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Economia do 
setor público e 
contabilidade 
social
Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Carlos Eduardo Boni 
Fabiano Prado Pedroso
Economia do setor 
público e contabilidade 
social
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Boechat, Andréia Moreira da Fonseca 
 
 ISBN 978-85-8482-527-1
 1. Finanças públicas. 2. Contabilidade social. I. Boni, 
 Carlos Eduardo. II. Pedroso, Fabiano Prado. III. Título.
 CDD 336 
Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Carlos Eduardo Boni, 
Fabiano Prado Pedroso. – Londrina: Editora e Distribuidora 
Educacional S.A., 2017.
 200 p.
B669a Economia do setor público e contabilidade social /
© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Dieter S. S. Paiva
Camila Cardoso Rotella
Emanuel Santana
Alberto S. Santana
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Grasiele Aparecida Lourenço
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisor Técnico
Milton Gonçalves
Editoração
Emanuel Santana
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Erick Silva Griep
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Unidade 1 | Participação do estado na economia
Seção 1 - Estado e economia
1.1 | Papel do Estado/governo
1.2 | Estrutura do Estado brasileiro
Seção 2 - Estado: visão econômica
2.1 | O Estado na economia brasileira
2.2 | Conceitos econômicos e o Estado
Seção 3 - Setor público e as políticas públicas
3.1 | Definição de políticas públicas
3.2 | Evolução histórica das políticas públicas
3.3 | Principais tipos de política pública
3.4 | Participação e controle social
Seção 4 - Teoria da tributação
4.1 | Conceitos doutrinários de receitas públicas
42 | Bases e princípios para a teoria da tributação
43 | Incidência tributária: mercados competitivos
7
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15
19
23
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31
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37
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46
Unidade 2 | Financiamento do setor público e suas relações com 
o conjunto da economia
Seção 1 - Financiamento do setor público
1.1 | O sistema de tributação do governo
1.2 | O sistema tributário brasileiro
1.3 | Estrutura tributária
1.4 | Carga tributária
1.5 | Política de tributação
1.6 | Propostas para o aperfeiçoamento do sistema tributário
Seção 2 - Relação do setor público com a economia do país
2.1 | Obstáculos à produção e oferta privada de bens e serviços
2.2 | Intervenção do Estado na economia brasileira
2.3 | Processo de substituição de importações
2.4 | O planejamento público
2.5 | Plano plurianual (PPA)
2.6 | Lei de diretrizes orçamentária (LDO)
2.7 | Lei orçamentária anual (LOA)
2.8 | Lei de responsabilidade fiscal (LRF)
55
59
60
62
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86
86
87
Sumário
Unidade 3 | Sistema de contas nacionais no Brasil
Seção 1 - Estrutura do sistema de contas nacionais e noções sobre 
balanço de pagamento
1.1 | Contabilidade Nacional (CN)
Seção 2 - Estrutura da matriz insumo-produto (MIP)
2.1 | Matriz Insumo-Produto
Seção 3 - Conceito e classificação de gastos públicos e
contas nacionais
3.1 | Estrutura Contábil Brasileira
Seção 4 - Indicadores financeiros nacionais
4.1 | Indicadores de Valores econômicos
97
101
105
119
120
129
130
137
139
Unidade 4 | Indicadores de gestão pública
Seção 1 - Conceitos básicos de indicadores de gestão pública
1.1 | Evolução histórica dos indicadores
1.2 | Definição de indicador
1.3 | Sistemas de indicadores
1.4 | Critérios de classificação
1.5 | Propriedades desejáveis dos indicadores
Seção 2 - Agregados macroeconômicos e as identidades contábeis
2.1 | Agregados macroeconômicos
 2.1.1 | Produto Interno Bruto (PIB)
 2.1.2 | Produto Interno Bruto per capita
 2.1.3 | Renda Nacional Bruta (RNB)
 2.1.4 | Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) e Renda Privada Disponível (RPD)
 2.1.5 | Produto interno bruto real ou a preços constantes
2.2 | Identidades contábeis
 2.2.1 | Economia fechada e sem governo
 2.2.2 | Economia fechada e com governo
 2.2.3 | Economia aberta
Seção 3 - Os principais indicadores econômicos
3.1 | Classificação dos indicadores
Seção 4 - Os principais indicadores sociais
4.1 | Indicadores demográficos e de saúde: taxa de natalidade
4.2 | Indicadores educacionais e culturais: taxa de analfabetismo
4.3 | Indicadores de mercado de trabalho: taxa de desemprego
aberto e oculto
4.4 | Indicadores de renda e de pobreza: Índice de Gini
4.5 | Indicadores de qualidade de vida e de meio ambiente:
indicadores subjetivos da qualidade de vida
4.6 | Indicadores político-sociais e de opinião pública: indicadores
de opinião pública
4.7 | Índice de desenvolvimento e pobreza humanos: Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH)
151
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167
167
167
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188
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190
190
190
Apresentação
Olá, caro(a) acadêmico(a),
Seja muito bem-vindo(a) à disciplina Economia do Setor Público e Contabilidade 
Social. Esta disciplina proporcionará a você conhecimentos sobre duas áreas que 
estão diretamente interligadas, que são o setor público e a contabilidade social. 
Você, como futuro economista, precisa compreender o papel do Estado da 
economia para poder avaliar as decisões tomadas e não tomadas pelo governo.
É isso mesmo, quando estudamos o setor público, não analisamos somente o 
que o governo fez, precisamos entender também o que ele deixou de fazer. E uma 
das formas de fazer esta avaliação é compreender a estrutura do setor público, a 
estrutura de gasto e arrecadação, assim como a avaliação dos resultados. 
Com base no exposto, e para atingirmos o objetivo, nosso livro foi dividido 
em quatro unidades. Na primeira unidade, entenderemos o papel do Estado da 
economia, e quais são as funções desempenhadas. Veremos também a relação do 
setor público com as políticas públicas. Para finalizar essa unidade, discutiremos a 
teoria da tributação.
Na segunda unidade, estudaremos o outro lado: os gastos do governo, e as 
formas de financiamento, inclusive para implementação das políticas públicas de 
forma a gerar bem-estar social. Assim, iremos entender a dimensão e importância 
dos gastos públicos, assim como o sistema e a política de tributação brasileira. 
Na Unidade 3, discutiremos o sistema de contas nacionais, com ênfase na 
estrutura das contas nacionais, e na leitura e interpretação da chamada Matriz 
Insumo-Produto. Neste capítulo, ainda, construiremos os indicadores financeiros 
básicos.
E, para finalizar nosso livro, o tema abordado da quarta unidade será indicadores. 
Assim, compreenderemos os mecanismos de interpretação dos resultados do 
setor público, que são feitos com base nos indicadores, tanto sociais quanto 
econômicos. Esta unidade mostrará a você a importância da avaliação das ações 
do governo e, consequentemente, a necessidade ou não de aprimoramento das 
políticas públicas implementadas. 
Ao final do livro e da disciplina, você terá compreendido a estrutura e 
funcionamento do setor público, estando apto a avaliar as decisões do governo e 
interpretar os resultados da economia. Além de, claro, tomar as melhores decisões 
econômicas e sociais. 
Bons estudos!
Unidade 1
Participação do Estado na 
economia
Nesta seção introduziremoso conceito de Estado, assim como sua 
importância para a economia e para a população. Iremos compreender a 
estrutura do Estado e suas funções, com foco ao Estado brasileiro.
Nesta seção estudaremos e distinguiremos alguns conceitos que 
fazem parte do estudo sobre o Estado e que são fundamentais para 
a tomada de decisão dos governantes, que são bens públicos, ação 
coletiva, recursos comuns e monopólio natural. 
Nesta seção definiremos políticas públicas, compreenderemos a 
importância das políticas públicas para a sociedade e o papel do Estado 
na elaboração e implementação das políticas públicas para gerar bem 
estar-social. Além disso, conheceremos os mecanismos de participação 
dos cidadãos nas ações do Estado no que se refere às políticas públicas, 
o chamado controle social.
Seção 1 | Estado e economia
Seção 2 | Estado: visão econômica
Seção 3 | Setor público e as políticas públicas
Objetivos de aprendizagem: 
Nesta unidade você, será levado a compreender o papel do Estado na 
atividade econômica. Entenderá também o sistema tributário enquanto 
instrumento de gestão dos recursos públicos.
Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Participação do Estado na economia
U1
8
Nesta seção abordaremos os princípios da tributação. Discutiremos 
o sistema de tributação, incidência, tributação e eficiência, com foco na 
economia brasileira. 
Seção 4 | Teoria da tributação
Participação do Estado na economia
U1
9
Introdução à unidade
Seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Economia do setor público e 
contabilidade social.
 Eu sou a professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, bacharel, mestre e 
doutora em economia, e irei discutir com você o tema Participação do Estado na 
Economia. 
Este não é um tema novo, afinal, a função, importância e ações do Estado na 
economia são discutidas diariamente, tanto pela imprensa quanto com amigos 
e familiares. Sabemos também que na economia temos linhas que são a favor da 
participação do Estado na economia, que defendem um Estado regulador, como 
Keynes e os keynesianos, e outras mais clássicas, que acreditam na intervenção 
mínima do Estado, como Adam Smith e David Ricardo. 
E você concorda mais com qual das linhas de pensamento? Antes de responder a 
esta pergunta, precisamos compreender a participação do Estado na economia. Para 
isto, esta primeira unidade está dividida em quatro seções.
Na primeira seção conheceremos o Estado em si, definindo Estado, apresentando 
sua importância e estrutura. Na segunda seção, veremos a visão econômica sobre 
Estado, diferenciando alguns conceitos que estão presentes no estudo sobre Estado, 
que são bens públicos, ação coletiva, recursos comuns e monopólio natural. Alguns 
desses conceitos você já aprendeu em outras disciplinas, mas aqui o foco é a relação 
deles com o Estado.
Na terceira seção definiremos políticas públicas, sua importância para geração de 
bem-estar social e o papel do Estado na elaboração e implementação das políticas 
públicas. E para finalizar a seção, apresentarei a você o chamado controle social, que 
é a forma como a sociedade pode e deve participar das políticas públicas. E na quarta 
e última seção, veremos um tema polêmico e muito discutido, que é a forma como o 
Estado arrecada, ou seja, a tributação. Nesta seção estudaremos a teoria da tributação 
em si, o sistema tributário, incidência, tributação e eficiência. 
Vamos lá “entrar” nesse universo tão fascinante e complexo que é o Estado? Porém, 
ao estudar esta unidade foque em fatos e conceitos, tentando ser o mais imparcial 
possível, ok?
Participação do Estado na economia
U1
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Participação do Estado na economia
U1
11
Seção 1
Estado e economia
Introdução à seção
Para darmos início a esta primeira seção, vamos entender a origem do Estado. 
Segundo Matias-Pereira (2012), existem duas respostas clássicas ao tema, que são as 
teorias naturalistas ou também chamadas de origem natural do Estado, nas quais 
Aristóteles, Cícero e São Tomás de Aquino defendem que o homem, enquanto 
ser social, necessita viver em sociedade, e por isso o Estado aparece como uma 
necessidade humana fundamental. 
Já a segunda explicação está vinculada às teorias voluntaristas, contraturalistas 
ou da origem voluntária do Estado, em que se defende que o Estado é um produto 
de um acordo de vontade entre os indivíduos, ou seja, o Estado se forma porque os 
indivíduos desejam. 
Agora que conhece da origem do Estado, e para “entrarmos” no universo 
fascinante do Estado, precisamos compreender o seu conceito.
A maioria das pessoas acredita e se refere a Estado e governo como sendo a 
mesma instituição. Porém, isto é um equívoco, pois são duas instituições diferentes, 
e consequentemente, com funções diversas. Por outro lado, não podemos fazer 
uma separação total, ou seja, não podemos nos referir a governo sem falar em 
Estado, e vice-versa.
Você sabe a diferença entre governo e Estado?
Para começarmos a discutir a diferença, vamos apresentar um exemplo bem 
atual: o Estado é o Estado Brasileiro; já governo, em 2016 o governo é Michel Temer. 
Participação do Estado na economia
U1
12
Percebemos que governo tem um tempo de duração, ou seja, é alterado a cada 
período, no caso brasileiro, a cada quatro anos, já Estado não.
A palavra Estado vem do grego polis e significa política, ou seja, a ciência de 
governar a cidade. Então, podemos definir Estado como uma instituição política, 
social e juridicamente organizada, que ocupa um território e é regido pela 
Constituição; em outras palavras, é uma divisão política, administrativa e territorial de 
certos países, como Brasil.
Nesse sentido, Matias-Pereira (2012) afirma que o Estado pode ser aceito como 
um lócus onde o cidadão exerce a cidadania, e que qualquer esforço de reforma 
deve ter como objetivo melhorar a qualidade da prestação do serviço público. 
Portanto, a existência do Estado justifica-se pela existência de três elementos 
essenciais, que são:
a) População/povo – são as pessoas que têm vínculos políticos e jurídicos com o 
Estado, ou seja, são os indivíduos que habitam um determinado território.
b) Território – é um espaço físico regido por uma ordem jurídica autorizada. No 
caso brasileiro, o território é subdivido em 26 unidades federativas mais o Distrito 
Federal.
c) Governo/poder político – é o poder supremo do Estado.
Fonte: <http://goo.gl/stRLc8>. Acesso em: 4 jul. 2016.
Figura 1.1 | Estado brasileiro
Participação do Estado na economia
U1
13
Então, como podemos perceber, o governo faz parte do Estado, e, segundo 
Matias-Pereira (2012), o Estado representa mais do que o governo, considerando 
que em seu sistema permite estruturar inclusive diversas relações na sociedade. Mas, 
afinal, o que é governo?
De acordo com o Dicionário Aurélio (2012), governo é a forma política de um 
Estado. Assim, governo pode ser definido como um conjunto de instituições e 
pessoas que exercem o poder de governar. 
Então, o governo do Estado tem como função principal tomar decisões 
influenciando toda a população, dispondo de recursos legais, ou seja, leis, para 
que suas ordens sejam obedecidas, podendo inclusive, caso necessário, utilizar a 
força. Podemos acrescentar que governo é um mecanismo de controle e direção 
das instituições que fazem parte do Estado. Resumindo, são decisões de natureza 
política.
A partir daí surge outra pergunta: então governo e política são similares? Não, 
política aloca os recursos na sociedade e governo trata dos resultados dessa alocação 
de recursos. Por este motivo, temos dentro do Brasil três esferas governamentais com 
funções específicas, a municipal, estadual e federal. A esfera municipal é composta 
pelos municípios, a estadual pelos estados e a federal pelo país como um todo.
Analogicamente, Karl Deutsch (1979) compara o processo de governar à navegação, 
em que existe o timoneiro1 do navio, que deve saber sua função no barco para manter o 
controle. Em segundo, deve saber onde se encontra a nave que está sob seu controle,em qual direção se move e qual tipo de embarcação é. Em terceiro lugar, precisa 
conhecer onde estão localizados os bancos de areia, escolhos, baixios e correntes de 
navegação. E por último e talvez o mais importante, precisa ter consciência do seu 
destino e de seus tripulantes para escolher a rota certa.
1Segundo o dicionário Aurélio (2012), timoneiro é aquele que governa o timão das embarcações.
“Poder significa toda a oportunidade de impor sua própria 
vontade, no interior de uma relação social, até mesmo 
contra resistências, pouco importando em que repouse tal 
oportunidade” (WEBER, 1977 apud MATIAS-PEREIRA, 2012). 
Analisando a citação, podemos afirmar que hoje poder tem 
o mesmo significado apresentado por Weber (1977 apud 
MATIAS-PEREIRA, 2012)? 
Participação do Estado na economia
U1
14
Para saber mais sobre a diferença entre Estado e governo, leia o texto 
Instituições, bom Estado, e reforma da gestão pública, do economista 
Luiz Carlos Bresser-Pereira. O artigo está disponível em: <www.
bresserpereira.org.br/papers/2004/64.insts-bomestado_reforma95-98.
pdf>. Acesso em: 3 jul. 2016.
Com base em tudo o que estudamos até agora nesta primeira unidade, você 
sabe dizer por que existe o governo? Para responder a esta pergunta, vamos ver a 
explicação de Giambiagi e Além (2008), que afirmam que a existência do governo é 
necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado que, sozinho, 
não é capaz de desempenhar todas as funções econômicas.
Os mesmos autores afirmam que a operação do sistema de mercado necessita 
da uma série de contratos que dependem da proteção e da estrutura legal, que 
é imposta pelo governo. E que a existência de bens públicos e externalidades dá 
origem a falhas no sistema de mercado, levando a necessidade de soluções via setor 
público. E a última explicação para existência do governo é que o livre funcionamento 
do sistema de mercado não garante o nível de emprego, a estabilidade de preços e 
o crescimento econômico.
Para conhecer sobre as concepções de Estado e suas respectivas teorias, 
analise a Figura 1.2.
Percebemos que o governante, aquele que governa o país, estado ou município, 
precisa conhecer seu território, sua população e consequentemente seus problemas, 
para poder definir o que é necessário fazer para aumentar o bem-estar social.
Participação do Estado na economia
U1
15
Figura 1.2 | Concepções de Estado
Fonte: Bayer (1999).
1.1 Papel do Estado/governo
Como já discutimos, a existência do governo é necessária para desempenhar todas 
as funções econômicas. As funções estão relacionadas: em nível macroeconômico, 
à distribuição de renda, estabilidade de preços, nível de emprego; e em nível 
microeconômico, podem ser citadas a proteção dos contratos, produção e 
distribuição de alguns bens e serviços que não são vantajosos economicamente 
para uma empresa privada produzir, entre outros. 
Para solucionar os problemas econômicos, o governo possui três funções 
básicas: alocativa, distributiva e estabilizadora. Vamos entender como funciona cada 
uma delas? 
a) Função alocativa – está associada à provisão de determinados bens e serviços 
não ofertados, de forma adequada, pelo sistema de mercado; pois, segundo 
Giambiagi e Além (2008), o fato de os benefícios gerados pelos bens públicos 
estarem disponíveis para todos os consumidores faz com que não haja pagamento 
voluntário por estes bens. Assim, é necessário que o governo intervenha para que 
estes bens sejam ofertados. 
Costa e Souza (2008) acrescentam que através da função alocativa o governo 
Participação do Estado na economia
U1
16
faz a provisão de determinados bens e serviços que o mercado não oferece 
adequadamente devido ao sistema de preços, os chamados bens públicos2. Esta 
função visa corrigir as falhas de mercado e os efeitos negativos da externalidade.
As falhas de mercado acontecem quando a alocação de bens e serviços não é 
eficiente e o governo tem como função fazer com que a oferta seja eficiente. E, para 
isto, são utilizados diversos mecanismos de correção. 
Já externalidade é quando a atividade de um agente econômico atinge os demais 
de forma positiva ou negativa. Quando o efeito é negativo, como a poluição de uma 
fábrica, o governo deve intervir para minimizar, ou até mesmo eliminar, o efeito 
negativo.
Na função alocativa o governo deve determinar o tipo e a quantidade de bens 
públicos que serão ofertados, e calcular o nível de contribuição de cada consumidor 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). A contribuição no caso é via tributação, já que como os 
agentes são racionais e os bens são distribuídos, ninguém irá declarar quanto estaria 
disposto a pagar pelo bem público.
2Bens públicos serão discutidos na Seção 2 desta unidade.
Leia o artigo intitulado de Estado, mercado e desenvolvimento: 
uma síntese para o século XXI?, de Robert Boyer, e aprofunde 
seus conhecimentos sobre a relação entre Estado, mercado e o 
desenvolvimento. O texto está disponível em: <www.eco.unicamp.br/
docprod/downarq.php?id=486&tp=a>. Acesso em: 4 jul. 2016.
“De forma indireta a eleição mostra não apenas quais bens 
públicos são considerados prioritários, como o quanto os 
indivíduos estarão dispostos a contribuir sob a forma de impostos 
para o financiamento da oferta de bens públicos” (GIAMBIAGI; 
ALÉM, 2008, p. 32). Você concorda com esta afirmação? 
Justifique sua resposta com base em um exemplo real. 
Participação do Estado na economia
U1
17
b) Função distributiva – está relacionada à distribuição de renda, ou seja, o 
governo procura deixar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, 
já que o mercado sozinho não consegue distribuir a renda de forma considerada 
justa. Para isto, utiliza alguns instrumentos, como as transferências, os impostos e os 
subsídios. Vamos entender cada um deles?
Por meio das transferências, o governo promove uma redistribuição direta da 
renda, tributando as pessoas com renda mais alta e subsidiando as com renda mais 
baixa (por exemplo, através das alíquotas progressivas) e utiliza os recursos captados 
para ofertar serviços públicos, como saúde, segurança, educação de qualidade etc. 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). 
Outra forma de distribuir renda é através dos impostos e subsídios. Os impostos 
podem ser captados para financiar/subsidiar programas voltados para as camadas 
mais pobres da sociedade, como o Programa Bolsa Família. Outra forma é aumentar 
os impostos dos bens considerados de luxo ou supérfluos, e reduzir a tributação 
dos bens que compõem, por exemplo, a cesta básica, os quais a maior parte da 
população de baixa renda consome.
Para saber mais sobre a distribuição de renda no Brasil, leia o texto para 
discussão do IPEA intitulado Distribuição de renda no Brasil de 1976 a 
2004 com ênfase no período entre 2001 e 2004, do autor Sergei Suarez 
Dillon Soares. Apesar de ser um texto relativamente antigo, ele explica 
a evolução da desigualdade nas últimas décadas, e a redução dessa 
desigualdade nos últimos três anos. O artigo está disponível em: <http://
repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/1670>. Acesso em: 4 jul. 2016.
c) Função estabilizadora – como o próprio nome diz, a função estabilizadora está 
relacionada à estabilização da economia. De acordo com Giambiagi e Além (2008), 
esta função tem como objetivo manter um alto nível de emprego, estabilidade 
de preços e obter uma taxa adequada de crescimento econômico. E consiste no 
controle, por parte do governo, no nível de demanda, minimizando os impactos 
sociais e econômicos, assim como a inflação.
Participação do Estado na economia
U1
18
Fonte: <http://goo.gl/mlpIyy>. Acesso em: 4 jul. 2016.
Figura 1.3 | Estabilidade econômica
A estabilização pode ser feita através das políticas econômicas. As duas principais 
são a monetária e a fiscal. A primeira, monetária, refere-se às ações do governo 
para controlar as variáveis monetárias da economia, como moeda e taxa de juros. 
Já a política fiscal refere-se às atividades de arrecadação e gastos dogoverno, ou 
seja, a forma como o governo tributa a população e como esses impostos serão 
redistribuídos para sociedade.
“O Estado deverá exercer uma influência orientadora sobre 
a propensão a consumir, em parte através de seu sistema 
de tributação, em parte por meio da fixação da taxa de juros 
e, em parte, talvez, recorrendo a outras medidas” (KEYNES, 
1983, p. 253-254).
Discutimos o papel do governo, agora iremos entender os diversos papéis do 
Estado, que são os seguintes, apresentados por Giambiagi e Além (2008):
a) Papel regulador – o Estado estabelece e exige o cumprimento de normas de 
comportamento mediante leis antitruste e de agências reguladoras que assegurem 
uma conduta competitiva e a regulação dos monopólios naturais. Além disso, cabe 
ao Estado controlar as flutuações econômicas, influenciar a distribuição de renda e 
direcionar o crescimento econômico. Para isto, utiliza, principalmente, as políticas 
Participação do Estado na economia
U1
19
monetária e fiscal. 
b) Papel financiador – neste caso, o Estado financia o processo de crescimento 
econômico. Para isto, utiliza as políticas de crédito agrícola e apoio às exportações, 
financia o setor de habitação e infraestrutura, etc. Para desemprenhar o papel 
financiador, o Estado brasileiro criou ao longo da sua história o Banco do Brasil, 
a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES), entre outros. 
c) Agente produtor – é o chamado Estado empresário, no qual o Estado produz 
bens através das empresas estatais, principalmente em áreas como mineração, 
infraestrutura, indústria de transformação e serviços de utilidade pública. A partir da 
década de 1990, iniciaram-se no Brasil as privatizações, quando muitas empresas 
públicas foram vendidas, entre elas a atual Vale.
Para entender como o papel do Estado brasileiro alterou com 
longo dos anos, leia o texto As modificações no papel do Estado na 
economia brasileira, disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/
papers/1988/88.Mudan%C3%A7aDoPapeldoEstadoNaEconomiaBrasilei
ra.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016.
A partir das funções discutidas, podemos resumir que o Estado/governo é 
responsável pelo bem-estar e pela segurança da sociedade, e para isso utiliza as 
políticas econômicas e públicas. 
1.2 Estrutura do Estado brasileiro
Conforme artigo 1º da Constituição Federal de 1988, o Brasil é formado pela união 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo um Estado democrático, 
de direito, fundamentado na soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, 
nos valores do trabalho e da livre iniciativa privada e no pluralismo político (MATIAS-
PEREIRA, 2012).
Devemos observar também que a União, os Estados, os Municípios e o 
Distrito Federal são entidades estatais de direito público, com poderes políticos e 
administrativos, e por este motivo, podem desenvolver atividades econômicas, 
educacionais e previdenciárias (MATIAS-PEREIRA, 2012).
Além disso, segundo Peppe et al. (1997), a Constituição de 1988 trouxe avanços em 
Participação do Estado na economia
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20
relação ao grau de autonomia de cada esfera governamental. No entanto, manteve 
uma característica histórica do Brasil: uma gama muito grande de competências 
para a esfera Federal, ou seja, a União ainda ficou com muitas competências em 
detrimento das esferas Estadual e Municipal. Podemos dizer, assim, que o Brasil tem 
como característica ser um país centralizador. 
Posso afirmar que o governo é o elemento que fixa os objetivos do Estado, e é 
formado por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Esses poderes existem 
em duas esferas: federal e estadual; e na esfera municipal, há os poderes Executivo 
e Legislativo, o que se altera é o nível de tomada de decisão e os agentes que fazem 
parte. Mas como é feita a distribuição desses poderes? Quem é responsável pelo 
quê? O Quadro 1.1 mostra a divisão dos poderes e as autoridades responsáveis.
Como podemos ver, na esfera federal, o poder Executivo é representado pelo 
presidente da república, o Legislativo é de responsabilidade do Congresso Nacional, 
ou seja, dos deputados federais, e o Judiciário é pela Justiça Federal.
Já na esfera estadual, o governo representa o poder Executivo, os deputados 
estaduais, por meio da Assembleia Legislativa, o poder Legislativo, o Tribunal de 
Justiça e o Poder Judiciário. Nos municípios, não temos poder Judiciário, somente 
poderes Executivo e Legislativo.
A administração pública, que é a gestão de bens, serviços e interesses públicos, 
está presente nas três esferas do governo e tem como objetivo principal, sob 
autoridade dele, assegurar o bem-estar, em outras palavras, coloca em prática as 
políticas públicas do governo.
A administração pública pode ser direta ou indireta. Quando é direta, dizemos que 
é centralizada, e neste caso engloba o conjunto de órgãos autônomos, integrados 
a uma estrutura central em cada um dos poderes em cada esfera governamental. A 
principal característica é a falta de personalidade jurídica e inexistência de patrimônio.
Já a administração descentralizada ou indireta, é o conjunto de entidades 
vinculadas a um órgão da administração direta que prestam serviços públicos e 
proporcionam os meios para a execução dos objetivos do Estado, tendo como 
características principais a personalidade jurídica e o patrimônio próprio. São 
Fonte: elaborado pela autora.
Quadro 1.1 | Divisão e função das esferas governamentais
Executivo Legislativo Judiciário
Federal Presidência Congresso Nacional
Justiça Federal comum e 
especializada
Estadual Governo Assembleia Legislativa Tribunal de Justiça
Municipal Prefeitura Câmara de vereadores -
Participação do Estado na economia
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21
exemplos da administração indireta as fundações, empresas públicas, autarquias e 
sociedade de economia mista. Vamos entender cada uma delas?
As fundações são instituídas pelo poder público, compostas por pessoas jurídicas 
de direito público ou privado (dependendo da lei que a cria) e tem como objetivo 
realizar atividades de educação, saúde, assistência social, entre outras.
As empresas públicas são pessoas jurídicas de direto privado que foram criadas 
para realizar atividades públicas no modelo da iniciativa privada. Já as autarquias 
são pessoas jurídicas que prestam atividade da administração pública, mas com 
comando próprio, como, por exemplo, a Caixa Econômica Federal.
Já as sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, 
podendo ser compostas por recursos do setor público ou privado, que foram criadas 
com o objetivo de realizar atividades econômicas de interesse coletivo. Podemos 
citar como empresas mistas o Banco do Brasil e a Petrobras.
É importante observar que a Administração Pública direta e indireta de qualquer 
poder obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. Resumindo, a função da administração pública é atender, 
sem discriminação, às pessoas que habitam um país ou qualquer uma de suas 
subdivisões (MATIAS-PEREIRA, 2012).
Uma discussão presente no estudo do Estado é o tamanho do setor público. 
Para conhecer e discutir essa polêmica, leia o texto do IPEA intitulado 
O tamanho do setor público no contexto do federalismo: um modelo 
aplicado aos municípios brasileiros, de Roberta da Silva Vieira. O artigo está 
disponível no link: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_
content&view=article&id=4947>. Acesso em: 4 jul. 2016.
1. Não é raro encontramos pessoas utilizando os termos 
Estado, governo, setor público e administração pública como 
sinônimos, apesar de serem – conforme discutimos em aula 
– instituições diferentes com diferentes papéis na economia. 
Participação do Estado na economia
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Com base nas diferenças das quatro instituições citadas, 
marque a alternativa correta:
I – Brasil é um exemplo de Estado.
II – O governo faz parte do Estado.
III – Setor Público está presente nas três esferas do governo: 
federal,estadual e municipal.
IV – A administração pública pode ser direta ou indireta.
a) Somente as afirmações I e II estão corretas.
b) Somente as afirmações I e IV estão corretas.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) As afirmações II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
2. De forma geral, o governo desempenha três funções: 
alocativa (relacionada à oferta de bens e serviços essenciais 
à população), distributiva (referente à distribuição de renda 
justa) e estabilizadora (refere-se à estabilização de preços). 
Porém, independentemente da função que o governo 
desempenha, o objetivo principal será sempre um só. 
Marque a alternetiva correta que mostre o principal objetivo 
do governo. 
a) Qualificação da mão de obra.
b) Crescimento econômico.
c) Geração de bem-estar social.
d) Desenvolvimento econômico.
e) Distribuição de renda.
Participação do Estado na economia
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Seção 2
Estado: visão econômica
Introdução à seção
Agora que já conceituamos Estado, e que você já conhece sua importância e 
estrutura, iremos relembrar alguns conceitos econômicos e relacioná-los ao Estado. 
Para iniciar nossa discussão, vou fazer uma pergunta: Você saberia responder 
quando, de fato, começou a se falar no papel do Estado/Governo/Setor Público 
dentro economia moderna?
Fonte: <http://goo.gl/YiKrJG>. Acesso em: 6 jul. 2016.
Figura 1.4 | Ponto de interrogação
Participação do Estado na economia
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Com a grande crise econômica de 1929, começou-se a discutir qual é o papel do 
setor público, por meio do governo na economia. Podemos dizer que o estudo do 
setor público dentro da economia teve início em 1936 com John Maynard Keynes, 
o pai da macroeconomia moderna, e foi se desenvolvendo e se aprimorando ao 
longo dos anos. 
Após Keynes, em 1954, Paul Samuelson desenvolveu o conceito de bem-estar 
público, que procura determinar simultaneamente a distribuição de renda e a 
eficiência alocativa. Então, a economia do bem-estar público se preocupa com o 
bem-estar da sociedade como um todo, e este bem-estar é de responsabilidade, 
direta ou indiretamente, do setor público.
Em 1971, o conceito de ação coletiva foi criado por Mancur Olson, no qual 
a economia passou a se preocupar com a oferta de bens públicos através da 
colaboração de, no mínimo, duas pessoas, e o impacto que este consumo gera aos 
demais são as chamadas externalidades, ou seja, a partir da data citada, a economia 
passou a estudar o impacto, tanto negativo quanto positivo, do consumo de um 
bem na vida dos demais. 
Por exemplo, imagine um rio passando ao lado de uma fábrica têxtil e na região 
há uma comunidade de pescadores que depende do rio. A fábrica joga os dejetos 
nesse rio, poluindo e matando os peixes, afetando, assim, a vida dos pescadores, 
que não terão mais como sobreviver da pesca nesta localidade. Neste caso, o 
governo, através de suas políticas públicas, precisa interferir. Claro que temos o caso 
ao contrário também, em que várias pessoas se beneficiam com uma determinada 
ação individual.
Fonte: <http://goo.gl/BbI8T0>. Acesso em: 6 jul. 2016.
Figura 1.5 | Representação do Estado Brasileiro
2.1 O Estado na economia brasileira
E como o Estado atuou 
na economia brasileira? Para 
responder a esta pergunta, 
e com base em Giambiagi e 
Além (2008), pretendemos 
dividir por períodos. Vamos lá?
Participação do Estado na economia
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a) Antes de 1930
Antes de 1930 não houve planejamento na intervenção do Estado, sendo, 
portanto, intervenção mínima, principalmente até o século XVIII, quando o Brasil 
era colônia de Portugal. O controle maior do Estado – no caso, de Portugal sobre a 
colônia brasileira – se deu com a descoberta do ouro no século XVIII, e com a vinda 
da família real em 1808. 
Com a vinda da família real, as principais ações estatais foram a fundação do 
primeiro Banco do Brasil e a introdução de alguns instrumentos regulatórios como 
fixação de tarifas e a isenção e incentivos fiscais (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008).
Nesse período, ainda, como a principal atividade econômica era a agricultura, os 
objetivos do governo eram a expansão da atividade agrícola, a preservação de boas 
relações com o capital estrangeiro e a estabilidade econômica. E o governo atuava 
nos setores de infraestrutura, como atividades portuárias, navegação e saneamento.
b) Década de 1930
A grande depressão (crise de 1929) faz com que se tenha uma grande e importante 
mudança no papel do Estado brasileiro na economia. Neste período, a prioridade 
passou a ser a industrialização. 
Assim, durante a década de 1930, a ação do Estado foi direcionada à expansão dos 
instrumentos regulatórios, tais como controle de preços básicos (água, eletricidade, 
gasolina etc.), na determinação de tetos para as taxas de juros, criação de autarquias 
e na proteção à indústria local (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008).
c) Décadas de 1940 e 1950
As décadas de 1940 e 1950 foram marcadas pela formação do setor produtivo 
estatal, para que não faltassem insumos industriais para a formação do parque 
industrial brasileiro. Foram criadas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a 
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942, a Fábrica Nacional de Motores (FNM) 
e a Companhia Nacional de Álcalis em 1943.
Em 1952, em função da fragilidade do mercado de capitais privados e a intenção 
do Estado em fornecer financiamentos de longo prazo e baixo custo necessários 
ao desenvolvimento industrial, surgiu o Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico (BNDE), que é o atual BNDES. 
Outro marco desse período foi o Plano de Metas do então presidente Juscelino 
Kubitschek, que tinha como objetivo fazer com que o Brasil crescesse 50 anos em 5. 
Participação do Estado na economia
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d) Décadas de 1960 e 1970
Nas décadas de 1960 e 1970, o setor público ampliou sua participação direta no 
setor produtivo, criando a Eletrobras, a Telebras, e subsidiárias da Petrobras. Além 
disso, o setor de serviços telefônicos foi estatizado.
Nesse período, não podemos esquecer o Golpe Militar e o auge da intervenção 
pública com a criação do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND).
Para relembrar o golpe militar, leia o livro: 
BOECHAT, A. M. F. Economia brasileira contemporânea. Londrina: 
Editora e Distribuidora Educacional, 2016. 
O livro está disponível em nossa biblioteca digital.
E hoje, qual é o papel do Estado na economia brasileira?
2.2 Conceitos econômicos e o Estado
Após discutirmos o surgimento do setor público, vamos explorar alguns conceitos 
importantes sobre variáveis pertencentes ao setor público. 
a) Bens públicos
O primeiro conceito é o de bens públicos. Você já ouviu falar em bens públicos 
e, com certeza, saberia citar diversos exemplos. Mas você sabe por que alguns bens 
são ofertados pelo setor público? E quais as características desses bens?
O bem público, como é de seu conhecimento, é um bem ou serviço ofertado pelo 
governo, seja federal, estadual ou municipal. Esses bens têm como características 
serem não rivais e não excludentes, ou seja, o consumo de um indivíduo, seja 
pessoa física ou jurídica, não reduz a quantidade disponível para os demais, não 
sendo possível excluir os indivíduos que desejam consumir, independentemente de 
terem pagado ou não.
Participação do Estado na economia
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Em outras palavras, a oferta de um bem público para uma pessoa faz com que 
seja possível ofertá-lo para as demais sem um custo adicional, como por exemplo, 
a defesa nacional.
Os bens públicos são públicos porque o mercado induz aos indivíduos a não 
revelarem suas preferências, ou melhor, é vantajoso para as pessoas não revelarem 
quanto estariam dispostas a pagar pelo consumo desse bem, pois isso é em função 
da quantidade ofertada e não do preço pago. As pessoas, mesmo não pagando, 
consomem o bem ou serviço público.
Vamos pensar num exemplo, como a segurança pública em um bairro qualquer. 
Independentemente de quem paga, a existência da polícia nesse bairro inibirá 
assaltos, e todos os moradoresserão beneficiados de mesmo modo, ou seja, a 
segurança é igual para todos, não tendo, assim, incentivo para um morador pagar 
e outro não pela segurança. Neste caso, segurança pública é um exemplo de bem 
público.
Para ficar claro vamos comparar, através das características, um bem ou serviço 
público com um bem ou serviço privado. Para isso, analisaremos o Quadro 1.2.
Por que alguns bens são públicos? Por que as pessoas não 
pagam, diretamente, pelo consumo desse bem?
Fonte: elaborado pela autora.
Quadro 1.2 | Comparação entre bem público e bem privado
Característica Bem público Bem privado
É rival Não Sim
É excludente Não Sim
Exemplo Segurança pública Vestuário
Conforme podemos ver no Quadro 1.2, se um determinado bem é não rival e 
não excludente, ele é um bem público. Caso contrário, é um bem privado.
Para ilustrar essa situação, vamos pensar em dois bens: segurança pública e 
vestuário. Primeiro, sabemos que a mesma roupa não pode ser consumida por 
duas pessoas diferentes. Neste caso, o seu consumo é rival. Em segundo lugar, o 
consumo da roupa é excludente, pois se a pessoa não pagar por ela, a loja não a 
deixará levá-la. Já a segurança pública, não é possível uma pessoa ter e a outra não 
ter, e também o consumo individual não exclui o consumo do outro.
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b) Recurso comum 
O recurso comum ocorre quando é impossível atribuir preços ou exercer 
direitos de propriedade sobre um determinado bem. Este tipo de bem é rival e não 
excludente. Mas qual seria um exemplo de um bem rival e não excludente? Há vários 
exemplos, como ar, pesca no mar etc.
Para ficar mais claro, pense em dois vizinhos: um deles cultiva maçãs e o outro 
é produtor de mel. O produtor de maçãs gera uma externalidade positiva sobre o 
produtor de mel, pois durante a florada, uma quantidade de néctar é disponibilizada 
gratuitamente ao apicultor. Nesse caso, o néctar é um bem rival, pois quanto maior 
a quantidade disponibilizada a uma abelha, menor será para as demais e é um bem 
não excludente, pois o produtor de maçãs não tem como evitar que o néctar vá para 
as abelhas do seu vizinho e nem tem como cobrar por isso. 
Assim, se um bem é rival mas não é excludente, podemos classificá-lo como um 
bem de recurso comum.
c) Monopólios naturais
Os monopólios naturais também são de responsabilidade do setor público. 
Existem alguns setores da economia em que as empresas privadas não podem 
ofertar bens de forma eficiente, como no caso da água, energia elétrica, saneamento 
básico, entre outros. A pergunta é por que os bens dos setores citados são de 
responsabilidade do governo e você paga por eles?
A resposta é simples. Estes são bens não rivais e excludentes, e o governo, como 
não consegue ofertá-los de forma eficiente, concede o direito a uma empresa 
privada ofertar e somente uma empresa se estabelece com responsável, pois não é 
economicamente viável ter concorrência nesses setores.
Para entender mais sobre os monopólios naturais aplicados ao saneamento 
básico no Brasil, leia o artigo A economia do saneamento básico, de Turolla 
e Ohira. O texto está disponível em: <www.pucsp.br/eitt/downloads/III_
CicloPUCSP_TurollaeOhira.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2016.
Tudo isso que discutimos até agora, bens públicos, recursos comuns, bens 
privados e monopólio natural, podem ser simplificados no Quadro 1.3.
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Resumindo, se um determinado bem for rival e excludente, ele é um bem privado 
e será ofertado por empresas privadas, como TV a cabo. Caso o bem seja rival, mas 
não excludente, será um recurso comum, sendo um bem a que todos têm acesso, 
mas se um indivíduo tiver, a quantidade disponível diminui para a outra pessoa, como 
a pescaria no mar.
Porém, se o bem é não rival e excludente, é um monopólio natural que significa 
que é de responsabilidade do governo, mas muitas vezes quem oferta são empresas 
privadas em razão dos custos, como o saneamento básico. Já se um bem é não rival 
e não excludente, é um bem público e é ofertado pelo governo, como no caso da 
segurança pública. Todos os indivíduos terão acesso.
Fonte: elaborado pela autora.
Quadro 1.3 | Quadro comparativo dos bens rivais e excludentes e não rivais e não 
excludentes
Característica É excludente Não é excludente
É rival
Bem privado
(TV a cabo)
Recurso comum
(mar)
Não é rival
Monopólio natural
(saneamento básico)
Bem público
(segurança pública)
1. Com a crise de 1929, o mundo começou a discutir o papel 
do setor público na economia. Porém, o estudo de fato do 
setor público teve início com o grande economista Keynes em 
1936. Após os estudos de Keynes, diversos autores inseriam 
novos conceitos que fazem parte do setor público. Em relação 
a estes conceitos, marque a alternativa correta.
a) Samuelson inseriu o conceito de externalidade.
b) O conceito de ação coletiva foi introduzido por Olson para 
verificar o impacto da ação de um em relação ao outro, as 
chamadas externalidades.
c) Bem público é outra variável inserida por Olson.
d) A economia do setor público se preocupa com as 
externalidades positivas.
e) A oferta de bens privados é de responsabilidade do setor 
público, assim como sua regulamentação.
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2. Além de bens ou serviços públicos, outros bens que 
pertencem ao setor público são bens de propriedade comum 
e os monopólios naturais. Com base na nossa aula e no livro 
da disciplina, relacione o exemplo de bem com seu respectivo 
conceito:
I – Propriedade comum (rio).
II – Monopólio natural (estradas).
III – Bens públicos (Sistema Único de Saúde).
IV – Bem privado (Universidade federal). 
a) Somente as afirmações I e II estão corretas.
b) Somente as afirmações I e IV estão corretas.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) As afirmações II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
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Seção 3
Setor público e as políticas públicas
Introdução à seção
Com já foi discutido, o governo desempenha diversas funções que sofreram 
sofreram inúmeras alterações ao longo do tempo. Nos séculos XVIII e XIX, o principal 
objetivo era a segurança pública e a defesa nacional, em razão das inúmeras guerras 
que aconteciam na época. Com o passar do tempo, a democracia foi se expandindo 
e as responsabilidades do Estado foram se alterando. 
Hoje, a função do governo é promover o bem-estar da sociedade. Para isto, é 
necessário desenvolver diversas ações nas áreas de saúde, educação, estabilidade 
de preços, crescimento econômico, entre outras, através das chamadas políticas 
públicas.
“A política é a arte de unir os homens entre si para estabelecer 
vida social comum, cultivá-la e conservá-la” (ALTHUSIUS, 
1603 apud DIAS; MATOS, 2012).
3.1 Definição de políticas públicas
Definir políticas públicas não é uma tarefa fácil, não existe uma única definição. 
Mead (1995) define como um campo de estudo da política que analisa o governo 
dentro das questões públicas. Já tanto para Lynn (1980) quanto para Peters (1986), 
políticas públicas são um conjunto de ações do governo que produzirão efeitos 
desejados sobre a vida dos cidadãos. Dye (1984) resume que políticas públicas é a 
definição do que o governo escolhe fazer ou não fazer.
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Outros autores definem políticas públicas como um conjunto de ações e 
decisões do governo voltadas para a solução de problemas sociais, ou seja, são as 
metas, planos e ações que o governo, nas três esferas – federal, estadual e municipal 
– tem para atingir o bem-estar da sociedade.
Apesar de não existir uma única definição para políticas públicas, segundo Dias e 
Matos (2012) alguns elementos são comuns, como:
• É feita em nome do “público”;
• É geralmente feita ou iniciada pelo governo;
• É interpretada e implementada por atores públicos e privados;
• É o que o governo pretende fazer;
• É o que o governo escolhe não fazer.
A partir de todas essas definiçõese dos elementos apresentados, podemos definir 
políticas públicas como uma forma de ação do governo voltada para a população 
para atingir seu objetivo, de modo a aumentar o bem-estar social.
Lembrando que as ações que serão adotadas são definidas pelo que os 
governantes entendem como prioridade, e não a sociedade, ou seja, o bem-estar 
social é definido sempre pelo governo, já que é impossível a população se expressar 
de forma totalitária.
Depois da da nossa afirmação afirmação, você, com certeza, está se perguntando: 
e qual é o meu papel nesta situação?
Cada um de nós tem um papel na formulação de políticas públicas, mas nossa 
influência é indireta. Fazemos nossas solicitações para nossos representantes 
– deputados, senadores e vereadores –, que mobilizam o poder executivo 
representado pelos prefeitos, governadores e presidente da república, eleitos por 
nós para formularem políticas públicas que atendam à demanda.
Então, percebemos que as políticas são, de certa forma, resultados da democracia, 
já que os cidadãos escolhem seu representante através do voto, expressando suas 
preferências. Em outras palavras, escolhem uma política em relação a outra. 
Com isso, as políticas acabam sendo resultados da concorrência, visto que os 
grupos de interesse formam alianças e concorrem pelas políticas. Após a eleição, 
o processo de tomada de decisão é de responsabilidade de pequenos grupos de 
Participação do Estado na economia
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indivíduos. Mas como este processo ocorre? A Figura 1.6 demonstra a sequência de 
atividades que resultam nas políticas públicas.
Como pode ser visto na Figura 1.6, na primeira coluna, à esquerda, estão os 
eventos que a formulação da política passa e na segunda coluna estão os resultados 
da política.
Assim, o primeiro passo é definir a agenda e a agenda governamental que cria 
oportunidade para a formulação da política de acordo com o objetivo do governo. 
Em seguida são formuladas as políticas alternativas. Após a definição das políticas 
alternativas, o governo escolhe qual política será implementada, e a coloca em 
prática por meio de leis. Após a implementação, é necessário avaliar os impactos 
gerados e se for o caso, modificar a política.
Percebemos que formular uma política pública não é tarefa fácil e rápida. Após 
termos abordado a sequência de atividades que são feitas para se chegar às políticas 
públicas, apresentamos a você um modelo simples do processo de criação das 
políticas públicas, na Figura 1.7.
Fonte: Below (2008).
Figura 1.6 | Sequência de atividades que resultam as políticas públicas
Evento da política
Definição de agenda
Formalação
Seleção
Legitimação
Implementação
Evolução
Terminação
Política modificada
Impactos da política
Política/lei
Decisão política
Políticas alternativas
Agenda governamentalCria oportunidades
para
Produto da política
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Fonte: Below (2008).
Figura 1.7 | Modelo do processo de políticas públicas
O modelo simples de formulação de políticas públicas é um círculo vicioso, no 
qual é formulada a política que será adotada dado o problema que o governo visa 
solucionar. A política é implementada e avaliada. E assim, uma nova política pública 
é elaborada, e passa por todas estas etapas novamente.
Após toda a discussão sobre definição de política pública, podemos chegar a 
uma conclusão: a política pública é uma espécie de roteiro, um projeto do governo 
para desenvolver uma área particular. Para uma política ser eficiente, é necessário, 
segundo Below (2008):
• Integrar todos os aspectos do desenvolvimento;
• Ter apoio de todos os interessados;
• Fornecer, de forma clara, a missão, visão, objetivos e princípios orientadores;
• Estar alinhada com os acordos e políticas nacionais e internacionais;
• Ser moderna e ousada, sem deixar de ser realista;
• Ser neutra;
• Priorizar objetivos para facilitar sua aplicação;
• E talvez o mais importante, precisa estar focada nas necessidades.
Avaliação da
política
Formação da
questão
Adoção da
política
Agenda
política
Formulação
da política
Implementação
da política
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Para aprofundar seus conhecimentos sobre políticas públicas, leia o 
artigo intitulado O papel das políticas públicas no desenvolvimento local 
e na transformação da realidade, de Elenaldo Celso Teixeira. O artigo está 
disponível em: <www.escoladebicicleta.com.br/politicaspublicas.pdf>. 
Acesso em: 6 jul. 2016.
3.2 Evolução histórica das políticas públicas
Assim como o setor público intervindo de forma mais direta na economia, as 
políticas públicas de fato tiveram início em 1930, após o término do modelo agrário-
exportador, pois entre 1500 e 1930 a economia era voltada para a produção e 
exportação das monoculturas, como o café, e a mão de obra foi escrava até 1888. 
Após a abolição da escravatura, as políticas tinham como característica a 
intervenção do Estado com o objetivo de assegurar as condições de trabalho dos 
imigrantes, mas sempre voltado ao regime de produção exportador. Surgiu, assim, 
a primeira política pública que tinha como objetivo garantir a nacionalidade aos 
imigrantes.
Com a crise de 1929, o Brasil sentiu a necessidade de se industrializar, com isto, 
as políticas públicas se alteraram e assumiram uma postura nacionalista populista. 
Esse processo de industrialização exigiu a consolidação de grupos para sustentar 
a demanda por bens manufaturados, o que foi conseguido através do sistema de 
proteção social e trabalhista da década de 1940.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de 1940 colocou os trabalhadores 
sob tutela do Estado e instituiu o direito a estabilidade no emprego, férias, salário, 
indenização por demissões, salários mínimos, definição da jornada de trabalho 
semanal, direito à saúde e à previdência. Podemos perceber a magnitude dessa 
política pública não apenas para época, mas para os dias atuais, já que ainda seguimos 
diversos pontos da primeira CLT.
Nas décadas de 1960 e 1970, o populismo entra em decadência, dentre outros 
fatores, por não ter conseguido sustentar um modelo de crescimento baseado na 
produção de bens de consumo duráveis, com isto, a economia estagnou, diversas 
crises sociais aconteceram e a renda se concentrou ainda mais. Neste momento, foi 
instaurado o regime militar.
E quais foram as políticas públicas utilizadas durante os governos militares? A ideia 
Participação do Estado na economia
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36
principal era a chamada "teoria do bolo", que na visão dos militares, primeiro o Brasil 
deveria crescer para depois repartir, ou seja, primeiro haveria uma concentração 
de renda e depois o governo distribuiria riqueza. Você deve se lembrar de que o 
governo possui três funções e uma delas é a distributiva. A situação do "bolo" citada 
se enquadraria, no segundo momento, nesta função.
Os militares argumentavam que a concentração de renda inicial geraria uma 
demanda efetiva para a produção de bens de consumo duráveis, com isso, a 
economia se aqueceria e geraria externalidade nos demais setores, aumentando o 
nível de emprego e renda. Mas o que de fato aconteceu foi o aumento da pobreza e 
da concentração de renda, ou seja, o "bolo" nunca chegou a ser repartido.
Chegamos à década de 1980 em total crise. Os economistas batizaram a 
década de 1980 como a "década perdida", pois tínhamos altas taxas de inflação, 
desigualdade de renda que aumentava a cada dia, dívidas externas cada vez maiores, 
déficit público, desemprego, estrutura produtiva pouco competitiva, entre outros 
fatores. Era necessário retomar o crescimento econômico e reduzir a pobreza. Neste 
momento e no início da década de 1990, as políticas públicas voltadas ao social 
ficaram de lado e as políticas foram de ajuste estrutural inspiradas no neoliberalismo, 
em outras palavras, era necessário acabar com a inflação para que o Brasil voltasse 
a crescer.
As principais medidas utilizadas nas políticas de ajuste estrutural foram: 
desregulamentação, privatização,corte de gastos sociais, reformas fiscal e monetária. 
Todas essas medidas aconteceram em um momento político de suma importância 
para o país: o processo de redemocratização e promulgação da nova Constituição 
Federal de 1988.
Em 1994, com o lançamento do Plano Real, a economia se estabiliza e o país volta 
a crescer. Porém, até final da década de 1990, as políticas públicas eram voltadas 
para o lado econômico. Somente no final da década as políticas públicas voltadas ao 
social passaram a fazer parte, diretamente, dos programas dos governos, de modo a 
compensar, de certa forma, os efeitos negativos das políticas econômicas.
3.3 Principais tipos de política pública
Até aqui, definimos políticas públicas de um modo geral, mas não podemos 
esquecer que política pública é a ação do governo para solucionar problemas da 
sociedade, de modo que gere, ou pelo menos aumente, o bem-estar social. E quais 
são os tipos?
Segundo Dias e Matos (2012), as políticas públicas podem ser de quatro tipos. 
Vamos entender cada um desses tipos?
Participação do Estado na economia
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3.4 Participação e controle social
Discutimos que os governantes são os tomadores de decisão em termos de 
políticas públicas, e que a população participa dessa tomada de decisão durante as 
eleições, quando escolhe o candidato e a proposta política. Porém, o cidadão pode 
participar da implementação da política pública. 
As formas mais comuns de participação social, segundo Dias e Matos (2012), são:
a) Política social: saúde, educação, habitação, previdência social.
b) Política econômica: fiscal, monetária, cambial.
c) Política administrativa: democracia, descentralização, participação social. 
d) Política especifica ou setorial: meio ambiente, cultura, agrária, direitos humanos. 
Porém, dos tipos apresentados, temos dois grandes tipos principais de políticas 
públicas, que são a econômica e a social.
As políticas econômicas são voltadas para a sociedade como um todo, não 
fazendo propriamente divisões de classes. Como exemplos de políticas econômicas 
temos: a fiscal, que está relacionada a receitas e gastos do governo, ou seja, quanto 
o governo arrecada, através dos tributos, e onde esses tributos serão gastos. Temos 
também a política monetária, que é voltada para a definição da taxa de juros e a 
quantidade de moeda em circulação, e, por último, mas também muito conhecida 
e discutida, a política cambial.
Já a política social é direcionada a um público específico com o objetivo de 
reduzir problemas explícitos naquela camada da população. Então, em geral, a 
política pública social é feita para diminuir as desigualdades sociais e econômicas 
das classes mais baixas, oferecendo condições mínimas de sobrevivência. 
Quando nos referimos a políticas sociais, logo nos vêm à cabeça os programas 
sociais do governo, como o Bolsa Família, voltados para determinadas classes da 
população. As políticas sociais são as ações do governo para proteger a sociedade 
dos possíveis malefícios causados pelo desenvolvimento socioeconômico.
Para analisar as políticas públicas sociais, é necessário considerar a função delas e 
qual seu objetivo, já que tais políticas compensam, de certa forma, um determinado 
problema causado pelo sistema econômico. Seguindo esta linha, muitos autores 
afirmam que a política social é um instrumento que liga o Estado às classes mais 
baixas da população.
Participação do Estado na economia
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a) Conselhos – organizações institucionais setoriais ou temáticas, de caráter 
consultivo e/ou deliberativo e fiscalizador, com a finalidade de produzir e acompanhar 
políticas públicas no âmbito do governo.
b) Conferências – espaços democráticos para o encontro de diferentes setores 
da sociedade, interessados em avaliar, discutir, criticar e propor políticas públicas.
c) Mesas de negociação e diálogo – instâncias de discussão e construção de 
propostas para temas específicos, que reúnem os setores diretamente interessados 
na questão que motivou a sua constituição.
d) Ouvidorias – espaços para a ação individual de críticas, sugestões, reclamações, 
denúncias e outros, para melhoria do serviço público.
e) Consultas e audiências públicas – instrumentos do diálogo para a busca 
de soluções para demandas sociais ao longo da discussão sobre obras e políticas 
públicas.
Já em termos de mecanismos de participação que possibilitam um aumento 
da democratização da gestão das políticas públicas, e que estão presentes nas três 
esferas do governo (federal, estadual e municipal), Dias e Matos (2012) citam:
a) Orçamento participativo – possibilita a abertura da participação da sociedade 
civil nas decisões de investimento dos governos.
Para saber mais sobre o orçamento participativo, leia o livro: 
PIRES, Valdemir. Orçamento participativo. São Paulo: Manole, 2001. 
O livro está disponível em nossa biblioteca digital.
b) Conselhos municipais de gestão de políticas públicas – são órgãos coletivos 
com a participação do poder público e da sociedade civil, e que participam na 
elaboração, execução e fiscalização das políticas municipais. 
c) Descentralização – é o mecanismo que implica a transferência efetiva de 
poder decisório para os agentes locais da administração municipal.
d) Conselhos de políticas – têm caráter compartilhado na formulação, gestão, 
controle e avaliação das políticas públicas.
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Você conhece algum mecanismo de participação social? 
Reflita sobre ele e sua importância. Caso não conheça, pense 
sobre sua importância.
1. Definir políticas públicas não é uma tarefa fácil, já que temos 
inúmeras definições e não podemos dizer que uma está mais 
correta do que a outra. Dadas as afirmações a seguir, marque 
a alternativa correta quanto às definições corretas de políticas 
públicas.
I – Campo de estudo da política que analisa o governo dentro 
das questões públicas.
II – Conjunto de ações do governo que produzem efeitos 
desejados sobre a vida da população.
III – Definição do que o governo deve ou não fazer.
IV – Forma de ação do governo voltada para a população para 
atingir um determinado objetivo.
a) Somente as afirmações I e II estão corretas.
b) Somente as afirmações I e IV estão corretas.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) As afirmações II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
2. No Brasil as políticas públicas tiveram início, de fato, em 
1930, após o término do modelo agroexportador, com o início 
do processo de substituição de importações e depois foram 
se alterando ao longo do tempo, ou seja, em cada período 
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tínhamos políticas públicas voltadas para atingir determinados 
objetivos. Em relação ao objetivo das políticas públicas e seus 
respectivos períodos, marque a alternativa correta:
I – Em 1930, o objetivo das políticas públicas era, 
principalmente, garantir a nacionalidade dos imigrantes.
II – Durante o período militar, o objetivo das políticas públicas 
era fazer com que o Brasil crescesse.
III – Na década de 1980, o objetivo das políticas públicas era 
combater a inflação.
IV – Atualmente, o objetivo das políticas públicas é voltado, 
principalmente, para o lado social.
a) Somente as afirmações I e II estão corretas.
b) Somente as afirmações I e IV estão corretas.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) As afirmações II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
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Seção 4
Teoria da tributação
Introdução à seção
Finanças públicas são a atividade financeira do Estado, orientada para a obtenção 
e o emprego dos meios materiais e de serviços para a realização das necessidades 
do coletivo que são satisfeitas pelo serviço público. Então, é de responsabilidade do 
Estado viabilizar o funcionamento dos serviços públicos essenciais.
Porém, para atingir o objetivo de satisfazer as demandas sociais e assim gerar 
bem-estar social, o Estado necessita de recursosfinanceiros. Estes recursos são 
obtidos por meio de diversas fontes. Assim, o custeio das necessidades públicas 
realiza-se por meio da transferência de parcela dos recursos dos indivíduos e das 
empresas para o governo (MATIAS-PEREIRA, 2012), no qual podemos chamar de 
política fiscal.
A política fiscal orienta-se em duas direções, segundo Matias-Pereira (2012):
a) Política tributária – se materializa na captação de recursos, para o atendimento 
das funções da administração pública nas três esferas governamentais.
 Fonte: <http://goo.gl/BT7xUF>. Acesso em: 6 jul. 2016.
Figura 1.8 | Tributos brasileiros
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A captação de recursos é feita via tributos, que, segundo Matias-Pereira (2012), são: 
impostos (critério material da hipótese de incidência uma atividade não vinculada a 
uma prestação estatal. Exemplo: ICMS); taxas (tributos vinculados a uma atividade 
estatal. Exemplo: coleta de lixo); contribuição de melhorias (vinculadas a uma 
atividade estatal decorrente de obra pública); empréstimos compulsórios (tributo 
inserido pela Constituição de 1988 que pode ser instituído de forma transitória, 
em casos de despesas extraordinárias); outras contribuições (podem ou não ser 
vinculadas a uma atividade estatal. Exemplo: categorias profissionais).
As contribuições sociais, que são a prestação pecuniária compulsória devida 
à administração pública, e a seguridade social, também fazem parte do sistema 
tributário brasileiro.
Podemos ver no Quadro 1.4, resumidamente, um exemplo das principais receitas 
do governo citadas anteriormente.
Fonte: elaborado pela autora.
Quadro 1.4 | Exemplos de tributos
Receitas do governo Exemplo
Imposto Imposto sobre Serviço
Taxas Taxa de iluminação pública
Contribuições de melhorias Pavimentação de rua que valoriza imóveis
Contribuições sociais INSS
Seguridade social Auxílio-maternidade
Conforme podemos visualizar no Quadro 1.4, cada tributo se refere a um tipo de 
receita do governo, e consequentemente é voltado para situações específicas.
b) Política orçamentária – refere-se aos gastos, ou seja, à forma de aplicação dos 
recursos.
4.1 Conceitos doutrinários de receitas públicas
Para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre receitas públicas, é importante 
compreender os conceitos doutrinários de receitas públicas, que são divididos em 
quatro grupos: regularidade, origem, previsão orçamentária e efetividade (MATIAS-
PEREIRA, 2012).
- Regularidade:
Receitas ordinárias – receitas que ingressam com regularidade no tesouro, 
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sendo assim uma fonte permanente de recursos financeiros destinados às atividades 
financeiras do Estado. Exemplo: impostos.
Receitas extraordinárias – receitas que ingressam em caráter excepcional e 
esporádico. Exemplo: empréstimos compulsórios.
- Origem:
Receita ordinária – receita recebida quando o Estado está nas mesmas condições 
do privado. Ou seja, é a receita pública efetiva de origem das rendas produzidas 
pelos ativos do Poder Público, como, por exemplo, pela cessão remunerada de bens 
e valores.
Receita derivada – receita recebida quando o Estado prevalece sobre o particular. 
Ou seja, é a receita pública efetiva obtida pelo Estado em razão da sua soberania. São 
as receitas originárias dos tributos.
- Previsão Orçamentária:
Receita orçamentária – receita prevista ou não no orçamento, e que não é 
devolutiva.
Receita extraordinária – receita não prevista no orçamento, temporária e 
devolutiva. 
- Efetividade:
Receita efetiva – receitas públicas que alteram a situação líquida patrimonial, pois 
não geram obrigações em contrapartida.
Receita não efetiva – receitas públicas que não alteram a situação líquida 
patrimonial, pois geram obrigações em contrapartida.
Para conhecer mais sobre os procedimentos das receitas públicas, acesse 
o texto Receitas Públicas: manual de procedimentos, disponível em: 
<www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/Manual_
Procedimentos_RecPublicas.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2016.
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4.2 Bases e princípios para a teoria da tributação
Quando nos referimos a tributação precisamos ter em mente dois princípios 
fundamentais, que são a neutralidade e a equidade. Vamos conhecer cada uma 
delas?
a) Neutralidade – o princípio da neutralidade refere-se à não interferência sobre 
as decisões de alocação de recursos tomadas com base no mecanismo de mercado, 
ou seja, a forma de captação de recursos não altera o preço.
Para compreender melhor esse princípio e sua relação com a eficiência, 
precisamos entender o conceito de eficiência de Pareto, no qual a alocação 
de recursos é eficiente quando é impossível melhorar o bem-estar de um sem 
prejudicar do outro. E quando isso ocorre? Quando a Taxa Marginal de Substituição 
do Consumo for igual à taxa marginal de substituição da produção.
Vamos analisar o Gráfico 1.1.
Analisando o Gráfico 1.1, podemos visualizar três situações do que seria um 
tributo neutro:
• Ponto E – é o ponto que mostra as preferências individuais por bens e 
serviços para diferentes níveis de bem estar. Sendo, portanto, um ponto de solução 
eficiente para cobrança de tributos.
Fonte: Rezende (2011).
Gráfico 1.1 | Neutralidade e eficiência
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• Ponto E’ – quando temos um imposto per capita;
• Ponto E” – quando o imposto é sobre o produto.
b) Equidade – o princípio da equidade está relacionado ao que seria o imposto 
justo, tendo como preocupação dar o mesmo tratamento, em termos de 
contribuição, aos indivíduos considerados iguais (equidade horizontal) e diferenciar 
os desiguais (equidade vertical). 
O princípio da equidade tem dois critérios, que segundo Rezende (2011) são: 
• Critério do benefício → atribui a cada indivíduo um ônus equivalente aos 
benefícios que ele usufrui dos programas governamentais (preferências individuais). 
O critério do benefício tem algumas restrições, que são: 
1) Dificuldade de obter versões quantitativas de curvas de demanda individual 
para identificação dos benefícios;
2) Padrões subjetivos de avaliação dos benefícios;
3) Não há incentivo para que os indivíduos revelem as preferências.
Assim, a aplicação do critério do benefício é praticamente impossível no caso 
do financiamento de bens públicos, sendo útil para bens privados produzidos 
pelo governo. Neste caso, é aplicado na área de serviços públicos (transporte, 
comunicações, energia etc.).
• Critério da capacidade de contribuição → repartição do ônus tributário 
em função das respectivas capacidades individuais de contribuição (possibilidade 
de pagamento). Ou seja, os indivíduos devem colaborar para o financiamento dos 
gastos governamentais, de acordo com sua capacidade de pagamento.
Neste caso, indivíduos com mesmo nível de renda anual contribuem com a 
mesma quantidade (equidade horizontal), e indivíduos que têm renda diferente 
contribuem de formas diferentes (equidade vertical). Este critério é restrito porque é 
subjetivo definir o que seria “igual sacrifício” para todos os contribuintes.
Além desses princípios, temos o conceito de progressividade, quando as alíquotas 
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devem aumentar à medida que são maiores os níveis de renda dos contribuintes; e 
pelo conceito de simplicidade, o cálculo, a cobrança e a fiscalização relativa aos 
tributos devem ser simples para reduzir custos administrativos.
4.3 Incidência tributária: mercados competitivos
Para compreendermos como a incidência tributária afeta os agentes econômicos 
família (consumidor) e empresas, vamos analisar dois casos: o imposto específico 
sobre as vendas, e o imposto ad valorem.
- Caso 1: Imposto específico sobre as vendas
Um imposto específico, também chamado de unitário, é aquele que arrecada 
um montante fixo por unidade vendida; trata-se, portanto, de um imposto sobre 
consumo, como, por exemplo, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 
Para entender o impactodesse tipo de imposto sobre vendedores e consumidores, 
vamos analisar os Gráficos 1.2 e 1.3.
Fonte: Siqueira e Ramos (2005).
Gráfico 1.2 | Efeito de um imposto específico a ser pago pelo vendedor
Analisando o Gráfico 1.2, percebemos que, na ausência de imposto, o preço e 
a quantidade de equilíbrio é o ponto “E”. Quando o governo aprova um imposto 
específico que recai sobre os vendedores, o custo marginal fica mais alto, e a curva 
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de oferta se desloca para cima, formando um novo ponto de equilíbrio, que agora 
é o ponto “A”, com o preço mais alto e quantidade mais baixa. E assim, parte do 
imposto é repassado ao consumidor. 
E se o imposto fosse pago somente pelo consumidor, o que aconteceria com o 
ponto de equilíbrio? Podemos entender essa situação analisando o Gráfico 1.3.
Fonte: Siqueira e Ramos (2005).
Gráfico 1.3 | Efeito de um imposto específico a ser pago pelo consumidor
Analisando o Gráfico 1.3, podemos perceber que antes do imposto o preço e 
a quantidade de equilíbrio continua sendo o ponto “E”. A imposição do imposto 
específico faz com que o consumidor reduza o preço que ele estaria disposto a 
comprar o bem, deslocando a curva de demanda para baixo (esquerda), formando 
um novo ponto de equilíbrio, o ponto “B”. 
- Caso 2: Imposto ad valorem
Um imposto é chamado de ad valorem quando é definido um percentual do 
preço do produto ou da base de incidência, como por exemplo, a CPMF. Para 
entender o efeito desse tipo de imposto, vamos analisar o Gráfico 1.4.
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Fonte: Siqueira e Ramos (2005).
Gráfico 1.4 | Efeito de um imposto ad valorem a ser pago pelo comprador
Analisando o Gráfico 1.4, percebemos que o ponto “E” é o ponto de equilíbrio. 
Quando um imposto ad valorem é incidido, a curva de demanda desloca-se para 
baixo, formando um novo equilíbrio, o ponto “B”. 
1. Explique o é que o princípio da neutralidade.
2. Diferencie o critério do benefício do critério da capacidade 
de contribuição.
Nesta unidade, você aprendeu:
• A definição de Estado;
• A diferença e relação entre Estado e governo;
• A importância do Estado na economia;
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• As funções do Estado;
• A estrutura do Estado;
• A visão econômica sobre Estado;
• Bens públicos, recursos comuns e monopólio natural;
• Definição e importância das políticas públicas;
• Os tipos de políticas públicas;
• Os princípios da tributação;
• Neutralidade e equidade;
• Incidência tributária;
• Imposto específico e ad valorem.
Caro(a) acadêmico(a), finalizamos a primeira unidade do livro 
Economia do Setor Público e Contabilidade Social. Agora você 
compreendeu os princípios básicos que norteiam o estudo sobre 
o Estado e está apto a continuar o estudo sobre o tema.
Começamos definindo o conceito de Estado, aprendemos 
a importância do papel no Estado na economia, e como ele 
é necessário para gerar bem-estar social. Vimos também as 
políticas públicas e seus tipos, sendo os dois tipos principais as 
políticas econômicas e as sociais. E, por último, entendemos o 
princípio da tributação.
Agora, para finalizar o tema, e sabendo que vivemos um momento 
conturbado na história política e econômica no nosso país, 
vamos refletir sobre a função e o papel do Estado e o governo, 
em duas três esferas, para solucionar ou, pelo menos, amenizar 
os problemas econômicos e sociais.
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1. As funções do setor público se alteram ao longo do 
tempo, dependendo da situação econômica e social daquele 
momento, ou seja, o Estado não é estático. Porém, de modo 
geral, o papel ideal é... Marque a alternativa correta:
I – Assegurar a estabilidade da economia.
II – Distribuir renda de forma justa.
III – Ofertar os bens e serviços que a população deseja.
IV – Resolver problemas de externalidades negativas, mesmo 
que os agentes possam resolver sozinhos.
a) As assertivas I e II estão corretas.
b) As assertivas III e IV estão corretas.
c) As assertivas I e III estão corretas.
d) As assertivas I, II e III estão corretas.
e) As assertivas II, III e IV estão corretas.
2. Como é de seu conhecimento, o Estado possui três 
funções: alocativa, distributiva e estabilizadora. A função 
alocativa está relacionada à distribuição de bens e 
serviços públicos; a distributiva à distribuição de renda; e a 
estabilizadora diz respeito ao equilíbrio econômico. Então, 
quando o governo criou o Programa Bolsa Família, ele 
estava desempenhando qual função? Marque a alternativa 
correta:
a) Alocativa.
b) Distributiva.
c) Estabilizadora.
d) Social.
e) Monetária.
3. A disciplina Economia do Setor Público é complexa, e por 
isso é importante conhecermos alguns conceitos/variáveis 
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4. Existem dois grandes grupos de políticas públicas, as 
econômicas e as sociais, sendo que cada uma é voltada 
para atingir determinados objetivos e atingem camadas da 
população. Em relação ao público-alvo, marque a alternativa 
correta que diferencie as políticas econômicas das sociais.
a) As políticas públicas econômicas são voltadas para uma 
camada específica da população.
b) As políticas públicas sociais são voltadas para uma camada 
específica da população.
c) As políticas públicas econômicas são voltadas apenas para 
pessoas de renda alta.
d) As políticas públicas sociais são voltadas apenas para 
pessoas de renda baixa.
e) Tanto as políticas econômicas quanto as sociais são 
voltadas para a população como um todo.
introdutórios. Em relação ao estudo da economia do setor 
público, leia as afirmativas abaixo e MARQUE verdadeiro (V) 
ou falso (F). 
(__) Estuda o governo e a forma como as políticas públicas 
afetam a economia.
(__) Estuda temas como tributação, gastos, entre outros. 
(__) Não utilizada modelos.
(__) Avalia os efeitos das políticas públicas implementadas.
(__) Teve início em 1929 com a crise econômica mundial.
5. A Teoria da Tributação é regida por dois princípios teóricos, 
que são a neutralidade e equidade. Em relação a esses 
princípios, marque a alternativa correta: 
I – O princípio da neutralidade está relacionado à forma de 
captação de recursos que não altera o preço do bem ou 
serviço.
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II – O princípio da equidade está relacionado ao “imposto 
justo”.
III – O princípio da equidade está relacionado à forma de 
captação de recursos que não altera o preço do bem ou 
serviço.
IV – O princípio da neutralidade está relacionado ao “imposto 
justo”.
a) Somente as assertivas I e II estão corretas.
b) Somente as assertivas III e IV estão corretas.
c) As assertivas I, II e III estão corretas.
d) Somente as assertivas I e IV estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.
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Referências
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de Efetividade no Desenvolvimento, PRODEV, Brasília, 2008.
BOECHAT, A. M. F. Economia brasileira contemporânea. Londrina: Editora e 
Distribuidora Educacional, 2016. 
BOYER, Robert. Estado, mercado e desenvolvimento: uma síntese para o século XXI? 
Revista Economia e Sociedade. Campinas, v. 12, p. 1-20, 1999. 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas Públicas: 
manual de procedimentos. 4. ed. Brasília: STN, 2007. Disponível em: <www3.tesouro.
gov.br/legislacao/download/contabilidade/Manual_Procedimentos_RecPublicas.
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BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Instituições, bom Estado, e reforma da gestão pública.
In: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo (Orgs.). Economia do setor público no Brasil. São 
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COSTA, P. Y.; SOUZA, S. C. F. Tributação, política fiscal e desenvolvimento econômico. In: 
ENCONTRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, 3., 2008, Lombrina. Anais...

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