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Responsabilidade Civil do Estelionato Sentimental

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A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTELIONATO SENTIMENTAL
Vanessa Assis Vieira Lameiras1
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo principal apresentar o estelionato sentimental, realizando
uma análise de casos reais, bem como dissertar sobre o crescimento do crime com base em
análise de dados e pesquisas, abordar o perfil das vítimas, identificar as táticas usadas pelo
estelionatário para auxiliar as vítimas a reconhecerem e como lidar com a situação, bem como
a influência da era digital para facilitar o estelionato. A relevância do artigo é a
responsabilidade civil do estelionato sentimental, a eficácia da lei e jurisprudência sobre o
tema, bem como a necessidade de uma nova lei ou artigo que tipifique o crime atualmente
previsto pelo artigo 171 do Código Penal Brasileiro, bem como os princípios violados e a
responsabilidade civil, acerca do estelionato sentimental. Dessa forma, o estudo demonstra a
necessidade de se discutir esse tema, demonstrando a relevância para a sociedade, uma vez
que pouco se discute sobre o assunto e como evitar esse tipo de problema. Por fim, ressalta-se
que para alcançar o objetivo proposto, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de
jurisprudência, consultados o Código Penal Brasileiro, o Código Civil, a Constituição Federal,
bem como artigos acadêmicos, sites e doutrinas de juristas renomados do direito.
PALAVRAS-CHAVE: estelionato sentimental; responsabilidade civil; responsabilidade
criminal; direito.
ABSTRACT
This article aims to present the sentimental scam, conducting an analysis of real cases, as well
as to discuss the growth of the crime based on data analysis and research, address the profile
of the victims, identify the tactics used by the scammer to help victims recognize and deal
with the situation, as well as the influence of the digital age in facilitating the scam. In
addition, the article addresses the civil responsibility of the sentimental scam, the
effectiveness of the law and jurisprudence on the subject, as well as the need for a new law or
article to define the crime currently provided for in Article 171 of the Brazilian Penal Code.
1 Acadêmica de Direito na Universidade São Judas Tadeu. E-mail: vanessalameiras@outlook.com. Artigo
apresentado como requisito parcial para a conclusão de curso de Graduação em Direito da Universidade São
Judas Tadeu da rede Ânima Educação. 2023. Prof. Pablo Moitinho de Souza
2
Therefore, the study shows the need to discuss this topic, demonstrating its relevance to
society, as little is discussed about it and how to avoid this type of situation
KEYWORDS: Sentimental scam; victims' profile; digital era; civil responsibility.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo dissertar acerca do estelionato afetivo, crime que
tem ganhado notoriedade na sociedade nos últimos anos, se tornando relevante para ser
discutido, haja vista que tem sido cada vez mais fácil de ser aplicado com o avanço da era
digital mediante aplicativos de relacionamento onde as pessoas tem se exposto cada vez mais
em busca de relacionamentos afetivos, todavia é importante ressaltar que esse tipo de crime
pode ser cometido em qualquer tipo de relacionamento onde exista o afeto, sendo eles:
relacionamento amoroso, familiar ou em ciclos de amizade.
Desta forma, vamos abordar o assunto de forma ampla e profunda, apresentando
opiniões de juristas conceituados, casos reais, leis e jurisprudências aplicáveis, as
consequências que refletem sobre a vida da vítima, a responsabilidade civil do estelionatário e
informações relevantes para identificação desse tipo de crime que afeta a vítima em sua área
financeira, assim como pode trazer consequências emocionais, levando até mesmo a quadros
de ansiedade ou depressão após entender e reconhecer que foi vítima desse tipo de delito.
O artigo visa também de forma clara e objetiva mostrar como o golpe tem crescido
efetivamente dentro do contexto da nossa atualidade, utilizando de pesquisas para analisar a
relevância jurídica sobre esse tipo de delito.
O estelionato afetivo tem sido considerado ainda como um estelionato comum,
previsto no artigo 171 do Código Penal, no entanto, seu método envolve coação,
manipulação, sentimentos e consequências severas sobre a saúde mental da vítima, por esta
razão é interessante que o tema seja discutido de forma ampla pelo âmbito jurídico, com a
intenção de aprimorar o entendimento e a lei acerca do assunto abordado, bem como seria de
grande importância que houvesse métodos de prevenir e conscientizar sobre esse tipo de caso,
sendo necessário a divulgação de informação.
Sendo assim, esse texto torna-se fundamental por ser além de um artigo de estudo,
informativo para mostrar como esse tipo de crime tem crescido e mostrar quem são as vítimas
e como o estelionatário pode obter vantagens e se aproveitar da vulnerabilidade da pessoa
atingida.
3
Para alcançar o objetivo proposto, o método utilizado para a elaboração do artigo será
a pesquisa exemplificativa de forma hipotético-dedutiva, posto isto, foram realizadas
pesquisas bibliográficas e de jurisprudência, consultados o Código Penal Brasileiro, o Código
Civil, a Constituição Federal, bem como artigos acadêmicos, sites e doutrinas de juristas
renomados do direito pertinente ao tema.
1. CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO ESTELIONATO SENTIMENTAL
Para compreender o estelionato sentimental é necessário iniciar o estudo conceituando
em primeiro lugar o estelionato previsto no art. 171 do Código Penal Brasileiro, para após
entendermos o estelionato sentimental e a importância de uma nova tipificação do crime,
tendo em vista que o art. 171 se trata de crime de patrimônio, ocorrendo de forma recorrente,
sendo eles via telefonema, via digital ou de outras maneiras que podem fazer com que a
vítima perca seus bens e seja lesada.
Cabe salientar que no crime de estelionato, o bem jurídico tutelado é a inviolabilidade
do bem patrimonial, em relação a atentados realizados por fraudes, sendo assim, conceitua o
art. 171 do Código Penal.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento.2
Este artigo trata do crime de estelionato, explicando que este crime surge quando
alguém tem a intenção de obter vantagem ilícita para si ou para outra pessoa, induzindo-o a
erro, ou seja, através de meios fraudulentos, mentiras, convencimento da outra parte levando a
engano, essa prática é um abuso de confiança da parte sempre se valendo da vulnerabilidade
da vítima.
2. A EVOLUÇÃO DO ESTELIONATO E O SURGIMENTO DAS FRAUDES
EMOCIONAIS E SUAS IMPLICAÇÕES JURÍDICAS
2 Brasil. Código Penal. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm> Acesso em: 15 mai. 2023.
4
A evolução do estelionato pode ser considerada a partir do momento em que surge
uma nova forma de aplicar esse tipo de golpe, dessa vez, usando o sentimento da vítima, a
confiança, o relacionamento e a fragilidade. Ou seja, o autor não somente engana de forma
convencional tipificada no art. 171, causando somente danos financeiros, podendo causar
danos à saúde emocional da vítima, gerando traumas emocionais, e até mesmo, em alguns
casos, levando ao suicídio.
Sendo assim, é relevante notar que há uma lacuna no Código Penal Brasileiro, que
necessita de uma alteração no artigo em questão, pois, com a evolução digital da sociedade,
também houve o aumento de crimes como este. É preciso discutir como a era digital
influenciou na facilidade do crescimento e o surgimento do estelionato afetivo, uma vez que o
crime tem sido recorrente e, na maioria das vezes, surge através da internet.
A primeira vez que surgiu o nome “estelionato sentimental” foi em 2015 em uma
sentença proferida pela 7ª Vara Cível de Brasília, no qual foi relatado que uma mulher
afirmou que adquiriu uma dívida no valor de mais de 100.000,00 (Cem mil reais), para ajudar
o namorado, todavia,o relacionamento veio a término após descobrir que o ex-namorado
havia reato com a ex-mulher no período em que ainda estava em relacionamento com a
vítima, o ocorrido gerou a seguinte jurisprudência:
PROCESSO CIVIL. TÉRMINO DE RELACIONAMENTO AMOROSO. DANOS
MATERIAIS COMPROVADOS. RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO AO
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. ABUSO DO DIREITO. BOA FÉ OBJETIVA.
PROBIDADE. SENTENÇA MANTIDA. 1. [...] depreendendo-se que a autora/
apelada efetuou continuadas transferências ao réu; fez pagamentos de dívidas em
instituições financeiras em nome do apelado/réu; adquiriu bens móveis tais como
roupas, calcados e aparelho de telefonia celular; efetuou o pagamento de contas
telefônicas e assumiu o pagamento de diversas despesas por ele realizadas, assim
agindo embalada na esperança de manter o relacionamento amoroso que existia
entre a ora demandante. Corrobora-se, ainda e no mesmo sentido, as promessas
realizadas pelo varão-réu no sentido de que, assim que voltasse a ter estabilidade
financeira, ressarciria os valores que obteve de sua vítima, no curso da relação. 2.
Ao prometer devolução dos préstimos obtidos, criou-se para a vítima a justa
expectativa de que receberia de volta referidos valores. A restituição imposta pela
sentença tem o condão de afastar o enriquecimento sem causa, sendo tal fenômeno
repudiado pelo direito e pela norma [...].
TJDF. Acórdão n.866800, 20130110467950APC. Relator: CARLOS RODRIGUES,
Revisor: ANGELO CANDUCCI PASSARELI, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento:
08/04/2015. Publicado no DJE: 19/05/2015. P. 317.3
Trazendo para análise essa jurisprudência, podemos entender que foi entendido pelo
julgador que o então ex- namorado criou expectativas na vítima, deixando a acreditar que
3 Brasil. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos territórios. Acórdão 866800. Relator: CARLOS
RODRIGUES. Órgão Julgador: 5ª TURMA CÍVEL. Data da publicação: 19/05/2015. Disponível em:
<https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj> Acesso em: 20 mai. 2023.
5
devolveria o valor e agiu de má-fé, enriquecendo-se de bens e valores da vítima e logo após
ferindo os sentimentos, reatando com sua ex mulher no período que ainda existia
relacionamento com a vítima, isso justifica a decisão julgada e proferida, trazendo então o
primeiro aparecimento de “estelionato sentimental” na nossa jurisprudência, tendo em vista
que ainda não existe uma lei ou artigo que possa servir de base para esse tipo de situação que
tem constantemente evoluído em nossa sociedade.
3. O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS E A COLABORAÇÃO PARA O
CRESCIMENTO DO CRIME
Após esse breve entendimento acerca do estelionato sentimental, é de grande
importância mencionarmos o quão a internet tem facilitado esse tipo de ocorrência.
Para entendermos e contextualizarmos, acerca do assunto temos um caso bastante
conhecido como “O Golpista do Tinder” que gerou grande repercussão acerca do assunto em
matérias de jornal e até mesmo em um documentário da plataforma de streaming NETFLIX,
nesse caso, vamos conhecer Simon Leviev, que mesmo após cometer estelionato sentimental
com diversas vítimas ainda saiu “impune”. Através desse estudo de caso vamos entender
como o autor age para fazer com que as vítimas caiam nesse golpe.
Simon Leviev ficou conhecido como estelionatário sentimental, após enganar diversas
mulheres ao redor do mundo, manipulando-as e as persuadindo para lhe fornecer dinheiro ou
outros recursos financeiros.
Simon através da plataforma de relacionamento muito conhecida “tinder”, encontrava
mulheres bem-sucedidas e fingia ser um grande empresário no ramo de diamantes, dessa
forma ele seduzia essas mulheres, atraindo as vítimas prometendo casamento, promessas de
amor ou até mesmo oportunidades de negócios. Desta forma, ele conseguia adquirir a
confiança e o sentimento da vítima e após essa conquista, ele iniciava os seus métodos de
golpe solicitando empréstimos de grande valor, com a justificativa de que seria uma
emergência em seus negócios ou risco de vida, a vítima preocupada com o até então
“namorado” ou “amigo” fazia o que podia para ajudar, fazendo até mesmo empréstimos com
valores altos em seu nome, acreditando que por se tratar de um grande empresário, iria ser
ressarcida, sem contar que acreditava estar em um relacionamento sério com o autor, todavia,
Simon assim que conseguia obter tal vantagem, sumia deixando a vítima com o prejuízo em
seu nome e também o dano emocional uma vez que acreditou que havia realmente
sentimentos da parte do autor.
6
Nota-se que a plataforma de internet foi grande cooperação para Simon, uma vez que
este podia através da plataforma, criar uma identidade virtual, fingindo, portanto, ser uma
pessoa que ele não era, com a utilização da plataforma, Simon podia selecionar suas vítimas,
sempre observando se esta era bem sucedida ou não, conhecendo seus hobbies, profissão e
estilo de vida, assim como entendia que a vítima estava vulnerável por estar procurando
conexões por meio de uma plataforma utilizada para isso, caracterizando então o estelionato
afetivo.
Dado que a internet oferece a oportunidade para o autor criar uma personalidade falsa
e se comunicar de forma anônima com suas vítimas, é mais difícil identificar a identidade de
alguém, o que torna mais fácil para o golpista enganar e manipular suas vítimas. Ao fingir ser
outra pessoa, o autor pode explorar a confiança das vítimas criando histórias emocionais, se
mostrando como alguém carismático e atencioso, e usar táticas de manipulação psicológica
para conquistar a confiança da vítima. Essas estratégias podem incluir elogios, demonstrações
de afeto, promessas de um futuro juntos ou até mesmo ameaças emocionais, como afirmar
que está sendo perseguido ou que um familiar está em perigo, deixando a sua “namorada” ou
“amiga”, se sentindo assustada na obrigação de agir em nome do sentimento.
Uma tática bastante usada pelo golpista é a solicitação de ajuda financeira. Ele pode
alegar estar em dificuldades financeiras e pedir dinheiro emprestado à vítima, prometendo
reembolsar assim que se encontrarem ou afirmando que valerá a pena para poderem ficar
juntos. O golpe pode ser usado de diversas formas, como a existência de um valor bloqueado
no banco, a falta de acesso aos seus recursos ou problemas de saúde urgentes que requerem
gastos imediatos, sempre prometendo que será ressarcido e que terá recursos financeiros para
o reembolso.
É importante destacar que muitas vezes não é necessário nem que a vítima e o autor se
encontrem pessoalmente para realizar o golpe. A persuasão e manipulação exercidas por meio
da comunicação online são tão eficazes que a vítima pode ser convencida a enviar dinheiro ou
informações pessoais sem nunca ter tido um encontro físico com o autor.
Portanto, a internet se torna uma ferramenta facilitadora para esse tipo de ação
fraudulenta, permitindo que o golpista atue de forma oculta e explore a vulnerabilidade e
confiança das pessoas sem revelar sua verdadeira identidade. É essencial que os usuários
estejam cientes desses riscos e adotem medidas de segurança ao interagir com desconhecidos
online.
7
4. ACERCA DO PERFIL DA VÍTIMA E AS FORMAS DE EVITAR O GOLPE
Não há ainda um estudo que possa comprovar quem são as vítimas de estelionato
sentimental, os perfis das vítimas podem ser diversos, independente de gênero, idade, classe
socioeconômica ou origem étnica, mas até o presente momento o que a maioria das vítimas
possuem em comum são: carência emocional, busca por relacionamentos amorosos, baixa-
autoestima, falta de informação sobre golpes na internet, confiança excessiva, entre outras
características que podem facilitar o golpe.
Lembrando que as vítimas jamais devem ser culpadas pelas situações, sendo somente
o golpista o responsável pela má fé.
Para evitar cair no golpe é necessário estar atento com alguns pontos principais, quais
sejam: estar sempre atento aos golpes que estão acontecendo, sempre verificar a identidade
quando estiver serelacionando com alguém via internet, desconfie de histórias intensas ou
pessoas que rapidamente já estão envolvidas, não faça nenhum tipo de transferência bancaria
para qualquer pessoa, ainda que se sinta preocupado, reveja a necessidade e sempre se atente
aos detalhes.
Todavia, se acontecer de passar pela situação, é necessário procurar um advogado para
entender melhor o que pode ser feito, reunir provas como prints de conversas que mostrem a
intenção do golpista, comprovantes de transferências bancarias entre outras coisas que possam
demonstrar que foi lesada, é importante avaliar se há uma necessidade de ajuda psicológica
referente aos trauma e danos emocionais que podem ser causados.
5. PRINCÍPIOS VIOLADOS INERENTES AO TEMA E A
RESPONSABILIDADE CIVIL
Sabendo que a responsabilidade civil é a reparação de danos causados a outrem
insurgindo a obrigação de indenizar a pessoa prejudicada e para entender se há o dever de
indenizar recorrente de responsabilidade civil, se faz necessária a análise dos princípios
violados no caso de estelionato sentimental.
Os princípios constitucionais são o alicerce do nosso ordenamento jurídico, eles são
essenciais para uma boa convivência em sociedade, desta forma, leciona ATALIBA::
[...] Princípios são linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes magnas do sistema
jurídico, Apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e
obrigatoriamente a perseguidos pelos órgãos do governo (poderes constituídos) ”.
8
Eles expressam a substância última do querer popular, seus objetivos e desígnios, as
linhas mestras da legislação da administração e da jurisdição. Por estas não podem
ser contrariados: têm que ser prestigiados até as últimas consequências.4
Desta forma, os princípios constitucionais segundo Ataliba, são os norteadores do
sistema jurídico, eles nos mostram a direção que deve ser seguida perante a sociedade, a fim
de que não sejam contrariados mas que sejam prestigiados e sempre colocados como grande
importância para manter a ordem em sociedade, bem como para que os órgãos sigam as linhas
mestras da legislação.
5.1 DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da dignidade da pessoa humana está previsto no art. I, inciso III da
Constituição Federal, sendo assim um princípio fundamental do nosso ordenamento jurídico,
ainda assim não temos um conceito definitivo sobre o princípio, acerca disso MORAES, em
sua obra “Direito Constitucional”, conceitua dignidade como:
Um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a
pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo
invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de modo que, somente
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos
fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas
as pessoas enquanto seres humanos e a busca ao Direito à Felicidade.”5
Nesse sentido, outro doutrinador, André Ramos Tavares, explica que não é uma tarefa
fácil conceituar a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, menciona a explicação de tal
princípio nas palavras de Werner Maihofer:
A dignidade humana consiste não apenas na garantia negativa de que a pessoa não
será alvo de ofensas ou humilhações, mas também agrega a afirmação positiva do
pleno desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo. O pleno
desenvolvimento da personalidade pressupõe, por sua vez, de um lado, o
reconhecimento da total auto disponibilidade, sem interferências ou impedimentos
externos, das possíveis atuações próprias de cada homem; de outro, a
autodeterminação () que surge da livre projeção histórica da razão humana, antes
que de uma predeterminação dada pela natureza” 6
MAIHOFER apud TAVARES, 2021.
6 TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
5 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1º ao 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
4 ATALIBA, G. República e Constituição. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
9
A dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental e universalmente
reconhecido que afirma o valor intrínseco e inalienável de cada ser humano, simplesmente por
ser humano, este princípio implica que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito,
igualdade e consideração, o princípio reconhece que cada indivíduo possui uma natureza
única, dotada de capacidades, autonomia e liberdade de escolha e que nenhuma pessoa pode
ser reduzida a um mero objeto ou instrumento para atender aos interesses de outros.
Tendo em vista que o estelionato sentimental reduz a vítima a um instrumento para
atender os interesses de outrem, satisfazendo suas vontades de forma ilícita e usufruindo das
vantagens econômicas da vítima, podemos reconhecer que isto fere a dignidade da pessoa
humana, fazendo se então deste, um princípio violado.
5.2 DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA
De acordo com Rubem Valente 7, o princípio da boa-fé objetiva é considerado o mais
confiável para superintender os contratos, pois o seu principal Objetivo é averiguar a atuação
das partes, se agiram de acordo com os segmentos Éticos na parte contratual e/ou
extracontratual.
 Desta feita, entende-se que o estelionato sentimental fere também o princípio da
boa-fé objetiva, que conforme lecionam Farias e Rosenvald 8, exige a obrigação de
comportamento de acordo com a boa-fé objetiva, do senso de ética por parte de qualquer
pessoa. A partir da eticidade é possível de certa forma, mensurar se o princípio fora ou não
violado no caso concreto. Além disso, frise-se que o comportamento contraditório é uma
categoria do abuso de direito, via quebra da confiança, à luz da interpretação do art. 442 do
Código Civil de 20029.
Ao abusar da confiança da vítima com a intenção de conduta ilícita, viola-se então este
princípio, tendo em vista que a ética e a boa-fé regem a segurança jurídica nas relações
sociais, o que se aplica nas relações não protegidas juridicamente, como por exemplo o curso
do namoro.
9 Brasil. Código Civil. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>
Acesso em: 15 maio 2023.
8 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: família. 9. ed. Salvador:
Editora Juspodivm, 2017.
7 VALENTE, Rubem. Direito Civil facilitado. São Paulo: Editora Forense LTDA, 2017.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10703471/artigo-442-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028078/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028078/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
10
A boa-fé objetiva também está presente no Direito de Família, conforme explicam
Chaves e Rosenvald :
Desse modo, aplicada imperativamente no âmbito do Direito das Famílias, a boa-fé
objetiva determina novos contornos para os institutos familiaristas, impondo-lhes
um conteúdo voltado à proteção efetiva dos valores constitucionais, na medida em
que confere maior realce à dignidade da pessoa humana e à solidariedade exigidas
entre as pessoas.10
Quando se trata de um relacionamento não protegido juridicamente, é crucial avaliar
as intenções que existiam ao longo do namoro. Se ficar evidente que a intenção do parceiro
era enganar e se envolver em condutas ilícitas, isso fere o princípio da boa-fé objetiva. A
vítima acaba se sentindo enganada e enfrenta os problemas mencionados no início do artigo.
O princípio da boa-fé objetiva tem como objetivo manter a ética e a proteção na sociedade.
Quando uma das partes não é sincera dentro da relação, ocorre uma quebra de confiança que
viola esse princípio.
5.3 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O princípio da afetividade é muito mencionado nos relacionamentos do direito de
família, uma vez que se trata de afeto entre o ser humano e dentro das relações familiares
sempre existe esse tipo deafeto, o afeto se refere ao carinho, compaixão e consideração pelo
próximo, e essa conduta se mostra muito presente no âmbito familiar.
Este princípio é importante para as relações sociais, para que haja a segurança jurídica
e uma diminuída nas lides processuais, acerca da afetividade, DIAS, conceitua:
A afetividade é o princípio que fundamenta o Direito de Família na estabilidade das
relações socioafetivas e na comunhão de vida, com primazia em face de
considerações de caráter patrimonial ou biológico. O termo affectio societatis, muito
utilizado no Direito Empresarial, também pode ser utilizado no Direito das Famílias,
como forma de expor a ideia da afeição entre duas pessoas para formar urna nova
sociedade, a família. O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes ele
uma família. Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo humanidade em
cada família, compondo, no dizer de Sérgio Resende de Barros, a família humana
universal, cujo lar é a aldeia global, cuja base é o globo terrestre, mas cuja origem
sempre será, como sempre foi, a família.11
11 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais. 2015.
10 ______. FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: família. 9. ed.
Salvador: Editora Juspodivm, 2017.
11
Seguindo nesse sentido, a relação de afetividade não se encontra somente em estrutura
familiar e sim entre a humanidade, sendo desta forma o princípio da afetividade interligado
com a dignidade da pessoa humana, uma vez que entendemos que o ser humano tem a
necessidade de se comunicar com outros e se relacionar, e assim o princípio se torna um
importante instrumento nas relações jurídicas e sociais.
Sobre isso, os tribunais têm discutido acerca da falta de afeto de um pai para com o
filho, desta forma pensando que já surgiram essa hipótese, logo podemos pensar na hipótese
de reparação de danos causadas dentro de um relacionamento amoroso, uma vez que a pessoa
não tenha a obrigação de ser recíproca mas tem que ter a obrigação de agir com a boa-fé e não
ludibriar os afetos de outro para com ela.
O estelionato sentimental nitidamente fere o princípio da afetividade, uma vez que a
vítima espera que haja o cumprimento das promessas de amor, de casamento e conquistas
juntos, no que tange e traz sentido sobre a afetividade entendemos que se espera que haja a
reciprocidade de carinho mútua, que haja o mesmo afeto e dedicação colocado dentro de um
relacionamento junto com suas expectativas futuras, tendo em vista que o ser humano se
relaciona com a intenção de ser feliz.
6. A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ESTELIONATO SENTIMENTAL
O conceito de responsabilidade civil consiste no dever de indenizar o dano causado a
outrem, sendo assim, a responsabilidade civil nasce da prática de um ato ilícito, e também há
a necessidade de alguns elementos, segundo Sérgio Cavalieri Filho, Pablo Stolze e Rodolfo
Pamplona12 defendem a existência dos pressupostos: conduta culposa, nexo causal e danos.
a) Conduta: A conduta é o primeiro elemento da responsabilidade civil, e ela é dividida em
dois tipos, a conduta comissiva e omissiva, a conduta comissiva é a conduta de agir, uma ação
do sujeito e a conduta omissiva é a conduta para que possa haver a imputação de
responsabilidade a um sujeito pela sua omissão, é fundamental que antes exista um dever de
agir imposto pela norma. Sem dever de agir não há que se falar em conduta omissiva.
12 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 2. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 3.
12
b) Nexo causal: é o elemento que une o agente ao resultado, ou seja, Causa é apenas o
antecedente que determina o resultado como consequência sua, direta e imediata.
c) Dano: O dano ou prejuízo traduz a lesão a interesse jurídico tutelado, material ou moral, ou
estético. Para ser indenizável o dano precisa de três requisitos:
● Violação de um interesse jurídico material ou moral
● A subsistência do dano
● A certeza do dano (não se indeniza dano hipotético.
O Dano, nada mais é que o prejuízo experimentado pela vítima e tutelado pelo direito.
Verificando portanto a existência desses elementos, a responsabilidade civil poderá ser
aplicada de diversas maneiras para a vítima, sendo elas:
● A indenização por danos morais, uma vez que foi enganada, teve seu princípio
da dignidade da pessoa humana violado, sofreu abalo emocional, frustração e outros prejuízos
de natureza moral ou psicológica.
● A restituição dos bens ou valores subtraídos, a responsabilidade civil pode
exigir que o autor do crime restitua esses bens ou valores. Isso implica que o autor seja
responsabilizado pela restituição dos objetos, dinheiro ou outros ativos que tenham sido
obtidos de maneira fraudulenta durante a relação afetiva simulada.
● A reparação por danos materiais, além dos danos morais, a responsabilidade
civil também pode abranger a reparação por danos materiais causados pelo estelionato
sentimental. Isso inclui situações em que a vítima tenha sofrido prejuízos financeiros diretos,
como empréstimos feitos com base na confiança na relação simulada ou gastos realizados em
benefício do autor do estelionato.
Após a efetiva compreensão acerca da responsabilidade civil e os seus pressupostos,
cabe compreender de que maneira o estelionato sentimental se adequa para que haja a
indenização da vítima após o golpe, a conduta expressada pelo agente se refere as ações ou
omissões realizadas por ele em seus atos fraudulentos, utilizando técnicas manipulativas,
como mentiras, declarações falsas de amor e promessas enganosas, para explorar
emocionalmente a vítima.
Outrossim, acerca do nexo causal no caso do estelionato sentimental, a vítima é levada
a acreditar nas falsas declarações de amor e nas promessas enganosas do fraudador, o que
pode resultar em consequências emocionais significativas, como depressão, ansiedade,
13
traumas psicológicos e perda de confiança. O nexo causal é estabelecido quando é possível
demonstrar que essas consequências negativas são diretamente atribuíveis às ações
fraudulentas do estelionatário sentimental.
Por fim, o dano é a lesão ou prejuízo sofrido pela vítima como resultado da conduta
fraudulenta do estelionatário sentimental. No contexto emocional, os danos podem ser difíceis
de mensurar em termos monetários, mas são igualmente reais. A vítima pode ter sofrido danos
psicológicos, perda de tempo, recursos financeiros investidos no relacionamento falso e até
mesmo danos à reputação. Esses prejuízos são passíveis de indenização.
Desta forma, em se tratar de responsabilidade e imputação na esfera cível, caberá a
indenização da vítima, por haver a existência dos pressupostos da responsabilidade civil.
7. O ESTELIONATO SENTIMENTAL NO ÂMBITO PENAL
Como foi mencionado no início do artigo, atualmente o estelionato sentimental está
tipificado no art. 171 do Código Penal13, entretanto cabe trazer ao conhecimentos, quais os
pressupostos para que o estelionato sentimental seja tipificado neste artigo, sendo eles,
portanto:
● Obter vantagem ilícita: O estelionato requer que o agente obtenha uma vantagem
indevida, seja para si mesmo ou para outra pessoa. Essa vantagem pode ser de
natureza patrimonial ou não patrimonial.
● Prejuízo alheio: O estelionato envolve causar prejuízo a terceiros. Ou seja, a conduta
do agente deve resultar em um dano ou prejuízo para a vítima.
● Induzir ou manter em erro: O estelionato é caracterizado pela utilização de artifício,
ardil ou qualquer outro meio fraudulento para induzir ou manter alguém em erro. Isso
significa que o agente usa estratégias enganosas para enganar a vítima e obter a
vantagem ilícita.
13 ______. Brasil. Código Penal. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm> Acesso em: 15 mai. 2023.
14
● Artifício, ardil ou outro meio fraudulento: O estelionato requer a utilização de
algum tipode artifício, ardil ou outro meio fraudulento para enganar a vítima. Isso
pode incluir declarações falsas, omissões, falsificação de documentos, simulação,
entre outros recursos enganosos.
● Dolo: O estelionato é um crime doloso, ou seja, o agente precisa agir de forma
intencional, consciente da sua conduta fraudulenta e com o objetivo de obter vantagem
ilícita em prejuízo alheio.
Caso haja esses pressupostos o autor poderá responder ao crime tipificado no art. 171
do Código Penal, entretanto O Projeto de Lei 6.444/1914, de autoria do deputado federal Julio
Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), propõe a inclusão do crime de "estelionato sentimental" no
artigo 171 do Código Penal. De acordo com o projeto, o estelionato sentimental é
caracterizado pela conduta de induzir a vítima, por meio da promessa de estabelecer uma
relação afetiva, a entregar bens ou valores para si ou para terceiros.
O objetivo do PL 6.444/19 é elevar a penalidade para o estelionato sentimental,
estabelecendo um aumento de um a dois terços em relação ao estelionato simples.
Em março de 2021, o projeto de lei foi aprovado pela Comissão do Idoso da Câmara
dos Deputados, pois também prevê o agravamento da pena quando a vítima tem mais de 60
anos. Posteriormente, em 4 de agosto, o texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados e
agora segue para o Senado.
O relator do projeto, deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), argumenta que incluiu
essa medida no texto, já prevista em outro projeto, devido ao aumento diário do número de
estelionatos cometidos por pessoas que se aproximam das vítimas com o intuito de se
apropriarem de seus bens, aproveitando-se de sua possível vulnerabilidade emocional e
afetiva. Nesses casos, ressalta-se que o prejuízo não é apenas material, mas também moral e
psicológico.
É importante ressaltar que o projeto de lei foi aprovado em votação simbólica na
Câmara dos Deputados e ainda precisará passar pela aprovação no Senado para se tornar
efetiva como lei.
14 Brasil. Projeto de Lei nº 6.444/2019. Câmara dos Deputados. Brasília, DF, 2019. Disponível
em:<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2234092>. Acesso em: 15
mai. 2023.
15
A pena para esse o estelionato pode variar de 1 a 5 anos de reclusão, além de multa.
No caso do "estelionato sentimental", a ocorrência do crime se dá a partir de relações
emocionais e de caráter amoroso. O indivíduo que pratica esse tipo de estelionato pode ser
enquadrado como estelionatário e estará sujeito à pena de 1 a 5 anos de prisão no entanto, a
pena será de 4 a 8 anos nos casos em que houver fraude eletrônica com o uso de informações
fornecidas pela vítima ou por terceiros através de contatos em redes sociais, telefones ou
e-mails, golpes realizados por meio de clonagem de aplicativos também serão punidos com a
mesma pena.
Além disso, a pena será triplicada se a vítima for idosa ou pessoa vulnerável,
configurando crime hediondo.
A proposta também estabelece agravantes para o estelionato. A pena será aumentada
em 50% se o prejuízo for de grande quantia e poderá ser ampliada em até 2/3 se o criminoso
utilizar uma entidade de direito público, instituto de economia popular, assistência social ou
beneficência.
Desta forma, atualmente no âmbito penal, o indivíduo responderá ao crime do art. 171
do Código Penal, uma vez que todos os pressupostos são preenchidos no crime de art. 171,
entretanto a ideia de implantar o agravante para o estelionato sentimental é importante, tendo
em vista o crescimento de casos ocorridos na sociedade de pessoas que se aproximam
afetivamente de outra para obter algo para si.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou trazer o conceito de estelionato sentimental no
relacionamento afetivo, trata-se de um tema que atualmente tem tido notoriedade no âmbito
jurídico, tendo em vista não existir ainda nenhum tipo de lei para tipificar esse golpe
conhecido como “Golpe do amor”, esse delito que se refere a manipulação e a chantagem
emocional dentro do relacionamento, até o presente momento, ele tem sido visto no âmbito
jurídico dentro do art. 171 do Código Penal, todavia existem jurisprudências para nortear
acerca desses tipos de caso, ainda assim existe um projeto de Lei, que busca acrescentar uma
alínea no art. 171 do CP, com a intenção de acrescentar essa agravante, uma vez que envolve
muito além do prejuízo financeiro, envolve também danos morais e psicológicos, tendo em
vista se tratar de um golpe que fere a dignidade da pessoa humana da vítima.
Bem como, foi abordado o conceito de estelionato sentimental, quais as formas de agir
do autor, como identificar se está sendo vítima, o que fazer para se prevenir do golpe e o
16
público alvo até o presente momento, tendo em vista que não há nenhum estudo aprofundado
sobre a vitimologia.
Assim posto, além de discutir acerca do estelionato sentimental, também foi abordado
os princípios feridos inerentes ao tema, sendo eles o princípio da dignidade da pessoa
humana, princípio da boa-fé objetiva e o princípio da afetividade, bem como o dever de
indenizar inerente a responsabilidade civil, por se tratar de prejuízo causado a outrem,
também foi estudado os elementos penais para que haja a imputação no âmbito penal, bem
como apresentou o projeto de lei que tramita no senado a fim de que haja agravante para o
crime de estelionato sentimental.
Esse tema tem relevância jurídica por ser um crime que com a ajuda da internet e a era
digital tem crescido cada dia mais e ainda não há tanto conhecimento acerca desse delito,
muito menos uma lei efetiva ou a certeza da punição do autor para trazer a segurança jurídica
da sociedade, portanto se faz necessário, uma tomada de decisão para que haja
regulamentações a fim de prevenir efetivamente o ocorrido fazer com que o estelionatário
responda sobre sua conduta.
Por fim, ressalta-se a necessidade de artigos informativos para que haja acesso à
informação, sendo assim este artigo buscou ser informativo trazendo então o estelionato
sentimental de forma jurídica e como lidar com a situação, os dados aqui reunido se tornam
mais um referencial, haja vista que os doutrinadores e jurídicas ainda não tomaram um
posicionamento real acerca do tema.
17
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