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COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS Profª. Esp. JULIANA SPADOTO 001 004 Aula 1: Comunicação e Socialização 014 Aula 2: Elementos da Comunicação 021 Aula 3: Variações Linguísticas 031 Aula 4: Coesão e Coerência 039 Aula 5: Comunicação Interpessoal 051 Aula 6: Redação Comercial 063 Aula 7: Comunicação no Atendimento 071 Aula 8: Oratória em Reuniões 082 Aula 9: Linguagem Corporal e Expressão Oral 093 Aula 10: Comunicação na Era Digital 104 Aula 11: O Novo Acordo Ortográfico 114 Aula 12: Inadequações entre Fala e Escrita 122 Aula 13: Homônimos e Parônimos 132 Aula 14: Ambiguidade e Redundância 137 Aula 15: Concordância Verbo-Nominal 144 Aula 16: Erros Comuns e Vícios de Linguagem 002 Introdução Olá, estimado(a) aluno(a)! Vamos iniciar a disciplina de Comunicação nas Empresas, e tenho certeza que você vai se surpreender com como é bom rever língua portuguesa, comunicação e gramática com outro olhar! Muitos graduandos se perguntam: “Por que tenho que estudar comunicação ou língua portuguesa se não serei professor ou profi ssional de línguas ou pedagogia?” Ora, é preciso ter consciência, como indivíduos que necessitam afi nar a comunicação para o sucesso tanto pessoal quanto acadêmico e pro- fi ssional, que a comunicação é o nosso cartão de visitas! O tratamento dado à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas diferentes formas de interagir. Já é sabido que as modalidades oral e escrita, formal e informal, são práticas inerentes à língua; elas se complementam e não andam sepa- radas. O jeito que você as usa é que dá status a cada uma delas, conferin- do-lhes poder de expressão e de convencimento em dada circunstância. Quanto à presente disciplina, vamos pensá-la em duas partes: primeiro, aulas mais conceituais para que você tenha uma base e referências sobre os estudos da linguagem. Falaremos de linguagem e sociedade, coesão e coerência, estilos formais e informais e variações linguísticas, além de um panorama sobre oratória, comunicação organizacional e interpessoal no ambiente de trabalho. A outra parte conterá aulas com assuntos gramaticais tais como o novo acordo ortográfi co, problemas de concordância,vícios de linguagem e erros comuns da língua portuguesa. Espero que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento para refl e- tir sobre o jeito como você se comunica e para se conscientizar da importância da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acumuladas ao longo do tempo. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente” Paulo Freire, educador, pedagogo e fi lósofo brasileiro Profª. Juliana Spadoto - julianaspadoto.ead@unimar.br 003 01 Comunicação e Socialização 004 “Quem não se comunica se trumbica” - Chacrinha, comunicador Ter uma boa comunicação escrita e falada certamente pode ampliar as oportunidades no mercado de trabalho. O que se observa muitas vezes é que o pro�ssional concentra esforços em somente entender o que os recrutadores esperam nas entrevistas e como eles devem se posicionar diante do gestor, mas se esquecem de que dominar o português demonstra que ele tem um nível básico de educação e que está preparado para se comunicar em situações diversas, sejam elas com seus colegas de trabalho, clientes ou fornecedores. Falar e escrever bem é importante tanto ao participar de um processo seletivo como para atuar ativamente bem no seu trabalho, a�nal, do que adianta ser um pro�ssional com grande experiência e boa formação se você não tiver uma comunicação clara, que transmita todo o seu conhecimento? Acredite: um português bem falado e bem escrito faz a diferença. Agora, estimado(a) aluno(a), pense nas seguintes questões: Por que o homem se comunica? O jeito que um grupo ou indivíduo se comunica tem a ver com o meio social em que vive? Comunicar-se é essencial para a vida ou é possível “existir” sem ter contato com a escrita, a fala e o contato social? Agora pense em sua casa, seu bairro, sua escola, sua turma. Esses certamente foram os primeiros meios sociais em que você viveu, e a comunicação foi o canal pelo qual sua cultura foi transmitida a você. Foi usando a linguagem, falando e ouvindo, escrevendo e lendo, que você aprendeu a ser membro de sociedade (DÍAZ BORDENAVE apud INFANTE, 1998), que adotou seu modo de pensar e de agir, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Não foram os professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com pais, irmãos e amigos, na rua, no ônibus, no jogo, no bar e na igreja que lhe transmitiu, ainda criança, as qualidades essenciais para viver em sociedade e ser cidadão. Utilizar bem a linguagem e a interpretação vai muito além do que apenas falar ou escrever: é fazer parte de grupos sociais, ascender pessoal e pro�ssionalmente, adquirir e compartilhar conhecimento. A comunicação confunde-se com nossa própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos 005 ou andamos. Somente percebemos sua importância quando, por um acidente ou doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. Você sabia que pessoas que foram impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou �caram perto da loucura? Díaz Bordenave (1986) traduz em exemplos do dia a dia a importância da linguagem e da comunicação em diferentes contextos: “Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um homem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora de deitar-se, no �m do dia. A quantidade de atos de comunicação é simplesmente inacreditável, desde o ‘bom dia’ à sua mulher, acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, a decodi�cação de número e cores do ônibus que o leva ao trabalho, o pagamento ao cobrador, a conversa com o companheiro de banco, os cumprimentos aos colegas no escritório, o trabalho com documentos, recibos, relatórios, as reuniões e entrevistas, a visita ao banco e as conversas com seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o almoço, a escolha do prato do menu, a conversa com os �lhos no jantar, o programinha de televisão, o diálogo amoroso com sua mulher antes de dormir, e o ato �nal de comunicação num dia cheio dela: ‘boa noite’.” (Díaz Bordenave, 1986) Assim, vale ressaltar a importância de estar atento ao modo como nos comunicamos em diferentes meios que convivemos. É fato que ninguém usa o mesmo linguajar, as mesmas palavras, postura e tom de voz quando conversa com os amigos em uma festa e quando trata com o patrão no ambiente de trabalho. São contextos díspares que exigem uma percepção e uma fala para cada um deles. Misturá-los é perigoso, causa uma impressão errada e pode até lhe retirar de algum meio de convívio social. 006 Leia o artigo: Disponível aqui No �lme “O Náufrago”, de Robert Zemeckis, Chuck Noland (Tom Hanks) �ca sozinho em uma ilha deserta depois de um desastre de avião. A certa altura da trama, ele “faz amizade” com uma bola de vôlei, à qual ele chama de Wilson – a marca da bola. À primeira impressão, o espectador pode achar que Chuck �cou louco por conversar e dedicar sentimentos a uma bola, mas o que se percebe é o contrário: ele sabe que �cará louco se não socializar com alguém na ilha. Logo, conversa com um objeto e a ele atribui características humanas para evitar ir à loucura enquanto está sozinho. Leia um artigo sobre as teorias da comunicação do �lme: Comunicação e Tecnologia Após a revolução industrial, no início do século XIX, houve a invenção de máquinas capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens, tais como a fotogra�a, o cinema, os meios de impressão grá�ca, o rádio, a TV, o computador e seus derivados, tablet, iphone, celulares, etc. Com um simples apertar de botões ou por meio de uma tela touch screen, as notícias nos chegam da mesma forma como nos chegam a água e a eletricidade. Atualmente, com o avanço da tecnologia, existe também a indústria 4.0, na qual a linguagem da comunicação é feita quase que totalmente entre as próprias máquinas, utilizando-se, inclusive, datecnologia da linguagem computacional denominada “Internet das coisas”, obviamente que necessitando de um ser humano para o seu desenvolvimento. Nesse contexto, “o mundo está no início de uma quarta revolução 007 https://www.sosestudante.com/biblioteca/diversos/o-naufrago-e-as-terorias-da-comunicacao.html%E2%80%8D industrial, e essa revolução está acontecendo devido à eliminação dos limites entre o mundo digital, o mundo físico, que são as coisas, e o mundo biológico, que somos nós” (IEASP, 2016). Acompanhe as principais invenções históricas a favor da comunicação: JORNAL - o primeiro exemplar data de 59 a.C., em Roma, quando Julio César quis informar o povo sobre os mais importantes acontecimentos sociais e políticos do seu império. Até hoje, tem praticamente a mesma função. RÁDIO - com sua primeira transmissão datada de 1900, foi um marco na história, pois ao contrário do jornal, as ondas do rádio tinham um alcance de pessoas e velocidade e informação muito superiores. TELEVISÃO - em 1924, a TV trouxe a junção dos componentes grá�cos (imagens e �guras) de um jornal com os componentes de áudio do rádio (a fala), o que tornou possível ver imagens em movimento juntamente com o áudio. INTERNET - desenvolvida em 1969 nos EUA para �ns de comunicação militar, tinha o nome de ArpaNet. Com o �m da Guerra Fria, o sistema tornou-se praticamente desnecessário para �ns militares e o Exército decidiu levá-lo a público. Fazendo um resumo, vê-se um processo crescente em que o homem desenvolveu a linguagem depois dos desenhos nas cavernas, com a escrita, o papel, as impressões manuais e as mecânicas, sendo assim possível a informação cruzar grandes distâncias geográ�cas, culturais e cronológicas. Passamos pelos meios de comunicação como jornais e revistas, rádio e televisão, e chegamos à nossa época, à qual chamamos de Era da Tecnologia e da Informação. Na Era da Tecnologia, o computador é o carro-chefe. Quando foi desenvolvido em 1943, era uma máquina gigantesca que ocupava uma sala inteira e só servia para fazer cálculos, até 1971, quando surgiu nos EUA o primeiro microcomputador. Andando lado a lado com a evolução dos computadores, está a Internet, que nem sempre foi da maneira que a conhecemos: na verdade, ela foi desenvolvida para �ns militares e não passava de um sistema de comunicação entre as bases militares dos EUA. Em 1971, a até então chamada ArpaNet passou a ser usada por acadêmicos e professores universitários, principalmente nos EUA, para trocarem ideias e mensagens, e então recebeu o nome de Internet. A disseminação e a popularização da rede no Brasil aconteceram no �nal da década de 1990, e aos poucos foi se tornando aquilo que conhecemos hoje: indispensável para a nossa vida, pois estar conectado à rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade, diversão e, acima de tudo, de comunicação. 008 Gírias, jargões e os Grupos Sociais Considerando o grupo social do qual o sujeito faz parte, ele passa a dominar determinado tipo de vocabulário e expressões que não são compreendidos dentro de outro grupo social. É o caso dos diferentes jargões utilizados em discursos jurídicos, médicos, presidiários, cantores, jogadores de futebol, chefes de cozinha, etc. Cada grupo especí�co possui palavras que são frequentemente utilizadas em seu dia a dia, mas que di�cilmente são compreendidas dentro de outro grupo social. Fonte: Disponível aqui GÍRIA x JARGÃO A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados que não queriam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo. Hoje, entende-se a gíria como uma linguagem especí�ca de grupos especí�cos, como os jovens. Já o jargão é o modo de falar especí�co de um grupo, geralmente ligado à pro�ssão. Existe, por exemplo, o jargão dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, etc. 009 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudaconforme-situacao.htm Conceitualizando, Araújo e Sousa nos dizem que (...) gíria é o tipo de linguagem que surge restrita a um determinado grupo, como um código, que com o passar dos tempos invade a sociedade sendo utilizada pelas pessoas até de forma inconsciente, independentemente da idade ou nível social da qual fazem parte, tornando o seu uso muito frequente em qualquer situação de interação. (ARAÚJO E SOUZA, s/d). Na prática, sabemos que a gíria é uma fala informal, que varia conforme o grupo e a época. Você se lembra das gírias que falava quando criança? São as mesmas que os jovens falam hoje? Certamente a resposta é não. Caso alguém leia este mesmo material em 2030, por exemplo, as gírias atuais aqui expostas já serão ultrapassadas. Fonte: elaborado pela autora. Gírias comuns nos anos 1980 Gírias comuns nos anos 2010 Putz, grila! Isso é do balacobaco! Essa foto é do arco da velha. Que ideia de jerico! Você fala mais que o homem da cobra… Vamos tomar umas birinaites? Repete isso, volta a �ta! Vira o disco, fala outra coisa! Você é um chato de galochas Tô gamado! Sacou? Tô na pindaíba… sem um tostão furado. Ela é pra frentex, toda modernosa… Vamos deixar rolar… Nossa, peguei ranço dele. Para de ser biscoiteira, só quer atenção! Partiu? Deu ruim! Hoje vou sair com o meu/a minha crush. Sua irmã divou no evento ontem! Cola lá em casa pra gente ver �lme… Que estilo mais chavoso, hein! Falou tudo! Lacrou! A festa foi top! Hoje o chefe está pistola com a gente. Meu celular bugou. Pode pá! Entendi! Vamos sair de rolê? Ele é meu parça! E quem cria as gírias? - Nós mesmos, os próprios falantes de uma língua. E elas podem surgir nas mais diversas situações tais como contextos culturais, de entretenimento, na internet, na rua, em um vídeo que viraliza... São expressões que normalmente não fariam sentido nenhum, ou têm algum sentido completamente diferente daquele em que são usadas, mas o fato é que as gírias enriquecem a linguagem de tal forma que, em determinados casos, é impossível ser compreendido sem usar nenhuma. A gíria 010 Fonte: Disponível aqui Veja mais alguns exemplos da evolução das gírias desde os anos 60: O jargão Imagine que você está em um hospital e ouve um médico conversando com outro. Um deles diz: - Em relação à dona Maria, o prognóstico é favorável ao caso de pronta-suspensão do remédio. É provável que você tenha levado algum tempo até entender o que o médico falou, pois ele utilizou termos com os quais os dois colegas médicos estão acostumados. Com a paciente, o médico deve falar de uma maneira mais simples, como: "Bem, dona Maria, a senhora pode parar de tomar o remédio, sem problemas.” Este é um caso de jargão – no caso, médico. Jargão é o modo de falar usando termos especí�cos de um grupo, geralmente ligados à pro�ssão. Para Dino Preti, professor titular de língua portuguesa da PUC-SP, jargão é a "linguagem cientí�ca ou técnica banalizada". Por de�nição, é uma forma de falar inadequada à situação. “A pessoa quer se promover, mostrar que fala uma linguagem que o outro desconhece”, segundo o professor. Mas muitos especialistas dizem que os jargões são frases prontas que tiram a autenticidade do texto porque são consideradas antiquadas. 011 http://https//vejasp.abril.com.br/blog/memoria/a-evolucao-das-girias/ Fonte: Disponível aqui Você sabe o que signi�ca brie�ng, feedback e ranking? São termos do chamado “corporativês”. Nessa linguagem, muitos jargões são emprestados da língua inglesa e nem foram traduzidos para o português. As pessoas que não sabem o signi�cado desses termos podem prejudicar a comunicação, assim como aquelas que os usam a todo o momento, pois podem se expressar de maneira incorreta e “forçada”. Se o pro�ssional está em uma conversa entre amigos, não há necessidade de usar esses termos, pois pode passar uma imagem de arrogância. Quem não conhece bem o signi�cado dos termos é melhor não utilizá-los! Conheça uma lista desses jargões em inglês em: Apesar da rapidez com que os jargões são disseminados, é importante levar em conta o ambiente e a situação em que estamos para saber utilizar a línguade modo adequado. Dessa forma, é possível estabelecer uma comunicação e�caz, alcançando o objetivo por parte do emissor e, ao mesmo tempo, a compreensão por parte do receptor. Cada pessoa e grupo social possui uma maneira própria de falar e criar suas próprias marcas linguísticas. Tais marcas produzem uma variedade não apenas no âmbito geográ�co, mas também no âmbito pro�ssional. Em suma, a língua varia de acordo com os elementos regionais, socioculturais e contextuais, conceitos que veremos mais adiante neste curso. 012 https://administradores.com.br/noticias/jargoes-corporativos-veja-quais-voce-deve-conhecer-e-quando-deve-usa-los Você já ouviu falar em anglicismo? Trata-se do uso de termos da língua inglesa mesmo quando existem as mesmas palavras na língua portuguesa. Há quem diga que são termos indispensáveis para dar um ar mais “chique”, pro�ssional ou corporativo à situação, mas outros defendem que é um exagero, já que os mesmos termos podem ser encontrados em português. O que você acha? Exagero ou necessidade? Passatempo em vez de hobby. Assessoria em vez de coaching. Roupa em vez de out�t. Aparência em vez de look. Registro de entrada em vez de check in. Registro de saída em vez de check out. Cópia de segurança em vez de backup. Senha em vez de password. Cobrir em vez de cover. Prazo máximo em vez de deadline. Experiência em vez de know-how. 013 02 Elementos da Comunicação 014 “Se você falar com um homem em uma linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração.” (Nelson Mandela) No mundo moderno e tecnológico, a palavra comuniçação tornou-se chave na observação das relações humanas e no comportamento individual e coletivo. De acordo com Martins e Zilberknop (2010), comunicar é buscar entendimento e compreensão; é manter contato. “É uma ligação, transmissão de sentimentos e de ideias.” Por isso, comunicar-se bem não signi�ca apenas falar bonito, mas ser e�ciente no momento de transmitir mensagens, isto é, fazer com que elas alcancem os objetivos propostos pelo emissor. Nesse sentido, comunicamos e�cientemente quando o receptor compreende a mensagem segundo os objetivos daquele que a produz. Quando falamos em linguagem, não estamos falando apenas da linguagem escrita e do português padrão, correto e formal. A comunicação utiliza vários tipos de linguagens tais como a linguagem corporal, o tom de voz, os símbolos, as cores, etc. Além dos diferentes tipos de linguagens, devemos considerar a diversidade de contextos sociais e indivíduos culturais diferentes entre si. O diálogo realizado entre amigos no �nal da tarde em um happy hour não é o mesmo diálogo realizado pelos colegas dentro da empresa ou em uma reunião com a diretoria. Todos os lugares possuem suas regras próprias, inclusive os locais considerados informais. Ninguém chega à casa de um amigo e vai entrando no quarto sem pedir licença. Assim, acontece com a linguagem. 015 Fonte: arquivo pessoal Elementos da Comunicação Um dos primeiros estudiosos a considerar quais elementos são necessários para que uma comunicação e�caz aconteça foi Roman Jakobson (1896-1982). Para esse linguista russo, há basicamente seis funções determinadas de acordo com o elemento em que a ênfase da mensagem recai. Veja o esquema: Cada um desses elementos é responsável por tornar a comunicação e�caz. Se um deles não existe ou falha, acontece o chamado “ruído” na comunicação, ou seja, a mensagem não acontece totalmente. Vamos a cada um deles: EMISSOR: é aquele que envia a mensagem. Pode ser uma pessoa, uma empresa, uma equipe, etc. Nem sempre é uma única pessoa a responsável pela transmissão de uma mensagem. 016 MENSAGEM: é o conteúdo informativo enviado de um emissor para um receptor. RECEPTOR: é aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor. CANAL DA COMUNICAÇÃO: é qualquer meio pelo qual a mensagem é enviada. Pode ser a voz, celular, computador, livro, propaganda, gestos, outdoor, etc. CÓDIGO: é a língua em que a mensagem é escrita ou falada. Para ilustrar onde entra cada um desses elementos, imagine uma situação comum do cotidiano: Janaína quer lembrar o esposo, Roberto, de algo que ela disse a ele no café da manhã, antes de saírem para trabalhar: “Amor, não se esqueça de trazer um suco para o jantar, tá?” Ela, então, envia uma mensagem de texto pelo WhatsApp reforçando que ele pare em um supermercado depois do trabalho e compre o suco. Roberto responde a mensagem e logo chega em casa com uma caixa de suco debaixo do braço. Mas tem algo errado: ele comprou suco de laranja, e Janaína queria suco de uva. Nesse exemplo, temos o esquema: 017 Continuando nossa historinha: No supermercado, Roberto tira uma foto da caixa de suco, envia para Janaína e vai para casa. No entanto, por algum motivo, a mensagem com a foto não chegou e Janaína não viu que ele iria levar suco de laranja, e não de uva. Será que rolou uma “DR” ou o jantar seguiu em paz? Assim, o processo de comunicação não foi totalmente satisfatório nesse caso porque houve uma falha em um dos elementos - no canal, na hora de enviar a foto - e a mensagem não foi recebida. A essa falha dá-se o nome de ruído. 018 O QUE É RUÍDO NA COMUNICAÇÃO? Uma comunicação só é efetivamente realizada quando há compreensão por parte do interlocutor. Sem que haja a recepção, uma mensagem emitida de nada serve. A isso se chama ruído na comunicação. Este ruído ocorre quando a mensagem não é decodi�cada corretamente pelo receptor. São vários os fatores que podem atrapalhar na identi�cação dos elementos da comunicação. Desde a voz baixa do locutor até o barulho de um ambiente ou ainda um código de signos desconhecidos pelo receptor. Fonte: CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo: Editora Nacional, 2008. Em suma, comunicar-se bem não signi�ca falar bonito, mas sim apresentar e�ciência na transmissão das mensagens, isto é, que elas alcancem os objetivos propostos pelo emissor. Nesse sentido, comunicamos e�cientemente quando o receptor compreende a mensagem segundo os objetivos daquele que a produz. Para tanto, é necessário ser o mais claro e objetivo dentro do processo comunicativo para que o receptor compreenda e responda aos objetivos do emissor de modo positivo. 019 Erro de português x Falha de comunicação Há uma diferença entre erro de português – palavras escritas de forma errada, problema de acentuação, de pontuação, de gramática – e erro de comunicação. Este último é qualquer problema escrito/falado que não apresenta exatamente erros de português, mas foi uma mensagem transmitida de tal forma que �que confuso e causa dúvidas em quem está lendo/ouvindo. Façamos um pequeno teste: você está procurando um dentista e chega à frente de duas portas. Em uma delas há uma placa (com perdão do exagero no exemplo): “Cirurgião Dentístico” e na outra, “Consultório Odontológico”. Em qual das duas você entraria? A primeira expressão não apresenta erro nenhum, mas simplesmente não é comum na nossa linguagem. O dentista não tem obrigação de escrever tudo sempre certo, mas na hora de comunicar seu serviço ao público, ele o deve fazer de forma coerente. Senão, criará uma imagem errada de sua competência pro�ssional. 020 03 Variações Linguísticas 021 “A linguagem existe para que nos sirvamos dela, não para que sirvamos a ela” - Fernando Pessoa, poeta. Nos espaços sociais em que vivemos, temos a oportunidade de encontrar diversas formas de linguagem escolhidas dependendo da intenção do emissor. Vejamos algumas informações sobre as características e os aspectos mais relevantes que demarcam as formas de linguagem, sejam elas no plano verbal ou no plano não verbal. No instante em que você põe os olhos em um texto, você o lê. Por que você o leu? Porque, a partir do momento que você se alfabetizou, torna-se um ato instintivo, automático. Placas, sinais, �lmes, livros, bilhetes, posts, todas essas manifestações só existem porque existe a linguagem aprendida. Já vimosnas aulas anteriores que a linguagem está diretamente relacionada à prática social. Ela é viva e dinâmica, e tanto modi�ca a sociedade quanto é por ela modi�cada. Nos estudos sobre o assunto, a linguagem é abordada e entendida a partir de três vertentes, e a prática social é uma delas: A linguagem é algo externo ao sujeito É um conjunto de regras e formas aprendidas, e só existe comunicação se o emissor e o receptor dividirem o mesmo código. A linguagem é uma capacidade inerente ao ser humano Ela se faz na vida do ser humano a partir em que seu cérebro e corpo começam a �car su�cientemente maduros para isso. A linguagem é uma prática social Ela surge da necessidade do homem de viver em grupos sociais e de realizar trocas com os integrantes desses grupos. Fonte: adaptado de Mendonça, 2012. Além do português padrão, há outras variedades que são usadas em situações informais diversas e diferentes de acordo com o contexto e sujeitos do processo comunicativo. Fatores tais como escolaridade, nível social, idade, região, etc. são responsáveis por determinado 022 tipo de linguajar que pode ser discriminado inclusive dentro de situações informais. Infelizmente, a língua é vista como um status social e há muito preconceito em relação às pessoas que não sabem utilizar a norma padrão e culta da língua portuguesa, mas conhecer as variações linguísticas é importante justamente para combater esse preconceito. Leia o seguinte trecho: Antigamente Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas �cavam longos meses debaixo do balaio. (...) Antigamente, acontecia o indivíduo apanhar constipação; �cando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Antigamente, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora. Carlos Drummond de Andrade, in: Quadrante (1962), obra coletiva. Reproduzida em Caminhos de João Brandão, José Olympio, 1970. É perceptível que nele existem expressões que já não usamos mais, tais como mademoiselles, janotas, pé-de-alferes, balaio, botica, ceroulas, outrora. O texto de Drummond fala exatamente disso: de como se falava antigamente. Caso fôssemos adequá-las ao vocabulário atual, como �caria? Os termos em destaque seriam substituídos por “mina”, “gatinha”, “cantadas”, “da hora”, “os caras”, “a galera,” “farmácia”, “cuecas” e assim por diante. Perceberam que a língua é dinâmica? Ela sofre transformações com o passar do tempo em virtude de vários fatores advindos da própria sociedade, que também é totalmente mutável. 023 Ou seja: todo mundo tem seu jeito de falar, seja por história pessoal ou coletiva. O que vale lembrar é que não existe certo ou um errado quando a questão é sotaque, por exemplo, ou vocabulário diferente de uma geração ou região para outra. Errado é o que não está de acordo com a gramática vigente. As diferentes formas de falar a língua portuguesa são chamadas de variações linguísticas. Segundo Moysés (2014), “[...] o português, como qualquer outra língua, não é estático e imutável. Assim sendo, podemos dizer que uma língua não é uma unidade homogênea e uniforme. Ela poderia ser de�nida como um conjunto de variedades. É esta diversidade que faz surgir os níveis de linguagem que variam de acordo com o nível social, econômico, cultural e geográ�co. No Brasil há uma grande variedade de pronúncia e vocabulário: há diferentes sotaques: o sotaque mineiro, o gaúcho, o nordestino, etc. Também no vocabulário observam-se diferenças entre regiões e também na fala de quem mora na capital e de quem vive na zona rural” (MOYSÉS, 2014). Assim, essas variações são dividas em: Variação histórica - a língua sofre variações devido ao tempo transcorrido Variação regional - a língua sofre variações devido ao lugar em que o falante vive Variação sociocultural - a língua sofre variações devido à condição social, econômica e educacional e ao meio cultural em que o falante vive Variação Histórica É aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Por exemplo, a palavra “você”, que no tempo do Brasil colônia era “vossa mercê” e depois virou “vosmecê”. O mesmo acontece com as palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia. No século IX, seria comum encontrar uma placa em algum local público onde se lêsse: 024 Veja como a gra�a era diferente. Estava errado? Não, pois na época, era assim que se escrevia. É famoso nas redes sociais e por quem estuda variações linguísticas o “cartão da paquera”, nome usado para identi�car o bilhete do século XIX encontrado no acervo bibliográ�co que pertenceu ao gaúcho Othelo Rodrigues Rosa, jornalista, escritor, poeta e historiador que morreu em 1956. 025 Acredita-se que o galanteio seja obra de algum expert em fazer a corte às damas da época. Ao que tudo indica, o dono do cartão de fato se deu bem, uma vez que é possível observar no cartão original uma discreta marca no canto inferior direito do cartão. E você, em tempos de aplicativos de encontros e amores líquidos, o que achou do método? Variação Regional São as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região como, por exemplo, a palavra mandioca, que em certas regiões é tratada por macaxeira e aipim; e abóbora, que também é conhecida como jerimum dependendo do estado brasileiro. O sotaque também é uma variação regional, como em regiões que puxam o “r” ou ainda falam “tu” mesmo que não conjugue o verbo corretamente (tu é, tu vai, etc.). 026 Uso de “r” pelo “l” em �nal de sílaba e nos grupos consonantais: dizem pranta, broco ao invés de planta, bloco. Alternância de “lh” e “i”: dizem muié, véio ao invés de mulher, velho. Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: dizem arve, �go ao invés de árvore, fígado. Redução dos ditongos: dizem pexe, caxa ao invés de peixe, caixa. Simpli�cação da concordância: dizem “as menina” ao invés de “as meninas”. Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: dizem chegou duas moças ao invés de chegaram duas moças. Uso de pronome pessoal tônico em função de objeto: dizem “Nós pegamos ele” ao invés de “Nós o pegamos”. Assimilação do “ndo” em “no”: dizem falano ao invés de falando. Assimilação do “mb” em “m”: dizem tamém ao invés de também. Desnasalização das vogais postônicas: dizem home ao invés de homem. Redução do “o” e do “e” átonos: dizem ovu ao invés de ovo, bébi ao invés de bebe; Redução do R do in�nitivo ou de substantivos terminados em OR: dizem amá, amô ao invés de amar, amor. Simpli�cação da conjugação verbal: dizem “nós ama, eles ama” ao invés de “nós amamos, eles amam”. Fonte: Nery, 2007 Variação Sociocultural É aquela pertencente a um grupo especí�co. Neste caso, podemos destacar as gírias, a linguagem coloquial usada no dia a dia das pessoas e a linguagem formal, que é aquela utilizada por pessoas com maior grau de instrução. 027 Também fazem parte deste grupo os jargões, dos quais já falamos na Aula 2, que pertencem a uma classe pro�ssional mais especí�ca, como é o caso dos médicos, pro�ssionais da informática e policias, dentre outros. Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta. Resposta: não existe uma opção correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada a cada contexto. Dessa maneira, falar bem signi�ca se mostrar capaz de escolher a variante adequada a cada situação e conseguir o máximo de e�ciência dentro da variante escolhida. Usar o português próprio da língua escrita formal em uma situação descontraída da comunicação oral é falar de modo inadequado. Soa como pretensioso, pedante, arti�cial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, desrespeitosos, fugindo das normas típicasdessa situação. Linguagem Formal e Informal A linguagem formal é baseada na norma culta, que é o modelo de padrões linguísticos que determinam seu uso correto. Em outras palavras, é aquela linguagem sem erros e gírias utilizada em livros, revistas, documentos o�ciais, etc. Como podemos ver, a linguagem formal é voltada principalmente para a comunicação escrita e vai de acordo com a gramática vigente. Por outro lado, quando conversamos espontaneamente e fazemos o uso de formas reduzidas tais como “cê” (você), “taí” (está aí), “pra” (para), por exemplo, temos a linguagem informal. Neste caso, nos comunicamos principalmente por meio da fala e de maneira coloquial. Um famoso exemplo da diferença existente entre tais é o poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade. Veja: 028 Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. O primeiro verso foi escrito de acordo com a norma culta, logo, em uma linguagem formal, pois o verbo (dar) vem antes do pronome (me). A gramática diz que o pronome (no caso “me”) nunca deve vir antes do verbo em começo de frase. No último verso, já ocorre o contrário: o pronome (me) vem antes do verbo (dar), representando assim a forma como falamos e também a linguagem informal. Mas não podemos dizer que se trata de uma forma errada: é somente inadequada em ocasiões e discursos formais. Características da linguagem formal Preserva as convenções gramaticais e sempre respeitando a norma culta da língua portuguesa. É utilizada para comunicação com autoridades e superiores em organizações, em conferências, palestras e seminários, documentos o�ciais e discursos públicos. Envolve a comunicação entre pessoas que não se conhecem ou possuem pouca ou quase nenhuma a�nidade. Também chamada de norma culta ou padrão. Características da linguagem informal Preza pela descontração e pelo relaxamento quanto às regras gramaticais. Permite o uso de palavras mais simples, abreviadas e até gírias. É muito utilizada na comunicação entre amigos, colegas, familiares e pessoas com alto grau de envolvimento e relacionamento. Também chamada de linguagem coloquial. 029 Existem diferentes situações de comunicação. Uma mesma pessoa pode escolher uma forma de linguagem mais conservadora numa situação formal ou um linguajar mais informal, em situação mais descontraída. Quantas vezes isso não acontece conosco no cotidiano? Na família e com amigos falamos de uma forma, mas numa entrevista de emprego é muito diferente. O sucesso da comunicação não depende apenas de saber utilizar os elementos do processo comunicativo. É preciso que o emissor considere, antes de qualquer coisa, quem é o seu público-alvo. Após estar ciente de quem receberá sua mensagem, o emissor deverá, então, adequar sua mensagem utilizando uma linguagem que atinja seu receptor da melhor forma. Para isso, é imprescindível levar em conta o contexto de comunicação, ou seja, se é um ambiente formal ou informal. Além disso, é importante compreender as expressões, gírias ou jargões especí�cos do público-alvo para que a comunicação �ua da forma mais natural possível. Acesse: Disponível aqui Sotaques são fascinantes. É curioso perceber como uma entonação ou palavra são tão diferentes em lugares distintos do mesmo país, e com um país tão grande e diverso como o Brasil. Então escolha sabiamente, pois a chave para o sucesso está em alguma pronuncia entre o Oiapoque ao Chuí! Assista a uma sketch bem humorada do grupo Porta dos Fundos sobre um inusitado candidato com diversos sotaques em uma entrevista de emprego. 030 https://www.youtube.com/watch?v=GVTQO9czBsI%E2%80%8D 04 Coesão e Coerência 031 Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento conectivo para estabelecer uma ligação entre elas. O ponto �nal faz uma separação entre as duas orações. Vamos acrescentar um elemento coesivo para que o texto �que articulado. Temos duas opções: a. portanto b. entretanto Qual é o conectivo correto? Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto” indica uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém, todavia”. “Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!” - Mário de Sá-Carneiro, poeta e contista português Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto. Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um signi�cado, ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que con�ram coesão ao discurso. Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de coerência. Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar a coerência textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas separadamente: 1. Ontem fez sol. 2. Fui à praia. 1. Ontem fez sol, portanto fui à praia - há coerência. 2. Ontem fez sol, entretanto, fui à praia - não há coerência. E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria que alterar a oração, assim: Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência. Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra. 032 Os elementos conectivos TEXTO 1: Sem conectivos TEXTO 2: Com conectivos Fui à escola. Comprei um sanduíche na cantina. Saí da escola. Fui assaltado na esquina. Voltei para casa sem dinheiro. Fui à escola e comprei um sanduíche na cantina, mas fui assaltado na esquina quando sai da escola e voltei para casa sem dinheiro. Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos de um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as conjunções e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas funções fundamentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os conectivos são elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam uma relação de sentido e de orientação argumentativa. Vamos estudar essas relações de sentido: Relações lógico-discursivas (coesão) Relação de causalidade É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc. NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO. CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA. 033 Relação de condicionalidade A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condição para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, caso, contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc. SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA. CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA Relação de temporalidade Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando, assim que, logo que, enquanto, cada vez que, etc. QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA. CONDIÇÃO: TER DINHEIRO CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA Relação de finalidade A nalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, nalidade, propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a m de, a m de que, etc. QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA OBJETIVO: TER DINHEIRO FINALIDADE: IR AO CINEMA 034 É quando um conteúdo expresso em um segmento se opõe ao conteúdo do outro segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções adversativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de, etc. QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO. CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRORelação de adição Na relação de adição, ocorre a inclusão de mais um elemento - um item ou argumento. Contém conjunções aditivas, do grupo do “e”, que inclui o também, ainda, além de, além disso, nem, etc. EU TENHO DINHEIRO E VOU AO CINEMA! ELEMENTO 1: TENHO DINHEIRO ELEMENTO 2: E TAMBÉM VOU AO CINEMA Relação de conclusão Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de um algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É o grupo do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc. EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA. PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER Relação de oposição ou de adversidade 035 O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os concursos públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com o nome de “Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser estudo quando exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos podem aparecer tanto em questões de gramática quanto serem cobrados na escrita das questões dissertativas - as temidas redações. Quer um exemplo? Nunca se deve começar o último parágrafo da redação com uma conjunção adversativa, por exemplo. Esse parágrafo é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser iniciado com uma conjunção conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a coerência por não ter um elemento de coesão correto e o candidato perde pontos na prova. Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A maioria já foi explicada neste presente tópico; o restante, deixo com vocês, estimados! 036 Fonte: Silva, 2017 Tipo de relação Alguns conectivos Casualidade porque, uma vez que, visto que, já que, desde que, como Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que , a menos que, sem que, salvo que, exceto que Temporalidade quando, enquanto, apenas, mal, antes que, depois que , logo que, assim que, sempre que, até que, desde que, todas as vezes que, cada vez que Alternância ou Conformidade de acordo, conforme, consoante, segundo, como Complementação que, se , como Delimitação ou restrição pronomes relativos Adição e, ainda, também, não só... mas também, além de, nem Oposição mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, se bem que, apesar de Justi�cativa ou explicação isto é, quer dizer, ou seja, pois Conclusão logo, portanto, pois, por conseguinte, então, assim como Comparação como, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto 037 Acesse: Disponível aqui O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e adultos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência textual está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e adultos, em processo de alfabetização, em uma situação de produção de texto. 038 http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16796.pdf%E2%80%8D 05 Comunicação Interpessoal 039 As cinco essenciais habilidades empreendedoras para o sucesso são concentração, discernimento, organização,inovação e comunicação. Michael Faraday, cientista britânico. Para começar, a comunicação deve ser entendida como parte inerente à natureza das organizações, que são formadas por pessoas que se comunicam entre si e que, por meio de processos de interação, viabilizam o sistema funcional para a realização dos objetivos organizacionais. Portanto, sem comunicação as organizações não existiriam. (KUNSCH, 2009). Segundo, das várias competências comportamentais valorizadas no ambiente empresarial - liderança, automotivação, trabalho em equipe, criatividade, etc. - destaca-se a excelência na comunicação interpessoal, que é item fundamental para o sucesso de líderes, colaboradores e equipes. Ter habilidades de comunicação interpessoal é uma qualidade que as empresas têm buscado cada vez mais nos pro�ssionais, pois se trata de pessoas que têm mais facilidade em passar ideias de uma maneira que todos possam entender sem causar desentendimentos providos de ruídos na comunicação. O que é comunicação interpessoal? Comunicação interpessoal é a troca de informação que existe entre dois ou mais indivíduos. Basicamente, trata-se de passar e receber mensagens por meio da fala, da escrita, da mímica e dos meios tecnológicos. 040 Se você passou pelo porteiro hoje, acenou para ele e ele retribuiu, automaticamente vocês realizaram uma interação de comunicação interpessoal. No ambiente corporativo, devemos ter cuidado com a maneira como passamos as mensagens para outras pessoas. Aliás, quantos casos você conhece de gente que entrou em con�ito simplesmente por causa de uma comunicação com ruídos? A mensagem desejada não é passada, o locutor é mal interpretado e isso causa um desconforto entre duas partes. Uma comunicação interpessoal clara evita con�itos, pois faz com que as mensagens sejam passadas de uma maneira que os dois lados possam compreender, resultando assim no sucesso da troca de informações. Fonte: Disponível aqui Uma pesquisa realizada por Albert Mehrabian, psicólogo americano e professor da Universidade da Califórnia – UCLA, constatou que as formas de comunicação não verbais, aquelas feitas por meio de gestos, postura corporal e contato visual, são 55% mais impactantes do que outras formas de comunicação por ser uma forma universal de relacionamento entre as pessoas. Ainda segundo Mehrabian, 38% do impacto da comunicação estão no nosso tom de voz, e apenas 7% nas palavras propriamente ditas. Desenvolver as habilidades de comunicação não verbal e verbal, portanto, é essencial para potencializar os resultados e construir harmonia nas relações interpessoais. 041 https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-carreira/comunicacao-interpessoal-nas-organizacoes/ Comunicação no ambiente profissional Comunicar-se não envolve apenas o que falamos, mas também a maneira que levamos essas informações às outras pessoas. A linguagem corporal, o tom de voz e o que você fala in�uenciam na maneira como o outro recebe a sua mensagem. Por isso, é preciso prestar atenção em como você se porta perto das pessoas com quem interage, como fala com elas, qual o tom de voz que usa e como gesticula. Enquanto exercemos nossas atividades diárias, é natural que estejamos sempre comunicando algo. Claro que existem pessoas que demonstram mais facilidade em estabelecer a comunicação interpessoal com outros; da mesma forma que há quem considere tal prática irrelevante. Curiosamente, porém, quem não se atenta às formas de comunicação interpessoal são os mesmos que costumam reclamar que são “eternos incompreendidos”. Aprimorar práticas de comunicação interpessoal pode impulsionar sua vida pessoal pro�ssional. Segundo a Endeavor, maior organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores de alto impacto no mundo, há meios de sempre melhorar as relações corporativas por meio da comunicação. Vamos aos mais importantes: 042 Utilize a comunicação interpessoal para resolver con�itos – as práticas de comunicação interpessoal são poderosas aliadas na resolução e na prevenção de con�itos. Não são raros casos de pro�ssionais que criam situações con�ituosas porque se negam a dedicar dez minutos do dia para trocar ideias, desfazer equívocos e chegar a um consenso. Por isso, procure estimular o diálogo entre seus funcionários. Atue como mediador, ouça as partes envolvidas e procure aproximá-las para que tudo se resolva com serenidade. Procure trocar algo mais que palavras –. O ideal é que, quando você inicie a troca de informações com alguém, procure exercer a empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa. Assim, você conseguirá conhecer fatos culturais que, talvez, você jamais chegue a vivenciar. Aprenda com seus interlocutores – a partir do momento em que você está aberto para se comunicar, está também aberto para receber aprendizados. Lembre-se que o processo de aprendizagem é bilateral: a troca de ideias, experiências e riqueza de informações em trânsito são bastante relevantes para o crescimento pessoal e pro�ssional. Combataa inibição – a inibição é uma característica normal de muitas pessoas, mas quando se trata de compartilhar ideias ou conhecimento em um ambiente corporativo, ela pode ser prejudicial, pois muitos pro�ssionais deixam de apresentar suas ideias e mostrar o quanto podem ser valiosos à empresa por conta da timidez. Por isso, é muito importante exercitar a comunicação interpessoal a �m de ganhar mais con�ança, pois falar faz parte do contexto social em que você está inserido. Fique atento ao gestual – a comunicação interpessoal não se dá apenas por meio das palavras, mas também da entonação da voz e dos gestos que você faz enquanto conversa com alguém. Para quem é 043 atento, a postura e o gestual demonstram todo tipo de sentimento: alegria, contrariedade, etc., e isso pode causar falhas de comunicação e desentendimentos. Melhore o desempenho de sua equipe – sendo você gestor ou gerido, quando a comunicação interpessoal é praticada no ambiente corporativo, as pessoas melhoram o desempenho porque passam a se conectar melhor na busca pela obtenção de resultados. É impensável a ideia de uma equipe que tenha o silêncio como marca. Promova o autoconhecimento – a comunicação interpessoal também serve de termômetro para que um pro�ssional saiba como os outros o percebem, e isso é importante principalmente no desenvolvimento das habilidades comportamentais. Então, ao promover as práticas de comunicação interpessoal, você abrirá caminhos para não apenas conhecer a si próprio, mas para entender como seus funcionários te veem. Fonte: adaptado de ENDEAVOR BRASIL. Comunicação interpessoal:dicas para melhorar suas relações corporativas. Disponível em: Endeavor . Acesso em 22 maio 2019. Fonte: Disponível aqui Já ouviu falar que toda empresa tem um “rádio corredor”? Qual o limite entre comunicação informal e fofoca? Neste artigo, Alessandra Becker, sócia fundadora da FALE Consultoras, alerta para o perigo de boatos e fofocas se tornarem a comunicação o�cial de uma organização. 044 https://endeavor.org.br/desenvolvimento-pessoal/comunicacao-interpessoal/ https://endomarketing.tv/comunicacao-informal-nas-organizacoes-alessandra-becker/#.XObKGIhKjIU%E2%80%8D Imagem pessoal no ambiente laboral No mundo dos negócios, há uma frase que diz: “Você é a sua melhor marca”. Mas falam-se também outras coisas, do tipo: "Sua imagem pessoal é seu cartão de visita” ou “Nos negócios, menos é mais.” Você concorda? No mercado de trabalho, a imagem pessoal tem muito valor. A construção da imagem pessoal no ambiente pro�ssional é algo que se dá ao longo da carreira, mas é inegável que a marca que deixamos nas pessoas e como seremos lembrados pode ser positiva ou negativa. E aqui entra outro ditado: “A primeira impressão é a que �ca”. Na modernidade, os pro�ssionais bem sucedidos obviamente mantêm uma imagem pessoal positiva. Para tanto, usam seu poder pessoal para conquistar objetivos, in�uenciar pessoas e assim construir uma base de valor pessoal sólida. Mas como usar a imagem pessoal como estratégia de mercado? Para ser e�ciente, o marketing pessoal deve ser sutil e inteligente, a começar pela aparência. Exibir roupas de marca, por exemplo, não faz de você um pro�ssional respeitado. Pior: o resultado pode até ser o contrário e revelar que, na falta do que falar, você exagera na aparência. O que não se pode negar, no entanto, é que o primeiro julgamento é o visual, a partir do visual podemos perceber a que grupo uma pessoa pertence, se é cuidadosa ou não pelo seu penteado, se é calma ou agitada pelo modo de andar, sentar e falar, ou seja, fazemos logo um julgamento de alguém que nem conhecemos. Na Carta ao Leitor do livro “Marketing pessoal no contexto pós-moderno”, de Claúdio Rizzo, o empresário Antoninho Trevisan comenta: 045 entende que ali há uma di�culdade e talvez uma falta de interesse no outro e no ambiente ao seu redor. Outro empresário relatou que dá muita importância ao fato de um candidato participar de um coral, de uma orquestra ou ser voluntário em uma atividade de fundo social, porque denota que a pessoa sabe trabalhar em equipe.” (RIZZO, 2017). A fala do empresário dá uma dica preciosa do que é a imagem pessoal no universo laboral. Certo ou errado, justo ou injusto, é que cada vez mais importante cuidar da imagem porque, querendo ou não, o candidato é julgado pelo inconsciente do recrutador, e depois de contratado, ele será julgado pelo inconsciente dos clientes e parceiros de negócio. “Não basta à mulher de César ser honesta, ela tem de parecer honesta”. Cícero (106–43 a.C.), político, escritor, orador e �lósofo romano. Transportado para os dias de hoje e dentro do contexto laboral, podemos dizer que não basta ser um ótimo pro�ssional, com currículo impecável e experiências invejáveis: é preciso visualmente parecer um ótimo pro�ssional. “Um conhecido meu, quando quer contratar um pro�ssional, além de avaliar o currículo e realizar entrevistas, convida o candidato para almoçar. Diz que, ao observar seu comportamento à mesa, ele é capaz de vislumbrar características que podem ser de�nitivas para contratá-lo ou não. Se, por exemplo, a pessoa enterra a cabeça no prato e só volta a erguê-la quando termina a refeição, meu amigo 046 BOA COMUNICAÇÃO BOA POSTURA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL A expressão tanto escrita quanto falada in�uencia muito nossa imagem pessoal, por isso deve ser mantida sempre em um nível adequado. Utilize palavras adequadas e pertinentes ao momento e cuide da língua portuguesa: fuja dos vícios de linguagem, erros de pronúncia, gírias, expressões que demonstrem intimidade ou tom de piada. Deixe a graça para os amigos e familiares! Procure falar em um tom de voz e velocidade de fala agradável, de preferência semelhante à da pessoa com quem está conversando, o que confere mais harmonia à conversa. No ambiente de trabalho, é fundamental manter uma postura pro�ssional e que esteja de acordo com os valores e normas da empresa, respeitando os códigos de trabalho, os horários, o código de vestimenta e as diretrizes. Não tente assumir uma postura do que você não é, pois assim você não conseguirá transmitir credibilidade sobre a sua imagem pessoal aos outros. Tenha uma postura natural e condizente com o que você realmente é. Preste atenção à sua linguagem corporal. O aperto de mão deve ser �rme para transmitir segurança. Lembre-se de olhar sempre nos olhos das pessoas quando conversar com elas, o que demonstra con�ança e dá mais credibilidade ao que dizemos. Evite uma postura de superioridade, com cabeça muito erguida e “nariz em pé”. Evite também andar curvado ou sentar-se jogado na cadeira denotando certo desleixo. Ombros bem alinhados e coluna ereta já são o su�ciente para criar uma boa imagem. Boas práticas e imagem pessoal 047 Fonte: adaptado de Disponível aqui CUIDADO COM A APARÊNCIA IMAGEM NAS REDES SOCIAIS CÓDIGO DE ÉTICA Procure manter uma aparência condizente com o seu ambiente de trabalho, o que envolve o modo de se vestir e de se arrumar em geral. Os homens devem manter a barba bem feita, e as mulheres devem usar uma maquiagem mais leve. Ambos devem usar vestimentas adequadas seguindo o código de vestimenta da empresa. Postou é para sempre. O que você lança no ciberespaço revela crenças, valores, preconceitos e pode criar muita saia justa. Quando publicar fotos, evite divulgar imagens com pouca roupa ou consumindo bebidas alcoólicas, não escreva palavrões, não exponha suas opiniões sobre colegas de trabalho ou sobre a empresa, cuidado com os erros grosseiros de português e selecione bem os vídeos postados. Eles podem dar uma ideia errada de você e dos seus gostos. A ética é um valor fundamental em todas as esferas da vida para boa convivência com as outras pessoas. Não adianta ter uma boa postura dentro da empresa, ser supercomunicativo e habilidoso no que faz, mas não seguir códigos de ética. Fique longe de mentiras, fofocas, corrupção e de tudo que possa ser classi�cado como um desvio de conduta. Seja o tipo de pessoa que você gostariade conhecer. 048 https://blog.racheljordan.com.br/imagem-pessoal-no-ambiente-de-trabalho/ Fonte: Disponível aqui No início de 2016, um case corporativo �cou famoso nas redes sociais quando um estagiário da Cantareira Construtora e Imobiliária foi demitido após fazer posts machistas em suas redes pessoais. Nas fotos em que tirou ao visitar uma obra, escreveu na legenda algo como "procurando uma feminista para ajudar a descarregar a carga de cimento". A empresa se manifestou na página do Facebook e a�rmou que as opiniões do estagiário não re�etiam a visão da construtora. Via assessoria de imprensa, a Cantareira disse que ele seria demitido e não manteriam alguém que disseminasse opiniões sexistas. O CODIM, Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado, lançou um manual de boas práticas de utilização das redes sociais para as companhias. Falhas na comunicação interpessoal Talvez nem seja necessário pontuar, mas é sempre bom validar com dados: segundo um estudo feito em 2014 pelo Sebrae, 60% dos problemas nas empresas causados se devem à falta de comunicação entre os colaboradores. Veja algumas das falhas mais recorrentes nesse âmbito: 1. Não pedir ajuda - quem tem vergonha de tirar alguma dúvida, em algum momento vai fazer algo de errado. Lembre-se: pergunta boba é aquela que nunca foi feita. 2. Não explicar quando necessário - às vezes deixamos de explicar qual nossa expectativa ao designar uma tarefa ou simplesmente combinar algo com as pessoas, acreditando que elas já compreenderam. Procure explicar sem receio o que você deseja dos outros. 049 http://www.codim.org.br/downloads/PO_CODIM_N_22.pdf 3. Esconder-se atrás do e-mail - mensagens de texto como WhatsApp também são válidas nesse caso. Com o advento tecnológico, preferimos enviar um e-mail ou mensagem em que podemos resolver pessoalmente ou fazer uma ligação que levaria menos tempo. Quando sentir que pode resolver mais rapidamente por meio de uma ação, vá e faça. 4. Não ir direto ao ponto - existem pessoas que começam um assunto, vão fazer alguma outra coisa no meio e não conseguem �nalizá-lo. Re�ita se você é essa pessoa. Nunca se esqueça de que todo assunto que tem um início, tem um �m! 5. Falar demais, escutar de menos - já ouviu falar que não é à toa termos dois ouvidos e uma boca, certo? Procure ouvir mais e fala menos, e tenha menos impulsividade no momento de defender alguma ideia. Esteja atento às informações e sempre ouça mais! 6. Sempre concordar com tudo - nunca seja o tipo de pessoa que concorda com tudo, até com opiniões e fatos que, na verdade, você não concorda. Procure questionar aquilo que está sendo transmitido a você e não concordar de primeira em tudo quanto é assunto. 7. Não revisar textos - em um e-mail o mensagem de texto, revise antes de enviar. Veja se o que foi escrito está correto, se não tem problemas de gramática e se tem coerência. Revisar informações é muito importante para amadurecer a comunicação escrita e consequentemente a verbal. Nós temos o poder de mudança positiva no local em que vivemos. Por meio da comunicação, é possível consolidar essa positividade. Com esses passos com certeza uma comunicação de sucesso acontecerá. Fonte: adaptado de Disponível aqui Acesso em 23 maio 2019. 050 https://www.eusemfronteiras.com.br/7-erros-fatais-na-comunicacao-interpessoal/ 06 Redação Comercial 051 “Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender.” – Alvin To�er, escritor e futurista norte-americano, maior nome dos escritos sobre a revolução digital e a revolução das comunicações. “A nível de, menas, questã, concerteza”? Quem nunca passou nervoso ao ver textos com esses termos? Esses erros grosseiros e muitos outros são cometidos no cotidiano das empresas em sua comunicação com clientes e parceiros. Contudo, é preciso saber eliminá-los e ter uma boa redação empresarial, o que re�ete até mesmo nos resultados dos trabalhos. Escrever correta e adequadamente é imprescindível para administradores e executivos. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para con�ar, certo? Então aprimore sua escrita. E é necessário cuidado, pois o cenário no mercado atual é assustador. Já que escrever é um ato que a maioria dos pro�ssionais exerce diariamente e com a necessidade de agilidade exigida pelo mercado, cada vez mais se observa erros de escritas nas mensagens, e-mails e até mesmo propostas e contratos. Orientações de escrita Vejamos seis orientaçõesiniciais para uma boa redação comercial: 1. É importante ter em mente que na redação empresarial a escrita é coletiva, ou seja, você está falando em nome da organização que trabalha. Assim, normalmente pense em escrever frases com o sujeito “nós”, e não mais em primeira pessoa (eu). 2. Preocupe-se com o destinatário da sua mensagem, busque entender a forma que ele pensa. Re�ita como ele vai reagir ao conteúdo do texto produzido por você e enviado pela sua empresa. 3. Reforçando, no seu texto você está representando toda a empresa, logo, a apresentação visual é primordial. Cuidado com uma mensagem mal formatada e sem correção, o que demonstra uma imagem pouco con�ável ou 052 Fonte: BARBOSA, R.M. Catho, 2018. Disponível em: CATHO . Acesso em 11 maio 2019. de desleixo. Além disso, adapte a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são mais infantis, outras é difícil de ler em smartphones, etc. 4. Apresente o objetivo da mensagem logo no início, deixando tudo claro e facilitando o entendimento. Para isso, escreva o texto com frases curtas, elas são mais fáceis de processar. 5. Procure usar palavras simples, que são facilmente compreendidas. Utilize também uma diagramação arejada, ou seja, parágrafos curtos, o que faz com o que o texto não se torne cansativo. 6. Antes de escrever, se tiver di�culdade, pontue todos os temas que deseja abordar, e se forem muito distantes um dos outros, estabeleça subtítulos. Por �m, leia tudo o que escreveu e revise em busca de possíveis erros e expressões incorretas. Lembre-se: quanto mais você escreve, mais se aprimora! Erros comuns Erros gramaticais são os mais comuns na redação de qualquer e-mail ou outro tipo de mensagem. Às vezes, pode se tratar de um erro de digitação, mas outras vezes, talvez você apenas não conheça a gra�a correta de alguma palavra. Pode parecer algo bobo, mas em um mercado competitivo, até um erro como esse pode reduzir sua credibilidade diante da concorrência. E mais: todos nós sabemos que o português não é dos idiomas mais fáceis, mas com as ferramentas de correção automática de texto disponíveis em softwares, não existe desculpa para não dar aquela revisada antes de enviar o seu e-mail. Repetir palavras Quem trabalha com vendas, por exemplo, está acostumado a ter a rotina interrompida inúmeras vezes ao longo do dia. Por isso, nem sempre é fácil sentar para escrever um e-mail com calma sem receber uma ligação no meio do processo. Como consequência, na hora de retomar a redação, você pode acabar repetindo palavras que já havia escrito sem nem perceber. Nada que uma rápida releitura não resolva. 053 https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/dicas-emprego/6-orientacoes-para-uma-boa-redacao-empresarial/ busque ser objetivo e honesto em relação às suas intenções, optando por algo como “O que acha de agendarmos uma conversa de 15 minutos para eu te apresentar melhor o produto?”. Vai utilizar e-mail para realizar o primeiro contato com um possível cliente? Con�ra algumas dicas: Errar a grafia do nome ou da empresa do cliente É o tipo de erro que pode dar a entender que o emissor não está interessado no seu próprio cliente. Enquanto algumas pessoas podem não ligar, outras podem até mesmo se ofender. Mais uma vez, nada que uma rápida revisão não resolva. Se você está conversando com um cliente ou empresa de gra�a complexa, é melhor manter a atenção redobrada! Na dúvida, copie e cole o nome a partir de alguma fonte segura, como o site da empresaou algum e-mail anterior do cliente. Errar a grafia do nome da sua própria empresa Este é outro erro difícil de engolir, mas que acontece com bastante frequência. Certamente é menos grave do que errar o nome da empresa do seu cliente, mas não deixa de ser um problema facilmente evitável. Não utilizar parágrafos O parágrafo funciona como se fosse um pedaço do discurso que expressa um mesmo pensamento, além de quebrar o texto em parágrafos ajuda bastante na leitura. Se você já precisou ler um longo bloco de texto, vai concordar que a experiência não é das melhores. Utilizar um discurso vago ou evasivo Vamos ser honestos: ninguém gosta de receber um e-mail com ofertas ou propostas de produtos ou serviços. Você até pode acabar adquirindo aquilo que foi oferecido no e-mail, mas a reação inicial não costuma ser tão positiva. Talvez por isso que tantos vendedores pareçam ter receio de escrever um e-mail de vendas. O pior é que, muitas vezes, isso acaba sendo percebido no próprio conteúdo. É como se o vendedor estivesse com vergonha de demandar a atenção do seu possível cliente. O resultado disso costuma ser frases excessivamente longas que podem provocar ainda mais dúvidas no cliente. Ao invés de escrever “Você, por um acaso, estaria interessado em agendar uma conversa para debatermos melhor a questão?”, 054 Fonte: Disponível aqui Preste atenção na formatação: quando você copia algum texto de uma página na internet e o cola no corpo de um e-mail que você está escrevendo, é comum que a formatação original do trecho copiado seja mantida no e-mail. Quando se fala em formatação, nos referimos a detalhes como tamanho e tipo de fonte, por exemplo. Se você já recebeu algum e-mail em que parte do conteúdo está escrito com uma fonte de um tamanho, enquanto em outra parte o tamanho é diferente, então você já se deparou com esse tipo de erro. Não é lá um problema assim tão grave, mas pode di�cultar a leitura e fazer com que o e-mail pareça amador e desleixado Leia mais, escreva mais e peça ajuda: é sempre válido frisar: o português não é um idioma fácil. Ninguém espera que sua redação seja perfeita, mas saber se comunicar a partir da escrita é uma habilidade que deve ser desenvolvida por qualquer vendedor. Para algumas pessoas, no entanto, escrever é um pouco mais difícil do que para outras. Ainda assim, é necessário entender que a redação não é um dom, mas uma competência. E, como qualquer competência, ela pode ser aprimorada. Você pode melhorar sua redação lendo e escrevendo. Simples assim! E, quando surgir alguma dúvida, basta perguntas para algum colega. As sugestões de outras pessoas podem nos ajudar a melhorar a qualidade de um texto e, com o tempo, escrever bem se torna natural. Os avanços tecnológicos deixaram a troca de mensagens mais veloz com a ajuda dos computadores e do espaço virtual – a web. Hoje, a comunicação entre empresas - ou pessoas jurídicas, pro�ssionais autônomos, etc. - ou dentro da própria empresa acontece em segundos. 055 Por meio dos recursos da Intranet, os veículos online se ampliaram. Têm-se à disposição e-mails, o Messenger (troca imediata de mensagens, impressas, via vídeo ou voz), Skype (troca imediata de mensagem via voz, em tempo real), mensagens SMS (troca de mensagens instantâneas por meio de aparelhos celulares e computadores), WhatsApp, entre outros recursos que não cabe, neste momento, aprofundar. Todavia, alguns cuidados necessitam ser tomados para que a comunicação ocorra sem ruídos quando enviada por meio da web: construir mensagens breves, com economia de palavras, mas com conteúdo; ser claro, objetivo e conciso, sem repetições de palavra; não deixar de informar dados fundamentais na mensagem; adequar a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são mais infantis, outras é difícil de ler em smartphones, etc. colocar sempre no texto uma frase que sugira a con�rmação do recebimento da mensagem. NÃO ESCREVER A MENSAGEM EM CAIXA ALTA para não dar a impressão de que está bravo, pois na linguagem digital essa é a função de um texto escrito todo em letra maiúscula: dar uma bronca! Nos meios virtuais, sempre que disponível, é recomendável a utilização do recurso de con�rmação de leitura. Caso não seja viável, deve constar da mensagem con�rmação de recebimento. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceita como documento original, é necessário existir certi�cação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei. 056 Como NÃO escrever um e-mail: Olá, Bom dia! Escrevo para lembrar sobre o e-mail que passei no outro dia, assunto de seu interesse. Espero que já tenha resolvido aquilo e já esteja resolvendo outro sobre o qual conversamos pessoalmente. Nesse exemplo, �ca impossível saber do que se trata e quem enviou. Assim, não use palavras inde�nidas e demonstrativas sem referências: “no outro dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra Informação interessante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e Boa noite”. Se o e-mail é uma correspondência digital, não se pode prever quando e em que horário o receptor irá ler. Por isso, pre�ra o horário em que você, emissor, está escrevendo, independentemente do período em que o receptor vai ler. O “Olá” é totalmente aceito nesse tipo de correspondência, bem como desfechos tais como “Abraços” e “Saudações”. Formalidades que vão além dessas formas (“Estimas de consideração”, “Meus votos de respeito e felicidades”, etc.) podem parecer arrogante demais - ou no mínimo mostra que a pessoa ainda vive em uma variação histórica antiga” E é importante destacar que responder mensagens muito tempo depois demonstra ine�ciência. Adaptado de França, 2013. 057 Vícios na Comunicação Comercial É denominado “chavão” (ou clichê) o vício de estilo incorporado como linguagem do texto empresarial. Alguns chavões contêm erros gramaticais ou de signi�cado, mas outros são apenas expressões que, de tanto uso, se tornaram muletas que convêm evitar, uma vez que não conferem ao texto a necessária autenticidade e atrapalham a e�cácia do texto. Assim, os chavões assumem papel negativo não só de concepção do texto como antiquado, mas também de falha no poder de mobilização do leitor. Veja o que nos diz o jornalista Renato Paiva: “Por volta 1880, o poeta parnasiano Luiz Guimarães escreveu o verso ‘depois de um longo e tenebroso inverno‘ na poesia ‘Visita à Casa Paterna’. Os leitores acharam tão bonito que nunca mais deixaram de repeti-lo, mesmo não sabendo quem escreveu e em que contexto. Pela recorrência, o que era agradável �cou cansativo e chato. Assim nascem os chavões, clichês ou lugares-comuns, que são palavras e expressões tidas um dia por interessantes ou bonitas, mas que se desgastaram pela repetição. O leitor mais exigente torce o nariz (chavão proposital) quando lê expressões tais como ‘luz no �m do túnel‘, ‘fechar com chave de ouro‘, ‘lugar ao sol‘, ‘requintes de crueldade‘, ‘acreditar piamente‘, ‘comédia de erros‘, ‘do Oiapoque ao Chuí‘, ‘merecidas férias‘, ‘caixinha de surpresa‘ e outras centenas ou milhares que empobrecem artigos, reportagens e relatórios. Modismos, que são os clichês usados em um determinado momento, estimulados pelos meios de comunicação abundam nos jornais, principalmente colunas sociais: ‘No agito‘ dos ‘ricos e famosos‘ a fulana ‘causou’ (...) Estas coisas acontecem por preguiça de pensar, pois é mais fácil repetir o que já está pronto economizando esforço. Claro que a língua é dinâmica e que palavras entram e saem do uso conforme a vontade dos falantes. Mas os casos de repetições citados são estimulados pelos meios de comunicação, que deveriam cuidar melhor dela (a língua), pois é sua matéria prima.” 058 Fonte: Disponível aqui Você já deve ter ouvido e falado inúmeros chavões sem perceber. Quem nunca falou que o fulano “dispensa apresentações”? Ou teve uma atuação impecável, cometeu um erro gritante, teve uma calorosa recepção, algo ou alguém teve uma importânciavital num acontecimento, o Beltrano é a bola da vez, tal coisa caiu como uma luva, o Cicrano entrou em rota de colisão com o Fulano, outro fugiu da raia, e tudo voltou à estaca zero, e depois de marcar um gol, a seleção só administrou o resultado? Pois leia mais sobre chavões e clichês no texto do jornalista Mouzar Benedito em: Vamos estudar alguns chavões a serem evitados na redação comercial e técnica: Chavões de introduções “Viemos, através desta, solicitar” Ora, ninguém, a não ser o super-homem, consegue ver “através” de algo. A palavra através signi�ca atravessar, fazer travessia. Portanto, pode-se ver através da vidraça, pode-se enriquecer através dos anos, mas não se pode, por exemplo, “aprovar o aumento através de decreto-lei, pois o decreto-lei não é atravessado, para que o aumento aconteça; pode-se somente “aprovar o aumento por meio do decreto”. Portanto, não é correta e não deve ser usada a expressão “através desta carta”, mas sim por meio, mas não nesta situação frasal, pois não há outra carta por onde vir, a não ser só por meio da mesma. “Venho, pela presente, solicitar a V. M.” Já que pela ausente não se solicita nada, a expressão pela presente torna-se, obviamente dispensável. Só há uma carta: a presente, só se poderá vir por meio dela. 059 https://blogdaboitempo.com.br/2015/06/02/cultura-inutil-chavoes/ “Solicitamos a V. Sa. a inclusão de João Amaro” O pronome de tratamento V. Sª. só será utilizado quando o destinatário exigir tal formalidade, ou por ser de hierarquia superior dentro da empresa e houver tal orientação, ou por se tratar de destinatário externo, em que se deseja manter tal formalidade. No caso de colegas do mesmo nível hierárquico, esse pronome pode ser suprimido, resultando em um texto com maior empatia e maior e�cácia comunicativa. “Acusamos o recebimento do e-mail” Hoje em dia não se deve utiliza o verbo acusar nos textos empresariais, devido ao seu signi�cado na atualidade. Diga apenas “Recebemos/Recebi seu e-mail”. “Em resposta ao contrato referenciado” A palavra “referenciado” nem existe! - e mesmo assim é tão usada por aí... Substitua-a por uma das formas: mencionado, referido ou citado. Chavões de desfechos “Reiteramos os protestos de elevada estima e consideração” Esse fecho, exemplo clássico de chavão, utilizado em ofícios e insistentemente usado por setores do judiciário, está fora de uso desde 1982, quando a Instrução Normativa nº 133 do Departamento de Administração do Serviço Público recomendou a sua substituição por fechos mais simples. E como alguém ainda consegue usar isso na Era Digital? Além disso, falta coerência de sentido ao chavão citado, pois não se podem fazer votos, isto é, desejos de estimar (sic) alguém; pode-se desejar prosperidade, saúde, felicidades, mas a estima e a consideração se adquirem pela convivência e não por desejo, concorda? “Sem mais para o momento” Quando se analisa o signi�cado dessa frase, percebe-se que ela indica que não há mais nada para acrescentar. Se o texto terminou, é lógico que é sem mais. Portanto, só deve ser usada em comunicações em que não se pretenda encerrar de forma polida, 060 como em cartas de cobrança ou similares. O uso da expressão está condicionado à continuidade da comunicação, em relação à mensagem veiculada. REFINE SEU VOCABULÁRIO CORPORATIVO Em 2015, o jornalista William Bonner recebeu o prêmio Melhores do Ano da TV Globo na categoria jornalismo. Ao ser perguntado sobre qual era o sabor daquele troféu, especialmente após substituir um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro − o apresentador Cid Moreira −, Bonner respondeu enfaticamente: “Eu não substituí o Cid, eu o sucedi. Seria impossível substituí-lo”. Os verbos “substituir” e “suceder” podem, a princípio, parecer quase sinônimos. No entanto, para Bonner, a opção por “suceder” foi muito mais feliz. “Suceder” soa mais natural que “substituir”, enquanto “substituir” é muito mais apropriado para uma lâmpada do que para uma pessoa. Pequenas sutilezas como essa fazem toda a diferença na comunicação. Muita leitura e um dicionário sempre à mão na hora de escrever são as principais dicas para quem deseja re�nar o vocabulário. É importante ressaltar a diferença entre “re�nar” e “rebuscar”. O primeiro conceito está muito mais próximo de “lapidar”, trabalhar para escolher as palavras que melhor exprimem a mensagem desejada. Já o segundo signi�ca “�orear, so�sticar sem necessidade”. Não faz sentido em um jantar familiar dizer “Por obséquio, passe-me o sal”. Note que no exemplo de William Bonner, ele não usa nenhum rebuscamento. No entanto, ele procura a palavra exata para exprimir sua mensagem. O re�namento assemelha-se a um trabalho mais artesanal. Escolher as palavras certas pode ser um diferencial positivo na carreira de um pro�ssional. Por isso, mãos à obra. Veja abaixo alguns exemplos de frases em que é possível optar por um vocabulário mais re�nado e preciso: Recursos vocabulares Na sala cabem vinte pessoas. A sala comporta vinte pessoas. Eu tenho cinco convites para esse setor. Eu disponho de cinco convites para esse setor. 061 Suas observações foram passadas para o gerente. Suas observações foram encaminhadas ao gerente. Os documentos têm informações con�denciais. Os documentos contêm informações con�denciais. Puseram um aviso no painel. A�xaram um aviso no painel. A atendente me deu informações imprecisas. A atendente me forneceu informações imprecisas. Enviarei a proposta para você ver. Enviarei a proposta para você analisar/avaliar. Vou pôr o dinheiro no banco. Vou depositar o dinheiro no banco. A certi�cação é a atual meta da empresa. A certi�cação representa a atual meta da empresa. Os gerentes tiveram momentos difíceis. Os gerentes viveram momentos difíceis. OBS: No mundo corporativo, tem-se notado o uso do verbo “experenciar”. Tal termo ainda não consta do vocabulário o�cial da língua portuguesa, por isso, cuidado em que local você vai utilizá-lo! Pre�ra “viver uma experiência” ou “passar por uma experiência”. Fonte: adaptado de Disponível aqui . Acesso em 30 maio, 2019. 062 https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/refine-seu-vocabulrio-corporativo/ 07 Comunicação no Atendimento 063 “Os"Já não basta simplesmente satisfazer clientes. É preciso encantá-los". Richard Whitely, jornalista e apresentador britânico Para Chiavenato (2006), “comunicação é a troca de informações entre indivíduos. Signi�ca tornar comum uma mensagem ou informação. Constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da organização social”. E comunicar-se bem pressupõe falar bem. Um atendimento, um encontro pro�ssional ou uma venda passam por processos de comunicação intensos, nos quais as pessoas possuem interesses particulares: um de se fazer entender, outro de entender para realizar o que se pede. Para tanto, habilidades de comunicação são exigidas. Habilidades de Comunicação Um bom administrador, gestor ou vendedor é sinônimo de um bom comunicador, e ser um bom comunicador signi�ca interagir de várias formas. Veja: 064 Fonte: adaptado de Passadori, 2013. Comunicar- se bem consigo mesmo Acreditar no seu potencial e na sua capacidade de realizar aquilo que deseja, saber valorizar-se e reconhecer-se como uma pessoa capaz de lidar com situações e clientes difíceis e sentir-se um vencedor são jeitos de manter uma comunicação constante com você mesmo. Essa autoestima certamente será percebida pelo cliente. Como outra pessoa vai valorizar e reconhecer alguém que não se dá o devido de valor? Ser todo ouvidos Saber ouvir é uma das grandes di�culdades na comunicação de atendimento, e ouvir também é valorizar o outro, estudar suas características e cultivar o hábito da empatia - colocar-se no lugar do cliente, entender suas limitações e seus valores, aquilo que preza ou detesta, respeitar profundamente seus direitos de ser diferente e ter seus próprios pensamentos. Um bom vendedor sabe compreender e, a partir disso, criar um clima favorável para realizar
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