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Pesquisa em Educação unidade 3

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PESQUISA EM EDUCAÇÃO
CAPÍTULO 3 – COMO COLETAR DADOS
POR MEIO DA OBSERVAÇÃO E DA
ENTREVISTA DE MANEIRA EFICIENTE E
ÉTICA?
Ana Claudia de Oliveira G. Merli
INICIAR
Introdução
Existem muitas formas de se realizar uma pesquisa científica: é possível descrever,
explicar, inovar e experimentar. No âmbito das pesquisas em educação,
principalmente aquelas que envolvem seres humanos, essa variedade suscita
questionamentos: como, onde, com quem e por quê? Isso quer dizer que os
pesquisadores precisam tomar decisões quanto a escolha do local e dos sujeitos, a
maneira mais eficiente de coletar informações, a postura ética em relação aos
sujeitos e ao ambiente onde será realizada a pesquisa, entre outros
encaminhamentos que surgem no decorrer da pesquisa.
Nesse sentido, imagine-se um pesquisador que pretende realizar uma pesquisa em
ambiente escolar e com contato com os sujeitos que frequentam o ambiente, ou
seja, investigar a realidade escolar. Pense, ainda, nas situações em que é possível
simular e testar novos procedimentos educacionais, como metodologias de ensino,
formas de avaliação e tecnologias experimentais aplicadas ao processo de ensino e
aprendizagem.
Tendo em vista esse cenário, a partir de agora nos aprofundaremos em elementos
que possibilitam responder as seguintes questões: quais cuidados devem ser
tomados em relação aos procedimentos metodológicos e éticos? Como o
pesquisador deve se planejar para o contato com os sujeitos envolvidos na
pesquisa? Como proceder para a coleta de dados eficiente? É possível realizar
experimentos em pesquisas educacionais?
Para responder essas e outras dúvidas, neste capítulo, trataremos de questões éticas
relacionadas à observação, entrevista, organização e tratamento de dados coletados
no ambiente escolar.
Vamos aos estudos!
3.1 Ética na pesquisa
Os alunos de Graduação e Pós-graduação de cursos relacionados à educação e
ensino podem desenvolver suas pesquisas propondo inovações nos procedimentos
de ensino e aprendizagem, como metodologias de ensino e avaliação, material
didático, tecnologias aplicadas à educação etc. Nesse universo de possibilidades,
em geral, estão envolvidas as pessoas, ou seja, professores, alunos, funcionários e
gestores. Contudo, conforme estudamos, ao tratarmos de qualquer pesquisa
envolvendo seres humanos, precisamos tomar alguns cuidados referentes à ética. 
Westworld é uma série de 2016, de Jonathan Nolan e Lisa Joy, que traz questões polêmicas a respeito de
experimentos com robôs e dos limites que o ser humano pode alcançar em prol do próprio prazer. Trata-
se de um parque turístico que recria o Velho Oeste, habitado por robôs dotados de inteligência artificial e
programados para fazer com que os turistas sintam todas as emoções desse ambiente hostil.
VOCÊ QUER VER?
No senso comum, a ética se confunde com a moral, na tentativa de compreender o
que é certo ou errado quanto ao comportamento humano. No entanto, o termo se
refere a um campo de estudo da Filosofia. De todo modo, ao falar em ética na
pesquisa, trata-se de uma concepção específica que envolve questões de
cientificidade e respeito quanto aos participantes de uma pesquisa científica. Os
parâmetros são estabelecidos, inclusive, pela Resolução n. 466/2012, que está
pautada em documentos nacionais e internacionais sobre pesquisa científica que
envolvem seres humanos. 
VOCÊ SABIA?
A regulamentação sobre ética em pesquisas com seres humanos é a Resolução n. 196/96, que “[...]
visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à
comunidade científica e ao Estado” (BRASIL, 2012, p. 1). A lei foi revisada e atualizada em 2012,
dando origem a Resolução n. 466/2012, que, atualmente, dita os parâmetros para pesquisa com
seres humanos.
Sendo assim, na sequência, veremos com mais detalhes sobre os regulamentos e as
reflexões a respeito da pesquisa em educação que envolvem seres humanos, em
especial o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a documentação e coleta
de dados. 
3.1.1 Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Podemos entender o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como um
[...] documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do
participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as
informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o
mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar. (BRASIL,
2012, II. 23).
Os esclarecimentos de que trata a citação acima se referem a informar o participante
sobre a pesquisa e explicar, de maneira que não interfira na coleta de dados ou
informações, a respeito do assunto abordado. A ideia, também, é esclarecer quanto
a participação ou não de outros sujeitos e da proteção da identidade e das
informações, quando for o caso.
A Resolução n. 446/2012, em seu artigo II, parágrafo 5, esclarece sobre todos os
termos e definições adotados no documento, conforme vemos em:
II.5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa e/ou de
seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência,
subordinação ou intimidação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a
natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos
e o incômodo que esta possa acarretar.
De acordo com o papel exercido pelo participante e o direcionamento teórico-
metodológico, há pesquisas em que a identidade dos sujeitos pode ser revelada,
como é o caso do modelo “história de vida”, visto que, muitas vezes, o tema da
pesquisa objetiva um relato biográfico de um sujeito específico. Já quanto ao local,
pode ser que se trate de um caso específico que necessite ser identificado,
entretanto, é preciso sempre ter bom senso e coerência metodológica. Aqui,
especificamente, trataremos de pesquisas em que a identidade do local e dos
participantes serão resguardadas. Isso significa que o TCLE precisa ser claro quanto
aos esclarecimentos prestados ao participante e à preservação dos dados.
A participação dos sujeitos implica em um processo de consentimento livre e
esclarecido, isto é, não basta que eles assinem o documento, uma vez que é
necessário, também, cumprir todas as etapas que dizem respeito, primeiramente,
quanto aos procedimentos científicos da participação de seres humanos na
pesquisa, e, em segundo lugar, respeito à dignidade humana. O participante precisa,
portanto, entender a pesquisa, saber qual é o papel que desempenhará e ter
garantida sua identidade e idoneidade das informações. A partir disso, ele se
manifestará — de forma documental, consciente, autônoma, livre e esclarecida —
sobre sua participação.
A primeira etapa se refere ao convite, ao esclarecimento de forma clara e honesta,
bem como ao tempo necessário para que o convidado possa pensar e se manifestar
quanto a sua participação. Finalizada essa etapa, que é mais oral do que
documental, inicia-se a documentação.
Figura 1 - O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é um documento necessário para todas as
pesquisas com seres humanos, independentemente de haver ou não risco de vida. Fonte: Shutterstock,
2018.
O TCLE deve ser redigido em linguagem clara, objetiva e idioma compreensível pelo
participante, contendo: título da pesquisa; nome do pesquisador; nome do
orientador; nome da instituição, universidade ou instituto vinculados ao
pesquisador e orientador; objetivo da pesquisa; participante ou participantes;
envolvimento na pesquisa; como será a participação; riscos e desconfortos;
confidencialidade; benefícios; remuneração e pagamento (no caso de participação
voluntária, é preciso constar que não haverá pagamento pelas informações ou
dados); e assinatura de todos os envolvidos, ou seja, participante, pesquisador e
orientador.
Recomenda-se, ainda, que o documento seja redigido em forma de convite, em
papel timbrado, com o logotipo da instituição vinculada à pesquisa, tendo como
título principal em negrito “Termo de ConsentimentoLivre e Esclarecido”. Além
disso, devem ser feitas duas vias com todas as assinaturas, sendo que uma ficará
com o participante e uma será anexada à pesquisa. Ressalta-se, também, que no
item 7 (envolvimento na pesquisa) deve constar que o participante pode abandonar
a pesquisa a qualquer momento, sem prejuízos de preservação e confidencialidade
de dados, informações e identidade. O item ainda precisa conter e-mail e telefone do
pesquisador e do comitê de ética para que o participante possa solicitar
esclarecimentos quando for preciso. 
No item 9 (riscos e desconfortos), é preciso identificar a legislação que rege a
participação de seres humanos em pesquisas científicas (Resolução n. 466/2012) e
reiterar que a pesquisa será submetida a um comitê de ética para verificação de
todos os itens relativos a este quesito.
Por fim, é preciso constar uma declaração do participante de que recebeu todos os
esclarecimentos sobre a pesquisa e sua participação, uma cópia do TCLE e
autorização para a execução do trabalho e divulgação dos dados e informações.
Uma sugestão de redação da última parte é “Confiro que recebi cópia deste termo de
consentimento, e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados
obtidos neste estudo. Tendo em vista os itens apresentados, eu, de forma livre e
esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa”.
O TCLE, portanto, é um dos documentos mais importantes para a participação de
seres humanos na pesquisa científica. Contudo, é válido ressaltar que apenas o
preenchimento deste não é a condição única para o cumprimento dos
Figura 2 - A preservação da identidade dos participantes é muito importante na pesquisa com seres
humanos. Fonte: Karuka, Shutterstock, 2018.
procedimentos éticos. A seguir, veremos outros documentos e procedimentos
necessários para o cumprimento dos procedimentos da pesquisa.
3.1.2 Documentos de autorização
A Resolução n. 466/2012 orienta, de forma geral — e mais especificamente quanto as
pesquisas realizadas na área de saúde —, e prevê a resolução complementar para
pesquisas que envolvem seres humanos de outras áreas do conhecimento, como é o
caso das pesquisas em Ciências Sociais e Humanas: “As especificidades éticas das
pesquisas nas ciências sociais e humanas e de outras que se utilizam de
metodologias próprias dessas áreas serão contempladas em resolução
complementar, dadas suas particularidades” (BRASIL, 2012, XIII. 3).
Na sequência, analisaremos um caso fictício para melhor entendermos quanto a
ética em pesquisas científicas.
CASO
Luís é estudante e está concluindo a graduação em Biologia, no entanto, precisou faltar a uma
palestra sobre direitos autorais, ética e plágio para conseguir terminar seu Trabalho de Conclusão de
Curso, uma vez que está com o tempo bastante reduzido. Luís, então, entregou a versão finalizada
para o orientador, a fim de que este fizesse a última correção antes de entregar o trabalho para a
banca de avaliadores. Contudo, por conta do atraso do aluno, o professor fez uma correção
apressada e entregou o trabalho para a banca antes da apresentação. Faltando um dia para a defesa,
o professor recebe a ligação de um dos componentes da banca avisando que foi detectado plágio e
que o aluno seria reprovado. A banca, diante dessa situação, é cancelada.
O orientador, então, chamou Luís para conversar e mencionou o que aconteceu. O aluno disse que
copiou apenas alguns trechos, mas que fez integralmente a coleta de dados e a análise. O professor
explicou que o plágio se enquadra na Lei de Crime de Violação aos Direitos Autorais, em seu art. 184,
independentemente de quanto foi copiado. Luís, em sua defesa, ainda argumenta que fez todos os
passos para o encaminhamento ético, tendo em mãos o parecer do CEP e os termos de autorização
para comprovar. O professor explicou, ainda, que a ética é uma questão bastante abrangente,
requerendo postura do pesquisador.
A resolução complementar que se refere à Ciências Sociais e Humanas é a Resolução
n. 510/2016, que define a especificidade das pesquisas nessa área. Além disso, a
resolução também lista os procedimentos e documentos referentes ao protocolo de
pesquisa específica das áreas de Ciências Sociais e Humanas. O protocolo, por sua
vez, relaciona, além do TCLE, outros documentos e objetos de pesquisa que não
devem ser submetidas ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Quanto à especificidade da área, as pesquisas em Ciências Sociais e Humanas são 
[...] aquelas que se voltam para o conhecimento, compreensão das condições,
existência, vivência e saberes das pessoas e dos grupos, em suas relações sociais,
institucionais, seus valores culturais, suas ordenações históricas e políticas e suas
formas de subjetividade e comunicação, de forma direta ou indireta, incluindo as
modalidades de pesquisa que envolvam intervenção. (BRASIL, 2016, art. 2, inciso XVI). 
As pesquisas educacionais são contempladas nessas áreas, ainda que tenham um
campo particular e não contem com uma resolução complementar específica. Nesse
ínterim, a literatura especializada aponta que há severas discussões a respeito da
particularidade do campo das pesquisas em educação: 
Costuma-se afirmar que uma das maiores dificuldades com a qual se depara a
pesquisa na área é o fato de que a reivindicação a um estatuto epistemológico mais
definido é obstaculizada pela complexidade do fenômeno educacional e do caráter de
confluência de várias disciplinas que caracterizam a área. (KUENZER; MORAES, 2005, p.
15).
Para se inteirar de algumas discussões a respeito do campo da pesquisa em educação no Brasil,
sugerimos o artigo de Acacia Zeneida Kuenzer e Maria Célia Marcondes de Moraes, intitulado “Temas e
tramas na pós-graduação em educação”. Nele, as autoras apontam aspectos históricos do delineamento
desse campo de pesquisa e indicam alguns pontos para reflexão sobre a produção de conhecimento em
ciências humanas e educação. Leia o artigo completo no link: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015)>.
VOCÊ QUER LER?
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000400015
As pesquisas em educação são contempladas na Resolução n. 510/2016, conforme
integram aspectos sociais, culturais, políticos, históricos e recorrem à linguagem
como um dos elementos de análise do fenômeno educativo. Em vista disso, essas
pesquisas necessitam de um protocolo para balizar os documentos necessários para
proteção da integridade dos participantes e das informações. O inciso XXI do art. 2º,
por exemplo, indica o protocolo de pesquisa, que é composto por um conjunto de
documentos formado pela folha de rosto, pelo projeto de pesquisa, pelas
informações sobre os participantes da pesquisa, pelos pesquisadores e pelas
instâncias responsáveis. A respeito dos participantes, as informações devem ser
descritas na metodologia, parte integrante do projeto e do relatório da pesquisa, já
quanto as informações a respeito dos pesquisadores, elas devem estar descritas no
currículo lattes, registrado na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que será informado no momento
de registro do projeto de pesquisa na Plataforma Brasil. 
VOCÊ SABIA?
O currículo lattes é um registro acadêmico e profissional das ações e produções realizadas pelas
pessoas. Em geral, esse tipo de currículo é exigido em concursos públicos e assuntos relacionados as
atividades acadêmicas. A Plataforma Lattes, inclusive, é um espaço virtual de registro desse
documento no Brasil, o qual deve ser constantemente atualizado pelo autor. Para conhecer mais,
acesse o link: <http://lattes.cnpq.br/ (http://lattes.cnpq.br/)>.
Os documentosnecessários e as informações a respeito dos participantes ou locais,
quando for o caso, devem estar disponíveis no momento em que o pesquisador for
submeter o projeto ao CEP, através da Plataforma Brasil. Para finalização da
pesquisa, no momento de escrita do relatório, alguns documentos deverão estar
anexos, como o parecer do CEP e o TCLE. Após o pesquisador juntar todos esses
documentos, deve partir para a coleta de dados. Esta deve ter sido planejada
previamente e pensada em conformidade com os fundamentos teórico-
metodológicos e a análise.
A coleta de dados é um momento muito importante da pesquisa, o qual requer
preparação, atenção e concentração de tempo e organização por parte do
pesquisador, sem perder de vista os objetivos estabelecidos.
http://lattes.cnpq.br/
http://lattes.cnpq.br/
A seguir, serão descritos alguns aspectos para a preparação do pesquisador e para a
eficácia na coleta de dados. 
3.1.3 A eficiência na coleta de dados
Já reiteramos que, antes de qualquer coisa, é necessário planejamento, organização
e bom senso para a realização de uma pesquisa científica, principalmente quando
ela envolve pesquisa com seres humanos. Dessa maneira, após planejar, é preciso
trabalhar com as questões éticas, tanto para atender a regulamentação vigente
quanto por bom senso e postura profissionais.
A maneira com que ocorre a coleta de dados está intimamente relacionada aos
objetivos estabelecidos da pesquisa. Por exemplo, caso o objetivo seja investigar o
valor dado a diferentes metodologias de ensino por uma dada população, pode-se
coletar informações a partir de questionário, entrevista ou observação. Contudo, o
que irá determinar a melhor técnica ou o melhor instrumento? Certamente isso
poderá ser respondido a partir do alinhamento feito com o restante da pesquisa. Isto
é, se a pesquisa for quantitativa, um questionário com perguntas objetivas pode ser
suficiente para fazer o levantamento das preferências de uma dada população a
respeito do objeto investigado. Por outro lado, se tratar de uma pesquisa
experimental, em que o pesquisador expõe os sujeitos a uma metodologia de ensino
diferente, ele pode observar como foi a participação e a aprendizagem dos sujeitos,
comparando uma metodologia conhecida com a nova, proposta por ele.
Uma das questões a se considerar é a postura adotada pelo pesquisador e seu grau
de envolvimento com os sujeitos pesquisados. Uma das posturas mais
conservadoras quanto ao conhecimento científico é o Positivismo. Nele, busca-se a
verdade, que só pode ser comprovada pelo conhecimento científico, tendo como
objeto sempre o real, o observável e o concreto, que pode e deve ser mensurável.
Além disso, o conhecimento é fixo, portanto, objetivo. Dessa forma, a ciência estuda
os dados de maneira neutra e desinteressada, o que implica na neutralidade e no
distanciamento do pesquisador quanto ao objeto de pesquisa. Assim, é preciso
verificar, controlar e descrever os resultados (TRIVIÑOS, 1987).
Imagine como seria realizar uma pesquisa em ambiente escolar ou acadêmico,
tentando manter distanciamento e neutralidade, considerando apenas o que é
observável e concreto. Devido aos avanços nas metodologias de pesquisa em
Ciências Sociais e Humanas e na educação, considerar distanciamento e
neutralidade é deixar de lado elementos do entorno do fenômeno que permitem
compreendê-lo em sua totalidade. Além disso, essas áreas encontraram nas
pesquisas qualitativas instrumentos, técnicas e métodos que auxiliam na
delimitação do tema e no rigor metodológico, levando em conta a subjetividade dos
fenômenos e sujeitos.
Desse modo, percebe-se que a coleta de dados depende das concepções adotadas
pelo pesquisador. Considerando pesquisas em que haverá envolvimento de
participantes que exporão suas preferências e os significados que atribuem à
realidade — suas opiniões, narrativas e imagens —, é preciso ponderar em como o
pesquisador irá atuar, não a ponto de se distanciar, mas buscando a representação
mais fiel do que é real.
Para traçar um caminho coerente, alguns elementos podem ser considerados pelo
pesquisador para que o planejamento seja eficiente em pesquisas em que ele terá
contato direto com os sujeitos, como no estudo de caso, na pesquisa-ação ou na
pesquisa participante. Vejamos alguns deles:
Participantes: busque por sujeitos idôneos, que estejam dispostos a
participarem voluntariamente. Tente perceber se as informações não trarão
prejuízos ou benefícios para os sujeitos ou os ambientes escolhidos. 
Local: caso se trate de contato individual com o participante, procure um local
adequado em que ele se sinta à vontade e tenha tempo suficiente para
participar da pesquisa. Caso se trate de coletividade, é importante que os
sujeitos se sintam confortáveis e não sejam constrangidos ou tenham suas
opiniões expostas de forma vexatória ao grupo participante. 
Presença do pesquisador: procure instrumentos adequados aos objetivos da
pesquisa; tente alterar ou interferir o menos possível nas informações ou
dados coletados; jamais exponha pejorativamente as informações coletadas;
tenha todos os documentos em ordem para responder quaisquer dúvidas dos
participantes; seja educado, confiável e disponível; cumpra os compromissos,
datas e horários combinados.  
Relatório de pesquisa: busque a melhor forma de elaborar o relatório da
pesquisa, preservando a identidade dos participantes e tratando com respeito
e dignidade os sujeitos e as informações relatadas por eles. Sugere-se que, ao
final do trabalho, o pesquisador retorne aos sujeitos e apresente o relatório. É
importante, também, divulgar em meios científicos, como congressos e
periódicos, os resultados da pesquisa. 
Ressalta-se que a simples presença do pesquisador no ambiente de pesquisa já
provoca alterações. Ademais, ao entrevistar, observar ou aplicar questionários, há
uma tendência de os participantes responderem aquilo que é aceito socialmente ou
o que eles acreditam ser desejável. Cabe, aqui, para a coleta eficaz de dados, deixar
claro que as identidades serão preservadas e que as informações não deverão
influenciar o ambiente de trabalho. Outro ponto relevante é permitir que os
instrumentos de coleta sejam aplicados por outras pessoas. Por exemplo, deixar um
questionário ou atividades para o professor da sala aplicar, a resolução pode ser
influenciada por este colaborador. É necessário, portanto, ponderar o que é aceitável
para os objetivos da pesquisa.
A seguir, serão discutidos aspectos importantes para as técnicas específicas de
pesquisa, como observação e entrevista. 
3.2 Observação
O campo de pesquisa em educação é vasto, complexo e multidisciplinar. Ao iniciar
uma proposta de pesquisa, o desafio é delimitar o tema, ou seja, colocar os limites
que sejam possíveis de serem pesquisados no tempo que o pesquisador tem para
fazer essa atividade. Vencido esse desafio, surgem outros novos, sendo que um
deles está na escolha da técnica de coleta de dados. Ao escolher ter contato direto
com os participantes da pesquisa, é preciso selecionar como será feito esse contato,
se será aplicada uma única técnica e como serão organizados os dados para a
análise. A observação é uma possibilidade que o pesquisador tem de coletar dados e
informações referentes ao seu objeto. Ele pode observar os sujeitos, o ambiente, as
ações, os pensamentos materializados etc.
Segundo Selltiz, Wrightsman e Cook (1967, p. 225): 
A observação nada mais é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os
conhecimentos necessários para o cotidiano. Pode, porém, ser utilizada como
procedimento científico, à medida que:
a) serve a um objetivo formulado de pesquisa;
b) é sistematicamente planejada;
c) é submetida a verificação e controles de validade e precisão. 
Além disso, observar é uma ótima maneira de conhecer, de fato, o objeto de
pesquisa, independentemente se está sendo coletados dados ou apenas se tendo
contato para conhecê-lo melhor. Por exemplo, pode-se observar o cotidiano escolar
antes de decidir qual será a proposta de trabalho de umapesquisa participante.
Para entendermos com mais detalhes, no decorrer deste tópico serão apresentadas
algumas discussões a respeito da observação e do papel do pesquisador na
aplicação dessa técnica.
3.2.1 Exigências para uma boa observação
Afinal, o que é uma boa observação?
Assim como qualquer outra técnica, a observação é aquela em que o pesquisador
consegue realizar as ações ou atividades que se propôs, em busca de dados ou
informações relacionadas ao objeto que está estudando. Caso tenha sido proposto
uma pesquisa que faça alguma intervenção ou que integre algum tipo de
experimentação, como uma metodologia, é preciso planejamento e organização
para não se perder de vista o que se pretende observar.
Nesse sentido, Ludke e André (2012, p. 25) indicam que “[...] a observação precisa
ser, antes de tudo, controlada e sistematizada. Isso implica a existência de um
planejamento cuidado do trabalho e uma preparação rigorosa do observador”. É
preciso buscar técnicas para saber observar e não perder o foco do objetivo da
entrevista.
Sugere-se que o observador treine ou faça pequenas incursões para que consiga
simular as situações as quais irá observar. Por exemplo, ao observar o ambiente
escolar, é interessante frequentar o ambiente antes de realizar as anotações ou
registros que serão utilizados na pesquisa, para que os sujeitos se acostumem com a
presença do observador e ajam o mais naturalmente possível. Além disso, o
observador pode fazer os registros dos observados para treinar sua percepção
quanto ao que é importante, estratégias de concentração, como fazer anotações
organizadas e de maneira rápida. Para esse tipo de preparação, é preciso reservar
algum tempo e solicitar ajuda para verificar as estratégias utilizadas, pois nem
sempre o próprio observador consegue avaliar sozinho e planejar suas ações para o
momento de observação.
Nas pesquisas qualitativas, a observação é muito valiosa, uma vez que permite ao
pesquisador contato prolongado com os sujeitos e com o ambiente da pesquisa,
possibilita captar as experiências vivenciadas e conhecer o processo, e não apenas
os resultados. Em uma pesquisa-ação, de caráter qualitativo e experimental, em que
o pesquisador propõe um novo instrumento de avaliação, ele avalia uma situação
prévia, propõe uma ação e avalia novamente após a intervenção. Dessa forma, a
observação pode colaborar desde o início para que o pesquisador conheça o objeto.
No exemplo dado, instrumentos de avaliação também permitem conhecer a
realidade em que um novo instrumento será utilizado, o que aproxima a pesquisa
educacional do cotidiano escolar.
Outras vantagens do emprego da observação na pesquisa qualitativa é fazer com
que o pesquisador conheça melhor o objeto da pesquisa, podendo ser associada a
outras técnicas, como a entrevista. Desse modo, é possível coletar dados em
situações em que não seria possível a partir de outra técnica. Quanto a isso, temos,
ainda, que sujeitos com deficiências ou limitações na comunicação podem
participar de pesquisas em que seja utilizada a técnica de observação. 
VOCÊ SABIA?
Como se preparar para a observação? É preciso planejar com bastante antecedência como e onde
será feita a observação. Depois, reserva-se um tempo para ter contato com o ambiente e os sujeitos
antes de serem feitos os registros que serão utilizados na pesquisa. Estudar e testar diferentes
estratégias de registro, anotações, observação e concentração também é algo importante a se
considerar. Por fim, ter em mente qual é o objetivo da observação, ou seja, não perder de vista o que
se quer observar, é essencial.
É possível utilizar diferentes técnicas para se fazer os registros da observação,
dependendo do grau de participação: anotações, registros de áudio e/ou vídeo. A
seguir, vamos entender melhor quanto aos tipos de observação existentes.
3.2.2 Tipos de observação
Para decidir que tipo de observação será utilizada, é preciso avaliar qual é o grau de
envolvimento do pesquisador com o ambiente e os sujeitos observados, se o
envolvimento se relaciona com a fundamentação teórico-metodológica adotada na
pesquisa, quais são os objetivos da pesquisa e como será realizada a análise. Vale
lembrar, portanto, que cada parte da pesquisa é importante e integra um todo, ou
seja, é preciso ter coerência metodológica e teórica para que o trabalho seja válido e
produza, de fato, um conhecimento científico.
Gil (2008) classifica as observações em simples, sistematizadas e participantes. Aqui,
trataremos das duas primeiras, visto que no próximo tópico será abordada
especificamente a observação participante, devido sua importância e ao uso nas
pesquisas educacionais.
A observação simples também pode ser chamada de observação-reportagem, pois
se caracteriza por “[...] o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo
ou situação que pretende estudar, observar de maneira espontânea os fatos que aí
ocorrem” (GIL, 2008, p. 101). Assim, não há regras fixas do que se observar, sendo
que a técnica é pouco sistemática. Em geral, o pesquisador observa livremente o
ambiente e os sujeitos, permitindo que ele construa o problema conforme entra em
contato com o fenômeno pesquisado. Esse tipo de observação é apropriado,
inclusive, para pesquisas que envolvem a conduta dos sujeitos.
A observação sistematizada, por sua vez, também possui objetivos bem
estabelecidos, como a descrição de fenômenos e o teste de hipóteses. No caso das
pesquisas educacionais, aplica-se a situações em que o pesquisador irá a campo e
com um plano de observação bem delineado.
Quanto aos tipos de observador, o pesquisador deve decidir sobre seu grau de
envolvimento. Isto é, deve optar por estar envolvido ou manter distanciamento em
relação aos sujeitos da pesquisa.
Outra decisão diz respeito ao que e quanto dos objetivos da pesquisa o pesquisador
revelará para os participantes (LUDKE; ANDRÉ, 2012). Ainda que essa questão precise
ser bem pensada em relação as questões éticas, é necessário ponderar se o que for
exposto para os sujeitos influenciará nos dados observados.
Ludke e André (2012, p. 28) classificam o tipo de observação conforme a
participação do observador: 
Decidir quanto ao grau de envolvimento no trabalho de pesquisa não significa decidir
simplesmente que a observação será ou não participante. A escolha é feita geralmente
em termos de um continuum que vai desde uma imersão total na realidade até um
completo distanciamento. 
A partir do continuum, classifica-se o observador em participante total, participante
como observador, observador como participante e observador total. O quadro a
seguir nos mostra detalhadamente sobre cada um deles.
Portanto, cabe ao pesquisador decidir quanto à observação (simples, sistematizada
ou participante) e qual será o grau de envolvimento com os participantes da
pesquisa. Na sequência, vamos compreender quanto a especificidade da
observação participante. 
3.2.3 A observação participante
Ao escolher a observação participante, o pesquisador irá participar sistemática e
permanentemente da vivência dos sujeitos da pesquisa, ou seja, “[...] o observador
assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do grupo. Daí por que
se pode definir observação participante como a técnica pela qual se chega ao
conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo” (GIL, 2008, p.
103).
O objetivo da participação é conhecer profundamente os sujeitos e o fenômeno
pesquisados, bem como vivenciar as mesmas experiências a partir da visão do
grupo. Há a possibilidade de se estar, durante longo tempo, como observador
participante, contudo, é sempre importante ter em mente que quanto maior o
envolvimento, maiores serão as chances de análises tendenciosas.
Quadro 1 - Classificação dos tipos de observador conforme o continuum. Fonte: Elaborado pela autora,
baseado em LUDKE e ANDRÉ, 2012.
Nas pesquisas qualitativas, o olhar do pesquisador é valorizado, visto que, através
dele, serão selecionadas e realizadas as análises. Sob a perspectiva fenomenológica,
porexemplo, a maneira com que o pesquisador apreende o mundo é de extrema
importância. Dessa forma, nesses tipos de pesquisa, não se fala em neutralidade e
distanciamento. Gil (2008, p. 104) ainda elenca algumas vantagens da observação
participante: 
a) Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os membros das
comunidades se encontram envolvidos.
b) Possibilita o acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de domínio
privado.
c) Possibilita captar as palavras de esclarecimento que acompanham o
comportamento dos observados. 
Entretanto, o autor também alerta para que os cuidados com as questões éticas
sejam reforçados e que o pesquisador esteja atento ao seu papel de observador e
aos limites requeridos nessa atuação. Independentemente da técnica e do contato
próximo ou distante do pesquisador com os sujeitos da pesquisa, é necessário
sempre ter em mente os objetivos e a maneira com que os dados serão analisados.
Na sequência, serão discutidos os objetivos dos tipos de coleta de dados em que o
autor interage com os participantes.  
3.3 Os objetivos da pesquisa
Uma das partes mais importantes e que consome horas de reflexão de um projeto de
pesquisa é escrever quais são os objetivos. Conforme essa delimitação, pode-se
classificar as pesquisas científicas em exploratórias, descritivas ou explicativas (GIL,
2002).
As pesquisas exploratórias têm por objetivo o aprimoramento de ideias,
proporcionando maior familiaridade do pesquisador com o objeto estudado,
buscando descrevê-lo e escrever hipóteses sobre ele a partir de levantamento
bibliográfico e entrevista, geralmente.
As pesquisas descritivas, por sua vez, visam descrever características ou
estabelecer uma relação entre as variáveis, podendo-se empregar para isso as
técnicas de questionário e observação.
Por fim, as pesquisas explicativas têm por finalidade identificar os fatores
relacionados a determinado fenômeno para explicar o porquê de sua existência.
Frequentemente, utilizam experimentos e estão relacionadas a área de Ciências
Biológicas. 
Escrever um projeto de pesquisa é realmente um desafio. Para compreender mais profundamente os
elementos que compõe um projeto e como desenvolvê-lo conforme cada tipo de pesquisa, o livro “Como
se faz uma tese em ciências humanas”, de Umberto Eco, é  uma ótima opção de leitura. Nele, o autor
apresenta os elementos do projeto de pesquisa e explica, em linguagem fácil, como escrever cada uma
das partes.
Toda entrevista possui caráter de interação entre o pesquisador e o participante, e
visa obter informações através de perguntas que podem ser adequadas para indicar
“[...] informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou
desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações
ou razões a respeito das coisas precedentes” (SELLTIZ; WRIGHTSMAN; COOK, 1967, p.
273). As áreas de Ciências Sociais e Humanas aderem à entrevista porque buscam
conhecer e explicar processos complexos em âmbito social. 
VOCÊ QUER LER?
Na sequência, iremos nos dedicar a estudar mais profundamente uma técnica
bastante utilizada na pesquisa exploratória: a entrevista, bem como suas variações.
3.3.1 Entrevista semiestruturada
Após a escolha dos sujeitos que participarão da entrevista, é necessário escolher
qual tipo será realizada e submeter o projeto ao CEP. Vencidas essas etapas, o
pesquisador precisa se organizar e planejar como irá realizar a entrevista.
É possível entrevistar um participante por vez ou em grupo, presencialmente ou
através de algum tipo de recurso tecnológico, como vídeo conferência, chat ou
telefone. Um cuidado a se tomar é escolher o local e o horário adequados para que o
participante se sinta à vontade ao ser questionado.
Ao planejar a entrevista, o pesquisador pode eleger alguns pontos importantes, os
quais ele não pode deixar de tratar com o entrevistado. Nesse caso, a entrevista se
caracteriza como semiestruturada. O entrevistador pode listar assuntos ou elaborar
perguntas para direcionar a conversa com o participante. É importante ressaltar,
contudo, que não é necessário se prender apenas ao que está planejado, visto que a
conversa pode tomar diferentes rumos e possibilitar coletar informações que não
estavam no planejamento. Essa organização apenas auxilia no começo da entrevista
e permite ao pesquisador não perder o foco dos seus objetivos.
Além disso, o pesquisador pode optar por outro tipo de organização quanto ao
direcionamento, como a entrevista estruturada ou diretiva.
3.3.2 Entrevista estruturada ou diretiva
A entrevista estruturada ou diretiva se aproxima muito do questionário, pois o
entrevistador elabora perguntas para guiar a entrevista, as quais também não
podem deixar de serem feitas. Contudo, nesse modelo, tanto as perguntas quanto a
ordem em que são feitas é um fator importante. É possível, assim, a partir dessa
estruturação, desenvolver pesquisas quantitativas ou qualitativas, dependendo da
maneira como as respostas forem organizadas. Perguntas com respostas pré-
determinadas, como “sim” ou “não”, permitem uma organização quantitativa;
enquanto que respostas mais abrangentes, que requerem justificativas, permitem
Figura 3 - Escolher como será feita a entrevista, com quem e onde, deve estar alinhado aos fundamentos
teórico-metodológicos de todo projeto de pesquisa. Fonte: Cosmin Munteanu, Shutterstock, 2018.
uma abordagem qualitativa. Nos dois casos, é possível que a pesquisa seja
exploratória, pois as respostas levam à identificação de fatores que permitem
explicar um fenômeno.
Por exemplo, para compreender a violência escolar, pode-se entrevistar sujeitos que
sofrem e cometem atos violentos com agressões físicas, verbais e psicológicas.
Dessa maneira, as informações fornecidas pelos entrevistados possibilitam
identificar elementos que, juntos, poderão indicar o motivo da violência, como ela
se manifesta, quais são os fatores geradores e assim por diante.
Outra maneira de realizar uma entrevista com menor grau de estruturação é a partir
das entrevistas livres ou não diretivas.
3.3.3 Entrevista livre ou não diretiva
A entrevista livre ou não diretiva é realizada de forma espontânea, sem roteiros
rígidos para serem seguidos. Nesse caso, tanto os questionamentos quanto as
respostas são dadas por discurso livre, ou seja, não há algo pré-estabelecido. O
Figura 4 - É importante que o entrevistador se prepare para o tipo de entrevista que irá realizar, buscando
materiais auxiliares. Fonte: Iakov Filimonov, Shutterstock, 2018.
entrevistador, então, é um ouvinte atento que busca estimular o entrevistado a
fornecer o máximo possível de informações sobre o fenômeno. Para tanto, é
importante estabelecer uma relação de confiança entre o pesquisador e o
participante, de modo que este se sinta à vontade para falar livremente.
Em geral, esse tipo de entrevista é longa e, talvez, requeira mais de um encontro, por
isso, é preciso decidir de antemão como serão feitos os registros, que podem ser
escritos, gravados em áudio e/ou vídeo. 
Na entrevista livre ou não diretiva, o entrevistador precisa de habilidades que
motivem o participante a falar. Possivelmente, pode ser interessante recorrer a
algumas técnicas para saber como fazer as perguntas, como manter o foco no
assunto, quais são as atitudes perante as respostas inusitadas ou chocantes e como
manter um contato ético e amigável com o entrevistado. É válido lembrar, também,
que o entrevistado tem o direito de ter acesso às informações que concedeu,
questionar ou pedir dados ao pesquisador e ao CEP a qualquer momento e desistir
de participar da pesquisa quando achar conveniente. Por isso, estabelecer uma
Figura 5 - As perguntas e respostas não devem ser tendenciosas ou influenciadas pelo entrevistador. Fonte:
MilousSK, Shutterstock, 2018.
relação de confiança entre pesquisador e participante é importante para o bom
andamento da pesquisa. Ressalta-se, ainda, que é de bom tom retornar ao
entrevistado no final da elaboração do relatório da pesquisa parainformar os
resultados.
A entrevista, inclusive, é uma das técnicas mais utilizadas para coleta de dados. A
seguir, apontaremos alguns aspectos que merecem atenção para uma coleta de
dados eficaz, com técnicas em que o pesquisador entra em contato direto com o
participante.  
3.4 Coleta e tratamento de dados
As pesquisas educacionais podem ser desenvolvidas em diferentes ambientes. Em
um primeiro momento, pode-se pensar em escolas ou universidades, contudo, há
outros locais em que podemos ter contato com o processo educativo formal e não
formal, como penitenciárias, aldeamentos, quilombos, empresas e hospitais. Em
todos esses ambientes, pode-se desenvolver uma pesquisa com o objetivo de
explorar o fenômeno educativo nas mais diversas especificidades.
De acordo com Ludke e André (2012, p. 36): 
[...] podemos estar seguros de que, ao entrevistarmos professores, diretores,
orientadores, supervisores mesmo pais de alunos não lhes estaremos certamente
impondo uma problemática estranha, mas, ao contrário, tratando com eles de
assuntos que lhes são muito familiares sobre os quais discorrerão com facilidade. 
A problemática escolar pode contar com diferentes participantes, a fim de melhor
ser compreendida e explicada, conforme os objetivos da pesquisa exploratória. A
partir de agora, discutiremos a coleta e o tratamento de informações a partir de
técnicas que possibilitam cumprir esses objetivos de pesquisa, ou seja, conhecer,
explicar, explorar e descortinar o ambiente educacional. 
3.4.1 Entrevista: elaboração de roteiro
Já vimos que alguns tipos de entrevistas requerem um planejamento prévio, como é
o caso das entrevistas estruturadas e semiestruturadas. Essa organização, inclusive,
é chamada de roteiro. O objetivo do roteiro é direcionar a entrevista a partir de
tópicos ou perguntas que são o foco da pesquisa. Segundo Ludke e André (2012, p.
36), o roteiro permite construir uma ordem lógica e psicológica, 
[...] cuidará para que haja uma sequência lógica entre os assuntos dos mais simples
aos mais complexos, respeitando o sentido do seu encadeamento [...] evitando saltos
bruscos entre as questões, permitindo que elas se aprofundem no assunto
gradativamente e impedindo que questões complexas e de maior envolvimento
pessoal, colocadas prematuramente, acabem por bloquear as respostas ás questões
seguintes.
O roteiro tem a função, portanto, de auxiliar na condução da entrevista. Nesse
contexto, Gil (2008) elenca algumas regras gerais para a elaboração deste, de modo a
auxiliar o entrevistador na obtenção de informações:
deve-se ter clareza na elaboração das instruções, como local e duração;
elaboração de questões que possam ser lidas pelo entrevistador e
compreendidas pelo entrevistado de forma rápida e direta; 
questões que exigem informações que podem ser constrangedoras devem
contar com um relacionamento confiável e livre de julgamentos entre os
participantes; 
o registro das informações não pode atrapalhar o andamento da entrevista;
as questões devem ser formuladas de modo a concentrar a atenção no
objetivo da pesquisa. 
De forma geral, as informações oriundas de entrevistas constituem discursos que
serão analisados por meio de métodos de análise da linguagem, como análise de
conteúdo ou análise de discurso. Essas técnicas possibilitam uma abordagem
qualitativa que explica o fenômeno e suas razões de existir, assim como elege
categorias para analisar as falas dos entrevistados. Na sequência, entenderemos a
coleta de dados e o tratamento de informações oriundas da observação. 
3.4.2 Observação para coleta de dados
A observação com o intuito de reunir elementos capazes de explicar a razão de um
fenômeno, ou seja, observação aplicada à pesquisa observatória, pode adotar as
técnicas aplicadas à observação sistematizada.
Todo tipo de observação requer alguns cuidados, como ter tempo para que os
participantes se acostumem com a presença do observados, aspectos éticos e
organização. A presença de alguém estranho ao ambiente ou ao convívio das
pessoas causa, por si só, alteração no comportamento, por isso, o observador
precisa perceber qual é o grau de envolvimento possível que ele terá com os
participantes, de modo que a influência em seus comportamentos não seja um fator
prejudicial à pesquisa.
Gil (2008) indica que é preciso ter clareza no que se pretende observar, visto que é
possível observar atos, atividades, significados, participação, relacionamentos e
situações. Conforme o que se pretende, elege-se o instrumento de registro e o que se
quer descrever. Por exemplo, ao observar o cotidiano de uma escola de Educação de
Jovens e Adultos (EJA), o pesquisador pode pretender compreender a relação entre
os alunos e o conhecimento. Para isso, observa os estudantes em momentos de
estudo, podendo registrar esses comportamentos a partir de anotações ou
gravações. Essas informações, então, precisam ser organizadas o quanto antes para
que o pesquisador não fique distante do que observou e perca a oportunidade de
classificar os registros conforme a categoria de análise que escolheu.
São diversas possibilidades e, dessa forma, é preciso ponderar, pois não é possível
observar tudo, por mais tempo que se passe no ambiente. Com isso, temos que a
observação é seletiva (GIL, 2008).
Nesse contexto, é o observador que seleciona o que é mais adequado para sua
análise, ou seja, quais elementos contribuirão para explicar o fenômeno em suas
razões de se manifestar.
Após realizadas as pesquisas e a elaboração do relatório, é chegado o momento de
compartilhar com a comunidade acadêmica os resultados. A seguir, iremos refletir a
respeito do seminário como modo de divulgação de alguns tipos de pesquisas. 
3.4.3 Seminário
As pesquisas realizadas em diferentes instâncias, escolas, universidades ou cursos
de pós-graduação possuem como objetivo conhecer algo ou desenvolver um
conhecimento científico, seja para munir o autor dos conhecimentos que serão
Figura 6 - Ainda que o pesquisador não seja um sujeito neutro e externo, ele irá pensar as informações
coletadas a partir de seu referencial teórico, discuti-las e refletir sobre elas, mas sem julgamentos. Fonte:
hohojirozame, Shutterstock, 2018.
utilizados para que ele compreenda o que é pesquisa e se aprofundar no seu objeto,
seja para compartilhar os conhecimentos e descobertas com outros pesquisadores
ou estudantes. 
Os seminários podem assumir diferentes dimensões, como uma sala de aula, uma
instituição, uma reunião de especialistas etc., em todas as situações, há reunião de
sujeitos para exposição e discussão de suas pesquisas, com o objetivo de
compartilhar e elaborar novos conhecimentos.
Figura 7 - O seminário é um momento de divulgação, reflexão e discussão do resultado da pesquisa. Fonte:
Matej Kastelic, Shutterstock, 2018.
Os seminários enquanto eventos não se tratam de atividades acadêmicas e
escolares que visam a construção do conhecimento individual do estudante, mas
possuem o intuito de compartilhar pesquisas e trabalhos em nível acadêmico, sem
cobranças de notas ou aprovações. Esses eventos contam com vários
apresentadores de trabalhos unidos por um eixo comum e mediado por seus pares,
para discutir a respeito de pesquisas afins. 
Antônio Carlos Gil é autor de livros sobre metodologia científica e tem ajudado estudantes de graduação
e pós-graduação a elaborarem projetos de pesquisa e pesquisas em Ciências Sociais. Suas obras possuem
linguagem fácil e apresentam discussões e elementos da pesquisa que podem ser aplicados ao campo
educacional.
Esses seminários são uma forma de divulgação de pesquisas científicas em que o
autor expõe oralmente os resultados de sua pesquisa. É um momento rico que
contribui para o crescimento do pesquisador, podendo compartilhar e ouvir
diferentes opiniões sobre o seu trabalho. 
VOCÊ O CONHECE?
Síntese
Com este capítulo, você pode conhecer um pouco mais a respeito da coleta, da
organização e do tratamento de dados em pesquisas de caráter qualitativo e
quantitativo. Além disso, estudamos mais detalhadamentesobre os tipos de
entrevistas e como elas podem ser utilizadas nas pesquisas. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer procedimentos e a documentação relacionados à ética da pesquisa
com seres humanos;
verificar diferentes possibilidades de pesquisas em que o pesquisador tem
contato direto com os participantes;
perceber possibilidades de uso de observação e entrevista.
Bibliografia
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