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U N O PA R ECO N O M IA D O SETO R PÚ B LICO E CO N TA B ILID A D E SO C IA L Economia do setor público e contabilidade social Andréia Moreira da Fonseca Boechat Carlos Eduardo Boni Fabiano Prado Pedroso Economia do setor público e contabilidade social Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Boechat, Andréia Moreira da Fonseca ISBN 978-85-8482-527-1 1. Finanças públicas. 2. Contabilidade social. I. Boni, Carlos Eduardo. II. Pedroso, Fabiano Prado. III. Título. CDD 336 Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Carlos Eduardo Boni, Fabiano Prado Pedroso. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 200 p. B669a Economia do setor público e contabilidade social / © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Dieter S. S. Paiva Camila Cardoso Rotella Emanuel Santana Alberto S. Santana Lidiane Cristina Vivaldini Olo Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Ana Lucia Jankovic Barduchi Grasiele Aparecida Lourenço Paulo Heraldo Costa do Valle Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisor Técnico Milton Gonçalves Editoração Emanuel Santana Lidiane Cristina Vivaldini Olo Cristiane Lisandra Danna André Augusto de Andrade Ramos Erick Silva Griep Adilson Braga Fontes Diogo Ribeiro Garcia eGTB Editora 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Participação do estado na economia Seção 1 - Estado e economia 1.1 | Papel do Estado/governo 1.2 | Estrutura do Estado brasileiro Seção 2 - Estado: visão econômica 2.1 | O Estado na economia brasileira 2.2 | Conceitos econômicos e o Estado Seção 3 - Setor público e as políticas públicas 3.1 | Definição de políticas públicas 3.2 | Evolução histórica das políticas públicas 3.3 | Principais tipos de política pública 3.4 | Participação e controle social Seção 4 - Teoria da tributação 4.1 | Conceitos doutrinários de receitas públicas 42 | Bases e princípios para a teoria da tributação 43 | Incidência tributária: mercados competitivos 7 11 15 19 23 24 26 31 31 35 36 37 41 42 44 46 Unidade 2 | Financiamento do setor público e suas relações com o conjunto da economia Seção 1 - Financiamento do setor público 1.1 | O sistema de tributação do governo 1.2 | O sistema tributário brasileiro 1.3 | Estrutura tributária 1.4 | Carga tributária 1.5 | Política de tributação 1.6 | Propostas para o aperfeiçoamento do sistema tributário Seção 2 - Relação do setor público com a economia do país 2.1 | Obstáculos à produção e oferta privada de bens e serviços 2.2 | Intervenção do Estado na economia brasileira 2.3 | Processo de substituição de importações 2.4 | O planejamento público 2.5 | Plano plurianual (PPA) 2.6 | Lei de diretrizes orçamentária (LDO) 2.7 | Lei orçamentária anual (LOA) 2.8 | Lei de responsabilidade fiscal (LRF) 55 59 60 62 64 66 67 71 77 78 80 81 84 85 86 86 87 Sumário Unidade 3 | Sistema de contas nacionais no Brasil Seção 1 - Estrutura do sistema de contas nacionais e noções sobre balanço de pagamento 1.1 | Contabilidade Nacional (CN) Seção 2 - Estrutura da matriz insumo-produto (MIP) 2.1 | Matriz Insumo-Produto Seção 3 - Conceito e classificação de gastos públicos e contas nacionais 3.1 | Estrutura Contábil Brasileira Seção 4 - Indicadores financeiros nacionais 4.1 | Indicadores de Valores econômicos 97 101 105 119 120 129 130 137 139 Unidade 4 | Indicadores de gestão pública Seção 1 - Conceitos básicos de indicadores de gestão pública 1.1 | Evolução histórica dos indicadores 1.2 | Definição de indicador 1.3 | Sistemas de indicadores 1.4 | Critérios de classificação 1.5 | Propriedades desejáveis dos indicadores Seção 2 - Agregados macroeconômicos e as identidades contábeis 2.1 | Agregados macroeconômicos 2.1.1 | Produto Interno Bruto (PIB) 2.1.2 | Produto Interno Bruto per capita 2.1.3 | Renda Nacional Bruta (RNB) 2.1.4 | Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) e Renda Privada Disponível (RPD) 2.1.5 | Produto interno bruto real ou a preços constantes 2.2 | Identidades contábeis 2.2.1 | Economia fechada e sem governo 2.2.2 | Economia fechada e com governo 2.2.3 | Economia aberta Seção 3 - Os principais indicadores econômicos 3.1 | Classificação dos indicadores Seção 4 - Os principais indicadores sociais 4.1 | Indicadores demográficos e de saúde: taxa de natalidade 4.2 | Indicadores educacionais e culturais: taxa de analfabetismo 4.3 | Indicadores de mercado de trabalho: taxa de desemprego aberto e oculto 4.4 | Indicadores de renda e de pobreza: Índice de Gini 4.5 | Indicadores de qualidade de vida e de meio ambiente: indicadores subjetivos da qualidade de vida 4.6 | Indicadores político-sociais e de opinião pública: indicadores de opinião pública 4.7 | Índice de desenvolvimento e pobreza humanos: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 151 155 156 157 160 162 163 167 167 167 170 173 174 175 177 177 178 179 183 183 187 187 188 188 189 190 190 190 Apresentação Olá, caro(a) acadêmico(a), Seja muito bem-vindo(a) à disciplina Economia do Setor Público e Contabilidade Social. Esta disciplina proporcionará a você conhecimentos sobre duas áreas que estão diretamente interligadas, que são o setor público e a contabilidade social. Você, como futuro economista, precisa compreender o papel do Estado da economia para poder avaliar as decisões tomadas e não tomadas pelo governo. É isso mesmo, quando estudamos o setor público, não analisamos somente o que o governo fez, precisamos entender também o que ele deixou de fazer. E uma das formas de fazer esta avaliação é compreender a estrutura do setor público, a estrutura de gasto e arrecadação, assim como a avaliação dos resultados. Com base no exposto, e para atingirmos o objetivo, nosso livro foi dividido em quatro unidades. Na primeira unidade, entenderemos o papel do Estado da economia, e quais são as funções desempenhadas. Veremos também a relação do setor público com as políticas públicas. Para finalizar essa unidade, discutiremos a teoria da tributação. Na segunda unidade, estudaremos o outro lado: os gastos do governo, e as formas de financiamento, inclusive para implementação das políticas públicas de forma a gerar bem-estar social. Assim, iremos entender a dimensão e importância dos gastos públicos, assim como o sistema e a política de tributação brasileira. Na Unidade 3, discutiremos o sistema de contas nacionais, com ênfase na estrutura das contas nacionais, e na leitura e interpretação da chamada Matriz Insumo-Produto. Neste capítulo, ainda, construiremos os indicadores financeiros básicos. E, para finalizar nosso livro, o tema abordado da quarta unidade será indicadores. Assim, compreenderemos os mecanismos de interpretação dos resultados do setor público, que são feitos com base nos indicadores, tanto sociais quanto econômicos. Esta unidade mostrará a você a importância da avaliação das ações do governo e, consequentemente, a necessidade ou não de aprimoramento das políticas públicas implementadas. Ao final do livro e da disciplina, você terá compreendido a estrutura e funcionamento do setor público, estando apto a avaliar as decisões do governo e interpretar os resultados da economia. Além de, claro, tomar as melhores decisões econômicas e sociais. Bons estudos! Unidade 1 Participação do Estado na economia Nesta seção introduziremoso conceito de Estado, assim como sua importância para a economia e para a população. Iremos compreender a estrutura do Estado e suas funções, com foco ao Estado brasileiro. Nesta seção estudaremos e distinguiremos alguns conceitos que fazem parte do estudo sobre o Estado e que são fundamentais para a tomada de decisão dos governantes, que são bens públicos, ação coletiva, recursos comuns e monopólio natural. Nesta seção definiremos políticas públicas, compreenderemos a importância das políticas públicas para a sociedade e o papel do Estado na elaboração e implementação das políticas públicas para gerar bem estar-social. Além disso, conheceremos os mecanismos de participação dos cidadãos nas ações do Estado no que se refere às políticas públicas, o chamado controle social. Seção 1 | Estado e economia Seção 2 | Estado: visão econômica Seção 3 | Setor público e as políticas públicas Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você, será levado a compreender o papel do Estado na atividade econômica. Entenderá também o sistema tributário enquanto instrumento de gestão dos recursos públicos. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Participação do Estado na economia U1 8 Nesta seção abordaremos os princípios da tributação. Discutiremos o sistema de tributação, incidência, tributação e eficiência, com foco na economia brasileira. Seção 4 | Teoria da tributação Participação do Estado na economia U1 9 Introdução à unidade Seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Economia do setor público e contabilidade social. Eu sou a professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, bacharel, mestre e doutora em economia, e irei discutir com você o tema Participação do Estado na Economia. Este não é um tema novo, afinal, a função, importância e ações do Estado na economia são discutidas diariamente, tanto pela imprensa quanto com amigos e familiares. Sabemos também que na economia temos linhas que são a favor da participação do Estado na economia, que defendem um Estado regulador, como Keynes e os keynesianos, e outras mais clássicas, que acreditam na intervenção mínima do Estado, como Adam Smith e David Ricardo. E você concorda mais com qual das linhas de pensamento? Antes de responder a esta pergunta, precisamos compreender a participação do Estado na economia. Para isto, esta primeira unidade está dividida em quatro seções. Na primeira seção conheceremos o Estado em si, definindo Estado, apresentando sua importância e estrutura. Na segunda seção, veremos a visão econômica sobre Estado, diferenciando alguns conceitos que estão presentes no estudo sobre Estado, que são bens públicos, ação coletiva, recursos comuns e monopólio natural. Alguns desses conceitos você já aprendeu em outras disciplinas, mas aqui o foco é a relação deles com o Estado. Na terceira seção definiremos políticas públicas, sua importância para geração de bem-estar social e o papel do Estado na elaboração e implementação das políticas públicas. E para finalizar a seção, apresentarei a você o chamado controle social, que é a forma como a sociedade pode e deve participar das políticas públicas. E na quarta e última seção, veremos um tema polêmico e muito discutido, que é a forma como o Estado arrecada, ou seja, a tributação. Nesta seção estudaremos a teoria da tributação em si, o sistema tributário, incidência, tributação e eficiência. Vamos lá “entrar” nesse universo tão fascinante e complexo que é o Estado? Porém, ao estudar esta unidade foque em fatos e conceitos, tentando ser o mais imparcial possível, ok? Participação do Estado na economia U1 10 Participação do Estado na economia U1 11 Seção 1 Estado e economia Introdução à seção Para darmos início a esta primeira seção, vamos entender a origem do Estado. Segundo Matias-Pereira (2012), existem duas respostas clássicas ao tema, que são as teorias naturalistas ou também chamadas de origem natural do Estado, nas quais Aristóteles, Cícero e São Tomás de Aquino defendem que o homem, enquanto ser social, necessita viver em sociedade, e por isso o Estado aparece como uma necessidade humana fundamental. Já a segunda explicação está vinculada às teorias voluntaristas, contraturalistas ou da origem voluntária do Estado, em que se defende que o Estado é um produto de um acordo de vontade entre os indivíduos, ou seja, o Estado se forma porque os indivíduos desejam. Agora que conhece da origem do Estado, e para “entrarmos” no universo fascinante do Estado, precisamos compreender o seu conceito. A maioria das pessoas acredita e se refere a Estado e governo como sendo a mesma instituição. Porém, isto é um equívoco, pois são duas instituições diferentes, e consequentemente, com funções diversas. Por outro lado, não podemos fazer uma separação total, ou seja, não podemos nos referir a governo sem falar em Estado, e vice-versa. Você sabe a diferença entre governo e Estado? Para começarmos a discutir a diferença, vamos apresentar um exemplo bem atual: o Estado é o Estado Brasileiro; já governo, em 2016 o governo é Michel Temer. Participação do Estado na economia U1 12 Percebemos que governo tem um tempo de duração, ou seja, é alterado a cada período, no caso brasileiro, a cada quatro anos, já Estado não. A palavra Estado vem do grego polis e significa política, ou seja, a ciência de governar a cidade. Então, podemos definir Estado como uma instituição política, social e juridicamente organizada, que ocupa um território e é regido pela Constituição; em outras palavras, é uma divisão política, administrativa e territorial de certos países, como Brasil. Nesse sentido, Matias-Pereira (2012) afirma que o Estado pode ser aceito como um lócus onde o cidadão exerce a cidadania, e que qualquer esforço de reforma deve ter como objetivo melhorar a qualidade da prestação do serviço público. Portanto, a existência do Estado justifica-se pela existência de três elementos essenciais, que são: a) População/povo – são as pessoas que têm vínculos políticos e jurídicos com o Estado, ou seja, são os indivíduos que habitam um determinado território. b) Território – é um espaço físico regido por uma ordem jurídica autorizada. No caso brasileiro, o território é subdivido em 26 unidades federativas mais o Distrito Federal. c) Governo/poder político – é o poder supremo do Estado. Fonte: <http://goo.gl/stRLc8>. Acesso em: 4 jul. 2016. Figura 1.1 | Estado brasileiro Participação do Estado na economia U1 13 Então, como podemos perceber, o governo faz parte do Estado, e, segundo Matias-Pereira (2012), o Estado representa mais do que o governo, considerando que em seu sistema permite estruturar inclusive diversas relações na sociedade. Mas, afinal, o que é governo? De acordo com o Dicionário Aurélio (2012), governo é a forma política de um Estado. Assim, governo pode ser definido como um conjunto de instituições e pessoas que exercem o poder de governar. Então, o governo do Estado tem como função principal tomar decisões influenciando toda a população, dispondo de recursos legais, ou seja, leis, para que suas ordens sejam obedecidas, podendo inclusive, caso necessário, utilizar a força. Podemos acrescentar que governo é um mecanismo de controle e direção das instituições que fazem parte do Estado. Resumindo, são decisões de natureza política. A partir daí surge outra pergunta: então governo e política são similares? Não, política aloca os recursos na sociedade e governo trata dos resultados dessa alocação de recursos. Por este motivo, temos dentro do Brasil três esferas governamentais com funções específicas, a municipal, estadual e federal. A esfera municipal é composta pelos municípios, a estadual pelos estados e a federal pelo país como um todo. Analogicamente, Karl Deutsch (1979) compara o processo de governar à navegação, em que existe o timoneiro1 do navio, que deve saber sua função no barco para manter o controle. Em segundo, deve saber onde se encontra a nave que está sob seu controle,em qual direção se move e qual tipo de embarcação é. Em terceiro lugar, precisa conhecer onde estão localizados os bancos de areia, escolhos, baixios e correntes de navegação. E por último e talvez o mais importante, precisa ter consciência do seu destino e de seus tripulantes para escolher a rota certa. 1Segundo o dicionário Aurélio (2012), timoneiro é aquele que governa o timão das embarcações. “Poder significa toda a oportunidade de impor sua própria vontade, no interior de uma relação social, até mesmo contra resistências, pouco importando em que repouse tal oportunidade” (WEBER, 1977 apud MATIAS-PEREIRA, 2012). Analisando a citação, podemos afirmar que hoje poder tem o mesmo significado apresentado por Weber (1977 apud MATIAS-PEREIRA, 2012)? Participação do Estado na economia U1 14 Para saber mais sobre a diferença entre Estado e governo, leia o texto Instituições, bom Estado, e reforma da gestão pública, do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira. O artigo está disponível em: <www. bresserpereira.org.br/papers/2004/64.insts-bomestado_reforma95-98. pdf>. Acesso em: 3 jul. 2016. Com base em tudo o que estudamos até agora nesta primeira unidade, você sabe dizer por que existe o governo? Para responder a esta pergunta, vamos ver a explicação de Giambiagi e Além (2008), que afirmam que a existência do governo é necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado que, sozinho, não é capaz de desempenhar todas as funções econômicas. Os mesmos autores afirmam que a operação do sistema de mercado necessita da uma série de contratos que dependem da proteção e da estrutura legal, que é imposta pelo governo. E que a existência de bens públicos e externalidades dá origem a falhas no sistema de mercado, levando a necessidade de soluções via setor público. E a última explicação para existência do governo é que o livre funcionamento do sistema de mercado não garante o nível de emprego, a estabilidade de preços e o crescimento econômico. Para conhecer sobre as concepções de Estado e suas respectivas teorias, analise a Figura 1.2. Percebemos que o governante, aquele que governa o país, estado ou município, precisa conhecer seu território, sua população e consequentemente seus problemas, para poder definir o que é necessário fazer para aumentar o bem-estar social. Participação do Estado na economia U1 15 Figura 1.2 | Concepções de Estado Fonte: Bayer (1999). 1.1 Papel do Estado/governo Como já discutimos, a existência do governo é necessária para desempenhar todas as funções econômicas. As funções estão relacionadas: em nível macroeconômico, à distribuição de renda, estabilidade de preços, nível de emprego; e em nível microeconômico, podem ser citadas a proteção dos contratos, produção e distribuição de alguns bens e serviços que não são vantajosos economicamente para uma empresa privada produzir, entre outros. Para solucionar os problemas econômicos, o governo possui três funções básicas: alocativa, distributiva e estabilizadora. Vamos entender como funciona cada uma delas? a) Função alocativa – está associada à provisão de determinados bens e serviços não ofertados, de forma adequada, pelo sistema de mercado; pois, segundo Giambiagi e Além (2008), o fato de os benefícios gerados pelos bens públicos estarem disponíveis para todos os consumidores faz com que não haja pagamento voluntário por estes bens. Assim, é necessário que o governo intervenha para que estes bens sejam ofertados. Costa e Souza (2008) acrescentam que através da função alocativa o governo Participação do Estado na economia U1 16 faz a provisão de determinados bens e serviços que o mercado não oferece adequadamente devido ao sistema de preços, os chamados bens públicos2. Esta função visa corrigir as falhas de mercado e os efeitos negativos da externalidade. As falhas de mercado acontecem quando a alocação de bens e serviços não é eficiente e o governo tem como função fazer com que a oferta seja eficiente. E, para isto, são utilizados diversos mecanismos de correção. Já externalidade é quando a atividade de um agente econômico atinge os demais de forma positiva ou negativa. Quando o efeito é negativo, como a poluição de uma fábrica, o governo deve intervir para minimizar, ou até mesmo eliminar, o efeito negativo. Na função alocativa o governo deve determinar o tipo e a quantidade de bens públicos que serão ofertados, e calcular o nível de contribuição de cada consumidor (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). A contribuição no caso é via tributação, já que como os agentes são racionais e os bens são distribuídos, ninguém irá declarar quanto estaria disposto a pagar pelo bem público. 2Bens públicos serão discutidos na Seção 2 desta unidade. Leia o artigo intitulado de Estado, mercado e desenvolvimento: uma síntese para o século XXI?, de Robert Boyer, e aprofunde seus conhecimentos sobre a relação entre Estado, mercado e o desenvolvimento. O texto está disponível em: <www.eco.unicamp.br/ docprod/downarq.php?id=486&tp=a>. Acesso em: 4 jul. 2016. “De forma indireta a eleição mostra não apenas quais bens públicos são considerados prioritários, como o quanto os indivíduos estarão dispostos a contribuir sob a forma de impostos para o financiamento da oferta de bens públicos” (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008, p. 32). Você concorda com esta afirmação? Justifique sua resposta com base em um exemplo real. Participação do Estado na economia U1 17 b) Função distributiva – está relacionada à distribuição de renda, ou seja, o governo procura deixar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, já que o mercado sozinho não consegue distribuir a renda de forma considerada justa. Para isto, utiliza alguns instrumentos, como as transferências, os impostos e os subsídios. Vamos entender cada um deles? Por meio das transferências, o governo promove uma redistribuição direta da renda, tributando as pessoas com renda mais alta e subsidiando as com renda mais baixa (por exemplo, através das alíquotas progressivas) e utiliza os recursos captados para ofertar serviços públicos, como saúde, segurança, educação de qualidade etc. (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). Outra forma de distribuir renda é através dos impostos e subsídios. Os impostos podem ser captados para financiar/subsidiar programas voltados para as camadas mais pobres da sociedade, como o Programa Bolsa Família. Outra forma é aumentar os impostos dos bens considerados de luxo ou supérfluos, e reduzir a tributação dos bens que compõem, por exemplo, a cesta básica, os quais a maior parte da população de baixa renda consome. Para saber mais sobre a distribuição de renda no Brasil, leia o texto para discussão do IPEA intitulado Distribuição de renda no Brasil de 1976 a 2004 com ênfase no período entre 2001 e 2004, do autor Sergei Suarez Dillon Soares. Apesar de ser um texto relativamente antigo, ele explica a evolução da desigualdade nas últimas décadas, e a redução dessa desigualdade nos últimos três anos. O artigo está disponível em: <http:// repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/1670>. Acesso em: 4 jul. 2016. c) Função estabilizadora – como o próprio nome diz, a função estabilizadora está relacionada à estabilização da economia. De acordo com Giambiagi e Além (2008), esta função tem como objetivo manter um alto nível de emprego, estabilidade de preços e obter uma taxa adequada de crescimento econômico. E consiste no controle, por parte do governo, no nível de demanda, minimizando os impactos sociais e econômicos, assim como a inflação. Participação do Estado na economia U1 18 Fonte: <http://goo.gl/mlpIyy>. Acesso em: 4 jul. 2016. Figura 1.3 | Estabilidade econômica A estabilização pode ser feita através das políticas econômicas. As duas principais são a monetária e a fiscal. A primeira, monetária, refere-se às ações do governo para controlar as variáveis monetárias da economia, como moeda e taxa de juros. Já a política fiscal refere-se às atividades de arrecadação e gastos dogoverno, ou seja, a forma como o governo tributa a população e como esses impostos serão redistribuídos para sociedade. “O Estado deverá exercer uma influência orientadora sobre a propensão a consumir, em parte através de seu sistema de tributação, em parte por meio da fixação da taxa de juros e, em parte, talvez, recorrendo a outras medidas” (KEYNES, 1983, p. 253-254). Discutimos o papel do governo, agora iremos entender os diversos papéis do Estado, que são os seguintes, apresentados por Giambiagi e Além (2008): a) Papel regulador – o Estado estabelece e exige o cumprimento de normas de comportamento mediante leis antitruste e de agências reguladoras que assegurem uma conduta competitiva e a regulação dos monopólios naturais. Além disso, cabe ao Estado controlar as flutuações econômicas, influenciar a distribuição de renda e direcionar o crescimento econômico. Para isto, utiliza, principalmente, as políticas Participação do Estado na economia U1 19 monetária e fiscal. b) Papel financiador – neste caso, o Estado financia o processo de crescimento econômico. Para isto, utiliza as políticas de crédito agrícola e apoio às exportações, financia o setor de habitação e infraestrutura, etc. Para desemprenhar o papel financiador, o Estado brasileiro criou ao longo da sua história o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros. c) Agente produtor – é o chamado Estado empresário, no qual o Estado produz bens através das empresas estatais, principalmente em áreas como mineração, infraestrutura, indústria de transformação e serviços de utilidade pública. A partir da década de 1990, iniciaram-se no Brasil as privatizações, quando muitas empresas públicas foram vendidas, entre elas a atual Vale. Para entender como o papel do Estado brasileiro alterou com longo dos anos, leia o texto As modificações no papel do Estado na economia brasileira, disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/ papers/1988/88.Mudan%C3%A7aDoPapeldoEstadoNaEconomiaBrasilei ra.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016. A partir das funções discutidas, podemos resumir que o Estado/governo é responsável pelo bem-estar e pela segurança da sociedade, e para isso utiliza as políticas econômicas e públicas. 1.2 Estrutura do Estado brasileiro Conforme artigo 1º da Constituição Federal de 1988, o Brasil é formado pela união dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo um Estado democrático, de direito, fundamentado na soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, nos valores do trabalho e da livre iniciativa privada e no pluralismo político (MATIAS- PEREIRA, 2012). Devemos observar também que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal são entidades estatais de direito público, com poderes políticos e administrativos, e por este motivo, podem desenvolver atividades econômicas, educacionais e previdenciárias (MATIAS-PEREIRA, 2012). Além disso, segundo Peppe et al. (1997), a Constituição de 1988 trouxe avanços em Participação do Estado na economia U1 20 relação ao grau de autonomia de cada esfera governamental. No entanto, manteve uma característica histórica do Brasil: uma gama muito grande de competências para a esfera Federal, ou seja, a União ainda ficou com muitas competências em detrimento das esferas Estadual e Municipal. Podemos dizer, assim, que o Brasil tem como característica ser um país centralizador. Posso afirmar que o governo é o elemento que fixa os objetivos do Estado, e é formado por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Esses poderes existem em duas esferas: federal e estadual; e na esfera municipal, há os poderes Executivo e Legislativo, o que se altera é o nível de tomada de decisão e os agentes que fazem parte. Mas como é feita a distribuição desses poderes? Quem é responsável pelo quê? O Quadro 1.1 mostra a divisão dos poderes e as autoridades responsáveis. Como podemos ver, na esfera federal, o poder Executivo é representado pelo presidente da república, o Legislativo é de responsabilidade do Congresso Nacional, ou seja, dos deputados federais, e o Judiciário é pela Justiça Federal. Já na esfera estadual, o governo representa o poder Executivo, os deputados estaduais, por meio da Assembleia Legislativa, o poder Legislativo, o Tribunal de Justiça e o Poder Judiciário. Nos municípios, não temos poder Judiciário, somente poderes Executivo e Legislativo. A administração pública, que é a gestão de bens, serviços e interesses públicos, está presente nas três esferas do governo e tem como objetivo principal, sob autoridade dele, assegurar o bem-estar, em outras palavras, coloca em prática as políticas públicas do governo. A administração pública pode ser direta ou indireta. Quando é direta, dizemos que é centralizada, e neste caso engloba o conjunto de órgãos autônomos, integrados a uma estrutura central em cada um dos poderes em cada esfera governamental. A principal característica é a falta de personalidade jurídica e inexistência de patrimônio. Já a administração descentralizada ou indireta, é o conjunto de entidades vinculadas a um órgão da administração direta que prestam serviços públicos e proporcionam os meios para a execução dos objetivos do Estado, tendo como características principais a personalidade jurídica e o patrimônio próprio. São Fonte: elaborado pela autora. Quadro 1.1 | Divisão e função das esferas governamentais Executivo Legislativo Judiciário Federal Presidência Congresso Nacional Justiça Federal comum e especializada Estadual Governo Assembleia Legislativa Tribunal de Justiça Municipal Prefeitura Câmara de vereadores - Participação do Estado na economia U1 21 exemplos da administração indireta as fundações, empresas públicas, autarquias e sociedade de economia mista. Vamos entender cada uma delas? As fundações são instituídas pelo poder público, compostas por pessoas jurídicas de direito público ou privado (dependendo da lei que a cria) e tem como objetivo realizar atividades de educação, saúde, assistência social, entre outras. As empresas públicas são pessoas jurídicas de direto privado que foram criadas para realizar atividades públicas no modelo da iniciativa privada. Já as autarquias são pessoas jurídicas que prestam atividade da administração pública, mas com comando próprio, como, por exemplo, a Caixa Econômica Federal. Já as sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, podendo ser compostas por recursos do setor público ou privado, que foram criadas com o objetivo de realizar atividades econômicas de interesse coletivo. Podemos citar como empresas mistas o Banco do Brasil e a Petrobras. É importante observar que a Administração Pública direta e indireta de qualquer poder obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Resumindo, a função da administração pública é atender, sem discriminação, às pessoas que habitam um país ou qualquer uma de suas subdivisões (MATIAS-PEREIRA, 2012). Uma discussão presente no estudo do Estado é o tamanho do setor público. Para conhecer e discutir essa polêmica, leia o texto do IPEA intitulado O tamanho do setor público no contexto do federalismo: um modelo aplicado aos municípios brasileiros, de Roberta da Silva Vieira. O artigo está disponível no link: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_ content&view=article&id=4947>. Acesso em: 4 jul. 2016. 1. Não é raro encontramos pessoas utilizando os termos Estado, governo, setor público e administração pública como sinônimos, apesar de serem – conforme discutimos em aula – instituições diferentes com diferentes papéis na economia. Participação do Estado na economia U1 22 Com base nas diferenças das quatro instituições citadas, marque a alternativa correta: I – Brasil é um exemplo de Estado. II – O governo faz parte do Estado. III – Setor Público está presente nas três esferas do governo: federal,estadual e municipal. IV – A administração pública pode ser direta ou indireta. a) Somente as afirmações I e II estão corretas. b) Somente as afirmações I e IV estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) As afirmações II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. 2. De forma geral, o governo desempenha três funções: alocativa (relacionada à oferta de bens e serviços essenciais à população), distributiva (referente à distribuição de renda justa) e estabilizadora (refere-se à estabilização de preços). Porém, independentemente da função que o governo desempenha, o objetivo principal será sempre um só. Marque a alternetiva correta que mostre o principal objetivo do governo. a) Qualificação da mão de obra. b) Crescimento econômico. c) Geração de bem-estar social. d) Desenvolvimento econômico. e) Distribuição de renda. Participação do Estado na economia U1 23 Seção 2 Estado: visão econômica Introdução à seção Agora que já conceituamos Estado, e que você já conhece sua importância e estrutura, iremos relembrar alguns conceitos econômicos e relacioná-los ao Estado. Para iniciar nossa discussão, vou fazer uma pergunta: Você saberia responder quando, de fato, começou a se falar no papel do Estado/Governo/Setor Público dentro economia moderna? Fonte: <http://goo.gl/YiKrJG>. Acesso em: 6 jul. 2016. Figura 1.4 | Ponto de interrogação Participação do Estado na economia U1 24 Com a grande crise econômica de 1929, começou-se a discutir qual é o papel do setor público, por meio do governo na economia. Podemos dizer que o estudo do setor público dentro da economia teve início em 1936 com John Maynard Keynes, o pai da macroeconomia moderna, e foi se desenvolvendo e se aprimorando ao longo dos anos. Após Keynes, em 1954, Paul Samuelson desenvolveu o conceito de bem-estar público, que procura determinar simultaneamente a distribuição de renda e a eficiência alocativa. Então, a economia do bem-estar público se preocupa com o bem-estar da sociedade como um todo, e este bem-estar é de responsabilidade, direta ou indiretamente, do setor público. Em 1971, o conceito de ação coletiva foi criado por Mancur Olson, no qual a economia passou a se preocupar com a oferta de bens públicos através da colaboração de, no mínimo, duas pessoas, e o impacto que este consumo gera aos demais são as chamadas externalidades, ou seja, a partir da data citada, a economia passou a estudar o impacto, tanto negativo quanto positivo, do consumo de um bem na vida dos demais. Por exemplo, imagine um rio passando ao lado de uma fábrica têxtil e na região há uma comunidade de pescadores que depende do rio. A fábrica joga os dejetos nesse rio, poluindo e matando os peixes, afetando, assim, a vida dos pescadores, que não terão mais como sobreviver da pesca nesta localidade. Neste caso, o governo, através de suas políticas públicas, precisa interferir. Claro que temos o caso ao contrário também, em que várias pessoas se beneficiam com uma determinada ação individual. Fonte: <http://goo.gl/BbI8T0>. Acesso em: 6 jul. 2016. Figura 1.5 | Representação do Estado Brasileiro 2.1 O Estado na economia brasileira E como o Estado atuou na economia brasileira? Para responder a esta pergunta, e com base em Giambiagi e Além (2008), pretendemos dividir por períodos. Vamos lá? Participação do Estado na economia U1 25 a) Antes de 1930 Antes de 1930 não houve planejamento na intervenção do Estado, sendo, portanto, intervenção mínima, principalmente até o século XVIII, quando o Brasil era colônia de Portugal. O controle maior do Estado – no caso, de Portugal sobre a colônia brasileira – se deu com a descoberta do ouro no século XVIII, e com a vinda da família real em 1808. Com a vinda da família real, as principais ações estatais foram a fundação do primeiro Banco do Brasil e a introdução de alguns instrumentos regulatórios como fixação de tarifas e a isenção e incentivos fiscais (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). Nesse período, ainda, como a principal atividade econômica era a agricultura, os objetivos do governo eram a expansão da atividade agrícola, a preservação de boas relações com o capital estrangeiro e a estabilidade econômica. E o governo atuava nos setores de infraestrutura, como atividades portuárias, navegação e saneamento. b) Década de 1930 A grande depressão (crise de 1929) faz com que se tenha uma grande e importante mudança no papel do Estado brasileiro na economia. Neste período, a prioridade passou a ser a industrialização. Assim, durante a década de 1930, a ação do Estado foi direcionada à expansão dos instrumentos regulatórios, tais como controle de preços básicos (água, eletricidade, gasolina etc.), na determinação de tetos para as taxas de juros, criação de autarquias e na proteção à indústria local (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). c) Décadas de 1940 e 1950 As décadas de 1940 e 1950 foram marcadas pela formação do setor produtivo estatal, para que não faltassem insumos industriais para a formação do parque industrial brasileiro. Foram criadas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942, a Fábrica Nacional de Motores (FNM) e a Companhia Nacional de Álcalis em 1943. Em 1952, em função da fragilidade do mercado de capitais privados e a intenção do Estado em fornecer financiamentos de longo prazo e baixo custo necessários ao desenvolvimento industrial, surgiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), que é o atual BNDES. Outro marco desse período foi o Plano de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek, que tinha como objetivo fazer com que o Brasil crescesse 50 anos em 5. Participação do Estado na economia U1 26 d) Décadas de 1960 e 1970 Nas décadas de 1960 e 1970, o setor público ampliou sua participação direta no setor produtivo, criando a Eletrobras, a Telebras, e subsidiárias da Petrobras. Além disso, o setor de serviços telefônicos foi estatizado. Nesse período, não podemos esquecer o Golpe Militar e o auge da intervenção pública com a criação do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND). Para relembrar o golpe militar, leia o livro: BOECHAT, A. M. F. Economia brasileira contemporânea. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2016. O livro está disponível em nossa biblioteca digital. E hoje, qual é o papel do Estado na economia brasileira? 2.2 Conceitos econômicos e o Estado Após discutirmos o surgimento do setor público, vamos explorar alguns conceitos importantes sobre variáveis pertencentes ao setor público. a) Bens públicos O primeiro conceito é o de bens públicos. Você já ouviu falar em bens públicos e, com certeza, saberia citar diversos exemplos. Mas você sabe por que alguns bens são ofertados pelo setor público? E quais as características desses bens? O bem público, como é de seu conhecimento, é um bem ou serviço ofertado pelo governo, seja federal, estadual ou municipal. Esses bens têm como características serem não rivais e não excludentes, ou seja, o consumo de um indivíduo, seja pessoa física ou jurídica, não reduz a quantidade disponível para os demais, não sendo possível excluir os indivíduos que desejam consumir, independentemente de terem pagado ou não. Participação do Estado na economia U1 27 Em outras palavras, a oferta de um bem público para uma pessoa faz com que seja possível ofertá-lo para as demais sem um custo adicional, como por exemplo, a defesa nacional. Os bens públicos são públicos porque o mercado induz aos indivíduos a não revelarem suas preferências, ou melhor, é vantajoso para as pessoas não revelarem quanto estariam dispostas a pagar pelo consumo desse bem, pois isso é em função da quantidade ofertada e não do preço pago. As pessoas, mesmo não pagando, consomem o bem ou serviço público. Vamos pensar num exemplo, como a segurança pública em um bairro qualquer. Independentemente de quem paga, a existência da polícia nesse bairro inibirá assaltos, e todos os moradoresserão beneficiados de mesmo modo, ou seja, a segurança é igual para todos, não tendo, assim, incentivo para um morador pagar e outro não pela segurança. Neste caso, segurança pública é um exemplo de bem público. Para ficar claro vamos comparar, através das características, um bem ou serviço público com um bem ou serviço privado. Para isso, analisaremos o Quadro 1.2. Por que alguns bens são públicos? Por que as pessoas não pagam, diretamente, pelo consumo desse bem? Fonte: elaborado pela autora. Quadro 1.2 | Comparação entre bem público e bem privado Característica Bem público Bem privado É rival Não Sim É excludente Não Sim Exemplo Segurança pública Vestuário Conforme podemos ver no Quadro 1.2, se um determinado bem é não rival e não excludente, ele é um bem público. Caso contrário, é um bem privado. Para ilustrar essa situação, vamos pensar em dois bens: segurança pública e vestuário. Primeiro, sabemos que a mesma roupa não pode ser consumida por duas pessoas diferentes. Neste caso, o seu consumo é rival. Em segundo lugar, o consumo da roupa é excludente, pois se a pessoa não pagar por ela, a loja não a deixará levá-la. Já a segurança pública, não é possível uma pessoa ter e a outra não ter, e também o consumo individual não exclui o consumo do outro. Participação do Estado na economia U1 28 b) Recurso comum O recurso comum ocorre quando é impossível atribuir preços ou exercer direitos de propriedade sobre um determinado bem. Este tipo de bem é rival e não excludente. Mas qual seria um exemplo de um bem rival e não excludente? Há vários exemplos, como ar, pesca no mar etc. Para ficar mais claro, pense em dois vizinhos: um deles cultiva maçãs e o outro é produtor de mel. O produtor de maçãs gera uma externalidade positiva sobre o produtor de mel, pois durante a florada, uma quantidade de néctar é disponibilizada gratuitamente ao apicultor. Nesse caso, o néctar é um bem rival, pois quanto maior a quantidade disponibilizada a uma abelha, menor será para as demais e é um bem não excludente, pois o produtor de maçãs não tem como evitar que o néctar vá para as abelhas do seu vizinho e nem tem como cobrar por isso. Assim, se um bem é rival mas não é excludente, podemos classificá-lo como um bem de recurso comum. c) Monopólios naturais Os monopólios naturais também são de responsabilidade do setor público. Existem alguns setores da economia em que as empresas privadas não podem ofertar bens de forma eficiente, como no caso da água, energia elétrica, saneamento básico, entre outros. A pergunta é por que os bens dos setores citados são de responsabilidade do governo e você paga por eles? A resposta é simples. Estes são bens não rivais e excludentes, e o governo, como não consegue ofertá-los de forma eficiente, concede o direito a uma empresa privada ofertar e somente uma empresa se estabelece com responsável, pois não é economicamente viável ter concorrência nesses setores. Para entender mais sobre os monopólios naturais aplicados ao saneamento básico no Brasil, leia o artigo A economia do saneamento básico, de Turolla e Ohira. O texto está disponível em: <www.pucsp.br/eitt/downloads/III_ CicloPUCSP_TurollaeOhira.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016. Tudo isso que discutimos até agora, bens públicos, recursos comuns, bens privados e monopólio natural, podem ser simplificados no Quadro 1.3. Participação do Estado na economia U1 29 Resumindo, se um determinado bem for rival e excludente, ele é um bem privado e será ofertado por empresas privadas, como TV a cabo. Caso o bem seja rival, mas não excludente, será um recurso comum, sendo um bem a que todos têm acesso, mas se um indivíduo tiver, a quantidade disponível diminui para a outra pessoa, como a pescaria no mar. Porém, se o bem é não rival e excludente, é um monopólio natural que significa que é de responsabilidade do governo, mas muitas vezes quem oferta são empresas privadas em razão dos custos, como o saneamento básico. Já se um bem é não rival e não excludente, é um bem público e é ofertado pelo governo, como no caso da segurança pública. Todos os indivíduos terão acesso. Fonte: elaborado pela autora. Quadro 1.3 | Quadro comparativo dos bens rivais e excludentes e não rivais e não excludentes Característica É excludente Não é excludente É rival Bem privado (TV a cabo) Recurso comum (mar) Não é rival Monopólio natural (saneamento básico) Bem público (segurança pública) 1. Com a crise de 1929, o mundo começou a discutir o papel do setor público na economia. Porém, o estudo de fato do setor público teve início com o grande economista Keynes em 1936. Após os estudos de Keynes, diversos autores inseriam novos conceitos que fazem parte do setor público. Em relação a estes conceitos, marque a alternativa correta. a) Samuelson inseriu o conceito de externalidade. b) O conceito de ação coletiva foi introduzido por Olson para verificar o impacto da ação de um em relação ao outro, as chamadas externalidades. c) Bem público é outra variável inserida por Olson. d) A economia do setor público se preocupa com as externalidades positivas. e) A oferta de bens privados é de responsabilidade do setor público, assim como sua regulamentação. Participação do Estado na economia U1 30 2. Além de bens ou serviços públicos, outros bens que pertencem ao setor público são bens de propriedade comum e os monopólios naturais. Com base na nossa aula e no livro da disciplina, relacione o exemplo de bem com seu respectivo conceito: I – Propriedade comum (rio). II – Monopólio natural (estradas). III – Bens públicos (Sistema Único de Saúde). IV – Bem privado (Universidade federal). a) Somente as afirmações I e II estão corretas. b) Somente as afirmações I e IV estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) As afirmações II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. Participação do Estado na economia U1 31 Seção 3 Setor público e as políticas públicas Introdução à seção Com já foi discutido, o governo desempenha diversas funções que sofreram sofreram inúmeras alterações ao longo do tempo. Nos séculos XVIII e XIX, o principal objetivo era a segurança pública e a defesa nacional, em razão das inúmeras guerras que aconteciam na época. Com o passar do tempo, a democracia foi se expandindo e as responsabilidades do Estado foram se alterando. Hoje, a função do governo é promover o bem-estar da sociedade. Para isto, é necessário desenvolver diversas ações nas áreas de saúde, educação, estabilidade de preços, crescimento econômico, entre outras, através das chamadas políticas públicas. “A política é a arte de unir os homens entre si para estabelecer vida social comum, cultivá-la e conservá-la” (ALTHUSIUS, 1603 apud DIAS; MATOS, 2012). 3.1 Definição de políticas públicas Definir políticas públicas não é uma tarefa fácil, não existe uma única definição. Mead (1995) define como um campo de estudo da política que analisa o governo dentro das questões públicas. Já tanto para Lynn (1980) quanto para Peters (1986), políticas públicas são um conjunto de ações do governo que produzirão efeitos desejados sobre a vida dos cidadãos. Dye (1984) resume que políticas públicas é a definição do que o governo escolhe fazer ou não fazer. Participação do Estado na economia U1 32 Outros autores definem políticas públicas como um conjunto de ações e decisões do governo voltadas para a solução de problemas sociais, ou seja, são as metas, planos e ações que o governo, nas três esferas – federal, estadual e municipal – tem para atingir o bem-estar da sociedade. Apesar de não existir uma única definição para políticas públicas, segundo Dias e Matos (2012) alguns elementos são comuns, como: • É feita em nome do “público”; • É geralmente feita ou iniciada pelo governo; • É interpretada e implementada por atores públicos e privados; • É o que o governo pretende fazer; • É o que o governo escolhe não fazer. A partir de todas essas definiçõese dos elementos apresentados, podemos definir políticas públicas como uma forma de ação do governo voltada para a população para atingir seu objetivo, de modo a aumentar o bem-estar social. Lembrando que as ações que serão adotadas são definidas pelo que os governantes entendem como prioridade, e não a sociedade, ou seja, o bem-estar social é definido sempre pelo governo, já que é impossível a população se expressar de forma totalitária. Depois da da nossa afirmação afirmação, você, com certeza, está se perguntando: e qual é o meu papel nesta situação? Cada um de nós tem um papel na formulação de políticas públicas, mas nossa influência é indireta. Fazemos nossas solicitações para nossos representantes – deputados, senadores e vereadores –, que mobilizam o poder executivo representado pelos prefeitos, governadores e presidente da república, eleitos por nós para formularem políticas públicas que atendam à demanda. Então, percebemos que as políticas são, de certa forma, resultados da democracia, já que os cidadãos escolhem seu representante através do voto, expressando suas preferências. Em outras palavras, escolhem uma política em relação a outra. Com isso, as políticas acabam sendo resultados da concorrência, visto que os grupos de interesse formam alianças e concorrem pelas políticas. Após a eleição, o processo de tomada de decisão é de responsabilidade de pequenos grupos de Participação do Estado na economia U1 33 indivíduos. Mas como este processo ocorre? A Figura 1.6 demonstra a sequência de atividades que resultam nas políticas públicas. Como pode ser visto na Figura 1.6, na primeira coluna, à esquerda, estão os eventos que a formulação da política passa e na segunda coluna estão os resultados da política. Assim, o primeiro passo é definir a agenda e a agenda governamental que cria oportunidade para a formulação da política de acordo com o objetivo do governo. Em seguida são formuladas as políticas alternativas. Após a definição das políticas alternativas, o governo escolhe qual política será implementada, e a coloca em prática por meio de leis. Após a implementação, é necessário avaliar os impactos gerados e se for o caso, modificar a política. Percebemos que formular uma política pública não é tarefa fácil e rápida. Após termos abordado a sequência de atividades que são feitas para se chegar às políticas públicas, apresentamos a você um modelo simples do processo de criação das políticas públicas, na Figura 1.7. Fonte: Below (2008). Figura 1.6 | Sequência de atividades que resultam as políticas públicas Evento da política Definição de agenda Formalação Seleção Legitimação Implementação Evolução Terminação Política modificada Impactos da política Política/lei Decisão política Políticas alternativas Agenda governamentalCria oportunidades para Produto da política Participação do Estado na economia U1 34 Fonte: Below (2008). Figura 1.7 | Modelo do processo de políticas públicas O modelo simples de formulação de políticas públicas é um círculo vicioso, no qual é formulada a política que será adotada dado o problema que o governo visa solucionar. A política é implementada e avaliada. E assim, uma nova política pública é elaborada, e passa por todas estas etapas novamente. Após toda a discussão sobre definição de política pública, podemos chegar a uma conclusão: a política pública é uma espécie de roteiro, um projeto do governo para desenvolver uma área particular. Para uma política ser eficiente, é necessário, segundo Below (2008): • Integrar todos os aspectos do desenvolvimento; • Ter apoio de todos os interessados; • Fornecer, de forma clara, a missão, visão, objetivos e princípios orientadores; • Estar alinhada com os acordos e políticas nacionais e internacionais; • Ser moderna e ousada, sem deixar de ser realista; • Ser neutra; • Priorizar objetivos para facilitar sua aplicação; • E talvez o mais importante, precisa estar focada nas necessidades. Avaliação da política Formação da questão Adoção da política Agenda política Formulação da política Implementação da política Participação do Estado na economia U1 35 Para aprofundar seus conhecimentos sobre políticas públicas, leia o artigo intitulado O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e na transformação da realidade, de Elenaldo Celso Teixeira. O artigo está disponível em: <www.escoladebicicleta.com.br/politicaspublicas.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016. 3.2 Evolução histórica das políticas públicas Assim como o setor público intervindo de forma mais direta na economia, as políticas públicas de fato tiveram início em 1930, após o término do modelo agrário- exportador, pois entre 1500 e 1930 a economia era voltada para a produção e exportação das monoculturas, como o café, e a mão de obra foi escrava até 1888. Após a abolição da escravatura, as políticas tinham como característica a intervenção do Estado com o objetivo de assegurar as condições de trabalho dos imigrantes, mas sempre voltado ao regime de produção exportador. Surgiu, assim, a primeira política pública que tinha como objetivo garantir a nacionalidade aos imigrantes. Com a crise de 1929, o Brasil sentiu a necessidade de se industrializar, com isto, as políticas públicas se alteraram e assumiram uma postura nacionalista populista. Esse processo de industrialização exigiu a consolidação de grupos para sustentar a demanda por bens manufaturados, o que foi conseguido através do sistema de proteção social e trabalhista da década de 1940. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de 1940 colocou os trabalhadores sob tutela do Estado e instituiu o direito a estabilidade no emprego, férias, salário, indenização por demissões, salários mínimos, definição da jornada de trabalho semanal, direito à saúde e à previdência. Podemos perceber a magnitude dessa política pública não apenas para época, mas para os dias atuais, já que ainda seguimos diversos pontos da primeira CLT. Nas décadas de 1960 e 1970, o populismo entra em decadência, dentre outros fatores, por não ter conseguido sustentar um modelo de crescimento baseado na produção de bens de consumo duráveis, com isto, a economia estagnou, diversas crises sociais aconteceram e a renda se concentrou ainda mais. Neste momento, foi instaurado o regime militar. E quais foram as políticas públicas utilizadas durante os governos militares? A ideia Participação do Estado na economia U1 36 principal era a chamada "teoria do bolo", que na visão dos militares, primeiro o Brasil deveria crescer para depois repartir, ou seja, primeiro haveria uma concentração de renda e depois o governo distribuiria riqueza. Você deve se lembrar de que o governo possui três funções e uma delas é a distributiva. A situação do "bolo" citada se enquadraria, no segundo momento, nesta função. Os militares argumentavam que a concentração de renda inicial geraria uma demanda efetiva para a produção de bens de consumo duráveis, com isso, a economia se aqueceria e geraria externalidade nos demais setores, aumentando o nível de emprego e renda. Mas o que de fato aconteceu foi o aumento da pobreza e da concentração de renda, ou seja, o "bolo" nunca chegou a ser repartido. Chegamos à década de 1980 em total crise. Os economistas batizaram a década de 1980 como a "década perdida", pois tínhamos altas taxas de inflação, desigualdade de renda que aumentava a cada dia, dívidas externas cada vez maiores, déficit público, desemprego, estrutura produtiva pouco competitiva, entre outros fatores. Era necessário retomar o crescimento econômico e reduzir a pobreza. Neste momento e no início da década de 1990, as políticas públicas voltadas ao social ficaram de lado e as políticas foram de ajuste estrutural inspiradas no neoliberalismo, em outras palavras, era necessário acabar com a inflação para que o Brasil voltasse a crescer. As principais medidas utilizadas nas políticas de ajuste estrutural foram: desregulamentação, privatização,corte de gastos sociais, reformas fiscal e monetária. Todas essas medidas aconteceram em um momento político de suma importância para o país: o processo de redemocratização e promulgação da nova Constituição Federal de 1988. Em 1994, com o lançamento do Plano Real, a economia se estabiliza e o país volta a crescer. Porém, até final da década de 1990, as políticas públicas eram voltadas para o lado econômico. Somente no final da década as políticas públicas voltadas ao social passaram a fazer parte, diretamente, dos programas dos governos, de modo a compensar, de certa forma, os efeitos negativos das políticas econômicas. 3.3 Principais tipos de política pública Até aqui, definimos políticas públicas de um modo geral, mas não podemos esquecer que política pública é a ação do governo para solucionar problemas da sociedade, de modo que gere, ou pelo menos aumente, o bem-estar social. E quais são os tipos? Segundo Dias e Matos (2012), as políticas públicas podem ser de quatro tipos. Vamos entender cada um desses tipos? Participação do Estado na economia U1 37 3.4 Participação e controle social Discutimos que os governantes são os tomadores de decisão em termos de políticas públicas, e que a população participa dessa tomada de decisão durante as eleições, quando escolhe o candidato e a proposta política. Porém, o cidadão pode participar da implementação da política pública. As formas mais comuns de participação social, segundo Dias e Matos (2012), são: a) Política social: saúde, educação, habitação, previdência social. b) Política econômica: fiscal, monetária, cambial. c) Política administrativa: democracia, descentralização, participação social. d) Política especifica ou setorial: meio ambiente, cultura, agrária, direitos humanos. Porém, dos tipos apresentados, temos dois grandes tipos principais de políticas públicas, que são a econômica e a social. As políticas econômicas são voltadas para a sociedade como um todo, não fazendo propriamente divisões de classes. Como exemplos de políticas econômicas temos: a fiscal, que está relacionada a receitas e gastos do governo, ou seja, quanto o governo arrecada, através dos tributos, e onde esses tributos serão gastos. Temos também a política monetária, que é voltada para a definição da taxa de juros e a quantidade de moeda em circulação, e, por último, mas também muito conhecida e discutida, a política cambial. Já a política social é direcionada a um público específico com o objetivo de reduzir problemas explícitos naquela camada da população. Então, em geral, a política pública social é feita para diminuir as desigualdades sociais e econômicas das classes mais baixas, oferecendo condições mínimas de sobrevivência. Quando nos referimos a políticas sociais, logo nos vêm à cabeça os programas sociais do governo, como o Bolsa Família, voltados para determinadas classes da população. As políticas sociais são as ações do governo para proteger a sociedade dos possíveis malefícios causados pelo desenvolvimento socioeconômico. Para analisar as políticas públicas sociais, é necessário considerar a função delas e qual seu objetivo, já que tais políticas compensam, de certa forma, um determinado problema causado pelo sistema econômico. Seguindo esta linha, muitos autores afirmam que a política social é um instrumento que liga o Estado às classes mais baixas da população. Participação do Estado na economia U1 38 a) Conselhos – organizações institucionais setoriais ou temáticas, de caráter consultivo e/ou deliberativo e fiscalizador, com a finalidade de produzir e acompanhar políticas públicas no âmbito do governo. b) Conferências – espaços democráticos para o encontro de diferentes setores da sociedade, interessados em avaliar, discutir, criticar e propor políticas públicas. c) Mesas de negociação e diálogo – instâncias de discussão e construção de propostas para temas específicos, que reúnem os setores diretamente interessados na questão que motivou a sua constituição. d) Ouvidorias – espaços para a ação individual de críticas, sugestões, reclamações, denúncias e outros, para melhoria do serviço público. e) Consultas e audiências públicas – instrumentos do diálogo para a busca de soluções para demandas sociais ao longo da discussão sobre obras e políticas públicas. Já em termos de mecanismos de participação que possibilitam um aumento da democratização da gestão das políticas públicas, e que estão presentes nas três esferas do governo (federal, estadual e municipal), Dias e Matos (2012) citam: a) Orçamento participativo – possibilita a abertura da participação da sociedade civil nas decisões de investimento dos governos. Para saber mais sobre o orçamento participativo, leia o livro: PIRES, Valdemir. Orçamento participativo. São Paulo: Manole, 2001. O livro está disponível em nossa biblioteca digital. b) Conselhos municipais de gestão de políticas públicas – são órgãos coletivos com a participação do poder público e da sociedade civil, e que participam na elaboração, execução e fiscalização das políticas municipais. c) Descentralização – é o mecanismo que implica a transferência efetiva de poder decisório para os agentes locais da administração municipal. d) Conselhos de políticas – têm caráter compartilhado na formulação, gestão, controle e avaliação das políticas públicas. Participação do Estado na economia U1 39 Você conhece algum mecanismo de participação social? Reflita sobre ele e sua importância. Caso não conheça, pense sobre sua importância. 1. Definir políticas públicas não é uma tarefa fácil, já que temos inúmeras definições e não podemos dizer que uma está mais correta do que a outra. Dadas as afirmações a seguir, marque a alternativa correta quanto às definições corretas de políticas públicas. I – Campo de estudo da política que analisa o governo dentro das questões públicas. II – Conjunto de ações do governo que produzem efeitos desejados sobre a vida da população. III – Definição do que o governo deve ou não fazer. IV – Forma de ação do governo voltada para a população para atingir um determinado objetivo. a) Somente as afirmações I e II estão corretas. b) Somente as afirmações I e IV estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) As afirmações II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. 2. No Brasil as políticas públicas tiveram início, de fato, em 1930, após o término do modelo agroexportador, com o início do processo de substituição de importações e depois foram se alterando ao longo do tempo, ou seja, em cada período Participação do Estado na economia U1 40 tínhamos políticas públicas voltadas para atingir determinados objetivos. Em relação ao objetivo das políticas públicas e seus respectivos períodos, marque a alternativa correta: I – Em 1930, o objetivo das políticas públicas era, principalmente, garantir a nacionalidade dos imigrantes. II – Durante o período militar, o objetivo das políticas públicas era fazer com que o Brasil crescesse. III – Na década de 1980, o objetivo das políticas públicas era combater a inflação. IV – Atualmente, o objetivo das políticas públicas é voltado, principalmente, para o lado social. a) Somente as afirmações I e II estão corretas. b) Somente as afirmações I e IV estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) As afirmações II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. Participação do Estado na economia U1 41 Seção 4 Teoria da tributação Introdução à seção Finanças públicas são a atividade financeira do Estado, orientada para a obtenção e o emprego dos meios materiais e de serviços para a realização das necessidades do coletivo que são satisfeitas pelo serviço público. Então, é de responsabilidade do Estado viabilizar o funcionamento dos serviços públicos essenciais. Porém, para atingir o objetivo de satisfazer as demandas sociais e assim gerar bem-estar social, o Estado necessita de recursosfinanceiros. Estes recursos são obtidos por meio de diversas fontes. Assim, o custeio das necessidades públicas realiza-se por meio da transferência de parcela dos recursos dos indivíduos e das empresas para o governo (MATIAS-PEREIRA, 2012), no qual podemos chamar de política fiscal. A política fiscal orienta-se em duas direções, segundo Matias-Pereira (2012): a) Política tributária – se materializa na captação de recursos, para o atendimento das funções da administração pública nas três esferas governamentais. Fonte: <http://goo.gl/BT7xUF>. Acesso em: 6 jul. 2016. Figura 1.8 | Tributos brasileiros Participação do Estado na economia U1 42 A captação de recursos é feita via tributos, que, segundo Matias-Pereira (2012), são: impostos (critério material da hipótese de incidência uma atividade não vinculada a uma prestação estatal. Exemplo: ICMS); taxas (tributos vinculados a uma atividade estatal. Exemplo: coleta de lixo); contribuição de melhorias (vinculadas a uma atividade estatal decorrente de obra pública); empréstimos compulsórios (tributo inserido pela Constituição de 1988 que pode ser instituído de forma transitória, em casos de despesas extraordinárias); outras contribuições (podem ou não ser vinculadas a uma atividade estatal. Exemplo: categorias profissionais). As contribuições sociais, que são a prestação pecuniária compulsória devida à administração pública, e a seguridade social, também fazem parte do sistema tributário brasileiro. Podemos ver no Quadro 1.4, resumidamente, um exemplo das principais receitas do governo citadas anteriormente. Fonte: elaborado pela autora. Quadro 1.4 | Exemplos de tributos Receitas do governo Exemplo Imposto Imposto sobre Serviço Taxas Taxa de iluminação pública Contribuições de melhorias Pavimentação de rua que valoriza imóveis Contribuições sociais INSS Seguridade social Auxílio-maternidade Conforme podemos visualizar no Quadro 1.4, cada tributo se refere a um tipo de receita do governo, e consequentemente é voltado para situações específicas. b) Política orçamentária – refere-se aos gastos, ou seja, à forma de aplicação dos recursos. 4.1 Conceitos doutrinários de receitas públicas Para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre receitas públicas, é importante compreender os conceitos doutrinários de receitas públicas, que são divididos em quatro grupos: regularidade, origem, previsão orçamentária e efetividade (MATIAS- PEREIRA, 2012). - Regularidade: Receitas ordinárias – receitas que ingressam com regularidade no tesouro, Participação do Estado na economia U1 43 sendo assim uma fonte permanente de recursos financeiros destinados às atividades financeiras do Estado. Exemplo: impostos. Receitas extraordinárias – receitas que ingressam em caráter excepcional e esporádico. Exemplo: empréstimos compulsórios. - Origem: Receita ordinária – receita recebida quando o Estado está nas mesmas condições do privado. Ou seja, é a receita pública efetiva de origem das rendas produzidas pelos ativos do Poder Público, como, por exemplo, pela cessão remunerada de bens e valores. Receita derivada – receita recebida quando o Estado prevalece sobre o particular. Ou seja, é a receita pública efetiva obtida pelo Estado em razão da sua soberania. São as receitas originárias dos tributos. - Previsão Orçamentária: Receita orçamentária – receita prevista ou não no orçamento, e que não é devolutiva. Receita extraordinária – receita não prevista no orçamento, temporária e devolutiva. - Efetividade: Receita efetiva – receitas públicas que alteram a situação líquida patrimonial, pois não geram obrigações em contrapartida. Receita não efetiva – receitas públicas que não alteram a situação líquida patrimonial, pois geram obrigações em contrapartida. Para conhecer mais sobre os procedimentos das receitas públicas, acesse o texto Receitas Públicas: manual de procedimentos, disponível em: <www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/Manual_ Procedimentos_RecPublicas.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2016. Participação do Estado na economia U1 44 4.2 Bases e princípios para a teoria da tributação Quando nos referimos a tributação precisamos ter em mente dois princípios fundamentais, que são a neutralidade e a equidade. Vamos conhecer cada uma delas? a) Neutralidade – o princípio da neutralidade refere-se à não interferência sobre as decisões de alocação de recursos tomadas com base no mecanismo de mercado, ou seja, a forma de captação de recursos não altera o preço. Para compreender melhor esse princípio e sua relação com a eficiência, precisamos entender o conceito de eficiência de Pareto, no qual a alocação de recursos é eficiente quando é impossível melhorar o bem-estar de um sem prejudicar do outro. E quando isso ocorre? Quando a Taxa Marginal de Substituição do Consumo for igual à taxa marginal de substituição da produção. Vamos analisar o Gráfico 1.1. Analisando o Gráfico 1.1, podemos visualizar três situações do que seria um tributo neutro: • Ponto E – é o ponto que mostra as preferências individuais por bens e serviços para diferentes níveis de bem estar. Sendo, portanto, um ponto de solução eficiente para cobrança de tributos. Fonte: Rezende (2011). Gráfico 1.1 | Neutralidade e eficiência Participação do Estado na economia U1 45 • Ponto E’ – quando temos um imposto per capita; • Ponto E” – quando o imposto é sobre o produto. b) Equidade – o princípio da equidade está relacionado ao que seria o imposto justo, tendo como preocupação dar o mesmo tratamento, em termos de contribuição, aos indivíduos considerados iguais (equidade horizontal) e diferenciar os desiguais (equidade vertical). O princípio da equidade tem dois critérios, que segundo Rezende (2011) são: • Critério do benefício → atribui a cada indivíduo um ônus equivalente aos benefícios que ele usufrui dos programas governamentais (preferências individuais). O critério do benefício tem algumas restrições, que são: 1) Dificuldade de obter versões quantitativas de curvas de demanda individual para identificação dos benefícios; 2) Padrões subjetivos de avaliação dos benefícios; 3) Não há incentivo para que os indivíduos revelem as preferências. Assim, a aplicação do critério do benefício é praticamente impossível no caso do financiamento de bens públicos, sendo útil para bens privados produzidos pelo governo. Neste caso, é aplicado na área de serviços públicos (transporte, comunicações, energia etc.). • Critério da capacidade de contribuição → repartição do ônus tributário em função das respectivas capacidades individuais de contribuição (possibilidade de pagamento). Ou seja, os indivíduos devem colaborar para o financiamento dos gastos governamentais, de acordo com sua capacidade de pagamento. Neste caso, indivíduos com mesmo nível de renda anual contribuem com a mesma quantidade (equidade horizontal), e indivíduos que têm renda diferente contribuem de formas diferentes (equidade vertical). Este critério é restrito porque é subjetivo definir o que seria “igual sacrifício” para todos os contribuintes. Além desses princípios, temos o conceito de progressividade, quando as alíquotas Participação do Estado na economia U1 46 devem aumentar à medida que são maiores os níveis de renda dos contribuintes; e pelo conceito de simplicidade, o cálculo, a cobrança e a fiscalização relativa aos tributos devem ser simples para reduzir custos administrativos. 4.3 Incidência tributária: mercados competitivos Para compreendermos como a incidência tributária afeta os agentes econômicos família (consumidor) e empresas, vamos analisar dois casos: o imposto específico sobre as vendas, e o imposto ad valorem. - Caso 1: Imposto específico sobre as vendas Um imposto específico, também chamado de unitário, é aquele que arrecada um montante fixo por unidade vendida; trata-se, portanto, de um imposto sobre consumo, como, por exemplo, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para entender o impactodesse tipo de imposto sobre vendedores e consumidores, vamos analisar os Gráficos 1.2 e 1.3. Fonte: Siqueira e Ramos (2005). Gráfico 1.2 | Efeito de um imposto específico a ser pago pelo vendedor Analisando o Gráfico 1.2, percebemos que, na ausência de imposto, o preço e a quantidade de equilíbrio é o ponto “E”. Quando o governo aprova um imposto específico que recai sobre os vendedores, o custo marginal fica mais alto, e a curva Participação do Estado na economia U1 47 de oferta se desloca para cima, formando um novo ponto de equilíbrio, que agora é o ponto “A”, com o preço mais alto e quantidade mais baixa. E assim, parte do imposto é repassado ao consumidor. E se o imposto fosse pago somente pelo consumidor, o que aconteceria com o ponto de equilíbrio? Podemos entender essa situação analisando o Gráfico 1.3. Fonte: Siqueira e Ramos (2005). Gráfico 1.3 | Efeito de um imposto específico a ser pago pelo consumidor Analisando o Gráfico 1.3, podemos perceber que antes do imposto o preço e a quantidade de equilíbrio continua sendo o ponto “E”. A imposição do imposto específico faz com que o consumidor reduza o preço que ele estaria disposto a comprar o bem, deslocando a curva de demanda para baixo (esquerda), formando um novo ponto de equilíbrio, o ponto “B”. - Caso 2: Imposto ad valorem Um imposto é chamado de ad valorem quando é definido um percentual do preço do produto ou da base de incidência, como por exemplo, a CPMF. Para entender o efeito desse tipo de imposto, vamos analisar o Gráfico 1.4. Participação do Estado na economia U1 48 Fonte: Siqueira e Ramos (2005). Gráfico 1.4 | Efeito de um imposto ad valorem a ser pago pelo comprador Analisando o Gráfico 1.4, percebemos que o ponto “E” é o ponto de equilíbrio. Quando um imposto ad valorem é incidido, a curva de demanda desloca-se para baixo, formando um novo equilíbrio, o ponto “B”. 1. Explique o é que o princípio da neutralidade. 2. Diferencie o critério do benefício do critério da capacidade de contribuição. Nesta unidade, você aprendeu: • A definição de Estado; • A diferença e relação entre Estado e governo; • A importância do Estado na economia; Participação do Estado na economia U1 49 • As funções do Estado; • A estrutura do Estado; • A visão econômica sobre Estado; • Bens públicos, recursos comuns e monopólio natural; • Definição e importância das políticas públicas; • Os tipos de políticas públicas; • Os princípios da tributação; • Neutralidade e equidade; • Incidência tributária; • Imposto específico e ad valorem. Caro(a) acadêmico(a), finalizamos a primeira unidade do livro Economia do Setor Público e Contabilidade Social. Agora você compreendeu os princípios básicos que norteiam o estudo sobre o Estado e está apto a continuar o estudo sobre o tema. Começamos definindo o conceito de Estado, aprendemos a importância do papel no Estado na economia, e como ele é necessário para gerar bem-estar social. Vimos também as políticas públicas e seus tipos, sendo os dois tipos principais as políticas econômicas e as sociais. E, por último, entendemos o princípio da tributação. Agora, para finalizar o tema, e sabendo que vivemos um momento conturbado na história política e econômica no nosso país, vamos refletir sobre a função e o papel do Estado e o governo, em duas três esferas, para solucionar ou, pelo menos, amenizar os problemas econômicos e sociais. Participação do Estado na economia U1 50 1. As funções do setor público se alteram ao longo do tempo, dependendo da situação econômica e social daquele momento, ou seja, o Estado não é estático. Porém, de modo geral, o papel ideal é... Marque a alternativa correta: I – Assegurar a estabilidade da economia. II – Distribuir renda de forma justa. III – Ofertar os bens e serviços que a população deseja. IV – Resolver problemas de externalidades negativas, mesmo que os agentes possam resolver sozinhos. a) As assertivas I e II estão corretas. b) As assertivas III e IV estão corretas. c) As assertivas I e III estão corretas. d) As assertivas I, II e III estão corretas. e) As assertivas II, III e IV estão corretas. 2. Como é de seu conhecimento, o Estado possui três funções: alocativa, distributiva e estabilizadora. A função alocativa está relacionada à distribuição de bens e serviços públicos; a distributiva à distribuição de renda; e a estabilizadora diz respeito ao equilíbrio econômico. Então, quando o governo criou o Programa Bolsa Família, ele estava desempenhando qual função? Marque a alternativa correta: a) Alocativa. b) Distributiva. c) Estabilizadora. d) Social. e) Monetária. 3. A disciplina Economia do Setor Público é complexa, e por isso é importante conhecermos alguns conceitos/variáveis Participação do Estado na economia U1 51 4. Existem dois grandes grupos de políticas públicas, as econômicas e as sociais, sendo que cada uma é voltada para atingir determinados objetivos e atingem camadas da população. Em relação ao público-alvo, marque a alternativa correta que diferencie as políticas econômicas das sociais. a) As políticas públicas econômicas são voltadas para uma camada específica da população. b) As políticas públicas sociais são voltadas para uma camada específica da população. c) As políticas públicas econômicas são voltadas apenas para pessoas de renda alta. d) As políticas públicas sociais são voltadas apenas para pessoas de renda baixa. e) Tanto as políticas econômicas quanto as sociais são voltadas para a população como um todo. introdutórios. Em relação ao estudo da economia do setor público, leia as afirmativas abaixo e MARQUE verdadeiro (V) ou falso (F). (__) Estuda o governo e a forma como as políticas públicas afetam a economia. (__) Estuda temas como tributação, gastos, entre outros. (__) Não utilizada modelos. (__) Avalia os efeitos das políticas públicas implementadas. (__) Teve início em 1929 com a crise econômica mundial. 5. A Teoria da Tributação é regida por dois princípios teóricos, que são a neutralidade e equidade. Em relação a esses princípios, marque a alternativa correta: I – O princípio da neutralidade está relacionado à forma de captação de recursos que não altera o preço do bem ou serviço. Participação do Estado na economia U1 52 II – O princípio da equidade está relacionado ao “imposto justo”. III – O princípio da equidade está relacionado à forma de captação de recursos que não altera o preço do bem ou serviço. IV – O princípio da neutralidade está relacionado ao “imposto justo”. a) Somente as assertivas I e II estão corretas. b) Somente as assertivas III e IV estão corretas. c) As assertivas I, II e III estão corretas. d) Somente as assertivas I e IV estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. Participação do Estado na economia U1 53 Referências BELOW, J. Formulação de políticas públicas. Palestra proferida no IX Curso Nacional de Efetividade no Desenvolvimento, PRODEV, Brasília, 2008. BOECHAT, A. M. F. Economia brasileira contemporânea. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2016. BOYER, Robert. Estado, mercado e desenvolvimento: uma síntese para o século XXI? Revista Economia e Sociedade. Campinas, v. 12, p. 1-20, 1999. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas Públicas: manual de procedimentos. 4. ed. Brasília: STN, 2007. Disponível em: <www3.tesouro. gov.br/legislacao/download/contabilidade/Manual_Procedimentos_RecPublicas. pdf>. Acesso em: 15 jul. 2016. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Instituições, bom Estado, e reforma da gestão pública. In: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo (Orgs.). Economia do setor público no Brasil. São Paulo: Campus Elsevier, 2004. p. 3-15. Disponível em: <www.bresserpereira.org.br/ papers/2004/64.insts-bomestado_reforma95-98.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2016. COSTA, P. Y.; SOUZA, S. C. F. Tributação, política fiscal e desenvolvimento econômico. In: ENCONTRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, 3., 2008, Lombrina. Anais...
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