, S. P. O conceito de lusofonia e a cooperação na promoção e difusão da 
língua portuguesa: tópicos de intervenção. In: ENCONTRO DE LUSOFONIA, 2008. Anais 
[...]. Torres Novas, 2008. Disponível em: https://www.cplp.org/Files/Filer/cplp/Domin-
gos_Simoes_Pereira/Discursos_DSP/SE_TNOVAS_13NOV08.pdf. Acesso em: 21 jul. 2020.
ENTREVISTA - Evanildo Bechara. [S. l.: s. n., 2014]. 1 vídeo (38 min). Publicado pelo 
canal Rio TV Câmara. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zcu-
-WMawmPA&feature=emb_logo. Acesso em: 20 jul. 2020.
FIORIN, J. L. O acordo ortográfico: uma questão de política linguística. Veredas, n. 1, 
2009. Disponível em: https://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/artigo012.pdf. 
Acesso em: 21 jul. 2020.
NEVES, M. H. M. Um painel do acordo: as idas e vindas das questões políticas que 
envolveram a unificação da nova grafia. Revista Língua Portuguesa: guia da nova or-
tografia, abr. 2009.
21O novo acordo ortográfico
Dica do professor
O grande objetivo do novo Acordo Ortográfico é dar maior visibilidade ao idioma no cenário 
internacional, uma vez que a referida uniformização possibilitará a inserção dos países envolvidos 
nos mercados mais desenvolvidos e facilitará o intercâmbio cultural entre os países que falam 
português.
É sobre essas e outras especificidades do novo Acordo Ortográfico que trataremos neste vídeo.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
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Exercícios
1) Dois amigos que há muito tempo não se viam, resolvem se encontrar para colocar as 
novidades em dia. Um deles é professor de Português e tratou logo de colocar o velho amigo 
a par do Novo Acordo Ortográfico. 
 
- Para que serve isso? Gastam tanto dinheiro com coisas sem importância e o que realmente 
precisa ser melhorado é deixado de lado. – diz o amigo. 
 
O professor indignado sai logo em defesa do Novo Acordo: 
 
- Não diga sandices, estamos falando de algo muito importante. Estamos falando da 
unificação do idioma escrito, da padronização da língua! Este livro de bolso que trago aqui, 
por exemplo, já está adaptado. É de Portugal, mas pode ser publicado aqui no Brasil sem 
mudar sequer uma vírgula. 
 
- Deixe-me ver.- diz o amigo pegando o livro e começando a lê-lo em voz alta: 
 
-“Saindo da bicha fui tomar uma bica antes de ir comprar um par de peúgas”. Peúgas, bica...o 
que é isso? 
 
- Sei lá. – diz constrangido o professor. 
 
- Eu não disse que esse acordo não servia para nada! 
 
O texto acima apresenta uma crítica implícita ao Novo Acordo Ortográfico. Assinale a 
alternativa que contenha essa crítica.
A) Critica-se o fato de que a nova reforma ortográfica não prevê alterações no vocabulário dos 
países envolvidos no acordo. Logo, apesar dos esforços para unificação da Língua Portuguesa 
escrita, isso será impossível, já que as línguas são organismos vivos e em constante 
transformação.
B) Critica-se o fato de que um dos personagens não possui o conhecimento gramatical 
necessário para a compreensão das novas regras impostas pelo acordo, assim além de ter que 
aprender as novas regras ainda precisará aperfeiçoar seus conhecimentos gramaticais.
A crítica implícita está no fato de que um dos personagens possui um vocabulário reduzido, 
logo, mesmo aprendendo a regras do novo acordo, terá dificuldades de aplicá-las visto que 
C) 
não é um bom falante/escritor de sua língua materna.
D) A crítica reside no fato de que o livro que o personagem resolve consultar apresenta um 
vocabulário extremamente rebuscado, o que dificulta a construção de sentido do que ele lê. 
Logo, tal personagem não consegue assimilar com proficiência as regras propostas pelo 
Acordo Ortográfico.
E) A crítica implícita reside no fato de que um dos personagens é resistente às novas regras, por 
não conhecê-las completamente e, assim, considerá-las de difícil aplicabilidade na Língua 
Portuguesa brasileira.
Assinale a alternativa que justifica, segundo a reforma ortográfica, o uso do hífen na palavra “pré-
sal”.
2) 
A) Palavras compostas iniciadas com o prefixo “pré”, acentuado, devem ser sempre ligadas por 
hífen.
B) Palavras compostas em que o prefixo termina em vogal devem ser ligadas por hífen.
C) Palavras compostas em que o segundo elemento é iniciado por uma consoante devem ser 
ligadas por hífen.
D) Palavras compostas em que o segundo elemento é um substantivo devem ser ligadas por 
hífen.
E) Palavras compostas em que o segundo elemento começa com “r” ou “s” devem ser sempre 
ligadas por hífen.
3) Os eletrodomésticos lá de casa vivem dando problema. Acho que já fiquei até amiga do dono 
da loja de assistência técnica. Ontem por exemplo, passei lá para ver o que havia de errado 
com o “microondas” que deixei para conserto. Mas dessa vez ele me disse que eu tive sorte, 
pois não havia nada de errado com o aparelho, só faltava colocar um hífen: “micro-ondas”. 
 
Na pequena história, acima narrada, é possível identificar a presença de uma alteração no 
uso do hífen proposta pelo novo acordo ortográfico. Qual é essa alteração?
A) Quando o prefixo termina com vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela 
mesma vogal.
B) Sempre se usará hífen quando o sufixo terminar com vogal e o segundo elemento começar 
pela mesma vogal.
C) Sempre se usará hífen apenas nas palavras em que o prefixo iniciar-se por vogal.
D) A utilização do hífen se restringe a palavras em que o prefixo termina com vogal.
E) A utilização do hífen sempre ocorrerá em palavras em que o prefixo e o segundo elemento 
começam pela mesma consoante.
4) Considere a conjugação dos seguintes verbos no tempo presente e na terceira pessoa do 
plural. A grafia de qual deles foi afetada pelo Acordo Ortográfico?
A) Vir
B) Ter
C) Voar
D) Deter
E) Ver
5) É objetivo do novo Acordo Ortográfico:
A) Uniformizar o idioma de todos os países que falam a Língua Portuguesa.
B) Uniformizar a linguagem de todos os falantes da Língua Portuguesa.
C) Propor a criação de uma língua única entre todos os falantes do português.
D) Uniformizar a ortografia dos países envolvidos no acordo.
E) Incentivar a existência das variações linguísticas entre os países.
Na prática
Figura 2
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Novo acordo ortográfico
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA 
PORTUGUESA
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/187/novoacordo2.pdf
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/novo-acordo-ortografico-da-lingua-portuguesa

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