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Mecânica dos Materiais Propriedades Mecânicas dos Materiais Desenvolvimento do material Paulo Bonfim 1ª Edição Copyright © 2023, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Propriedades Mecânicas dos Materiais Para Início de Conversa... ............................................................................... 3 Objetivo ......................................................................................................... 3 1. Introdução aos Materiais: Propriedades Mecânicas ......................... 4 1.1 A Curva de Tensão x Deformação ..................................................... 4 1.2 Dureza x Ductilidade ............................................................................ 8 1.3 Tenacidade x Resiliência ..................................................................... 10 1.4 Fluência e Fadiga .................................................................................. 12 Referências ......................................................................................................... 15 Para Início de Conversa... Veremos que um material é escolhido para uma aplicação pelas suas propriedades mecânicas. A história do domínio da conformação dos metais é essencial para entendermos quem somos e como pensamos atualmente. Além disso, vamos conhecer as suas propriedades mecânicas, curva de tensão e deformação, a diferença entre dureza e ductilidade e o conceito de resiliência. Objetivo Identificar as diferenças entre dureza, ductibilidade, tenacidade, resiliência, fluência e fadiga, bem como suas especificidades. Mecânica dos Materiais 3 1. Introdução aos Materiais: Propriedades Mecânicas Inicialmente, um material é escolhido para uma aplicação pelas suas propriedades mecânicas. Em especial, podemos aplicar esforços (cargas) em pequenos pilotos cilíndricos ou em forma de paralelepípedos (corpos de prova) em máquinas de ensaios, a fim de obter um gráfico que possa decifrar as principais propriedades mecânicas desse material. Esse gráfico é chamado de Curva de Tensão x Deformação. Observe a Figura (Esquemas gerais de um ensaio de tração/compressão): Figura 1: Esquemas gerais de um ensaio de tração/compressão. Fonte: Infoescola. Como os metais têm propriedades mais controláveis, em função da sua composição molecular, vamos utilizá-los como exemplos principais. Os metais, na Antiguidade, definiam qual cultura permaneceria e qual desapareceria. As idades históricas do bronze e do ferro foram cruciais para conseguirmos identificar quais costumes e técnicas foram passados adiante. Em especial, nas regiões mais frias, onde o fogo era essencial à sobrevivência, e existiam abundância de metais (ferro, estanho, cobre), foram desenvolvidas técnicas de manejo e conformação de metais - como exemplo, podemos citar o sudeste do continente asiático e a Europa. A confecção de armas de bronze (ligas basicamente de cobre e estanho), e posteriormente, de ferro e aço definiram as nossas heranças culturais. Por mais civilizada que fosse uma população, ela sempre era absorvida ou conquistada por grupos que dominavam o manuseio dos metais. A história do domínio da conformação dos metais é essencial para entendermos quem somos e como pensamos atualmente. O metal, na sua forma cristalina, possui propriedades mecânicas confiáveis, portanto, o entendimento destas propriedades pode ser mapeado por meio destes materiais. 1.1 A Curva de Tensão x Deformação Para entendermos essa parte, devemos enunciar os principais elementos de um Ensaio de Ruptura por Tração. O corpo de prova (CP) geralmente é um cilindro, em que o comprimento útil possui uma seção reta constante Mecânica dos Materiais 4 e de menor área do que o restante do objeto, que é engastado nas duas garras da máquina de ensaio. Figura 2: Esquema do comprimento útil de um corpo de prova, cuja área da seção transversal é praticamente constante. Fonte: Do autor. A carga, geralmente, é exercida em KN (cada KN equivale a 103 N), e um Newton vale, aproximadamente, 102 gf (gramas força). Porém, como o corpo de prova varia na sua área da seção reta (A0), ele suporta distintas tensões mecânicas dependendo dessa área. A tensão mecânica é, então, definida como: 0 F A σ = Ela é chamada de Tensão de Engenharia (σ) , e a área da seção reta é definida bem próxima ao centro do corpo de prova (CP). Nesse caso, o comprimento útil do CP é aquele em que essa área é praticamente constante e um pouco menor do que nas regiões em que o CP é engastado pelas garras. Para os metais, o valor dessa tensão é alto na casa dos MPa ou GPa. Aqui, no caso, 1 MP a =106 P a e o 1 GP a =109 P a. O pascal (Pa) está definido no SI como 1 Pa = 1 N / 1 m² . Apesar de a carga ser em unidade de força (KN), a tensão é dada em unidade de pressão (MPa) e depende da geometria do corpo de prova (CP), em geral, da área média da seção transversal do comprimento útil do CP. Uma vez definida a tensão de engenharia (σ), devemos também determinar a Deformação de Engenharia (E), que é uma grandeza adimensional, geralmente representada em termos percentuais do comprimento inicial (%): 0 0 0 l l l l l − ∆ ∈= = A variação de comprimento (∆l) está escrita para uma “tração”. Para uma compressão, podemos adotar o módulo , a fim de evitar que o valor fique negativo. A máquina de ensaios passa a exercer uma tração, e, à medida que a carga aumenta, também aumenta a deformação. Para os metais, geralmente, o gráfico de Tensão x Deformação tem a seguinte forma, na tração: Mecânica dos Materiais 5 Gráfico 1: Curva de Tensão x Deformação de Corpo de Prova metálico. Fonte: Do autor. Essa curva é plotada pela máquina e contém informação das principais propriedades mecânicas do material tracionado. A carga aplicada (KN) é dividida pela área da seção transversal (A0)e é traduzida em tensão mecânica σ(MPa). A deformação é percentual E(%)em relação ao comprimento inicial(l0). É importante frisar que os materiais podem possuir anisotropias (pequenas diferenças de comportamento do material, dependendo da direção onde se aplicam os esforços), em relação aos eixos em que são aplicadas as cargas, ou seja, dependendo de qual linha (longitudinal, transversal, outras) é aplicada a carga, podem-se obter comportamentos distintos. Logo, é importante que o ensaio seja uniaxial (direção única), definindo corretamente o eixo principal, em que o corpo de prova está sendo submetido aos esforços. A região linear, também chamada de região proporcional ou região elástica, possui como inclinação o Módulo de Young ou Módulo de Elasticidade (E). Observe: Eσ =∈ (dentro da região elástica) De modo geral, o que melhor define a região elástica é o fato de que o corpo de prova retorna às dimensões originais, caso a carga seja retirada. Por isso, a primeira parte da curva é conhecida como Lei de Hooke para o corpo de prova. Em outras palavras, até uma determinada tensão, o corpo de prova se comporta como uma mola, cujas deformações não são permanentes. A partir de uma determinada tensão chamada Tensão Limite de Escoamento, a deformação passa a ser permanente, e o corpo de prova, mesmo aliviado da carga, não retorna às dimensões originais. A região após a interseção do limite de escoamento é a de deformação plástica, cujo material passa a sofrer conformações permanentes. O Módulo de Young (E) possui grande importância para os processos de moldagem, em que as peças metálicas (laminação, usinagem, extrusão, trefilação etc.) Mecânica dos Materiais 6 vão se conformar, pois é possível estimar as cargas necessárias para superar a dureza do material, conformando-o permanentemente. A tensão limite de escoamento é de difícil obtenção. Por convenção, é obtida da interseção da curva com um deslocamento de 0,2 % (0,002,mas podem ser adotadas outras referências para materiais mais duros ou dúcteis), paralela à reta relativa à região elástica. A tensão limite de escoamento possui grande importância, pois é uma boa referência para as cargas e tensões necessárias para obter formas a partir do escoamento do metal. Para efeitos práticos, o limite de escoamento é o valor que mais se aproxima do Limite Proporcional, que é a fronteira entre os comportamentos elásticos e plásticos. Gráfico 2: Algumas propriedades e limites obtidos da curva de tensão x deformação. O ensaio é o de tração até a ruptura de um corpo de prova metálico usual. Fonte: Do autor. No Gráfico 2, acima, podemos observar alguns pontos importantes: 1. Tensão Limite de Escoamento - Quando a deformação passa a ser plástica e permanente com o aumento da carga; 2. Limite de Resistência à Tração (LTR) - Um valor máximo de tensão para produzir deformação. Não é necessário um aumento de carga; o ensaio deve diminuir a carga para manter a deformação na mesma escala do aumento de carga até a ruptura ou falha. Esse ponto é muito importante, pois delimita o quanto o material possui resistência à tensão imposta; 3. Módulo de Young ou Módulo de Elasticidade - É a tangente do ângulo de inclinação da reta do regime elástico ou proporcional; 4. Recuperação Elástica - Quando o LTR é passado no regime plástico, após a ruptura, alguns materiais tendem a recuperar alguma deformação. Em especial, esse fenômeno é observado em ligas de aço de baixo carbono, o que implica em algumas ações para manter as formas desejadas nos processos frios ou quentes. Essa recuperação também ajuda na determinação do limite de escoamento, pois se utiliza da Histerese Mecânica do metal sob deformação, ou seja, uma memória do comportamento elástico, mesmo quando a deformação já está no regime plástico próximo à ruptura. Mecânica dos Materiais 7 1.2 Dureza x Ductilidade A dureza, inicialmente, é diretamente ligada aos Módulos de Elasticidade (Young), que possuem origem molecular e estão vinculados às forças interatômicas. Logo, geralmente, grandes módulos de Young estão presentes em materiais com altos Pontos de Fusão (molibdênio, tungstênio, cerâmicas), sendo mais duro aquele que possui o maior módulo de Young. É importante saber que o limite de proporcionalidade é a fronteira entre os comportamentos elásticos e plásticos, ficando muito próximo ao limite de escoamento. Material Módulo de Young (MPa) Valores médios e aproximados. Limite de proporcionalidade (MPa) Dureza Vickers (HV) Diamante 1.000.000 50.000 84.000 Carboneto de Tungstênio 550.000 6.000 21.000 Aço de baixo carbono 196.000 220 450 Cobre 124.000 60 220 Chumbo e ligas 14.000 33 60 Polipropileno 900 27 A dureza Vickers não se aplica a um material tão macio (dúctil). Tabela 1: Dados de alguns materiais usuais adaptados das referências bibliográficas principais. Fonte: Adaptado de Garcia; Spim; Santos (2000). A dureza é uma propriedade mecânica, em que comparamos materiais por meio do contato. O material mais duro será aquele que risca ou produz marca permanente no outro. Pouco utilizado por metais, o teste de Dureza por Risco é mais usado na mineralogia, em que podemos criar uma gradação de dureza dos minerais, por meio da lei de ouro. A microdureza KNOOP (HK) é um teste usual mais preciso e é feito quando se deseja quantificar a dureza em uma área pequena e na superfície da peça. Na microdureza HK, aplica-se uma carga inferior a 1 kgf sobre uma superfície polida com uma ponteira de diamante, que deixa uma marca no formato de um losango. A razão entre a carga (gf) e do comprimento da maior diagonal (m)da impressão apresenta o seguinte valor: 214,2. PHK L = Figura 3: Esquema de ponta e marca de um ensaio de dureza por penetração, especificamente microdureza KNOOP. Fonte: Do autor. Mecânica dos Materiais 8 Logo, a dureza é medida em ensaios práticos e padronizados pela indústria. Na Dureza por Rebote, um êmbolo com ponta padronizada de diamante é solto em queda livre contra uma superfície. Destacam- se, nesse tipo de teste, as medidas Shore, que são mais utilizadas em materiais dúcteis (macios). Os ensaios mais utilizados, entretanto, são os de Dureza por Penetração. Todos eles são semelhantes ao da microdureza HK anterior e possuem pontas arredondadas de carboneto de tungstênio ou pontas de diamante com formatos diversos e padronizados (cone, pirâmide, seção de cubo). Os mais utilizados, e que possuem relação entre si, são: ROCKWELL(HR), BRINELL(HB) e VICKERS(HV). A escolha dos ensaios depende do tipo de material a ser analisado e das condições de aplicação em campo (na produção) ou em laboratório (de forma mais controlada). O ROCKWELL(HR) é um ensaio mais afeito ao laboratório (por isso, é considerado mais confiável), porém, os valores de HB e HV podem ser comparados com os do HR. Dada uma carga inicial (3 até 10 kgf ), para assentar a ponta de diamante ou esfera de Carboneto de Tungstênio (dependendo da classe de dureza: HRB, HRC, HRM, Rockwell superficial e outros), uma segunda carga (60 até 150 kgf ) é dada na superfície do material polido. A máquina de ensaios correlaciona a profundidade de penetração com as cargas aplicadas (aliviando a carga final e mantendo a inicial) e gera uma leitura direta na escala da máquina. Por ser mais rápida e confiável, essa máquina pode testar metais mais duros, porém não se adequa aos testes de campo. Figura 4: O durômetro de bancada Rockwell. Fonte: Dreamstime. Podemos definir Ductilidade como a capacidade de conformar o material na forma de duto (tubo). Quanto mais fácil é a conformação a frio do material, mais dúctil ele é. Desse modo, materiais dúcteis são materiais macios. Mecânica dos Materiais 9 A grandeza ductilidade é inversa à grandeza dureza. Repare que, quanto maior é a dureza de um material, mais frágil ele pode ser. Então, materiais que possuem alto módulo de elasticidade, ou um alto limite de escoamento, ou ainda um alto limite de proporcionalidade podem fraturar com facilidade, se esses limites forem ultrapassados. Para encerrarmos esse assunto, podemos comparar as curvas de tensão x deformação de um material duro e frágil (ferro fundido) com um material dúctil (alumínio). Gráfico 3: Comparação entre as curvas de Tensão x Deformação de ensaios de ruptura por tração. Fonte: Do autor. 1.3 Tenacidade x Resiliência A Tenacidade é a energia total necessária para provocar a fratura do material, sob deformação desde seu comprimento inicial (sem carga) até a sua ruptura. Numericamente, a tenacidade é a área sob todo o gráfico de tensão x deformação. Como a deformação é adimensional, a tenacidade é dada em MPa. Gráfico 4: Tenacidade como área sob a curva de tensão x deformação. Fonte: Do autor. Mecânica dos Materiais 10 A tenacidade também pode ser expressa como o Módulo de Tenacidade (UT) , cuja expressão pode ser dada pela integral: UT = ∫ σd ∈, em que Er é a0 deformação na ruptura. A tenacidade percorre toda a 0deformação, desde a região elástica (proporcional) até a região plástica. Um fenômeno muito importante, potencializado por materiais tenazes, é o Encruamento. O Encruamento é a capacidade de um material aumentar sua dureza, por meio de deformações a frio na sua região plástica. Geralmente, as categorias de ligas de aço de baixo carbono são muito tenazes, o que facilita seu endurecimento via trefilação a frio, aumentando a sua dureza e otimizando a tenacidade de cabos de aço trançados. Uma característica desejável em equipamentos de segurança é que os materiais que os compõem sejam tenazes, para que possam absorver grande quantidade de energia sob deformação até a ruptura. É importante perceber que tanto os materiais duros (titânio) quanto os dúcteis (chumbo), em demasia, não são tenazes. É fácil perceber que materiais excessivamente duros são frágeis, ou seja, uma vez deformados podem fraturar, por isso, a dificuldade de entenderessa propriedade mecânica tão importante. Um bom exemplo seria comparar a dureza e fragilidade de uma tampa de bueiro (ferro fundido) e uma faca (aço baixo carbono) dura, porém, tenaz. Os processos quentes e frios de forja, encruamento, têmpera e sobre o aço são fortemente influenciados pela necessidade de se obter equipamentos que sejam duros em algumas partes (fio da lâmina), contudo, tenazes de forma geral. Esperamos que o material seja Resiliente quando, uma vez aliviada uma carga aplicada dentro do regime elástico, ele retorne às dimensões originais e devolva toda a energia recebida na deformação. Desse modo, a Resiliência pode ser expressa segundo o Módulo de Resiliência UR, que relata toda a energia que foi absorvida no regime proporcional elástico, e que pode ser devolvida uma vez aliviada a carga. A área sob a curva de tensão e deformação no setor elástico é o valor do módulo de resiliência também em MPa. Mecânica dos Materiais 11 Gráfico 5: Resiliência como área sob a curva de tensão x deformação nos limites do regime proporcional ou elástico. Fonte: Do autor. Em termos quantitativos, o módulo resiliência (UR) pode ser escrito como: 2 2 0 0 . . . 2 2 pr p p RU d E d E E σ σ ∈∈ ∈ = ∈= ∈ ∈= =∫ ∫ (MPa) Nesse caso, Ep é a deformação máxima no regime elástico, e ‘E’ é o módulo de Young. Veja que o limite proporcional (σ p), na prática, substitui o limite de escoamento, pois é difícil determinarmos precisamente onde o regime passa quando vai da região elástica para a região plástica. 1.4 Fluência e Fadiga Abordamos com dois ensaios que possuem grande natureza didática na compreensão das propriedades mecânicas dos materiais, agora, sob simulação de uso prático. Os materiais são, muitas vezes, submetidos a variações de temperatura ou trabalham em altas temperaturas, sob cargas que produzem tensões mecânicas constantes. O Ensaio de Fluência tenta recriar essas condições e avaliar a deformação do material ao longo do tempo até sua falha ou ruptura. Mecânica dos Materiais 12 Figura 5: Esquema geral de um ensaio de fluência. Fonte: Do autor. Uma carga uniaxial produz um esforço constante sobre o corpo de prova, que é selecionado segundo o tempo de vida útil que se espera do material em uso prático. Com extensômetros, plota-se uma curva de deformação (E) em termos do tempo (t). Os metais, de forma geral, têm uma estrutura que os amolece sobre alta temperatura, logo, com o tempo, o corpo de prova vai escoar. Gráfico 6: Curva esperada de um ensaio de fluência para corpo de prova metálico. Fonte: Do autor. Mecânica dos Materiais 13 As três regiões esperadas em um ensaio de fluência estão próximas dos 3 estágios de um ensaio de fluência. Essas regiões podem ser determinadas, observando a taxa de fluência d dt σ ∈= : ▪ Estágio Primário ou Fluência Primária: É caracterizado por um decréscimo contínuo da taxa de fluência. Nesse caso, o encruamento ainda faz com que o material se torne mais duro; logo, existe uma resistência à fluência que tende a diminuir; ▪ Estágio Secundário ou Fluência Secundária: A taxa de fluência praticamente se torna constante, com o encruamento competindo com a recuperação, esses dois fenômenos que serão estudados em breve na estrutura de grão dos metais. Essa taxa do estágio secundário é chamada de taxa mínima de fluência. ▪ Estágio Terciário ou Fluência Terciária: Ocorre uma aceleração da fluência. Quando o ensaio tem elevada carga e temperatura, os grãos são recozidos, o que torna o material mais dúctil, aproximando-se da ruptura do corpo de prova. Numericamente, para uma avaliação do ensaio de fluência, é estabelecida uma relação empírica para que se possa extrapolar o tempo de ruptura, a partir de parâmetros definidos em laboratório. Esse método é utilizado por causa do grande tempo necessário para a ruptura na casa das milhares de horas. T.(C + log tr ) = parâmetro constante Na expressão acima, T é a temperatura do ensaio (em Kelvin - K); C é a constante de Larson-Miller (no caso, na ordem de 20); tr é o tempo de ruptura em horas. O parâmetro de Larson-Miller (parâmetro constante) é estimado segundo observações experimentais de uma curva tensão x parâmetro (log x log), essa curva é empiricamente obtida e disponibilizada por uma classe de materiais. O Ensaio de Fadiga parte do pressuposto das chamadas cargas cíclicas, estas são cargas dinâmicas que, ao longo do uso do material, podem produzir trincas, falhas e até rupturas. A fadiga é muito comum em pontos de apoio de motores e máquinas de ciclo constante. Podemos citar como exemplo as asas dos aviões, que atuam em condições críticas de tensão, vibração e temperatura. É necessário que esse material seja submetido a tensões e vibrações semelhantes ao uso prático, por meio de réplicas em escala das peças, a fim de mapear sinais de fadiga em pontos específicos. Embora as simulações computacionais possam produzir certa previsibilidade, ensaios de fadiga podem até induzir mudanças em partes dos projetos e escolhas de materiais. As principais propriedades mecânicas dos materiais servem de introdução a um campo de estudo multidisciplinar, que envolve uma série de conhecimentos técnicos, combinada aos ensaios necessários Mecânica dos Materiais 14 à classificação destes materiais. Isso nos mostra o caráter principal desse ramo do conhecimento: o uso prático dos materiais na nossa vida cotidiana, por meio de motores, máquinas e utensílios de forma geral. Observamos que o ensaio de tração produz uma curva de tensão x deformação. A análise da curva, relativa a um corpo de prova de material específico, consegue identificar uma série de comportamentos mecânicos, o que leva a definições importantes, como: Dureza, Ductilidade, Tenacidade e Resiliência. Além disso, identificamos as regiões elástica e plástica da deformação até a ruptura, bem como os limites de escoamento, proporcionais e de resistência à tração. Os ensaios de Fluência e Fadiga, com suas respectivas naturezas dinâmicas favorecem um entendimento rudimentar dos processos de encruamento e recuperação, além de mostrar a importância da temperatura e das vibrações no comportamento mecânico dos materiais em uso contínuo. Referências GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. Ensaios dos materiais. Rio de Janeiro: LTC, 2000. SHACKELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6 ed. São Paulo: Pearson, 2008. Mecânica dos Materiais 15 _GoBack Propriedades Mecânicas dos Materiais Para Início de Conversa... Objetivo 1. Introdução aos Materiais: Propriedades Mecânicas 1.1 A Curva de Tensão x Deformação 1.2 Dureza x Ductilidade 1.3 Tenacidade x Resiliência 1.4 Fluência e Fadiga Referências
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