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Ciclo Vital da Família Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar Perspectiva desenvolvimentalista da família é influenciada: Noção desenvolvimento individual Dependência indivíduo-meio envolvente Transformações no indivíduo e na família ao longo da sua existência Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar Ciclo Vital – conceito-chave desta abordagem Esquema de classificação em etapas que demarcam uma sequência previsível de mudanças na organização familiar ao longo do tempo Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar Critérios de diferenciação de etapas: Aparecimento/saída de elementos Adopção de novas tarefas de desenvolvimento a realizar Posicionamento dos filhos na família. Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar Conceptualização do ciclo vital é feita tendo como referência, a família nuclear de classe média, na sociedade ocidental Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar O conhecimento do estádio do ciclo vital permite: Identificação das tarefas e funções dos sub-sistemas Identificação dos modelos de comunicação Identificação potencialidades e dificuldades da família Facilitação do levantamento de hipóteses e planeamento da intervenção Pertinência da conceptualização do desenvolvimento familiar Etapas do ciclo vital: Formação do casal Família com filhos pequenos Família com filhos na escola Família com filhos adolescentes Família com filhos adultos 1ª Etapa – Formação do Casal “A família não nasce do nada, para se formar, transforma em património comum o que é pertença de dois... com base na negociação e renegociação” (Relvas,1996b, p.33) 1ª Etapa – Formação do Casal Na formação sub-sistema conjugal é necessário: Definição do modelo conjugal Desenvolvimento de uma comunicação funcional Clarificação das suas fronteiras 1ª Etapa – Formação do Casal Definição modelo conjugal Constituição do casal: Eu, tu e nós Equilíbrio: individualidade/conjugalidade 1ª Etapa – Formação do Casal Desenvolvimento de uma comunicação funcional Complementaridade comunicacional: baseia-se nas diferenças entre os comportamentos dos comunicantes traduzidos, respectivamente, na posição one down e na posição one up. Posição one down – posição inferior na qual um dos elementos da díade ajusta o seu comportamento ao do parceiro e reage à iniciativa/liderança deste. Posição one up - posição superior na qual um dos elementos da díade lidera e é responsável pela interacção face ao outro elemento. 1ª Etapa – Formação do Casal Desenvolvimento de uma comunicação funcional Simetria comunicacional: comportamento dos comunicantes baseia-se na não aceitação das diferenças. A metacomunicação como forma de resolução de conflitos 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Nascimento do 1º filho: Aparecimento de 2 novos sub-sistemas: Sub-sistema parental Sub-sistema filial “A conjugalidade não pode ser anulada, nem mesmo ocultada, pela parentalidade; tem que ser com ela articulada. Mas também sabemos que a parentalidade é, a todos os títulos, um parceiro muito exigente.” Alarcão (2000, p.131) 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Nascimento do 1º filho: Risco de perturbação da relação conjugal Ocasião de consolidação da relação conjugal 2ª Etapa – Família com filhos pequenos 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Vinculação/separação Dependência/autonomia 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Impossibilidade de dar atenção a duas pessoas simultaneamente, sendo natural ficarmos excluídos ou excluirmos um outro Contrastando com o movimento de fecho da etapa anterior – movimento centrípeto, com a chegada do novo elemento, a díade iniciará, progressivamente um movimento de abertura ao exterior – movimento centrífugo, o qual irá ter a sua máxima expressão na etapa da família com filhos adolescentes 2ª Etapa – Família com filhos pequenos O apoio dos avós - um apoio cheio de potencialidades e riscos 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Existência de fronteiras definidas entre o sub- sistema parental e o sub-sistema dos avós Alargamento geracional não produza triângulos perversos Recurso rede de apoio alargada 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Definição modelo de parentalidade Organização esquema transacional 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Papel dos pais está marcado pela posição de complementaridade one-up: a autoridade parental deve assentar em limites e regras claramente definidos 2ª Etapa – Família com filhos pequenos Nascimento do 2º filho: Aparecimento do sub-sistema fraternal Sub-sistema fraternal primeiro grupo de iguais que o ser humano conhece (Minuchin, 1979; citado por Relvas, 1996b) 2ª Etapa – Família com filhos pequenos 3ª Etapa – Família com filhos na escola “ Para a família, a entrada na escola primária constitui o primeiro grande teste ao cumprimento da sua função externa e, através dela, da sua função interna.” Alarcão (2000, p.152) função externa - socialização, adaptação e integração dos elementos da família na cultura vigente função interna - prestação de cuidados relativos às necessidades físicas e afectivas de cada um dos elementos da família 3ª Etapa – Família com filhos na escola Na relação escola/família: família detém uma posição one down simetria comunicacional é rara 3ª Etapa – Família com filhos na escola Na relação escola/família: criança desempenha um duplo papel criança no centro de conflito de lealdades 3ª Etapa – Família com filhos na escola Professores - constituem sistema executivo onde as relações são verticais Grupo de pares – constitui sub-sistema onde as relações são horizontais 3ª Etapa – Família com filhos na escola Escola permite: Aquisição de conhecimentos Aquisição de novos modelos relacionais Apropriação identidade própria 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Etapa do ciclo vital em que a família alcança uma maior abertura face ao exterior, resultando: Aumento das relações inter-sistémicas Confronto com diferentes valores, normas e comportamentos 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Tarefas básicas desta etapa: a separação e a autonomia tanto para os pais como para os filhos adolescentes 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Repercução de mudanças a vários níveis: Comportamental Cognitivo Afectivo 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Papel dos pais - manutenção de relações verticais entre os sub-sistemas parental e filial Componente de regulação do poder : Pais temem perdê-lo Filhos querem conquistá-lo 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Poder dos pais - imposição dos limites ao exercício do poder dos adolescentes Poder do adolescente - possibilidade de experimentação de diversos papéis, afirmação de novas competências, detenção de uma clara posição negocial 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Receitas mágicas na negociação das regras familiares: Não ter medo de perder o amor do outro Saber ser flexível e coerente Metacomunicar sobre as dificuldades e a relação, sobre as inseguranças de uns e outros, valorizar os aspectos positivos de cada um Não depender de relações exclusivas Procurar soluções criativas Alarcão (2000) 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Dificuldades mais comuns no processo de separação e autonomia do adolescente face ao sistema parental: Adolescente pode ser pouco explícito nas suas solicitações de dependência e de autonomia Existência de filhos não adolescentes Qualidade do processo de separação – autonomia dos pais Dificuldades da díade conjugal no seu processo de reorganização. 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Grupo de pares - grupo de suporte na contenção de angústias, na experimentação e vivência de diferentes papéis e afectos, no desenvolvimento de atitudes, valores e ideias 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Funções grupo de pares : Facilitara separação relativamente à família Fomentar um certo grau de conformismo social Favorecer um auto-conceito positivo Birren e Col (1981), citado por Relvas, (1996b), 4ª etapa – Família com filhos adolescentes Escola permite : Diversidade relacional Aquisição de novos saberes 5ª etapa – Família com filhos adultos Característica fundamental desta etapa: transformação das famílias actuais em famílias multigeracionais 5ª etapa – Família com filhos adultos Tarefas básicas desta etapa : Facilitar a saída dos filhos de casa Renegociar a relação do casal Aprender a lidar com o envelhecimento 5ª etapa – Família com filhos adultos “A dificuldade das relações pais/filhos nesta etapa situa-se, sobretudo, no difícil equilíbrio entre as aproximações e os afastamentos, as solicitações (directas ou indirectas) de apoio e conselhos e a recusa dos mesmos, o aconchego emocional e a necessidade de independência afectiva” Alarcão (2000, p. 189) 5ª etapa – Família com filhos adultos Na reorganização do casal é necessário: Reforçar individualidade de cada um dos elementos Reforçar redes sociais de apoio The end of a never ending story Genograma 58 1950 83 75 67 38 41 40 43 40 6 7 11 6 ? 75 85 ? 61 63 1948 0 71 39 38 34 36 38 7 30 0 Pedro 4 Miguel Marta Alexandra João Diogo Rita Luisa Martin Gastão Ema Vladimiro Carlos M. Anjos Raúl Clementina 1950 Ermelinda Flora 1962 Armando Arnaldo Graciete Mário Miguel ? Miguel Eduardo João Miguel Manuel Madalena Vasco Teresa Manuela 9 79 Diná 2 69 1955 Ciclo Individual na família e o desenvolvimento psicossocial Ciclo de Vida Individual Erik Erikson, autor da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial. Princípio epigenético como fundamento Energia ativadora do comportamento é de natureza biopsicossocial. Ciclo de Vida Individual Erik elencou 8 estágios onde ocorrem crises ou conflitos; Desfechos positivos: equilibrio mental e melhor relacionamento social Desfechos negativos: sentimentos de ansiedade, fracasso, mas que poderão ser enfrentados em fases mais a frente Ciclo de Vida Individual 1º Estágio – Confiança x Desconfiança Básica Ocorre durante 0 a 18 meses; Atençao voltada para aquele que provê o seu conforto, satisfaz necessidades e ansiedades (mãe) força que nasce nesta etapa é a esperança; Desfecho Positivo: A mãe corresponde, e ele vai criar o seu primeiro e bom conceito de si e do mundo; Desfecho Negativo: Sentimento de medo e de que o mundo não corresponde às suas necessidades. 2º Estágio – Autonomia x Vergonha e Dúvida Ocorre aproximadamente durante 18º. Mês de vida até os 3 anos de idade; Força desse estádio: vontade; Desfecho Positivo: Discernimento, isso é a criança torna-se judiciosa, além de desenvolver a força de vontade; Desfecho Negativo: Quando a punição vence a compaixão. Criança sente dúvida de si mesmo Ciclo de Vida Individual 3º Estágio – Iniciativa x Culpa o Ocorre entre os 3 aos 6 anos; como dos estágios o Determinação combinação anteriores. Apuração da capacidade de planejamento e realização Força desse estágio: o propósito; Desfecho Positivo: formação do senso de responsabilidade. Desfecho Negativo: exagero na fantasia; afastar-se cada vez mais do contato consigo mesmo. Ciclo de Vida Individual 4º Estágio – Diligência (empenho) x Inferioridade Ocorre entre os 7 aos 11 anos; Aprende o que é valorizado no mundo adulto o Força desse estádio: a competência; Desfecho Positivo: a socialização, desenvolvimento de habilidades Desfecho Negativo: prejuízo das relações sociais da criança; inércia, sentimento de inferioridade por repetidas falhas. Ciclo de Vida Individual 5º Estágio – Identidade x confusão de identidade Marca o período da adolescência; Ocorre aproximadamente entre os 12 aos 18/20 anos; Múltiplas crises são necessárias Força desse estádio: lealdade/ fidelidade/ segurança Desfecho Positivo: a socialização, desenvolvimento de uma identidade estável Desfecho Negativo: o fanatismo, incertezas quanto ao futuro. Ciclo de Vida Individual 6º Estágio – Intimidade x isolamento ocorre entre os 20 e os 35 anos, aproximadamente; construção de relações profundas e duradouras Força desse estádio: amor/ afiliação. Desfecho Positivo: “encontrar-se” Desfecho Negativo: o elitismo, promiscuidade 7º Estágio – Generatividade x Estagnação Ocorre aproximadamente entre os 35 e 60 anos; Força desse estádio: o cuidado Necessidade inerente do ser humano de transmitir Desfecho Positivo: transmissão de valores e ensinamentos; Desfecho Negativo: o autoritarismo. Ciclo de Vida Individual 8º Estágio – Integridade x Desesperança a partir dos 60 anos; Força desse estádio: a sabedoria. Desfecho Positivo: Satisfação, sentimento de integridade e dignidade Desfecho Negativo: Desespero, medo da morte. Ciclo de Vida Individual Bibliografia o o o o o o GUSSO, Gustavo D. F., LOPES, Jose M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – Princípios, Formação e Pratica. Porto Alegre: ARTMED, 2012, 2222p. McWHINNEY, Ian R. Manual de Medicina de Família e Comunidade. Porto Alegre: ARTMED, 2010, 471p. CARTER, B.; McGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar – uma estrutura para a terapia familiar. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. WAGNER, A. B. P. et al. Trabalhando com famílias em saúde da família. Revista Médica do Paraná, Curitiba, v. 57, n. 1/2, p. 40-6, jan./dez.1999. WALTERS, I. P.R.A.C.T.I.C.E.: Ferramenta de acesso à família. In: WILSON, L. Trabalhando com famílias: livro de trabalho para residentes. Curitiba: SMS, 1996. p. 46-7. ERIKSON, E. H. e ERIKSON, J. O ciclo da vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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