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Desafios de Comunicação Sobre a facilitadora: Renata Schiavone é CLO e Cofounder da Trillio Academy, publicitária, especialista em aprendi- zagem de adultos e na criação de soluções para o desenvolvimento de competências socioemo- cionais. Antes de se desafiar como empreen- dedora, impactou a vida de milhares de jovens quando esteve por 5 anos na Apple liderando o Prêmio Apple de Criatividade Digital. Contri- buiu para a implementação de soluções de desenvolvimento em grandes empresas nacionais e globais, atuando como Consultora Educacional na Afferolab por 5 anos e como Head de Educação no Veduca por 4 anos Índice 1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 1.1. O que você verá neste Ebook ........................................................................3 2. O QUE É COMUNICAÇÃO, DE FATO? ....................................... 5 2.1. Falta de Comunicação entre Equipes .......................................................5 2.2. O que é Comunicação? ...................................................................................6 3. UH! O QUE FAZ ESSE BOTÃO? ................................................... 8 3.1. Descompassos Tecnológicos ........................................................................8 3.2. Eras da Comunicação (Canal) ......................................................................10 4. HÃ?! O QUE QUE CÊ FALOU? ........................................................... 12 4.1. Ruídos na Comunicação .................................................................................12 4.2. O Sistema de Comunicação (Ruídos e Mediações) ...........................13 5. EU NÃO FALEI NADA! .................................................................... 15 5.1. Excesso/Falta de Informações ......................................................................15 5.2. Princípio da Cooperação (Mensagem) ....................................................18 6. VOCÊ ACHA QUE TÁ FALANDO COM SEUS AMIGUINHOS? ............................................................... 19 6.1. Linguagem Inadequada ao Público ..........................................................19 6.2. Códigos e Preconceito Linguístico (Código) .........................................21 7. REVISÃO ............................................................................................ 23 7.1. Onde Chegamos e Como Seguir .................................................................23 8. MATERIAL COMPLEMENTAR ...................................................... 24 8.1. O Sistema de Comunicação ..........................................................................24 22 1.1. O que você verá neste Ebook Não tem jeito! Para tudo que você for fazer na empresa e fora dela, a comunicação é um fator determinante! É por meio dela que a gente organiza uma equipe, distribui tarefas, alimenta boas relações e toma decisões importantes. Não à toa que é um desafio tão grande e importante, ao longo de todo o dia nós não paramos de nos comunicar - até aquela carranca de quem não quer conversa comunica muito, não é mesmo?! Se você já se encontrou em sufocos como não saber o que dizer, sentir que não te entendiam direito, ter dificuldade de gerir pessoas, dificuldade em dar notícias e fazer pedidos, dificuldade de se expressar… Esse e-book é para você! Nessa primeira temporada, apresentaremos 5 situações desafiadoras no ambiente de trabalho que podem ser resolvidas por meio de uma comunicação mais atenta e eficaz! Comentaremos essas situações na prática e, em seguida, falaremos um pouco sobre o porquê cada uma delas acontece e quais são as ferramentas e estra- tégias que a comunicação nos oferece para evitá-las e solucioná-las. 1. Introdução 3 Antes de começarmos, reflita sobre sua comunicação! Será que você tem se dedicado mais ao seu trabalho de fala do que ao de escuta? Quanto da sua comunicação leva em consideração as necessidades dos outros? E as suas? É uma comunicação que valoriza cada indivíduo ou que preza demais pela produtividade, pela economia de tempo e de palavras? Que tipo de comunicador você tem sido até esse momento e o que você gostaria de mudar sobre isso? 4 5 2.1. Falta de Comunicação entre Equipes Sabe aquele projeto que está desmembrado porque as equipes não coordenam as entregas de cada uma? Essa é a clássica falta de comunicação, quem nunca passou por isso? Situações como essa acontecem quando de fato não há comunicação entre equipes, ou essa comunicação é insuficiente. Uma vez que tenha acontecido, não tem como voltar atrás, esse é o tipo de mal-entendido que gera conse- quências bem concretas - o atraso de uma entrega ou entregas que não conversam muito bem entre si… O jeito aqui é trabalhar rápido para compensar o prejuízo! Existem algumas estratégias que ajudam: é importante que você não deixe bater o desespero! Você precisa consertar tudo rápido, mas imagine movimentar todo seu pessoal para consertar algo e no fim das contas perceber mais erros derivados da falta de comunicação? É importante apontar para toda a equipe todos os erros antes de enviá-los à nova produção. Lembre-se de que o problema foi justamente a falta de comunicação entre eles, então alinhe de forma precisa e objetiva o que espera de cada um, qual o fluxo de trabalho que devem seguir e os prazos que devem ser respeitados. Não se esqueça de combinar momentos de acompanhamento para que, caso ocorra um erro, você perceba logo e ele não se torne tão crítico. Talvez em dias normais você e sua equipe façam reuniões semanais, mas aqui pode ser importante fazê-las diariamente ou até no começo de cada turno. Mantenha os follow-ups breves e objetivos, mas não os faça com pressa. É como diz aquele ditado: a pressa é inimiga da comunicação. 2. O que é Comunicação, de fato? 5 6 2.2. O que é Comunicação? Comunicação e comunhão não são duas palavras que se parecem à toa. A origem da comunicação está justamente nos momentos de comunhão, quando pessoas de uma comunidade se reuniam para fazer as refeições e, nesse processo, atualizavam todos sobre o que vinha acontecendo. Sim, a origem da comunicação é nada mais do que um almoço de família cheio de fofocas! Brincadeiras à parte, esse olhar sobre a comunicação nos ajuda a entender a importância da sua prática. Os momentos de comunhão eram os momentos em que alguém podia avisar um perigo, pedir ajuda, anunciar uma novidade empolgante ou iniciar um importante debate político. As decisões eram feitas à mesa. Esse compartilhamento é muito valioso porque a comunicação é um processo rizomático - ele não acontece em apenas uma direção e sentido, mas em várias direções, em vários sentidos, com várias pessoas envolvidas. Você com certeza já ouviu falar desse clássico modelo de comunicação: 6 Ele é uma simplificação bem útil para estudarmos a comunicação enquanto um fenômeno, mas na prática, o modelo mais correto seria algo como: Cada processo de comunicação dá início a um novo processo, envolvendo novas pessoas, novos canais, adaptações na mensagem, diferentes interpretações… Veja esse exemplo: a Diretora de uma agência de comunicação chama uma dupla de Redator e Designer para uma conversa. A Diretora, no papel de emissora, dá uma mensagem só para os dois, que são receptores. Ao sair dali, o Redator vai tomar um café com uma amiga do RH e reclama que tomou uma “espinafrada” - ele se torna emissor e adapta a mensagem a partir dos senti- mentos dele, dizendo que foi uma bronca. Já a Designer, manda um áudio pro marido no whatsapp dizendo que recebeu um feedback superbacana da Diretora e que está empolgada para aplicá-lo nas próximas produções - ela se torna emissora também, usa um novo canal de comunicação e atualiza a mensagem a partir dos seus sentimentos. Isso acontece ad infinitum no ambiente de trabalho, por isso que é tão importante momentos de comunhão, os famosos follow-ups(acompanhamentos). Desde que receberam suas tarefas, cada equipe teve inúmeras interações comunicacionais, atualizando mensagens, misturando canais, revezando os papéis de emissor e receptor como necessário. No fim, estão bem distantes do que foi conversado na última comunhão, no último follow up, percebe? Ao longo dos próximos blocos vamos continuar dando uma olhada nesse modelo, completando-o e percebendo a partir dele oportunidades para melhorarmos nossa comunicação. 7 3. Uh! O Que Faz Esse Botão? 3.1. Descompassos Tecnológicos Imagine a seguinte situação: Rafa (enviando um áudio por whatsapp): Oi, chefinha, só pra te avisar que já te mandei o e-mail com o último relatório aí é só você… (a gravação de áudio é interrom- pida pelo toque de ligação) Ah, não acredito que ela tá me ligando! Quem que faz ligação em pleno século XXI?! Ela não entende nada das tecnologias! Oi, Renata, tava agora te mandando mensagem pra avisar que enviei o relatório… Ah, apresentar ele? Agora no zoom? Pode deixar. Ai, deixa eu entrar aqui… Olha, gente, eu tô dando play aqui no gráfico animado que eu fiz, cês não tão vendo? Ai, ai, ai, não sei o que tá acontecendo! Era pra tá aparecendo pra vocês… Maldita tecnologia! 8 É… As tecnologias passam de aliadas a inimigas em uma questão de segundos, não é mesmo? Ou melhor, em uma questão de quem e para quê está usando… A gente adora dizer que a dificuldade com tecnologia é uma questão de idade... Que as pessoas mais jovens sabem tudo e que só quem é velho não entende… Mas isso não é verdade! Mais do que idade, o que determina se a gente vai usar bem ou não uma tecnologia são as oportunidades que temos de aprender a usá-la e de fazê-lo com frequência. O que pode facilitar isso entre seus colaboradores são acordos objetivos sobre o uso de cada tecnologia. Quando será usado o Whatsapp e quando a comunicação deve ser via e-mail? Ligações são bem-vindas até que horário? Qual a plataforma oficial para fazer reuniões remotas? Esses acordos bem combinados e respeitados vão ajudar a comunicação a fluir com menos entraves - tanto da parte tecnológica quanto na parte da recepção. As comunicações feitas nesses termos vai sofrer menos resistência - afinal, o combinado não sai caro! Isso também vai gerar uma frequência de uso dessas ferramentas. Se as reuniões remotas serão sempre pelo Google Meet, isso significa que na hora de fazer uma reunião externa seus colaboradores já estarão acostumados com essa plataforma e vão passar menos “perrengue”! E é claro, se perceber alguma resistência maior por parte de alguém - seja uma dificuldade ou uma rejeição mesmo ao uso, trate individualmente. Pode ser que essa pessoa precise de ajuda para desvendar a tecnologia em questão ou que conheça alguma alternativa realmente mais interessante para as necessidades do time. Escute essa pessoa e veja o que pode ser feito a respeito. 9 3.2. Eras da Comunicação (Canal) Você sabia que a máquina de escrever foi criada por um brasileiro? Foi o padre paraibano Francisco João de Azevedo que primeiro construiu uma pesada máquina de madeira, usando apenas um canivete e uma lixa, que era capaz de registrar sermões e discursos em instantes. Ele apresentou a invenção em uma feira no Rio de Janeiro no século XIX, mas as pessoas não entendiam muito bem a utilidade daquela máquina pesada (dizem que mais parecia um piano). Seis anos depois, a máquina de escrever foi lançada nos Estados Unidos como uma grande invenção americana. Você consegue imaginar uma época em que uma máquina como o computador em que você escreve fosse considerada inútil? Sim, é isso mesmo que você leu - inútil! Pe. Francisco João de Azevedo 10 11 A gente tende a achar que tudo evolui para “frente”, num sentido linear e cronoló- gico, sempre melhorando e apagando o passado… Mas as coisas não são bem assim. Inovações só são consideradas importantes quando há necessidade e elas passam a ser implementadas ao cotidiano e não apagam, de forma alguma, a história que nos levou até elas. Pense no vinil, na pochete, no forno e até no papel - são tecnologias consideradas ultrapassadas mas que ainda são importantes para nós. No caso da comunicação também é assim. A forma como nos comunicamos mudou muito ao longo dos anos constituindo o que teóricos chamam de Eras da Comunicação, mas cada uma delas nunca acabou com a chegada da Era seguinte. Ainda nos comunicamos pela oralidade e pela escrita mecânica mesmo que tenhamos à disposição uma montanha de informação digital na internet… O Whatsapp é um ótimo exemplo disso: ele é um serviço de mensagens escritas, mas também é digital, transmite áudios e permite que nos falemos com os outros por meio de vídeos. Tudo isso surgiu em diferentes momentos da história e segue existindo com adaptações. Nenhuma tecnologia de comunicação apaga outra - elas apenas se reorga- nizam sempre que alguma grande invenção aparece. Cartas não morreram por causa dos e-mails - elas assumiram outra importância, são agora demonstrações especiais de carinho ou importantes informativos de bancos e companhias. Com a telefonia e os SMS, e-mails passaram a ser uma interessante forma de manter um registro das nossas comunicações, ao invés de um meio casual para conversar. A internet, por sua vez, colocou as mensagens de celular quase que exclusiva- mente como alertas das nossas companhias telefônicas ao permitir o uso de serviços de mensagens instantâneas gratuitas com o Whatsapp e o Telegram. É tudo uma questão de reorganização e tem espaço para todas elas! Pensar nisso ajuda a gente a evitar julgamentos sobre o uso de tecnologias de comunicação como achar que alguém não as utiliza bem por causa de sua idade ou inteligência. É tudo uma questão de combinados e aprendizados - reorganizar a comunicação! 11 4. Hã?! O Que Que Cê Falou? 4.1. Ruídos na Comunicação No nosso dia a dia, temos o péssimo hábito de nos comunicar com os outros sem prestar atenção completamente. Falamos com os outros enquanto mandamos e-mail, assinamos contratos e resol- vemos aquele erro na planilha do Excel. Todos esses estímulos roubando a nossa atenção são o que chamamos de “ruídos na comunicação” e eles podem ser minimizados com duas atitudes: uma antes da comunicação e uma ao final. Antes de começar qualquer conversa, verifique se é um bom momento para isso. Peça licença e pergunte se é um bom momento para a pessoa te ouvir. Às vezes estamos tão ansiosos para falar alguma coisa que nem percebemos que a outra pessoa ainda não começou a nos ouvir, mesmo quando o papo já está no final. Mesmo se for algo urgente, verificar a atenção da pessoa prepara uma escuta bem mais atenta que vai agilizar qualquer coisa que você precise dela. Além de evitar que a sua mensagem se torne ruído em qualquer outro processo em que a pessoa esteja envolvida. 12 Tendo garantido a atenção da pessoa completamente em você, fale tudo de que precisa, escute o que a outra pessoa tem a dizer e, ao final, confirme o resultado da conversa de forma objetiva e com bastante nitidez. Terminar a conversa conferindo que ficaram todos “na mesma página” é garantir que a comunicação tenha cumprido sua função de tornar uma mensagem comum a todos os envolvidos e ter uma oportunidade de eliminar quaisquer ruídos que possam ter invadido a conversa sem percebermos! 4.2. O Sistema de Comunicação (Ruídos e Mediações) Pense em uma pessoa bem bonita. Uma pessoa que te atrai muito, a pessoa mais bonita do mundo. Pensou? Agora pense em todas as pessoas que estão lendo esse ebook - você acha que todo mundo pensou na mesma pessoa que você? Esse exemplo simples é para ajudar a entender que existe uma diferença impor- tante entre ruídos na comunicação e o que a gente chama de mediação. Rafael Zulu Gisele Bündchen George Clooney Thaís Araújo Richard Gere Penélope Cruz 13 Todos que leem esse ebook pensaram na pessoa mais bonita do mundo - a mais bonita, então só pode ser uma. Mas por quecada um pensou em uma pessoa diferente? É óbvio... Cada um tem seu gosto, sua história, sua bagagem cultural. São questões que fazem com que a interpretação da mensagem seja diferente para cada um. Existem momentos em que ruídos, alheios ao nosso controle, atrapalham nossa mensagem. Mas existem também, momentos em que são essas diferenças subjetivas entre quem fala e quem escuta que geram um entendimento diferente do que gostaríamos. Isso é bem importante! É um fenômeno chamado mediação, que permitiu que as Teorias da Comunicação focassem no receptor da mensagem, levando em consideração a história dessa pessoa e o contexto em que ela recebe a mensagem - deixando bem claro que uma boa comunicação tem foco também em quem escuta (e como escuta), não só em quem fala. O processo de comunicação então, não vai ser como entregar uma bala mágica ao receptor que, ao consu- mi-la, simplesmente muda sua opinião na direção da nossa intenção. Ao contrário, ele vai sofrer interpretações complexas que levarão pessoas diferentes a interpretações e reações diferentes, únicas. Outro exemplo que ajuda bastante a entender isso são gírias e jargões. Pessoas de idades e regiões diferentes podem ter dificuldade de se entender quando usam gírias ou expressões regionais, assim como nem sempre entendemos o que alguém de outra área profissional fala. Pense, quando você vai a um consultório médico ou precisa de ajuda do pessoal da T.I. - você entende de primeira tudo que é dito? Isso ressalta ainda mais a importância de confirmar o que foi conversado ao final de um processo de comuni- cação e fazê-lo sem ambiguidades, ou seja, usando do sentido literal das palavras, de uma linguagem mais amplamente acessível, simples. Explicar termos técnicos também faz parte dessa confirmação! Ruídos, então, serão aspectos externos ao processo de comunicação: uma conversa paralela, uma desatenção, a televisão ligada… Isso você pode minimizar. Já as mediações, vem da história pessoal de todos e, por isso, não podem ser apagadas. Ao contrário, se perceber que um mal-entendido aconteceu por um problema de mediação, da outra pessoa ter interpretado o que você disse de uma forma diferente, tente, ao invés de se irritar, perguntar como ela chegou naquele entendimento para, assim, alinharem ainda mais a comunicação de vocês para experiências futuras. 14 5. Eu Não Falei Nada! 5.1. Excesso/Falta de Informações Imagine a seguinte situação: Julia: Oi, bom dia! Tá aqui os documentos pra levar na xerox, viu? Tem que ir logo porque isso tem prazo, tá? Tanto faz se for colorido ou preto e branco, mas vai naquela xerox que tem o letreiro laranjinha, porque na outra eu fui muito mal atendida da última vez que fui e as cópias vieram super borradas, as páginas fora de ordem… A laranjinha é um pouquinho mais cara, mas eles são mais rápidos, pessoal lá é simpático… Inclu- sive sabe o Jorge do RH? O dono da xerox lá é primo de terceiro grau dele, acredita? Manda um oi lá pra ele, por mim, viu? Obrigada! Tchau, tchau! Talvez você tenha tido a impressão de excesso de informação, pelo tanto que foi dito. Realmente existe um excesso de informações… E excesso não é simplesmente quantidade, é também qualidade… Tem muita informação ali que não é relevante… Quem é o dono da copia- dora, toda a saga com a copiadora concorrente… Vamos imaginar essa situação novamente, mas agora eliminando os excessos? 15 Julia: Oi, bom dia! Tá aqui os documentos pra levar na xerox, viu? Tem que ir logo porque isso tem prazo, tá? Tanto faz se for colorido ou preto e branco, mas vai naquela xerox que tem o letreiro laranjinha, que é um pouquinho mais cara, mas eles são mais rápidos, pessoal lá é simpático… Obrigada! Tchau, tchau! Melhorou? Você achou que essa comunicação foi mais eficiente que a anterior? Você achou que ela foi eficiente, de fato? Para ajudar a pensar nisso, responda algumas perguntas… O que é para ser feito com esses documentos? Levar na xerox, ok… Mas em qual? Na de logo laranja, certo… Mas… Para fazer o quê? Tirar cópias. Ah, a gente sabe que pode ser colorido ou preto e branco, mas não sabe a quantidade. Como que é para isso ser pago? A colaboradora deve trazer recibo para ser reembolsada depois? Ou deve pegar dinheiro na caixinha da empresa? Ou um cartão? A empresa tem conta nessa xerox? E quanto tempo ela tem para realizar essa tarefa? Tem que ser rápido… Mas rápido é até o fim do dia ou até o fim da semana? Ela deve largar tudo pra ir fazer essas cópias imediatamente? 16 17 Pois é… Mesmo no meio de um excesso de informa- ções, houve também uma falta. Isso porque nossa comunicação não é só quantitativa, mas também qualitativa! É importante cuidarmos para não falar demais, nem de menos… Muita informação irrelevante ao objetivo da comuni- cação pode acabar atrapalhando a recepção das importantes. Às vezes a gente se sente tão sobrecar- regado de informações que nem percebe de imediato a falta das cruciais - como a quantidade de cópias, no nosso exemplo. A mensagem na comunicação não pode ser nem excessiva, repleta de travas e floreios, nem estar em falta com os interlocutores - ela deve ser justa! 17 18 5.2. Princípio da Cooperação (Mensagem) Você percebeu que quando eliminamos o excesso de informações na situação anterior, nós tiramos o detalhamento da situação desagradável com a outra copiadora e toda a fofoca sobre o dono, mas deixamos a orientação da preferência por um estabelecimento com o motivo pra isso, né? Isso porque a comunicação tem aspectos quantitativos, qualitativos mas, também, afetivos. Às vezes, podemos acabar achando que uma comunicação objetiva é “curta e grossa” - mas isso faz a gente perder elementos que estabelecem a conexão entre os participantes. Existe um fator na comunicação chamado Princípio da Cooperação, que diz que inseridos em um diálogo devemos respeitar certas máximas que falam sobre a quantidade de informação que emitimos e a relação dessa informação com o objetivo da conversa. Esse princípio ainda ressalta dois pontos importantes para uma comunicação cooperativa: a qualidade da informação, ou seja, se ela é verdadeira, e o modo como a mensagem é emitida. O Grice, teórico que desenvolveu esse princípio, diz que o modo tem a ver com a construção da sintaxe e da semântica de uma mensagem - coisas como dizer as frases em ordem direta, evitar expressões de difícil compreensão e ambíguas, por exemplo. Lembre-se de que na hora de receber nossa mensagem o ouvinte concebe sua interpretação a partir de uma mediação que ele faz entre o que foi dito, sua história pessoal e seu entendi- mento subjetivo sobre o contexto da situação. Uma comunicação curta e, realmente, grossa, pode acabar gerando resistência no ouvinte, a quem se está fazendo um pedido. A pessoa pode interpretar a mensagem como árida, autoritária, e desenvolver uma antipatia pelo emissor dela, dificultando cooperações futuras. Trabalhar a comunicação no campo afetivo é buscar uma comunicação que forta- leça a sua credibilidade diante do seu público. E afetivo não tem a ver com abraços e beijos, não… É sobre o nosso potencial de afetar-nos uns aos outros. É sobre o potencial da nossa comunicação de impactar, transformar e redirecionar aqueles à nossa volta. Uma boa comunicação é feita disso! 18 6. Você Acha Que Tá Falando Com Seus Amiguinhos? 6.1. Linguagem Inadequada ao Público “Oiii, aqui é Marcelinha da Multisoluções, belezinha? Tô toda ####### com prazo, então por Jesus, Maria e a Xuxa, dá aquele help com um precinho bacana e eu preciso pra amanhã se não vai rolar várias ########## aqui na firma. Beijinho!” 19 A gente não precisa de muito para entender o absurdo da escrita desse e-mail, né? É claro que às vezes desenvolvemos relações mais coloquiais com as pessoas que trabalham com a gente, mas na hora de negociações, ainda mais aquelas via e-mail, que ficarão registradas, vale a pena tentar uma linguagem um pouco mais neutra. E falamos neutra,não formal, porque não é sobre você jogar um “por obséquio” lá no meio. Basta a linguagem ser simples e objetiva, com o foco na informação, no conteúdo, e não na relação entre os envolvidos - evitando, por exemplo apelidos, expressões, palavrões e informações que não são pertinentes ao objetivo da comunicação. Se for uma comunicação escrita, revise criteriosamente o que escreveu. Lembre-se do que vimos anterior- mente: tudo aqui é importante, tudo aqui é relevante e toda a informação necessária está aqui? Já na comuni- cação oral, a palavra de segurança é “cautela”. Construa intimidade para uma comunicação mais casual aos poucos e perceba bem o contexto em que a comuni- cação ocorre. É uma conversa de fato casual ou é sobre trabalho? Qual sua relação com a outra pessoa dentro e fora da empresa? Existem outras pessoas no recinto? Na dúvida, use a linguagem neutra. E se der uma “bola fora”? Não tenha medo de pedir desculpas e compro- meter-se a ter mais atenção à linguagem que usar no trabalho dali adiante. A comunicação é feita de acordos, esteja sempre com disposição para fazer a manutenção deles com as pessoas ao seu redor! Não é só porque se encaixa, que significa que está adequado 20 6.2. Códigos e Preconceito Linguístico (Código) Talvez ao começar esse ebook você tenha pensado que nele iria aprender a se comunicar “do jeito certo”, né? A verdade é que justamente por ser um fenômeno bastante complexo, a comunicação não pode ser feita a partir de uma “receita de bolo”. Ou até poderia… Se a cada bolo que fosse fazer, você se preocupasse com a quantidade de proteína na farinha; a temperatura do leite; o tamanho exato dos ovos e a relação entre clara e gema; o formato e volume do forno e a temperatura exata que ele alcança; além de pensar em quem vai comer o bolo e quais seus sabores favoritos; se vai tomar com chá ou com café… Enfim, uma infinitude de coisas! Pessoas são bem mais complexas que qualquer receita. Uma boa comunicação leva isso em consideração e, portanto, não tem como ter receitas… Isso se aplica ao processo de comunicação como um todo, incluindo a língua que a gente usa. Então, vamos tomar bastante cuidado para não confundir uma fala apropriada ao momento, ao ambiente e às pessoas envolvidas com “falar certo”. A língua, como todos os elementos de uma cultura, é fluida, viva, e se transforma com a socie- dade com o passar do tempo, sendo usada com inúmeras mediações baseadas na educação do indivíduo, no contexto socioeconômico de cada um, na idade e na região geográfica em que as pessoas estão inseridas. Lembre-se de que o foco da comunicação está na conexão entre as pessoas, na comunhão! Ao se deparar com uma variante da língua mais distante do que a gramática convenciona pergunte-se: esses desvios estão me impedindo de entender essa pessoa? Ou eu posso entendê-la independentemente disso? Preconceito linguístico é o termo utilizado para essa barreira que a gente cria quando não reconhece na fala do outro as regras que convencionam a gramática normativa da língua portuguesa. É uma barreira porque quando a gente fica corrigindo o que o outro diz, acaba prestando mais atenção no texto (as palavras que a pessoa usa) do que no discurso (o que a pessoa quer dizer). 21 Considere a frase “Ai, cê tá pisano nos meus pé!”. Ela desvia em vários elementos da gramática que prefe- riria a frase escrita assim “Ai! Você está pisando o meu pé!” Mas, diga… É inviável entender o que a pessoa diz na primeira forma da oração? Não, né? Ela está em dor e você pode aliviá-la ao mover o seu pé. Simples assim. O conjunto de palavras e regras que a gente usa para se comunicar se chama código linguístico e nisso está incluído a língua em todas as suas variantes. Não apenas seu uso convencionado gramaticalmente mas também suas variantes coloquiais (como quando alguém ignora ou subverte uma regra gramatical ou usa gírias) e regionais (o famoso sotaque com seus fonemas diferentes e palavras e expressões próprias de cada lugar). Em documentos e comunicações oficiais, você se manter mais próximo da convenção gramatical ajuda a garantir a compreensão por todos, mas se a variação acontecer em uma conversa informal, lembre-se de que como nos comunicamos é parte também da nossa identidade. Suprimir sotaques, gírias, coloquialismos e expressões, que não comprometam a compreensão ou o decoro, pode acabar por suprimir também a plurali- dade que enriquece o ambiente de trabalho. Com sensatez e discernimento é possível construir comunicações internas e externas respeitosas, compreensíveis e apropriadas sem perder o que há de especial em cada indivíduo envolvido no processo de comunicação. 22 7. Revisão 7.1. Onde Chegamos e Como Seguir Chegamos ao fim dessa 1ª Temporada de Desafios de Comunicação! Começamos este ebook falando sobre o que é comunicação, sua origem e sua importância e em seguida falamos das Eras da Comunicação, destacando o lugar das tecnologias como canais para a comunicação acontecer. Em seguida, discutimos a diferença entre os ruídos que incidem no sistema da comunicação e as mediações que ocorrem entre o receptor e a mensagem enviada. Discutimos o Princípio da Cooperação como uma forma de construir mensagens mais justas, sem excesso nem falta de informação, e vimos que contextos diferentes de comunicação permitirão o uso de diferentes variações do código. Tudo isso para que você, emissora ou emissor desse sistema, possa ter uma comunicação mais eficaz com as pessoas com quem trabalha. Passamos pelo sistema inteirinho... E seu aprendizado não precisa parar por aqui! Você pode prosseguir para a nossa 2ª Temporada onde nos dedicaremos a Desafios de Comunicação com Foco em Interações, na Comunicação Interpessoal. Além disso, temos também o curso Apresentações: falar melhor para ser ouvido melhor que aborda técnicas de apresentação - um desafio recorrente para muitas pessoas. Se for o seu caso, não deixe de fazê-lo! E para saber mais sobre como valorizar a individualidade e subjetividade no ambiente de trabalho, permitindo que a diversidade ajude a construir uma equipe unida e engajada, assista ao curso Diversidade e Viés Incons- ciente, disponível aqui na Trillio Academy. 23 8. Material Complementar Livro: “A Máquina de Madeira” de Miguel Sanches Neto Livro: “Culturas e Artes do Pós-humano: da Cultura das Mídias à Cibercultura” de Lucia Santaella Vídeo Emicida fala sobre Preconceito Linguístico: https://www.youtube.com/watch?v=QlhsiMWT-eQ 8.1. O Sistema de Comunicação Livros Código Ruídos Ruídos Ruídos Ruídos Ruídos Mediação Canal Canal 24 https://www.youtube.com/watch?v=QlhsiMWT-eQ 25 menu _GoBack 1. Introdução 1.1. O que você verá neste Ebook 2. O que é Comunicação, de fato? 2.1. Falta de Comunicação entre Equipes 2.2. O que é Comunicação? 3. Uh! O Que Faz Esse Botão? 3.1. Descompassos Tecnológicos 3.2. Eras da Comunicação (Canal) 4. Hã?! O Que Que Cê Falou? 4.1. Ruídos na Comunicação 4.2. O Sistema de Comunicação (Ruídos e Mediações) 5. Eu Não Falei Nada! 5.1. Excesso/Falta de Informações 5.2. Princípio da Cooperação (Mensagem) 6. Você Acha Que Tá Falando Com Seus Amiguinhos? 6.1. Linguagem Inadequada ao Público 6.2. Códigos e Preconceito Linguístico (Código) 7. Revisão 7.1. Onde Chegamos e Como Seguir 8. Material Complementar 8.1. O Sistema de Comunicação vai 7: menu 9: Página 2: Página 3: Página 7: Página 8: Página 9: Página 10: Página 12: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 20: Página 21: Página 22: Página 23: Página 24: volta 6: Página 2: Página 3: Página 7: Página 8: Página 9: Página 10: Página 12: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 20: Página 21: Página 22: Página 23: Página 24: vai 5: Página 2: Página 3: Página 7: Página 8: Página 9: Página 10: Página 12: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 20: Página21: Página 22: Página 23: Página 24: menu 10: Página 4: Página 19: volta 7: Página 4: Página 19: vai 6: Página 4: Página 19: menu 11: Página 5: volta 8: Página 5: vai 8: Página 5: menu 8: Página 6: Página 11: Página 17: Página 18: volta 4: Página 6: Página 11: Página 17: Página 18: vai 4: Página 6: Página 11: Página 17: Página 18: volta 5:
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