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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE DIREITO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
RAINIER ANTONIO ANDRADE REIS 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA PRIVADA CLANDESTINA À LUZ DA LEGISLAÇÃO 
VIGENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2015 
 
 
RAINIER ANTONIO ANDRADE REIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA PRIVADA CLANDESTINA À LUZ DA LEGISLAÇÃO 
VIGENTE 
 
Monografia submetida à Coordenação do 
Curso de Graduação em Direito da 
Universidade Federal do Ceará como 
requisito parcial para a obtenção de grau 
de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. William Paiva Marques 
Júnior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca da Faculdade de Direito 
 
 
R375s Reis, Rainier Antônio Andrade. 
 Segurança privada clandestina à luz da legislação vigente / Rainier Antônio Andrade 
Reis. – 2015. 
51 f.: 30 cm. 
 
Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, 
Curso de Direito, Fortaleza, 2015. 
Orientação: Prof. Me. William Paiva Marques Júnior. 
 
 
1. Serviços de segurança privada. 2. Guardas de vigilância. I. Título. 
 
 CDD 363 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Sobretudo a Deus, porque a ele tudo devo que me revigora a cada dia as 
forças, de onde tiro inteligência, capacidade, bem como forças para a realização do 
meu trabalho diário. Aos meus pais e tantos irmãos/amigos que me apoiaram para a 
realização de tamanha tarefa e ao professor William Paiva Marques Júnior, pela 
atenção dispensada na conclusão deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Escolhe o trabalho que gostes e não 
terás que trabalhar nenhum dia de tua 
vida” 
José Marcos Lopes 
 
 
RESUMO 
Analisam-se os aspectos relevantes e fundamentos jurídicos da atividade de 
segurança privada no Brasil. Destacando, o conceito de segurança pública e 
Privada, os entes que são responsáveis pela segurança pública, a relação entre 
segurança pública e a atividade de segurança privada, a definição de segurança 
privada, os órgãos que controlam e fiscalizam os serviços de segurança privada, a 
cargo do Ministério da Justiça e do DPF — Departamento de Polícia Federal. Assim 
como também, os tipos de empresas que exercem a atividade, a segurança 
patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal, segurança 
orgânica, os requisitos de autorização para funcionamento, o conceito de vigilante, 
os requisitos para exercício da atividade, seus direitos e deveres. Abordam-se ainda, 
aspectos relativos aos cursos de formação de vigilante e reciclagem, o armamento 
utilizado e autorizado, o plano de segurança dos estabelecimentos financeiros, o 
Sistema Nacional de Segurança Privada, as empresas que funcionam de forma 
irregular e clandestinas, e a problemática legal sobre segurança privada. 
 
PALAVRAS-CHAVES: Segurança privada; clandestinidade; crime; policiamento; 
regulação 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Relevant aspects are analyzed and legal foundations of activity private security in 
Brazil. Highlighting the concept of public security and Private, the ones that are 
responsible for public security, the relationship between public safety and private 
security activity, the definition of private security, the organs that control and 
supervise the service private security, in charge of the Ministry of Justice and the 
Department Federal Police. As well as the types of companies doing activity, asset 
security, cash transport, armed escort, personal safety, organic security, 
authorization requirements for operation, the concept of vigilante, the requirements 
for exercise of activity, their rights and duties. It covers up yet, aspects relating to 
vigilante training courses and recycling, and the gun used authorized, the security 
plan for financial institutions, the System National Private Security, companies that 
operate erratically and illegal, and legal issues on private security. 
 
KEYWORDS: Private security; illegally; crime; policing; regulation. 
 
 
 
 
ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ACI – Auto de Constatação de Infração 
CNV – Carteira Nacional de Vigilante 
CGESP – Coordenação Geral de Segurança Privada 
CFTV – Circuito Fechado de Televisão 
CV – Comissão de Vistoria 
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social 
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas 
CCASP – Comissão Consultiva Para Assuntos de Segurança 
DPF – Departamento de Polícia Federal 
DREX – Delegado Executivo 
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional 
DELESP – Delegacia de Segurança Privada 
DG – Diretor Geral 
IBGE – Instituto de Geografia de Geografia e Estatística 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PGDM – Portas Giratórias Detectores de Metais 
UFIr – Unidade Financeira de Referência 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 
2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA ........................................... 11 
2.1 Segurança pública ............................................................................................ 11 
2.2 Especificidades sobre a segurança privada ................................................... 13 
2.3 Segurança pública versus segurança privada ............................................... 17 
3 PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA PRIVADA . 19 
3.1 Empresas especializadas ................................................................................. 19 
3.2 Empresas de vigilância ..................................................................................... 20 
3.3 Empresas de transporte de valores ................................................................. 21 
3.4 Empresas de cursos de formação ................................................................... 22 
3.5 Requisitos de autorização para funcionamento da empresa especializada 23 
3.5.1 Atividades fornecidas pelas empresas especializadas .............................. 24 
3.6 Vigilante ............................................................................................................. 25 
3.7 Armamento ........................................................................................................ 28 
3.8 Plano de segurança........................................................................................... 30 
3.9 Autoexecutoras de serviço de segurança privada (segurança orgânica) .... 32 
4 EMPRESAS CLANDESTINAS DE SEGURANÇA PRIVADA ............................... 33 
4.1 Dispositivos legais para controle da segurança privada ............................... 35 
4.2 Órgãos de controle............................................................................................ 36 
4.3 Infrações e penalidades .................................................................................... 37 
4.4 Contexto atual da segurança armada no Brasil ............................................. 38 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS ......................................................................... 49 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
O crescimento da violência tem se traduzido em fator preponderante para 
ampliação da preocupação com a segurança de forma geral. Assim, a função de 
segurança contempla hoje especializações na área patrimonial, pessoal, da 
informação, tecnológica e do trabalho. Por se tratar de um assunto de natureza 
estratégica para o Estado, em geral, a autorização para funcionamento e a 
fiscalização das atividades são de responsabilidade do governo. 
De acordo com o ordenamentojurídico brasileiro, a segurança privada é 
apresentada como subsidiária e complementar à segurança pública, é regulada, 
controlada e fiscalizada pelo Departamento da Polícia Federal, por meio de portarias 
e demais documentos legais emitidos pelo órgão. As desigualdades sociais e o 
crescimento da criminalidade aumentam ainda mais o medo e a sensação de 
insegurança na sociedade de risco. O aumento de notícias sobre a violência majorou 
a sensação de medo desenfreada na população que, sem poder contar com um 
Estado forte, buscou formas de sanar a insegurança, situação que tornou a 
segurança privada uma alternativa cada vez mais procurada. 
De qualquer forma, a segurança privada encontra-se banalizada, não há lugar 
no qual circulam pessoas em que não se observa a presença da mesma, seja de 
forma regular ou irregular, com os clandestinos. 
São consideradas empresas de segurança clandestinas, as que atuam no 
mercado, prestando serviços de vigilância e segurança sem estarem em condições 
legais e técnicas para fazê-lo, e provocam verdadeira desordem, prejudicando 
sobremaneira as empresas legalmente constituídas. Trabalham em total 
desobediência à Lei, provocando inúmeros problemas. 
Com o acentuado crescimento da violência no Brasil, desenvolveram-se os 
empregos na área de segurança privada, pois as pessoas querem proteger de todas 
as maneiras seu patrimônio e a sua família. Dessa forma, nos dias atuais, constata-
se o crescimento interno de empresas de segurança privada clandestina, onde não 
se limitam apenas a imagem do Estado como órgão fiscalizador, mas, sobretudo, ao 
controle de ordem financeira, pela movimentação extraordinária de valores 
contabilizados, que pela relevância alcançada, merece destaque. 
Diante do exposto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: quais os 
tipos delitivos previstos na Legislação em vigor em que podem ser enquadradas as 
9 
 
pessoas que se encontrem ou que contribuam para a existência de alguma atividade 
de segurança particular irregular? 
O estudo apresenta as seguintes hipóteses: os serviços de segurança privada 
vêm se expandindo cada vez mais nos últimos anos. Argumentos como o aumento 
da criminalidade, medo da violência e ineficiência da polícia são usados como 
justificativa para reforçar a vigilância de espaços públicos e privados, o que se torna 
preocupante e bastante comprometedor, quando as autoridades e a população em 
geral deparam-se com irregularidades cometidas por alguns empresários, 
proprietários de empresas que não atuam em conformidade com os preceitos legais, 
ou seja, atuam na clandestinidade, oferecendo serviços até pela metade do preço de 
mercado praticado pelas empresas regulares. 
De forma específica tem-se como objetivo dessa monografia identificar quais 
os problemas que o cidadão corre ao contratar uma empresa privada de segurança 
clandestina. 
Para a elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, 
exploratória, qualitativa, que oferece meios para definir, resolver, não somente 
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas 
não se cristalizaram suficientemente”. Pesquisas exploratórias têm como principal 
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos, com vistas à formulação de 
problemas ou hipóteses pesquisáveis. 
E ainda segundo Gil (2000, p. 48), “[...] é o estudo sistematizado desenvolvido 
com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, 
material acessível ao público em geral”. Fornece instrumental analítico para qualquer 
outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. O material 
publicado pode ser fonte primária ou secundária. 
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica é o método mais indicado para a 
presente pesquisa, pois não é mera reprodução do que já foi escrito sobre 
determinado assunto, mas favorece uma análise de um tema sob um novo foco ou 
abordagem. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa realizada através de 
consulta a livros e artigos de revistas, anuários, coletâneas estatísticas, também 
foram obtidas informações junto a boletins de órgãos e revistas especializadas na 
área e via internet. 
O trabalho está estruturado em três capítulos, concernentes ao referencial 
teórico. Apresenta a relevância das empresas de segurança pública normatizadas e 
10 
 
sua importância na economia nacional e regional. Ressalta as adversidades 
encontradas na condução das atividades empresariais de segurança pública 
clandestinas, entre as quais, a burocracia e as taxas praticadas no atual cenário da 
economia, que costumam ser as maiores barreiras para a manutenção destas 
empresas. 
Na seção 2, são discutidos os diversos conceitos de segurança apresentados 
por diversos especialistas na área, e a relação entre segurança Pública e Privada. A 
seção 3 aborda o papel da segurança privada, descreve estruturas de 
funcionamento, os serviços oferecidos, identifica os limites de atuação dessas 
empresas. A seção 4 apresenta a distinção entre a segurança regulamentada, da 
segurança clandestina destacando suas principais atividades, e o contexto brasileiro, 
que favorece o surgimento incontrolado de serviços clandestinos, sem ignorar a 
importância do papel do estado e da sociedade nesse novo mercado. 
O trabalho pretende oferecer uma contribuição ao estudo do direito sobre a 
segurança privada clandestina à luz da legislação, vigente, com o intuito de 
compartilhar informações que possam demonstrar e orientar na busca de 
alternativas viáveis na propositura de soluções concretas à problemática da 
segurança crônica. 
11 
 
2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA 
Neste capítulo, faz-se uma rápida exposição sobre segurança pública, sua 
fundamentação constitucional e quem tem a obrigação de prestá-la, assim como 
uma breve introdução, sobre Segurança Privada, além de um comparativo entre a 
Segurança Pública e a Segurança Privada. 
Segundo os estudos de Zanetic (2005, p. 49), “a segurança privada passou a 
ser um encargo adicional a ser suportado pelas organizações, e seu marco 
regulatório da segurança privada no Brasil”, é atualmente legislado pela Lei nº 7.102, 
de 20 de junho de 1983, e regulamentado pelos Decretos nº 89.056/83 e 1.592/95, 
complementados por decretos e portarias específicas que atribuíram novos 
requerimentos à regulação. Portarias nº 3.233/2012 e 3.258/2013 que estabelecem 
normas para o exercício da atividade de segurança privada no País. 
Para De Plácido e Silva (2006, p. 1489), 
Em regra, a violência resulta da ação, ou da força irresistível, praticada na 
intenção de um objetivo que não se teria sem ela. Juridicamente, a violência 
é espécie de coação, ou vencer a capacidade de resistência de outrem, ou 
executá-lo, mesmo contra a sua vontade. É, igualmente, ato de força 
exercido contra as coisas, na intenção de violentá-la, devassá-las ou, delas 
se apossar. 
Observa-se que a violência, na sua principal forma de criminalidade urbana, 
ocupa um lugar na formação brasileira. Segundo o entendimento da Organização 
Mundial da Saúde (OMS), violência é o uso intencional da força ou de poder físico 
na forma real ou de ameaça, contra si mesmo, contra outrem, contra um 
determinado grupo ou contra uma comunidade, que resulta ou tem grandes chances 
de resultar em ferimento, morte, danos psicológicos subdesenvolvimento e privação. 
2.1 Segurança pública 
De acordo com o Dicionário Houaiss (2009, p. 321), a segurança, pode ser 
entendida como “estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de 
perigo, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação que nada há a 
temer”. Constata-se que a atividade de segurança, enquanto função da organização 
tem suas origens nos ensinamentos de Fayol (2007, p. 25) que, ao sistematizar as 
seis funções organizacionais, destacou assim a atividade de segurança: 
Sua missão [da segurança] é proteger osbens e as pessoas contra roubo, o 
incêndio e a inundação, e evitar as greves, os atentados e, em geral, todos 
12 
 
os obstáculos de ordem social que possam comprometer o progresso e, 
mesmo, a vida da empresa. É o olho do patrão, o cão de guarda, numa 
empresa rudimentar; é a polícia e o exército. É, de modo geral, toda medida 
que dá à empresa a segurança e ao pessoal a tranquilidade de espírito de 
que tanto precisa. 
Mais importante que o papel das organizações em gerir a segurança das 
pessoas e instalações, em seu ambiente de atuação, talvez seja a obrigação do 
poder público em criar mecanismos de proteção e de controle das atividades que 
visam a preservar a incolumidade física de todo cidadão e do patrimônio instalado 
em seu território. Em outras palavras, Kasznar (2009, p. 143), leciona que: 
A rigor, segurança é o estado de estar e de sentir-se salvo e a salvo. [...] A 
segurança é em geral um grande valor e patrimônio para um povo e nação. 
As pessoas querem segurança e as autoridades precisam produzi-la, 
oferecer meios para gerá-la e mantê-la permanentemente. 
Partindo dessa premissa, pode-se considerar que repousa sobre o Estado a 
responsabilidade de criar e manter mecanismos de proteção para sua população. 
Depreende-se então que, caso o Estado não tenha condições de bancar esse tipo 
de obrigação, deverá oferecer meios para que se preservem as medidas 
assecuratórias, de pessoas e bens, de maneira ampla, geral e irrestrita. 
Emprega-se em novo contexto uma expressão (ampla, geral e irrestrita) muito 
usada no final da década de 1970 e início da década de 1980, quando se lutava pelo 
fim da ditadura militar, e, por conseguinte, pela anistia de políticos brasileiros 
exilados e pela volta da democracia. 
A criminalidade produz um número expressivo de vítimas, o que acaba por 
acarretar o aumento do medo e da sensação de insegurança. Dessa forma, tem-se 
como um dos pilares da estrutura do Estado Democrático de Direito, ao qual o Brasil 
se filia como corrente política e doutrinaria, enfatizando esse ramo da segurança, 
como obrigação do Estado, direito e responsabilidade de todos. 
A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, que por sua vez, 
destaca em seu capítulo III, sob o Título — Da Segurança Pública, que: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
13 
 
Segundo Câmara (2007, p. 189), diferente do que imagina a grande maioria 
da sociedade, a “Segurança Pública é um tema bastante complexo, que em si 
abrange diversas variáveis e também exige, dos responsáveis por sua implantação, 
conhecimentos técnicos específicos”. Nessa linha, para melhor entender a definição 
de segurança, e mais especificamente de Segurança Pública, buscou-se realizar 
pesquisa entre a doutrina para melhor fundamentar o seu significado, bem como 
suas nuances. De acordo com De Plácido e Silva (2006, p.1266), 
Segurança: derivado de segurar exprime, gramaticalmente, a ação e efeito 
de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma coisa. Assim, 
segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de perigos, de incertezas. 
Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de 
estar seguro, livre de perigos e riscos, de estar afastado de danos ou 
prejuízos eventuais. 
Segurança pública: é o afastamento, por meio de organizações próprias, 
de todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em 
prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada 
cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual, 
estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo 
que a lei não lhe veda não pode turbar a liberdade assegurada aos demais, 
ofendendo-a. 
Em Caldas (2007, p. 112), encontra-se outra definição de Segurança Pública 
é fundamental para melhor embasar a compreensão do tema e suas distinções: 
Segurança Pública: é de competência do Estado em garantir a segurança 
de pessoas e bens na totalidade do território brasileiro, a defesa dos 
interesses nacionais, o respeito pelas leis e a manutenção da paz e ordem 
pública. Desta forma podemos então afirmar, que a segurança pública deve 
ser entendida, como um direito fundamental do cidadão. 
Dessa forma, compreende-se que pela responsabilidade do Poder Público e 
de seus entes, União, Estados, Distrito Federal e Municípios na aplicação e no 
cumprimento dos objetivos constitucionais referentes à segurança pública. 
2.2 Especificidades sobre a segurança privada 
A segurança privada tal como definida na legislação brasileira compreende as 
empresas especializadas autorizadas pelo Estado a prestarem serviços de 
“vigilância patrimonial”, “transporte de valores”, “escolta armada” e “segurança 
pessoal privada”. Compreende também, os “cursos de formação”, empresas 
autorizadas a formar e qualificar os profissionais de segurança privada, e a chamada 
“segurança orgânica”, empresas e instituições autorizadas pelo Estado a empregar 
pessoal de quadro funcional próprio em atividades de vigilância patrimonial e 
transporte de valores. 
14 
 
Esses segmentos correspondem àqueles que as legislações de diversos 
países e a literatura sociológica tratam pelo termo “segurança privada”. As leis de 
alguns países incluem na definição serviços de investigação particular e de 
segurança eletrônica (produção, distribuição e comercialização de equipamentos 
eletrônicos de proteção). 
Enquanto categoria sociológica o termo segurança privada foi empregada por 
Shearing e Stenning (1981) para se referir às empresas formalmente constituídas 
que vendem serviços de vigilância ou equipamentos de prevenção no mercado (a 
chamada indústria da segurança), e às empresas e organizações das mais variadas 
que organizam divisões internas para promoverem sua própria segurança 
(segurança orgânica ou private security in-house). 
No Brasil, estes serviços não fazem parte do universo legal da segurança 
privada, portanto estão fora da jurisdição de controle da Polícia Federal. Por outro 
lado, a realidade brasileira comporta uma variedade de serviços protetores 
executados informalmente (sem autorização do Estado) e que extrapolam a 
definição de segurança privada, tornando problemática a delimitação da jurisdição 
de controle da Polícia Federal e a identificação dos alvos de suas atividades de 
fiscalização. 
De acordo com estudos efetuados por Silva (2009, p. 7), “o convívio entre 
militares e bandidos em presídios e em outros estabelecimentos prisionais originou o 
interesse de grupos pela atividade de roubo a estabelecimentos financeiros”. Assim, 
O agrupamento e a obtenção, cada vez maior, de resultados positivos dessas ações, 
fez com que, tal prática, crescesse e fosse disseminada por todo o território 
nacional. 
Segundo Câmara (2002, p. 231), “com a organização e o alto nível 
operacional utilizado nessas atividades, as instituições financeiras e o poder público 
sentiram a necessidade de melhor aparelhar-se para enfrentar tal situação”. Assim, 
a atuação e a eficiência desses grupos criminosos causaram perplexidade e temor 
na sociedade, causando desconforto ao Estado e às autoridades responsáveis pela 
segurança pública. 
Câmara (2002, p. 235) diz ainda que, “passado o período de perplexidade, 
foram adotadas algumas medidas para reduzir tais assaltos, as quais tiveram êxito 
por curto tempo, como a utilização de vigilantes para guarnecer as agências 
bancárias”. Constata-se que no início o resultado foi positivo, porém logo os 
15 
 
assaltantes perceberam que poderiam neutralizar os vigilantes sem maior esforço e 
que a última prática que os banqueiros desejavam era tiroteioem seus 
estabelecimentos. 
Observa-se que a partir daí todas as medidas subsequentes foram sendo 
neutralizadas, por serem consideradas pontuais. No entanto, encontrava-se descrito 
o ambiente perfeito para empreitadas criminosas de amplas dimensões e o Estado 
não sabia como combater a crescente escala de assaltos às instituições financeiras. 
Conforme Silva (2009, p. 7), “a expressiva quantidade de assaltos a bancos 
demonstrava não haver mecanismo de segurança eficiente e com capacidade de 
enfrentar a nova situação. Fazia-se imperativo a instituição de um sistema de 
segurança efetivo”. O mesmo autor, comenta ainda que, diante disso, o Governo 
Federal, com o intuito de combater a “onda” de roubos, editou o Decreto-Lei nº 
1.034, de 21 de outubro de 1969. 
Dessa forma, começaram as suas atividades, as primeiras empresas de 
segurança privada no Brasil, já dotadas de organização empresarial e com o intuito 
de exercer de forma eficiente a vigilância patrimonial dos estabelecimentos 
financeiros. O Decreto-Lei nº 1.034 vigorou até o ano de 1983, quando foi revogado 
pela Lei nº 7.102, a qual teve como principal ponto, a transferência da competência 
para aprovar e regular o sistema de segurança das instituições bancárias, que antes 
competia à secretaria de segurança dos Estados-membros, para o Banco Central. 
A Segurança Privada poderia ser conceituada como aquela prestada por 
empresas físicas privadas que executam atividade de proteção, seja ela financeira, 
de natureza individual, patrimonial; ou seja, pessoas jurídicas de direito privado que 
prestam serviços de segurança. Bem assim, seria aquela em que o poder público 
não exerce de forma direta, mas tão somente, através de fiscalização e controle. 
Estes são efetuados através da verificação contínua e permanente de como se 
desenvolve os procedimentos a cargo das pessoas jurídicas de direito privado. 
Na visão da doutrina majoritária, Silva (2008, p. 9) destaca que o conceito de 
Segurança Privada vai muito além do descrito no parágrafo acima. Como se observa 
adiante, no conceito oriundo do órgão regulamentador e fiscalizador da respectiva 
atividade, o Departamento da Policia Federal (DPF): 
Atividade desenvolvida por pessoas devidamente habilitadas, por meio de 
empresas especializadas, visando a proteger o patrimônio, pessoas, 
transportar valores e apoiar o transporte de cargas. Tem caráter de 
complementaridade às ações de segurança pública, preventiva e ostensiva. 
16 
 
Nesta mesma linha, merece destaque também outra definição que, embora 
mais simples, retrata a visão das empresas especializadas responsáveis pela 
atividade supracitada e que proporciona grande entendimento sobre o tema: 
São as atividades desenvolvidas em prestação de serviços por empresas 
privadas e que tenham como características proceder à vigilância 
patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, 
públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas. (CALDAS, 
2007, p. 29) 
As cifras indicativas dos serviços de segurança privada são impressionantes e 
evidenciam o grau de investimentos e recursos oriundos da atividade. Conforme 
dados do IBGE, em pesquisa publicada por Lima, Misse e Miranda (2012, p. 235), “o 
gasto com segurança privada gerou, no Brasil, um lucro de R$ 5,9 bilhões, e houve 
uma previsão de crescimento médio de aproximadamente 6%”. Dessa forma, 
observa-se que esta atividade se constitui em um dos mais importantes geradores 
de trabalho e emprego, respondendo por expressiva fatia do produto interno bruto do 
país e por uma arrecadação de divisas fiscal-tributária surpreendente. Nesse 
sentido, Kon (1997, p. 49) sustenta que: 
A intervenção governamental no sistema econômico, frequentemente, tem 
como objetivo a criação, manutenção e aprimoramento de externalidades 
positivas, por um lado, e a eliminação, correção e controle de 
externalidades negativas. 
Contudo, verifica-se que não é assim que o sistema público de segurança se 
apresenta na atualidade onde as políticas públicas não conseguem alocar 
eficientemente os recursos para fazer valer a segurança, de maneira que o setor 
privado igualmente ao setor público não consegue corrigir as externalidades 
negativas. 
Assim, pode-se legitimar as condições acima por meio dos índices colhidos 
no Departamento Penitenciário Nacional (Depen), datados de dezembro de 2011. 
Tais dados dão conta de que o Brasil fechou o ano de 2011 com um total de 514.582 
presos em seu sistema prisional, o que mantém o país em 4º lugar entre os mais 
encarceradores do mundo, já em 2012, o Brasil tinha uma população carcerária de 
494.237 presos. Desse total, 153.526 são provisórios, 172.942 cumprem pena em 
regime fechado, 64.717 em regime semiaberto e 16.315 em regime aberto, as 
análises indicaram ainda que, nos últimos 21 anos (entre 1990 e 2011), o Brasil teve 
um crescimento percentual de 472% em sua população carcerária (DEPEN, 2011). 
17 
 
Desse modo, verifica-se que existe uma desordem econômica, os ambientes 
designados as execuções das penas, estão se transformando em um fenômeno 
conhecido como, “triagem doutrinária do crime”, onde os diferentes privados de 
liberdade são recrutados de várias formas (através de proteção, número de anos de 
cadeia, rivalidade entre facções, entre outros), a se filiarem há determinados grupos 
onde se detectam práticas diversas de crueldade e violência, de acordo com o perfil 
criminal de cada membro dessa organização que por sua vez já construiu suas 
próprias normas e leis. 
2.3 Segurança pública versus segurança privada 
Na atualidade, um dos maiores problemas sociais existentes é a questão da 
segurança e tem chamado a atenção das autoridades para as consequências 
desagradáveis que tais circunstâncias ocasionam. Demarcar as diferenças e definir 
as atribuições entre segurança pública e privada é fundamental para o entendimento 
das necessidades sociais neste setor. De acordo com Câmara (2002, p. 236): 
[...] a insegurança se transformou ao longo dos anos em um problema de 
grandes extensões, despertando interesse tanto das autoridades instituídas, 
como da sociedade, que buscam de forma hábil combatê-la e amenizá-la. 
Assim, surgiu como opção para a sociedade, como também para o Estado, 
a Segurança Privada, mais barata e, porque não dizer em certas situações, 
mais eficiente. 
No entanto, deve-se levar em conta também, a falsa visão de que todos 
sabem como resolver os problemas da segurança, seja esta pública ou privada. 
Câmara (2002, p. 231), comenta que isto, é uma inverdade, pois: 
A maioria da população: políticos, empresários e até mesmo alguns 
‘profissionais’, confundem segurança pública com polícia e segurança 
privada com vigilância. Essa falsa visão de segurança os leva a acreditar 
em soluções simplistas para os problemas que os afetam e nos afligem. 
Assim como acontece com o futebol, na área de segurança não faltam 
‘técnicos’ a pontificar sobre o que não sabem. 
Dessa forma, compreende-se o porquê em questão de segurança, seja 
pública ou privada, impera o uso contínuo de paliativos, que não resolvem os 
problemas e simplesmente camuflam a realidade da população em geral. Um 
aspecto importante na questão segurança pública versus privada, é que cada uma 
tem um enfoque específico e particularidades perfeitamente identificadas. Conforme 
se observa abaixo, no dizer de Silva (2008, p. 8): 
18 
 
A segurança privada moderna não deve ser tida como substituta da 
Segurança Pública, mas como complementar desta, na medida em que 
supre algumas deficiências de um sistema defasado e que não atende, em 
sua plenitude, aos anseios de segurança como uma das mais prementes 
buscas dos cidadãos em um mundo cada vez mais tecnológico, globalizado 
e sujeito a mazelas dessa globalização. 
Constata-se, no entanto, que para outros autores o sentido de 
complementaridade vai bem além do caráter meramente acessório, que segundo 
Cubas (2005,p. 164), “representando verdadeira fonte de apoio e auxílio ao projeto 
de segurança pública”. Desse modo, a oferta de serviços privados de segurança 
pode não representar um problema em sociedades em que esse serviço funciona 
como um complemento à atividade de segurança pública e onde o estado tem um 
forte controle no funcionamento e fiscalização dessas empresas. 
Numa sociedade extremamente desigual, na qual o poder público não 
consegue garantir a segurança pública de sua população, esses serviços funcionam 
como um substituto à segurança pública, como uma opção para suplementar os que 
podem pagar por sua segurança. 
19 
 
3 PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA PRIVADA 
Os índices crescentes de violência no Brasil mostram a total falta de 
segurança da população e das instituições que necessitam de proteção. Nesse 
sentido, é cotidiano observar os constantes ataques a agências bancárias e outros 
tipos de violência em todo o país. Nesse contexto, no qual a segurança pública não 
tem êxito, surge à segurança privada para atuar como uma força auxiliar no combate 
à “violência”: que é usada como instrumento de proteção dentro de uma sociedade 
cada vez mais violenta e repleta de desigualdades sociais. 
3.1 Empresas especializadas 
O serviço de segurança privada contratado tem um caráter peculiar, que de 
acordo com os estudos de Nunes (1996, p. 99), “neste tipo de serviço surge o 
conceito de terceirização, ou seja, é a contratação de uma terceira pessoa para 
prestar um determinado serviço, que não manterá nenhum vínculo de trabalho com 
a contratante, porém prestará o serviço a este”. A segurança privada, ao contrário, 
normalmente atua no interior de um “sistema de justiça privado” — termo usado por 
Shearing e Stenning (1981) para indicar as práticas de resolução de conflitos com 
base em convenções sociais. 
As pessoas normalmente recorrem a esses sistemas de justiça alternativos 
para solucionar problemas (incluindo aqueles que podem ser considerados crime 
pelo sistema de justiça criminal) cuja solução no sistema de justiça formal é avaliada 
como mais custosa, onde exerce um policiamento instrumental que prioriza o 
interesse dos empregadores enquanto vítimas potenciais de atividades criminosas. 
Geralmente suas atividades são voltadas para a preservação de uma ordem 
privada. Assim, a segurança privada costuma atribuir maior importância à restituição 
e satisfação dos interesses dos clientes do que à punição e reafirmação do 
consenso moral. Desse modo, a ênfase de seu trabalho é colocada na prevenção e 
não na repressão. 
A preocupação geralmente não é descobrir, prender e punir transgressores da 
lei, mas sim, regular comportamentos e circunstâncias, de modo a evitar ou 
minimizar as possibilidades de ocorrência criminal, prática conhecida no universo da 
segurança privada como “gerenciamento de risco”. Ocqueteau (1997, p. 35), leciona: 
20 
 
Essa mentalidade preventiva é claramente expressa na corrente 
criminológica que orienta o trabalho da segurança privada, a criminologia da 
prevenção situacional, que preconiza a prevenção a partir da 
inacessibilidade dos alvos cobiçados pelos delinquentes. A preocupação da 
segurança privada não é somente a de repelir ou prevenir ações criminais, 
mas também perdas e danos decorrentes de sinistros, incivilidade, 
sabotagem e outros infortúnios. 
Assim, o policiamento privado costuma ter um caráter menos especializado 
do que o policiamento público. Nesta linha (NUNES, 1996, p. 99), destaca que, as 
empresas especializadas são as únicas prestadoras desse serviço aptas a prestar 
tal ofício: 
Empresas especializadas são aquelas que possuem autorização de 
funcionamento expedida pelo Departamento de Polícia Federal e que foram 
criadas com o fim específico de explorar e comercializar qualquer atividade 
considerada como de segurança privada. 
As empresas especializadas são divididas, considerando-se as atividades que 
se dispõem a executar, são as únicas prestadoras desse serviço aptas a prestar tal 
oficio. Se dividem em Vigilância e/ou Vigilância Patrimonial, Transporte de Valores, 
Segurança Pessoal, Escolta Armada e em Serviços Orgânicos. 
Ainda de acordo com os estudos de Nunes (1996, p. 99), “empresas 
especializadas são aquelas que possuem autorização de funcionamento expedida 
pelo departamento de polícia federal e que foram criadas com o fim específico de 
explorar e comercializar qualquer atividade considerada como de segurança 
privada.” 
Nunes (1996, p. 102), acrescenta também que, 
Entre os dispositivos legais mais importantes para o controle da segurança 
privada, estão os que tratam dos temas: requisitos para a atuação de 
empresas e profissionais de segurança privada, treinamento, armas de fogo 
e uniforme e identificação visual dos agentes. 
Esses temas também estão presentes em diversas partes do mundo, sendo 
fundamentais para assegurar responsabilidade pública da segurança privada. Vê-se 
a seguir, como eles apresentam-se no marco legal brasileiro e como são regulados 
pela Polícia Federal. 
3.2 Empresas de vigilância 
Estes tipos de empresas especializadas são aptas a prestar o serviço de 
vigilância patrimonial. São as mais fáceis de serem encontradas dentre as 
existentes, uma vez que os requisitos exigidos para autorização de funcionamento 
21 
 
são menores. Para conseguirem prestar seus serviços em conformidade com a lei, 
além da autorização pelo Departamento da Polícia Federal, as empresas de 
segurança devem comprovar que dispõem de uma infraestrutura mínima para o 
desenvolvimento de suas atividades. Essa estrutura mínima diz respeito a: 
- Recursos humanos — este requisito está sempre relacionado ao efetivo 
de- vigilantes contratados. 
- Recursos financeiros — este está ligado ao capital social da empresa. 
- Instalações adequadas — este item é relacionado à estrutura física da 
empresa bem como com os materiais para o desempenho da atividade. 
(NUNES, 1996, p. 107). 
É vedado ao vigilante exercer sua atividade em vias de logradouros públicos, 
e mesmo seu deslocamento armado, ou desarmado, em passeios públicos. 
3.3 Empresas de transporte de valores 
São as empresas que desenvolvem, em regra, suas atividades com a 
utilização de veículos específicos, denominados de blindados ou carros-fortes. 
Contudo, pode haver o transporte de numerário em veículos comuns. A atividade 
exercida consiste, essencialmente, no traslado de bens ou valores, mediante a 
utilização de veículos, comuns ou especiais. Nesta hipótese, a empresa deve ser 
devidamente autorizada para esta atividade e seus vigilantes devem realizar o curso 
de extensão em transporte de valores. 
Em regra, o transporte de numerários se dá em carros fortes, porém, se a 
quantia for entre 7 (sete) e 20 (vinte) mil Ufirs, conforme arts. 4º e 5º da Lei nº 
7.102/1983; arts. 4º e 5º da Lei nº 9.017/1995; e art. 51, § 1º, da Portaria DG/DPF nº 
3.233/2012. Esse transporte pode ser feito em carro comum, com no mínimo 2 (dois) 
vigilantes especializados. É obrigatório, para a empresa que fornece esse tipo de 
serviço, possuir no mínimo 16 (dezesseis) vigilantes com curso de extensão em 
transporte de valores e pelo menos 2 (dois) carros especiais. 
Segundo o entendimento de Silva (2009, p. 18), a estrutura para desenvolver 
a atividade de transporte de valor é a mesma referente ao de vigilância patrimonial 
acrescido de: 
a) Garagem exclusiva para, no mínimo, dois veículos especiais de 
transporte de valores; 
b) Cofre para guarda de valores e numerários; 
c) Alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, a comunicação 
com os órgãos policiais, próximo ou empresas de segurança privada. 
22 
 
Verifica-se assim, que a utilização de pessoal próprio do Banco (e não das 
empresas de segurança e vigilância) nos transportes de valores, só é admitido em 
uma situação, ou seja, quando o próprio Banco mantiver quadro “organizado e 
preparado para talfim, [...] aprovado em curso de formação de vigilante [...]” (art. 3º, 
II). 
Desse modo, a utilização de veículo comum, estabelecido no art. 5º, é 
aplicado ao pessoal da própria empresa de vigilância e não aos bancários. Os 
bancos, contudo, para dar agilidade a alguns Postos de Atendimento Bancário 
(PAB’s) ou mesmo para economizar com vigilância e transporte de valores (que 
cobram valores consideráveis), costuma solicitar a seus empregados que façam o 
transporte de numerário e malotes, em seus próprios veículos, sem qualquer 
segurança ou treinamento. 
De acordo com Manzi, “os empregados que transportam valores pequenos, 
são orientados a não reagir no caso de assalto”, o que afastaria o dano ou a 
possibilidade de sua ocorrência. 
3.4 Empresas de cursos de formação 
Segundo os ensinamentos de Silva (2009, p. 18), “o curso de formação tem 
por finalidade formar, especializar e reciclar os vigilantes”. Estas empresas se 
diferem das demais por não poderem realizar suas atividades paralelamente como 
as de outra categoria, além de ser a única que tem a permissão de adquirir 
equipamento de recarga e proceder à recarga de munição. 
Para serem autorizadas, as empresas especializadas em curso de formação 
de vigilantes, tem que ter os mesmos requisitos das anteriores, porém, conforme 
Silva (2009, p. 18), os recursos humanos neste caso, não estão ligados ao número 
de vigilantes e sim à capacidade técnica dos instrutores da escola e, em relação às 
instalações das empresas, deverão possuir: 
Três salas de aulas com a capacidade mínima de formação simultânea 
mensal de 60 (sessenta) alunos, podendo cada sala conter no máximo 45 
(quarenta e cinco) alunos; 
Local adequado para treinamento físico e de defesa pessoal; Sala de 
instrutores; 
Estande de tiros próprios ou convênio com instituições militares, policiais ou 
clube de tiro. 
No mundo globalizado atual, em que as culturas e mazelas sociais — com 
suas inevitáveis consequências — ampliam-se a todos os campos da atividade 
23 
 
humana, a segurança sobressai como uma das principais necessidades do homem 
no seu convívio social. Dessa forma, a Associação Brasileira dos Cursos de 
Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes (ABCFAV, 2007), lançou a metodologia 
a ser utilizada, sendo a mesma dos anexos da Portaria DG/DPF nº 387/2006, que 
alterou e consolidou as regras sobre segurança privada no Brasil. 
A citada portaria prevê que o vigilante, após entrar no ramo da segurança 
privada através do Curso de Formação de Vigilante, deverá voltar compulsoriamente 
à sala de aula a cada dois anos, não definindo qual extensão ou reciclagem irá 
realizar. Entretanto, tal escolha deverá ser feita pelo próprio vigilante, levando-se em 
conta seus interesses profissionais e sua relação de trabalho. 
Observa-se, no entanto, que a reforma curricular apresentada na Portaria 
DG/DPF nº 387/2006, tem enfoque no ser humano e na pessoa do vigilante, com 
objetivo de formar profissionais cidadãos, não apenas técnicos, e de captar no 
mercado de trabalho pessoas mais qualificadas para que o segmento da segurança 
privada possa crescer com essas medidas e prover uma melhor segurança à 
sociedade. 
Sendo assim, é nessa senda, que a segurança privada é complementar à 
segurança pública. Esta cartilha, é considerada importante, pois é a que trata da 
Formação do Vigilante, servindo como meio instrucional e material de consulta 
permanente ao vigilante, tanto em sua formação profissional, como durante sua 
atividade de trabalho, além de servir para as reciclagens exigidas pela legislação, 
uma vez que a segurança privada é subsidiária e complementar à segurança pública 
e subordina-se aos princípios da necessidade, adequação e proporcionalidade. 
3.5 Requisitos de autorização para funcionamento da empresa especializada 
Para terem autorização de funcionamento, as empresas devem preencher 
diversos requisitos para o exercício da atividade de segurança privada. O não 
cumprimento dessas obrigações decorre na negativa de aceitação da empresa para 
a finalidade sugerida, e dessa forma, não há que se falar em empresa efetivamente. 
Assim, se a mesma vier a funcionar sem a devida autorização, encontra-se na 
clandestinidade; e se utilizar armamento, enquadrar-se-á nos tipos penais previstos 
no estatuto respectivo. 
Para Silva (2009, p.10), são considerados como principais para a constituição 
de empresa especializada em Segurança Privada, os seguintes requisitos: 
24 
 
1) Que os sócios das empresas sejam brasileiros natos ou naturalizados; 
2) Prova de que os sócios, administradores, gerentes e diretores das 
empresas não tenham condenação criminal registrada; 
3) Capital social integralizado correspondente a 100.000 (cem mil) Ufirs; 
4) Sistema de comunicação entre o setor operacional da empresa e os 
seus veículos; 
5) Deve dispor de recursos humanos adequados, podendo esta listagem 
ser comprovada no prazo de 60 (sessenta) dias após a publicação do 
alvará que autoriza o funcionamento; 
6) Deve também possuir instalações físicas adequadas, de uso e acesso 
restrito; 
7) E, finalmente dispor de um local adequado e seguro para a guarda do 
armamento e das munições. 
Entende-se que a segurança desarmada também deva sofrer algum tipo de 
regulamentação e controle, que a priori seria mais bem executado por estados e 
municípios. 
Conforme Coelho (2006, p. 19), “tamanho é o volume de profissionais 
exercendo tal atividade em condomínio residencial e/ou empresarial, shopping, 
indústria e comércio, shows e eventos em diferentes e distantes localidades do 
país”. Assim como, os segmentos de segurança eletrônica, alarmes, cercas 
elétricas, blindagem de veículos e edifícios, circuito fechado de televisão, 
investigações particulares que da mesma forma encontram-se desamparados pela 
citada legislação. 
3.5.1 Atividades fornecidas pelas empresas especializadas 
Constata-se que nos dias atuais, onde a segurança não é total, as empresas 
de segurança investem de forma maciça nas atividades mínima de proteção. Há 
uma grande diversidade de empresas de segurança que se especializam conforme a 
necessidade do mercado. Coelho (2006, p. 23), comenta que, as empresas 
especializadas se dividem em Vigilância e/ou Vigilância Patrimonial, Transporte de 
Valores, Segurança Pessoal, Escolta Armada e em Serviços Orgânicos, conforme 
demonstra-se abaixo: 
1) Vigilância Patrimonial - Atividade fundamental exercida pelas 
empresas especializadas autorizadas pelo DPF, desempenhada dentro 
dos limites dos estabelecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou 
privados, com a finalidade de resguardar a incolumidade física das 
pessoas e a integridade do patrimônio no local. Esse tipo de serviço é, 
em sua maioria, utilizado por órgãos públicos, indústrias e grandes 
empresas. A empresa deve possuir pelo menos 1 (um) veículo para 
fiscalização e no mínimo 15 (quinze) vigilantes no seu quadro funcional. 
2) Transporte de Valores - Empresas que desenvolvem, em regra, suas 
atividades com a utilização de veículos específicos, denominados de 
blindados ou carros-fortes. 
25 
 
3) Segurança Pessoal - Atividade que busca garantir a integridade física 
das pessoas. Tem por finalidade a adoção de técnicas de segurança 
pessoal para executivos, autoridades, empresários, artistas, 
desportistas e outros. É comumente conhecida como serviços de 
“guarda-costas” ou “segurança VIP”. Nesta hipótese, a quantidade de 
vigilantes para prestação do serviço é de livre opção do contratante e do 
contratado. Os vigilantes devem realizar o curso de extensão, para 
realizar a segurança pessoal. 
4) Escolta Armada. Atividade que visa dar suporte ao transporte de 
valores ou de qualquer outro tipo de carga valiosa. Sempre que 
possível, deve-se deslocar próxima ao veículo que conduz a carga a ser 
protegida. Neste caso, a empresa deve comprovar a propriedade ou 
posse de no mínimo 02 (dois) veículos, com as devidas identificações 
externas,sistema de telecomunicações. Os vigilantes, em quantidade 
de 04 (quatro) podendo ser reduzidos para 02 (dois), devem possuir 
curso de extensão em escolta armada. 
5) Curso de Formação de Vigilantes: O curso de formação tem por 
finalidade formar, especializar e reciclar os vigilantes. Aplicado apenas 
por empresas, permitidas pelo Departamento de Policia Federal, a 
formar vigilantes, que se diferem das demais, por não poderem realizar 
suas atividades paralelamente como as de outra categoria, além de ser 
a única que tem a permissão de adquirir equipamento de recarga e 
proceder à recarga de munição. (COELHO, 2006, p. 23). 
3.6 Vigilante 
O vigilante é considerado o elemento humano mais importante dentro da 
estrutura das empresas de segurança privada. 
Segundo os estudos de (SILVA, 2009, p. 19), “tanto assim, que muitos são os 
requisitos para o exercício da atividade, bem como, a definição que deve possuir o 
perfil para os profissionais, devidamente identificados no Anexo I da Portaria 
[DG/DPF] 387/2006”. 
Além dos requisitos exigidos acima, para o exercício da atividade os vigilantes 
devem realizar obrigatoriamente cursos de formação, tendo inclusive, que obter 
resultados mínimos na avaliação, bem como, realizar periodicamente curso de 
reciclagem. 
Para o exercício de atividade como o transporte de valores, escolta armada e 
segurança pessoal é exigido ainda o curso de extensão nestas áreas, que de acordo 
com Coelho (2006, p. 2). 
A vigilância armada é exercida por profissional adequadamente preparado, 
denominado vigilante, que possui o poder de reação por meio de armas de 
fogo, assegurado por lei, e, portanto, é previsto o rigor e o controle desses 
profissionais, que também por exigência legal, devem possuir vínculo 
empregatício com uma empresa de segurança privada autorizada a 
funcionar pela Polícia Federal. 
Todavia, destaca Nunes (1996, p. 272) “as atividades desenvolvidas por 
porteiros, vigias e assemelhadas, que são realizadas de maneira autônoma, não 
26 
 
estão previstas na legislação sobre a atividade dos vigilantes, principalmente porque 
não há porte de arma de fogo”. 
Ainda segundo Nunes (1996, p. 99), “conforme o artigo 15 da Lei nº 7.102, de 
1985, vigilante é o empregado contratado para desempenhar a atividade da 
segurança privada”. Entretanto, conforme conceito extraído da Portaria DG/DPF nº 
387/2006, vigilantes são profissionais capacitados pelo curso de formação, 
funcionários das empresas especializadas e/ou das que possuem serviço orgânico 
de segurança, registrados no DPF, responsáveis pelo desempenho da atividade de 
segurança privada. 
Comenta De Plácido e Silva (2006, p. 1485), “apreende-se, precisamente por 
vigilância, o cuidado ou a atenção que se deve dar às coisas, que ficam a cargo de 
alguém”. Corresponde, igualmente, ao serviço ou a encargo da pessoa que é posta 
como vigia, ou para vigiar, isto é: para cuidar atentamente do que lhe é confiado. 
Contudo, observa-se um ponto bastante polêmico sobre a atuação dos 
vigilantes vem causando uma enorme discussão sobre o fato do embate direto com 
assaltantes, que geralmente resulta em morte dos profissionais de segurança ou de 
vítimas inocentes desse confronto, principalmente em agências bancárias. 
Segundo Câmara (2002, p. 240), “a reação do vigilante, utilizando sua arma 
contra os assaltantes, é legítima”. Entretanto, como saber se deve ele reagir, ainda 
que sua ação coloque em risco clientes e empregados da agência, levando-se em 
conta que ao agir, o vigilante o faz por delegação do Banco para defender-se de 
injusta agressão. Assim, entende-se que, cabe à administração da agência 
estabelecer os limites dessa reação, atendendo aos seus critérios políticos. 
Conforme o autor em referência, os requisitos básicos para que os 
profissionais de vigilância possam exercer sua profissão estão estabelecidos no art. 
16 da Lei nº 7.102/83, conforme dados ora expostos: 
a) Ser brasileiro, nato ou naturalizado; 
b) Ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos; 
c) Ter grau de instrução no mínimo corresponde à 4ª (quarta) série do 
ensino fundamental; 
d) Possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas; 
e) Ser aprovado em Curso de Formação de Vigilantes, devendo estes 
serem realizados em estabelecimentos com funcionamento 
devidamente autorizado pelo poder público; 
f) Encontra-se em dias com as obrigações eleitorais; 
g) Estar quite com suas obrigações militares; 
h) Ser submetido a exames de saúde física, mental e psicotécnico, e estar 
aprovado; 
27 
 
i) Não possuir registros de antecedentes criminais, nem estar 
respondendo a inquérito policial ou processo criminal, bem como, não 
ter sido condenado no processo. (CÂMARA, 2002, p. 240). 
Estando o indivíduo em conformidade com todos os tópicos acima, deverá ser 
feito, junto ao DPF, o registro profissional do vigilante. Aquele anotará esse registro 
na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e o Certificado de conclusão 
de curso deverá ser registrado na Delegacia de Controle de Segurança Privada 
(DELESP) ou na Comissão de Vistoria (CV). 
Silva (2009, p. 29), relata também que, os direitos dos vigilantes estão 
regulados no artigo 19 da Lei nº 7.102/83 e no artigo 117 da Portaria DG/DPF nº 
387/2006. Sendo estes os seguintes: 
1) Receber uniforme aprovado pelo DPF, a expensas da empresa 
autorizada. Devem fazer parte do uniforme o apito com cordão, 
emblema da empresa e plaqueta de identificação do vigilante; 
2) Porte de arma, no momento do exercício da atividade; 
3) Acesso a materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado 
de conservação, principalmente armas e munições; 
4) Seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora; 
5) Treinamento permanente de prática de tiro e de defesa pessoal; 
6) Prisão especial por ato decorrente do exercício da atividade. 
7) Realização de curso de reciclagem e renovação dos exames de saúde 
física, mental e psicotécnico por conta de empresa contratante. 
Com relação aos deveres dos vigilantes, Silva (2009, p. 32), destaca que, são 
estabelecidos na legislação e constam do artigo 118 da Portaria DG/DPF nº 
387/2006 e são os seguintes: 
1) Exercer as suas atividades com urbanidade, probidade e denodo; 
2) Utilizar o uniforme autorizado apenas quando estiver em serviço; 
3) Portar a Carteira Nacional de Vigilante — CNV; 
4) Manter-se adstrito ao local sob sua vigilância, atentando-se para as 
peculiaridades das atividades; 
5) Comunicar quando houver qualquer incidente ocorrido no serviço ao 
seu superior hierárquico; 
6) Informar qualquer irregularidade com relação ao seu equipamento de 
serviço, principalmente, quando se tratar de armamento, munições e 
colete à prova de balas. 
A CNV, conforme Silva (2009, p. 38), “é de uso obrigatório pelo vigilante, 
quando este estiver de serviço e tem valor civil para todos os fins, em todos os fins 
legais, em todo o território nacional”. Assim, na CNV, conforme o autor mencionado 
deverá conter, obrigatoriamente, todos os dados de identificação do vigilante, bem 
como a atividade a que se encontra apto a realizar. A CNV só deverá ser expedida 
se o profissional se encontrar em total acordo com os requisitos exigidos para o 
exercício da atividade. 
28 
 
Silva (2009, p. 41), afirma que, para ter direito a utilização da CNV, o 
profissional deve também, “[...] estar vinculado à empresa especializada ou de 
serviço de segurança orgânica, possuir curso de formação, de extensão ou estar 
com a reciclagem dentro do prazo de validade”. As CNVs são expedidas com prazo 
de validade de 4 (quatro) anos. O pedido de renovação deve ser apresentado no 
prazo de até 60 (sessenta) dias. As vencidas ou expedidas com erro serão 
encaminhadas pela DELESP ou CV ou à Coordenadora-Geral de Controle de 
Segurança Privada (CGCSP), para destruição. 
Para a obtenção da CNV devem ser apresentados os seguintes documentos: 
Carteira de Identidade (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF)e CTPS, que 
comprove o vínculo empregatício do vigilante com empresa especializada ou de 
segurança orgânica, 2 (duas) fotografias 2 x 2 cm e comprovante de recolhimento da 
taxa de expedição da carteira. Será multada, a empresa que possuir vigilantes 
contratados sem a CNV. 
3.7 Armamento 
Uma das grandes questões ligadas à atividade de segurança privada diz 
respeito ao tipo do armamento utilizado, até onde e quando deve ser utilizado, qual o 
calibre e o tipo de armamento permitido para cada ramo de atividade (NUNES, 1996, 
p. 326). 
A legislação brasileira que rege a segurança privada é bastante clara quando 
define os tipos de armamentos e equipamentos possíveis de serem utilizados na 
atividade de Segurança. Em casos de excepcionalidade, e somente assim, 
devidamente justificada, o Departamento de Polícia Federal permite sua alteração, 
devendo ser ainda observada a característica estratégica da atividade ou sua 
relevância para o interesse nacional (SILVA, 2009, p. 23). 
Desse modo, a atividade desenvolvida pela empresa prestadora do serviço de 
segurança é que determina o tipo de armamento, munições, coletes à prova de 
balas e outros equipamentos autorizados. Tendo a empresa que zelar pela sua 
guarda e manutenção, estando estes sempre prontos para ser utilizados quando se 
fizer necessário. 
Os requisitos para a aquisição e utilização de armas de fogo são bem 
definidos, e sobre este assunto, Silva (2009, p. 23) relata que: 
29 
 
O processo é bastante minucioso quanto a estes requisitos, detalhando de 
maneira pormenorizada os aspectos e exigências legais. Ademais, os 
equipamentos utilizados passam por revisão e fiscalização periódicas por 
parte dos órgãos controladores. 
Assim, as empresas de segurança que atuam na atividade de vigilância 
patrimonial poderão conceder aos seus vigilantes, estando estes em serviço, o uso 
de revólver calibre 32 ou 38, cassetete de madeira ou borracha, algemas e coletes à 
prova de balas (NUNES, 1996, p. 330). 
Já as de transporte de valores e de escolta armada poderão permitir o uso de 
carabina de repetição calibre 38, espingardas nos calibres 12 e pistolas 
semiautomáticas calibre 380. (SILVA, 2009, p. 23). Ainda de acordo com Silva 
(2009, p. 23): 
Tal modo, as empresas com serviço orgânico de segurança podem equipar 
seus vigilantes com armas e munições previstas para as empresas de 
transporte de valores e de vigilância patrimonial e os cursos de formação 
poderão possuir todas as armas e munições previstas para as demais 
atividades, bem como, material e apetrechos para recarga. 
Para serem autorizadas a comprar armas, munição e outros materiais, as 
empresas de segurança privada deverão possuir autorização de funcionamento e 
certificados de segurança validados e atualizados. Ademais, devem comprovar a 
contração do efetivo mínimo de vigilantes permitidos. 
As empresas de transportes de valores, bem como as que possuem serviço 
orgânico de segurança, para serem autorizadas a adquirir produtos controlados, 
para serem usados nos veículos especiais, deverão apresentar os certificados de 
vistoria dos respectivos veículos devidamente válidos. 
Ainda, de acordo com a Direção Geral do Departamento de Polícia Federal 
(Portaria DG/DPF nº 387/06), os vigilantes poderão utilizar-se de armas não-letais, 
se estes possuírem treinamento específico para este fim. Podendo estas ser 
borrifador de gás de pimenta, arma com choque elétrico, granadas lacrimogêneas ou 
fumígenas, munições lacrimogêneas e máscaras contra os supracitados gases. 
De acordo com essa mesma portaria supracitada as empresas de segurança 
privada, com exceção das de curso de formação, poderão requerer simultaneamente 
autorização para funcionamento e aquisição de armas, munições e coletes à prova 
de balas, que serão realizados em procedimentos distintos. Silva (2009, p. 24), 
comenta, “as empresas deverão também, quando desejarem adquirir armas e 
munições, apresentar requerimento com toda a documentação prevista em lei e 
30 
 
livros de registro e controles de armas e munições”, podendo, nesta hipótese, utilizar 
sistema informatizado. 
3.8 Plano de segurança 
O art. 1º da Lei nº 7.102/83 estabelece: 
É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde 
haja guarda de valores ou movimentação de numerário, que não possua 
sistema de segurança com parecer favorável à sua aprovação, elaborado 
pelo Ministério da Justiça, na forma desta Lei. 
Dessa forma, observa-se que o requisito fundamental para a instalação e 
funcionamento das Agências Bancárias é o plano de segurança, sendo 
imprescindível a sua formulação. De acordo com Silva (2009, p. 27), o Plano de 
Segurança deve conter as seguintes informações: 
Dados da Instituição Financeira, descrição da quantidade e da disposição 
dos vigilantes, indicação da empresa responsável pela segurança 
contratada, existência dos equipamentos exigidos na legislação, projeto de 
construção, instalação e manutenção de sistema de alarmes, cópia da 
última portaria de aprovação, para os casos de renovação do plano. 
Antes de o estabelecimento iniciar suas atividades, “deve submeter seu plano 
de segurança à Delegacia de Controle de Segurança Privada (DELESP), ou à 
Comissão de Vistoria (CV) da circunscrição em que estiver situado, por meio de 
requerimento dirigido ao chefe de DELESP ou Presidente da CV, contendo todos os 
dados exigidos [...]” (SILVA, 2009, p. 47). Conforme Nunes (1996, p. 164), 
A DELESP ou Comissão de Vistoria, após o recebimento do planto deverá 
inicialmente realizar uma análise e em seguida uma vistoria nas instalações 
da instituição financeira, para certificar-se da eficiência do sistema adotado, 
bem como, para confirmar os dados e informações constantes do plano. 
Nesta oportunidade, os membros da equipe de fiscalização deverão verificar 
também, o uso correto dos uniformes pelos vigilantes e seus acessórios, o curso de 
reciclagem, as armas, munições e demais equipamentos e seu estado de 
manutenção e funcionamento. Silva (2009, p 49) comenta: 
Concluída a vistoria será confeccionado o Relatório de Vistoria da Agência, 
que informará se o que consta do plano está de acordo com o que foi 
observado, corroborando assim, na aprovação ou reprovação do plano de 
segurança. 
Preliminarmente, para análise do Plano de Segurança, devem constar 3 (três) 
itens obrigatórios, sendo que 2 (dois) são específicos, os quais se destacam a 
seguir: 
31 
 
1) os vigilantes devem estar armados e devidamente uniformizados; 
2) sistema de alarme funcionando e ligando o estabelecimento a outra 
empresa da mesma instituição, a empresa de vigilância ou a órgão 
policial que fique mais próximo; (SILVA, 2009, p. 52) 
O outro item deve ser escolhido de acordo com as seguintes alternativas: 
a) circuito Fechado de Televisão — CFTV, o qual deve armazenar 
imagens de toda movimentação do público por um período mínimo de 
30 (trinta) dias; 
b) portas Giratórias Detectoras de Metais — PGDM, que possam dificultar 
ou retardar a ação dos criminosos, devendo possuir também detector de 
metal portátil, a ser utilizado em casos excepcionais; 
c) cabina Blindada com permanência ininterrupta de vigilante. 
Deve-se observar que o Plano de Segurança possui caráter sigiloso, sendo 
de responsabilidade da instituição financeira, ou da empresa de segurança privada, 
por aquela contratada, para realizar a atividade, a elaboração do plano. Devem 
integrar ainda o plano, as instalações físicas do estabelecimento, devendo ser 
adequadas e suficientes para garantir segurança. 
Exige a legislação que, os elementos de segurança previsto nos planos não 
dificultem a acessibilidade de pessoas idosas ou portadoras de deficiências. E 
qualquer alteração no Plano de Segurança deverá ser previamente autorizada pelo 
DPF, configurando alteração no plano qualquer mudança de endereço ou nas 
instalações físicas do estabelecimento (Lei nº 7.102/83). 
Ainda deacordo com Silva (2009, p. 58), é de competência exclusiva do 
Superintendente Regional da Polícia Federal, em cada unidade da federação, a 
emissão do Certificado que aprova o Plano de Segurança de Instituição Financeira 
dentro da circunscrição da respectiva Superintendência, através de portaria, que tem 
validade de 1 (um) ano, contado da data da expedição desta: 
Uma vez aprovado o plano de segurança, as renovações posteriores do 
sistema de segurança do estabelecimento deverão ser realizadas 
anualmente, e serão apresentadas e discutidas durante um ano, visando à 
sua aplicação no ano seguinte. 
Todavia, conforme § 2º da Portaria DG/DPF nº 387/06, quando o Plano de 
Segurança for reprovado pela DELESP ou CV, o responsável será notificado para, 
se desejar, impetrar recurso no prazo de 10 (dez) dias, destinado ao 
Superintendente Regional, de preferência com o suprimento das falhas anteriores 
que motivaram a reprovação do plano (SILVA, 2009, p. 538). 
Entretanto, se o Superintende mantiver a reprovação do Plano de Segurança 
por falta de recurso suprindo as faltas, ou por transcurso do prazo para recurso, 
32 
 
desencadeará a lavratura do auto de infração das faltas apontadas pelos Chefes da 
DELESP ou CV. 
3.9 Autoexecutoras de serviço de segurança privada (segurança orgânica) 
A atividade de segurança privada pode ser exercida por empresas não 
especializadas. Para Nunes (1996, p 135), essas empresas são denominadas de 
auto executoras ou empresas de segurança orgânica: 
Auto executoras são aquelas empresas que possuem objeto econômico 
diverso da vigilância ostensiva e do transporte de valores, mas que utilizam 
pessoal de quadro funcional próprio para a execução do serviço. São o que 
convencionamos chamar de empresas não especializadas e o que a 
legislação define como segurança orgânica. 
Para funcionar, as autoexecutoras necessitam de Alvará de Funcionamento, 
que de acordo com Silva (2009, p. 13), destaca: 
Terá validade de 1 (um) ano, expedido pelo Coordenador-Geral, contado a 
partir da publicação no Diário Oficial da União, permitindo à empresa que 
desenvolva a atividade de segurança privada nos limites que lhe fora 
autorizada 
Ainda segundo Silva (2009, p. 13), as empresas de serviços orgânicos de 
segurança possuem requisitos próprios para sua formação e constituição, conforme 
o artigo 54 da Portaria DG/DPF nº 387/06. A saber: 
a) Utilizar os próprios empregados nas atividades de segurança orgânica; 
b) Prova de que administradores, gerentes, diretores e empregados 
responsáveis pelo serviço de segurança orgânica não tenham 
condenação criminal registrada; 
c) Setor operacional devidamente definido; 
d) Local seguro e adequado para a guarda de armas e munições. 
Destas empresas, as que possuam até 5 (cinco) armas, não é exigido 
certificado de segurança aprovando as instalações físicas. Estes, no entanto, são 
exigidos das empresas de segurança privada. 
33 
 
4 EMPRESAS CLANDESTINAS DE SEGURANÇA PRIVADA 
A denominação de empresa clandestina encontra-se no art. 111 da Portaria nº 
992/95, que de acordo com Nunes (1996, p. 419), 
Prevê o procedimento no momento da constatação de empresa que esteja 
funcionando sem autorização do Departamento de Polícia Federal na 
prestação de serviços de vigilância armada, desarmada, transporte de 
valores, cursos de formação de escolta armada e segurança pessoal 
privada. 
As atividades realizadas pelas empresas não autorizadas pelos órgãos de 
controle e fiscalização competentes representam um problema e um dilema para a 
questão da segurança privada no Brasil. Ainda segundo os ensinamentos de Nunes 
(1996, p. 419), “a segurança privada vem sendo desenvolvida por empresas que não 
possuem autorização para prestá-la, nem os requisitos mínimos que uma empresa 
séria e organizada deveria ter”. São as chamadas “empresas clandestinas”. 
É claro e não deixa muitas dúvidas, com relação ao caráter de ilegalidade 
dessa atividade; todavia, não aborda os problemas e os riscos dessa forma de 
atuação. O exercício da atividade irregular pode ser exercido por pessoa física ou 
jurídica. Neste segundo caso, caracterizam-se por pessoas regulares ou não, como 
empresas. No entanto, sua finalidade e prestação de serviços são outros, diferentes 
da atividade de segurança privada. 
Nunes (1996, p. 420), comenta, “[...] é muito comum agirem na irregularidade 
pessoas jurídicas responsáveis por serviços como conservação e limpeza, 
administração de condomínios, portaria e promoção de eventos”, que por exercerem 
atividades aproximadas da segurança privada acabam incorporando esta também, 
principalmente por não terem como arcar com os custos da regularização e da 
estruturação. 
Quando for constatada a existência de empresa clandestina, em qualquer das 
formas supracitadas, será lavrado o auto de encerramento, notificando-se o 
responsável e determinado o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa 
prévia. Entretanto, Nunes (1996, p. 424), explana que: 
[...] quando a atividade envolver utilização de armamento, munição ou 
similar poderá haver a realização de prisão em flagrante delito dos 
envolvidos, com a instauração de procedimentos na esfera penal e 
administrativa, conforme o artigo 148, da Portaria DG/DPF 387/06. 
34 
 
Na hipótese de haver tomador dos serviços clandestinos à DELESP ou CV 
notificará este, entregando cópia do auto de encerramento lavrado, do qual poderá 
ser também responsabilizado, caso tenha, de qualquer forma, contribuído para a 
prática das infrações penais praticadas pelo contratado (disposto no artigo 148 da 
Portaria DG/DPF nº 387/06). 
Em continuidade com o citado artigo, quando se encerrar o prazo de 10 (dez) 
dias para apresentação da defesa, a DELESP ou CV deverá decidir se encerra as 
atividades da empresa irregular, em seguida notificará o autuado. Neste caso, o 
autuado poderá oferecer recurso da decisão da DELESP ou CV, que será 
encaminhado ao Superintendente Regional, também no prazo de 10 (dez) dias. A 
penalidade para a empresa, ou pessoa que exercer atividade irregular, desde que 
não haja procedimento penal a ser apurado, será unicamente o encerramento da 
atividade. Assim, se a empresa possuir outras atividades como serviços de portaria, 
limpeza, fiscal de loja, estes poderão continuar funcionando normalmente. 
Quando for determinado o encerramento da atividade clandestina, a DELESP 
ou CV deverá comunicar o procedimento à Coordenação Geral de Controle de 
Segurança Privada/Diretoria Executiva (CGCSP/Direx), para fins de controle. No 
entanto, se o infrator persistir com a pratica da atividade deverá ser realizado novo 
processo administrativo e o infrator poderá ser responsabilizado penalmente no 
crime previsto no art. 205 do Código Penal (CP), ou seja, exercer atividade do qual 
está impedido por decisão administrativa. 
Como se pode observar, não existe na legislação referente à atividade de 
segurança privada nenhuma sanção ou penalidade para quem exerce a atividade de 
forma clandestina ou irregular, se não utilizar arma de fogo. Responde, no máximo e 
se for reincidente, nas penas cominadas no art. 205 do CP, e se possuir arma de 
fogo de acordo com a Lei nº 10.826/03, o Estatuto do Desarmamento (SILVA, 2009, 
p. 15). 
É comum empresas que possuem Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJ) 
formalizado oferecerem segurança privada como parte de um pacote que inclui 
serviços como portaria, limpeza e organização de eventos. “São empresas de 
segurança camufladas sob outros serviços. Isso atrapalha a atividade das que 
trabalham legalmente”. 
A atividade dos vigias não pode ser confundida com a dos vigilantes. Os 
vigias podem atuar como autônomos, possuem regulamentação própria e em geral 
35 
 
atuam apenas como observadores em estabelecimentos comerciais. Já os vigilantes 
são treinados em cursos específicos credenciados pela Polícia Federal, podem 
realizar revistas e somente atuam por meio deempresas autorizadas. 
A Lei Federal nº 7.102/83, que regulamenta a atividade de segurança privada, 
poderá passar por mudanças, passando a responsabilizar também as empresas que 
contratam serviços irregulares de segurança privada. 
4.1 Dispositivos legais para controle da segurança privada 
Em razão do seu caráter abrangente, o marco legal que regula a segurança 
privada no Brasil contém uma série de dispositivos que permitem, direta ou 
indiretamente, responsabilizar empresas e profissionais de segurança privada. 
Dos trabalhos produzidos sobre a segurança privada, o ensaio publicado no 
início dos anos 1990 por Paixão (1991, p. 138) sustentou haver na época um 
“controle público puramente cerimonial sobre a segurança privada”. A tese foi 
posteriormente substanciada por Heringer (1992, p. 12) num estudo sobre a 
“Indústria da Segurança Privada no Rio de Janeiro”, na época, o único que 
realmente abordava através de pesquisa empírica, o controle estatal da segurança 
privada. 
Mais recentemente, num contexto regulatório distinto ao da primeira metade 
dos anos 1990, Cubas (2002) e Zanetic (2006) produziram dissertações de mestrado 
onde o controle público da segurança privada foi abordado. Entretanto, observa-se 
que, em nenhum dos dois trabalhos, a necessidade de regulamentação, foi o objeto 
privilegiado na análise. Para tanto, Cubas estudou “A expansão das Empresas de 
Segurança Privada em São Paulo” (2002), tecendo considerações sobre o controle 
interno realizado nas empresas e o controle externo realizado pelo Estado. Zanetic, 
tratou de alguns dos dispositivos legais de controle da segurança privada dentro da 
problemática mais ampla da regulação desses serviços, enfoque principal de seu 
estudo (2006). 
Ou seja, a necessidade de controle público sobre a segurança privada em 
vista dos riscos potenciais que esses serviços representam para os direitos civis e 
para a ordem democrática, foi apontada por quase todos os autores brasileiros que 
escreveram sobre o tema. 
Um dos aspectos que tem caracterizado a relação do Estado com as 
organizações de segurança privada nos últimos anos é o elevado crescimento do 
36 
 
policiamento privado nas estáveis democracias industrializadas segundo Kasznar 
(2009). Combinado com o aumento da criminalidade, o incremento do serviço de 
segurança privada pode vir a auxiliar as forças de segurança pública na efetividade 
dos serviços destinados a manter a ordem social. 
Dessa forma, o levantamento e revisão dos modelos legais de segurança 
privada permitem identificar duas dimensões importantes para a compreensão da 
dinâmica de funcionamento das organizações que atuam nesse setor: a 
competência fiscalizadora e a competência gestora. As diferenças relativas a 
essas competências estão vinculadas às unidades públicas que exercem direitos de 
autorização e de fiscalização dos serviços relativamente às pessoas de ordem física 
e/ou jurídica que podem executá-las. 
Constata-se que, em alguns países, os serviços de segurança privada são 
exercidos por pessoas físicas e por pessoas jurídicas. No Brasil, as atividades de 
segurança privada somente podem ser exercidas por pessoas jurídicas. Assim, são 
duas as formas de gerir esses serviços: o modo orgânico e o modo especializado 
(NUNES, 1996). 
A segurança orgânica refere-se ao modelo de gestão em que as atividades de 
proteção patrimonial são exercidas pela própria organização, sendo a ela vedado, 
por lei, ofertá-las a terceiros. A segurança especializada diz respeito àquelas 
organizações que, autorizadas por lei, exercem atividades restritas de segurança 
privada, vendendo seus serviços a outras organizações (BRASIL, 1995). 
O sistema legal de segurança privada vigente é então referência para as 
opções de gestão a serem conduzidas pela organização: assumir os serviços de 
segurança ou terceirizá-los por intermédio de uma empresa legalizada. 
4.2 Órgãos de controle 
É dever do Departamento da Polícia Federal autorizar, controlar e fiscalizar o 
funcionamento das empresas de vigilância e transporte de valores. Diante disso, a 
estrutura do Departamento de Polícia Federal (DPF) foi dividida em órgãos para que 
fosse desenvolvido esse trabalho de forma mais eficiente, segundo entendimento de 
Silva (2009, p. 9). Observa-se: 
1) CCASP — Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança 
Privada. É um órgão colegiado de natureza deliberativa e consultiva, 
presidido pelo DIREX (Diretor Executivo) do DPF, também é composta 
por representantes de entidades de classes patronal e laboral que 
37 
 
atuam na área, bem como, por representantes de órgãos públicos 
exercentes de atividades afins; 
2) CGCSP — Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada. É 
uma coordenação geral vinculada à DIREX (Diretoria Executiva) do DPF 
e tem como responsabilidade a regulação, controle, coordenação e 
fiscalização das atividades de segurança privada, assim como pelo 
acompanhamento dos serviços a cargo das DELESP e das CV; 
3) DELESP — Delegacias de Controle de Segurança Privada. São 
unidades pertencentes ás Superintendências de Polícia Federal nos 
Estados e no Distrito Federal, que possuem a responsabilidade de 
fiscalizar e controlar os serviços de segurança privada nas áreas de 
suas circunscrições; 
4) CV — Comissões de Vistorias. São unidades pertencentes às 
Delegacias de Polícia Federal descentralizadas e têm como 
responsabilidade a fiscalização e controle das atividades no âmbito de 
suas circunscrições. Devem ser compostas por no mínimo 3 (três) 
membros titulares e suplentes. 
4.3 Infrações e penalidades 
Segundo Silva (2009, p. 31), quando for constatada alguma irregularidade na 
atividade desenvolvida por empresa especializada, com serviço orgânico ou 
instituição financeira, serão tomadas algumas providências que visam sanar tais 
infrações, entre elas destacam-se. 
1) Lavratura do Auto de Constatação de Infração — ACI, a ser realizado 
pela DELESP ou CV, notificando a empresa para apresentar defesa 
escrita no prazo de 10 (dez) dias; 
2) Durante a lavratura do ACI, devem ser citados todos os fatos, para que 
a empresa tenha a possibilidade de conhecer a irregularidade cometida; 
3) Com o objetivo de melhor caracterizar a infração, o órgão responsável 
pela fiscalização poderá arrecadar os materiais utilizados, podem ser 
estes, armas, munições e coletes à prova de balas, como também, tirar 
fotografias, tomar depoimentos de vigilantes ou testemunhas, bem 
como, outras diligências que forem necessárias; 
4) Se for apresentada ou não a defesa, a DELESP ou CV analisará o 
procedimento e emitirá parecer, no qual proporá a aplicação de 
penalidade ou arquivamento do processo, em seguida os autos serão 
encaminhados a CGCSP. (SILVA, 2009, p. 31). 
As penas aplicáveis às empresas especializadas de segurança privada ou 
que possuem serviço orgânico de segurança, conforme a gravidade da infração e 
considerando-se a reincidência e condição econômica, conforme se extrai dos 
artigos 7º e 23 da Lei nº 7.102/83, e 120 e 121 da Portaria DG/DPF nº 387/06, são 
as seguintes: advertência, multa de 500 (quinhentos) a 5.000 (cinco mil) UFIR; 
proibição temporária de funcionar e cancelamento de autorização para funcionar 
(SILVA, 2009, p. 31). 
A pena de advertência aplica-se às empresas de segurança privada, mas a 
legislação descreve apenas alguns casos como exemplo de infração, quando estas 
38 
 
realizarem qualquer das seguintes condutas: deixar de fornecer aos vigilantes 
componentes do uniforme ou cobrar pelo seu fornecimento, retiver certificado de 
conclusão de curso ou CNV do vigilante, deixar de providenciar a renovação do 
certificado de segurança e deixar de providenciar a renovação do Certificado de 
Vistoria. 
A seguir, analisam-se alguns casos de aplicabilidade dessas penas, segundo 
o entendimento de Silva (1996, p.33): 
A pena de multa aplica-se as supracitadas empresas, descritos apenas 
alguns casos em caráter

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